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Justiça Federal da 1ª Região

PJe - Processo Judicial Eletrônico

25/10/2022

Número: 1018104-89.2022.4.01.3200
Classe: MANDADO DE SEGURANÇA CÍVEL
Órgão julgador: 9ª Vara Federal Cível da SJAM
Última distribuição : 18/08/2022
Valor da causa: R$ 729.450,00
Assuntos: Cofins, PIS
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Procurador/Terceiro vinculado
BRAELI GESTAO DE SERVICOS TERCEIRIZADOS LTDA BRUNA CRISTINA CICHITTE ANDRADE (ADVOGADO)
(IMPETRANTE) ANDERSON LOPES REUSE (ADVOGADO)
SYWAN PEIXOTO SILVA NETO (ADVOGADO)
DELEGADO DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL EM
MANAUS (IMPETRADO)
UNIAO FEDERAL (FAZENDA NACIONAL) (IMPETRADO)
Ministério Público Federal (Procuradoria) (FISCAL DA LEI)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
12814 19/08/2022 18:41 Decisão Decisão
53261
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA FEDERAL
Seção Judiciária do Amazonas
9ª Vara Federal

PROCESSO: 1018104-89.2022.4.01.3200

CLASSE: MANDADO DE SEGURANÇA CÍVEL (120)

IMPETRANTE: BRAELI GESTAO DE SERVICOS TERCEIRIZADOS LTDA

IMPETRADO: DELEGADO DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL EM MANAUS, UNIAO FEDERAL (FAZENDA


NACIONAL)

DECISÃO

Cuida-se de apreciação de pedido liminar em Mandado de Segurança


objetivando a suspensão da exigibilidade do PIS e da COFINS sobre as receitas
decorrentes de prestação de serviços a pessoas físicas ou jurídicas no âmbito da Zona
Franca de Manaus e demais Áreas de Livre Comércio.

A impetrante assevera que tem sede na ZFM e que exercer atividade


econômica de prestação de serviços tanto no âmbito da Zona Franca de Manaus como
nas demais Áreas de Livre Comércio e, em virtude disso, sujeita-se ao recolhimento do
PIS/COFINS em desacordo com a lei de regência. Alega que a exigência da exação é
ilegal, porque sua atividade é equiparada à exportação nos termos do art. 4º do Decreto-
Lei nº 288/1967.

DECIDO.

Segundo o art. 7º, III, da Lei 12.016/2009, "ao despachar a petição inicial, o
juiz ordenará que se suspenda o ato que deu motivo ao pedido, quando houver
fundamento relevante e do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida, caso
seja finalmente deferida".

No caso dos autos, entendo que não há relevância na fundamentação.

O art. 4º do Decreto-Lei n. 288/67 equiparou à exportação somente a


remessa de mercadorias de origem nacional para consumo ou industrialização na ZFM,
sendo silente com relação a prestação de serviços:

Art 4º. A exportação de mercadorias de origem nacional para consumo ou industrialização

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Número do documento: 22081915314848600001270602932
na Zona Franca de Manaus, ou reexportação para o estrangeiro, será para todos os efeitos
fiscais, constantes da legislação em vigor, equivalente a uma exportação brasileira para o
estrangeiro.

Pela inteligência do art. 111 do Código Tributário Nacional, a legislação


tributária que disponha sobre exclusão do crédito tributário, ou outorga de isenção deve
ser interpretada literalmente, ou seja, não permite a interpretação extensiva pleiteada pela
parte autora.

Feitas essas considerações, tenho que a prestação de serviços na e para a


ZFM não se equipara à exportação, de modo que as receitas dela decorrentes não
escapam à incidência das exações.

Não olvido que o TRF da 1ª Região vem aplicando o citado decreto-lei às


operações comerciais de prestação de serviços. Não obstante, o tribunal ainda não se
manifestou expressamente quanto à incidência ou não do art. 111 do CTN ao caso,
motivo pelo qual os recursos especiais direcionados ao STJ não vêm sendo admitidos em
sede de agravo (ausência de prequestionamento), conforme se depreende das seguintes
decisões monocráticas: AREsp 1775985, AREsp 1772146, AREsp 1737358 e AREsp
1699594. Na parte que interessa, segue trecho elucidativo dessa circunstância:

"[...]

Quanto à terceira controvérsia, alega violação do art. 111 do CTN;

[...]

Quanto à terceira controvérsia, na espécie, não houve o prequestionamento da tese


recursal, uma vez que a questão postulada não foi examinada pela Corte de origem sob o
viés pretendido pela parte recorrente. Nesse sentido: "O Tribunal de origem não tratou do
tema ora vindicado sob o viés da exegese dos artigos 131 e 139 do CPC/1973, e, tampouco
o recorrente opôs embargos de declaração visando prequestionar explicitamente o tema.
Incidência da Súmula 211/STJ"."

Portanto, este juízo não está contrariando os precedentes do TRF da 1ª


Região, apenas acolhendo fundamento que ainda não foi objeto de análise específica.

Ante o exposto, DENEGO A LIMINAR.

Intime-se o impetrante.

Notifique-se a autoridade impetrada para que preste as informações a seu


cargo, no prazo de 10 dias, na forma do art. 7°, I, da Lei n. 12.016/2009.

Ciência ao órgão de representação judicial da autoridade, na forma do art. 7º,


II, da Lei n. 12.016/2009.

Findo o prazo das manifestações da autoridade impetrada, determino desde


já a intimação do Ministério Público Federal para que apresente parecer no prazo de 10
dias, na forma do art. 12 da Lei n. 12.016/2009.

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Cumprido os comandos acima, façam os autos conclusos para sentença.

Manaus, data conforme assinatura.

DIEGO OLIVEIRA

Juiz Federal

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