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Justiça Federal da 6ª Região

PJe - Processo Judicial Eletrônico

30/05/2023

Número: 1019978-09.2022.4.01.0000
Classe: CONFLITO DE COMPETÊNCIA CÍVEL
Órgão julgador colegiado: 1ª Seção
Órgão julgador: DESEMBARGADOR FEDERAL DERIVALDO DE FIGUEIREDO FILHO
Última distribuição : 13/09/2022
Valor da causa: R$ 573.179,57
Processo referência: 1040123-06.2020.4.01.3800
Assuntos: Gratificações de Atividade
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
JUIZO FEDERAL DA 3ª VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE
MINAS GERAIS - MG (SUSCITANTE)
JUÍZO FEDERAL DA 7ª VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE
MINAS GERAIS (SUSCITADO)
Ministério Público Federal (FISCAL DA LEI)
SINDICATO TRAB. ATIVOS APOSENTADOS E MARIA DA CONCEICAO CARREIRA ALVIM registrado(a)
PENSIONISTAS DO SERV. PUBL. FEDERAIS NO ESTADO civilmente como MARIA DA CONCEICAO CARREIRA ALVIM
DE MINAS GERAIS (TERCEIRO INTERESSADO) (ADVOGADO)
UNIÃO FEDERAL (TERCEIRO INTERESSADO)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
27449 26/05/2023 18:09 Acórdão Acórdão
3134
JUSTIÇA FEDERAL
Tribunal Regional Federal da 6ª Região

PROCESSO: 1019978-09.2022.4.01.0000 PROCESSO REFERÊNCIA: 1040123-06.2020.4.01.3800


CLASSE: CONFLITO DE COMPETÊNCIA CÍVEL (221)
POLO ATIVO: JUIZO FEDERAL DA 3ª VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE MINAS GERAIS - MG
POLO PASSIVO:JUÍZO FEDERAL DA 7ª VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE MINAS GERAIS
RELATOR(A):DERIVALDO DE FIGUEIREDO BEZERRA FILHO

PODER JUDICIÁRIO
Tribunal Regional Federal da 6ª Região
Gab. 03 - DESEMBARGADOR FEDERAL DERIVALDO FILHO
Processo Judicial Eletrônico

CONFLITO DE COMPETÊNCIA CÍVEL (221) n. 1019978-09.2022.4.01.0000

RELATÓRIO

O EXMO. SR. DESEMBARGADOR FEDERAL DERIVALDO DE FIGUEIREDO BEZERRA


FILHO (RELATOR):

Trata-se de conflito negativo de competência suscitado pelo Juízo da 3ª Vara


Federal em face do Juízo da 7ª Vara Federal, ambos da Subseção Judiciária de Belo
Horizonte/MG, em cumprimento individual de sentença proferida em ação coletiva.

Consignou o Juízo suscitante que, nos termos do art. 516, II do CPC/2015, o


cumprimento de sentença efetuar-se-á perante o juiz que decidiu a causa em primeiro grau de
jurisdição (id. 225368035).

O Juízo suscitado afirma que a execução individual de sentença proferida em ação


coletiva está sujeita à livre distribuição, uma vez que "inexiste interesse apto a justificar a
prevenção do Juízo que examinou o mérito da ação coletiva para o processamento e julgamento
das execuções individuais desse título judicial'', consoante julgado do Superior Tribunal de
Justiça (EDcl no CC 131.618/DF, Rel. Ministro Herman Benjamin, Primeira Seção, julgado em

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23/04/2014, DJe 17/06/2014); que o entendimento firmado pelo STJ no Resp nº 1.243.887, no
sentido de afastar a prevenção entre processo de conhecimento da ação coletiva e de execução
individual quando este é aforado no foro do domicílio do exequente, diverso daquele, também se
aplica na hipótese em que ambos os feitos são ajuizados no mesmo Juízo; e que, do contrário,
há risco de desequilíbrio na própria distribuição, congestionamento processual, inviabilidade da
boa administração e da efetividade das ações coletivas (id. 225368034).

