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Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ITALO COELHO DE ALENCAR e TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DO CEARA, protocolado

em 15/12/2020 às 22:02 , sob o número 02730624920208060001.


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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __ VARA CRIMINAL


DE FORTALEZA – CE.

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0273062-49.2020.8.06.0001 e código 7E643D3.
ÍTALO COELHO DE ALENCAR, brasileiro, advogado, OAB-CE 39.809 com
endereço pro issional à Rua Marechal Deodoro, nº 1395, 320B, Ben ica, endereço
eletrô nico italocalencar@gmail.com, Fortaleza – CE, vem mui respeitosamente
perante Vossa Excelê ncia com fulcro no inciso LXVIII do artigo 5º da Constituiçã o
Federal/88, bem como com o artigo 647 e 648 do CPP, IMPETRAR

HABEAS CORPUS PREVENTIVO COM PEDIDO LIMINAR


em favor de FRANCISCO ISLEUDO SOARES FAUSTO, brasileiro, solteiro, inscrito
no RG nº 2003007032396 SSP-CE, CPF nº 029.343.173-66, residente e domiciliado
à Rua Major Verı́ssimo, nº 253, Bairro Ellery, Fortaleza – CE , vê m respeitosamente
à presença de Vossa Excelê ncia, apontando como autoridades coatoras o
DELEGADO-CHEFE DE POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO CEARÁ E COMANDANTE-
GERAL DA POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO CEARÁ, pelos fatos e fundamentos
que abaixo se aduzem:

1 - PRELIMINARMENTE

1.1- DA COMPETÊNCIA DESTE JUÍZO PARA O PRESENTE SALVO CONDUTO:

O cultivo de cannabis para uso pró prio está tipi icado como crime de
menor potencial ofensivo, conforme preceitua o art. 28, §1º, da Lei 11.343/20061
c/c com o art. 60 da Lei 9.099/95.
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Contudo, como se sabe, os crité rios apresentados pela Lei para a


determinaçã o da imputaçã o de Trá ico (artigo 33 de Lei 11.343/06) ou porte para
uso pessoal (artigo 28 da Lei 11.343/06), são abertos e subjetivos, abrindo
margem para possı́veis enganos na interpretaçã o da situaçã o fá tica resultar em

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grave constrangimento à liberdade do paciente e interrupçã o de seu tratamento de
saú de, conforme o §2º do artigo 28, in verbis:

“Para determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal, o


juiz atenderá à natureza e à quantidade da substâ ncia apreendida,
ao local e à s condiçõ es em que se desenvolveu a açã o, à s
circunstâ ncias sociais e pessoais, bem como à conduta e aos
antecedentes do agente”.

A competê ncia para processamento e julgamento de Habeas Corpus


ixar-se-á em razã o da autoridade coatora. Portanto, segundo artigo 109, VII da
Constituiçã o Federal, é da Justiça Federal, subsidiariamente, para apreciaçã o do
feito. In verbis: “os habeas corpus, em maté ria criminal de sua competê ncia ou
quando o constrangimento provier de autoridade cujos atos nã o estejam
diretamente sujeitos a outra jurisdiçã o”.

Por não haver conduta transnacional e, consequentemente, apenas


igurarem autoridades estaduais no polo passivo, é desta Justiça Estadual a
competência. Foi o que entendeu, em decisã o deste mê s de junho do corrente ano,
da Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) (CC 171.206-SP) que
teve como relator o ministro Joel Ilan Paciornik, publicada no Informativo nº
673 do STJ, cuja ementa segue:

CONFLITO DE COMPETENCIA. HABEAS CORPUS PREVENTIVO.


PEDIDO DE SALVO CONDUTO PARA CULTIVO, USO, PORTE E
PRODUÇÃO ARTESANAL DA CANNABIS (MACONHA) PARA FINS
MEDICINAIS. ALEGAÇAO DE JUSTO RECEIO DE SOFRER RESTRIÇAO NO
DIREITO DE IR E VIR. NARRATIVA QUE APONTA A POSSIBILIDADE DE
AUTORIDADES POLICIAIS DO ESTADO DE SAO PAULO PRATICAREM
COAÇAO CONTRA A LIBERDADE DEAMBULATORIAL DOS PACIENTES.
AUSÊNCIA DE PEDIDO DE SALVO CONDUTO PARA IMPORTAÇÃO DA
PLANTA OU DE QUALQUER OUTRA CONDUTA TRANSNACIONAL.
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. 1. O presente con lito de
competê ncia deve ser conhecido, por se tratar de incidente instaurado
entre juı́zos vinculados a Tribunais distintos, nos termos do art. 105,
inciso I, alı́nea d, da Constituiçã o Federal – CF. 2. O núcleo da
controvérsia consiste em de inir a competência para prestar
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jurisdição na hipótese habeas corpus preventivo para viabilizar o


plantio de maconha para ins medicinais. Os impetrantes objetivam
ordem de salvo conduto para que os pacientes possam cultivar
artesanalmente a planta Canabis Sativa L, bem como usá -la e portá -la
dentro do territó rio nacional para ins terapê uticos 3. Da leitura da
inicial do habeas corpus impetrado em favor dos pacientes extrai-se que

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autoridades estaduais foram apontadas como coatoras, quais sejam: o
Delegado Geral da Polı́cia Civil de Sã o Paulo e o Comandante Geral da
Polı́cia Militar de Sã o Paulo. Destarte, as autoridades estaduais
apontadas como coatoras, por si só , já de inem a competê ncia do
primeiro grau da Justiça Estadual. 4. Ademais, o salvo conduto pleiteado
pelos impetrante diz respeito ao cultivo, uso, porte e produçã o artesanal
da Cannabis, bem como porte ainda que em outra unidade da federaçã o.
Nesse contexto, o argumento do Juı́zo de Direito Suscitado de que os
pacientes teriam inexoravelmente que importar a Cannabis permanece
no campo das ilaçõ es e conjecturas. Em outras palavras, nã o cabe ao
magistrado corrigir ou fazer acré scimos ao pedido dos impetrantes, mas
tã o somente prestar jurisdiçã o quando os pedidos formulados estã o
abarcados na sua competê ncia. Em resumo, não há pedido de
importação a justi icar a competência da Justiça Federal,
consequentemente, nã o há motivo para supor que o Juı́zo Estadual teria
que se pronunciar acerca de autorizaçã o para a importaçã o da planta
invadindo competê ncia da Justiça Federal. Ademais, a existê ncia de uso
medicinal da Cannabis no territó rio pá trio de forma legal, em razã o de
salvos condutos concedidos pelo Poder Judiciá rio, demonstra a
possibilidade de aquisiçã o da planta dentro do territó rio nacional, sem
necessidade de recorrer à importaçã o. 5. A jurisprudência do Superior
Tribunal de Justiça – STJ é irme quanto à necessidade de
demonstração de internacionalidade da conduta do agente para
reconhecimento da competência da Justiça Federal, o que nã o se
identi ica no caso concreto. Frise-se ainda que o trá ico interestadual nã o
tem o condã o de deslocar a competê ncia para a Justiça Federal
Precedentes. 6. Con lito conhecido para declarar a competê ncia da
Justiça Estadual. (CC 171.206/SP, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK,
TERCEIRA SEÇAO, julgado em 10/06/2020, DJe 16/06/2020) (grifos
nossos)

1.2- DO SEGREDO DE JUSTIÇA

Inicialmente, requer-se que o presente feito tramite sob segredo de justiça,


uma vez que a intimidade e a segurança do paciente, direitos que se encontram em
sede constitucional, devem ser preservadas em detrimento à regra
infraconstitucional da publicidade processual, de sorte a promover o bem-estar do
paciente a im de garantir a melhor saú de da paciente principal deste writ.

2 - DOS FATOS
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O Paciente, Francisco Isleudo Soares Fausto, com 31 anos, tem


Hemo ilia Tipo I Grave (CID 10: D66), descoberta quando tinha 06 meses de
idade. Esta doença acometeu 4 membros de sua famı́lia. A Hemo ilia é uma doença
gené tica que ocasiona sangramentos. O sangue da pessoa portadora nã o conté m os

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fatores VIII e IX da coagulaçã o em quantidade su iciente para conter sangramentos.

Segundo relato anexo, desde a infâ ncia era levado por sua mã e e
parentes constantemente ao HEMOCE com crises graves de sangramentos nas
articulaçõ es (joelho e tornozelo) de sua perna direita. Estas crises nunca cessaram,
o que acarretou, ao longo do tempo, em uma lesã o (hemartrose) que o levou à
perda da mobilidade daquele membro.

Durante toda a vida passou por diversos tratamentos, dentre eles


isioterapia, reposiçã o do Fator VIII pela via endovenosa, ou mesmo pulsã o do
sangue na regiã o, seguido de aplicaçã o de corticoides etc. Infelizmente nã o
surtiram em substancial melhora em seu quadro de dores constantes no
tornozelo, quadril, joelho e coluna, conforme laudo de seu mé dico, o Dr. Joel
Porfı́rio (CRM 8974).
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Conforme relato pessoal do paciente (anexo), por conta do problema


nos joelhos, sua postura foi afetada, o que levou a uma escoliose, acentuando suas
dores de coluna e de quadril. Durante o ano de 2018, precisou usar mor ina
habitualmente, em crises de dor.

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As dores constantes, durante toda a vida, trouxeram vá rios prejuı́zos
sociais ao paciente, assim como abalos psicoló gicos importantes, apesar de sua
enorme força de vontade de estudar, trabalhar e fazer amigos.

O paciente já havia feito uso social de cannabis anos antes, e observou
melhora no quadro de dores. Mas foi depois da crise de dor de 2019, que precisou
ser levado ao Hospital em estado delicado, buscou informaçõ es sobre o tratamento
com a planta. Em suas buscas, passou a entender como a Cannabis atua no alı́vio
das dores, atravé s da interaçã o dos canabinoides THC e CBD.

Com o intuito de ter acesso regular e legal ao tratamento, procurou uma


Associaçã o de pacientes, chamada ABRACAM, da qual recebeu orientaçõ es e uma
amostra do ó leo integral de cannabis, que lhe possibilitou iniciar o tratamento e
trouxe alívio imediato. Iniciou o tratamento sob a orientaçã o de seu mé dico, o Dr.
Joel Porfı́rio, que em setembro de 2020 lhe prescreveu o tratamento com o
medicamento Nabix 10.000 (100mg CBD + 3 mg THC).

Para sua infeliz surpresa, o preço do medicamento prescrito é , em


mé dia, R$2.200,00 a unidade. Mesmo assim, conseguiu Autorização da ANVISA
(nº 36687.0667814/2020) para importar, embora o preço esteja fora de sua
realidade econô mica como trabalhador autô nomo, com renda de cerca de
R$1.000,00 (hum mil reais) oriunda da confecçã o e venda de camisas de sua marca
pró pria.

Sua mé dica, a Dra. Erotilde Honó rio Silva, em consulta realizada no dia
04/08/2020, conforme prescriçã o anexa, lhe receitou Canabidiol 3,5%, tomar 4
gotas 3x ao dia.
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Em ato de desespero, por nã o suportar mais as dores, devido ao preço
inacessı́vel do produto legal prescrito e por nã o suportar ter que comprar
maconha no trá ico de drogas, resolveu cultivar cannabis em sua residência,
onde reside com sua mãe e avó, para garantir o seu tratamento.

Ocorre que o paciente se encontra em situaçã o de preocupaçã o, uma


vez que corre risco de, a qualquer momento, por denú ncia anô nima, sofrer
constrangimento pelas autoridades policiais, no cumprimento de seu dever legal
de averiguar situaçõ es de ilegalidade, ainda que no caso concreto tal conduta
(cultivar cannabis), seja revestida por situaçã o de atipicidade, conforme se
demonstrará a seguir.

2.3 – DOS CUSTOS DO TRATAMENTO PRESCRITO

O mé dico do paciente receitou (em anexo), para iniciar o tratamento, o


medicamento Nabix 10.000 (100mg CBD + 3 mg THC) 100 ml, devendo tomar
12 gotas pela manhã e 12 à noite, diariamente. Conforme orçamento emitido
pela empresa fornecedora do produto no paı́s, seu preço é R$2.200,00 a unidade.
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Supondo que seja necessá rio apenas um por mê s, em um ano, o
paciente teria gastar, em mé dia, R$25.000,00 (vinte e cinco mil reais). Valor que
supera em muito a renda mé dia anual do paciente, que é de R$12.000,00 (doze mil
reais).

Portanto, Excelê ncia, o custo da medicaçã o importada prescrita pelo


mé dico não se encaixa em sua realidade, tornando impossı́vel cuidar dos
problemas que tanto lhe a ligem. Nã o obstante o fato de o paciente ainda precisar
arcar com alto custo de todos os demais medicamentos e tratamentos, restando
à quele paciente e sua famı́lia a cruel situaçã o de sofrimento pela impotê ncia vivida!

Ademais, mesmo o uso da cannabis adquirida ilegalmente tem sido


e iciente no tratamento, levando alívio à vida, e tendo efeito restaurador em
suas atividades diárias assim como as de sua família, e por que não dizer,
restaurador de sua própria dignidade humana.

Poré m, Excelê ncia, o custo da medicaçã o importada prescrita pelo


mé dico não se encaixa em sua realidade, o paciente é comerciante, logo tem
uma renda variável, tendo um futuro incerto e limitado, tornando ainda mais
di ícil cuidar dos problemas que tanto lhe a ligem. Nã o obstante o fato de o
paciente ainda precisar arcar com alto custo de todos os demais tratamentos e
consultas, restando à quele paciente e sua famı́lia a cruel situaçã o de sofrimento
pela impotê ncia vivida!

Nã o é plausı́vel a alternativa de ingressar com açã o judicial contra os


entes pú blicos a im de que custeiem o tratamento, uma vez que a morosidade
dessa alternativa - visto o alto índice de judicialização dos procedimentos de
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saúde- além de onerar os cofres públicos, tornaria inviá vel o começo do


tratamento por conta do tempo que se leva do ingresso desta açã o até uma decisã o
que venha a ser favorá vel a paciente. A saúde não pode esperar!

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Estava na pauta do STF (8ª sessã o extraordiná ria), para o dia
19/03/2020, com repercussã o geral, do processo que discute a obrigatoriedade do
Estado de Sã o Paulo fornecer Canabidiol para uma criança de 6 anos1, por conta da
pandemia de coronavı́rus, de acordo com a Resoluçã o 669/2020 (anexa).
Nesse sentido, a brilhante exposiçã o da Ilma. Juı́za Flavia Serizawa e
Silva da 3ª Vara Criminal Federal de Sã o Paulo (Habeas Corpus nº 5003263-
16.2020.4.03.6181):
“E cediço que a saú de é um direito de todos, sem distinçã o, e deve ser
assegurado aos brasileiros e residentes no paı́s. Tal preceito está
resguardado pela Constituição Federal que possui como
prerrogativa levar o bem estar social a todos por meio das
políticas públicas e da edição de normas que sejam capazes de
concretizar o direito.
Ressalte-se, ainda, que a Carta Polı́tica de 1988 consagra como
fundamento da Repú blica, em seu artigo 1º, III, a Dignidade da Pessoa
Humana. Mais ainda, o artigo 5º, caput, garante a todos o direito à
vida, bem que deve ser resgatado por uma única atitude
responsável do Estado, qual seja, o dever de fornecimento da
medicação e/ou da intervenção médica necessária a todo cidadão
que dela necessite.
(...) A distribuiçã o de medicamentos oferecidos pelo SUS tornou-se um
mé todo e icaz para os hipossu icientes. Ocorre que o amparo
farmacológico é um processo burocrático que exige uma série de
testes e experimentos para que possam ser distribuídos,
analisando a magnitude e os riscos que determinado
medicamento pode trazer, bem como o custo de sua incorporação
e os impactos no orçamento.
Apesar de toda a polı́tica do SUS e da distribuiçã o de medicamentos,
bem como todos os mecanismos criados para sua concretizaçã o, o
acesso a remédios ainda enfrenta sérias di iculdades.
1
h ps://sechat.com.br/s -adia-julgamento-de-natan-e-be-hemp-tem-mais-chance-de-par cipar-do-
caso/
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E o que acontece com a distribuiçã o de medicamentos a base de


algumas substâ ncias consideradas ilegais pela lei brasileira, mas que já
tiveram sua e icá cia medicinal comprovada, mostrando-se capaz de
auxiliar e aumentar a qualidade de vida desde crianças a idosos

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materializando o acesso a saú de na sua mais pura forma. Um exemplo
claro sã o os medicamentos à base do canabidiol (CBD), uma das
substâ ncias derivadas da maconha (cannabis sativa) que ainda
enfrenta preconceitos e contrové rsias devido à ilicitude da erva no
Brasil, uma vez que a jurisprudê ncia pá tria ainda nã o se posicionou de
forma pacı́ ica sobre a tipicidade da importaçã o das sementes,
havendo decisõ es importantes considerando crime de trá ico de
drogas ou ainda delito de contrabando.
Nesse ponto, registro que não merece prosperar a irmação do
MPF no sentido de que caberia à parte impetrante solicitar o
fornecimento do medicamento pretendido, de forma gratuita,
pela rede pública. Com efeito, além da di iculdade acima relatada,
é notória a situação de calamidade suportada pelo sistema de
saúde único do país. Exigir que a parte ingresse com demanda
judicial para conseguir o acesso à medicação pretendida via SUS
não me parece razoável quando possui caminho mais rápido e
efetivo e, frise-se, sem qualquer custo aos cofres públicos.” (grifos
nossos)

E de conhecimento notó rio a situaçã o preocupante que se encontra o


SUS, agravada mais ainda pela pandemia do vı́rus da COVID-19 (sendo que esta
ú ltima poderia até ser considerada transitó ria, mas que já se arrasta por longos
quatro meses, sem previsã o de superaçã o até o momento)2. Ressalta-se que em
2019, o SUS perdeu cerca de R$ 9,5 bilhõ es no orçamento federal3, devido à s
restriçõ es impostas pela EC 95. Nã o su iciente, em 2020 houve mais uma reduçã o
de cerca de R$11 bilhõ es no orçamento federal.
Isto sem falar nas novı́ssimas di iculdades logı́sticas decorrentes da
restriçã o de circulaçã o de produtos e pessoas em todo o mundo, em consequê ncia

2
https://istoe.com.br/sus-corre-risco-de-colapso/
https://www.redebrasilatual.com.br/saude-e-ciencia/2019/04/em-2019-maior-
3

desafio-da-saude-publica-no-brasil-e-a-sobrevivencia-do-sus/
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da pandemia, afetando especialmente o Brasil, diante da di iculdade de controle


mı́nimo sobre a disseminaçã o do vı́rus.

Pela primeira vez no Brasil, o nú mero de pessoas desempregadas,

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atualmente, superou o nú mero de pessoas ocupadas4, o que, obviamente, faz com
que as pessoas abandonem seus convê nios mé dicos e hospitais privados e se
tornem dependentes do serviço pú blico, o que onera, ainda mais o Estado.

Ademais, mesmo o uso da cannabis adquirida ilegalmente tem sido


e iciente no tratamento, levando alívio à vida, e tendo efeito restaurador em
suas atividades diárias assim como as de sua família, e por que não dizer,
restaurador de sua própria dignidade humana.

2.4 – DAS EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS DO TRATAMENTO DA DOR


COM CANNABIS

O alı́vio alcançado pelo paciente em suas dores ao utilizar a cannabis,


seja pela via inalada ou oral (ó leo caseiro), encontra explicaçõ es já consolidadas na
ciê ncia. Graças a pesquisas iniciadas na dé cada de 1960, na Universidade de
Jerusalé m, tendo à frente o Dr. Raphael Mechoulam, - e concomitantemente no
Brasil com o Prof. Elisaldo Carlini (UNIFESP) - foi possı́vel identi icar, inicialmente,
componentes da planta, como psicoativo delta-9-tetrahidrocanabinol (THC) e
posteriormente diversos outros.

Com o avanço nas pesquisas, em um contexto polı́tico de inı́cio da


repressã o a esta droga em nı́vel mundial, foi possı́vel entender que o organismo
humano possui um sistema endó geno, que fora nomeado de sistema
endocanabinoide, que interage com as molé culas da planta, modulando o
funcionamento de diversos outros sistemas, uma vez que estas molé culas atuam
em receptores especı́ icos de nosso cé rebro, explica Ethan Russo:

Aqui nos referimos à proporçã o em que se encontram os mais de 100


canabinó ides (substâ ncias que ativam os receptores CB1 e CB2, pré -

https://g1.globo.com/economia/noticia/2020/06/30/desemprego-sobe-para-
4

129percent-em-maio.ghtml
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existentes no corpo de todos os seres humanos) existentes em dada


variedade de cannabis. A diferente combinaçã o dessas dezenas de
substâ ncias, dentre as quais o THC, o CBD, o CBN, O CBG e muitos outros,
é o que chamamos de per il canabinó ide, e que de ine a aplicabilidade

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terapê utica sobre condiçõ es especı́ icas, na medida em que os estudos
acerca do sistema endocanabinó ide sugerem que a causa de muitas
doenças - dentre elas a Sı́ndrome do Intestino Irritá vel, assim como a
Fibromialgia e a Enxaqueca Crô nica - deve-se a carê ncia, em diferentes
proporçõ es, de tais compostos que, em condiçõ es ideais, deveriam ser
produzidos pelo nosso pró prio organismo. Alé m de uma proporçã o
especı́ ica entre todos esses canabinó ides - que vem a suprir a carê ncia
especı́ ica de determinadas condiçõ es -, a aplicaçã o terapê utica da
cannabis també m se modi ica de acordo com os terpenos, que sã o
compostos aromá ticos que, alé m de fornecer um aroma especı́ ico para
cada variedade, modi icam e regulam os efeitos dos canabinó ides. Por
exemplo: uma planta com 15% de THC combinado ao terpeno linalol,
presente també m na lavanda, tem o efeito completamente diferente de
alguma outra com os mesmos nı́veis de THC combinados a terpenos
como o mirceno ou o cario ileno, culminando em uma açã o de maior
potencial anticonvulsivante e, portanto, mais indicada à quadros
epilé ticos que outras variedades [RUSSO, Ethan B. Taming THC: potential
cannabis synergy and phytocannabinoid-terpenoid entourage effects.
British journal of pharmacology, v. 163, n. 7, p. 1344-1364, 2011.]
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O canabinoide responsá vel pelo efeito analgé sico é o


tetrahidrocanabinol (THC). Todavia, devido ao que os cientistas chamam de “efeito
comitiva”, se torna mais e iciente o tratamento quando os demais canabinoides sã o
administrados juntos, ou seja, quando sã o administrados de extratos ou da pró pria
planta, em detrimento do isolamento sinté tico.

A senadora Mara Gabrili (PSDB/SP) elaborou cartilha (anexo) sobre os


potenciais terapê uticos da cannabis, mostrando as evidê ncias cientı́ icas do
sucesso do tratamento de diversas doenças com a planta.

5
h ps://www1.folha.uol.com.br/seminariosfolha/2018/10/sucesso-no-uso-terapeu co-da-maconha-
contra-dor-inibe-preconceito.shtml
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ITALO COELHO DE ALENCAR e TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DO CEARA, protocolado em 15/12/2020 às 22:02 , sob o número 02730624920208060001.
fls. 13

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0273062-49.2020.8.06.0001 e código 7E643D3.
Devido à possibilidade de escolher quais plantas melhor se
adequam ao seu tratamento, que o paciente optou pelo autocultivo, por nã o
coadunar prá ticas à s margens da lei, razã o que vem diante deste juı́zo pleitear, a
exemplo de outros casos semelhantes em jurisprudê ncia do Ceará e do Brasil,
salvo-conduto para que possa continuar com seu cultivo sem risco de sofrer
criminalizaçã o por cuidar de sua saú de.

2.3 - DA VIABILIDADE DA EXTRAÇÃO E PRODUÇÃO CASEIRA DO


FITOTERÁPICO DE CANNABIS SATIVA

A produçã o de itoterá picos a base de Cannabis é uma realidade no


Brasil e prova-se extremamente viá vel. Há que se frisar, que em â mbito domé stico,
nã o há de haver o mesmo rigor de produçã o de medicamentos para terceiros, estes
sim, sujeitos a controle da ANVISA. E o que esclarece a pró pria Agê ncia em sua
cartilha (anexo):
Federal, em caso aná logo ao do paciente, se pode vê :
Tomando por referê ncia Laudo Pericial (anexo) do Químico Fabiano

no 0808120-69.2020.4.05.8100, que tramita na 3a Turma do Tribunal Regional


Soares de Araújo (CRQ-IX 09904885), enquanto prova emprestada do processo
fls. 14

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ITALO COELHO DE ALENCAR e TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DO CEARA, protocolado em 15/12/2020 às 22:02 , sob o número 02730624920208060001.
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0273062-49.2020.8.06.0001 e código 7E643D3.
mostra barato e e iciente, conforme demonstrado no desenho abaixo:
Quanto à extraçã o do ó leo rico em Cannabis, o processo artesanal se
fls. 15

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ITALO COELHO DE ALENCAR e TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DO CEARA, protocolado em 15/12/2020 às 22:02 , sob o número 02730624920208060001.
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fls. 16

É desta forma, Excelência, que o paciente tem garantido a


continuidade do tratamento, com alto índice de êxito, que se re lete em
qualidade de vida.

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0273062-49.2020.8.06.0001 e código 7E643D3.
3 - DO DIREITO

3.1 – DA ATIPICIDADE DA CONDUTA DE CULTIVAR CANNABIS COM FINS


TERAPÊUTICOS

A Lei nº 11.343/06, ao proibir o a produçã o, comé rcio e consumo de


determinadas substâ ncias, declara como seu objetivo a proteçã o do bem jurídico
Saúde Pública. Os tipos nela previstos englobam diversas condutas, desde as de
menor potencial ofensivo (Art. 28) como posse para consumo pessoal até as
condutas consideradas gravı́ssimas classi icadas genericamente de “trá ico” (art.
33 – que prevê 18 condutas). Em ambos os verbos estã o as condutas cultivar e
semear (§1º de ambos artigos), cabendo à autoridade policial a diferenciaçã o no
caso concreto.

Segundo doutrina e jurisprudê ncia, para existir um crime, é necessá rio,


alé m da tipicidade formal, qual seja a previsã o legal da conduta humana, vínculo
subjetivo (dolo) com a efetiva lesão do bem jurídico tutelado, ou seja,
tipicidade subjetiva e material! No caso em tela, o cultivo e preparaçã o do
itoterá picos de Cannabis, em vez de ofender a saúde púbica, a promove!

Nã o há dú vidas que a tipicidade subjetiva e material da conduta


encontram-se afastadas do fato, sendo subjetivamente atípica, por ausê ncia de
dolo em lesar a saú de pú blica, bem como materialmente atípica por ausê ncia de
lesividade e aplicaçã o do princı́pio da insigni icâ ncia.

Ademais, quanto à culpabilidade6, para que a responsabilidade recaia


sobre o agente, é preciso que este seja imputá vel e tenha a liberdade de agir de
maneira diversa. No caso em tela sendo o cultivo de Cannabis a única opção que
lhes restou viável, já que o paciente nã o coaduna com a compra de cannabis no
6
h ps://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-penal/o-uso-medicinal-da-maconha-como-causa-de-
exclusao-da-culpabilidade/
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mercado ilegal e o tratamento legal prescrito inicialmente por seu mé dico é
impraticá vel frente à sua realidade econô mica. Segundo o bom direito, essa
conduta está revestida de uma causa supralegal de inexigibilidade de conduta
diversa.

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0273062-49.2020.8.06.0001 e código 7E643D3.
Nã o há dú vida que nã o é exigı́vel a ningué m, no Estado Democrá tico de
Direito, o sacrifı́cio da pró pria saú de para atender o comando formal de lei penal
(que conforme já explicado, sequer restará subjetivamente ou materialmente
violada).

3.1 DO USO DE CANNABIS COMO FORMA DE REDUÇÃO DE DANOS

A escolha pelo melhor tratamento, ou seja, aquele que proporcione


qualidade de vida e dignidade, é uma opçã o primeiramente do paciente e de sua
famı́lia, amparados pela autonomia da vontade. O artigo 196 da Constituiçã o
Federal de 1988, dispõ e:

A saú de é direito de todos e dever do Estado,


garantido mediante políticas sociais e econômicas
que visem à redução do risco de doença e de outros
agravos e ao acesso universal e igualitário às ações
e serviços para sua promoção, proteção e
recuperação. (grifos nossos).

Sobre a prescriçã o mé dica para tratamento com Cannabis, tal conduta está
plenamente amparada pelo disposto no Código de Ética Médica, no capítulo II,
“É direito do Médico: II – Indicar o procedimento adequado ao paciente,
observadas práticas cienti icamente reconhecidas e respeitada a legislação
vigente. ” No capı́tulo IV, que trata dos Direitos Humanos, dispõ e: “E vedado ao
Mé dico: Art. 24. Deixar de garantir ao paciente o exercício do direito de
decidir livremente sobre sua pessoa ou seu bem-estar, bem como exercer sua
autoridade para limitá-lo. ”
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ITALO COELHO DE ALENCAR e TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DO CEARA, protocolado em 15/12/2020 às 22:02 , sob o número 02730624920208060001.
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A Lei 11.343/06, em seu artigo 2º, pará grafo ú nico, prevê a possibilidade
de o Estado autorizar o cultivo e uso de drogas proscritas, desde que com ins
medicinais ou cientı́ icos, in verbis:

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Art. 2º Ficam proibidas, em todo o territó rio nacional, as drogas,
bem como o plantio, a cultura, a colheita e a exploraçã o de
vegetais e substratos dos quais possam ser extraı́das ou
produzidas drogas, ressalvada a hipó tese de autorizaçã o legal ou
regulamentar, bem como o que estabelece a Convençã o de Viena,
das Naçõ es Unidas, sobre Substâ ncias Psicotró picas, de 1971, a
respeito de plantas de uso estritamente ritualı́stico-religioso.

Pará grafo ú nico. Pode a União autorizar o plantio, a cultura e a


colheita dos vegetais referidos no caput deste artigo,
exclusivamente para ins medicinais ou cientí icos, em local e
prazo predeterminados, mediante iscalização, respeitadas as
ressalvas supramencionadas. (grifo nosso)

Ainda a Lei de Drogas prevê , como princı́pios do Sistema Nacional de


Polı́ticas Pú blicas sobre Drogas (SISNAD), em seu art. 4º, I, o respeito aos direitos
fundamentais da pessoa humana, especialmente quanto à sua autonomia e
liberdade. O artigo 19, que dispõ e das atividades de prevençã o ao uso indevido de
drogas, em seu inciso III prevê : III - o fortalecimento da autonomia e da
responsabilidade individual em relação ao uso indevido de drogas. ”

Convé m salientar que antes de iniciar o tratamento com cannabis, conforme


já relatado, a paciente, com acompanhamento e prescriçã o mé dica, lançou mã o do
uso da alternativa terapê utica indicada para seu quadro clı́nico, fazendo uso da
seguinte medicaçã o, que lhe apresentou diversos efeitos adversos graves:
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ITALO COELHO DE ALENCAR e TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DO CEARA, protocolado em 15/12/2020 às 22:02 , sob o número 02730624920208060001.
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 IBUPROFENO7:

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0273062-49.2020.8.06.0001 e código 7E643D3.
Desta feita, Excelê ncia, conforme acima descrito, a substituição do
tratamento com a medicação alopática pelo tratamento com Cannabis, com
acompanhamento médico, cultivada pelo próprio paciente, se mostrou e icaz
medida de promoção de redução de riscos e danos, realizando assim os
objetivos da Lei 11.343/06.

3.2 - DAS DECISÕES FAVORÁVEIS AO CULTIVO CASEIRO DE CANNABIS COM


FINS TERAPÊUTICOS

Talvez, ainda este Juı́zo se pergunte se seria o Habeas Corpus açã o


competente para autorizar, ainda que por via transversa um cultivo terapê utico de
Cannabis, a prá xis processual de tribunais de 14 (catorze) estados da Federaçã o,

h ps://www.mdsaude.com/bulas/ibuprofeno/#Efeitos_colaterais
7
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ITALO COELHO DE ALENCAR e TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DO CEARA, protocolado em 15/12/2020 às 22:02 , sob o número 02730624920208060001.
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incluído o TJ-CE e a JF-CE, tê m efetivado a possibilidade do cultivo domé stico


de cannabis sativa com ins terapê uticos. Até julho de 2020, já haviam sido
concedidos 120 (cento e vinte) salvo-condutos para cultivo caseiro de
cannabis com ins terapêuticos 8.

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0273062-49.2020.8.06.0001 e código 7E643D3.
Ao todo, em nosso Estado, já sã o 16 (dezesseis) salvo-condutos
deferidos com este mesmo objeto 9. O Tribunal de Justiça do Ceará (TJ-CE),
no ano de 2017, concedeu o primeiro habeas corpus para cultivo caseiro
de cannabis a um adulto que sofre com dores neuropáticas e espasmo
severos decorrentes do quadro de tetraplegia, pela Vara de Penas
Alternativas e Habeas Corpus, no processo nº 0134514-49.2017.8.06.0001
(anexo).

Em 2018, a 3ª Vara de Execução Penal de Fortaleza (SEJUD IV)


deferiu liminar autorizando o cultivo caseiro de cannabis em favor de uma idosa
que sofre com dores decorrentes de artrose, no processo nº 0152364-
82.2018.8.06.0001 (anexo). Em março de 2020, a 1ª Vara de Execução Penal de
Fortaleza – CE (proc. nº 0195927-92.2019.8.06.000), deferiu liminar em favor de
paciente criança portadora do Transtorno do Espectro Autista (TEA). Em Julho, a
3ª Vara Criminal de Juazeiro do Norte – CE, concedeu salvo-conduto (proc. Nº
0052679-89.2020.8.06.0112) para mã e de paciente adulto com paralisia cerebral.
Neste mesmo mê s, a 3ª Vara de Execução penal de Fortaleza – CE deferiu
liminar (Proc. Nº 8001496-82.2020.8.06.0001) em habeas corpus para mulher
acometida de depressã o e ansiedade.

Já neste mê s de março de 2020, a 12ª Vara da Justiça Federal de


Fortaleza (proc. nº 0801147-98.2020.4.05.8100 – anexo) concedeu autorizaçã o

8
h ps://www.conjur.com.br/2019-out-18/tj-mg-concede-hc-preven vo-permite-plan o-maconha

9
h ps://www.opovo.com.br/no cias/fortaleza/2020/07/21/10---habeas-corpus-para-cul vo-da-
maconha-medicinal-e-liberado-no-ceara.html

h ps://www.bbc.com/portuguese/brasil-53589585
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ITALO COELHO DE ALENCAR e TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DO CEARA, protocolado em 15/12/2020 às 22:02 , sob o número 02730624920208060001.
fls. 21

para um paciente com dores decorrentes de Sı́ndrome do Intestino Irritá vel o


direito a importar sementes e continuar o seu cultivo de cannabis.

Outras decisõ es abundam em varas cearenses e pelo Brasil (em anexo),

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0273062-49.2020.8.06.0001 e código 7E643D3.
para casos distintos, como Alzheimer e Transtorno Explosivo Intermitente (proc.
nº 0804182-66.2020.4.05.8100), na cidade de Baturité - CE e para paciente com
dor crô nica (proc. nº 0806399-82.2020.4.05.8100), em Fortaleza – CE. Em decisã o
recente, a 18ª Vara Federal do Sobral – CE, neste dia 30/06/2020, deferiu liminar
para paciente com paciente de 10 anos com paralisia cerebral.

Conforme acima demonstrado é imperioso, para o exercı́cio dos


Direitos Fundamentais do PACIENTE o deferimento da tutela ora invocada. Pois da
mesma forma, o tratamento com cannabis como ferramenta terapêutica, é
possível em países mais desenvolvidos democraticamente, para concretude a
um direito humano, qual seja tratar sua saúde, ao mesmo tempo harmô nico
com o preambulo, os artigos 5º, §1º, 6º e 196º da Constituiçã o, que prescrevem as
diretrizes constitucionais em relaçã o à Saú de pú blica.

Em recente decisã o10, a Organizaçã o das Naçõ es Unidas (ONU) acolheu


recomendaçã o da Organizaçã o Mundial de Saú de (OMS) e retirou a cannabis da
lista de substâ ncias perigosas (Lista IV), reconhecendo, consequentemente, seu
potencial terapê utico. Paı́ses vizinhos ao Brasil, como Argentina11, Uruguai12 e
Colô mbia13, com realidades econô micas e culturais, tê m regulamentado o uso
medicinal e social da Cannabis. Da mesma forma os EUA14, Israel15, Canadá 16 etc.

