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Processo Judicial Eletrônico - 1º Grau

PJe - Processo Judicial Eletrônico

04/05/2023

Número: 1006055-77.2022.8.11.0007
Classe: PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL
Órgão julgador: JUIZADO ESPECIAL CÍVEL E CRIMINAL DE ALTA FLORESTA
Última distribuição : 08/09/2022
Valor da causa: R$ 3.051,21
Assuntos: Perdas e Danos
Nível de Sigilo: 0 (Público)
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Advogados
FERNANDA SUTILO MARTINS (AUTOR)
CARLOS EDUARDO BARBOSA DE LIMA (ADVOGADO(A))
GRUPO BARCELOS (REU)
JOSÉ ARNALDO JANSSEN NOGUEIRA (ADVOGADO(A))
BANCO DO BRASIL S.A. (REU)
MILENA PIRAGINE (ADVOGADO(A))
JOSÉ ARNALDO JANSSEN NOGUEIRA (ADVOGADO(A))

Documentos
Id. Data da Movimento Documento Tipo
Assinatura
116651399 03/05/2023 11:23 Expedição de Outros documentosJuntada de Sentença Sentença
Projeto de sentençaJulgado procedente em
parte do pedido
ESTADO DE MATO GROSSO
PODER JUDICIÁRIO
JUIZADO ESPECIAL CÍVEL, CRIMINAL E DA FAZENDA PÚBLICA DE ALTA
FLORESTA

Número do Processo: 1006055-77.2022.8.11.0007

AUTOR: FERNANDA SUTILO MARTINS

REU: BANCO DO BRASIL S.A., GRUPO BARCELOS

Vistos.

Ausente o relatório em razão do permissivo do artigo 38 da Lei 9.099/95.

Trata-se de julgamento antecipado da lide com base no art. 355, II, do Código de Processo Civil.

I – Preliminar

a) Incompetência do Juizado Especial

Compulsando os autos, verifico que não há que se falar em incompetência dos juizados
especiais no presente caso, eis que não se trata de ação monitória, mas sim de ação de cobrança.

Indefiro a preliminar.

b) Inépcia da Inicial

A autora comprovou o preenchimento dos requisitos do art. 319 do CPC, instruindo a petição
inicial com os documentos necessários a sua propositura, demonstrando seu interesse de agir.

Rejeito a preliminar.

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c) Ilegitimidade Passiva BARCELOS & JANSSEN ADVOGADOS ASSOCIADOS

Aduz o requerido que foi constituído como mandatário pelo Banco do Brasil S/A, nos autos nº
0000308-81.2017.811.0091, movido por SILAS DA SILVA, sendo que o requerido, em nome
de seu cliente Banco do Brasil, solicitou à autora que atuasse como assistente técnico. Requer o
reconhecimento da ilegitimidade e extinção do feito.

Em análise aos autos, constato que o requerido BARCELOS & JANSSEN ADVOGADOS
ASSOCIADOS não é parte no processo nº 0000308-81.2017.811.0091 em que a autora prestou
os serviços de perícia médica, sendo o requerido constituído na condição de advogado para atuar
na defesa de seu cliente Banco do Brasil.

Deste modo, atuando na condição de mandatário, o requerido BARCELOS & JANSSEN


ADVOGADOS ASSOCIADOS é parte ilegítima para figurar na lide.

Sobre o assunto, trago as jurisprudências:

“EMENTA: LOCAÇÃO DE IMÓVEL – AÇÃO DE RESTITUIÇÃO DE VALOR COBRADO A


TÍTULO DE LUVAS DA LOCATÁRIA – MERO MANDATÁRIO – ILEGITIMIDADE PASSIVA
– RECONHECIMENTO DE OFÍCIO – EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM EXAME DO
MÉRITO - RECURSO PREJUDICADO. Não figurando como parte na avença locatícia, o
mandatário não possui legitimidade processual para figurar no polo passivo de eventual ação
judicial que tenha por fundamento o contrato de locação. Isso porque não se pode confundir o
proprietário do imóvel com quem o representa, ou seja, com seu mandatário, tendo em vista
que este, ao atuar nas tratativas do contrato de locação, não o fez em nome próprio, mas em
nome da mandante, a locadora. Assim, sendo matéria de ordem pública cognoscível de ofício
(art. 337, § 5º, do CPC), de rigor o reconhecimento da ilegitimidade ad causam, implicando na
extinção do feito sem resolução do mérito com fulcro no art. 485, VI, do CPC, restando
prejudicada a análise do recurso de apelação. (TJ-SP - AC: 10017943120208260554 SP
1001794-31.2020.8.26.0554, Relator: Paulo Ayrosa, Data de Julgamento: 15/07/2021, 31ª
Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 15/07/2021).”

“RECURSO INOMINADO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. QUITAÇÃO


DE DÍVIDA ADMINISTRATIVAMENTE. RETARDO SOBRE TAL INFORMAÇÃO NO
PROCESSO DE EXECUÇÃO. DESÍDIA QUE RESULTOU NO BLOQUEIO INDEVIDO DE
VALORES DO EXECUTADO. SENTENÇA QUE CONDENOU A PRIMEIRA RÉ AO
PAGAMENTO DE INDENIZAÇÃO POR DA NOS MORAIS. TESE DE LEGITIMIDADE
PASSIVA DO SEGUNDO RÉU. IMPOSSIBILIDADE. RECLAMADO/ADVOGADO QUE TÃO
SOMENTE EXERCEU A FUNÇÃO DE PATRONO DA PARTE NO PROCESSO DE
EXECUÇÃO, CONCEDENDO CAPACIDADE POSTULATÓRIA À PRIMEIRA RÉ. MERO
MANDATÁRIO. SEGUNDO RÉU QUE NÃO INTEGROU O PROCESSO QUE GEROU O
IMBRÓGLIO. PLEITO DE MAJORAÇÃO DO QUANTUM INDENIZATÓRIO.
IMPOSSIBILIDADE. VALOR ARBITRADO (R$ 2.000,00) QUE SE MOSTRA EM
CONSONÂNCIA COM O LITÍGIO. SENTENÇA MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS

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FUNDAMENTOS. Recurso conhecido e desprovido. (TJ-PR - RI: 00236965420188160021 PR
0023696-54.2018.8.16.0021 (Acórdão), Relator: Juíza Melissa de Azevedo Olivas, Data de
Julgamento: 14/08/2019, 1ª Turma Recursal, Data de Publicação: 14/08/2019).”

Nesse viés, é de rigor o acolhimento da preliminar a fim de reconhecer a ilegitimidade passiva


do requerido.

II – Mérito

Trata-se de ação de cobrança, alegando a autora que em 07/2019 foi contratada pelos requeridos
para realizar a função de assistência técnica de pericia médica no processo nº 0000308-
81.2017.811.0091, em trâmite na comarca de Nova Monte Verde/MT.

Aduz que realizou o serviço, emitiu o laudo pericial e encaminhou a nota fiscal para
recebimento em outubro do ano de 2021, o que foi recusado pelos requeridos.

Sustenta a autora que realizou por 03 vezes as alterações na nota fiscal, conforme solicitadas
pelos requeridos, porém, até o momento não houve pagamento.

Em contestação, o requerido BANCO DO BRASIL S/A defendeu que o não pagamento da nota
fiscal foi decorrente de culpa exclusiva da parte autora, sendo que no dia 15/10/2021 a nota
fiscal foi emitida sem a identificação dos serviços prestados, eis que não foram inseridos o
número do processo, o nome da parte, a vara e a comarca, de acordo com a Lei Complementar
n°116, de 2003. Afirma que no dia 04/05/2022 a parte autora emitiu nova nota fiscal para
pagamento, entretanto, não demonstrou os recolhimentos dos tributos e não identificou
novamente a descrição do serviço na nota fiscal. Diz que, devido à ausência de informações, o
pagamento da nota fiscal foi recusado pelo setor financeiro do Banco do Brasil, sendo que o
procedimento do pagamento da nota fiscal foi intermediado pelo GRUPO BARCELOS e no dia
10/05/2022 foi encaminhado e-mail pela advogada Esther Martins Hilário Ferreira, informando
a necessidade de retenção do imposto, bem como a necessidade de descrever o serviço prestado.
Requer a improcedência da ação.

Assim, considerando o reconhecimento da ilegitimidade passiva do requerido BARCELOS &


JANSSEN ADVOGADOS ASSOCIADOS, passo ao julgamento antecipado da lide em face do
corréu Banco do Brasil.

Conforme preleciona o art. 206, § 5º, inciso I, do Código Civil, dentro do prazo prescricional,
pode o credor pode ajuizar ação de cobrança ou de locupletamento ilícito.

Em análise aos autos, verifica-se que a petição inicial veio devidamente munida de documentos

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comprobatórios da origem da dívida, qual seja: nota fiscal de prestação de serviços – Id.
94608918, bem como, o requerido não negou o débito, de modo que é devido o pagamento à
autora.

No que tange ao recolhimento do ISSQN pela parte autora, verifica-se na nota fiscal de Id.
94608918 que não houve sua incidência.

Com efeito, o ordenamento jurídico veda o enriquecimento sem causa. O não pagamento de
débitos pelo emitente gera inevitável prejuízo ao credor e o consequente locupletamento ilícito
do seu devedor.

Por fim, nos termos do artigo 389 do Código Civil: “Não cumprida a obrigação, responde o
devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais
regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.”.

Portanto, pelas provas anexadas aos autos, a procedência da pretensão inicial é medida que se
impõe.

III – Dispositivo

Ante o exposto, JULGO EXTINTO O PROCESSO sem resolução do mérito em relação ao


requerido BARCELOS & JANSSEN ADVOGADOS ASSOCIADOS, com base no art. 485,
inciso VI, do CPC e, de outro norte, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTES os
pedidos da autora, nos termos do art. 487, inciso I, do CPC para:

a) CONDENAR o requerido BANCO DO BRASIL no pagamento à parte autora da quantia de


R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais), corrigida monetariamente pelo INPC desde o efetivo
prejuízo - data da emissão da nota fiscal (Súmula 43/STJ) e acrescida de juros de mora de 1%
a.m. a partir da citação (art. 405,CC);

Sem custas processuais e honorários advocatícios, conforme inteligência dos artigos 54 e 55 da


Lei 9.099/95.

Transitado em julgado, remetam-se os autos ao arquivo, com as cautelas e anotações


necessárias.

Intime-se.

Cumpra-se, expedindo-se o necessário.

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Submeto o presente projeto de sentença à homologação do Juiz Togado, para que surta seus
efeitos legais. (Art. 40 da Lei 9.099/95).

Michelle Azevedo F. Cezar


Juíza Leiga

Vistos.

Com fulcro no artigo 40 da Lei n.º 9.099/95, HOMOLOGO sentença/decisão proferida pela d.
Juíza Leiga, nos seus precisos termos, para que produza seus jurídicos e legais efeitos.

Cumpra-se.

Alta Floresta/MT, 3 de maio de 2023.

MILENA RAMOS DE LIMA E S. PARO

Juíza de Direito

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