Manifestação do MPF em id. 250773542 sem emissão de opinião sobre o mérito, na


linha do disposto no art.178 do CPC.

No evento id. 225527023, o Sindicato autor da ação coletiva requereu sua


habilitação no feito como terceiro interessado e, em id. 255829143, pugnou pela extinção do
presente conflito tendo em vista a superveniente perda de objeto com a extinção da 7ª Vara
Federal da SSJBH (suscitado).

É o relatório.

Des. Federal DERIVALDO DE FIGUEIREDO BEZERRA FILHO

Relator

VOTO - VENCEDOR

PODER JUDICIÁRIO
Processo Judicial Eletrônico
Tribunal Regional Federal da 6ª Região
Gab. 03 - DESEMBARGADOR FEDERAL DERIVALDO FILHO

CONFLITO DE COMPETÊNCIA CÍVEL (221) n. 1019978-09.2022.4.01.0000

VOTO
O EXMO. SR. DESEMBARGADOR FEDERAL DERIVALDO DE FIGUEIREDO BEZERRA
FILHO (RELATOR):

Indefiro a habilitação requerida pelo Sindicato. Consoante jurisprudência assente do


egrégio Superior Tribunal de Justiça, dada a natureza incidental do Conflito de Competência, no

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qual não há direito subjetivo a ser tutelado, incabível a intervenção de terceiros interessados no
feito. Nesse sentido, AgInt nos EDcl no CC n. 180.847/MS (relator Ministro Luis Felipe Salomão,
Segunda Seção, julgado em 24/8/2022, DJe de 30/8/2022.)

Ressalto, desde logo, que, tendo em vista os fundamentos do conflito já se


encontrarem expostos nas decisões em oposição nos autos, resta despicienda nova oitiva dos
Juízos para os quais os processos foram remetidos.

Passo ao cerne.

Consoante jurisprudência, a execução individual de sentença proferida em ação


coletiva pode se dar no foro de escolha do exequente - seu domicílio ou daquele em que se
processou a ação coletiva. Observe-se, porém, que a opção pelo foro da ação coletiva (seção
judiciária) não implica, necessariamente, em prevenção de juízo (vara federal), de forma a
impedir a livre distribuição da execução individual.

Observe-se que, além de não haver falar em dependência entre os feitos coletivo e
de cumprimento individual (art. 286 do CPC), o deslinde do presente conflito negativo deve se dar
orientado pelos princípios do microssistema processual coletivo, prestigiando-se a busca pela
efetiva tutela jurisdicional ao maior número possível de jurisdicionados beneficiados pelo título da
ação coletiva e real acesso ao Judiciário – o que não ocorreria pela aplicação literal e irrestrita do
art. 516, II, do CPC. Da incidência desse, ter-se-ia tão somente congestionamento processual e
maior óbice à tramitação regular das execuções individuais.

Consoante já afirmado, a jurisprudência já mitigou a regra da vinculação da


execução ao juízo que decidiu a causa em primeiro grau, excepcionando o próprio foro da ação
coletiva (STJ, tema repetitivo n. 480). No caso, embora se esteja diante de causas que tramitam
na mesma seção judiciária, com igual razão se aplicam os fundamentos balizadores da tese da
Corte Superior, segundo os quais “(...) os efeitos e a eficácia da sentença não estão circunscritos
a lindes geográficos, mas aos limites objetivos e subjetivos do que foi decidido, levando-se em
conta, para tanto, sempre a extensão do dano e a qualidade dos interesses metaindividuais
postos em juízo (arts. 468, 472 e 474, CPC e 93 e 103, CDC).” Os dispositivos mencionados do
diploma processual correspondem, respectivamente, aos arts. 503, 506 e 508 do CPC/2015.

Acrescente-se que o Tribunal Regional Federal da 4ª Região, igualmente, posiciona-


se pela adoção da livre distribuição como critério adequado para definir o juízo competente em
hipóteses semelhantes. A seguir:

PROCESSUAL CIVIL. CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. AÇÃO COLETIVA.