Em maté ria de tratamentos de saú de nã o registrados ou regulamentados,


podemos trazer como fundamento de direito a recente decisã o do Ministro Marco
Auré lio, relator dos Recursos Extraordiná rios (REs) 566.471 e 657.718 modi icou
10
h ps://saude.estadao.com.br/no cias/geral,onu-decide-re rar-a-cannabis-da-lista-de-medicamentos-
mais-nocivos,70003537470
11
h ps://g1.globo.com/mundo/no cia/2020/11/12/argen na-legaliza-cul vo-de-maconha-para-
consumo-proprio-de-natureza-medica.ghtml
12
h ps://brasil.elpais.com/internacional/2019-12-20/uruguai-registra-queda-no-trafico-de-maconha-
apos-a-legalizacao.html
13
h ps://medium.com/tudosobrecannabis/cannabis-medicinal-colombia-d5b475353225
14
h ps://g1.globo.com/mundo/eleicoes-nos-eua/2020/no cia/2020/11/04/mais-estados-dos-eua-
aprovam-a-legalizacao-da-maconha.ghtml
15
h ps://brasil.elpais.com/internacional/2020-09-05/chuva-de-maconha-em-tel-aviv.html
16
h ps://g1.globo.com/mundo/no cia/2018/10/17/conheca-as-regras-para-o-consumo-recrea vo-da-
maconha-no-canada.ghtml
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seu voto na açã o sobre fornecimento de remé dios ou tratamentos sem registro,
conforme é o caso trazido à jurisdiçã o de V.Exa., nos seguintes termos:

“Nessas situaçõ es, o produto somente é encontrado em paı́s de desenvolvimento


té cnico-cientı́ ico superior, sendo que à mı́ngua nã o deve e nã o pode icar o

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0273062-49.2020.8.06.0001 e código 7E643D3.
paciente, com ou sem autorizaçã o da Anvisa, tendo em vista no seu caso de
industrializaçã o ou comercializaçã o no territó rio, e sim de importaçã o excepcional,
para uso pró prio individualizado, ao Estado cumpre viabilizar aquisiçã o”, disse o
ministro-relator.

“Estamos aqui reunidos para proteger, para emprestar e icá cia, dar concretude a
um direito humano, que está ligado diretamente à vida, que é o direito à saú de. O
olhar do homem mostra-se em geral egoı́sta, argumenta-se na maioria das vezes
que o problema do pró ximo nã o é meu.”

Conforme acima demonstrado é imperioso, para o exercı́cio dos Direitos


Fundamentais do PACIENTE o deferimento da tutela ora invocada. Pois da mesma
forma, o tratamento com cannabis medicinal é possı́vel em paı́ses mais
desenvolvidos democraticamente, para concretude a um direito humano, qual seja
tratar sua saú de, em sintonia com as palavras do Ministro Relator, e ao mesmo
tempo harmô nico com o preambulo, os artigos 5º, §1º ,6º e 196 da Constituiçã o, -
que assim prescrevem:

Art. 5º Todos sã o iguais perante a lei, sem distinçã o de qualquer


natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no
Paı́s a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

§ 1º As normas de inidoras dos direitos e garantias fundamentais tê m


aplicaçã o imediata.

Art. 6º Sã o direitos sociais a educaçã o, a saú de, a alimentaçã o, o


trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdê ncia
social, a proteçã o à maternidade e à infâ ncia, a assistê ncia aos
desamparados, na forma desta Constituiçã o. (Redaçã o dada pela Emenda
Constitucional nº 90, de 2015)

Art. 196. A saú de é direito de todos e dever do Estado, garantido


mediante polı́ticas sociais e econô micas que visem à reduçã o do risco de
doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitá rio à s açõ es e
serviços para sua promoçã o, proteçã o e recuperaçã o.

Desta forma requer igualdade de tratamento e o direito de FRANCISCO ISLEUDO


SOARES FAUSTO, poder cuidar da saú de, pois estes sã o Direitos Supremos do paciente,
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cabendo ainda ressaltar que nã o ofende a reserva do possı́vel, pois o auto cultivo
medicinal nã o gera qualquer ô nus ao Estado.

3.4 - DO EXERCÍCIO REGULAR DE SEU DIREITO FUNDAMENTAL E DO SEU ESTADO

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DE NECESSIDADE.

Toda a sociedade precisa viver dignamente e o Estado tem papel primordial


no cumprimento deste princı́pio constitucional tã o importante. Sendo certo que, o
direito à saú de integra o direito à vida, com o desı́gnio de proporcionar a cada
cidadã o o garantismo estatal da dignidade da pessoa humana.

A Constituiçã o da Repú blica Federativa do Brasil, no caput do seu Art. 5º,


garante a todos os brasileiros e estrangeiros, sem distinçã o de qualquer natureza,
à inviolabilidade do direito à vida, sendo este direito primário, garantindo-se
a essência dos demais direitos e princípios constitucionais. De outra banda, a
Constituiçã o consagra, no seu art.1º, inc. III, à dignidade da pessoa humana
como princípio basilar e, como fundamento do Estado Democrá tico de Direito.

A Carta Magna de 1988 trata especi icamente do direito à saú de como


direito social, no artigo 196, proclamando que “[...] o direito à saú de é um direito
de todos e um dever do Estado”. Rea irmamos que cultivo domé stico e terapê utico
pró prio do paciente nã o ofende a saú de pú blica, ao contrá rio, lhe traz dignidade e
bem-estar, bem como nã o onera os ó rgã os pú blicos.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) tem


regulamentado, ainda que timidamente, o uso de medicamentos e produtos à base
de Cannabis em diversas decisõ es, desde o ano de 2015. No ano de 2019, a
Diretoria Colegiada aprovou a RDC nº 327, que autorizou fabricaçã o nacional de
produtos à base da cannabis e sua venda em farmá cias. Neste dia 22 de janeiro de
2020, a Agê ncia anunciou a simpli icaçã o das regras para importaçã o de
medicamentos, atravé s da ediçã o da RDC nº 335/2020. Resta frisar que o
paciente tem autorização para importação exarada pela ANVISA (anexo).
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A garantia aos brasileiros ao uso de cannabis como ferramenta


terapê utica e a omissã o dos poderes constituı́dos, inclusive é objeto de Ação Civil
Pública Promovida pelo MPF do Distrito Federal, no TRF1 - Processo N°
0090670-16.2014.4.01.3400 - 16ª Vara Federal, que busca a permissã o e

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regulamentaçã o do uso e Pesquisas e especi icamente requer a regulamentaçã o do
auto cultivo, conforme se pode observar nas có pias da referida açã o em anexo. Este
juı́zo assim decidiu, tendo como efeito prá tico a ediçã o da supracitada RDC
nº66/2016. O feito seguiu para apreciaçã o nos tribunais superiores, sem previsã o
de trâ nsito em julgado.

Existe també m pendente de julgamento a Açã o Direta de


Inconstitucionalidade (ADI 5708) para permitir: plantar, cultivar, colher, guardar,
transportar, prescrever, ministrar e adquirir Cannabis para ins medicinais e de
bem-estar terapê utico e conforme despacho, deverá ser analisada diretamente no
mé rito pelo Plená rio do Supremo Tribunal Federal. A decisã o foi tomada pela
ministra Rosa Weber, que dispensou a aná lise do pedido de liminar e aplicou ao
caso o rito abreviado previsto no artigo 12 da Lei 9.868/1999, ante a ausê ncia de
regulamentaçã o especı́ ica da maté ria que tem voltado à ilegalidade as pessoas que
buscam na Cannabis tratamento para condiçõ es de saú de.

Na mesma esteira, tramita na Câ mara dos Deputados o Projeto de Lei


nº 399/2015, que pretende alterar o art. 2º da Lei nº 11.343, de 23 de agosto de
2006, para permitir a comercializaçã o de medicamentos que contenham extratos,
substratos ou partes da planta Cannabis sativa em sua formulaçã o. O Projeto está
em tramitando na Comissã o Especial, sob relatoria do deputado Fá bio Mitidieri,
aguardando seu parecer para ser levado à apreciaçã o do colegiado.

Excelê ncia, nã o obstante o seu estado de necessidade, bem como a


impossibilidade do exercício regular de seu direito, considerando que até a
presente data os Poderes Constituı́dos, ainda nã o criaram normas ou decisã o “erga
omnes” para garantir o acesso e continuidade - sem risco de sua liberdade de
locomoçã o - do seu bené ico tratamento. Hoje apenas os mais abastados podem
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importar, por valores absurdos, o referido extrato de cannabis e ter qualidade


de vida.

Considerando o objeto da ACP do MPF, da ADI 5.708 supracitadas,

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e o moroso trâ mite do P.L nº 399/2015, o presente salvo conduto, deve ser
emitido, s.m.j., por V. Exa. A inal uma açã o ou omissã o juridicamente permitida nã o
pode ser, ao mesmo tempo, proibida pelo direito. Ou seja, o exercício regular de
direito nunca poderá ser antijurídico. Essa insegurança jurídica causa abalos
psicológicos no paciente e poderá lhe causar constrangimentos sociais
desnecessários.

O exercı́cio regular de direito, alcança, como vimos, o paciente e este


deve exercitar seu direito subjetivo de continuar a produzir seu óleo de
forma artesanal, uma faculdade prevista em nossa Magna Carta. Dessa forma, o
signi icado da expressã o Direito possui sentido amplo, pois trata-se de direito
Fundamental à Saú de, reconhecido pelo poder pú blico, conforme receita mé dica e
a autorizaçã o emitida pela ANVISA, ó rgã o do Ministé rio da Saú de permitindo o uso
do extrato da planta Cannabis Sativa. Mormente pelo descumprimento de suas
obrigaçõ es, por parte do Estado, nã o pode e jamais deve punir uma famı́lia por este
ato de coragem!

Antes mesmo das referidas resoluçõ es citadas, que permitem a


importaçã o de cannabis, o Decreto 5.912/2006, que regulamenta a Lei sobre
Drogas a irma no seu art. 14º, inciso I, alı́nea c, que é competê ncia do Ministé rio da
Saú de “autorizar o plantio, a cultura e a colheita dos vegetais dos quais possam ser
extraı́das ou produzidas drogas, exclusivamente para ins medicinais ou cientı́ icos,
em local e prazo predeterminados, mediante iscalizaçã o, ressalvadas as hipó teses
de autorizaçã o legal ou regulamentar”. A omissã o do Estado é patente!

O Poder Pú blico descumpre e impede ao cidadã o exercer direito, que a Lei
8080/1990, instituidora do SUS, marco legal e diretriz da Saúde Pública do
Brasil, que assim leciona:

Art. 2º - A saú de é um direito fundamental do ser humano devendo o


Estado prover as condiçõ es indispensá veis ao seu pleno exercı́cio.
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Art. 5º - Sã o objetivos do Sistema ú nico de Saú de SUS:


III - a assistê ncia à s pessoas por intermé dio de açõ es de promoçã o e
recuperaçã o da saú de com a realizaçã o integrada das açõ es assistenciais
e das atividades preventivas.

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Conforme a lei da Saú de preceitua, a saú de deve ser provida: I - de
forma universal acesso aos serviços de saú de em todos os nı́veis de assistê ncia. II -
Integralidade de assistê ncia, entendida como conjunto articulado e contı́nuo das
açõ es e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada
caso em todos os nı́veis de complexidade do sistema. III - preservaçã o da
autonomia das pessoas na defesa de sua integridade fı́sica e moral; IV - igualdade
da assistê ncia à saú de, sem preconceitos ou privilé gios de qualquer espé cie.

Se a justi icativa da Lei de drogas é exatamente proteger a saúde


pública, a hermenêutica jurídica Constitucional não deve jamais impedir o
uso de plantas medicinais, mormente por tratar-se de autonomia, acessibilidade
e autodeterminaçã o do melhor tratamento, corroborado por pesquisas e
prescriçã o mé dica.

Até mesmo, Convençã o Unica sobre Entorpecente de 1961 da ONU, em seu


preâ mbulo a irma, com veemê ncia, que “o uso médico dos entorpecentes
continua indispensável para o alívio da dor e do sofrimento e que medidas
adequadas devem ser tomadas para garantir a disponibilidade de
entorpecentes para tais ins”. A Convençã o ainda menciona expressamente no
seu art.49, inciso II, alı́nea f, que “o uso da cannabis para ins que não sejam
médicos ou cientí icos deverá cessar o mais cedo possível”. Desta forma o
cultivo especi icamente medicinal nã o deve jamais ser proibido.

3.5 - DA LEGÍTIMA DEFESA

Ainda que Vossa Excelê ncia nã o considere o cultivo do PACIENTE um


exercı́cio regular de um direito, deverá reconhecer que o paciente FRANCISCO
ISLEUDO SOARES FAUSTO enlutado pela doença sem tratamento mais e icaz,
age em legítima defesa da saúde e dignidade humana.
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Diz o art. 25 do Có digo Penal: “Encontra-se em legı́tima defesa quem,


usando moderadamente dos meios necessá rios, repele injusta agressã o, atual ou
iminente, a direito seu ou de outrem”. Segundo a doutrina sã o, requisitos da defesa
legı́tima: agressã o injusta, que esteja em curso ou na iminê ncia de ocorrer; a

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repulsa, utilizando-se os meios necessá rios. A moderaçã o no uso dos meios de
defesa. O conhecimento da agressã o e a consciê ncia de sua atualidade ou iminê ncia
e de seu cará ter injusto (elemento subjetivo).

O Estado está sendo injusto perante o direito de todos os usuá rios


medicinais poderem cultivar seu tratamento sem qualquer ô nus ao erá rio pú blico,
como é o presente caso trazido à jurisdiçã o de Vossa Excelê ncia, a dignidade e
bem-estar do paciente FRANCISCO ISLEUDO SOARES FAUSTO, estão sendo
injustamente agredidos.

Aliás, duplamente, no caso trazido a jurisdição de V.Exa., pois ao não


cumprir a ordem constitucional de prover a saúde e, o que é pior, criminaliza
o exercício de Direito Humano Fundamental do paciente, vivemos tempos
muito di íceis!

3.6 - DO JUSTO RECEIO

Até o julgamento inal do R.E 635.659 ou da aprovaçã o do PL 399/2015,


conforme se depreende do pará grafo ú nico do art. 28 da Lei 11.343/2006, cultivar
maconha para uso próprio, continua sendo fato típico.

Para tratar das agruras de sua doença, incorre em CRIME de lagrante


permanente, em evidente estado de necessidade! Uma mera denúncia anônima
de vizinho tem o poder de causar constrangimento tremendo na vida do
paciente e de sua mãe e avó, idosas e de seus familiares, con igurando justo
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receio, uma vez que a criminalizaçã o de quem cultiva cannabis é histó rica e
crescente17.

Nã o se busca, de forma alguma utilizar-se do presente remé dio heroico,

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regulamentar o cultivo, mas apenas garantir a simbiose do Direito Penal e a
garantia dos Direitos Constitucionais Fundamentais do paciente, até que os
poderes constituı́dos e a referida ACP, promovam o im desta insegurança jurı́dica
regulamentando uma forma acessı́vel e segura o autocultivo de cannabis.

O art. 196 da Constituiçã o de 1988 ser respeitado: “a saúde é direito


de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e
econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao
acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção,
proteção e recuperação. ”

Já é um absurdo o Estado nã o cumprir seu dever fundamental, nã o


acreditamos jamais que a Justiça irá criminalizar autotutela digna e proporcional
de um direito Constitucional. Con iamos que os Direitos Humanos e o Estado
democrá tico de direito sejam protegidos por esta Jurisdiçã o.

3.7 - DA INCONSTITUCIONALIDADE EM SENTIDO AMPLO DO ART.28 DA LEI


11.343/2006

Tramita em nossa Suprema Corte o Recurso Extraordiná rio nº


635.659 que visa declarar a inconstitucionalidade do art. 28 da lei 11.343/2006,
em sentido amplo, sendo, até o presente momento, unâ nime para reconhecer a
inconstitucionalidade de proibiçã o da cannabis, contando com votos favorá veis dos
Ministros Gilmar Mendes, Roberto Barroso e Edson Fachin. Mantida a tendê ncia
deste julgamento, que segue a mudança mundial de paradigma relativo à da

17
h ps://www.sspds.ce.gov.br/2020/02/12/homem-que-man nha-estufa-para-cul vo-de-maconha-e-
preso-em-flagrante-em-caucaia/

h ps://diariodonordeste.verdesmares.com.br/seguranca/plantacao-de-maconha-e-encontrada-em-
residencia-no-bairro-itaperi-em-fortaleza-1.2952336

h ps://www.opovo.com.br/no cias/ceara/caucaia/2020/02/12/estufa-de-maconha-e-desa vada-pela-


policia-na-praia-da-tabuba.html
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garantia dos Direitos Humanos, qualquer usuá rio que desejar cultivar para uso
pró prio cannabis nã o cometerá crime, conforme votos em anexo. (Docs. Em anexo)

O presente habeas Corpus pode, inclusive, ser deferido sob o

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controle difuso de constitucionalidade, sem ofensa ao Pretó rio Excelso, eis que
prerrogativa jurı́dica de V. Exa., o Juiz natural, especialmente quando se versa
sobre situaçã o individual, objeto concretamente distinto daquele Recurso
Extraordiná rio, que almeja resolver a questã o abstrata e coletivamente.

A recente decisão da 3ª Turma Recursal do Tribunal de


Justiça de Santa Catarina , no voto do juiz relator Alexandre Morais da Rosa, é
14

interessante paradigma para a pretensão aqui requerida, pois rea irma a


argumentação dos votos dos ministros do STF no julgamento supracitado,
entendendo que a conduta de porte de drogas para consumo pessoal não
transcende direito do agente, assim como lhe garante o respeito à autonomia
e dignidade humana.

4 - DO PEDIDO LIMINAR

A medida ora pleiteada comporta prestaçã o preliminar, o que desde já


se requer, eis que presente todos os pressupostos necessá rios para o deferimento
mesma. A plausibilidade jurı́dica da concessã o da liminar encontra-se devidamente
caracterizada no presente WRIT. O fumus boni iuris foi devidamente demonstrado
pelos elementos fá ticos e jurı́dicos trazidos à colaçã o nesta peça processual.

O periculum in mora repousa no prejuı́zo que a violê ncia de uma açã o


policial, com pessoas sem conhecimento e ou preparo té cnico, denú ncia anô nima
mal-intencionada, etc., podem constranger ilegalmente o Paciente, e o que é mais
grave destruı́rem, apreender e interromper tratamento mé dico de um paciente
mé dico enlutado e abandonado à pró pria sorte pelo Estado, que nã o cumpriu seu
dever constitucional.

Pois se cabe ao Direito Penal e à Justiça, de forma verdadeira, sem


hipocrisia e obscuridade, tutelar a Saú de pessoal e da coletividade, o momento é
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agora Excelê ncia, garantindo a liberdade e exercı́cio dos direitos fundamentais do


paciente.

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5 - DOS REQUERIMENTOS

Neste senda, contando com o douto suprimento de Vossa Excelê ncia,


REQUER o deferimento da medida liminar pleiteada e aguarda-se o deferimento
da ordem para concessã o de salvo-conduto para cultivo, colheita, preparação,
porte e transporte de cannabis com ins exclusivamente terapêuticos e
individual, a im de que as autoridades coatoras, Polı́cia Civil e Polı́cia Militar,
competentes para receberem eventuais denú ncias, se abstenham de atentar contra
a liberdade de locomoçã o do paciente FRANCISCO ISLEUDO SOARES FAUSTO,
que iquem impedidos de apreender as sementes essenciais à continuidade do
cultivo, assim como a apreensã o e consequente destruiçã o das plantas que
constituem seu tratamento de saú de, e de proceder a prisã o em lagrante do
Paciente pelo cultivo, uso, posse, porte, transporte e produçã o artesanal da
Cannabis Sativa para ins exclusivamente terapê uticos, bem como iquem
impedidas de apreenderem os vegetais de Cannabis Sativa até decisã o de initiva de
mé rito no presente writ.

No mesmo sentido, requer que sejam autorizados o envio de seu


óleo para análise cromatográ ica em Laboratórios de Farmácia públicos ou
privados ou de instituições de Ensino e Pesquisa.

Ao inal, requer o reconhecimento da inconstitucionalidade do


referido artigo 28 §1º da Lei 11.343/2006, incidenter tantum, cuja atipicidade
da conduta se requer como pedido principal. Na mesma esteira, caso nã o
interprete como inconstitucional a referida proibiçã o, que se reconheça que este
caso sintetiza, TODAS as de excludentes de ilicitude do Código Penal
Brasileiro - estado de necessidade, exercício regular de um direito não
regulamentado e legítima defesa do direito de cuidar de sua própria saúde –
podendo-se invocar ainda GRAÇA e MISÉRICÓRDIA, institutos existentes em
todos os có digos penais e constituiçõ es de paı́ses democrá ticos ou nã o, que
justi icam um julgamento compassivo pela procedê ncia total do presente salvo
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conduto, provando que Justiça deve ser promovida até mesmo pelo Direito Penal, a
ultima ratio.

Que deixe de encaminhar os autos para reexame necessá rio, ao Egré gio

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Tribunal de Justiça, por inconstitucional o art. 574, I, do CPP, uma vez que, com a
Constituiçã o Federal de 1988, a regra é a liberdade e a exceçã o a prisã o, de modo
que sendo esta decisã o em favor da liberdade, com expediçã o de salvo contudo, o
reexame desta decisã o deve ser feita em razã o de expressa discordâ ncia do titular
da açã o penal competente, no caso, o Ministé rio Pú blico ou das representaçõ es
judiciais das autoridades impetradas

Nestes termos, pede a concessã o da ordem.

Fortaleza – CE, 15 de dezembro de 2020.

ÍTALO COELHO DE ALENCAR

OAB/CE 39.809
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fls. 32

Dr. Joel Porfirio Pinto


Psiquiatra
CRM 8974

RTM1QBG

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LAUDO

Paciente Francisco Isleudo Soares Fausto, 31 anos, tem Hemofília Tipo I grave, descoberta aos 6 meses,
há alguns anos faz profilaxia com Fator VIII recombinante para não ter crises de joelho, mas ainda assim
desenvolveu hemartrose importante, com dor diária e intensa em tornozelo, joelho, quadril e coluna.
Chegou a usar morfina oral prescrita em seu tratamento habitual devido à intensidade das dores e
frequência de crises, chegando a receber opióide injetável em crise que apresentou em Fevereiro de 2019.
Após uso de óleo integral de cannabis rico em CBD, pouco depois dessa crise, apresentou melhora da dor
de forma importante, mas só passou a fazer uso regular do óleo em Junho de 2020 apresentando melhora
marcante da dor, em média 70% da intensidade, e desde então não apresentou mais crises com sinais
flogísticos (dor, calor, rubor e edema) no joelho, levando a melhora da qualidade de vida retomou boa parte
da funcionalidade.
Parou de precisar de opióide e do uso de Ibuprofeno
Por isso prescrevo óleo integral derivado de Cannabis rico em CBD para controle de dor e de inflamação.

22 de Setembro de 2020 08:19

AMIGOSIGN ASSINATURA DIGITAL


A assinatura válida está incorporada no arquivo PDF e pode
ser validada no site https://verificador.iti.gov.br.
JOEL PORFIRIO PINTO
CPF: 623.340.423-15 22/09/2020 08:21:40
Dr. Joel Porfirio Pinto
CRM : 8974

Contatos
Telefone: (85) 99938-9434
E-mail: jppjoel@gamil.com
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Dr Erotilde Honório Silva
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Dr Erotilde Honório Silva


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Fottaleza - CE - 60.822-620
(85) 3279.2400 / (85) 99686.3032
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03,028.001
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fls. 38
ATESTADO

filP, para fim de prova junto à Dele acia e ional do Trabalho no Cearà, que
""' c.;sc.c, B}m, S U k2J RG
. . CTPS _ _ _ _ é portador de deficiência, confonne
a seguir desc~to, enquadrando-se nas disposições estabelecidas no art. 1, Parte 1, da
Convenção n. 159, da OIT, combinado com o art. 4.º, do Decreto n. 3.298/99, com as
alterações introduzidas pelo art. 70, do Decreto n.º 5.296, de 02/12/2004.
(~ ) DEFICIÊNCIA FÍSICA ) DEFICIÊNCIA AUDITIVA
( ) DEFICIÊNCIA VISUAL ( ) DEFICIÊNCIA MENTAL
( ) DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA

Data: ~ ~&Qj.l

Autorizo a utilização e divulgação do teor deste atestado por empresa interessada em


minha contratação, especialmente para apresentação à fiscalização da DRT-CE.

Data: Mf...QLJ 201.1. , J;.aµç,/5 c.o .,4k,J, Srn-.,.s,,8oo,sti.


assinatura do trabalhador

Art. 4.0 , do Decreto n. 3.298/99, com as alteraçõés introduzidal1 pelb art. 70, do
Decreto n.0 5.296, de 02/12/2004:
Art. 4' É considerada pessoa portadora de deficiência a que se enquadra nas seguintes categorias:
1- deficiência física - alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano,
acarretando o comprometimento da função física, apresentando-se sob a forma de paraplegia,
paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia,
hemiparesia, ostomia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, nanismo, membros
com deformidade congénita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não produzam
dificuldades para o desempenho de funções;
11- deficiência auditiva - perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais,
aferida por audiograma nas freqüências de 500HZ, 1.000HZ, 2.000Hz e 3.000Hz;
111- deficiência visual • cegueira, na qual a acuidade visual é igual ou menor que 0,05 no melhor
olho, cem a melhor correção óptica; a baixa visão, que significa acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no
melhor olho, com a melhor correção óptica; os casos nos quais a somatória da medida do campo
visual em ambos os olhos for igual ou menor que 60º; ou a ocorrência simultanea de quaisquer das
condições anteriores;
IV. deficiência mental - funcionamento intelectual significativamente inferior à média, com
manifestação antes dos dezoito anos e limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades
adaptativas, tais cerno:
a) comunicação; b) cuidado pessoal;
e) habilidades sociais; d) utilização dos recursos da comunidade;
e) saúde e segurança; f) habilidades académicas;
g) lazer; e h) trabalho;
V • deficiência múltipla - associação de duas ou mais deficiências.
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Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0273062-49.2020.8.06.0001 e código 7E643DE.
fls. 39

Atestado fisioterapêutico:

atesto para os devidos fins que, Sr. Francisco Isleudo Fausto, tem como
diagnostico médico: coagulopatia congênita, (Hemofilia A grave)

Exame físico e considerações básicas:

O paciente supra citado, apresenta-se com um quadro de hemartrose de


repetição, já evoluído para artropatia hemofilica no joelho direito.
Ao exame de raio X, AP + perfil, nota-se visivelmente as faltas dos
espaços intra-articular, consequentemente impede que o joelho venha a realizar
os graus de complementações em flexão da articulação em pauta.
Decorrente da situação em que se encontra a articulação foi
desenvolvendo um quadro de severa atrofia muscular generalizada no MID e
com maior ênfase no grupo muscular responsável pela flexo extensão do joelho.
Deambulação claudicante e instável que, SIC desenvolveu um quadro
sintomático doloroso acentuado ao realizar quaisquer movimentos ativos
resistidos.
Permanece em tratamento fisioterapêutico especifico associado ao
profilático com reposição de fator recombinante três vezes por semana.
O fator mais importante e responsável pela demissão do paciente
portador ... de hemofilia, chama-se hemorragia espontânea, daí o motivo da
quase não permanencia hemofilicos nos empregos.

Sugiro artroplastia de joelho direito.

18/07/2016
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S.I.A. trecho 5, Área Especial 57, Brasília/DF, CEP 71.205.050
Telefone: 0800-642-9782 - www.anvisa.gov.br

AUTORIZAÇÃO DE IMPORTAÇÃO Nº 036687.0667814/2020

Autorização excepcional para importação de Produto derivado


de Cannabis

Este documento é válido até: 24-11-2022

Considerando o atendimento aos requisitos definidos pela Resolução RDC nº


335, de 24 de janeiro de 2020, informo que o Diretor Presidente autoriza o (a)
Paciente, previamente cadastrado na Anvisa, Francisco Isleudo Soares Fausto ,
CPF nº 029.343.173-66, a importar excepcionalmente o(s) produto(s) listado(s)
abaixo, para tratamento de sua saúde, conforme prescrição do profissional
legalmente habilitado, Dr. Joel Porfirio Pinto, CRM nº CRM 8974.

PRODUTO
Nabix

Esta autorização é válida por 2 anos, e dentro deste período o paciente está
autorizado a importar a quantidade de produto definida por prescrição.

O paciente está autorizado a realizar importações do(s) produto(s)


descrito(s) de uma só vez ou parceladamente. Os quantitativos a serem
importados devem ser condizentes com a descrição constante em cada
prescrição, a qual deve ser apresentada a cada importação, conforme
descrito abaixo.

Todas as importações estão sujeitas à fiscalização sanitária no momento da


entrada no país, devendo ser apresentada prescrição emitida por profissional
legalmente habilitado, contendo obrigatoriamente o nome do paciente, nome do
produto, quantitativo importado, posologia, data, assinatura e número do registro
do prescritor em seu conselho de classe.

Este produto é de uso estritamente pessoal e intransferível, sendo proibida a


sua entrega a terceiros, doação, venda ou qualquer utilização diferente da
indicada.
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Este Ofício deve ser mantido junto ao PRODUTO, sempre que em trânsito,
dentro ou fora do Brasil.

A importação por via postal está PROIBIDA.

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0273062-49.2020.8.06.0001 e código 7E643E1.
Quando a modalidade de importação se tratar de bagagem acompanhada, é
obrigatória declaração no e-DBV (Declaração Eletrônica de Bens do Viajante).
Caso a pessoa física (portador ou importador) não seja o paciente ou seu
responsável legal é obrigatória a apresentação de instrumento de procuração,
com delegação de poderes para os procedimentos de liberação, em nome do
paciente ou responsável legal autorizado pela Anvisa.

A Anvisa não possui competência para tratar os assuntos relacionados aos


diferentes tributos que possam incidir sobre cada tipo de importação. É
recomendável que os interessados se informem previamente à importação,
junto à Receita Federal, sobre estes tributos.

A Anvisa não possui governabilidade sobre os requisitos legais que podem ser
exigidos pelo país exportador.

Solicita-se ainda que, na ocorrência de qualquer fato superveniente que impeça


ou cesse a utilização dos produtos já importados, a Anvisa seja imediatamente
notificada.
2010
O quE DEvEMOS SAbEr SObrE

MEDICAMENTOS
agência nacional de vigilância sanitária - anvisa
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O quE DEvEMOS SAbEr SObrE

MEDICAMENTOS
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fls. 45

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copyright ©2010. agência nacional de vigilância sanitária (anvisa).

COOrDENAÇÃO
unidade Técnica de regulação (uNTEC)
• Gustavo Henrique Trindade da Silva
Gerência Geral de Monitoramento e Fiscalização de Propaganda (GGPrO)
• Maria José Delgado Fagundes

rEDAÇÃO E OrGANIZAÇÃO
• Cristiane Yamamoto Dutra
• Paula Simões
• Rodrigo Abrão Veloso Taveira
• Simone Ribas

COLAbOrAÇÃO
• Alice Alves de Souza
• Ana Cecília Bezerra Carvalho
• Aparecida Veludo
• Camila Medeiros
• Carlos Alberto Cavalcanti Gallindo Filho
• Claudia Passos Guimarães
• Daniel Marques Mota
• Daniella Guimarães de Araújo
• Ellen Catharina de Campos Pinheiro
• Fernando Antônio Viga Magalhães
• Flávia Moreira Cruz
• Flávia Neves Rocha Alves
• Jacqueline Condack Barcelos
• Luiz Augusto da Cruz
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fls. 47

• Marcelo Moreira
• Marcus Aurélio de Araújo
• Maria Eugênia Carvalhães Cury
• Mariella Zaroni
• Maristela Figueiredo de Almeida
• Nizia Martins Souza
• Pedro Ivo Sebba Ramalho
• Renata Regina Leite de Assis
• Tiago Lanius Rauber
• Vera Bacelar

CAPA E PrOJETO GrÁFICO


• Paula Simões

DIAGrAMAÇÃO
• Carlos Alberto Cavalcanti Gallindo Filho
• Paula Simões

rEvISÃO
• Flávia Neves Rocha Alves
• Nizia Martins Souza

------------------------------------------------------
DISquE ANvISA: 0800 6429782
DISquE-INTOxICAÇÃO: 0800 7226001
-------------------------------------------------------
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fls. 48

SuMÁrIO

O que são medicamentos? 12


Para que servem os medicamentos? 13
Qual a diferença entre remédio e medicamento? 14
O que são formas farmacêuticas? 16
Quais são as formas farmacêuticas? 16
Por que existem as diferentes formas farmacêuticas? 16
O que é via de administração? 17

EMbALAGEM, rÓTuLO E buLA DE MEDICAMENTOS 18


Quais informações devem constar na embalagem? 18
Rótulo dos medicamentos 20
Bula dos medicamentos 20
Novas regras para bulas 21

FALSIFICAÇÃO DE MEDICAMENTOS 22
O que são medicamentos falsificados? 22
Quais os riscos ao consumir medicamentos falsos? 22
Quais os cuidados ao comprar medicamentos? 24
Como saber se um medicamento é verdadeiro? 24

rASTrEAbILIDADE 25
Como vai funcionar? 25
Quando será implantada? 22

CuIDADOS COM OS MEDICAMENTOS 26


O que observar ao selecionar um lugar para guardar medicamentos? 26
Qual a diferença entre medicamentos genéricos, de referência
e similares? 28
Os medicamentos de acordo com o tipo de prescrição 30
Como deve ser uma receita? 32
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fls. 49

FrACIONAMENTO DE MEDICAMENTOS 34
O que são medicamentos fracionados? 34
Qual a importância do fracionamento? 34
Quando os medicamentos podem ser fracionados? 36
A qualidade e segurança dos medicamentos fracionados é a
mesma dos demais? 36
Quais são os benefícios de comprar medicamentos fracionados? 37
Quem poderá realizar o fracionamento e a dispensação
de medicamentos fracionados? 37
Como comprar medicamentos fracionados? 37

FArMÁCIAS E DrOGArIAS 38
Qual a diferença entre farmácias e drogarias? 38
O que observar numa farmácia ou drogaria? 38
Quais os cuidados ao comprar medicamentos por telefone
ou pela Internet? 39
Quais os serviços farmacêuticos que podem ser prestados
nas farmácias e drogarias? 40

O quE é uSO rACIONAL DE MEDICAMENTOS? 42

INTErAÇÕES MEDICAMENTOSAS 43
O que são interações entre medicamentos? 43
Quais os riscos no uso de medicamentos e bebidas alcoólicas? 44
Como os medicamentos podem interagir com os alimentos? 45
Os medicamentos podem ser utilizados junto com plantas medicinais? 46
Qual a relação entre o uso de medicamentos e o trânsito? 47

FArMACOvIGILÂNCIA 48
O que é farmacovigilância? 48
Quais os principais problemas relacionados com os medicamentos? 48
Por que surgiu a farmacovigilância? 48
Como é feito o trabalho de farmacovigilância? 49
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fls. 50

INTOxICAÇÕES POr MEDICAMENTOS 50

MEDICAMENTOS ALOPÁTICOS E HOMEOPÁTICOS 52


O que é alopatia? 52
O que é homeopatia? 52
Como são produzidos os medicamentos alopáticos e homeopáticos? 53

quAIS AS DIFErENÇAS ENTrE MEDICAMENTOS


INDuSTrIA-LIZADOS E MEDICAMENTOS MANIPuLADOS? 54

PLANTAS MEDICINAIS E MEDICAMENTOS FITOTErÁPICOS 56


Plantas medicinais e medicamentos fitoterápicos são a mesma coisa? 56
Se é natural, não faz mal? 56
Quais os cuidados ao usar plantas medicinais? 58
Quais os cuidados ao usar medicamentos fitoterápicos? 59

MEDICAMENTOS bIOLÓGICOS 61
Como são produzidos os medicamentos biológicos? 61

MEDICAMENTOS DurANTE A GrAvIDEZ E AMAMENTAÇÃO 62


Quais os riscos de se utilizar medicamentos durante a gravidez? 62
Quais os riscos de se utilizar medicamentos durante a amamentação? 62

MEDICAMENTOS E AS CrIANÇAS 64
Quais os cuidados ao utilizar medicamentos em crianças? 64

MEDICAMENTOS E OS JOvENS 66
Quais os riscos do uso indiscriminado de medicamentos pelos jovens? 67

MEDICAMENTOS E OS IDOSOS 68
Quais os cuidados ao usar medicamentos? 68

ANTIbIÓTICOS 70
O que são antibióticos? 70
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fls. 51

O que é resistência bacteriana? 70


Como utilizar os antibióticos de forma correta? 70

ANALGéSICOS E ANTITérMICOS 72
Por que sentimos dor? 72
Por que as pessoas têm febre? 72

MEDICAMENTOS PArA EMAGrECEr 74


Os anorexígenos apresentam algum tipo de risco? 74
Emagreça com saúde e segurança 75

MEDICAMENTOS PArA ANSIEDADE 76


O que é ansiedade? 76
Quando a ansiedade se torna uma doença? 76
Quais os riscos dos medicamentos para ansiedade? 76

MEDICAMENTOS PArA GrIPE E rESFrIADO 78


Qual a diferença entre gripe e resfriado? 78
Quais os sintomas? 78
Como é feito o contágio? 79
Como tratar? 79
Quais os cuidados no uso de medicamentos para tosse? 80
A vacina contra a gripe é uma boa forma de prevenção? 81
Como enfrentar melhor a gripe e o resfriado? 81
Saiba mais sobre a Influenza A (H1N1) 82

MEDICAMENTOS PArA ANEMIA 84


O que é anemia? 84
Quais as suas causas? 84
Quais os sinais e sintomas? 84
Como é feito o diagnóstico? 85

vITAMINAS 86
O que são vitaminas? 86
O que são polivitamínicos? 86
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fls. 52

É necessário tomar medicamentos a base de vitaminas? 86


Quais os cuidados ao consumir vitaminas e polivitamínicos? 86

MEDICAMENTOS PArA DIArréIA 88


Quais as possíveis causas da diarréia? 88
A diarréia apresenta algum perigo? 88
Como tratar as diarréias agudas? 89
Como tratar as diarréias crônicas? 89
Quais os cuidados em relação ao uso de medicamentos para diarréia? 89

ANAbOLIZANTES 90
O que são anabolizantes? 90
Quais os riscos dos anabolizantes? 90

ANTICONCEPCIONAIS 92
Quais as principais orientações para o uso correto? 92

PrEÇO DOS MEDICAMENTOS E O DIrEITO DO CONSuMIDOr 94


Quem controla os preços dos medicamentos 94
Quando ocorrem os reajustes 94
Como podemos saber o preço do medicamento antes de comprar 94
Descontos de medicamentos 95

PrOPAGANDA DE MEDICAMENTOS 96
Como definir a promoção de medicamentos? 96
Como as indústrias se utilizam da propaganda? 96
Existe alguma forma correta de fazer propaganda de medicamentos? 96
Os consumidores podem denunciar propagandas irregulares? 98
Cuidados com a propaganda na Internet 99

AMOSTrAS GrÁTIS DE MEDICAMENTOS 98


Como devem ser as amostras grátis? 98
fls. 53

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O QUE SÃO MEDICAMENTOS?

