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Poder Judiciário da União
Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios
EMENTA
ACÓRDÃO
RELATÓRIO
VOTOS
"(...) Com a devida venia, entendo que a dicção do juízo merece prevalecer.
É que o agravante não reuniu os elementos necessários ao deferimento da
medida de que trata o artigo 273 do estatuto processual civil. Embora não
desconheça a existência de precedentes fundados na tese de que, em
situações dessa natureza, há de se prevalecer a presunção de
inocência, considerando que não sobreveio, ainda, qualquer decisão
judicial definitiva acerca do ilícito penal a que o autor/agravante está
respondendo, entendo que há outros valores a se preservar na
situação em foco, especialmente diante da nobre e respeitada
atividade de bombeiro militar, objeto do concurso público noticiado
nos autos. Ou seja, conforme acentuado pelo juízo, no corpo de seu
pronunciamento, "...a segurança pública e a disciplina e hierarquia
militar devem, por ora, preponderar sobre a presunção de não
culpabilidade". Na hipótese, o agravante restou alijado do certame
porque, na fase de investigação social e funcional, se constatou a
existência de ação penal contra si, por violação ao regramento
colocado no artigo 216-A, caput, combinado com o seu parágrafo 2º,
do Código Penal. O regramento editalício, no particular, assinala que "...os
candidatos serão submetidos à sindicância de vida pregressa e
investigação social, de caráter unicamente eliminatório, para fins de
avaliação de sua conduta pregressa e idoneidade moral, requisitos
indispensáveis para aprovação no concurso público". Ou seja, na
indigitada fase, apura-se o comportamento social do candidato, a fim
de se verificar se ele encontra-se munido de predicados reveladores de
conduta moral inabalável para bem exercer a atividade de bombeiro
escrita e falada;
X - abster-se de tratar, fora do âmbito apropriado, de matéria sigilosa de
qualquer natureza;
XI - acatar as autoridades civis;
XII - cumprir seus deveres de cidadão;
XIII - proceder de maneira ilibada na vida pública e na particular;
XIV - garantir a assistência moral e material ao seu lar e conduzir-se como
chefe de família modelar;
XV - conduzir-se, mesmo fora do serviço ou na inatividade, de modo
que não sejam prejudicados os princípios da disciplina, do respeito e
do decoro de bombeiro-militar;
XVI - observar as normas de boa educação;
cunho sexual com sua aluna (...); embora não soubesse sua idade,
tinha consciência que ela era menor de idade; chegou a trocar diversas
mensagens no facebook, onde falavam de sexo - fl. 93". Este fato, por
si só, está eivado de tamanha reprovabilidade que,
independentemente da suspensão condicional do processo e de futura
extinção da punibilidade, macula a conduta social do requerente. Os
termos da não recomendação do candidato, conforme acima transcrito
, não se baseia simplesmente na mera existência de processo criminal
. A fundamentação se estende ao considerar a identificação de "um
fato grave no passado do candidato, o que o torna incompatível com a
função de Bombeiro Militar". Portanto, considerando a seriedade da
carreira que o autor pretende ocupar, é razoável admitir-se que a
Administração Pública selecione candidatos que possuam idoneidade
moral irrepreensível. Este magistrado não ignora o posicionamento do
Eg. Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios no sentido
de que o candidato não pode ser inabilitado na fase de investigação
social e funcional tão-somente por responder a processo criminal, em
decorrência do princípio constitucional da presunção de inocência,
segundo o qual, ninguém pode ser considerado culpado até o trânsito
em julgado de sentença penal condenatória. Não obstante, na hipótese
em apreço, foi demonstrada conduta reprovável, incompatível com a
carreira militar, que ultrapassa a mera existência de processo penal em
curso e, caso ignorada, coloca em risco a própria credibilidade da
instituição. Vale dizer que a investigação social não se limita à simples
constatação da existência de processo criminal, mas principalmente
da conduta moral e social do candidato. Por tais razões, a
improcedência dos pedidos iniciais é medida que se impõe (...)".
CERTAME. POSSIBILIDADE.
1. A investigação social, em concurso público, não se resume a
analisar a vida pregressa do candidato quanto às infrações penais que
porventura tenha praticado. Serve, também, para avaliar a sua conduta
moral e social no decorrer de sua vida, visando aferir seu
comportamento frente aos deveres e proibições impostos ao ocupante
de cargo público da carreira policial e de outras carreiras do serviço
público não menos importantes.
2. As condutas apuradas pela Comissão de Investigação Social do
concurso, as quais foram devidamente apuradas na esfera penal, tendo,
algumas, sentença condenatória com trânsito em julgado, são incompatíveis
com o que se espera de um policial militar, em cujas atribuições funcionais
se destacam a preservação da ordem pública e manutenção da paz social.
[...]."(STJ, ROMS no. 22089-MS, STJ, 5ª. Turma, Rel. Min. Félix Fischer,
dec. un. pub. DJU 13.8.2007, p. 390).
DECISÃO