EXECUÇÃO INDIVIDUAL DE SENTENÇA. LIVRE DISTRIBUIÇÃO. PRECEDENTES DO EG.
STJ E DESSE TRF-2ª REGIÃO.

- No presente caso, cuida-se de conflito negativo de competência suscitado pelo Juízo Federal
da 16ª Vara do Rio de Janeiro em face do Juízo Federal da 1ª Vara do Rio de Janeiro, que
determinou a remessa dos autos ao Juízo suscitante, em ação de execução de sentença
coletiva proposta por Sonia Maria Santos Rangel, Patricia Simone de Araujo Santos e
Rosângela Santos Pojô, em face da União Federal, com base no título judicial transitado em
julgado nos autos de Mandado de Segurança Coletivo n.º 2005.51.01.016159-0, impetrado por
entidade representativa de classe.

- "Trata-se de uma divisão interna que determina a competência do juízo por critérios
combinados. Portanto, de natureza absoluta, ainda que o critério a prevalecer seja o da
territorialidade. Estabelece-se dentro do mesmo foro, ou seja, dentro da mesma circunscrição

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territorial que, na Justiça Comum, recebe o nome de Comarca e, na Justiça Federal, o de Seção
Judiciária", concluindo-se que "se percebe que o critério de fixação da Seção Judiciária é
territorial, porém a sua divisão interna é funcional. Não se trata de divisão de foro, mas de juízo.
Sendo sua natureza absoluta, é declinável de ofício" (Conflito de Competência n.º
2010.02.01.004366-5, Rel. Des. Fed. POUL ERIK DYRLUND, decisão unânime, E-DJF2R de
25/08/2010)

- "A competência para as execuções individuais de decisões proferidas em ações coletivas deve
ser definida pelo critério da livre distribuição, para impedir o congestionamento do juízo
sentenciante da referida ação, esmorecendo a 1 efetividade das demandas coletivas e
inviabilizando as execuções individuais." (Precedentes deste Egrégio TRF-2ª Região e do
Colendo STJ)

- Conflito de Competência conhecido para declarar a competência do Juízo suscitado, qual seja,
o Juízo Federal da 01ª Vara do Rio de Janeiro.

(CC - Conflito de Competência - Incidentes - Outros Procedimentos - Processo Cível e do


Trabalho 0008066-15.2016.4.02.0000, Vera Lúcia Lima, TRF2 - 8ª Turma Especializada)

Considerando essas razões, deve ser declarado competente o Juízo suscitante


(atual 1ª Vara Cível da Subseção Judiciária de Belo Horizonte).

Cabe pontuar que, consoante Resolução PRESI 9/2022, ocorreu reestruturação das
unidades jurisdicionais da Seção Judiciária de Minas Gerais localizadas na Subseção Judiciária
de Belo Horizonte. Em virtude dessa, a 3ª Vara Cível (Juízo suscitante) passou à 1ª Vara Cível
(nova numeração; anexo da Resolução). Quanto à 7ª Vara Federal da Subseção Judiciária de
Belo Horizonte/MG (Juízo suscitado), essa foi extinta nos termos do art. 1º e 2º da Portaria n.º
423-CJF de 15/8/2022, e seu acervo foi redistribuído, conforme art. 4º da Resolução PRESI
9/2022, de modo que a ação coletiva passou a tramitar perante o juízo da 10ª Vara Cível.

Do exposto, conheço do conflito e declaro competente o Juízo suscitante da 1ª


Vara Federal Cível da Subseção Judiciária de Belo Horizonte.

É o voto.