Medicamentos são produtos especiais elaborados com


a finalidade de diagnosticar, prevenir, curar doenças ou
aliviar seus sintomas, sendo produzidos com rigoroso
controle técnico para atender às especificações
determinadas pela Anvisa.

O efeito do medicamento se deve a uma ou mais


substâncias ativas com propriedades terapêuticas
reconhecidas cientificamente, que fazem parte da
composição do produto, denominadas fármacos, drogas
ou princípios ativos.

Os medicamentos seguem a normas rígidas para poderem


ser utilizados, desde a sua pesquisa e desenvolvimento,
até a sua produção e comercialização.

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IMPORTANTE
Para que os medicamentos tenham o efeito desejado, eles
devem ser usados de forma correta e com orientação
médica e farmacêutica.
-------------------------------------------------------------

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PARA QUE SERVEM OS MEDICAMENTOS?

ALíVIO DOS SINTOMAs


• Diminuem ou eliminam sintomas (dor, febre, inflamação, tosse, coriza,
vômitos, náuseas, ansiedade, insônia, etc), mas não atuam nas causas.

Ao aliviar os sintomas, o medicamento pode mascarar a doença,


dando a falsa impressão de que o problema foi solucionado. Por isso,
antes de usá-lo, é importante consultar o médico e o farmacêutico.

cura das doenças


• Eliminam as causas de determinada enfermidade, como infecções
e infestações. Tem-se como exemplos: antibióticos, antihelmínticos
(medicamentos contra vermes), antiprotozoários (medicamentos
contra malária, giardíase e amebíase);
• Corrigem a função corporal deficiente: suplementos hormonais,
vitamínicos, minerais e enzimáticos, etc.

PREVENçãO DE DOENçAS
• Auxiliam o organismo a se proteger de determinadas doenças.
Alguns exemplos são: soros, vacinas, antissépticos, complementos
vitamínicos, minerais e enzimáticos, profiláticos da cárie, etc.

diagnóstico
• Auxiliam na detecção de determinadas doenças, além de avaliar
o funcionamento de órgãos. Neste grupo estão os constrastes
radiológicos.

-----------------------------------------------------------------
AO uTILIZAr uM MEDICAMENTO é IMPOrTANTE TEr
CONHECIMENTO PArA quê ELE é INDICADO.
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QUAL A DIFERENÇA ENTRE REMÉDIO E MEDICAMENTO?

No dia a dia, é muito comum notar pessoas ou meios de


comunicação utilizando a palavra remédio como sinônimo de
medicamento. No entanto, elas não significam a mesma coisa.

A idéia de remédio está associada a todo e qualquer tipo


de cuidado utilizado para curar ou aliviar doenças, sintomas,
desconforto e mal-estar.

Alguns exemplos de remédio são: banho quente ou massagem


para diminuir as tensões; chazinho caseiro e repouso em caso de
resfriado; hábitos alimentares saudáveis e prática de atividades
físicas para evitar o desenvolvimento de doenças crônicas não-
transmissíveis; medicamentos para curar doenças, entre outros.

Já os medicamentos são substâncias ou preparações elaboradas


em farmácias (medicamentos manipulados) ou indústrias
(medicamentos industriais), que devem seguir determinações
legais de segurança, eficácia e qualidade.

Assim, um preparado caseiro com plantas medicinais pode ser


um remédio, mas ainda não é um medicamento; para isso, deve
atender uma série de exigências do Ministério da Saúde, visando
garantir a segurança dos consumidores.

------------------------------------------------------------
TODO MEDICAMENTO é uM rEMéDIO,
MAS NEM TODO rEMéDIO é uM MEDICAMENTO.
------------------------------------------------------------

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fls. 57

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O quE SÃO FOrMAS FArMACêuTICAS?

São as diferentes formas físicas que os medicamentos


podem ser apresentados, para possibilitar o seu uso pelo
paciente.

quAIS SÃO AS FOrMAS FArMACêuTICAS?

• Comprimidos
• Cápsulas, pós e granulados
• Xaropes
• Soluções (gotas, nasais, colírios, bochechos e
gargarejos
• e injetáveis)
• Supositórios, óvulos e cápsulas ginecológicas
• aerossóis
• Pomadas e suspensões

POr quE ExISTEM AS DIFErENTES FOrMAS


FArMACêuTICAS?

• Para facilitar a administração.


• Garantir a precisão da dose.
• Proteger a substância durante o percurso pelo
organismo.
• Garantir a presença no local de ação.
• Facilitar a ingestão da substância ativa.

Em alguns casos, as formas farmacêuticas servem para


facilitar a administração de medicamentos por pacientes
de faixas etárias diferentes ou em condições especiais.
Para uma criança, por exemplo, é mais fácil engolir gotas
em um pouco de água do que engolir um comprimido.

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Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ITALO COELHO DE ALENCAR e TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DO CEARA, protocolado em 15/12/2020 às 22:02 , sob o número 02730624920208060001.
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0273062-49.2020.8.06.0001 e código 7E643E2.
fls. 59

O quE é vIA DE ADMINISTrAÇÃO?

A via de administração é a maneira como o me-


dicamento entra em contato com o organismo, é
sua porta de entrada, podendo ser via oral (boca),
retal (ânus), parenteral (injetável), dermatológica
(pele), nasal (nariz), oftálmica (olhos), sublingual
(embaixo da língua), dentre outras.

Cada via é indicada para uma situação específica, e


apresenta vantagens e desvantagens.

Uma injeção, por exemplo, é sempre incômoda e


muitas vezes dolorosa, mas, por outro lado, apre-
senta efeito mais rápido.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ITALO COELHO DE ALENCAR e TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DO CEARA, protocolado em 15/12/2020 às 22:02 , sob o número 02730624920208060001.
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EMbALAGEM, rÓTuLO E buLA DOS MEDICAMENTOS

A embalagem, o rótulo e a bula dos medicamentos devem transmitir todas


as informações relevantes sobre o produto, contribuindo para o seu uso
adequado.

Eles devem conter informações obrigatórias sobre o medicamento,


estabelecidas por resoluções publicadas pela Anvisa. A indústria responsável
pelo medicamento tem obrigação legal de prestar todas as informações
necessárias para o uso adequado e os possíveis problemas e cuidados
relacionados ao produto.

quAIS INFOrMAÇÕES DEvEM CONSTAr NA EMbALAGEM?

• Nome comercial do medicamento (ausente em genéricos). Em caso de


medicamentos fitoterápicos, deve ser apresentado o nome botânico da
planta.
• Denominação genérica.
• Nome, endereço e CNPJ da empresa produtora.
• Nome do fabricante e local de fabricação do produto.
• Número do lote.
• Data da fabricação (mês/ano).
• Data de validade (mês/ano).
• Número de registro (MS seguido do número, constando 13 números, ini-
ciando com 1).
• Composição do medicamento, quantidade e via de administração.
• Nome do Farmacêutico Responsável Técnico e número da inscrição no
CRF.
• Telefone do Serviço de Atendimento ao Consumidor – SAC.
• Lacre de Segurança (toda a embalagem deve estar lacrada).
• Tinta Reativa, que quando raspada com metal deve apresentar a palavra
QUALIDADE E NOME DO LABORATÓRIO; ou selo de rastreabilidade.

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-----------------------------------------------------------------------
IMPOrTANTE
A ausência de alguma dessas informações na embalagem, é sinal de que há
algo errado com o medicamento.

Caso falte qualquer informação, o produto deve ser encaminhado, em sua


embalagem original, ao serviço de vigilância sanitária, a fim de verificar se é
falsificado ou não.
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rÓTuLO DOS MEDICAMENTOS

Os rótulos devem apresentar informações adequadas para a


dispensação e o uso do medicamento, armazenamento correto e
rastreamento, desde a sua fabricação até o consumo. Em algumas
situações, devem alertar sobre os riscos do uso do produto para
alguns grupos como diabéticos, celíacos e alérgicos, podendo
conter orientações adicionais.

---------------------------------------------------------------
IMPOrTANTE
Até julho de 2011, todas as embalagens sofrerão algumas mudanças:
• O nome do medicamento deverá ser impresso em braile nas
caixas.
• A impressão do número do lote e data de validade e de
fabricação nas caixas deverá possuir cor ou contraste legível.
• Frases de alerta sobre alteração dos cuidados de conservação
ou redução do prazo de validade serão incluídas.
• A idade mínima aprovada para uso seguro do medicamento
será detalhada.
• Um selo de rastreabilidade que possibilitará acompanhar o
medicamento desde a fabricação até a dispensação.
---------------------------------------------------------------

buLA DE MEDICAMENTOS

A bula do medicamento descreve, de forma mais detalhada, as


informações necessárias para a utilização mais segura do produto
pelo paciente Além disso, apresenta informações para que os
profissionais de saúde orientem os usuários sobre a forma de uso
adequada, os cuidados e possíveis problemas relacionados aos
medicamentos.

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NOvAS rEGrAS PArA buLAS


Até julho de 2011, todas as bulas de medicamentos apresen-
tarão novas informações:
• Separação de bulas para pacientes, com linguagem mais
acessível.
• Apresentação mais legível, com definições sobre fonte, ta-
manho, cor de impressão, espaçamento entre linhas, entre
outros parâmetros.
• Definição de bulas-padrão de informação para todos os
medicamentos.

As novas bulas dos pacientes estarão em forma de perguntas e


respostas:
• Como este medicamento funciona?
• Por que este medicamento foi indicado?
• Quando não devo usar este medicamento?
• Como devo usar este medicamento?
• Quais os males que este medicamento pode causar?
• O que fazer se alguém usar uma grande quantidade deste
medicamento de uma só vez?
• Onde e como devo guardar este medicamento?

-----------------------------------------------------------------------
O acesso à bula de medicamentos é um direito reconhecido
pela Constituição Federal de 1988 e ratificado pelo Código de
Defesa do Consumidor! Portanto, exerça o seu direito e leia
as informações constantes na bula, mas se tiver alguma dúvida,
fale com o seu médico e farmacêutico.
-----------------------------------------------------------------------

CONSULTE AS BULAS NO SITE DA ANVISA:


www.anvisa.gov.br/bularioeletronico

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FALSIFICAÇÃO DE MEDICAMENTOS

O consumo de medicamentos falsificados, contrabandeados ou sem re-


gistro nos órgãos competentes cresceu bastante, não somente no Brasil,
mas em todo o mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Diferentemente dos outros casos de pirataria ou falsificação, as pessoas
que compram medicamentos falsificados agem de boa-fé, acreditando que
estão adquirindo um produto genuíno. Porém, o falsificador almeja apenas
o dinheiro do consumidor, sem considerar sua vida ou saúde.

O quE SÃO MEDICAMENTOS FALSIFICADOS?

São aqueles que não provêm do fabricante original ou que sofreram alte-
rações ilegais antes do seu fornecimento ao paciente, por exemplo:
• que contêm o ingrediente ativo correto, mas em uma dose muito alta
ou muito baixa;
• cuja data de validade foi alterada;
• que não contêm o ingrediente ativo;
• que contêm um ingrediente ativo diferente daquele declarado;
• que são vendidos com embalagens, blisters ou panfletos de informa-
ções falsos;
• são objetos de cargas roubadas e vendidos sem nota fiscal.

quAIS OS rISCOS AO CONSuMIr MEDICAMENTOS FALSOS?

Os riscos variam muito, dependendo do tipo de falsificação:


• se o medicamento tiver sido diluído ou estiver menos concentrado,
a doença que devia ser tratada permanece ou piora, e pode significar
risco de morte.
• mudanças na fórmula do produto de forma clandestina aumentam as
chances de intoxicação, pois os produtos adulterados podem conter
substâncias tóxicas.
• medicamentos verdadeiros roubados de laboratórios ou amostras
grátis reembaladas pelas quadrilhas perdem as garantias de higiene e
conservação, podendo causar riscos para a saúde.

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CuIDADO
a internet se transformou no principal veículo de comércio de
medicamentos falsificados no mundo todo. Nem sempre o medicamento
encomendado é o que você recebe e o efeito que ele terá sobre o
organismo é imprevisível.

Evite comprar medicamentos fora da farmácia, mas se não puder evitar,


compre de farmácia conhecida e regularizada pela Vigilância Sanitária.
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quAIS OS CuIDADOS AO COMPrAr MEDICAMENTOS?

• Só tome medicamentos com orientação médica.


• Nunca compre medicamentos em feiras e camelôs.
• Só compre medicamentos em farmácias e drogarias, de pre-
ferência aquelas que você já conhece.
• Muita atenção com promoções e liquidações: preços muito
baixos podem indicar que o medicamento tem origem du-
vidosa, nenhuma garantia de qualidade ou até mesmo pode
ser produto roubado.
• Exija sempre a nota fiscal da farmácia ou drogaria.
• Guarde com você a nota fiscal, a embalagem e a cartela ou
frasco do medicamento que está sendo usado. Eles são seu
comprovante, em caso de irregularidade, para você poder
dar queixa.
• Não compre medicamentos com embalagens amassadas,
lacres rompidos, rótulos que soltam facilmente ou estejam
apagados e borrados.
• Se o medicamento deixar de fazer efeito, procure imediata-
mente o médico.

COMO SAbEr SE uM MEDICAMENTO é vErDADEIrO?

NA HOrA DA COMPrA, vErIFIquE NA EMbALAGEM DO


MEDICAMENTO:

• Número do lote: o número impresso na parte de fora da


caixa deve ser igual ao que vem impresso no frasco ou na
cartela interna.
• Data de validade do produto.
• Número de registro na Anvisa.
• Número de telefone para tirar dúvidas com o fabricante.
• Lacre de segurança, inclusive para soros e xaropes.
• Durante o ano de 2010, a raspadinha da embalagem será
substituída pelo novo item de segurança.

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rASTrEAbILIDADE DE MEDICAMENTO

Em 2009, foi sancionada a Lei nº11.903 que institui o Sistema Nacio-


nal de Controle de Medicamentos, chamada “lei da rastreabilidade”.
Esse sistema vai utilizar tecnologias que vão permitir recuperar as
informações necessárias para conhecer o caminho percorrido pelo
medicamento desde sua produção ate sua entrega ao consumidor.

COMO vAI FuNCIONAr?

A Anvisa determinou que todo medicamento terá um número exclu-


sivo, o Identificador Único de Medicamento (IUM), que constará em
uma etiqueta de segurança produzida pela Casa da Moeda do Brasil,
fixada em cada caixinha de medicamento em circulação no país.

As farmácias e drogarias deverão dispor de um leitor eletrônico


do IUM, o qual permitirá que seja conhecida a procedência e autenti-
cidade de cada medicamento evitando assim a fraude a a falsificação.

quANDO SErÁ IMPLANTADA?

A Lei prevê que o sistema será implantado gradualmente em até três


anos. Neste primeiro ano estão sendo definidos os requisitos que en-
volvem fabricantes e fornecedores de medicamentos e nos próximos
dois anos o sistema será implantado em todo país.

-----------------------------------------------------------------------------
IMPOrTANTE
Este sistema permitirá minimizar o comércio e o uso de medicamentos
irregulares. Assim, teremos maior segurança sobre a qualidade e
a procedência do produto adquirido pelos consumidores e será
possível identificar fontes de desvios de qualidade e reduzir os custos
dos fabricantes.
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CuIDADOS COM OS MEDICAMENTOS

O quE ObSErvAr AO SELECIONAr uM LuGAr PArA


GuArDAr MEDICAMENTOS?

• Se é um local seguro e fora do alcance das crianças


para evitar uma ingestão acidental de medicamento.

• Se está protegido da luz direta, do calor e da umidade.


Locais quentes como a cozinha, e úmidos como o ba-
nheiro não são adequados para guardar medicamentos.
Eles podem causar alterações em sua composição, dimi-
nuindo sua eficácia ou causando efeitos tóxicos, mesmo
estando dentro do prazo de validade.

OuTrOS CuIDADOS

• Respeitar a temperatura de conservação do medica-


mento, informada na bula ou rótulo do produto (ex.
geladeira).

• Conservar o medicamento na embalagem original.

• Não remover o rótulo das embalagens.

• Observar a data de validade.

• Não reaproveitar frascos usados de medicamentos para


colocar outros líquidos. Pode causar intoxicação.

• Evitar deixar o medicamento no interior do carro por


muito tempo.

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IMPOrTANTE
Evite armazenar sobras de medicamentos em casa, formando
as chamadas “farmácias caseiras”. Às vezes é importante ter
em casa alguns medicamentos de venda isenta de prescrição
médica, para alguma emergência, além de ser necessário
guardar aqueles de uso contínuo. Nesses casos, eles devem
ser checados constantemente para retirada dos que
apresentem prazo de validade vencido ou estão há muito
tempo fora de uso.
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quAL A DIFErENÇA ENTrE OS MEDICAMENTOS


GENérICOS, DE rEFErêNCIA E SIMILArES?

MEDICAMENTO DE REFERêNCIA
• Medicamento inovador que possui marca registrada, com
qualidade, eficácia terapêutica e segurança comprovadas
através de testes científicos. Registrado pela Anvisa.
• Ele servirá de parâmetro para registros de posteriores
medicamentos similares e genéricos, quando sua patente*
expirar.

--------------------------------------------------------------
rEFErêNCIA = INOvADOr PArA SIMILAr E GENérICO
--------------------------------------------------------------

MEDICAMENTO SIMILAr
• São produzidos após vencer a patente dos medicamentos de
referência e são identificados por um nome de marca.
• Possuem eficácia, segurança e qualidade comprovadas através
de testes científicos e são registrados pela Anvisa.
• Possuem o mesmo fármaco e indicação terapêutica do
medicamento de referência, podendo diferir em características
relativas ao tamanho e forma do produto, prazo de validade,
embalagem, rotulagem, excipientes e veículos.
• Não podem ser substituídos pelo medicamento de referência
nem pelo medicamento genérico.

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SIMILAR ≠ REFERÊNCIA E GENÉRICO
--------------------------------------------------------------
*Uma patente tem validade de 20 anos (n.e.)

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MEDICAMENTO GENÉRICO
• É igual ao medicamento de referência e possui qualidade, eficácia
terapêutica e segurança comprovadas através de testes científicos.
registrado pela anvisa.

• Não possui nome de marca, somente a denominação química de acordo


com a Denominação Comum Brasileira (DCB).

• Pode ser substituído pelo medicamento de referência pelo profissional


farmacêutico ou vice-versa.

-----------------------------------------------------------------------
GENérICO = rEFErêNCIA
-----------------------------------------------------------------------

-------------------------------------------------------------------------
IMPOrTANTE
Todo medicamento genérico traz na sua embalagem uma faixa amarela com
o “G” de genérico em destaque e a identificação “Medicamento Genérico”.
-------------------------------------------------------------------------

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OS MEDICAMENTOS SEGuNDO O TIPO DE PrESCrIÇÃO

As embalagens também são utilizadas para informar a classificação de venda


dos medicamentos.

MEDICAMENTOS ISENTOS DE
PRESCRIçãO (MIP)
São medicamentos que não necessitam de
prescrição, mas devem ser utilizados de acordo com
a orientação de um profissional farmacêutico. A
embalagem destes medicamentos não possui tarja.

MEDICAMENTOS DE VENDA SOB


PRESCRIçãO
Devem ser prescritos pelo profissional médico ou
dentista e são divididos em dois grupos:

• Sem retenção de receita - apresentam TARJA


VERMELHA na embalagem contendo o seguinte
texto:VENDA SOB PRESCRIçãO MÉDICA.

• Com retenção de receita - apresentam TARJA


VERMELHA ou TARJA PRETA na embalagem
contendo o seguinte texto: VENDA SOB
PRESCRIçãO MÉDICA SÓ PODE SER
VENDIDO COM RETENçãO DA RECEITA.

Entre os medicamentos que necessitam de prescrição, alguns possuem


um controle especial do governo, devendo ter a sua prescrição retida
no momento da compra. É obrigatória a identificação do comprador e
seu cadastro no Sistema Informatizado de Gerenciamento de Produtos
Controlados da Anvisa (SNGPC).

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COMO DEvE SEr uMA rECEITA?

rECEITA DA COr brANCA


É prescrita por médicos e dentistas para a dispensação dos me-
dicamentos que possuem tarja vermelha. Alguns medicamentos
necessitam de controle especial, devendo ser prescritos em
duas vias da receita branca, uma via ficando retida no estabeleci-
mento farmacêutico e outra ficando com o paciente.

Toda receita deverá estar escrita de modo legível,


contendo:

• Nome e endereço do paciente.


• Nome do medicamento, concentração e quantidade.
• Modo como deve ser utilizado o medicamento.
• Nome e CRM do médico.
• Data e assinatura do médico.

NOTIFICAÇÃO DE rECEITuÁrIO DA COr AZuL

A notificação é um documento padronizado, com numeração


controlada pelos órgãos de vigilância sanitária, emitida pelo mé-
dico ou dentista para dispensação de medicamentos que podem
causar dependência(psicotrópicos).

A notificação deve sempre acompanhar uma receita branca, por-


que ela fica retida na farmácia e drogaria para comprovação de
que o medicamento foi dispensado da forma correta. A receita
branca fica com o paciente para informação sobre o uso do
medicamento.

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FrACIONAMENTO DE MEDICAMENTOS

O quE SÃO MEDICAMENTOS FrACIONADOS?


Medicamentos fracionados são aqueles fabricados em embalagens especiais
e vendidos exatamente na quantidade receitada pelo médico ou dentista.
Por exemplo, se você tem que tomar 5 comprimidos, não vai precisar mais
comprar caixa com 8.

quAL A IMPOrTÂNCIA DO FrACIONAMENTO?


O fracionamento desempenha um papel importante para a promoção do uso
racional de medicamentos. Ao permitir que sejam vendidos na quantidade
e na dosagem exatas para o tratamento, evita que sejam mantidas sobras de
medicamentos utilizados anteriormente.

Isto reduz a utilização de medicamentos sem prescrição ou orientação


médica, diminuindo o número de efeitos adversos e intoxicações, derivados
da automedicação.

O fracionamento também amplia o acesso da população aos medicamentos


disponíveis no mercado farmacêutico, pois permite que o paciente compre a
quantidade exata prescrita e pague o preço justo.

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quANDO OS MEDICAMENTOS PODEM SEr FrACIONADOS?


Podem ser fracionados somente os medicamentos que contenham em suas
embalagens a expressão: “EMBALAGEM FRACIONÁVEL”. Elas não permitem
o contato do medicamento com o meio externo até a sua utilização pelo
usuário, para evitar riscos de contaminação do produto.

-----------------------------------------------------------------------------------
IMPOrTANTE
Os medicamentos sujeitos ao controle especial não podem ser
fracionados.
-----------------------------------------------------------------------------------

A quALIDADE E SEGurANÇA DOS MEDICAMENTOS FrACIONADOS


é A MESMA DOS DEMAIS?
Sim. Os fracionados estão sujeitos aos mesmos padrões de produção de
todos os outros medicamentos à disposição no mercado nacional, garantindo
qualidade e segurança aos consumidores.

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Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ITALO COELHO DE ALENCAR e TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DO CEARA, protocolado em 15/12/2020 às 22:02 , sob o número 02730624920208060001.
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0273062-49.2020.8.06.0001 e código 7E643E2.
fls. 79

quAIS SÃO OS bENEFíCIOS DE COMPrAr MEDICAMENTOS


FrACIONADOS?
• Você compra apenas a quantidade necessária.
• Você economiza no tratamento.
• Você evita os riscos de intoxicação pelo consumo das sobras de
medicamentos estocados em casa.
• Você e o Brasil reduzem o desperdício.

quEM PODErÁ rEALIZAr O FrACIONAMENTO E A DISPENSAÇÃO DE


MEDICAMENTOS FrACIONADOS?
O procedimento do fracionamento é efetuado nas farmácias, sob a
responsabilidade de um farmacêutico habilitado.

COMO COMPrAr MEDICAMENTOS FrACIONADOS?


Para comprar um medicamento fracionado, basta apresentar a receita em
qualquer drogaria ou farmácia autorizada pela Vigilância Sanitária.

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Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0273062-49.2020.8.06.0001 e código 7E643E2.
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FArMÁCIAS E DrOGArIAS

Os medicamentos, por serem produtos que necessitam de uso


especial, possuem uma Lei Federal que determina que somente
devem ser comercializados em locais específicos: farmácias e
drogarias. Estes locais são considerados estabelecimentos de
saúde, devendo possuir um farmacêutico como responsável
técnico e autorização da Vigilância Sanitária e do Conselho de
Farmácia.

quAL A DIFErENÇA ENTrE FArMÁCIAS E DrOGArIAS?

• Farmácias: estabelecimentos de saúde que comercializam e


orientam sobre o uso de medicamentos industriais e manipu-
lados.

• Drogarias: estabelecimentos de saúde que comercializam e


orientam sobre o uso de medicamentos industriais.

O quE ObSErvAr NuMA FArMÁCIA


Ou DrOGArIA?

• Todo estabelecimento deve possuir Alva-


rá ou Licença Sanitária emitida pela Vigilân-
cia Sanitária e o Certificado de Regularida-
de do Conselho Regional de Farmácia, em
local visível para o público.

• Deve ter a presença de um profissional


farmacêutico durante todo o horário de
funcionamento, para prestar as orienta-
ções sobre o uso dos medicamentos aos
consumidores.

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quAIS OS CuIDADOS AO COMPrAr MEDICAMENTOS


POr TELEFONE Ou PELA INTErNET?

• Somente farmácias e drogarias abertas ao público, com


farmacêutico responsável presente durante todo o horário de
funcionamento, podem realizar a dispensação de medicamentos
por telefone ou Internet.

• O endereço eletrônico da farmácia deve possuir “.com.br”


e deve conter, na sua página principal, todas as informações
do estabelecimento, entre elas a razão social, endereço, CNPJ,
horário de funcionamento, telefone, nome e nº de inscrição
no CRF do Responsável Técnico e Licença ou Alvará Sanitário;

• Devem ser garantidos aos usuários os meios para comunicação


direta e imediata com o Farmacêutico, Responsável Técnico,
ou seu substituto, através da entrega de um cartão, contendo o
nome do farmacêutico, telefone e endereço do estabelecimento
para orientações sobre o uso do medicamento.

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quAIS OS SErvIÇOS FArMACêuTICOS quE PODEM


SEr PrESTADOS NAS FArMÁCIAS E DrOGArIAS?

• Orientação sobre o uso do medicamento.

• Administração de medicamentos (nebulização, aplicação de


injetáveis e uso oral).

• Acompanhamento da pressão arterial e temperatura.

• Monitoramento da glicemia capilar por meio de auto-teste.

-------------------------------------------------------------------------
IMPOrTANTE
Ao fazer o acompanhamento de sua pressão arterial, glicemia e
temperatura corporal, o farmacêutico deverá entregar uma decla-
ração, onde constarão as informações sobre a sua saúde, para que
o médico saiba como o medicamento está tendo efeito no seu
organismo.
-------------------------------------------------------------------------

LIMPEZA é FuNDAMENTAL. vErIFIquE SEMPrE SE


O LOCAL ESTÁ bEM ArEJADO, LIvrE DA PrESENÇA DE
INSETOS, POEIrA E OuTrAS SuJIDADES.

40
41
estiver aberto.

DO FArMACêuTICO.
ExErÇA O SEu DIrEITO, ExIJA A PrESENÇA

-----------------------------------------------------------
-----------------------------------------------------------
Consulte o farmacêutico sobre os cuidados com os
medicamentos. Ele deverá estar com identificação e pre-
sente durante todo o horário em que o estabelecimento
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------------------------------------------------------------------
O quE é uSO rACIONAL DE MEDICAMENTOS?

É quando utilizamos o medicamento correto e de origem


conhecida, com orientação médica e farmacêutica, nos
horários e nas quantidades especificadas na bula.

Todo medicamento apresenta riscos, mesmo quando uti-


lizado de forma correta. O seu consumo de forma racional
objetiva proporcionar o máximo benefício com uma minimi-
zação dos possíveis efeitos prejudiciais.
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INTErAÇÕES MEDICAMENTOSAS

Interação medicamentosa é o evento clínico em que o efeito de um


medicamento é alterado pela presença de outro fármaco, de alimento,
de bebida ou de algum agente químico. Constitui a principal causa de
problemas relacionados a medicamentos. Portanto, é muito importante
se informar sobre a utilização correta do medicamento com o médico
ou farmacêutico.

O quE SÃO INTErAÇÕES ENTrE MEDICAMENTOS?

São as interferências que ocorrem quando dois ou mais medicamentos


são administrados ao mesmo tempo, podendo causar a diminuição
ou o aumento do efeito esperado, ou ainda o surgimento de efeitos
indesejados.

ExEMPLOS:
• O efeito do anticoncepcional é reduzido quando consumido com um
antibiótico.
• A vitamina K inibe a resposta dos anticoagulantes orais.
• O antiácido diminui a absorção dos medicamentos anti-inflamatórios
(contra inflamações).
• Os antibióticos, como a tetraciclina, têm seu efeito terapêutico
diminuído quando engolidos com antiácido.
• Anticoagulantes podem causar hemorragia se utilizados com alguns
antiinflamatórios, como o ácido acetilsalicílico.

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IMPOrTANTE
Para evitar que um medicamento prejudique o outro, informe sempre
o médico e o farmacêutico sobre todos os medicamentos que você
estiver usando.
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quAIS OS rISCOS NO uSO DE MEDICAMENTOS COM bEbIDAS


ALCOÓLICAS ?
As associações entre medicamentos com bebidas alcoólicas podem levar
a efeitos indesejados graves, inclusive com risco de morte.

O álcool tanto pode potencializar os efeitos de um medicamento quanto


neutralizá-lo.

TENHA ESPECIAL ATENÇÃO NO uSO DE ÁLCOOL COM OS


SEGuINTES MEDICAMENTOS:
• Analgésicos, antipiréticos e antiinflamatórios: pode causar perturbações
gastrointestinais, úlceras e hemorragias.
• Antidepressivos: diminui os efeitos, pode aumentar a pressão sanguínea.
• Antibióticos: pode causar náuseas, vômitos, dores de cabeça e até
convulsões.
• Antidiabéticos: pode causar severa hipoglicemia (baixa glicose).
• Anti-histamínicos, tranqüilizantes, sedativos: pode intensificar o efeito
de sonolência e causar vertigens.
• Antiepilépticos: a proteção contra ataques epilépticos é
significativamente reduzida.
• Medicamentos cardiovasculares: pode provocar vertigens ou
desfalecimento, bem como redução do efeito terapêutico.

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COMO OS MEDICAMENTOS PODEM


INTErAGIr COM OS ALIMENTOS?

Em algumas situações, os medicamentos também


interagem com alimentos. Essas interações podem
comprometer seriamente o tratamento, potenciali-
zando reações adversas ou diminuindo os efeitos
terapêuticos dos medicamentos, ocasionando diver-
sos prejuízos à saúde do usuário.

ALGuNS ExEMPLOS
• O efeito da tetraciclinas pode ser anulado pela
ingestão com leite.
• Os antiinflamatórios causam irritação no es-
tômago, por isso devem ser administrados junto
com as refeições.
• Alimentos gordurosos favorecem a dissolução
da griseofulvina (antifúngico), aumentando sua
absorção.
• A ingestão excessiva de açúcares em pacientes
que fazem uso de antidiabéticos pode dificultar
ou impedir a ação dos medicamentos.
• Pacientes hipertensos (pressão alta) devem
diminuir o uso de sal nos alimentos.

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IMPOrTANTE
Prefira sempre tomar o medicamento com água, a
menos que seu médico dê outra orientação.
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OS MEDICAMENTOS PODEM SEr uTILIZADOS


JuNTO COM PLANTAS MEDICINAIS?

Não. Nunca tome medicamentos com chás ou ou-tros


produtos a base de plantas medicinais, porque podem
causar problemas sérios para o seu organismo. Além
disso, os chás em geral diminuem os movimentos do
estômago, o que pode interferir no processo de absorção
do remédio.

ExEMPLOS:
• O uso de medicamentos a base de Hipérico
(Hypericum perforatum) junto a anticoncepcionais
pode diminuir sua atividade favorecendo a ocorrência
de gravidez indesejada.

• O uso de Ginkgo (Ginkgo biloba) junto a varfarina


ou ácido acetilsalisílico pode aumentar o efeito
anticoagulante destes medicamentos, favorecendo a
ocorrência de hemorragias.

• O uso de chá ou infusão de feijão tremoço junto


com medicamento antidiabéticos pode potencia-lizar o
efeito e causar queda brusca da glicemia (hipoglicemia),
podendo levar a coma ou óbito.

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IMPOrTANTE
Não use plantas medicinais junto com medicamentos
sem informar-se antes com o médico ou farmacêutico.
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quAL A rELAÇÃO ENTrE O uSO DE MEDICAMENTOS


E O TrÂNSITO?

Existem medicamentos que podem influenciar na capacidade


de dirigir, afetar a coordenação motora, a percepção visual ou
auditiva, o autocontrole, a percepção de perigo e o senso de
responsabilidade.

ExEMPLOS DE MEDICAMENTOS COM rISCO


SObrE A CAPACIDADE DE DIrIGIr:

• Medicamentos oftálmicos (utilizar nos olhos)


• Tranqüilizantes e sedativos (para os nervos)
• Anti-histamínicos (contra alergias)
• Antitussígenos (contra tosse)
• Anestésicos gerais e locais
• Anti-hipertensivos (para pressão alta)
• Antidepressivos (contra depressão)
• Neurolépticos (para problemas psicológicos)

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EvITE DIrIGIr SE FOr uTILIZAr ALGuM DESSES
MEDICAMENTOS.
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FArMACOvIGILÂNCIA

O quE é FArMACOvIGILÂNCIA?

A farmacovigilância é o acompanhamento da ação dos medicamentos


que já estão no mercado, por meio da identificação, avaliação e preven-
ção de efeitos adversos ou qualquer problema possível relacionado com
os mesmos.

quAIS OS PrINCIPAIS PrObLEMAS rELACIONADOS COM OS


MEDICAMENTOS?

• Efeitos adversos.
• Desvios da qualidade.
• Erros de administração.
• Perda de efeito.
• Uso para indicações não aprovadas, que não possuem comprova-
ção científica.
• Intoxicação.
• Abuso e uso incorreto.
• Interações com substâncias químicas, outros medicamentos, álcool
e alimentos.

POr quE SurGIu A FArMACOvIGILÂNCIA?

Antes de um medicamento ser comercializado, inúmeras informações


sobre possíveis reações adversas são coletadas, mas não são suficientes
para garantir a total segurança do produto. Por exemplo, informações
sobre reações adversas raras, mas graves, uso em grupos especiais (como
crianças, idosos, mulheres grávidas) ou interações medicamentosas são,
frequentemente, incompletas ou não disponíveis.

Com a farmacovigilância é possível identificar esses e outros riscos, após


a entrada do medicamento no mercado, e intervir oportunamente, pro-
tegendo a população de possíveis danos causados pelo uso do produto.

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COMO é FEITO O TrAbALHO DE FArMACOvIGILÂNCIA?

As ações são realizadas de forma compartilhada entre as vigilân-


cias sanitárias estaduais, municipais e a Anvisa, através do sistema
de notificação de problemas relacionados a medicamentos.

Qualquer pessoa que tiver algum problema com medicamentos


deve preencher a ficha de notificação (modelo abaixo) e en-
tregar para a Vigilância Sanitária de seu município ou enviar para
a Anvisa (e-mail farmacovigilância@anvisa.gov.br).

FICHA DE NOTIFICAÇÃO
Comunicação de efeito adverso a medicamentos e vacinas
[Confidencial]

Digite o nome da pessoa que sofreu o efeito adverso:

Digite o nome do medicamento que Informe o nome do fabricante do


causou o efeito adverso: medicamento:

Descreva, em poucas palavras, o efeito adverso:

Informe mais sobre a pessoa que sofreu o efeito adverso:


(Dia do início do uso do medicamento, dia do aparecimento do efeito adverso, dosagem
usada, Idade, condição de saúde antes do uso do referido medicamento e se houve o
uso de outros medicamentos tomados juntos)

Notificador, digite o seu nome, telefone e/ou endereço:

Efeito Adverso: É um resultado nocivo que ocorre durante ou após o uso clínico
de um medicamento.

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INTOxICAÇÕES POr MEDICAMENTOS

A intoxicação por medicamentos ocorre princi-


palmente pelo seu uso acidental, em especial com
crianças. Por isso, é muito importante armazenar
esses produtos em locais seguros.

