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PODER JUDICIÁRIO
TURMAS RECURSAIS
EJC
Nº 71004385126 (N° CNJ: 0014850-15.2013.8.21.9000)
2013/CRIME
ACÓRDÃO
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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
PODER JUDICIÁRIO
TURMAS RECURSAIS
EJC
Nº 71004385126 (N° CNJ: 0014850-15.2013.8.21.9000)
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RELATÓRIO
O Ministério Público interpôs recurso de apelação
contra sentença que absolveu Ederaldo Sampaio de Jesus das sanções
previstas no art. 50, § 3º, “a”, da Lei das Contravenções Penais. Sustentou
estarem comprovadas a autoria a e materialidade da infração e requereu a
condenação do réu, prequestionando a matéria.
Em contrarrazões, a defesa postulou a manutenção da
sentença, alegando atipicidade de conduta.
Nesta instância recursal, manifestou-se o Ministério
Público pelo conhecimento do apelo e por seu provimento.
VOTOS
DR. EDSON JORGE CECHET (RELATOR)
Eminentes colegas.
Conheço do recurso, tendo em vista estarem presentes
seus pressupostos de admissibilidade.
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Art. 45. Extrair loteria sem concessão regular do poder competente ou sem a
ratificação de que cogita o art. 3º Penas: de um (1) a quatro (4) anos de prisão
simples, multa de cinco mil cruzeiros (Cr$ 5.000,00) a dez mil cruzeiros (Cr$
10.000,00), além da perda para a Fazenda Nacional de todos os aparelhos de
extração, mobiliário, utensílios e valores pertencentes à loteria.
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JÚNIOR, Arthur Migliari. Lei das Contravenções Penais e Leis Especiais
Correlatas. São Paulo: Interlex, 2000. p.132.
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Dentre eles, cita-se o estudo realizado pela UNIFESP, na pessoa da Psicóloga
Maria Paula M. T. de Oliveira, concluindo que o jogo de azar pode ter um caráter
patológico, sendo incluído como transtorno do impulso nos critérios do DSM-III e IV,
sendo definido pela persistência e recorrência do comportamento de apostar em jogos
de azar, apesar de prejuízos em diversas áreas da vida decorrentes dessa atividade.
A investigação sobre a atividade de jogar pode detectar precocemente esse
transtorno. Jogadores patológicos devem ser encorajados a procurar ajuda de
tratamento adequado. É alto o índice de comorbidade psiquiátrica. Disponível em:
OLIVEIRA, Maria Paula Magalhães Tavares de. Jogo Patológico: Caracterização e
Tratamento. Disponível em: <http://www.unifesp.br/dpsiq/polbr/ppm/atu4_05.htm>.
Acesso em 22 maio 2012.
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Prova
A materialidade está comprovada pela ocorrência
policial e pelo auto de apreensão.
Todavia, no caso, a autoria não ficou demonstrada, uma
vez que o único depoimento prestado em juízo não produziu a certeza
necessária para amparar o decreto condenatório pretendido pela acusação.
Nesse sentido, a testemunha Gilberto Duarte Guarche,
policial militar, ao ser indagada sobre a pessoa do acusado, referiu não se
9
MIRANDA, Gustavo Senna. Obstáculos Contemporâneos ao Combate às
Organizações Criminosas. Revista dos Tribunais. Ano 97, abril de 2008, vol. 870. p.
471-472.
10
FERRO, Ana Luiza Almeida. Reflexões sobre o Crime Organizado e as
Organizações Criminosas. São Paulo: Revista dos Tribunais. Ano 96, junho de
2007, vol. 860. p. 470.
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recordar, mas que era ele responsável pelo local, não sabendo informar se
era proprietário. Disse que as máquinas estavam ligadas, mas não havia
ninguém jogando e que não se recordava se houve apreensão de dinheiro
(fls. 72/75).
Por sua vez, o acusado não compareceu à solenidade
para prestar sua versão dos fatos, não se podendo presumir sobre sua
culpa.
Diante disso, pela singela informação prestada, não há
certeza sobre o efetivo estabelecimento e exploração de jogos de azar, pois
a única testemunha ouvida não relatou os fatos com a segurança exigida
pelo direito penal. Além disso, embora a existência de indícios, necessário
registrar que nenhuma prova foi produzida em contraditório judicial, sendo
vedado ao juiz, de acordo com o artigo 155 do CPP, fundamentar sua
decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na fase
investigativa.
Ressalto posição pessoal de que o mesmo Estado que
aparelha sua estrutura policial preventiva ou judiciária também tem o
encargo de fornecer os meios para adequada solução dos conflitos
remetidos ao Judiciário, que também integra a estrutura. Nessas condições,
não se pode deixar de lembrar que a prova, no direito penal, deve se
apresentar com fundamento suficiente para que o julgador, ao expressar a
decisão que o Estado e a comunidade esperam, fique isento, tanto quanto
possível, de erronias ou de injustiças. Há situações em que a prova parece
convencer, parece inclinar a que se aceite uma premissa, ditada pela
experiência comum, que nem sempre deve ser bem vista no âmbito criminal.
Não por outra razão disse Carrara que, para haver condenação, “a prova
deve ser certa como a lógica e exata como a matemática”.
Nesse sentido:
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