Des. Federal DERIVALDO DE FIGUEIREDO BEZERRA FILHO


Relator

DEMAIS VOTOS

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Tribunal Regional Federal da 6ª Região
Gab. 03 - DESEMBARGADOR FEDERAL DERIVALDO FILHO
Processo Judicial Eletrônico

PROCESSO: 1019978-09.2022.4.01.0000 PROCESSO REFERÊNCIA: 1040123-06.2020.4.01.3800


CLASSE: CONFLITO DE COMPETÊNCIA CÍVEL (221)
POLO ATIVO: JUIZO FEDERAL DA 3ª VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE MINAS GERAIS - MG
POLO PASSIVO:JUÍZO FEDERAL DA 7ª VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE MINAS GERAIS

E M E N T A

PROCESSUAL CIVIL. CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. INTERVENÇÃO DE


TERCEIROS. NÃO CABIMENTO. TÍTULO JUDICIAL. AÇÃO COLETIVA. CUMPRIMENTO DE
SENTENÇA INDIVIDUAL. MESMA SEÇÃO JUDICIÁRIA. AUSÊNCIA DE PREVENÇÃO. JUÍZO
COMPETENTE. LIVRE DISTRIBUIÇÃO. COMPETÊNCIA DO JUÍZO SUSCITANTE.

I – Consoante jurisprudência assente do egrégio Superior Tribunal de Justiça, dada a natureza


incidental do Conflito de Competência, no qual não há direito subjetivo a ser tutelado, incabível a
intervenção de terceiros interessados no feito. Nesse sentido, AgInt nos EDcl no CC n.
180.847/MS (relator Ministro Luis Felipe Salomão, Segunda Seção, julgado em 24/8/2022, DJe de
30/8/2022.)

II - Além de não haver falar em dependência entre os feitos coletivo e de cumprimento individual,
o deslinde do presente conflito negativo deve se dar orientado pelos princípios do microssistema
processual coletivo, prestigiando-se a busca pela efetiva tutela jurisdicional ao maior número
possível de jurisdicionados beneficiados pelo título da ação coletiva e real acesso à Justiça – o
que não ocorreria pela aplicação literal e irrestrita do art. 516, II, do CPC. Da incidência desse,
ter-se-ia tão somente congestionamento processual e maior óbice à tramitação regular das
execuções individuais.

III - A jurisprudência mitigou a regra da vinculação da execução ao juízo que decidiu a causa em
primeiro grau, excepcionando o próprio foro da ação coletiva para os cumprimentos individuais de
sentença genérica (STJ, tema repetitivo n. 480). No caso, embora se esteja diante de causas que
tramitam na mesma seção judiciária, com igual razão se aplicam os fundamentos balizadores da
tese da Corte Superior, segundo os quais “(...) os efeitos e a eficácia da sentença não estão
circunscritos a lindes geográficos, mas aos limites objetivos e subjetivos do que foi decidido,
levando-se em conta, para tanto, sempre a extensão do dano e a qualidade dos interesses
metaindividuais postos em juízo (arts. 468, 472 e 474, CPC e 93 e 103, CDC).” Os dispositivos
mencionados do diploma processual correspondem, respectivamente, aos arts. 503, 506 e 508 do
CPC/2015.

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IV - "A competência para as execuções individuais de decisões proferidas em ações coletivas
deve ser definida pelo critério da livre distribuição, para impedir o congestionamento do juízo
sentenciante da referida ação, esmorecendo a 1 efetividade das demandas coletivas e
inviabilizando as execuções individuais." (Precedentes deste Egrégio TRF-2ª Região e do
Colendo STJ) – julgado do Tribunal Regional Federal da 2ª Região no Conflito de Competência n.
0008066-15.2016.4.02.0000 (TRF2 - 8ª Turma Especializada).

V - Competência do Juízo suscitante da 1ª Vara Federal da Subseção Judiciária de Belo


Horizonte (reestruturação das unidades judiciárias da Subseção Judiciária de Belo Horizonte nos
termos da Resolução PRESI 9/2022).

A C Ó R D Ã O

Decide a Primeira Seção do Tribunal Regional Federal da 6ª Região,


à unanimidade, conhecer e declarar competente o D. Juízo da 1ª Vara Federal da Subseção
Judiciária de Belo Horizonte, nos termos do voto do Relator.

Belo Horizonte/MG, data da assinatura eletrônica.

Desembargador Federal DERIVALDO DE FIGUEIREDO BEZERRA FILHO


Relator

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