Há também outros casos de intoxicação: pelo


uso do medicamento de forma incorreta ou
abusiva; erro de prescrição ou de administração;
automedicação; e até mesmo com uso dos medi-
camentos de forma correta. Outra causa muito
frequente é a tentativa de suicídio.

----------------------------------------------
Os medicamentos são a principal causa de
intoxicação no Brasil. Só no ano de 2008
foram registrados 26.384 casos, sendo que as
crianças entre 1 e 4 anos foram as mais afetadas,
respondendo por 23,69%.
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MEDICAMENTOS ALOPÁTICOS E
HOMEOPÁTICOS

O quE é ALOPATIA?
A Alopatia é a medicina tradicional, que consiste em
utilizar medicamentos que vão produzir no organ-
ismo do doente reação contrária aos sintomas que
ele apresenta, a fim de diminuí-los ou neutralizá-los.
Por exemplo, se o paciente tem febre, o médico
receita um remédio que faz baixar a temperatura.
Se tem dor, um analgésico.

Os principais problemas dos medicamentos alopáti-


cos são os seus efeitos colaterais e a sua toxicidade.

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a FITOTERAPIA entra na categoria de alopáticos.
--------------------------------------------------------------

O quE é HOMEOPATIA?
Homeopatia é uma palavra de origem grega que
significa Doença ou Sofrimento Semelhante. É um
método científico para tratamento e prevenção
de doenças agudas e crônicas, onde a cura se dá
através de medicamentos não agressivos que es-
timulam o organismo a reagir, fortalecendo seus
mecanismos de defesa naturais.

Os medicamentos homeopáticos podem ser uti-


lizados com segurança em qualquer idade, até
mesmo em recém-nascidos ou pessoas com idade
avançada, desde que com acompanhamento do
clínico homeopata.

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COMO SÃO PrODuZIDOS OS MEDICAMENTOS


ALOPÁTICOS E HOMEOPÁTICOS?
Os medicamentos alopáticos são produzidos nas indús-
trias em larga escala, ou em farmácias de manipulação
de acordo com a prescrição médica. São os principais
produtos farmacêuticos vendidos nas farmácias e dro-
garias.

O medicamento homeopático é preparado em um pro-


cesso que consiste na diluição sucessiva da substância,
devendo seguir todas as normas sanitárias e os cuidados
para o seu uso, como qualquer outro medicamento.

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quAIS AS DIFErENÇAS ENTrE MEDICAMENTOS INDuSTrIALIZADOS


E MEDICAMENTOS MANIPuLADOS?

MEDICAMENTOS MEDICAMENTOS
INDuSTrIALIZADOS MANIPuLADOS

São produzidos nas indústrias em São manipulados para atender a uma


grandes quantidades, utilizando equipa- prescrição médica e em quantidade
mentos que têm capacidade para fabri- suficiente para atender às necessidades
car lotes de até milhares de unidades. específicas do paciente.

São produzidos em dosagens ou con- São prescritos e manipulados numa


centrações padronizadas, de modo a dosagem ou concentração especifica
serem utilizados por um grande número para cada paciente, sendo, portanto, de
de pacientes. uso personalizado.

Vários testes de controle de qualidade


Passam por controle de qualidade du- exigidos da indústria não são viáveis em
rante toda o processo de produção. As escala reduzida de produção. As análises
matérias-primas, materiais de embala- das matérias-primas e dos materiais
gem e produtos acabados são analisados de embalagem são feitos pelos for-
pela fabricante do medicamento. necedores e alguns testes são refeitos
nas farmácias. É feita a conferência dos
produtos com a fórmula e realizados
alguns testes para verificar sua confor-
midade.

Todos os processos de fabricação são Os processos de manipulação são


supervisionados por profissionais far- supervisionados por profissionais
macêuticos qualificados. farmacêuticos qualificados.

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MEDICAMENTOS MEDICAMENTOS
INDuSTrIALIZADOS MANIPuLADOS

Possuem embalagens padronizadas, com Contém rótulos com informações sobre


rotulagem contendo dizeres obrigatóri- a farmácia responsável pela manipulação,
os sobre o fabricante, lote, fabricação, data e validade, farmacêutico respon-
validade, farmacêutico responsável, entre sável e cuidados de conservação. Não
outros. Os dados sobre indicação, uso, contém a bula. As informações sobre
efeitos colaterais, contra-indicações e o uso, possíveis efeitos colaterais e
cuidados de conservação estão num contra-indicações devem ser prestadas
documento conhecido como bula. pelo prescritor e pelo farmacêutico na
entrega do medicamento na farmácia.

Pelo fato de terem em suas formulações, Como trata-se de um medicamento


estabilizantes, conservantes e outros que deve ser preparado para atender às
coadjuvantes, os medicamentos industri- necessidades específicas de um determi-
alizados possuem um tempo maior nos nado paciente, normalmente, o prazo de
seus prazos de validade, definido com validade do medicamento manipulado
base em estudos de estabilidade. está vinculado ao período de tratamen-
to do paciente.

Os medicamentos industrializados de- Os manipulados têm as empresas


vem ser registrados na Agencia Nacional (farmácias de manipulação) registradas
de vigilância sanitária (anvisa). e fiscalizadas pelos serviços de vigilân-
cia sanitária dos estados e municípios
brasileiros.

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Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0273062-49.2020.8.06.0001 e código 7E643E2.
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PLANTAS MEDICINAIS E MEDICAMENTOS FITOTErÁPICOS

As plantas medicinais são utilizadas na medicina popular dos diversos povos,


como remédios para auxiliar nos problemas de saúde, normalmente na forma
de chás e infusões. Também são usados pela medicina atual como base para a
produção dos medicamentos fitoterápicos.

• Exemplos de plantas medicinais: camomila, boldo-do-chile, alecrim, alho,


arnica, carqueja, erva-cidreira, malva, e sálvia.

PLANTAS MEDICINAIS E MEDICAMENTOS FITOTErÁPICOS SÃO A


MESMA COISA?

Não, as plantas medicinais são espécies vegetais que possuem em sua


composição substâncias que ajudam no tratamento de doenças ou que
melhorem as condições de saúde das pessoas. Já os medicamentos fitoterápicos
são produtos industrializados obtidos a partir da planta medicinal.

SE é NATurAL, NÃO FAZ MAL ?

O consumo de medicamentos fitoterápicos, bem como de plantas medicinais


in natura, tem sido estimulado com base no mito “se é natural não faz mal”.
Porém, ao contrário da crença popular, eles podem causar diversas reações
como intoxicações, enjôos, irritações, edemas (inchaços) e até a morte, como
qualquer outro medicamento.

Os medicamentos fitoterápicos devem seguir, como qualquer outro


medicamento, todas as normas sanitárias e os cuidados para o seu uso, e devem
possuir registro na Anvisa.

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IMPOrTANTE
Utilize somente medicamentos fitoterápicos que possuam todas as informações
na embalagem e rotulagem, e que tenham registro na Anvisa.
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quAIS OS CuIDADOS AO uSAr PLANTAS MEDICINAIS?

• Utilize sempre plantas que você conhece bem.


• Nunca colete plantas medicinais junto a locais que possam
ter recebido agrotóxicos.
• As plantas medicinais devem ser secas à sombra, até se tor-
narem quebradiças antes de serem utilizadas.
• Não armazenar as plantas medicinais por um longo período,
pois podem perder os seus efeitos.
• Evite misturas de plantas medicinais. A combinação entre
elas pode resultar em efeitos imprevisíveis.
• Não utilize durante a gravidez, a não ser sob orientação
médica.
• Evite utilizar chás laxantes ou diuréticos para emagrecer.

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quAIS OS CuIDADOS AO uSAr


MEDICAMENTOS FITOTErÁPICOS?

Os cuidados são os mesmos destinados aos


outros medicamentos:

• Buscar informações com os profissionais


de saúde.
• Informar ao seu médico qualquer reação
desagradável que aconteça enquanto esti-
ver usando plantas medicinais ou fitoterá-
picos.
• Observar cuidados especiais com gestan-
tes, lactantes, crianças e idosos.
• Informar ao seu médico se está utilizando
plantas medicinais ou fitoterápicos, princi-
palmente antes de cirurgias.
• Adquirir fitoterápicos apenas em farmácias
e drogarias autorizadas pela Vigilância Sani-
tária.
• Seguir as orientações da bula e rotulagem.
• Observar a data de validade e nunca tomar
medicamentos vencidos.
• Seguir corretamente os cuidados de
armazenamento.
• Ter cuidado ao associar medicamentos,
o que pode promover a diminuição dos
efeitos ou provocar reações indesejadas.
• Desconfiar de produtos que prometem
curas milagrosas.

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MEDICAMENTOS bIOLÓGICOS

Poucas pessoas têm idéia do que sejam medicamentos biológicos, mas a


verdade é que eles existem há muito tempo. As vacinas são um exemplo,
assim como os hemoderivados (medicamentos derivados do sangue) e os
alérgenos (medicamentos contra alergias).

COMO SÃO PrODuZIDOS OS MEDICAMENTOS bIOLÓGICOS?

O processo produtivo difere substancialmente do empregado na produção


química convencional, pois os medicamentos biológicos são produzidos
a partir de células vivas que atuam como uma fábrica. É um processo
complexo, em que estas células devem permanecer sob condições de
temperatura específicas e com alimentação na hora e na quantidade certa
durante semanas ou meses.

Os medicamentos biológicos de alto custo podem ser ofertados


gratuitamente aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), após prévio
cadastro na Coordenação da Assistência Farmacêutica local (Estadual/
Municipal/Distrito Federal).

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CuIDADO
Os medicamentos biológicos, como quaisquer outros medicamentos,
também podem apresentar riscos em decorrência de suas reações
adversas, especialmente quando do uso inadequado. Portanto, o seu uso
deve ser acompanhado pelos profissionais médicos e farmacêuticos.
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MEDICAMENTOS DurANTE A GrAvIDEZ E A


AMAMENTAÇÃO

quAIS OS rISCOS DE SE uTILIZAr MEDICAMENTOS DurANTE


A GrAvIDEZ?

Os medicamentos podem atravessar a placenta e exercer efeitos sobre o


feto como malformações, alterações bioquímicas e de comportamento.

Durante a gestação, a mulher deve evitar a ingestão de medicamentos,


álcool, fumo, cafeína e drogas em geral. Se houver necessidade do uso de
algum medicamento durante a gravidez, o médico irá avaliar qual o que
produz menor efeito adverso.

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CuIDADO
Os três primeiros meses de gestação constituem o período de maior
risco, mas os medicamentos podem afetar todos os diferentes períodos
da gravidez.
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quAIS OS rISCOS DE SE uTILIZAr MEDICAMENTOS


DurANTE A AMAMENTAÇÃO?

Os medicamentos utilizados pela mãe podem passar para o bebê através


do leite materno. Alguns diminuem a produção de leite, prejudicam a
alimentação e o desenvolvimento do bebê. Somente aqueles indispen-
sáveis devem ser utilizados neste período, após criteriosa avaliação pelo
médico.

-------------------------------------------------------------------------
NuNCA TOME MEDICAMENTO SEM PrESCrIÇÃO
MéDICA E OrIENTAÇÃO FArMACêuTICA DurANTE
A GrAvIDEZ E NA AMAMENTAÇÃO.
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MEDICAMENTOS E AS CrIANÇAS

A utilização de medicamentos em crianças, principalmente os bebês,


necessita de uma atenção especial porque elas reagem aos medicamentos
de forma diferente dos adultos e estão mais sujeitas a casos de intoxicações.

quAIS OS CuIDADOS AO uTILIZAr MEDICAMENTOS


EM CrIANÇAS?

• Não dê medicamentos de “USO ADULTO” para crianças, use apenas


os medicamentos de “USO PEDIÁTRICO”.
• A receita deve ser clara quanto à forma de administração, dosagem e
tempo de duração de tratamento.
• Não suspenda um medicamento antes do prazo de uso estipulado pelo
médico. Qualquer dúvida, converse com o médico pediatra.
• Não use medicamentos contra tosse e resfriado em crianças com
menos de dois anos de idade, a não ser que você receba orientações
específicas do médico para utilizá-los.

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LEMbrE-SE
O remédio que você toma, ou aquele que o filho da sua vizinha usa, pode
ser prejudicial para o seu filho.
-----------------------------------------------------------------------------------

ExEMPLOS DE SITuAÇÕES quE PODEM SubSTITuIr OS


MEDICAMENTOS

Banhos mornos ou compressas frias podem diminuir a febre; reidratação


oral e alimentação ajudam no combate à diarréia; inalação com vapor de
água e lavagem das fossas nasais com soro podem desobstruir o nariz.

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.
ATENÇÃO

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DAS CrIANÇAS.
MEDICAMENTOS SEMPrE FOrA DO ALCANCE
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locais de fácil acesso para crianças (gavetas ou armários baixos)
Para evitar intoxicações, nunca guarde os medicamentos em

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MEDICAMENTOS E OS JOvENS

Usar medicamentos por conta própria também faz parte dos hábitos
de diversos adolescentes em todo o mundo. Com o intuito de curar
alguma doença, alcançar o bem-estar pessoal ou uma aparência física
desejável, os jovens se tornaram adeptos dos mais diversos tipos
de medicamentos, desde um comprimido para dor de cabeça, até
calmantes, estimulantes ou antidepressivos. Tudo isso sem nenhum
acompanhamento médico.

quAIS OS MEDICAMENTOS MAIS CONSuMIDOS?

Entre os medicamentos mais consumidos pelos jovens estão os


analgésicos e antibióticos, inalantes e tranquilizantes, medicamentos para
emagrecimento e ansiedade, xaropes, anabolizantes e medicamentos
para disfunção erétil.

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quAIS OS rISCOS DO uSO INDISCrIMINDADO DE


MEDICAMENTOS PELOS JOvENS?

Além dos riscos inerentes à automedicação, tal hábito quando


praticado por jovens é ainda mais preocupante em função das
misturas perigosas que eles costumam fazer, por exemplo:

• Alguns medicamentos tranqüilizantes com álcool podem levar


ao estado de coma e causar até mesmo a morte do usuário.
• Medicamentos para emagrecer (anorexígenos) com álcool
e tabaco podem aumentar o risco de doenças cardíacas e
respiratórias.

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MEDICAMENTOS E OS IDOSOS

A proporção da população acima de 65 anos está


aumentando e o uso de medicamentos nesta faixa
etária é muito elevado.

No entanto, existem diversos problemas relaciona-


dos com o uso de medicamentos, entre eles:

• O funcionamento do organismo dos idosos é


mais lento e isso exige uma redução na dose
do medicamento.
• As reações indesejadas são mais freqüentes.
• Os idosos geralmente têm múltiplas doenças,
tomam mais de um medicamento, aumentando
assim o risco de interações medicamentosas
e efeitos indesejados.

quAIS OS CuIDADOS AO uSAr


MEDICAMENTOS?

• É fundamental o acompanhamento do idoso


pela família nas consultas médicas e na
administração de medicamentos.
• É importante não interromper o tratamento,
respeitar os horários de administração e as
doses dos medicamentos.
• Se observar o aparecimento de qualquer
sintoma, suspenda a medicação e procure um
médico.

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ANTIbIÓTICOS

O quE SÃO ANTIbIÓTICOS?


Antibióticos são medicamentos que possuem
substâncias específicas capazes de eliminar ou
impedir a multiplicação de bactérias causadoras
de doenças ou danosas ao organismo.

O quE é rESISTêNCIA bACTErIANA?


O uso incorreto de antibióticos pode causar a
resistência bacteriana, que é o fenômeno ocorrido
quando as bactérias desenvolvem a capacidade de
se defender do efeito do medicamento, causando
graves complicações à saúde do usuário.

COMO uTILIZAr OS ANTIbIÓTICOS DE


FOrMA COrrETA?
• Não use antibióticos sem receita do médico
ou do dentista. Somente eles sabem qual o
mais indicado para cada caso.
• Siga rigorosamente a prescrição médica.
• Não use antibióticos por conta própria, nem
por indicações de balconistas de farmácia,
vizinhos, amigos ou parentes.
• Nunca use doses menores ou maiores que
a indicada (usar doses maiores não acelera
a cura).
• Tome o antibiótico sempre no horário
informado pelo médico ou dentista.
• Não interrompa o tratamento antes do
tempo estipulado, mesmo que seja observada
alguma melhora.
• Não use antibióticos com bebidas alcoólicas.

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IMPOrTANTE

pelos antibióticos.

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caxumba, rubéola e outras, não podem ser curadas


Infecções causadas por vírus como gripes, sarampo,
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ANALGéSICOS E ANTITérMICOS

Os analgésicos são utilizados para aliviar ou acabar com as dores


e estão entre os medicamentos mais consumidos no mundo. Já os
antitérmicos são medicamentos utilizados para diminuir ou eliminar
a febre. Muitos analgésicos também apresentam propriedades
antitérmicas.

POr quE SENTIMOS DOr?

A dor é o primeiro sinal de advertência de que algo não está certo


no organismo e é uma das principais causas que levam as pessoas a
ingerirem medicamentos.

O bem-estar proporcionado pelo alívio da dor é importante para o


paciente, mas é fundamental que se chegue ao diagnóstico preciso
da doença. Às vezes, uma simples dor de cabeça pode ser sintoma
de algo mais grave. Por isso, esses medicamentos não devem ser
utilizados com freqüência para tratamento de dores repetitivas.

POr quE AS PESSOAS TEM FEbrE?

A febre é uma elevação anormal da temperatura corporal e na


maioria dos episódios ocorre como reação do organismo a infecções.

Em alguns casos, não precisa ser tratada com medicamentos, pois


ela pode desaparecer com remédios caseiros tradicionais como
toalhas úmidas na testa, banhos mornos e ingestão de bastante água.
No entanto, se a febre persistir, procure um médico.

O uso de compressas com álcool é desaconselhável, porque pode


levar à intoxicação. Nas situações de febre alta, contínua ou muito
freqüente é importante buscar um diagnóstico médico.

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CuIDADO
Entre as centenas de marcas de medicamentos de venda
livre indicados para dor e febre vários podem causar reações
alérgicas, intoxicações, interações medicamentosas e outros
efeitos adversos. Por isso, antes de usar qualquer medicamento
isento de prescrição, peça orientações ao farmacêutico, que é o
profissional indicado para esclarecer as suas dúvidas na farmácia
e drogaria.
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MEDICAMENTOS PArA EMAGrECEr

Atualmente, tem sido muito comum a busca de


uma solução rápida para combater o excesso de
peso, como o uso de medicamentos para emagrecer,
chamados anorexígenos. Esses medicamentos agem
diminuindo o apetite, facilitando a perda de peso por
determinado tempo.

OS ANOrExíGENOS APrESENTAM
ALGuM TIPO DE rISCO?

Os anorexígenos são produtos de alto risco porque


podem causar dependência e inúmeras reações
indesejadas, como humor instável, depressão
nervosa, irritabilidade, agitação, confusão mental,
alucinações, dentre outras. A retirada brusca desse
tipo de medicamento pode ser acompanhada de
fadiga (cansaço), sonolência ou depressão. Por
apresentarem riscos elevados, esses produtos são
controlados por lei e somente os médicos podem
prescrevê-los.

Além dos efeitos indesejados e da dependência, a


perda de peso proporcionada pelos anorexígenos
não é duradoura. Logo que o paciente para de utilizar
o medicamento, ganha novamente todo o peso
perdido durante o tratamento. É o chamado “efeito
sanfona”. Muitas pessoas não só recuperam o peso
como adquirem mais gordura do que antes.

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e nutricionistas).

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EMAGrEÇA COM SAÚDE E SEGurANÇA

devem estar envolvidos fatores como mudança nos hábitos


os quais devem ser analisados pelo profissional médico e

alimentares, atividades físicas e uma equipe de apoio (médicos


O aumento de peso (obesidade) possui muitos fatores,

nutricionista. Para elaborar um plano para perda de peso,


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MEDICAMENTOS PArA ANSIEDADE

O quE é ANSIEDADE?
A ansiedade surge, normalmente, em momentos de preocupação,
tensão e apreensão, caracterizando-se por um conjunto de sensações
corporais desagradáveis, como vazio no estômago, coração acelerado,
medo intenso, falta de ar, transpiração excessiva, aperto no tórax, etc.

quANDO A ANSIEDADE SE TOrNA uMA DOENÇA?


Todas as pessoas podem sentir ansiedade, especialmente em momentos
estressantes, em que se vêem frente a situações difíceis e decisões
importantes. Mas a ansiedade passa a ser considerada um transforno
quando o indivíduo a experimenta de maneira exagerada, relacionada
a preocupações excessivas e não realistas em situações que a maioria
das outras pessoas enfrentariam com pouca dificuldade. Um bom
histórico médico e exame físico são essenciais para o diagnóstico.

Um dos problemas associados à ansiedade é a insônia (falta de sono


ou dificuldade prolongada para adormecer por vários dias), sendo uma
queixa muito comum e um dos motivos para as pessoas buscarem o
uso de medicamentos específicos.

quAIS OS rISCOS DOS MEDICAMENTOS PArA ANSIEDADE?


Medicamentos utilizados para o tratamento da ansiedade, chamados
ansiolíticos, geralmente são sedativos ou hipnóticos (induzem ao
sono) e devem ser utilizados sob prescrição médica e com o devido
acompanhamento, observando sempre as doses e o modo de usar
(posologia).

Além de apresentar diversas reações adversas, esses medicamentos


também podem causar dependência, devendo ser utilizados com
muito cuidado.

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IMPOrTANTE
• O uso de ansiolíticos com outros medicamentos e com o
álcool é extremamente perigoso, pois os efeitos prejudiciais
são intensificados, podendo causar graves danos à saúde
dos pacientes. Devido aos efeitos colaterais, indivíduos sob
tratamento com esses medicamentos não devem exercer
atividades que exijam coordenação motora e reflexos rápidos.

• Nem sempre o uso de medicamentos é o melhor remédio.


Converse com seu médico e procure outras medidas que
possam amenizar o seu problema de ansiedade e insônia, como
exercícios físicos e relaxamentos.
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Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ITALO COELHO DE ALENCAR e TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DO CEARA, protocolado em 15/12/2020 às 22:02 , sob o número 02730624920208060001.
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0273062-49.2020.8.06.0001 e código 7E643E2.
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MEDICAMENTOS PArA GrIPE E rESFrIADOS

quAL A DIFErENÇA ENTrE rESFrIADO E GrIPE?


o RESFRIAdo é uma infecção simples das vias áereas superiores (nariz e
garganta), que pode durar de poucos dias até duas semanas. Pode ser causado
por vários tipos de vírus, sendo o rinovírus o mais comum.

a GRIPE é causada pelo vírus Influenza e normalmente se inicia de maneira


súbita, apresentando sintomas mais graves que os do resfriado. Ela compromete
de maneira significativa o estado geral da pessoa, podendo, inclusive, causar
pneumonia. O período de incubação (tempo entre o contágio e o início dos
sintomas da doença) é de 1 a 4 dias.

A gripe é um dos maiores problemas de saúde pública no mundo, pois o vírus


Influenza se modifica constantemente, dificultando que o organismo das pessoas
se defenda da doença.

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ATENÇÃO
As pessoas com alguma doença respiratória crônica, imunidade enfraquecida e
idosos têm maior facilidade em adquirir infecções mais graves, com possibilidade
de complicações fatais.
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quAIS OS SINTOMAS?
Em ambos os casos os sintomas podem incluir: dor de cabeça, nariz entupido,
espirros, dor de garganta, dores no corpo, febre e tosse - um dos sintomas que
mais incomodam os doentes.

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IMPOrTANTE
Em caso de sintomas de gripe, como febre repentina acima de 38º, dores
musculares e nas articulações, dor de cabeça e dificuldade de respirar, procure
o médico.
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COMO é FEITO O CONTÁGIO?


A forma mais comum é a transmissão direta
(pessoa a pessoa), por meio de gotículas
de saliva, expelidas ao falar, tossir ou espir-
rar. Outra forma é pelo contato indireto,
por meio de secreções de pessoas doentes.
Nesses casos, a mão é o principal meio trans-
missor do vírus, ao favorecer que partículas
virais entrem diretamente na boca, olhos e
nariz. Por isso é tão importante lavar as mãos
corretamente e várias vezes ao dia.

COMO TrATAr?
Ainda não existem medicamentos que tenham
demonstrado bons resultados no combate aos
vírus da gripe e dos resfriados, por isso o tratamento
é direcionado ao alívio dos sintomas. Repouso, uso
de analgésicos, antitérmicos e antiinflamatórios, além
de xaropes ajudam a aliviar os sintomas e eliminar o
catarro.

O tratamento deve ser feito sob orientação médica, pois


só ele saberá avaliar a gravidade dos sintomas e o perfil
do paciente, para prescrever o medicamento adequado.

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ATENÇÃO
O uso de medicamentos contendo ácido
acetilsalicílico em crianças e adolescentes deve
ser evitado durante as infecções virais, como
as gripes e resfriados, pois pode ocasionar
problemas graves.
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quAIS OS CuIDADOS NO uSO DE MEDICAMENTOS PArA TOSSE?


A tosse é geralmente uma reação do organismo a irritações causadas pela
presença de secreções ou corpos estranhos, como fumaça, poeira, bactérias e
fungos, protegendo o sistema respiratório. Assim, eliminá-la nem sempre é uma
boa idéia, já que seu objetivo é justamente o de liberar a secreção excedente.

No seu tratamento, o primeiro passo é prover o trato respiratório de umi-


dade adequada, tanto pelo aumento da ingestão de líquidos (água) quanto pela
umidificação do ar. Estes agentes tornam o muco mais fluido.

De acordo com a causa, pode ser necessário o uso de medicamentos, que


deverá ser feito sempre com acompanhamento médico. A utilização do medi-
camento errado pode causar danos à saúde do usuário.
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IMPOrTANTE
Evite utilizar xaropes por conta própria. Eles podem causar reações graves.
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A vACINA CONTrA A GrIPE é uMA bOA FOrMA PrEvENÇÃO?
Sim, a vacinação anual contra gripe pode ajudar a prevenir a doença em 70 a
90% das pessoas ou, pelo menos, diminuir a gravidade da doença, reduzindo as
mortes em 85%. Ela não protege contra outras infecções respiratórias como o
resfriado, para o qual ainda não há vacina preventiva disponível.

O efeito preventivo é observado cerca de duas semanas após a administração


da vacina, por isso o uso deve ser feito antes do inverno, época em que ocor-
rem os maiores índices de infecção.

COMO ENFrENTAr MELHOr A GrIPE E O rESFrIADO?


• Mantenha uma alimentação saudável.
• Beba bastante líquido.
• Poupe suas energias: durma bem e descanse bastante.
• Não tome antibióticos desnecessariamente.
• Mantenha a casa bem ventilada.
• Evite aglomerações.

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• Lave as mãos com freqüência e use lenços descartáveis.


• Soro fisiológico nas narinas ajuda a combater a obstrução.
• Não agasalhe seu filho exageradamente, isso pode desencadear uma
convulsão febril.
• Não use medicamentos como xaropes, gotas nasais ou desconges-
tionantes sem uma avaliação médica.
• Procure um serviço médico se tiver dúvidas ou ocorrerem compli-
cações.

SAIbA MAIS SObrE A INFLuENZA A (H1N1)

A Influenza A (H1N1) é um novo subtipo do vírus da gripe, sendo transmi-


tida de pessoa para pessoa da mesma forma que a gripe comum (H3N2).
Os sintomas são muito parecidos e se confundem: febre repentina, tosse,
dor de cabeça, dores musculares, dores nas articulações e coriza.

Na maioria dos casos se apresenta da forma leve e se cura com hidrata-


ção, boa alimentação e repouso. No entanto, em casos graves e pessoas
que façam parte do grupo de risco ou que apresentem fatores de risco
para complicação da doença, como mulheres grávidas, é necessário o
tratamento medicamentoso.

O tratamento com o medicamento específico somente deve ser utilizado


após rigorosa avaliação médica. O seu uso inadequado pode levar à re-
sistência do vírus ao medicamento, dificultando o combate à doença, além
do risco de reações adversas.

PArA PrEvENIr A DOENÇA ALGuNS CuIDADOS bÁSICOS DE


HIGIENE PODEM SEr TOMADOS:

• lavar frequentemente as mãos com água e sabão;


• evitar tocar os olhos, a boca e o nariz após contato com superfícies;
• não compartilhar objetos de uso pessoal; e
• cobrir a boca e o nariz com lenço descartável ao tossir ou espirrar.

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MEDICAMENTOS PArA ANEMIA

O quE é ANEMIA?
Anemia é a situação em que faltam células vermelhas no organismo (eritrócitos,
glóbulos vermelhos), indispensáveis para o transporte de oxigênio pelo
organismo e para a oxigenação dos tecidos.

quAIS AS SuAS CAuSAS?


A causa mais freqüente é a deficiência de ferro, conhecida como anemia
ferropriva, mas ainda existem outros tipos de anemia como por deficiência de
ácido fólico e, raramente, por falta de vitamina B12.

A anemia ferropriva pode ocorrer nos seguintes casos:


• Ingestão insuficiente de alimentos fontes de ferro.
• Nos lactentes (entre 6 meses e 2 anos), quando alimentados com leite
bovino: o ferro do leite bovino é escasso e mal absorvido pelo organismo.
O aleitamento materno evita a anemia, pois a absorção de ferro pelo leite
materno é muito superior.
• Nas gestantes: ocorre a passagem de ferro da gestante para o feto por
meio da placenta, causando uma queda de ferro. Por isso, deve ser feita
a complementação de ferro, com orientação médica durante o pré-natal,
para evitar anemia durante a gestação.
• Enfermidades tais como síndrome da má absorção, verminoses, doenças
gastrointestinais, miomas, ou quaisquer outras enfermidades que causem
hemorragias, ocasionando perdas progressivas de ferro.
• Nos idosos desassistidos: por falta de recursos, dentadura em mau estado
e alimentação deficiente.

quAIS OS SINAIS E SINTOMAS?


Fadiga e fraqueza; dificuldade de concentração; vertigens e tonturas; palpitações
e taquicardia; dores nas pernas; falta de ar; falta de apetite, especialmente em
crianças; palidez na pele e na conjuntiva (olhos).

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COMO é FEITO O DIAGNÓSTICO?


O hemograma é o principal exame a ser realizado quando
há suspeita de anemia. Outros exames podem ser utilizados
para auxiliar no diagnóstico, tais como a dosagem de fer-
ritina e ferro séricos, entre outros.

quAL O TrATAMENTO?
O tratamento deve ser direcionado para tratar a causa da
anemia, que normalmente é a deficiência de ferro. O uso de
medicamentos (ex. sulfato ferroso oral) deve ser feito com
orientação médica. Deve-se adotar também uma dieta rica
em ferro, à base de fígado, feijão, beterraba, folhas verdes
como espinafre, couve, etc.

MEDICAMENTOS à bASE DE FErrO


CuIDADOS NECESSÁrIOS

• Estes medicamentos podem causar irritação gastrintes-


tinal, agravada com o uso concomitante do ácido ace-
tilsalicílico (AAS), o que pode ocasionar sangramento
gastrintestinal.
• A ingestão destes medicamentos com alimentos reduz
a sua absorção.
• As preparações líquidas podem causar coloração
temporária nos dentes, sendo recomendada a ingestão
com canudinho.
• O tratamento com ferro interfere impedindo a ação de
alguns medicamentos (por exemplo, com tetraciclina).
• O efeito do tratamento pode diminuir com a ingestão
de antiácidos, medicamentos para úlcera como a
cimetidina e penicilamina usada em reumatismo.

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vITAMINAS

O quE SÃO vITAMINAS?


São um grupo de compostos orgânicos essenciais ao bom funcionamento
do organismo, que necessita de quantidades mínimas dessa substância para
manutenção da saúde. Dentre as vitaminas podemos citar: vitamina A, C, D, E, K,
H, ácido pantotênico, niacina, biotina, ácido fólico e as vitaminas do complexo
B (B1, B2, B6 e B12).

O quE SÃO POLIvITAMíNICOS?


São preparações que contêm mais de uma vitamina, podendo ser encontradas
em diversas formas, como cápsulas, comprimidos, pós ou líquidos. São
registrados na Anvisa como medicamentos ou alimentos, dependendo da sua
indicação e composição.

é NECESSÁrIO TOMAr MEDICAMENTOS A bASE DE vITAMINAS?


Os alimentos são a principal fonte de vitaminas e minerais. Desse modo,
normalmente não é necessária utilização de polivitamínicos, pois uma dieta
variada, somada ao controle das quantidades de gordura, açúcar e sal costuma
ser suficiente.

Os polivitamínicos e as vitaminas são indicados somente quando há uma


deficiência nutricional grave, que demoraria a ser tratada apenas por meio da
alimentação. Neste caso, os complementos nutricionais devem ser utilizados
por tempo determinado, até a redução dos sintomas da deficiência nutricional.

quAIS OS CuIDADOS AO CONSuMIr ESSES PrODuTOS?


• Usar apenas produtos registrados.
• Buscar informações com profissionais de saúde.
• Seguir orientações da bula e rotulagem.
• Observar cuidados especiais no caso de gestantes, crianças, idosos e
pessoas que fazem uso de outros medicamentos.
• Comprar vitaminas e polivitamínicos apenas em farmácias e drogarias.

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IMPOrTANTE

85
causar, ou mesmo, agravar algumas doenças.
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é o médico. A ingestão de vitaminas, sem necessidade, pode


Quem deve diagnosticar uma falta ou excesso de vitaminas
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MEDICAMENTOS PArA DIArréIA

A diarréia é uma das formas que o corpo tem


para eliminar toxinas estranhas, bactérias ou
outros elementos que podem causar mal
estar ao intestino, sendo um mecanismo de
proteção natural.

A maioria das diarréias tem duração limitada


a algumas horas ou poucos dias (diarréia
aguda), mas algumas podem durar semanas
ou meses, ou ainda, reaparecer de forma
regular (diarréias crônicas).

quAIS AS POSSívEIS CAuSAS


DA DIArréIA?

Infecções por vírus, bactérias ou parasitas;


alergias; reação ao uso de alguns medica-
mentos como antibióticos, antirretrovirais,
antiácidos contendo magnésio, hormônios e
outros; e doença inflamatória intestinal.

A DIArréIA APrESENTA ALGuM


PErIGO?

O perigo da diarréia, particularmente para


os bebês e crianças, é a desidratação devido
à perda de grande quantidade de água e sais
minerais. Boca seca, lábios rachados, letargia,
confusão mental e diminuição da urina são
sintomas de desidratação.

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COMO TrATAr AS DIArréIAS AGuDAS?

Por serem de curta duração, a preocupação principal


não é acabar com a diarréia em si, mas prevenir a
desidratação, especialmente em crianças e idosos.
Deve ser feita a reposição de sais e água, perdidos
por causa da diarréia, através do uso de soro caseiro
ou sais de reidratação oral.

COMO TrATAr AS DIArréIAS CrôNICAS?

No caso das diarréias crônicas, o essencial é a busca


de diagnóstico para possibilitar a remoção da causa
ou tratamento do distúrbio. Elas podem ser resultado
de muitos fatores: alergia ao leite de vaca, intolerância
ao glúten (trigo, cevada, aveia), parasitas intestinais,
câncer do estômago ou do cólon, uso crônico de
laxante e outros.

quAIS OS CuIDADOS EM rELAÇÃO AO uSO


DE MEDICAMENTOS PArA DIArréIA?

• O uso de medicamentos para diarréia nem


sempre é a melhor solução, pois pode retardar o
diagnóstico e agravar o distúrbio.
• Nunca devem ser utilizados quando houver febre
superior a 38°C ou sangue nas fezes.
• Pessoas com diarréia sanguinolenta, febre alta
ou comprometimento do estado geral devem
buscar o médico, sob risco de agravar o quadro
e complicar a saúde.
• O melhor remédio para diarréia é ingerir
muito líquido (água e soro caseiro).

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ANTICONCEPCIONAIS

O uso de anticoncepcionais, também identificados como contraceptivos orais,


constitui um dos métodos mais utilizados para prevenir a gravidez. Mas é impor-
tante consultar um ginecologista antes de utilizá-lo, pois em algumas mulheres
podem causar riscos à saúde. Além disso, existem diversos tipos de pílulas e
somente o médico pode determinar qual é a mais indicada para cada mulher.

quAIS AS PrINCIPAIS OrIENTAÇÕES PArA O uSO COrrETO?

• Os contraceptivos orais devem ser tomados de acordo com a prescrição


médica, respeitando sempre os dias.
• Se uma pílula for esquecida deve ser tomada assim que se lembrar. A dose
seguinte deve ser tomada normalmente, na mesma hora de sempre. Se já ti-
ver passado um dia quando se lembrar, pode tomar as duas doses no mesmo
horário habitual.
• Se duas ou mais pílulas forem esquecidas, é aconselhável abandonar a cartela
e usar outro método contraceptivo (de preferência um método de barreira,
ex.: camisinha). Nesse caso, após a menstruação deve-se recomeçar a tomar
o medicamento normalmente.

ATENÇÃO
• Ao contrário do que se pensava, um intervalo “livre de pílulas” não traz
vantagem terapêutica. Nesse intervalo pode ocorrer ovulação e, não usando
outro método contraceptivo, a mulher pode engravidar.
• Existem medicamentos que diminuem o efeito do anticoncepcional:
barbitúricos, carbamazepina, fenitoína, antibióticos como a ampicilina,
rifampicina, tetraciclinas.

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IMPOrTANTE
Existem outros métodos para evitar a gravidez, como uso de camisinhas e do
DIU - Dispositivo Intra-Uterino. A utilização de camisinhas é importante em
todas as relações, para evitar também as doenças sexualmente transmissíveis
como AIDS, sífilis, gonorréias, etc.
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ANAbOLIZANTES

O quE SÃO ANAbOLIZANTES?

Os anabolizantes são medicamentos à base de


hormônios, indicados para o tratamento de algumas
doenças, como anemia, alguns tipos de câncer,
casos de reposição hormonal, atrofias musculares,
estímulo do crescimento em caso de puberdade
masculina tardia, dentre outras.

Esses medicamentos possuem a propriedade de


aumentar os músculos e, por esse motivo, são
muito procurados por atletas ou pessoas que
querem melhorar o desempenho e a aparência
física. O uso estético de anabolizante não é feito
por indicação médica, portanto é ilegal e ainda
acarreta problemas à saúde.

quAIS OS rISCOS DOS ANAbOLIZANTES?

O uso dos anabolizantes de forma indiscriminada


pode causar diversas reações graves, como
tremores, acne grave, dores nas articulações,
aumento da pressão sangüínea, tumores no
fígado, alteração do humor, com agressividade e
raiva incontroláveis, além de alterações da libido
e dificuldades sexuais. Existe também o risco de
contaminação por doenças como AIDS e hepatites,
quando é feito o uso compartilhado de seringas
contaminadas.

Vale ressaltar que muitos dos anabolizantes


vendidos fora das drogarias são medicamentos
falsificados ou contrabandeados. O consumo de
medicamentos falsificados oferece grandes riscos à
saúde do usuário, pois são produtos de qualidade e
segurança desconhecidas.

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PrEÇO DOS MEDICAMENTOS E DIrEITO DO CONSuMIDOr

quEM CONTrOLA OS PrEÇOS DOS MEDICAMENTOS?

Os medicamentos que entram no mercado brasileiro necessitam de aprovação


de seu preço pelo governo, o que é feito pela Câmara de Regulação do Mercado
de Medicamentos – CMED. Este controle busca evitar abuso de preços nos
medicamentos e inibir a prática das chamadas “maquiagens” do produto, que
são os reajustes não autorizados de preços de uma forma disfarçada.

quANDO OCOrrEM OS rEAJuSTES?

Os reajustes dos preços dos medicamentos ocorrem anualmente, devendo


ser seguidos rigorosamente pelas empresas farmacêuticas, caso contrário elas
podem ser autuadas por infração à legislação sanitária.

COMO PODEMOS SAbEr O PrEÇO DO MEDICAMENTO


ANTES DE COMPrAr?

As indústrias de medicamentos são obrigadas a informar o preço de seus


medicamentos, através da publicação mensal em revistas especia-lizadas de
grande circulação.As farmácias devem disponibilizar em seus balcões as revistas
atualizadas mensalmente, para que o consumidor possa pesquisar os preços
dos medicamentos antes de comprá-los.

Para facilitar a consulta dos preços, existem determinados conceitos que


devem ser conhecidos:

PREçO FÁBRICA (OU FABRICANTE - PF) - É o preço máximo no qual um


laboratório ou distribuidora pode comercializar um medicamento que produz
com a farmácia.

PREçO MÁxIMO AO CONSUMIDOR (PMC) - É o maior preço que um


medicamento pode ser vendido para o consumidor em uma farmácia ou
drogaria.

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ExEMPLO DE UM CADERNO DE PREçO

O ICMS SOBRE O PREçO DOS MEDICAMENTOS DIFERE NOS ESTADOS:

RJ: 19% GENÉRICOS EM MG: 12%


SP e MG:18% DEMAIS ESTADOS: 17%
PR: 12%

DESCONTOS DE MEDICAMENTOS

Em se tratando de mercado farmacêutico, o mecanismo de desconto utilizado


pelas farmácias amplia a concorrência em relação à venda de medicamentos. A
livre concorrência sempre foi o maior e mais eficaz instrumento de proteção
e defesa do consumidor.

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PrOPAGANDA DE MEDICAMENTOS

COMO DEFINIr A PrOMOÇÃO DE MEDICAMENTOS?


Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a promoção
de medicamentos refere-se a todas as atividades informativas
e de persuasão realizadas pela indústria farmacêutica, a fim
de induzir à prescrição, provisão, aquisição ou utilização de
medicamentos.

COMO AS INDÚSTrIAS SE uTILIZAM DA


PrOPAGANDA?
De forma geral, os anunciantes reforçam as características
positivas dos medicamentos e omitem seus aspectos negativos
e perigosos, transmitindo a falsa idéia de que o produto
anunciado é seguro, sem contra-indicações ou sem efeitos
colaterais. Com isso, acabam induzindo ao uso inadequado de
medicamentos, à automedicação e, em determinados casos,
geram danos financeiros pela aquisição de um produto que
não cumpre o que promete.

ExISTE uMA FOrMA COrrETA DE FAZEr


PrOPAGANDA DE MEDICAMENTOS?
Sim. Existem regras e restrições para a realização de
propagandas. De acordo com a legislação em vigor, apenas
os medicamentos de venda isenta de prescrição médica
(aqueles que não apresentam tarjas em seu rótulo) podem
ser veiculados nos meios de comunicação de massa (rádio,
TV, jornal, revista, internet, entre outros).

Já os medicamentos de venda sob prescrição médica (que


apresentam tarja vermelha ou preta na embalagem) somente
podem ser anunciados para os profissionais médicos, dentistas
e farmacêuticos, por meio de publicações especializadas.

92






Nome comercial
Nome da substância ativa

93
médico deverá ser consultado”
Número de registro (exceção: rádio)

A frase “Se persistirem os sintomas o


As propagandas de medicamentos sem tarja
Devem apresentar as seguintes informações:

Advertência em relação à substância ativa.


Indicação (para que serve o medicamento)
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Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ITALO COELHO DE ALENCAR e TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DO CEARA, protocolado em 15/12/2020 às 22:02 , sob o número 02730624920208060001.
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0273062-49.2020.8.06.0001 e código 7E643E2.
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Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0273062-49.2020.8.06.0001 e código 7E643E2.
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----------------------------------------------------------------------------
IMPOrTANTE
Além de apresentar as informações obrigatórias sobre os
medicamentos, as propagandas devem seguir outras regras.
Por exemplo, é proibido nas propagandas:

• estimular o uso do medicamento de forma indiscriminada;


• incluir imagens de pessoas fazendo uso do medicamento;
• sugerir que o medicamento possui sabor agradável, como:
“saboroso”, “gostoso”, “delicioso” ou expressões equivalentes,
bem como a inclusão de imagens ou figuras que remetam à
indicação do sabor do medicamento;
• utilizar palavras que induzam diretamente ao consumo do
medicamento, tais como: “tenha”, “tome”, “use”, “experimente”;
• sugerir que a saúde de uma pessoa poderá ser afetada por não
usar o medicamento.
----------------------------------------------------------------------------

OS CONSuMIDOrES PODEM DENuNCIAr


PrOPAGANDAS IrrEGuLArES?

Sim, qualquer irregularidade identificada na propaganda deve ser


comunicada à Vigilância Sanitária. É necessário que seja informado o
nome do produto, a data e local da veiculação (TV, rádio, jornal, revista
ou farmácia onde foi distribuída) e demais informações que auxiliem
na identificação da propaganda.

As denúncias podem ser encaminhadas por meio da


Central de Atendimento da Anvisa
(www.anvisa.gov.br ou 0800-642-9782)

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Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0273062-49.2020.8.06.0001 e código 7E643E2.
fls. 137

CuIDADOS COM A PrOPAGANDA NA INTErNET

• Seja cauteloso com os anúncios de produtos que


prometem “milagres” relacionados ao emagrecimento
ou à cura de doenças graves (câncer, diabetes, AIDS e
outras).
• As propagandas não podem alegar que um alimento
possui propriedades de cura e de tratamento de
doenças. Embora existam alimentos vendidos em forma
tipicamente farmacêuticas (cápsulas, comprimidos,
xaropes, entre outros), eles não devem ser confundidos
com medicamentos.
• As propagandas de medicamentos devem apresentar
informações completas e equilibradas, evitando que as
mesmas se tornem tendenciosas ao destacar apenas
aspectos positivos do produto, quando se sabe que todo
medicamento apresenta riscos.
• Verifique se o produto anunciado possui registro na
Anvisa, pois pode se tratar de um produto irregular ou
mesmo de uma falsificação. O número de registro de
medicamentos é iniciado pelo algarismo 1.

AS NORMAS SANITÁRIAS QUE REGULAMENTAM


A PROPAGANDA DE MEDICAMENTOS TAMBÉM
SE APLICAM AOS ANÚNCIOS NA INTERNET.

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Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0273062-49.2020.8.06.0001 e código 7E643E2.
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AMOSTrAS GrÁTIS DE MEDICAMENTOS

As amostras grátis de medicamentos, apesar de ajudarem


alguns pacientes no tratamento de suas doenças, são mais
uma das estratégias de publicidade utilizadas pelas empresas
para divulgarem seus produtos. Por isso, também existem
regras para a sua produção e distribuição.

COMO DEvEM SEr AS AMOSTrAS GrÁTIS?

A fabricação das amostras grátis deve ser idêntica à dos


medicamentos originais, garantindo a mesma qualidade,
segurança e eficácia. Existem regras também para as
quantidades de medicamentos em cada embalagem e para
a entrega das mesmas aos usuários. Por exemplo, no caso
dos antibióticos, o médico ou dentista sempre deve entregar
uma quantidade do medicamento que seja suficiente para o
tratamento completo.

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Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0273062-49.2020.8.06.0001 e código 7E643E2.
fls. 139

As embalagens das amostras grátis não podem veicular designações,


símbolos, figuras, imagens, desenhos, slogans e quaisquer argumentos de
cunho publicitário, exceto aqueles já aprovados pela Anvisa para constar
na embalagem do medicamento original.

A rotulagem da amostra grátis deve ser idêntica à do medicamento que a


originou, da mesma forma que a sua bula. Contudo, algumas informações
adicionais devem ser inseridas em seus rótulos, como as expressões:
‘’AMOSTRA GRÁTIS’’, ”VENDA PROIBIDA” e “USO SOB PRESCRIçãO
MÉDICA’’, em substituição à expressão “VENDA SOB PRESCRIçãO
MÉDICA”.

---------------------------------------------------------------------------------
IMPOrTANTE
As amostras não podem ser comercializadas, devendo ser entregues
ao paciente pelo profissional médico ou dentista, no consultório, ou na
farmácia do hospital, após a consulta.
---------------------------------------------------------------------------------

97
fls. 140

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fls. 141

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Apoio:
Brasília - DF
realização:

CEP: 71205-050

www.anvisa.gov.br

Realização:
SIA Trecho 5, Área Especial 57

DISquE ANvISA: 0800 6429782


agência nacional de vigilância sanitária - anvisa

DISquE-INTOxICAÇÃO: 0800 7226001


-------------------------------------------------------
-------------------------------------------------------
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fls. 143

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Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ITALO COELHO DE ALENCAR e TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DO CEARA, protocolado em 15/12/2020 às 22:02 , sob o número 02730624920208060001.
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0273062-49.2020.8.06.0001 e código 7E643E5.
fls. 144
MINISTÉRIO DA SAÚDE
Secretaria de Atenção à Saúde

CONCESSÃO DE PASSE LIVRE INTERESTADUAL


Lei n• 8.899, de 29/06/94 e Decreto n• 3.691, de 19/12/00.

ATESTADO DA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE • SUS

Requerente: h,pNUYQ -:Is /.ww S'o4f?ê fmsro.


Local do Exame: _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ Data: .JJ..J.!!:::..J.Jl_

Atestamos, para a finalidade de concessão de gratuidade nos serviços de transporte interestadual coletivo de
passageiros, que o requerente acima qualificado, que se identificou, possui a deficiência e a incapacidade
permanente abaixo assinalada, nos termos das definições transaitas (artigo 4º do Decreto 3.298, de 20 de
dezembro de 1999, alterado pelo artigo 70 do Decreto 5.296, de 2 de dezembro de 2004).
Ohsen : A aifieiêiii:iii e a incapacidade pernuuiente tliveiii ser aJatiidas por equipe rtsponi4vi/ pela área
corTespontknle à dejidhtda, anexando-se os respectjvos =unes complementares. 1
OBRIGATÓRIO AP 'ENTAR NO VE O REUTÓJU DJCO COM HIS'lÓRJCO DA DEFICit[iCU

CID 10
Tipo de Deficiência Obrigatório indicar
conforme definição
DEFIOENCTA FISICA - alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo
humano, •~arr~nd2 o ~omgrometimento dg fun~12 fisis;a 1 11M:mntando-s sob I f2mi1 de
paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparcsia, tctraplegia, tetraparcsia, triplegia, triparcsia, MJ4.8
bcmiplegia, hcmiparcsia, ostomia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, nanismo,
me!Ílbros com deformidade congênita ou adquirida, ei;ceto as deformid•d§ estéticas e 15 que nio
l!rl!d!!!!m difis;uldades 12ara !.! d~m~nh2 de íun~m.
l7 ""'
DEFICIENCIA AUDITIVA - ~rd1 bilateral, e1ccial ou lol!I, de guarenl.l e um ~ecibéis (dB)
ou mais, aferida por audiograma nas freqüéocias de 500Hz, I.OOOHz, 2.000Hz, e 3.000Hz;
FREQUÊNCIAS: 500Hz 1.000Hz 2.000Hz 3.000Hz
Ouvido Direito:
= ............. dB =.. ···········dB = ............dB = ....... .....dB
Ouvido Esquerdo: -
.............dB = ..........dB = ............dB = ·········· ...dB
DEFIOENOA VISUAL - cegueira, na qual a acuidade visual é igual ou menor que 0,05 !!!!
melhor olho, com a melhor cprreçlg óptiça; a baixa visão, que significa acuidade visual entre 0,3 e
OOS no melhor olho, com a melhor correção óptica; os casos nos quais a somatória da medida do
~mpo visual em ambos os olhos for igual ou menor de 600; ou a ocorrência simultânea de quaisquer
das coodiçõcs anteriores.
DEFICIÊNCIA VISUAL Olho Direito Olho Esquerdo
ACllidade Visual:
.... ....... ...................... ··· ·······
Campo Visual: o o
. ······"
DEFICIENCIA MENTAL - funcionamento intelectual significativamente inferior à média, 91.!!!
manifesta,10 an~ dos d~ito anos e limita~~ ~sociadei a dJ.!as mais •~s. de hab~i_ dades
1dapqtivu tais como: a) comunicação, b) cuidado pessoal, e) ha~1hdades SOCIAIS, d) uuhzação
dos rccurros da comunidade, e) saúde e segurança, 1) hab1hdades académicas, g) laz.er, eh) trabalho.

Da Db De Dd De Df Dg Dh
'
DEFIOÊNCIA RENAL CRÕNICA
Assinatura: Assinatura:

J ú/4W!M 'f?,w,.1 f \,(M.()


OBRtGAToRJA ASS1NATURA DE DOIS PRORSSIONAIS SENDO UM McOICO COM ESPEClAUDADE NA AREA DA DEFICIENCIA

tw rml'ffl nh
Média, Hematok>gl,la
Carimbo e Registro Profissional CRM · 10250 Carimbo e Registro no CRM

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA - Venda proibida


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MINISTÉRIO DA SAÚDE fls. 145
VERSO
Secretaria de Atenção à Saúde

CONCESSÃO DE PASSE LIVRE INTERESTADUAL


Lei n• 8.899, de 29106/94 e Deaeto n• 3.691, de 19112.00.

RELATÓRIO DA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL DO SISTEMA 0NICO DE SA0DE • SUS

Requerente: fii:iNliSLO :I.s/;;IJJ;,O So.o@s f ,iu,.TO·


Local do Exame: _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ Data: ..:!2.}_E;__J.3!_

~=
Apresentamos para a finalidade de concessão de gratuidede nos serviços de transporte interestadual coletivo
de passageiros, relatório médico e histórico da deficiência e da incapacidade permanente do requerente acima
qualificado.

F<
CtRACTl!JIJZARAINCAPACIIW)EPEBMANENfE LEl'ANDOEMCONTAASDEFINlçiJEsE
OO IM DEFlatNçu & •
1

Relatório Médico e Histórico da Deficiência

o f~I'.,() J,:)Ol,Wj r=o.wi-+o i


a . w w i ~ o.yw,\-(., 1/7\M,\,\JyÚ 'pov !X{,{,c.wvit:WJ i - 1 ~
ct,o F V trr ( 1-\,uw\-O~ R ) e, J'.)7 W e P 66 v;,dJ, o
dL 1') " 4050 . t;w,o,,Jc.., o., J/Vlt,,mw:u ~y,.,,¼ ~.
CW),f cu., I . W V ) ~ O v\,L(.()A,wvv\'<, .-v0 1<)wh,O ~ o e<-u,
ct,t,bu,w,,ÍM.aM:l"11 A'lb1XJrclw.i i-l=\".,'WC..-OI
-1'.,()'YV\ N Y ' l ~ o do, ç)jJw.)JQ, .VW, ,cu,
I.NYJ ~<.Ú::)(.OJdJ.,, cl,Q, 'hvOliú;.
<{OI-Y'\ e,,

dO,d.,(, (MJJr,,J;ÍX,d-o.J ( '[iou,1,,;o d,(,0fu) .

Assinatura: 1AHlnatura:

LtWj :J:t,<.Ovi<W 17.:V., ..

Carimbo e Reaistro ProfiHional


-HemaUJlogisl,
CRM · lOl50
l
OSRKiATORIA ASSINATURA DE DOIS PROF188K>NAIS SENDO UM Mi:::DICQ COM ESPECIALIDADE NA AREA DA DEFICl!êNCIA

l.llllllllldol'irtSFilho
Carimbo• Reoistro no CRM
1

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Para conferir o original, acesse o site https:/ esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0273062-49.2020.8.06.0001 e código 7E643E5.
PASSE .• GOVERNO
FEDERAL1na,u
,.....,.._....,,.._o fls. 146
LIYJIA PL600.724
MtNISTÍIHO 005 JaANS,ORTES

- E DO GOVERNO FEDERA
TOOE IDlNn0A.Dl'

·- ::--. •, 0J2279IW14-72
:;.?~~ ~ d o phçuf"2"
O portador deste docu mento --::_~:,..- 9 portador deste doc um ento
- está autorizado a ser transportado , _.-::- esta autorizado a se r tra nsportado,
gratu itamente , nos veículos e gratuitamente, nos vckufos e
embarcações das empresas que operam emb~rcações das empresa:- que operam
serviços de trans portes interestaduals serviços de transp or tes interes tadua ís
coleti~os. de pass~çeiros nos mo.dais coletivos de/e,;1ssagei ros nos mo d.1is
rodov1 á r10, ferrov1ario e aquaviarlo,
conform e Lei Fede ral n.0 8.899,
de 29/06/94, regulamentada pelo
rot~}~r::::e i,~t:;t~~ai:,s1·Jtrio,
de ?,9 / 06 / 94, regulament ada pc/o
Decreto n.0 3.691 , de 19/ J 2/2000. De~reto nb 3.69I, de 19/ J 2/2000.
) ~ ~ ~,,- --.
..;;;;;;;-,s:;f;'
MA/liOEL ASSUNÇÃO OE BRI TO """"'SOO(~ ! l ~ ~~~t~~):·_1;;-..
Rnpo nshel P'IOProtrsma Pnse Liv rt
fls. 147

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Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0273062-49.2020.8.06.0001 e código 7E643E5.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ITALO COELHO DE ALENCAR e TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DO CEARA, protocolado em 15/12/2020 às 22:02 , sob o número 02730624920208060001.
fls. 148

Dr. Joel Porfirio Pinto RECEITAAMIGO.COM.BR


Psiquiatra
CRM 8974

RLZ7IOR

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RECEITUÁRIO DE CONTROLE ESPECIAL
1ª VIA FARMÁCIA / 2ª VIA PACIENTE

IDENTIFICAÇÃO DO EMITENTE

NOME COMPLETO: Joel Porfirio Pinto CRM 8974


EMAIL: jppjoel@gamil.com
ENDEREÇO COMPLETO:
TELEFONE: (85) 99938-9434

Paciente: Francisco Isleudo Soares Fausto


Endereço: Rua Major Veríssimo, 60320360, Fortaleza - Ceará

1. Nabix 10.000 100ml


(100mg CBD + 3mg THC)
Tomar 12 gotas pela manhã e 12 gotas à noite

22 de Setembro de 2020

AMIGOSIGN ASSINATURA DIGITAL


A assinatura válida está incorporada no arquivo PDF e pode
ser validada no site https://verificador.iti.gov.br.
JOEL PORFIRIO PINTO
22/09/2020 08:22:34
Dr. Joel Porfirio Pinto
CRM : 8974

IDENTIFICAÇÃO DO COMPRADOR IDENTIFICAÇÃO DO FORNECEDOR


NOME:
IDENT: ORG. EMISSOR:
END:
CIDADE: UF:
TELEFONE: ASS FARMACÊUTICO DATA: / /

IMPORTANTE: De acordo com a portaria 467 MS de 20/03/2020 a prescrição digital foi autorizada em todo o
território nacional até dezembro de 2020.

Contatos
Telefone: (85) 99938-9434
E-mail: jppjoel@gamil.com
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fls. 149

Dr. Joel Porfirio Pinto RECEITAAMIGO.COM.BR


Psiquiatra
CRM 8974

RLZ7IOR

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RECEITUÁRIO DE CONTROLE ESPECIAL
1ª VIA FARMÁCIA / 2ª VIA PACIENTE

IDENTIFICAÇÃO DO EMITENTE

NOME COMPLETO: Joel Porfirio Pinto CRM 8974


EMAIL: jppjoel@gamil.com
ENDEREÇO COMPLETO:
TELEFONE: (85) 99938-9434

Paciente: Francisco Isleudo Soares Fausto


Endereço: Rua Major Veríssimo, 60320360, Fortaleza - Ceará

1. Nabix 10.000 100ml


(100mg CBD + 3mg THC)
Tomar 12 gotas pela manhã e 12 gotas à noite

22 de Setembro de 2020

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A assinatura válida está incorporada no arquivo PDF e pode
ser validada no site https://verificador.iti.gov.br.
JOEL PORFIRIO PINTO
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Dr. Joel Porfirio Pinto
CRM : 8974

IDENTIFICAÇÃO DO COMPRADOR IDENTIFICAÇÃO DO FORNECEDOR


NOME:
IDENT: ORG. EMISSOR:
END:
CIDADE: UF:
TELEFONE: ASS FARMACÊUTICO DATA: / /

IMPORTANTE: De acordo com a portaria 467 MS de 20/03/2020 a prescrição digital foi autorizada em todo o
território nacional até dezembro de 2020.

Contatos
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E-mail: jppjoel@gamil.com
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fls. 151

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fls. 152

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fls. 154

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fls. 155

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Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0273062-49.2020.8.06.0001 e código 7E643E9.
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Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ITALO COELHO DE ALENCAR e TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DO CEARA, protocolado em 15/12/2020 às 22:02 , sob o número 02730624920208060001.
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OFÍCIO Nº 009/2018
• fls.
GoVERNOoo
E'sTA.oO DO ÚARÁ
159

Fortaleza, 11 de abril de 2018.

Prezados(as) Senhores(as),

O Paciente FRANCISCO ISLEUDO SOARES FAUSTO, RG: 2003007032396 tem o diagnóstico


de coagulopatia congênita (Hemofilia A Grave), acompanhado regularmente em nosso Centro de
Tratamento de Hemofilia com o N" prontuário 4050.

A Hemofilia é uma doença genética que ocasiona sangramentos. O sangue da pessoa com
hemofilia não contém os fatores VIII ou IX da coagulação em quantidade suficiente para
interromper o sangramento. Esses fatores são proteínas do sangue que, junto com outros
elementos controlam os sangramentos.

Porém, existe tratamento para essa doença que é a reposição de Fator VIII endovenoso (no caso
da Hemofilia A) e os pacientes conseguem ter uma qualidade de vida normal comparado aos
pacientes que não possuem hemofilia. Os fatores de coagulação são disponibilizados pelo
Ministério da Saúde aos Hemocentros e distribuídos gratuitamente pelo SUS a todos os pacientes
que necessitam deste tratamento.

Portanto, FRANCISCO ISLEUDO SOARES FAUSTO necessita levar consigo esses fatores de
coagulação, juntamente com os dispositivos, seringas e agulhas para o preparo desta
medicação, justificando, assim, a necessidade do embarque desse material juntamente
com o paciente.

Em caso de dúvidas, estamos à disposição, e pode entrar em contato conosco pelo telefone
(+5585)3101.231 O/ (+5585)98829.3469.
/

Atenciosamente,
(

Ambulatório de Coagulopatias do Hemoce / SESA


Tel (+5585) 3101.2310

isõ
Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará- HEMOCE - SESA
Av. José Bastos, 3390, Rodolfo Teófilo. Fortaleza, Ceará, Cep: 60.431-086
Fone: (85) 3101 2296 / Fax: (85) 3101 2307 / www.hemoce.ce.gov.br
--9001 ô H-
emoce (Oficial) 1 @Hemoce
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Prezado Dr. Ítalo Coelho de Alencar

Em atendimento à solicitação, após a análise minuciosa da documentação remetida,


relativa às pacientes Regina Celia Mendes Viana e Karine Mendes Viana, apresento

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0273062-49.2020.8.06.0001 e código 7E643EB.
Parecer Técnico em resposta aos quesitos formulados.

CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
O cultivo de Cannabis no Brasil não se encontra regulamentado, razão pela qual,
para aprimorar meus conhecimentos sobre a matéria, realizei em 2016 pesquisa junto ao
Laboratório de Farmacognosia da Universidad de la República no Uruguai, sob orientação
do prof. Dr. Carlos Garcia Carnelli. A pesquisa sobre Cannabis no Uruguai encontra-se em
desenvolvimento avançado em razão da mudança da legislação, permitindo assim o amplo
desenvolvimento de pesquisa científica com ciclo de produção completo (controle genético,
cultivo, extração e análise).
Embora a pesquisa científica acerca da Cannabis encontre dificuldades em território
nacional em razão da legislação, a comunidade científica brasileira já desenvolve alguns
ramos de pesquisa como a que a realizei junto ao Programa de Pós-Graduação em Química
na Universidade Federal do Paraná, bem como a experiência notória da Prof. Dra. Virgínia
Martins Carvalho, Coordenadora do Laboratório de Análises Toxicológicas da Faculdade de
Farmácia da UFRJ, através do projeto FarmaCannabis, com o qual mantenho contato e
troca de experiências de forma constante.
Tanto em minha pesquisa, quanto na pesquisa da prof. Dra. Virgínia Carvalho, foram
analisadas amostras de produtos importados elencados como excepcionais pela ANVISA,
bem como amostras de produtos artesanais produzidos por famílias de pacientes que
obtiveram autorização judicial para cultivo e extração.
Recentemente fui convidado a fazer parte do Grupo de Pesquisa de Recursos
Naturais – RENATU da Universidad Mayor San Marcos, de Lima Peru, contribuindo
diretamente no desenvolvimento de técnicas analíticas para canabinoides nessa
universidade, esse foi o primeiro projeto desenvolvido nesse sentido naquele país.
Assim sendo, ainda que haja muito a avançar na pesquisa sobre Cannabis no Brasil,
é possível afirmar que já existe conhecimento sólido e confiável oriundo destas pesquisas,
além de vasta bibliografia internacional, nas quais estão baseados o Parecer.

1
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• QUESITO 1: É possível através do cultivo caseiro e extração artesanal de óleo de


Cannabis obter produto equivalente aos óleos importados?
RESPOSTA: Sim. Os óleos importados elencados como excepcionais pela ANVISA
são registrados em seus países como meros suplementos alimentares, não se

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submetendo à certificação complexa dos produtos farmacêuticos. Conforme minha
pesquisa laboratorial junto ao Laboratório de Farmacognosia – Universidad de la
República (UdelaR/Uruguai) e ao Programa de Pós-Graduação em Química da
Universidade Federal do Paraná (PPGQ-UFPR), este último como requisito para
obtenção do grau de mestre em química, ao analisar amostras de produtos importados
e artesanais verifiquei que muitos produtos artesanais possuem qualidade equivalente
aos produtos importados, a depender da qualidade da planta (variabilidade genética) e
da técnica de extração.

• QUESITO 2: É possível cultivar Cannabis de forma caseira para fins medicinais?


Caso positivo, como?
RESPOSTA: Sim. O cultivo de Cannabis é simples e atendendo a cuidados básicos é
possível obter material de qualidade para produção de óleo medicinal. O ciclo de vida
da Cannabis é composto de duas principais etapas, a primeira é o estágio vegetativo,
que se inicia após a germinação tendo duração média de 45 dias. Este período é
responsável pelo início do crescimento vertical da planta e desenvolvimento de raízes.
Neste período não há produção de compostos de interesse medicinal em quantidade
significativa. O segundo estágio é o período de florescimento com período médio de 75
a 100 dias (vide imagem 1 e 2). A partir deste momento, com auxílio de uma lupa simples
será possível identificar a planta fêmea visualizando a formação dos primeiros pistilos
(vide imagem 3). Somente a planta fêmea produzirá os compostos de interesse
medicinal. Tais plantas femininas devem ser mantidas no período de florescimento até
que apresentem características de plantas maduras, quando será possível visualizar,
também com auxílio de uma lupa simples, que a maior parte dos tricomas apresentam
coloração âmbar (vide imagens 4 e 5).1

1
MEDIAVILLA, Vito; Decimal code for growth stages of hemp (Cannabis sativa L.); JOURNAL OF THE
INTERNATIONAL HEMP ASSOCIATION 5 (2): 65, 68-74, 1998. Disponível em:
https://www.researchgate.net/profile/Vito_Mediavilla/publication/228540733_Decimal_code_for_growth_stages_of
_hemp_Cannabis_sativa_L/links/554b24b40cf29f836c967171.pdf
2
Imagem 1: Ciclo de desenvolvimento da Cannabis.

Imagem 2: Ilustração da Cannabis com destaque às flores e tricomas.

3
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Imagem 4: Tricomas observáveis com lupa simples.

Imagem 5: Tricomas (em destaque) de coloração âmbar.


Imagem 3: Diferenciação Cannabis Fêmea (com pistilos) e Macho.

4
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• QUESITO 3: É possível extrair óleo medicinal de Cannabis para fins medicinais de


modo artesanal em ambiente doméstico? Caso positivo, como?

RESPOSTA: Sim. A partir das plantas maduras, as flores devem ser colhidas e separadas

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do restante do vegetal. As flores devem passar por processo de secagem para retirar a
umidade e para realizar a ativação dos compostos medicinais da Cannabis, transformando
o ácido canabidiólico (CBDA) em canabidiol (CBD), sua forma neutra e ativa. Este processo
é conhecido como descarboxilação (ativação) e é realizado com o empacotamento das
flores em papel alumínio, seguido de acondicionamento em forma culinária comum.

A forma contendo os pacotes de flores deverá ser colocada em forno doméstico,


previamente aquecido à temperatura de aproximadamente 125°C. O material deverá
permanecer em aquecimento por 25 minutos. Após, as flores devem ser moídas (trituradas),
para garantir maior superfície de contato. O material triturado deve ser disposto em
recipiente antiaderente (vidro, cerâmica ou panela de teflon), onde será adicionado álcool
de cereais comestível. A mistura de flores trituradas e álcool de cereais deverá ser agitada
manualmente a cada 5 minutos, por um período de 2 horas a temperatura ambiente.

Decorrido o tempo de extração, o material deverá ser passado em filtro de papel


(filtro de café). O líquido o filtrado deve ser disposto em panela de aquecimento elétrica
(panela elétrica de arroz) e o material vegetal remanescente será destinado ao descarte
(explicado adiante). A seguir a panela elétrica deve ser acionada, iniciando o processo
evaporação do álcool. Esta etapa deve ser realizada em ambiente com circulação de ar. Ao
longo da evaporação do álcool será observada a formação de um óleo escuro no fundo da
panela. O aquecimento deve ser mantido até que não seja mais observada a formação de
bolhas nesse óleo, indicando que todo o álcool foi devidamente evaporado.

O óleo contido no fundo da panela é concentrado e equivalente ao produto importado


prescrito, estando apto ao consumo desde logo (vide imagem 6).

5
Imagem 6: Esquema ilustrativo do processo de extração artesanal segura.

6
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• QUESITO 4: Quais outros cuidados devem ser tomados (controle, descarte,


resíduos)?
RESPOSTA: O principal cuidado deve ser o controle da genética da planta, pois há grande
variedade genética disponível, sendo necessário encontrar a mais adequada para atender

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0273062-49.2020.8.06.0001 e código 7E643EB.
à prescrição médica. Para tanto é necessário recorrer a fontes seguras de fornecimento de
sementes, sendo recomendável a aquisição internacional oriunda de países cuja legislação
permite o controle genético das variedades de Cannabis com maior precisão.

No caso específico, para atender à prescrição médica do dia 06/04/2020 e obter


produto equivalente ao prescrito, de 100mg/mL de CBD e baixo teor de THC (conforme
documentação enviada) são recomendadas as seguintes variedades:
I. Harle Tsu; disponível em Canadian Hemp Co.2 (Canadá);
II. Dinamed CBD; disponível em Dinafem Seeds3 (Espanha);
III. Nightingale (NN-1); disponível em Seedsman 4(Espanha);
IV. Charlotte’s Web; disponível em Oregon Green Seed5 (EUA).
Para obtenção se sementes com alto teor de THC há grande variedade disponível
inclusive nos mesmos bancos de sementes supracitados.
Após a obtenção das sementes específicas e início do cultivo, é possível obter novas
plantas com a mesma genética (clones) pelo processo de estaquia, que consiste em
propiciar o enraizamento de porções (estacas) de caules, ramos ou folhas, dispensando a
necessidade de constante importação de novas sementes.

Conforme o acompanhamento médico, para fins de ajuste de dosagem ou para obter


formas diferentes de administração, o óleo concentrado poderá ser formulado (preparado)
através de diluição em óleos vegetais comestíveis ou glicerina vegetal, na proporção
indicada.

Quanto à utilização do álcool de cereais os cuidados são os mesmos da utilização


doméstica e/ou culinária e não há riscos de consumo de álcool residual no óleo concentrado
por sua volatilidade natural e reconhecida segurança de seu consumo humano em doses
inexpressivas.

2
http://canadianhempco.com
3
https://www.dinafem.org
4
https://www.seedsman.com
5
https://oregongreenseed.com
7
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Quanto ao cultivo, é necessário assegurar que o local seja de acesso restrito, com
controle de irrigação e, caso seja cultivo em ambiente fechado, será também necessário
controlar iluminação, temperatura e ventilação.

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Quanto ao descarte, as plantas macho, as partes não utilizadas da planta fêmea (caule,
raiz e folhas) e o material remanescente do processo de filtragem devem ser triturados e
utilizados como adubo vegetal no próprio cultivo, dispensando assim serviços de coleta de
resíduos.

• QUESITO 5: No caso específico, quais seriam as dimensões quantitativas para


cultivo caseiro e extração artesanal de óleo de modo a atender a demanda do
paciente?
RESPOSTA: Para atender à demanda do paciente devemos considerar que em cada
produção será necessário obter quantidade suficiente para atender às pacientes pelo
período de 5 meses, dado o tempo de desenvolvimento das plantas. Outro ponto de
atenção é a possibilidade de que uma das plantas não tenha o desenvolvimento adequado,
para contornar isso e garantir que oi tratamento não seja interrompido, sugere-se que
mantenha durante o cultivo pelo menos duas plantas a mais como medida de segurança. A
prescrição médica que indica o consumo de 5 gotas a cada 12h, totalizando 10 gotas ao
dia. É estimado que cada mililitro de azeite vegetal corresponda a 30 gotas por mL, ou seja,
será necessário um total de 10mL de óleo medicinal por mês, que devem conter no total
1000mg de CBD. Desse modo, cada ciclo de cultivo deverá conter ao menos 7 plantas
fêmeas de Cannabis com alto conteúdo de CBD e 7 plantas fêmeas de Cannabis com alto
teor de THC em período de floração, atendendo assim à demanda das duas pacientes.
Com essas 7 plantas de cada pode-se obter cerca de 245g de flores secas, que após
extração podem gerar aproximadamente 25g de extrato concentrado. Esse extrato deve ser
diluído em 50 mL de azeite vegetal. A extração das plantas ricas em CBD e THC devem ser
feitas separadamente em processos diferentes. Para garantir a manutenção dos ciclos de
cultivo é recomentada a manutenção de no mínimo 10 plantas ricas em CBD e 10 plantas
ricas em THC em período vegetativo. O cultivo poderá ser realizado em forma de batelada,
em que todas as plantas seguem o mesmo estágio de desenvolvimento, ou seja, todas as
plantas estarão maduras ao mesmo tempo. Neste caso, a colheita é realizada a cada 150
dias, sendo necessário iniciar um novo ciclo consecutivamente.

8
via impressa.

CRQ-IX 09904885
Fabiano Soares de Araújo

Mestre em Química pela Universidade Federal do Paraná


Bacharel em Química pela Universidade Federal do Paraná
meio digital (PDF) a fim de preservar as imagens e esquemas gráficos, acompanhado de
Sendo estas as respostas aos quesitos propostos, submeto o Parecer Técnico em

9
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fls. 169

. . . ITALO-

INSTRUMENTO PARTICULAR DE PROCURAÇÃO

outorgante. FRANCISCO ISLEUDO SOARES FAUSTO, brasileiro,


solteiro, inscrito no RG n° 2003007032396 SSP-CE, CPF n°
029.343.173-66, residente e domiciliado à Rua Major
Veríssimo, n° 253, Bairro Ellery, Fortaleza - CE

Qutorqadu. ÍTALO COELHO DE ALENCAR, brasileiro, advogado,


OAB-CE 39.809 com endereço profissional à Rua Marechal
Deodoro, n° 1395, 320B, Benfica, endereço eletrônico
italocalencar@gmaill.com, Fortaleza - CE.

Os da cláusula ad judicia et extra, com poderes amplos e


ilimitados para, perante qualquer instância ou Tribunal, ou
fora deles, representar e defender os interesses da
outorgante, podendo, para tanto, firmar compromissos,
transigir, impugnar, recorrer, excepcionar, dar e receber
quitação, renunciar e, inclusive, substabelecê-lo, com ou
sem reservas de poderes.

Fortaleza - CE, 9. de ScTtMW de 2020.


no Brasil
Um panorama da
cannabis medicinal
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INTRODUÇÃO

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PRECISAMOS FALAR SOBRE A CANNABIS MEDICINAL
Discutir o uso medicinal da Cannabis é urgente por em pelo menos mais seis países: África do Sul,
ser uma questão de saúde pública. O Brasil não Grécia, Lesoto, Peru, Portugal, Suíça e Tailândia,
pode limitar-se diante de avanços comprovados totalizando 19 países que autorizaram e regularam
para a saúde das pessoas e perderemos muito ao o plantio, produção, comercialização, fiscalização e
não avançar na legalização e regulamentação do tributação da Cannabis medicinal.
plantio e do uso medicinal da Cannabis.
A Alemanha, por exemplo, regulamentou o uso
Deve-se reforçar que não estamos falando do medicinal da Cannabis em 2017 para atender a
uso adulto recreativo. Nosso objetivo não é viciar um potencial de 30 a 70 mil pacientes. Até 2028, a
pacientes, tampouco colaborar com o tráfico expectativa é que o mercado local movimente
de drogas. Queremos falar das propriedades 8,6 bilhões de dólares. Como as condições climá-
medicinais comprovadas cientificamente para ticas no país não são favoráveis ao cultivo, eles já
a saúde das pessoas e reduzir suas dores, crises começaram a importar produtos da América Lati-
convulsivas, efeitos adversos de tumores agressivos na, especialmente da Colômbia, cuja legislação já
e de doenças crônicas ainda incuráveis. Queremos avançou.
proporcionar bem estar aos brasileiros.
Nós, brasileiros, não podemos ficar atrasados nesse
Um levantamento publicado em 2017 pelo EMCDDA sentido, na contra mão dos países desenvolvidos
(Centro Europeu de Monitoramento de Drogas do mundo. O futuro do mercado da Cannabis per-
e Drogadição) apontou que ao menos 12 países tence àqueles países que são mais rápidos e mais
ocidentais aprovaram leis para permitir o plantio assertivos, que terão lugar garantido nos merca-
de Cannabis com fins medicinais: Alemanha, dos internos e externos. Tal assertividade, além
Austrália, Canadá, Chile, Colômbia, Holanda, Israel, de beneficiar milhares de pacientes brasileiros
Jamaica, Reino Unido, República Tcheca, Uruguai e que necessitam desta terapêutica, poderá gerar
Estados Unidos (apenas em parte dos estados). mais empregos e renda e, em um futuro próximo,
exportações. O Brasil tem potencial de ser um
Desde que o estudo foi publicado, o cultivo da dos líderes desse processo no mundo e não mero
planta foi liberado (com diferentes restrições) espectador destes avanços.

O EXEMPLO DOS ESTADOS UNIDOS E CANADÁ


Desde 1996, dois terços dos estados dos Estados No Canadá, o uso da Cannabis foi legalizado para
Unidos aprovaram o uso medicinal da Cannabis ao fins medicinais em 2001 e, no ano passado, já con-
longo dos anos. Hoje são um total de 34 estados e tava com mais de 342 mil pacientes registrados
ainda o Distrito de Columbia, Guam, Porto Rico e para o uso. É permitida a compra de flores, extratos
Ilhas Virgens, que permitem o cultivo de Cannabis e pomadas para uso medicinal de empresas licen-
para fins medicinais. Alguns estados têm progra- ciadas pelo governo para produzir e comercializar,
mas abrangentes de fornecimento público e ainda inclusive pela internet. Também é possível que o
permitem o cultivo doméstico. Outros 12 estados cidadão se registre para produzir para consumo
permitem o uso de produtos com baixo teor de próprio, ou delegar a função a um terceiro.
THC e canabidiol (CBD).
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fls. 172

A agência de vigilância sanitária canadense aceita O Estado da Flórida, por exemplo, regulamentou
a prescrição médica de Cannabis para 39 indi- o uso da Cannabis medicinal em 2016 e a legali-
cações diferentes. zação fez a fila do desemprego cair. Só em 2018, o
setor criou 9 mil empregos fixos no Estado. Até o
O mercado canadense foi avaliado em 1,5 bilhão fim desse ano, a expectativa é, de que sejam aber-

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de dólares. A canadense Canopy Growth é a maior tas 5 mil novas vagas na área. Já na pequena ilha
empresa de Cannabis de capital aberto do mun- de Porto Rico, o governo estima que a indústria
do. Ano passado, recebeu investimentos de outras de Cannabis medicinal, regulamentada em 2015,
empresas no montante de US$ 4 bilhões, o que pode gerar cerca de 50 mil empregos.
motivou a alta de 38% em suas ações.
As vendas legais de Cannabis medicinal nos Estados
Com o aumento da produção, o Canadá já Unidos e no Canadá alcançaram, em 2016, a marca
começou a importar matéria-prima da Colôm- de 11,7 bilhões de dólares (cerca de 49,1 bilhões de
bia, que legislou e regulou a Cannabis medicinal reais), segundo a empresa de consultoria ArcView.
e começou a atender aos mercados europeus e Outro relatório divulgado em agosto de 2018 pela
latino-americanos. Na Colômbia, foram criados 1,7 instituição financeira RBC Capital Markets, dos EUA,
mil empregos em 2018 na indústria da Cannabis mostrou que as vendas legais de Cannabis, entre
medicinal, apenas no Estado de Quindio. Neste os americanos, estão perto de alcançar a cifra de
ano, uma única empresa gerou mais de 2 mil vagas 47 bilhões de dólares (cerca de 198 bilhões de
de trabalho. Estima-se que, em 2025, a Colômbia reais) na próxima década. Apontou também que
fature 1,5 bilhão de dólares – o que corresponderia 83% dos americanos defendem que haja algum
a 0,5% do seu PIB. tipo de uso legal de Cannabis.

O EXEMPLO DE ISRAEL
Israel está se tornando um dos líderes na utilização No ano passado, o Parlamento aprovou a 16ª
da Cannabis para fins medicinais e tem assumido emenda ao Decreto de Drogas Perigosas, que diz
um grande protagonismo na produção de medi- respeito à governança e à regulamentação da ex-
camentos derivados da Cannabis. O uso medicinal portação de Cannabis medicinal do país. Assim,
da Cannabis foi aprovado em 1999. Já faz 20 anos! Israel está pronto para se tornar um centro global
Ao longo das duas últimas décadas, o Parlamento no mercado de Cannabis.
de Israel (Knesset) aprovou 16 emendas para alte-
rar o Decreto de Drogas Perigosas para favorecer O governo de Israel estima que as exportações
esse processo. possam aumentar a arrecadação em mais de 300
milhões de dólares. Só as exportações porque a in-
Segundo o Ministério da Saúde de Israel, a tecno- dústria interna já é rica e próspera. O Parlamento
logia israelense de Cannabis medicinal melhorou teve o cuidado de impor duras regulamentações
significativamente a vida de milhares de pessoas aos exportadores, além de prisão e pesadas mul-
que a usam como um remédio permanente. O tas por violações. Além disso, também aprimorou
acesso foi progressivamente facilitado e, hoje, cer- a legislação e hoje as pessoas devem comprar
ca de 40 mil pessoas consomem a Cannabis medi- o produto em farmácias e não diretamente dos
cinal no país. fabricantes como era feito antes.

Mais de 550 fazendas israelenses já fizeram pedi- Na Bolsa de Tel Aviv, a capitalização de mercado
dos de licença ao governo para cultivar Cannabis das empresas dedicadas a esta indústria alcançou
medicinal. Mais uma vez a geração de empregos e investimentos milionários, múltiplas companhias
renda por meio de uma indústria promissora, sob emergentes cultivam e comercializam o produto e
a fiscalização do Estado. este se transformou em um setor em crescimento,
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com grandes possibilidades de expansão. Este já se um ex-chefe do Mossad, Tamir Pardo, terem entra-
tornou um mercado sem tabus como demonstrou do nesta promissora indústria.
o fato de um ex-primeiro ministro, Ehud Barak, e

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PESQUISAS CIENTÍFICAS
Desde 1960, as pesquisas já mostraram as propriedades da Cannabis como neuromoduladoras e a existên-
cia de receptores endocanabinoides em diferentes sistemas do organismo como o sistema nervoso, cardio-
vascular, digestivo, respiratório e esquelético. A Cannabis tem inclusive atividade neuroprotetora.

Centenas de pesquisas no mundo vêm provando que a planta tem efeitos analgésicos, anticonvulsivantes,
anti-inflamatórios, antieméticos e antidepressivos. É usada no tratamento da hipertensão e para estimular
o apetite, é eficaz no controle de náuseas e vômitos, espasticidade, síndrome de Tourette, dor neuropática,
esclerose múltipla, no glaucoma, asma, epilepsia e enxaqueca, entre outras indicações.

A Cannabis vem sendo usada largamente em diversos países como estratégia terapêutica, com tantas evi-
dências de sucesso que os governos ampliaram o acesso e incentivam os investimentos na sua produção.
Estamos mais de duas décadas em atraso. Vamos trabalhar para avançar e colocar nosso país na rota do
desenvolvimento. Trazer melhoria na saúde da população e gerar emprego e renda.

MARCOS LEGAIS NO BRASIL


A lei brasileira de drogas vigente desde 2006 (Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006), já prevê em seu
artigo 2º, parágrafo único, que a União pode autorizar o plantio, a cultura, a colheita e a exploração de
qualquer planta, exclusivamente, para fins medicinais ou científicos, mediante fiscalização. A lei ainda
instituiu o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas – Sisnad, que tem a finalidade de articular,
integrar, organizar e coordenar as atividades de prevenção e reinserção social de usuários e dependentes
de drogas, assim como a repressão da produção não autorizada e do tráfico ilícito de drogas.

Em setembro de 2019, a Procuradoria-Geral da República solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que
determine um prazo para o governo federal regulamentar o plantio da Cannabis para fins medicinais. No
pedido, a PGR afirma que o governo demorou a regulamentar o tema, sem “justificativa plausível”, e que
houve “omissão institucional”. No parecer, consta:

“A necessidade de criteriosa análise técnica dos riscos e benefícios do uso da Cannabis para tratamento
de saúde não pode servir de amparo para que o Poder Público postergue, de forma indefinida, o
exercício de sua competência regulatória na matéria, inviabilizando que inúmeros pacientes, cuja
necessidade de uso terapêutico da planta e/ou de seus derivados já se encontra atestada por relatórios
médicos, tenham acesso a substâncias aptas a restabelecer ou melhorar sua saúde e qualidade de vida.”
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REGULAMENTAÇÃO PELA ANVISA


E A PREOCUPAÇÃO COM A SEGURANÇA

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A ANVISA (Agência Brasileira de Vigilância Sanitária) colocou duas propostas de Resolução sobre o assunto
em consulta pública, que se encerrou em 19 de agosto de 2019. A primeira (CP 654 de 2019) versa sobre
os procedimentos para registro e monitoramento de medicamentos produzidos à base da Cannabis. A
segunda (CP 655 de 2019) trata dos requisitos para o cultivo da planta por pessoas jurídicas, única e exclu-
sivamente para fins medicinais e científicos.

A ANVISA foi muito cuidadosa com o controle e a segurança em suas propostas. O presidente da agência,
o médico William Dib, afirmou, em entrevista ao jornal o Estado de S. Paulo, que a esmagadora maioria das
contribuições foi a favor e que a sociedade estava exigindo essa posição, não só as famílias das pessoas
que têm esperança, mas sobretudo porque o número de patologias para as quais a Cannabis vem sendo
indicada está aumentando aceleradamente na Academia. Dib estimou que mais de 13 milhões de
brasileiros com diferentes doenças poderiam se beneficiar da Cannabis medicinal. Até o momento, dez
empresas privadas já mostraram interesse em produzir o medicamento no País, de acordo com a ANVISA.

Qualquer medicamento a base de Cannabis será controlado e ainda não poderá haver qualquer propa-
ganda. Não haverá possibilidade de automedicação. Aprovado, o medicamento só poderá ser vendido
com receita médica. Em alguns casos, a definição de tarja será restritiva e vai depender de retenção da
prescrição médica. Os medicamentos só poderão ser produzidos para uso na fórmula oral como cápsula,
comprimido, óleo. Atualmente, a ANVISA já permite o registro de medicamentos feitos com substâncias
como canabidiol e tetrahidrocannabinol (THC), mas só um produto importado conseguiu a regulamenta-
ção até o momento.

A proposta brasileira de cultivo segue o modelo canadense e não poderá ser ao ar livre. As diretrizes só
autorizariam o cultivo por pessoas jurídicas, em ambientes fechados, com sistema de segurança 24 horas
por dia e em edificação reforçada com sistema de dupla porta, janela de vidros duplos e paredes e dutos
resistentes à invasão. As edificações não poderão ter nenhuma identificação que mostre que se produz a
planta no local. A medida, segundo alguns críticos, poderia inviabilizar financeiramente o pequeno produ-
tor, empresas de startups e associações, devido ao custo.

De acordo com a equipe técnica, durante o processo de licenciamento, a ANVISA vai pedir um parecer da
Polícia Federal para que o órgão autorize o início da licença de produção. Todos os registros terão a vali-
dade de dois anos, renováveis, e os responsáveis técnicos e administrativos deverão apresentar atestado
de antecedentes criminais.

A venda e a entrega das plantas produzidas só poderão ser feita às pessoas jurídicas, instituições de pesquisa,
fabricante de insumos farmacêuticos e fabricantes de medicamentos. As regras de comercialização proíbem
que pessoas físicas tenham acesso à planta e que essa seja vendida para farmácias de manipulação.

Para evitar desvios, a agência prevê um sistema de controle do início da produção até o consumidor final.
Durante a produção, cada empresa vai ter que apresentar um plano de plantio com a previsão de colheita
e produção de insumos. Todo material deverá ser embalado e etiquetado, possibilitando o rastreamento
eletrônico em todas as etapas do processo. O transporte só poderá ser feito por empresas especializadas,
não pode ser terceirizado, e qualquer ocorrência terá de ser comunicada a autoridade imediatamente e
investigada em até cinco dias.
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As regras de registros de medicamentos vão seguir protocolos já existentes no Brasil. A empresa interessa-
da em produzir terá de fazer a descrição da doença para a qual o medicamento será indicado, a relevância
do medicamento para tratamento da doença e a comprovação de uso seguro por meio de literatura técnico-
científica e testes. É necessária também a comprovação de não haver alternativa terapêutica à doença em
que o medicamento atuará. No caso de remédios já registrados em outros países, deve ser apresentado

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relatório técnico de avaliação do medicamento emitido pelas respectivas autoridades reguladoras estran-
geiras.

Familiares de pacientes que, hoje, conseguiram autorizações na Justiça para a produção do extrato de
canabidiol ficariam proibidos de manipular a planta. Associações que desejarem manter sua produção
terão de cumprir à risca as regulamentações propostas pela ANIVSA. Atualmente, ao menos uma associação
e 35 famílias têm habeas corpus – concedido pela Justiça – para plantar a Cannabis, segundo levantamento
da Rede Jurídica pela Reforma da Política de Drogas (Reforma).

O número de brasileiros que conseguiu a concessão da ANVISA para importar Cannabis medicinal cresceu
25 vezes em quatro anos. A regulamentação sobre o uso da Cannabis medicinal no país começou com a
publicação da resolução RDC17/2015, que liberou a importação do CBD para consumo próprio. No mesmo
ano, a ANVISA retirou a substância da lista de proibidas e registrou o primeiro medicamento de Cannabis
no Brasil, o Mevatyl, que contem THC e é recomendado para o tratamento de espasticidade associada à
esclerose múltipla.

Em novembro de 2014, foram 168 pedidos autorizados pela Justiça (antes da resolução da ANVISA). Já em
outubro de 2018, o índice subiu para 4.236. Segundo dados de maio de 2019, 6.530 pacientes se cadas-
traram para a importação. Esses pacientes já realizaram 9.720 pedidos de autorização para compra. Um
paciente não gasta menos de 300 dólares por mês (cerca de R$ 1.260,00) com as importações, por isso,
a judicialização não para de crescer.

Com as pessoas jurídicas fabricantes registrando e produzindo o medicamento aqui, não haverá mais
necessidade de ações no Judiciário para obrigar o Estado Brasileiro a importar e custear o tratamento.
É possível solicitar também a inclusão do medicamento no SUS e o Ministério da Saúde poderá comprar a
preço competitivo. Todos poderão se beneficiar disso.
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3 EM CADA 4 BRASILEIROS
SÃO A FAVOR DA

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CANNABIS MEDICINAL
Você é a favor ou contra que medicamentos feitos a Você é a favor ou contra que indústrias farmacêuticas
partir da planta da maconha sejam fornecidos sejam autorizadas a produzir medicamentos à base da
gratuitamente pelo SUS? planta da maconha no brasil?

5% 5%
16%
20%

a favor 79% a favor 75%


contra contra
não sei, não sei,
prefiro não responder prefiro não responder

Você sabia que substâncias retiradas da planta da Você conhece alguém que já utilizou substâncias
maconha podem ser utilizadas em medicamentos retiradas da planta da maconha para tratamento de
para tratar doenças? alguma doença por recomendação médica?

13% 9%

sim 87% sim


não não
prefiro não responder não sei,
prefiro não responder

Clique para ver a pesquisa completa


Realização: Instituto de Pesquisa DataSenado, em parceria com a Senadora Mara Gabrilli
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MITOS E VERDADES SOBRE


A CANNABIS MEDICINAL

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1) CANNABIS NÃO TEM USO MEDICINAL. MITO!
No imenso universo de estudos e comprovações científicas acerca das propriedades medicinais da Cannabis
no século XX, selecionamos a meta-análise publicada pela Academia Nacional de Ciência, Engenharia e
Medicina (tradução livre)1, a maior e mais renomada sociedade científica dos Estados Unidos, fundada
em 1863 pelo Presidente Abraham Lincoln, da qual mais de 170 de seus membros já receberam o Prêmio
Nobel. O estudo “Os efeitos da Cannabis e das canabinoides na saúde: o estado atual das evidências e reco-
mendações para pesquisa” (tradução livre)2 foi realizado por Larson e Berkowitz3, em 2017, para combater
o mito que “Cannabis não tem uso medicinal” e reuniu 10.700 artigos científicos, todos com alto fator de
impacto, para analisar.

Os artigos científicos utilizados na análise foram submetidos a uma seleção criteriosa. Inicialmente, os pes-
quisadores encontraram 24 mil estudos publicados, entre 1o de janeiro de 1999 a 1o de agosto de 2016,
a respeito da abordagem terapêutica da Cannabis. Os referidos estudos estão distribuídos em bases de
dados como Medline, Cochrane Database of Systematic Reviews, Embase e PsycINFO, que são conside-
radas referência mundial para as Ciências da Saúde. Eles refinaram a busca por publicações somente em
língua inglesa, removeram relatos de casos, editoriais, resumos de conferências, e agruparam somente as
publicações de altos fatores de impacto feitas a partir de 2011.

Desse modo, restaram as já mencionadas 10.700 publicações para análise, que foram agrupadas em 11
desfechos: efeitos terapêuticos; câncer; riscos cardiometabólicos; doenças respiratórias; imunidade; AVC
e morte; exposição pré-natal, perinatal e pós-natal; psicossocial; doenças mentais; problemas no uso de
Cannabis; uso de Cannabis e abuso de outras substâncias. Com a análise desse vasto número de artigos
científicos, a meta análise publicada por Larson e Berkowitz, em 2017, mostrou que:

Há evidências conclusivas e substanciais de que os canabinoides são efetivos para: dor crônica em
adultos (cinco revisões sistemáticas de boa qualidade, quatro delas com efeitos comprobatórios da
eficiência do uso de canabinoides na modulação da dor), como antieméticos no tratamento de náu-
seas induzidos por quimioterapia, para modulação dos efeitos de esclerose múltipla e espasticidade.
Para câncer, foi encontrada uma revisão sistemática com análise de 2.260 estudos. Desses, somente
35 apresentaram critérios inconclusivos. Tais estudos foram pré-clínicos, com exceção de um peque-
no ensaio clínico. Todos os 16 estudos in vivo encontraram um efeito antitumoral de canabinoides.

Há evidências moderadas de efetividade para a melhoria dos distúrbios do sono, fibromialgia, e síndrome
da apneia obstrutiva do sono.

1 Nome original: “Nacional Academies of Sciences, Engineering, and Medicine - Health and Medicine Division”.

2 Nome original: “The Health Effects of Cannabis and Cannabinoids: The Current State of Evidence and Recommendations for Research”.

3 LARSON EB, BERKOWITZ BA. The Health Effects of Cannabis and Cannabinoids: The Current State of Evidence and Recommendations for Resear-
ch (2017). The National Academies of Science Engineering and Medicine, 2017. 486p. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/
NBK425756/>. Acesso em: 14 de setembro de 2019.
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Há evidências limitadas de efetividade para aumentar o apetite e diminuir perda de peso em pacien-
tes com HIV/Aids, melhora dos sintomas da síndrome de Tourette por THC (com CBD há evidências
em artigos separados), melhora dos sintomas de ansiedade, melhora de sintomas de transtorno pós-
traumático, e na associação de canabinoides para evitar morte e incapacidade em pessoas com lesão
cerebral ou AVCs.

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Historicamente, há registros de indicações terapêuticas da Cannabis na China e no Egito antigo, que datam
de 4.000 a.C., assim como na medicina Ayurvedica e Indo- Europeia entre 2.000 e 1.000 a.C. Ainda antes de
Cristo, o uso medicinal da Cannabis foi vastamente difundido pela cultura Greco-Romana para epilepsia,
raiva, ansiedade, inflamações, dores de dente e de cabeça, e bronquite. O médico grego Claudius Galen
observou que a Cannabis era amplamente consumida em todo o Império Romano, inclusive as mulheres
da elite romana usavam para aliviar dores de parto.

Por volta de 200 d.C., houve o primeiro registro médico para descrever como poderoso analgésico: o funda-
dor da escola de cirurgia na medicina chinesa Hua T’O usou uma mistura de Cannabis (na literatura chinesa
é chamada de Mafei San, ou anestesia fervida por causa do preparado ser feito da fervura do pó da planta) e
vinho para anestesiar os pacientes antes da cirurgia4. Os estudiosos árabes Al-Mayusi e Al- Badri considera-
vam a maconha como um tratamento eficaz para a epilepsia já no ano 1.000 d.C. e o escritor e médico persa
medieval Avicenna publicou em 1.025 d. C. o “Canon of Medicine de Avicenna5” prescrevendo a Cannabis
como um tratamento eficaz para gota, edema, feridas infecciosas e dores de cabeça graves. Seu trabalho foi
amplamente estudado dos séculos XIII ao XIX, tendo um impacto duradouro na medicina ocidental.

Da expansão das plantações para as Américas pelos conquistadores espanhóis e portugueses (até com
finalidade prática para uso de suas fibras em cordas para navegação e tecidos), passando por Napoleão
e o médico irlandês William O’Shaughnessy, a Cannabis foi usada durante milênios para tratar náuseas,
reumatismo, epilepsia, infecções e dores de parto, entre outras aplicações. O revés aconteceu a partir de
1.914, quando o governo dos Estados Unidos declarou ser crime e proibiu o uso e a venda, expandindo
esse conceito para o resto do mundo, silenciando todo o conhecimento médico e cientifico já consolidado.
A história da Cannabis medicinal, com todos esses relatos históricos, pode ser apreciada no trabalho
publicado no “Journal of Pain Management”, em 2016, por pesquisadores canadenses da MedReleaf Corp6.

A comunidade científica recomeçou a estudar a Cannabis a sério em 1964. Nesse ano, o pesquisador
Raphael Mechoulam, da Universidade de Tel Aviv, em Israel, extraiu da erva natural uma substância
chamada delta-9-tetraidrocanabinol. Era o THC, o principal responsável pelos efeitos da Cannabis e
viabilizou, pela primeira vez, o estudo sistemático de suas ações no corpo humano. Após a descoberta de
Mechoulam, a indústria voltou a se empenhar e, logo no início de 1970, surgiram os primeiros remédios à
base de THC sintético, cujo uso é autorizado na Europa e nos Estados Unidos.

A eficácia do sistema endocanabinoide (SEC) vem sendo desvendada desde a década de 1960, tanto do
CBD (canabidiol) quanto do THC, com vasta literatura médica no Brasil e no mundo. Temos estudos nacio-
nais a partir de 1973, com os farmacologistas Isac Karniol e Elisaldo Carlini na Universidade Federal de São
Paulo, seguidos de estudos clínicos com Zuardi e outros autores, relatando eficácia terapêutica e segurança
no uso em estudos experimentais e clínicos.

4 WAI FK. On Hua Tuo’s Position in the History of Chinese Medicine. The American Journal of Chinese Medicine, 2004; 32(2):313-20. Disponível
em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15315268>. Acesso em 05 de outubro de 2019.

5 AVICENNA. The Canon of Medicine of Avicenna. Edição de 1930. New York: Ams Press Inc, 1973. 641p. Disponível em: <http://data.nur.nu/Ku-
tub/English/Avicenna_Canon-of-Medicine_text.pdf>. Acesso em: 05 de outubro de 2019.

6 HAND A, BLAKE A, KERRIGAN P, SAMUEL P e FRIEDBERG J. History of medical Cannabis. Journal of Pain Management, 2016; 9(4): 387-394. Dispo-
nível em: <https://www.researchgate.net/publication/316545890_History_of_medical_cannabis>. Acesso em: 06 de outubro de 2019.
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Outros dois medicamentos são fabricados atualmente com THC: o canadense Nabilone e o americano
Marinol. Em forma de cápsulas, eles ocuparam um mercado em crescimento: o dos pacientes de câncer
e de AIDS. É verdade que o THC também é benéfico em outros casos, mas foi a gravidade dessas duas
doenças que justificou a atenção e o uso amplo como recurso terapêutico.

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2) SOMENTE O CBD (CANABIDIOL) APRESENTA
PROPRIEDADES MEDICINAIS. MITO!
O pesquisador Fabrício Pamplona, em conjunto com outros cientistas7, realizou uma meta-análise, publica-
da na “Frontiers in Neurology”, em 2018, sobre os efeitos benéficos do uso de canabinoides em detrimento
do uso de Canabidiol (CBD) purificado no tratamento de pessoas com epilepsia. 70% dos pacientes per-
ceberam melhora no tratamento, enquanto somente 30% das pessoas sentiram melhora quando usaram
o CBD purificado. A dose do óleo também foi quatro vezes menor que a dose de CBD purificado. Tudo
isso se deve ao efeito “entourage”, ou “efeito comitiva”, em português. Em resumo, esse efeito potencia-
lizado se deve a uma sinergia que ocorre entre os componentes fitoterápicos atuando juntos e que não
podem ser percebidos quando uma molécula esteja isolada ou que tenha sido sintetizada. Outros autores,
como Russo8 no “British Journal of Pharmacology” e Ben- Shabat em conjunto com mais cientistas9 no “
European Journal of Pharmacology”, também descreveram o efeito comitiva dos canabinoides.

Na Cannabis, além dos canabinoides e terpenoides, encontramos também outras substâncias terapêuticas
essenciais aos humanos como alcaloides, flavonoides, fenois, açúcares, entre outros. Sobre o THC, há diversas
constatações de sua eficácia terapêutica publicadas em revistas científicas de alta qualidade.

Ensaio clínico, multicêntrico, paralelo, duplo-cego, randomizado e controlado por placebo avaliou a efi-
cácia da associação do THC com o CBD para dores oriundas do câncer e demonstrou que o tratamento
foi capaz de reduzir significativamente em mais de 30% os escores de dor comparado ao placebo. Os
resultados do estudo foram publicados no “Journal of Pain and Symptom Management” por pesquisadores
ingleses, doutor Jonhson e colaboradores, do Severn Hospice, Shrewsbury, Shropshire, Reino Unido10.

Outros estudos clínicos demonstraram a eficácia do tratamento na redução dos sintomas de dor neuropá-
tica através do consumo dos canabinoides inalados como fica evidente na publicação, de 2007, por Abrams
e colaboradores11, estudando o efeito da Cannabis fumada na dor neuropática associada aos sintomas do HIV.

7 PAMPLONA FA, ROLIM DA SILVA L, COAN AC. Potential clinical benefits of CBD-rich Cannabis extracts over purified CBD in treatment-resistant Epi-
lepsy: observational data meta-analysis. Frontiers in Neurology, 2018; 9: 759. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30258398>.
Acesso em: 18 de setembro de 2019.

8 Russo EB. Taming THC: potential Cannabis synergy and phytocannabinoid-terpenoid entourage effects. British Journal of Pharmacology. 2011; 163,
1344-1364. Disponível em: <https://bpspubs.onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1111/j.1476-5381.2011.01238.x>. Acesso em: 15 de setembro de 2019.

9 BEN-SHABAT S, FRIDE E, SHESKIN T, TAMIRI T, RHEE MH, VOGEL Z, BISOGNO T, DE PETROCELLIS L, DI MARZO V, MECHOULAM R. An entourage effect:
inactive endogenous fatty acid glycerol esters enhance 2-arachidonoyl-glycerol cannabinoid activity. European Journal of Pharmacology. 1998;
353(1):23-31. Disponível em: <https://bpspubs.onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1111/j.1476-5381.2011.01238.x>. Acesso em: 15 de setembro de
2019.

10 JOHNSON JR, BURNELL-NUGENT M,LOSSIGNOL D, GANAE-MOTAN ED, POTTS R, FALLON MT. Multicenter, double-blind, randomized, placebo-
-controlled, parallel-group study of the efficacy, safety, and tolerability of THC: CBD extract and THC extract in patients with intractable cancer-rela-
ted pain. Journal of Pain and Symptom Management. 2010;39(2): 167-179. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19896326>.
Acesso em 06 de outubro de 2019.

11 ABRAMS, DI, JAY CA, SHADE SB, VIZOSO H, REDA H, PRESS S, KELLY ME, Rowbotham MC, Petersen KL. Cannabis in painful HIV-associated sensory
neuropathy: a randomized placebocontrolled trial. Neurology. 2007; 68(7):515-21. Disponível em: <https://n.neurology.org/content/68/7/515.
short>. Acesso em: 19 de setembro de 2019.
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O estudo publicado, em 2010, por Ware e seus colaboradores12, concluiu que a Cannabis fumada três ve-
zes ao dia pelo período de cinco dias foi capaz de reduzir substancialmente e dor neuropática. Estudos de
meta-análise apontam para a eficácia do tratamento de dor neuropática em pacientes com esclerose múl-
tipla. Os dados mostram efeito significativo do tratamento com canabinoides, seja por absorção do extrato
pela mucosa oral, seja pelo uso inalado em relação ao placebo. Resultados importantes também foram

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0273062-49.2020.8.06.0001 e código 7E643EE.
encontrados pelos pesquisadores canadenses Michael Iskedjian e seus colaboradores13, na meta-análise
que avaliou os efeitos da Cannabis na dor neuropática associada aos sintomas da esclerose múltipla. A dor
neuropática também foi avaliada por Andreae e seus colaboradores14 na meta-análise com dados indivi-
duais de pacientes de 5 estudos randomizados e sugeriram que a Cannabis inalada pode fornecer alívio a
curto prazo para 1 em 5 a 6 pacientes.

Portanto, o potencial terapêutico dessas substâncias é enorme, bastam que estudos clínicos continuem
sendo realizados para identificar indicações seguras, dosagens, concentrações e outros aspectos inerentes
ao tratamento. A seguir, apresentamos alguns resultados estatisticamente positivos e válidos que demons-
tram a segurança e a eficácia dessas substâncias para os demais pacientes:

1) Estudorandomizado, duplo-cego, controladoporplacebo, degrupoparalelo, de design enriquecido


de nabiximóis (Sativex®), como terapia complementar, em indivíduos com espasticidade refratária
causada por esclerose múltipla. Estudo publicado na “Eupean Journal of Neurology”, em 2011, com
572 pacientes, comprova que os nabiximóis são potencialmente satisfatórios para o tratamento da
espasticidade causada por esclerose múltipla.

2) Sativex®como terapia complementar vs. Antispásticos de primeira linha ainda mais otimizados
(SAVANT) na espasticidade resistente à esclerose múltipla: um ensaio clínico randomizado, duplo-
cego e controlado por placebo. Estudo publicado na “International Journal of Neuroscience”, em 2019,
com 191 pacientes com Esclerose Múltipla e com resultados estatisticamente positivos.

3) Cannabis medicinal em pacientes com dor crônica: efeito no alívio da dor, incapacidade para a dor
e aspectos psicológicos. Um ensaio clínico prospectivo, não randomizado, de braço único. Estudo
controlado com 338 pacientes com dor neuropática de diversas formas, publicado no “Journal of
Pain and Symptom Management”. Os resultados são estatisticamente positivos no tratamento da dor,
embora ainda sejam necessários mais estudos.

12 WARE MA, WANG T, SHAPIRO S, ROBINSON A, DUCRUET T, HUYNH T, GAMSA A, BENNETT GJ, COLLET JP. Smoked cannabis for chronic neu-
ropathic pain: a randomized controlled trial. CMAJ. 2010;182(14): E694-701. Disponível em<https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20805210>.
Acesso em 05 de outubro de 2019.

13 ISKEDJIAN M, BEREZA B, GORDON A, PIWKO C, EINARSON TR. Meta-analysis of Cannabis based treatments for neuropathic and multiple sclerosis-
-related pain. Current Medical Researchs and Opinion, 2007; 23(1): 17-24. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17257464>.
Acesso em 07 de outubro de 2019.

14 ANDREAE MH, CARTER GM, SHAPARIN N, SUSLOV K, ELLIS RJ, WARE MA, ABRAMS DI, PRASAD H, WILSEY B, INDYK D, JOHNSON M, SACKS HS. Inha-
led Cannabis for Chronic Neuropathic Pain: A Meta- analysis of Individual Patient Data. The Journal of Pain. 2015; 16(12):1221-1232. Disponível em:
<https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S1526590015008123>: Acesso em: 20 de setembro de 2019.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ITALO COELHO DE ALENCAR e TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DO CEARA, protocolado em 15/12/2020 às 22:02 , sob o número 02730624920208060001.
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3) A REGULAMENTAÇÃO DO USO MEDICINAL AUMENTA O NÚMERO DE


ADOLESCENTES USUÁRIOS PARA FINS ADULTOS RECREATIVOS. MITO!

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O estudo intitulado “Maconha Medicinal não aumenta o uso de Cannabis de adolescentes”15, publicado em
2015, na revista “The Lancet Psychiatry”, com alto valor de impacto, avaliou 1.098.270 jovens de 18 a 24 anos,
por um período de 24 anos, em 400 diferentes escolas. O pesquisador, psiquiatra de dependência química e
professor associado da Harvard Medical School, Kevin Hill16 concluiu que os resultados mostram que a regula-
mentação da Cannabis para uso medicinal não influenciou e não aumentou o uso da planta por adolescentes.

O doutor Kevin Hill também é um dos pesquisadores norte-americanos que processa os dados do progra-
ma “Monitorando o Futuro”, do National Institute on Drug Abuse (NIDA, sigla em inglês), dentro do Instituto
Nacional de Saúde (NIH, sigla em inglês), que analisa os números de adolescentes escolares nos estados
em que houve regulamentação da Cannabis para finalidades terapêuticas ou recreacionais. Desde 1975, o
programa mede o uso de drogas e álcool e atitudes relacionadas entre estudantes adolescentes em todo o
país. Os participantes da pesquisa relatam seus comportamentos de uso de drogas em 3 períodos: tempo
de vida, ano passado e mês passado. Em 2019, um total de 44.482 estudantes de 392 escolas públicas e
privadas participaram da pesquisa do National Institute on Drug Abuse (NIDA), realizada pela Universidade
de Michigan.

A doutora Debora Hasin e seus colaboradores17 publicaram, em 2015, no The Lancet Psychiatry Journal, o
artigo “Medical marijuana laws and adolescent marijuana use in the USA from 1991 to 2014: results from
annual, repeated cross-sectional surveys”. O estudo também não evidencia relação estatisticamente signifi-
cativa para o aumento do uso de Cannabis por adolescentes nos Estados em que a planta foi regulamentada.

4) O PRODUTO SINTÉTICO É MELHOR QUE O EXTRATO NATURAL. MITO!


Ainda não temos disponível no mercado CBD sintético. Logo, ainda não é possível avaliar se é melhor que o
extrato natural. Mas sabemos que o óleo ou o extrato da Cannabis tem mostrado evidências significativas de
qualidade terapêutica. O que se tem chamado de sintético, na verdade, são substâncias isoladas, só CBD ou só
THC, por exemplo. Temos THC sintético, já registrado pela FDA e comercializado com o nome de Marinol® (Dro-
nabinol) e indicado para tratar náuseas e vômitos, mas o CBD sintético ainda não existe para comercialização.

O que se sabe, com certeza, é que o extrato composto é mais eficaz, considerando o efeito comitiva,
anteriormente aqui relatado, do que a substância purificada. Um exemplo dos efeitos positivos do efeito
comitiva é evidenciado por pelo pesquisador Ethan Russo18, do International Cannabis and Cannabinoids
Institute, na cidade de Praga, República Tcheca, com o trabalho intitulado The case for the entourage effect
and conventional breeding of Clinical Cannabis: No “Strain,” No Gain, publicado em 2018, na revista Frontiers
in Plant Science.

15 Nome original: “Medical marijuana does not increase adolescente marijuana use”

16 HILL K. Medical marijuana does not increase adolescente marijuana use. The Lancet Physiatry, 2015; 2(7): 572-573. Disponível em: <https://
www.thelancet.com/journals/lanpsy/article/PIIS2215- 0366(15)00267-9/fulltext>. Acesso em: 22 de setembro de 2019.

17 HASIN DS, WALL M, KEYS KM, CERDÁ M, SCHULENDERG J, O’MALLEY PM et al. Medical marijuana laws and adolescent marijuana use in the USA
from 1991 to 2014: results from annual, repeated cross- sectional surveys. The Lancet Physichitary, 2015; 2(7): 601-608. Disponível em: < https://
www.thelancet.com/journals/lanpsy/article/PIIS2215-0366(15)00217-5/fulltext>. Acesso em: 06 de outubro de 2019.

18 RUSSO EB. The case for the entourage effect and conventional breeding of clinical Cannabis: no “strain” no gain. Frontiers in Plant Science,
2019; 9: 1969. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30687364>. Acesso em: 06 de outubro de 2019.
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5) OS FITOCANABINOIDES TÊM COMPROVAÇÃO CIENTÍFICA


DE SUAS PROPRIEDADES MEDICINAIS. VERDADE!

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São muitas indicações terapêuticas com resultados satisfatórios, publicados em revistas científicas de grande
qualidade, que comprovam a importância de se investir na regulamentação e investigação constantes dos
princípios ativos encontrados na Cannabis.

Em 1998, um grupo governamental de cientistas do Instituto Nacional de Saúde Norte-Americano (NIH)


apresentou uma patente que afirmou que os canabinoides têm potencial terapêutico. Co-autoria do Prêmio
Nobel Julius Axelrod, a patente #6630.507 foi concedida ao NIH em 2003, apenas cinco anos depois de ter
sido submetida. Esta patente é intitulada “cannabinoides como antioxidantes e neuroprotetores”. Coloquial-
mente chamada de “a patente de 507”, ela descreve os potenciais valores terapêuticos dos canabinoides.
Descreve, ainda, o Canabidiol (CBD), em particular, como sendo um potente antioxidante – mais forte do
que a vitamina C e vitamina E. O CBD também é descrito como tendo propriedades neuroprotetoras, o que
significa que o NIH acredita que pode proteger o cérebro e sistema nervoso de danos devidos a traumatis-
mo cranioencefálico como concussões ou danos cerebrais de derrames, doença de Alzheimer e doença de
Parkinson. A patente também descreve o CBD como sendo não-tóxico, sem possibilidade de overdose fatal
e nenhum dano demonstrado “grandes, doses agudas” de 700mg CBD/Day (dose muito superior à usada).

O rápido crescimento no número de importações de produtos de Cannabis para o Brasil também estão
relacionadas a segurança do uso terapêutico, com reduzido número de efeitos colaterais e índice zero de
mortalidade. De acordo com relatório do Drug Enforcement Agency – agencia do governo americano (DEA)
“nenhuma morte por overdose de Cannabis foi reportada”. Estudo publicado no Journal of the American
Medical Association (JAMA)19, em 2014, cita que os Estados com leis estabelecidas de Cannabis medicinal
tinham uma taxa média anual de mortalidade por overdose de opioides 24,8% menor em comparação com
estados sem leis relacionadas a Cannabis, além da redução do uso e dos efeitos colaterais de opioides pres-
critos para pacientes do Medicaid (programa de assistência de saúde do governo americano).

Em março de 2019, a 62a Sessão da Comissão de Entorpecentes (CND) do United Nations Office on Drugs
and Crime (UNIDOC), que aconteceu na Áustria, apresentou propostas de mudanças que seguiram as
recomendações declaradas no 41o Encontro do Comitê de Experts em Dependência de Drogas (ECDD) da
Organização Mundial de Saúde (OMS), incluindo menção de que preparações contendo predominante-
mente Cannabidiol (CBD) e até 0,2 % de delta-9-tetrahidrocanabinol (THC) não devem ter controle interna-
cional, já que não oferecem riscos à saúde e não geram dependência.

19 BACHHUBER MA, SALONER B, CUNNINGHAM CO, BARRY CL. Medical cannabis laws and opioid analgesic overdose mortality in the United
States, 1999-2010. JAMA Internal Medicine. 2014; 174(10): 1668-73. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25154332>. Acesso
em: 26 de setembro de 2019.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ITALO COELHO DE ALENCAR e TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DO CEARA, protocolado em 15/12/2020 às 22:02 , sob o número 02730624920208060001.
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CANNABIS PARA TRATAR EPILEPSIA


A utilização de canabinoides para fins terapêuticos mais evidente e interessante talvez seja a aplicação para
tratar epilepsia resistente aos tratamentos terapêuticos. O primeiro caso relatado na literatura foi justamente

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uma tintura de Cannabis indica utilizada para remissão de crises convulsivas em uma criança de 40 dias de
vida. O caso foi relatado por um médico irlandês que viveu na Índia.

O primeiro ensaio clínico controlado por placebo que contou com a participação de indivíduos epilépticos
sendo tratados com canabinoides foi realizado no Brasil pelo grupo do Prof. Elisaldo Carlini20, neste estudo 8
pacientes com crises epilépticas foram tratados com cerca de 200 mg/dia de CBD, destes 4 tiveram as crises
completamente abolidas enquanto outros 3 tiveram redução significativa na freqüência das crises. Apenas
um participante não apresentou melhora do quadro.

Recentemente, estudos clínicos publicados em revistas prestigiosas na área médica visaram avaliar a eficácia
e segurança dos tratamentos com CBD em pessoas diagnosticadas com síndromes genéticas raras como
Dravet21 e Lennox-Gastaut22. Estas enfermidades provocam dentre outros sintomas a encefalopatia epi-
léptica. Houve uma redução significativa na frequência das crises convulsivas em participantes de ambos
os estudos. O CBD pode ser apontado como um importante adjuvante aos tratamentos convencionais com
anticonvulsivantes, em especial na população pediátrica e resistente aos tratamentos convencionais.

Uma revisão sistemática23 realizada pelo professor Elliot e outros pesquisadores da Universidade de Ottawa
sobre o assunto aponta que ensaios clínicos de alta qualidade mostram a possibilidade do tratamento com
o CBD para epilepsia resistente em pediatria. No entanto, enfatiza que este achado foi limitado ao CBD e não
pode ser estendido aos outros produtos à base de Cannabis porque ainda carece de maiores achados. Já um
estudo de meta-análise24 realizado pelo professor Fabrício Pamplona e seus colaboradores, da Universidade
Federal de São Paulo, demonstra que os extratos enriquecidos com CBD tiveram melhor resultado na redu-
ção de frequência das crises, com menor dose e menos eventos adversos quando comparados aos estudos
que avaliaram o uso do CBD isolado.

20 CUNHA JM, CARLINI EA, PEREIRA AE, RAMOS OL, PIMENTEL C, GAGLIARDI R, SANVITO WL, LANDER N, MECHOULAM R. Chronic administration
of cannabidiol to healthy volunteers and epileptic patients. Pharmacology. 1980;21(3):175-85. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/
pubmed/7413719>. Acesso em 06 de outubro de 2019.

21 DEVINSKY O, CROSS JH, LAUX L, MARSH E, MILLER I, NABBOUT R, SCHEFFER IE, THIELE EA, WRIGHT S. Cannabidiol in Dravet Syndrome Study
Group.Trial of Cannabidiol for Drug-Resistant Seizures in the Dravet Syndrome. The New England Journal of Medicine, 2017; 376(21):2011-2020.
Disponível em: <https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/nejmoa1611618>. Acesso em 07 de outubro de 2019.

22 DEVINSKY O, PATEL AD, CROSS JH, VILLANUEVA V, WIRRELL EC, PRIVITERA M, GREENWOOD SM, ROBERTS C, CHECKETTS D, VANLANDINGHAM
KE, ZUBERI SM; GWPCARE3 STUDY GROUP. Effect of Cannabidiol on Drop Seizures in the Lennox-Gastaut Syndrome. The New England Journal of
Medicine. 2018b;378(20): 1888- 1897. Disponível em: <https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa1714631>. Acesso em 06 de outubro de 2019.

THIELE E, MARSH E, MAZURKIEWICZ-BELDZINSKA M, HALFORD JJ, GUNNING B, DEVINSKY O, CHECKETTS D, ROBERTS C. Cannabidiol in patients with
Lennox-Gastaut syndrome: Interim analysis of na open-label extension study. Epilepsia. 2019; 60(3): 419-428. Disponível em: <https://www.ncbi.
nlm.nih.gov/pubmed/30740695>. Acesso em 22 de setembro de 2019.

23 ELLIOTT J, DEJEAN D, CLIFFORD T, COYLE D, POTTER BK, SKIDMORE B, ALEXANDER C, REPETSKI AE, SHUKLA V, MCCOY B, WELLS GA. Canna-
bis-based products for pediatric epilepsy: A systematic review. Epilepsia. 2019; 60(1): 6-19. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pub-
med/30515765>. Acesso em: 06 de outubro de 2019.

24 PAMPLONA FA, ROLIM DA SILVA L, COAN AC. Potential clinical benefits of CBD-rich Cannabis extracts over purified CBD in treatment-resis-
tant Epilepsy: observational data meta-analysis. Frontiers in Neurology, 2018; 9: 759. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pub-
med/30258398>. Acesso em: 18 de setembro de 2019.
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CANNABIS PARA TRATAR DOR CRÔNICA


O uso de derivados da Cannabis spp. no alívio da dor crônica tem sido amplamente utilizado, mesmo antes de
comprovações por ensaios clínicos, por hindus e egípcios. O potente efeito analgésico foi alvo do interesse

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também dos norte-americanos, onde questionários sistematizados e auto-relato de usuários indicam que
a dor crônica é o principal interesse nesta terapia. Nos Estados que regularam o acesso aos canabinoides,
ocorreu uma diminuição considerável na prescrição de outros medicamentos para o tratamento da dor.
Ocorreu, inclusive, uma redução significativa no número de mortes por opioides prescritos, em comparação
com outros Estados em que a Cannabis terapêutica não estava regulada. Isso é o que mostra o estudo publi-
cado pelo médico Bachhuber25 e colaboradores, em 2014, no JAMA Internal Medicine.

A ciência contemporânea contribui com estes saberes à medida que inúmeros relatos de caso, estudos
observacionais, experimentais, epidemiológicos, de caso controle, open-label ou ensaios sem restrição de
informação entre pesquisadores e participantes, ensaios clínicos randomizados, revisões sistemáticas e
meta-análises mostram que os canabinoides apresentam efeito analgésico e que podem ser eficazes para o
tratamento de dor crônica de certas origens e enfermidades.

Nielsen e colaboradores26 realizaram uma meta-análise de 79 estudos clínicos que avaliaram a eficácia e
segurança do uso de canabinoides para fins terapêuticos e apontaram um grau moderado a muito alto de
qualidade de evidência quanto à eficácia desses componentes. Enquanto que o doutor Whiting e colegas
médicos27 da School of Social and Community Medicine, da Universidade de Bristol, no Reino Unidos, ava-
liaram ensaios clínicos randomizados de canabinoides para as diversas indicações e constataram a melhora
de pelo menos 40% dos quadros de dor, quando comparados aos placebos.

25 BACHHUBER MA, SALONER B, CUNNINGHAM CO, BARRY CL. Medical cannabis laws and opioid analgesic overdose mortality in the United
States, 1999-2010. JAMA Internal Medicine. 2014; 174(10): 1668-73. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25154332>. Acesso
em: 26 de setembro de 2019.

26 NIELSEN S, GERMANOS R, WEIER M, POLLARD J, DEGENHARDT L, HALL W, BUCKLEY N, FARRELL M. The Use of Cannabis and Cannabinoids in
Treating Symptoms of Multiple Sclerosis: a Systematic Review of Reviews. Curr Neurol Neurosci Rep. 2018;18(2):8. Disponível em: <https://www.
ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/29442178>. Acesso em 07 de outubro de 2019.

27 WHITING PF, WOLFF RF, DESHPANDE S, DI NISIO M, DUFFY S, HERNANDEZ AV, KEURENTJES JC, LANG S, MISSO K, RYDER S, SCHMIDLKOFER S,
WESTWOOD M, KLEIJNEN J. Cannabinoids for Medical Use: A Systematic Review and Meta-analysis. JAMA. 2015;313(24):2456-73. Disponível em:
<https://jamanetwork.com/journals/jama/fullarticle/2338251>. Acesso em 07 de outubro de 2019.
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CANNABIS PARA TRATAR SINTOMAS DA ESCLEROSE MÚLTIPLA


A eficácia e segurança dos Cannabinoides utilizados para tratar sintomas da Esclerose Múltipla, como
espasmos, miocontrações involuntárias e enrijecimento, foram demonstradas em estudos com resulta-

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dos terapêuticos e evidências bastante consistentes. Ensaios clínicos com medicamentos contendo THC
e CBD comprovam a segurança e eficácia no tratamento de sintomas neuromotores causados pela Escle-
rose Múltipla. Estudos duplo-cegos, randomizados, controlados com placebo demonstram, por diferentes
metodologias de análise, que o tratamento com canabinoides foi capaz de reduzir espasmos de maneira
significativa e segura.

Os pesquisadores tchecos Novotna e colegas28, realizaram estudo randomizado, duplo-cego, controlado


por placebo, de grupo paralelo, de design enriquecido de nabiximóis (Sativex®), como terapia complemen-
tar, em indivíduos com espasticidade refratária causada por esclerose múltipla em 572 indivíduos. A análise
dos resultados mostrou uma diferença altamente significativa a favor dos nabiximóis.

Os italianos29, de diversas universidades, também testaram o Sativex® para o tratamento da espasticidade


da esclerose múltipla resistente ao tratamento. O doutor Patti e sua equipe usaram o spray do naximoide
em 1615 pacientes com esclorose múltipla vindos de toda a Itália. Os resultados, após um mês de trata-
mento, revelaram que 70% dos pacientes atingiram melhora superior a 20% e que 28% atingiram melhora
superior a 30%, uma resposta clinicamente relevante. O estudo mostrou ainda, que o medicamento se
apresentou seguro para o tratamento da espasticidade.

Um grupo de pesquisadores de várias universidades europeias, apresentaram os estudos de ensaio clíni-


co com Sativex® como terapia antispasmódica em relação a outros medicamentos para essa função em
esclerose múltipla. O estudo liderado pelo tcheco doutor Markovà30 e seu colegas comprovaram o que
medicamento que combina THC e CBD proporcionou uma melhoria melhor e clinicamente relevante da
espasticidade resistente à esclerose múltipla, em comparação com o ajuste isolado de medicamentos
antiespasticidade de primeira linha.

Em 2017, o Mevatyl (Sativex®), um spray oral contendo THC e CBD na mesma proporção foi registrado
como o primeiro medicamento fitoterápico a base de Cannabis no Brasil, este medicamento possui regis-
tro em 28 países e é indicado justamente para redução dos espasmos decorrentes da esclerose múltipla.
Portanto, HÁ COMPROVAÇÃO CIENTÍFICA dos efeitos terapêuticos positivos dessas substâncias, reconhecidos
por 28 agências sanitárias, inclusive do Brasil.

28 NOVOTNA A, MARES J, RATCLIFFE S, NOVAKOVA I, VACHOVA M, ZAPLETALOVA O, GASPERINI C, POZZILLI C, CEFARO L, COMI G, ROSSI P, AMBLER
Z, STELMASIAK Z, ERDMANN A, MONTALBAN X, KLIMEK A, DAVIES P; Sativex Spasticity Study Group. A randomized, double-blind, placebo-con-
trolled, parallelgroup, enriched-design study of nabiximols* (Sativex®) as add-on therapy, in subjects with refractory spasticity caused by multiple
sclerosis. European Journal of Neurology. 2011;18: 1122–1131. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21362108>. Acesso em:
06 de outubro de 2019.

29 PATTI F, MESSINA S, SOLARO C, AMATO MP, BERGAMASCHI R, BONAVITA S, BRUNO BOSSIO R, BRESCIA MORRA V, COSTANTINO GF, CAVALLA P,
CENTONZE D, COMI G, COTTONE S, DANNI M, FRANCIA A, GAJOFATTO A, GASPERINI C, GHEZZI A, IUDICE A, LUS G, MANISCALCO GT, MARROSU MG,
MATTA M, MIRABELLA M, MONTANARI E, POZZILLI C, ROVARIS M, SESSA E, SPITALERI D, TROJANO M, VALENTINO P, ZAPPIA M. Efficacy and safety of
cannabinoid oromucosal spray for multiple sclerosis spasticity. Journal Neurology Neurosurgery Psychiatry. 2016;87(9):944-51. Disponível em:
<https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/27160523>. Acesso em: 07 de outubro de 2019.

30 MARKOVÀ J, ESSNER U, AKMAZ B, MARINELLI M, TROMPKE C, LENTSCHAT A, VILA C. Sativex® as addon therapy vs. further optimized first-line
ANTispastics (SAVANT) in resistant multiple sclerosis spasticity: a double- blind, placebo-controlled randomised clinical trial. The International Jour-
nal of Neuroscience. 2019;129(2):119-128. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/29792372>. Acesso em 07 de outubro de 2019.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ITALO COELHO DE ALENCAR e TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DO CEARA, protocolado em 15/12/2020 às 22:02 , sob o número 02730624920208060001.
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CANNABIS PARA TRATAR SINTOMAS PROVOCADOS


POR TRATAMENTOS QUIMIOTERÁPICOS

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Essa é uma das indicações terapêuticas da Cannabis mais comprovada na contemporaneidade, devido à
redução de náusea e vômitos desencadeados por tratamento quimioterapias. Uma meta-análise com 30
ensaios clínicos randomizados, publicados de 1975 a 1996, avaliou e ratificou, em todos os estudos, a segu-
rança e efetividade de canabinoides no tratamento náusea e vômitos induzidos por quimioterapia. Os grupos
de controle nestes ensaios utilizaram desde placebo a medicamentos ativos indicados para tal finalidade.

Os doutores Tramer e sua equipe31 do departamento de anestesiologia, da Hôpitaux Universitaires, com-


provaram que os canabinoides Nabilona oral, dronabinol oral (tetra-hidrocanabinol) e levonantradol
foram mais eficientes que os demais antieméticos convencionais. Estes achados foram corroborados por
outro estudo de meta-análise, que comprovou o efeito antiemético dos canabinoides associados a terapias
para o tratamento do câncer, como descrito pelo psiquiatra Machado-Rocha e colaboradores32, da Univer-
sidade Federal de São Paulo.

CANNABIS PARA TRATAR TRANSTORNOS DO ESPECTRO AUTISTA


O doutor Veliskova33, da Faculdade de Medicina de Nova York, e seu colaboradores, sugerem que há
proximidade do espectro autista com os padrões epilépticos. Sendo possível, então, que o efeito anticon-
vulsivante e anti-inflamatório dos canabinoides possam auxiliar no tratamento de ambos os transtornos.
Segundo Aran e colaboradores34, há diminuição da circulação de endocanabinoides em indivíduos diag-
nosticados com transtorno do espectro autista. Pesquisadores35 da Universidade de Tel Aviv sugerem que
o tratamento com o CBD melhorou sintomas relacionados ao transtorno do espectro autista, como raiva,
autolesão, hiperatividade, problemas de sono e ansiedade e estaria se propagando como monoterapia
segura e eficaz. Outros pesquisadores israelenses36 corroboram com a assertiva que o Canabidiol é seguro
e eficaz no tratamento de crianças com o espectro autista.

31 TRAMER MR, CARROLL D, CAMPBELL FA, REYNOLDS JM, MOORE RA, MCQUAY HJ. Cannabinoids for control of chemotherapy induced nausea
and vomiting: quantitative systemic review. BMJ. 2001;323:16–21. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11440936>. Acesso
em 07 de outubro de 2019.

32 MACHADO ROCHA FC, STÉFANO SC, DE CÁSSIA HAIEK R, ROSA OLIVEIRA LM, DA SILVEIRA DX. Therapeutic use of Cannabis sativa on chemo-
therapy-induced nausea and vomiting among cancer patients: systematic review and meta-analysis. Eur J Cancer Care (Engl). 2008;17(5): 431-43.
Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18625004>. Acesso em 07 de outubro de 2019.

33 VELISKOVA J, SILVERMAN JL, BENSON M, LENCK-SANTINI PP. Autistic traits in epilepsy models: why, when and how? Epilepsy Research.
2018;144:62-70. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/29783181>. Acesso em: 07 de outubro de 2019.

34 ARAN A, EYLON M, HAREL M, POLIANSKI L, NEMIROVSKI A, TEPPER S, SCHNAPP A, CASSUTO H, WATTAD N, TAM J. Lower circulating endocanna-
binoid levels in children with autism spectrum disorder. Molecular Autism. 2019; 10:2. Disponível em: <https://molecularautism.biomedcentral.
com/articles/10.1186/s13229-019-0256-6>. Acesso em: 20 de setembro de 2019.

35 POLEG S, GOLUBCHIK P, OFFEN D, WEIZMAN A. Cannabidiol as a suggested candidate for treatment of autism spectrum disorder. Prog Neurop-
sychopharmacol Biol Psychiatry. 2019;89:90-96. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30171992>. Acesso em: 07 de outubro
de 2019.

36 BARCHEL D, STOLAR O, DE-HAAN T, ZIV-BARAN T, SABAN N, FUCHS DO, KOREN G, BERKOVITCH M. Oral Cannabidiol Use in Children With Autism
Spectrum Disorder to Treat Related Symptoms and Co- morbidities. Frontiers in Pharmacology. 2019; 9:1521. Disponível em: <https://www.fron-
tiersin.org/articles/10.3389/fphar.2018.01521/full>. Acesso em 07 de outubro de 2019.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ITALO COELHO DE ALENCAR e TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DO CEARA, protocolado em 15/12/2020 às 22:02 , sob o número 02730624920208060001.
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A doutora Lihi Bar-Lev Schleider37 e sua equipe avaliaram 188 pacientes. Acompanharam ao longo de seis
meses pacientes em tratamento com óleos enriquecidos com CBD e com baixos teores de THC. O estudo
prospectivo mostrou que 80% dos participantes apresentaram melhora significativa ou moderada dos
sintomas relacionados ao transtorno do espectro autista. Bar-Lev Schleider é fundadora do departamento
de pesquisa da Tikun Olam, o primeiro e maior fornecedor de Cannabis medicinal em Israel.

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0273062-49.2020.8.06.0001 e código 7E643EE.
CANNABIS PARA TRATAR ALZHEIMER
A literatura científica, tendo por referência estudos experimentais, aponta o substancial papel do sistema
endocanabinoide em processos de neuroinflamação, excitotoxicidade, estresse oxidativos e disfunção mi-
tocondrial relacionados à doença de Alzheimer. A pesquisa liderada por Dave Schubert38, professor e chefe
do Laboratório de Neurobiologia Celular, do Instituto Salk de Estudos Biológicos, na Califórnia, estudou a
eficácia dos canabinoides em uma plataforma pré-clínica de triagem de medicamentos para a doença de
Alzheimer. Testaram onze canabinoides quanto à neuroproteção em ensaios que recapitulam proteotoxi-
cidade, perda de suporte trófico, estresse oxidativo, perda de energia e inflamação. Os autores destacaram
que o potencial de neuproteção se dá pela sinergia entre diferentes canabinoides, notadamente do THC
com o Canabinol (CBN). Esses achados reforçam a premissa de que canabinoides purificados possam não
desempenhar todo o potencial terapêutico como quando estão em sinergia com outros.

Uma revisão sistemática realizada por Liu e colaboradores39, publicada em 2015 na revista CNS Drugs,
apontou a partir de evidências coletadas por cartas, estudos de casos e ensaios controlados que o THC
poderia ser utilizado para reduzir sintomas de agitação e agressividade provocados pela doença. No entan-
to advertiram para a necessidade de realização de ensaios clínicos que corroborem esta hipótese.

Os pesquisadores40 do Instituto de Pesquisa Sunnybrook, de Toronto, Canadá, realizaram um estudo de


meta-análise para avaliar os efeitos de canabinoides naturais e sintéticos para agitação e agressão na
doença de Alzheimer. Seis ensaios clínicos sobre o assunto foram revisados. O doutor Myuri Ruthirakuhan
e seus colaboradores apontaram que existe uma tendência na redução da agitação provocada pelo THC
sintético e que a sedação foi o principal evento adverso relatado. Apontaram também que, os canabinoi-
des não alteram os sintomas neuropsiquiátricos gerais nem o índice massa corporal, mas que, no entanto,
houve diferença de ação nos pacientes de menor índice de massa corporal em relação a aqueles de maior
índice. O estudo conclui que o tratamento apresenta um benefício em potencial para a agitação e agres-
sividade causada pelo Alzheimer e que novos ensaios podem auxiliar a elucidar essas questões adicionais.

37 BAR-LEV SCHLEIDER L, MECHOULAM R, SABAN N, MEIRI G, NOVACK V. Real life Experience of Medical Cannabis Treatment in Autism: Analysis of
Safety and Efficacy. Scientific Reports. 2019; 9(1): 200. Disponível em: <https://www.nature.com/articles/s41598-018-37570-y>. Acesso em 07 de
outubro de 2019.

38 SCHUBERT D, KEPCHIA D, LIANG Z, DARGUSCH R, GOLDBERG J, MAHER P. Efficacy of Cannabinoids in a Pre-Clinical Drug-Screening Platform for
Alzheimer’s Disease. Molecular Neurobiology. 2019; 1-12. Disponível em: <https://link.springer.com/article/10.1007/s12035-019-1637-8>. Acesso
em 07 de outubro de 2019.

39 LIU CS, CHAU SA, RUTHIRAKUHAN M, LANCTÔT KL, HERRMANN N. Cannabinoids for the Treatment of Agitation and Aggression in Alzheimer’s
Disease. CNS Drugs. 2015;29(8):615-23. Disponível em: <https://link.springer.com/article/10.1007/s40263-015-0270-y>. Acesso em 07 de outubro
de 2019.

40 RUTHIRAKUHAN M, LANCTÔT KL, VIEIRA D, HERRMANN N. Natural and Synthetic Cannabinoids for Agitation and Aggression in Alzheimer’s
Disease: A Meta-Analysis. The Journal of Clinical Psychiatry. 2019; 80(2). pii: 18r12617. Disponível em: <https://europepmc.org/abstract/
med/30753761>. Acesso em 07 de outubro de 2019.
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CANNABIS MEDICINAL
NA MÍDIA

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https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2019/10/senadora-se-tor- https://noticias.r7.com/internacional/equador-vota-contra-descriminal-
na-porta-voz-da-cannabis-no-congresso.shtml izar-aborto-e-aprova-maconha-medicinal-18092019

https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2019/10/farmaceuti- https://jconline.ne10.uol.com.br/canal/mundo/brasil/noticia/2019/09/26/
cas-de-cannabis-investem-na-formacao-de-medicos-e-captacao-de-pacien- caminho-mais-facil-para-conseguir-maconha-medicinal-389083.php
tes.shtml

https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2019/09/17/ h t t p s : / / w w w. c o r r e i o b r a z i l i e n s e . c o m . b r / a p p / n o t i c i a / c i e n c i a - e -
dodge-pede-que-stf-de-prazo-para-regulamentacao-da-cannabis-medicinal. saude/2019/09/17/interna_ciencia_saude,782762/presente-na-maconha-can-
ghtml ibinoide-combate-insonia-e-pesadelos.shtml
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https://istoe.com.br/anvisa-deve-legalizar-uso-de-maconha-em-tratamento- https://g1.globo.com/ce/ceara/noticia/2019/09/18/primeiro-brasileiro-adul-
de-saude/#.XYqjoA8sOPI.whatsapp to-autorizado-a-cultivar-cannabis-acredita-em-cenario-favoravel-pa-
ra-uso-medicinal.ghtml

https://www2.dti.ufv.br/noticias/scripts/exibeNoticiaMulti.php?cod- https://oglobo.globo.com/sociedade/ministro-da-saude-se-diz-favor-do-uso-
Not=31256&fbclid=IwAR19PgqVrghcBA2jxT8CeseQ-CvkhPOFaI7NDf3bfyM- da-maconha-medicinal-mas-descarta-uso-recreativo-23892707
kZ5IyrhcgVhrng_k

https://cannabisinc.blogfolha.uol.com.br/2019/08/10/israel-especializa-medi- https://www.poder360.com.br/economia/vinte-empresas-tem-interes-
cos-estrangeiros-em-cannabis/ se-em-cultivo-de-maconha-medicinal/

https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2019/08/o-plantio-de-maconha-para- https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/economia/2019/05/17/
fins-medicinais-deve-ser-liberado-no-brasil-nao.shtml internas_economia,755479/industria-da-maconha-vai-movimentar-us-194-
bilhoes-ate-2026-no-mundo.shtml
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http://www.portal.cfm.org.br/index.php?option=com_content&view=arti- https://veja.abril.com.br/revista-veja/o-pai-da-maconha-medicinal/
cle&id=27608:2018-04-27-16-12-01&catid=46

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canabidiol-e-questao-de-saude-publica ra-tratar-viciados-em-crack

https://saude.estadao.com.br/noticias/geral,usp-talks-discute-uso-de-canabi- https://piaui.folha.uol.com.br/materia/erva-generosa/
noides-e-maconha,70001716348.amp

https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2018/03/andre-malbergier-ma- https://piaui.folha.uol.com.br/lucrativa-como-chocolate/
conha-para-quem-precisa.shtml
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https://www.uol/noticias/especiais/o-negocio-da-erva.htm#o-negocio-da-er- http://www.thegreenhub.com.br/artigo/maconha-medicinal-pode-movimen-
va tar-r-4-7-bi-no-brasil

https://www.uol.com.br/universa/reportagens-especiais/a-erva-que-cura/in- https://apublica.org/2017/08/oleo-de-maconha-vira-farmacia-clandestina/
dex.htm#a-erva-que-cura

REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
https://maragabrilli.com.br/wp-content/uploads/2019/10/Referência-Bibliográfica.docx

COLABORAÇÃO TÉCNICA
Dr. Renato Filev
Pesquisador do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas

Dra. Carolina Nocetti


Médica e Consultora Técnica em Cannabis Medicinal
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Revista de Medicina e Saúde de Brasília ARTIGO DE REVISÃO

Canabinoides no tratamento da dor crônica


Cannabinoids for treatment of chronic pain

Marina Doles Ascenção1, Victor Rodrigues Lustosa1, Ledismar José da Silva2

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Resumo
A dor crônica é uma condição dispendiosa e clinicamente debilitante. Mundialmente prevalente, é
considerada um fenômeno biopsicossocial. A dor crônica inclui grande variedade de condições
clinicas bastante heterogêneas, e é o sintoma que mais comumente leva os pacientes a procurar
atendimento médico. Por teraltaprevalência e, por vezes, não responder satisfatoriamente aos
tratamentos convencionais, novas opções estão sempre sendo estudadas para seu tratamento. Entre
as possibilidades atuais, estão uso de canabinoides, um grupo de derivados da Cannabis sativa, que
já são utilizados para tratar outras afecções, como a epilepsia. Neste artigo, o uso do Δ9-
tetrahidrocanabinol (THC) no tratamento da dor crônica é revisado, enfatizando-se seu mecanismo
de ação e as limitações apontadas pela literatura.
Palavras chave: canabinoides, Cannabis sativa, dor crônica, receptores de canabinoides

Abstract
Chronic pain is a costly and clinically debilitating condition. It is prevalent worldwide and
considered a biopsychosocial phenomenon. Chronic pain includes a wide variety of very
heterogeneous clinical conditions, and it is the symptom that most commonly makes the patient
seek for medical care. Since it is highly prevalent and, at times, it does not respond satisfactorily to
conventional treatments, new options are always being studied for its treatment. Among the current
possibilities is the use of cannabinoids, a group of derivatives of Cannabis sativa, which have
already been used to treat other diseases such as epilepsy. In this article, the use of Δ9-
tetrahydrocannabinol (THC) for the treatment of chronic pain is reviewed, emphasizing its
mechanism of action as well as the limitations mentioned in the literature.
Keywords: cannabinoids, Cannabis sativa, chronic pain, cannabinoid receptors

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1. Graduados em Medicina pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás, Goiânia - GO


2. Médico Neurocirurgião, Mestre e Docente do Curso de Medicina da Pontifícia Universidade
Católica de Goiás, Goiânia - GO
E-mail do primeiro autor: marinadoles@hotmail.com
Recebido em 23/09/2016 Aceito, após revisão, em 25/10/2016
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Ascenção MD, Lustosa VR, Silva LJ


Canabinoides no tratamento da dor crônica

Introdução Foi realizada uma revisão de literatura


Os canabinoides fazem parte do grupo nas bases de dados LILACS e MEDLINE, em
de compostos químicos que produzem seus que foram selecionados artigos em inglês,

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efeitos por meio da ativação dos receptores português e espanhol publicados entre 2005 e
canabinoides no cérebro.1A Cannabis sativa, 2016.Como pré-requisito para a análise dos
planta da qual se derivam os canabinoides, artigos, foram usados os seguintes descritores,
vem sendo usada em medicina há séculos, nas três línguas: canabidiol; canabinoides; dor
havendo registros de seu uso desde a China crônica; tratamento de dor crônica; receptores
antiga, passando pela Europa Napoleônica e a de canabinoides; sistema endocanabinoide;
Inglaterra do século XIX.2,3No Brasil, há fitocanabinoides; Cannabis medicinal;
relatos de sua utilização desde o tetrahidrocanabinol.
descobrimento, em 1500, e sua criminalização
ocorreu a partir de 1920, durante o II Sistemacanabinoide
Congresso do Ópio, em Genebra. Um dos Até a década de 1980, acreditava-se
aspectos mais importantes de seu uso que os efeitos da C.sativa não eram mediados
medicinal envolve o tratamento da dor e das por receptores, pois, por serem os
epilepsias.2,4Utilizada legalmente em países canabinoides estruturas muito lipofílicas,
como Estados Unidos, Canadá, República pensava-se que pudessem atravessar as
Tcheca e Inglaterra com essa finalidade, ainda membranas celulares do cérebro e provocar
enfrenta grande resistência no Brasil, sendo seus efeitos.2,6Entre 1988 e 1990, porém, a
liberada apenas em alguns casos mediante descoberta do primeiro receptor canabinoide
ações judiciais.1-4Dado que a dor é um proporcionou uma reviravolta nas pesquisas
problema de saúde pública mundial e a acerca do seu uso medicinal, o que levou à
principal causa de procura por atendimento descoberta dos receptores canabinoides CB1 e
médico, são gastos muitos recursos todos os CB2 e seus ligantes endógenos.1,3,6A partir
anos em pesquisas para o desenvolvimento de disso, foi realizada uma análise mais
novos medicamentos para seu tratamento, criteriosa sobre seus efeitos no organismo e a
uma vez que muitos pacientes se tornam modulação da dor, em especial a dor
refratários às medicações, sendo necessárias crônica.1,3,6,7
novas opções.3,5 Os receptores canabinoides são
receptores de membrana acoplados à proteína
Método G (GPCR, do inglês G protein-coupled
receptor). A ativação desses receptores

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Canabinoides no tratamento da dor crônica

precipita uma reação em cadeia que inibe a medula espinhal e na periferia do SNC, zonas
enzima amplificadora adenilato ciclase, com de transmissão e modulação da dor. Os
consequente fechamento dos canais de cálcio, receptores CB1, localizados na porção pré-

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abertura dos canais de potássio e estimulação sináptica dos axônios, estão envolvidos no
de proteínas quinases. Após essa interação, há mecanismo de modulação da dor, pois inibem
decréscimo na liberação de o impulso nervoso da dor por supressão da
neurotransmissores.2,7-13 adenilato ciclase, que desencadeia a reação
Entre os receptores canabinoides, o mencionada anteriormente.1,5-9,15-18
CB1é o mais abundante e expresso
principalmente no sistema nervoso central Administração
(SNC), em áreas como córtex cerebral, Em diferentes estudos foram
hipocampo, gânglios da base, cerebelo e desenvolvidas várias formas de administração
hipotálamo. O CB1 afeta funções cognitivas, do THC, tais como spray de mucosa oral e
dor e memória a curto prazo, coordenação adesivos. Entretanto, a forma mais eficaz até
motora e termorregulação. Por essas o momento éa inalada, seja na forma de
características, está intimamente ligado aos cigarros ou em vaporizadores. Pela inalação,
efeitos antinociceptivos dos canabinoides. Já obtém-se o máximo de efeitos do THC, sendo
o CB2 é mais encontrado em células preconizada a dose máxima de 400mg de
relacionadas ao sistema imune.1,2,5,14 medicamento (contendo 9% de THC) dividida
O Δ9-tetrahidrocanabinol (THC) e o em quatro inalações ao dia. No caso da
canabidiol, os mais importantes componentes apresentação oral, a dose diária deve ser de 1g,
da C. sativa, têm forte efeito analgésico e visto que sua absorção é 2,5 vezes menor do
antiepilético, respectivamente. Para o que a inalada.1,2,3,17,19-21
tratamento de dor crônica e neuropática, o
THC é mais interessante, por ser responsável Indicações
pela maior parte dos efeitos desta planta, São recomendados como primeira
incluindo os psicoativos.7 linha de tratamento da dor crônica os
gabapentinoides, os antidepressivos tricíclicos
Mecanismo de ação dos canabinoides na e os inibidores seletivos de recaptação da
dor serotonina. Os analgésicos opioides são
O receptor CB1 está ligado a áreas recomendados como tratamento de segunda
como substância cinzenta periaqueductal, linha para dor moderada a grave.22O uso de
medula rostral ventromedial, corno dorsal da canabinoides demonstra ter efeito benéfico e

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Canabinoides no tratamento da dor crônica

está indicado como terceira linha de grau.25-27Também são contraindicados para


tratamento para pacientes com dor pacientes com histórico de uso recreativo de
neuropática severa, a qual interfere em suas C. sativa e, nestes casos, deve-se encaminhar

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funções diárias, bem como para aqueles com o paciente para tratamento da
baixa resposta ao uso de tratamentos dependência.25Em pacientes com histórico de
convencionais, com medicamentos da abuso de substâncias ou outras drogas
primeira e segunda linhas de tratamento, ou psicoativas, em decorrência da predisposição
que apresentem baixa tolerabilidade aos seus em desenvolver desordens de abuso dessas
efeitos colaterais.1,3,19,20,23O uso de substâncias, a terapia com canabinoides
canabinoides é indicado no tratamento de também é contraindicada.25,26
dores crônicas de diversas etiologias, sendo as O uso de canabinoides pode liberar
mais comuns as dores neuropáticas associadas catecolaminas, causando vasoconstrição e
a diabetes, vírus da imunodeficiência humana taquicardia. Em pacientes com doenças
(HIV)/AIDS, esclerose múltipla, artrite cardiovasculares, como angina e arritmia, e
reumatoide severa, fibromialgia, dores de naqueles com doenças cerebrovasculares,
origem oncológica, pós-traumas ou pós- devem ser usados com precaução. Seu uso
cirúrgicas e neuropatias periféricas.24 não é recomendado para gestantes pelo risco
de malformação do feto. Ainda deve ser
Contraindicações prescrito com cautela em pacientes com
O uso de canabinoides tem suas desordens de humor ou ansiedade, tabagistas,
contraindicações bem definidas, sendo etilistas crônicos ou com histórico de abuso
desaconselhada para pacientes menores de 25 de benzodiazepínicos, opioides ou outras
anos, pois seu uso em pessoas muito jovens drogas sedativas.3,19,20
predispõe a risco aumentado de transtornos
psicossociais, como ideação suicida, uso de Efeitos colaterais
drogas ilícitas e prejuízo da função cognitiva O espectro de efeitos colaterais do uso
a longo prazo.25,26Estudos observacionais de canabinoides é vasto e pode ser dividido
realizados na Suécia, Nova Zelândia, Holanda em efeitos desejáveis e indesejáveis. Dentro
e Alemanha demonstraram associação do primeiro grupo encontram-se os efeitos
consistente entre o uso dos canabinoides e a ansiolíticos, diminuição da percepção
ocorrência de episódios de psicose persistente dolorosa, ação anticonvulsivante e
em pacientes com histórico de psicose ou antiemética, estimulação do apetite em
história de psicose em parentes de primeiro pacientes inapetentes, melhora do sono,

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Ascenção MD, Lustosa VR, Silva LJ


Canabinoides no tratamento da dor crônica

diminuição da espasticidade com aumento do diferentes ao mesmo estímulo. A percepção


relaxamento do tônus muscular e controle do de dor não é um fenômeno simples, mas sim
glaucoma com redução da pressão intraocular. multidimensional, e sua cronicidadefica

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No segundo grupo estão taquicardia, caracterizada quando ocorre de maneira
hipertensão, despertares noturnos, diminuição ininterrupta por um período maior do que 3
da capacidade cognitiva, da concentração e da meses.11,31A dor crônica é o motivo mais
memória, ansiedade, psicose, alucinações, prevalente de procura de atendimento médico
depressão e apatia.2,3,7,19,26,28Alguns estudos no mundo, sendo bilhões de dólares gastos em
também sugerem efeitos positivos de seu combate todos os anos.1,5,11,31,32Sua
canabinoides para controlar sintomas da prevalência é de 1% a 2% e as opções de
síndrome de Tourette, da disfunção vesical tratamento são limitadas.24
em pacientes com esclerosemúltipla e da Muito embora o uso de C. sativatenha
discinesia induzida pela levodopa, utilizada eficáciacomprovada no tratamento da dor e
no tratamento da doença de Parkinson.3,7,13,29 seja descrito desde o terceiro milênio a.C., seu
Embora o uso medicinal de C. sativa uso medicinal foi discriminado nas décadas
possa levar à ocorrência de efeitos colaterais de 1970 e 1980.4,24Porém, a descoberta de
de ordem psíquica, estes são mais discretos do receptores canabinoides, presentes no SNC, e
que os experimentados com seu uso do sistema endocanabinoide e sua associação
recreativo, visto que para este último são com as vias de transmissão da dor, tornou o
inalados cerca de 1 g a 3g de C. sativa, uso de C. sativa uma alternativa aos
enquanto a dosagem medicinal é restrita a, no tratamentos convencionais. Em estudo de
máximo, 1g/dia. Não há relatos de overdose revisão no qual foram analisados 30 artigos
por C. sativa, uma vez que há quantidade randomizados, ficou demonstrado que em 25
baixa de receptores no tronco cerebral, o que deles houve resposta analgésica significativa
torna o risco de depressão cardiorrespiratória para o uso de canabinoides.33Além disso,o
ínfimo.2,3,19,30 utros estudos também demonstraram melhoria
significativa de problemas secundários, como
Discussão insônia, rigidez muscular e
Dor é definida como experiência espasticidade.33,34O uso de canabinoides
sensitiva e emocional desagradável, associada também mostrou resultado satisfatório quando
a lesões reais ou potenciais dos tecidos. Como comparado ao placebo.35-38Portanto,proibir
essa experiência é individual e subjetiva, seu uso significa privar pacientes de potencial
pacientes diferentes podem ter respostas

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Canabinoides no tratamento da dor crônica

melhoria de qualidade de vida proporcionada primeiro deles na América do Sul. Outros


pelo tratamento. países como Holanda, Espanha, Canadá e
A descoberta dos receptores alguns estados dos Estados Unidos têm

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endocanabinoides CB1 e CB2 permitiu a legislações específicas para o plantio e o uso
elucidação do modo de atuação de C. sativa de C. sativa.
no mecanismo da dor. O CB1, receptor mais
relacionado às vias de dor, quando ativado, Conclusão
bloqueia as vias de transmissão da dor através Os tratamentos clínicos disponíveis
dos canais dependentes de voltagem. A atualmente são insuficientes para o controle
ligação dos derivados de C. sativa, em da dor crônica refratária. Nesse contexto,
especial o THC, com o sistema de torna-se necessário o desenvolvimento de
identificação da dor evidencia que o tema não novos medicamentos para ampliar as
é apenas político-social, mas permeia a esfera possibilidades terapêuticas. Em concordância
científica, pois a dose e a forma de com os artigos revisados, o uso de C. sativa e
administração adequadas são benéficas para seus derivados, os canabinoides, constitui
pacientes que apresentaram falha terapêutica uma terapia antálgica promissora.
com o uso de terapias convencionais.
No Brasil, a Agência Nacional de Referências
Vigilância Sanitária (ANVISA) retirou o 1. Fine PG, Rosenfeld MJ. The
canabidiol da lista de substâncias proibidas endocannabinoid system, cannabinoids,

em 2015 e, em sua mais recente resolução, and pain. Rambam Maimonides Med J.

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vista como uma grande vitória, mas os
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medicamentos foram liberados apenas para o
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tratamento de epilepsia refratária e devem ser
therapeutic potential of cannabis and
importados em caráter de excepcionalidade
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prescrição médica.
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Rev Dor. São Paulo, 2016 jan-mar;17(1):47-51 ARTIGO DE REVISÃO

Cannabinoid derivatives and the pharmacological management of pain

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Derivados canabinóides e o tratamento farmacológico da dor
Marcos Adriano Lessa1, Ismar Lima Cavalcanti2, Nubia Verçosa Figueiredo3

DOI 10.5935/1806-0013.20160012

ABSTRACT RESUMO

BACKGROUND AND OBJECTIVES: Medical properties of JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: As propriedades medicinais


Cannabis sativa have been reported for centuries for the treatment da Cannabis sativa têm sido relatadas por muitos séculos para o
of different disorders and, more recently, to manage pain. This stu- tratamento de diversos distúrbios e, mais recentemente, para o
dy aimed at reviewing major pharmacological advances of the en- tratamento da dor. O objetivo deste estudo foi revisar os princi-
docannabinoid system and the potential therapeutic use of some pais avanços na farmacologia do sistema endocanabinóide e no
cannabinoid compounds to manage different types of pain. potencial uso terapêutico de alguns compostos canabinóides no
CONTENTS: A search was carried out in Pubmed, Scielo and tratamento de diversas formas de dor.
Lilacs databases to identify studies and literature reviews on the CONTEÚDO: Foi realizada uma busca nos bancos de dados
pharmacology and therapeutic use of cannabinoids for pain. The Pubmed, Scielo e Lilacs, identificando-se estudos e revisões da
following keywords were used: Cannabis sativa, tetra-hydrocan- literatura sobre a farmacologia e o uso terapêutico de substâncias
nabinol, cannabidiol, sativex®, cannador®, cannabinoids, endo- canabinóides em dor. Nessa busca foram utilizadas as seguintes
cannabinoid, pain and neuropathic pain. Synthetic cannabi- palavras-chaves: Cannabis sativa, tetra-hidrocanabinol, canabi-
noids and Cannabis sativa extracts have shown analgesic effects diol, sativex®, cannador®, canabinóides, endocanabinóide, dor e
in several clinical trials, suggesting their potential role for pain dor neuropática. Os canabinóides sintéticos e os extratos de Can-
management, especially neuropathic pain. Synthetic cannabi- nabis sativa apresentaram efeito analgésico em diversos ensaios
noids and CS extracts have also induced anxiolytic effects when clínicos, sugerindo um potencial papel no tratamento da dor,
used as adjuvants to treat cancer pain, rheumatoid arthritis and em particular naquela de origem neuropática. Os canabinóides
multiple sclerosis. However, significant adverse effects, such as sintéticos e os extratos de Cannabis sativa também apresentaram
euphoria, depression and sedation limit the clinical use of such efeitos ansiolíticos quando usados como adjuvantes no tratamen-
cannabinoids.
to da dor no câncer, na artrite reumatoide e na esclerose múlti-
CONCLUSION: Further understanding of endocannabinoid
pla. Porém, efeitos adversos significativos, como euforia, depres-
system pharmacology, together with study results involving pain
são e sedação limitam o uso clínico desses agentes canabinóides.
management with cannabinoid substances may be very useful for
CONCLUSÃO: Um melhor conhecimento sobre a farmacolo-
the development of drugs allowing a significant advance in the
gia do sistema endocanabinóide, juntamente com os resultados
treatment of patients with painful syndromes, especially difficult
dos estudos envolvendo o tratamento da dor com substâncias de
to control. However, further studies are needed to confirm such
natureza canabinóide, podem ser de grande valor para o desen-
findings and to determine the safety of such compounds.
volvimento de fármacos que permitam um avanço significativo
Keywords: Cannabis, Endocannabinoids, Management, Pain,
Pharmacology, na terapêutica de pacientes portadores de síndromes dolorosas,
em particular nos casos de difícil controle. Porém, mais estudos
são necessários para confirmar esses resultados e determinar a se-
gurança desses compostos.
Descritores: Cannabis, Dor, Endocanabinóides, Farmacologia,
1. Fundação Oswaldo Cruz, Instituto Oswaldo Cruz, Laboratório de Investigação Cardio-
vascular, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Tratamento.
2. Universidade Federal Fluminense, Faculdade de Medicina, Departamento de Cirurgia
Geral e Especializada, Niterói, RJ, Brasil.
3. Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Departamento de
INTRODUÇÃO
Cirurgia, Curso de Especialização em Dor e Cuidados Paliativos Oncológicos. Rio de Ja-
neiro, RJ, Brasil. Dentre todas as espécies de plantas domesticadas pelo ser hu-
Apresentado em 01 de setembro de 2015. mano, talvez nenhuma tenha a versatilidade da Cannabis sativa
Aceito para publicação em 22 de janeiro de 2016. (CS). Popularmente conhecida no Brasil pelo seu nome africano,
Conflito de interesses: não há – Fontes de fomento: não há.
a maconha tem feito parte da história da humanidade por cente-
Endereço para correspondência: nas de anos. Desde a Bíblia de Gutemberg e o papel-moeda, até
Hospital Universitário Clementino Fraga Filho - Departamento de Cirurgia
Rua Professor Rodolpho Paulo Rocco, 255, 11º A. Setor F salas 11 e 12 o texto original da constituição norte americana, a fibra derivada
21941-913 Rio de Janeiro, RJ, Brasil. da CS foi amplamente utilizada na produção de papel. Além de
E-mail: malessa@ioc.fiocruz.br
seu efeito psicoativo, a CS possui importância nutricional, medi-
© Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor cinal e industrial como alimento, fármaco, fibra, e óleo combus-

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fls. 202
Rev Dor. São Paulo, 2016 jan-mar;17(1):47-51 Lessa MA, Cavalcanti IL e Figueiredo NV

tível, além da utilização em cerimônias religiosas em diversas re- FARMACOLOGIA DO SISTEMA ENDOCANABINÓIDE
giões do mundo. Recentemente, no Brasil, a polêmica discussão

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sobre o uso medicinal da CS recrudesceu, devido à necessidade Em 1988 foi identificado o primeiro receptor canabinóide2, pos-
de autorização judicial para a importação do canabidiol usado teriormente denominado receptor endocanabinóide 1 (CB1). Em
no tratamento de crianças com crises convulsivas refratárias aos 1993, um segundo receptor foi descoberto e designado receptor en-
tratamentos convencionais. docanabinóide 2 (CB2)3. Ambos os receptores pertencem à família
O uso medicinal da planta CS tem sido recomendado para di- de proteínas de membrana celular acopladas às proteínas Gi/o. A
versas condições clínicas há muitos séculos1. Nesse sentido, vale a distribuição tecidual dos receptores CB1, principalmente nos gân-
pena ressaltar que as duas classes de fármacos mais utilizados no glios da base, cerebelo, hipocampo, córtex, medula espinhal e em
tratamento da dor (opioides e anti-inflamatórios), são de origem nervos periféricos, explica a maior parte dos efeitos psicotrópicos das
vegetal. O consumo popular da casca do salgueiro para o trata- substâncias endocanabinóides4. Os receptores CB2 são encontrados
mento da dor e os estudos subsequentes dessa planta levaram ao nas células do sistema imune5, o que em parte pode explicar os efei-
desenvolvimento da aspirina e, posteriormente, à descoberta do tos dessas substâncias sobre a dor e a inflamação.
papel das prostaglandinas na inflamação e na dor. O ópio, obtido Os canabinóides são divididos em três tipos: os fitocanabinóides,
a partir da seiva da papoula, deu origem à morfina que é o pro- os canabinóides sintéticos e os canabinóides endógenos ou endo-
tótipo dos analgésicos opioides e que permitiu a caracterização canabinóides, que são substâncias químicas naturais, representadas
de uma série de peptídeos, receptores, enzimas e vias de sinali- principalmente pela anandamida (N-araquidonoil etanolamina)
zação que formam o sistema opioide endógeno. A partir desses e pelo 2-araquidonoil glicerol. A anandamida e o 2-araquidonoil
conhecimentos houve um grande desenvolvimento científico- glicerol são compostos encontrados em diversos animais, especial-
-tecnológico relacionado à produção e à utilização desses com- mente naqueles que hibernam, e estão fisiologicamente relacionados
postos e seus derivados. De maneira semelhante, os estudos re- a funções como «relaxar, comer, dormir, esquecer e proteger»6. O
lacionados às propriedades farmacológicas da CS e seu potencial SEC engloba os endocanabinóides, suas enzimas de síntese e de ca-
uso terapêutico ganharam grande impulso nas últimas décadas, tabolismo e seus receptores correspondentes7. O nome anandamida
principalmente, a partir do isolamento, em 1964, do seu prin- deriva do termo sanscrítico ananda que significa êxtase, felicidade
cipal componente psicoativo, o Δ9-tetra-hidrocanabinol (THC). suprema, gozo ou bem-aventurança. Tanto a anandamida como o
Esse avanço propiciou a descoberta do sistema “canabinérgico” 2-araquidonoil glicerol são agonistas dos receptores CB1 e CB2. Po-
endógeno posteriormente denominado de sistema endocana- rém, devido ao envolvimento em um número maior de vias meta-
binóide (SEC) ou canabinóide endógeno. Diversas evidências bólicas, os níveis celulares e teciduais do 2-araquidonoil glicerol são
clínicas e experimentais vêm sugerindo a participação do SEC mais elevados quando comparado aos da anandamida. Evidências
na modulação da dor1, abrindo espaço para o desenvolvimento clínicas e experimentais sugerem que o SEC, que é constituído pe-
farmacêutico nessa área. los receptores endocanabinóides, seus ligantes endógenos e enzimas
O objetivo deste estudo foi revisar os principais avanços na farma- de síntese e metabolização, pode ter papel importante fisiológico na
cologia do sistema endocanabinóide e o uso terapêutico de alguns regulação de várias vias de sinalização, incluindo aquelas envolvidas
compostos canabinóides no tratamento de diversas formas de dor. na fisiopatologia da dor.
A maior parte dos endocanabinóides identificados até o momento é
CONTEÚDO derivada de ácidos graxos poli-insaturados de cadeia longa, especifi-
camente, o ácido araquidônico. Assim, a anandamida e o 2-araqui-
Os artigos selecionados para a presente revisão foram identifi- donoil glicerol são formados por vias dependentes de fosfolipídios,
cados por meio de busca eletrônica nos bancos de dados Pub- cujas enzimas de síntese são a N-acilfosfatidiletanolamida-fosfolipa-
med, Scielo e Lilacs. Nessa busca foram utilizadas as seguintes se D seletiva e a sn-1-diacilglicerol lipase seletiva, respectivamente8,9.
palavras-chaves: Cannabis sativa, tetra-hidrocanabinol, canabi- Após sua liberação, a anandamida e o 2-araquidonoil glicerol sofrem
diol, sativex®, cannador®, canabinóides, endocanabinóide, dor e processo de recaptação neuronal, em seguida, são rapidamente me-
dor neuropática. A seleção foi composta por estudos e revisões tabolizadas em compostos inativos pela FAAH (do inglês - fatty acid
da literatura sobre a farmacologia e o uso terapêutico de deri- amide hydrolase) e pela MGL lipase (do inglês - monoacyl glicerol),
vados canabinóides em dor. Também foram incluídos trabalhos respectivamente10,11. A anandamida é hidrolisada pela FAAH em
que utilizaram fármacos produzidos a partir do extrato bruto da produtos de degradação do ácido araquidônico e etanolamina12. Já
planta. o 2-araquidonoil glicerol é hidrolisado pela enzima MGL em áci-
Realizou-se na sequência uma revisão das listas de referências dos ar- do araquidônico e glicerol13. A FAAH é uma enzima pós-sináptica
tigos utilizados e foram incluídos trabalhos clínicos e experimentais. que controla os níveis de anandamida perto dos locais de síntese, ao
Considerando a ampla variação individual nas diferentes amostras passo que MGL é uma enzima pré-sináptica14 que controla os níveis
estudadas, não foram arbitradas dose ou composição entre diferentes de 2-araquidonoil glicerol após sua ação nos receptores CB1. É intri-
canabinóides. Não foram incluídos na presente revisão estudos que gante perceber que os dois endocanabinóides são degradados tanto
utilizaram a CS fumada, devido às características relacionadas ao seu de forma pré-sináptica (2-araquidonoil glicerol) como pós-sináptica
uso, tais como: experiências anteriores do usuário que dificultam a (anandamida), tornando a modulação da atividade da FAAH e da
realização de um estudo encoberto; utilização de dispositivos para a MGL importante alvo farmacológico com potencial uso terapêutico.
combustão da planta etc. O SEC está ativo tanto no sistema nervoso central (SNC) quanto

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no sistema nervoso periférico atuando na modulação espinhal, su- ENSAIOS CLÍNICOS SOBRE O USO DE CANABINÓI-
praespinhal e periférica da dor15,16. As substâncias endocanabinóides DES SINTÉTICOS E DOR

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são produzidas por demanda no SNC, com o objetivo de reduzir a
sensibilidade à dor17. Diversos estudos já documentaram a existência Classicamente indicado para o tratamento da perda de apetite em
de alta atividade do SEC em centros chaves de integração da dor18-22. pacientes com vírus da imunodeficiência humana e para o tratamen-
Os endocanabinóides parecem ser mediadores envolvidos na modu- to de náuseas e vômitos em paciente em quimioterapia, o drona-
lação de fenômenos dolorosos como o wind up23 e a alodínia24. Peri- binol encontra-se disponível no mercado americano com o nome
fericamente, a ativação dos receptores CB1 parece exercer uma ação comercial de Marinol® em cápsulas gelatinosas de 2,5, 5 e 10mg.
importante na redução tanto da hiperalgesia como da alodínia25,26. O dronabinol foi utilizado em estudos com pacientes portadores
Por meio de mecanismos mediados por CB1 e CB2, o SEC parece de dor neuropática47,48, mas sem benefício significativo no controle
ter papel importante também na dor periférica, particularmente em dos sintomas álgicos, além de apresentar efeitos adversos importan-
processos inflamatórios e no fenômeno da hiperalgesia26. A resposta tes que limitaram seu uso. Na dor da esclerose múltipla, o drona-
inflamatória mediada por astrócitos e microglia depende de meca- binol produziu alívio significativo49, porém, na dor pós-operatória
nismos que envolvem a ativação dos receptores CB2 espinhais27. O não houve efeito benéfico evidente50. O dronabinol já foi utilizado
THC inibe a síntese de prostaglandina E-228 e estimula a lipoxigena- para aliviar o prurido em pacientes com icterícia, porém não foram
se29, porém não afeta a síntese de cicloxigenase-1 e cicloxigenase-230. realizados estudos controlados nessa área, sendo esse efeito descrito
Além de uma ação anti-inflamatória, as substâncias canabinóides apenas como relato de casos51. Em estudo de crossover, o dronabinol
também apresentam atividade antioxidante via mecanismos não foi avaliado em pacientes com dor não oncológica crônica em uso
canabinóides31. de opioides e os resultados foram significativos no que se refere ao
O canabidiol, que é um fitocanabinóide presente em altas con- alívio da dor52. Em estudo em pacientes com lesão medular e dor
centrações no extrato bruto de CS, inibe tanto a FAAH quanto a neuropática, o dronabinol não foi superior à difenidramina53.
recaptação de anandamida32, além de reduzir o metabolismo hepá- A nabilona que tem como nome comercial Cesamet®, é outro aná-
tico do THC, o que reduz assim as alterações psicóticas e os sinais logo semissintético do THC, disponível em cápsulas orais de 1 e
e sintomas de ansiedade33. Dessa maneira, o canabidiol parece agir 2mg, tanto nos Estados Unidos como na Europa. Apresenta efeito
como um modulador do SEC, atenuando os efeitos do THC sobre terapêutico mais prolongado do que o THC por possuir potência
o comportamento34, o apetite35 e sobre a memória de curto prazo36. farmacológica aproximadamente 10 vezes maior, assim como tam-
O canabidiol parece ser eficaz no controle da dor da endometrio- bém por apresentar maior meia-vida54. Apesar dos relatos do uso da
se, entre outras condições, particularmente naquelas que podem ser nabilona no tratamento da dor neuropática55 e de outras síndromes
consideradas como dor mediada pelo SEC37. Alta atividade canabi- dolorosas56, sua indicação clássica é como agente antiemético para
nóide já foi documentada em diversas áreas mediadoras da resposta pacientes em quimioterapia. Em pacientes com polineuropatia, o
dolorosa no trato gastrintesninal38,39. uso de nabilona resultou em redução significativa da dor após três
As substâncias canabinóides inibem especificamente a liberação de meses de uso57. Um estudo controlado com uso de nabilona três
glutamato no hipocampo40 reduzindo a resposta dolorosa mediada vezes ao dia em pacientes com dor pós-operatória demonstrou au-
por NMDA28 e, com isso, poderiam ser úteis no tratamento de dis- mento nos valores da escala analógica visual (EAV)58. Em um estudo
túrbios dolorosos mediados por NMDA41, como enxaqueca, fibro- duplamente encoberto em pacientes com síndrome espástica mis-
mialgia e em outras doenças nas quais mecanismos glutamatérgicos ta, a nabilona melhorou os escores de dor quando comparada ao
parecem estar envolvidos42. placebo59, porém, não houve melhora em outros parâmetros, tais
Uma abordagem farmacológica promissora e com particular in- como espasticidade, função motora ou atividades do dia a dia. Em
teresse para a terapia da dor é a combinação de agentes canabi- estudo duplamente encoberto em crossover comparando a nabilona
nóides e opioides. Substâncias canabinóides e o SEC apresentam com a dihidrocodeína na dor neuropática60, ambos os fármacos não
diferentes níveis de interação com o sistema opioide endógeno. induziram efeitos satisfatórios. Em outro estudo controlado em pa-
Os mecanismos de interação do sistema canabinóide com o sis- cientes portadores de fibromialgia, o uso de nabilona versus placebo
tema opioide reconhecidos são: liberação de endorfina43; efeito demonstrou redução significativa na EAV e efeito ansiolítico61. Um
poupador de opioides44; redução dos fenômenos de tolerância e trabalho mais recente com nabilona versus amitriptilina em pacien-
abstinência de opioides45; e resgate da analgesia por opioide após o tes com fibromialgia evidenciou efeitos benéficos apenas nos parâ-
fenômeno de tolerância46. É interessante perceber que parece haver metros relacionados ao sono, sem resultados significativos na dor, no
sinergismo farmacológico entre substâncias canabinóides e opioi- humor ou mesmo na qualidade de vida62. Bestard e Toth, analisando
des, e que esse fenômeno poderia potencializar os efeitos analgé- o uso de nabilona versus gabapentina, encontraram efeitos compará-
sicos de ambas, reduzindo assim as doses utilizadas sem prejuízo veis na redução da dor neuropática periférica e em outros sintomas63.
do efeito terapêutico, além de diminuir de maneira significativa os Porém, de uma maneira geral, efeitos adversos significativos, princi-
seus efeitos adversos. palmente sedação e euforia, também limitaram seu uso na maioria
Com base nos mecanismos de ação mencionados, assim com nas dos estudos.
interações farmacológicas descritas para as substâncias canabinóides O ácido ajulêmico, outro análogo sintético do THC64, foi utiliza-
e para o SEC, é possível sugerir que uma alteração funcional do do por Karst et al. em ensaio clínico controlado em pacientes que
SEC pode contribuir de maneira significativa para o surgimento ou apresentavam quadro de dor neuropática periférica, demonstrando
agravamento de estados de dor patológica. aparente melhora nos sintomas relacionados à dor65.

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BASE DE CANNABIS E DOR

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O Cannador é um fármaco administrado em cápsulas orais que
®
2. Devane WA, Dysarz FA 3rd, Johnson MR, Melvin LS, Howlett AC. Determina-
é feito a partir do extrato bruto da CS com diferentes razões tion and characterization of a cannabinoid receptor in rat brain. Mol Pharmacol.
1988;34(5):605-13.
THC/canabidiol33, mas que de uma maneira geral é de aproxi- 3. Munro S, Thomas KL, Abu-Shaar M. Molecular characterization of a peripheral re-
madamente 2:1. O Cannador® foi utilizado em pacientes com ceptor for cannabinoids. Nature. 1993;365(6441):61-5.
4. Ameri A. The effects of cannabinoids on the brain. Prog Neurobiol. 1999;58(4):315-48.
alterações da espasticidade na esclerose múltipla66,67 e apresentou 5. Porter AC, Felder CC. The endocannabinoid nervous system: unique opportunities
leve redução na dor pós-operatória68. Porém, os efeitos adversos, for therapeutic intervention. Pharmacol Ther. 2001;90(1):45-60.
tais como sedação e alterações psicoativas foram evidentes68. 6. Di Marzo V, Bisogno T, De Petrocellis L. Endocannabinoids: new targets for drug
development. Curr Pharm Des. 2000;6(13):1361-80.
Sativex® é um medicamento produzido a partir do extrato bruto 7. Pacher P, Bátkai S, Kunos G. The endocannabinoid system as an emerging target of
da planta, administrado como um spray bucal que combina um pharmacotherapy. Pharmacol Rev. 2006;58(3):389-462.
8. Okamoto Y, Morishita J, Tsuboi K, Tonai T, Ueda N. Molecular characteriza-
efeito agonista parcial em CB1 e CB2. Além de THC e canabidiol, tion of a phospholipase D generating anandamide and its congeners. J Biol Chem.
o Sativex® possui em sua composição outros canabinóides meno- 2004;279(7):5298-305.
9. Bisogno T, Howell F, Williams G, Minassi A, Cascio MG, Ligresti A, et al. Cloning of
res, propileno glicol, terpenóides, etanol e excipiente aromati- the first sn1-DAG lipases points to the spatial and temporal regulation of endocanna-
zante de hortelã33,69. O Sativex® tem sido utilizado no tratamento binoid signaling in the brain. J Cell Biol. 2003;163(3):463-8.
da dor do câncer refratária ao uso de opioides e para o alívio de 10. De Petrocellis L, Cascio MG, Di Marzo V. The endocannabinoid system: a general
view and latest additions. Br J Pharmacol. 2004;141(5):765-74.
sintomas relacionados à esclerose múltipla, como, por exemplo 11. Bisogno T, De Petrocellis L, Di Marzo V. Fatty acid amide hydrolase, an enzyme
dor neuropática de origem central e espasticidade. O Sativex® é with many bioactive substrates. Possible therapeutic implications. Curr Pharm Des.
2002;8(7):533-47.
formulado a partir de duas linhagens de CS nas quais predomi- 12. Cravatt BF, Giang DK, Mayfield SP, Boger DL, Lerner RA, Gilula NB. Molecular
nam THC e canabidiol70. O uso do Sativex® apresentou resulta- characterization of an enzyme that degrades neuromodulatory fatty-acid amides. Na-
ture. 1996;384(6604):83-7.
dos satisfatórios em pacientes com dor refratária a tratamentos 13. Dinh TP, Freund TF, Piomelli D. A role for monoglyceride lipase in 2-arachidonoyl-
convencionais e/ou com sintomas neurogênicos71 e em pacientes glycerol inactivation. Chem Phys Lipids. 2002;121(1-2):149-58.
com dor crônica intratável72. Em pacientes com dor crônica por 14. Gulyas AI, Cravatt BF, Bracey MH, Dinh TP, Piomelli D, Boscia F, et al. Segre-
gation of two endocannabinoid-hydrolyzing enzymes into pre- and postsynaptic
avulsão do plexo braquial o Sativex® também produziu redução compartments in the rat hippocampus, cerebellum and amygdala. Eur J Neurosci.
significativa da dor 73. O uso de Sativex® em indivíduos portado- 2004;20(2):441-58.
15. Walker JM, Hohmann AG. Cannabinoid mechanisms of pain suppression. Handb
res de artrite reumatoide melhorou de forma significativa a dor Exp Pharmacol. 2005;(168):509-54.
tanto em repouso como em movimento74. O Sativex® também foi 16. Rahn EJ, Hohmann AG. Cannabinoids as pharmacotherapies for neuropathic pain:
from the bench to the bedside. Neurotherapeutics. 2009;6(4):713-37.
utilizado em pacientes com quadro clínico de dor neuropática 17. Richardson JD, Aanonsen L, Hargreaves KM. SR 141716A, a cannabinoid receptor
periférica associada com alodínia e novamente reduziu os níveis antagonist, produces hyperalgesia in untreated mice. Eur J Pharmacol. 1997;319(2-
tanto de dor como de alodínia75. 3):R3-4.
18. Walker JM, Huang SM, Strangman NM, Tsou K, Sañudo-Peña MC. Pain modulation
Em praticamente todos os ensaios clínicos em dor crônica, o by release of the endogenous cannabinoid anandamide. Proc Natl Acad Sci U S A.
Sativex® melhorou de forma significativa a qualidade do sono, 1999;96(21):12198-203.
19. Walker JM, Hohmann AG, Martin WJ, Strangman NM, Huang SM, Tsou K. The
não por um efeito sedativo do fármaco, mas pela significativa neurobiology of cannabinoid analgesia. Life Sci. 1999;65(6-7):665-73.
redução dos sintomas76. Os efeitos adversos do Sativex® podem 20. Martin WJ, Hohmann AG, Walker JM. Suppression of noxious stimulus-evoked
activity in the ventral posterolateral nucleus of the thalamus by a cannabinoid ago-
ser considerados leves, sendo os mais comuns: gosto amargo, nist: correlation between electrophysiological and antinociceptive effects. J Neurosci.
ardor oral, boca seca, tontura, náusea e fadiga. As sequelas psi- 1996;16(20):6601-11.
coativas são precoces e transitórias e têm sido notadamente re- 21. Hohmann AG, Martin WJ, Tsou K, Walker JM. Inhibition of noxious stimulus-
-evoked activity of spinal cord dorsal horn neurons by the cannabinoid WIN 55,212-
duzidas pela aplicação de um esquema de titulação mais lento 2. Life Sci. 1995;56(23-24):2111-8.
e menos agressivo. 22. Richardson JD, Aanonsen L, Hargreaves KM. Antihyperalgesic effects of spinal can-
nabinoids. Eur J Pharmacol. 1998;345(2):145-53.
23. Strangman NM, Walker JM. Cannabinoid WIN 55,212-2 inhibits the activity-depen-
CONCLUSÃO dent facilitation of spinal nociceptive responses. J Neurophysiol. 1999;82(1):472-7.
24. Rahn EJ, Makriyannis A, Hohmann AG. Activation of cannabinoid CB1 and CB2
receptors suppresses neuropathic nociception evoked by the chemotherapeutic agent
Os estudos farmacológicos e os ensaios clínicos suportam parcial- vincristine in rats. Br J Pharmacol. 2007;152(5):765-77.
mente o uso dos agentes canabinóides como analgésicos para a 25. Ibrahim MM, Porreca F, Lai J, Albrecht PJ, Rice FL, Khodorova A, et al. CB2 canna-
binoid receptor activation produces antinociception by stimulating peripheral release
dor crônica, criando a perspectiva de que os fármacos à base de of endogenous opioids. Proc Natl Acad Sci U S A. 2005;102(8):3093-8.
fitocanabinóides e canabinóides sintéticos possam vir a ser utili- 26. Richardson JD, Kilo S, Hargreaves KM. Cannabinoids reduce hyperalgesia and in-
flammation via interaction with peripheral CB1 receptors. Pain. 1998;75(1):111-9.
zados como adjuvantes para o tratamento da dor, particularmen- 27. Luongo L, Palazzo E, Tambaro S, Giordano C, Gatta L, Scafuro MA, et al.
te aquela de origem neuropática. Devido ao perfil farmacológico 1-(2’,4’-dichlorophenyl)-6-methyl-N-cyclohexylamine-1,4-dihydroindeno[1,2-c]
pyraz ole-3-carboxamide, a novel CB2 agonist, alleviates neuropathic pain through
único, com efeito multimodal e o baixo risco de efeitos adver- functional microglial changes in mice. Neurobiol Dis. 2010;37(1):177-85.
sos graves, os agentes canabinóides têm potencial de oferecer ao 28. Burstein S, Levin E, Varanelli C. Prostaglandins and cannabis. II. Inhibition
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Porém, mais estudos são necessários para confirmar a eficácia e 29. Fimiani C, Liberty T, Aquirre AJ, Amin I, Ali N, Stefano GB. Opiate, cannabinoid,
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relação à incidência e à intensidade dos efeitos adversos nos tra- 30. Russo EB, Hohmann AG. Role of Cannabinoids in Pain Management. In: Deer TR,
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51
2017
Belo Horizonte
Instituto de Ciências Biológicas
Departamento de Farmacologia
Especialização em Farmacologia
Universidade Federal de Minas Gerais

O PAPEL DOS ENDOCANABINOIDES NO CONTROLE DA DOR


fls. 206

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2017
Belo Horizonte
título

Gerais.
MARINA DE SOUZA OLIVEIRA

de
Farmacologia
O PAPEL DOS ENDOCANABINOIDES NO CONTROLE DA DOR

Especialista
apresentado

Gomes Miranda e Castor Romero


como requisito parcial, para obter o

à
em

Universidade Federal de Minas

Orientadora: Profa. Dra. Marina


Trabalho de Conclusão de Curso,
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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, o Todo Poderoso, sem O qual não sou nada. Toda honra, glória e

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louvor sejam dados a Ele.

Aos meus pais e meu irmão, pelo apoio e incentivo e por sempre acreditarem em mim.
Amo vocês!

À minha orientadora, Profa. Dra. Marina Gomes Miranda e Castor Romero, que muito
contribuiu com seus comentários e sugestões, pela excelente orientação.

A todos os professores que me acompanharam nessa jornada, compartilhando seus


preciosos conhecimentos, pela contribuição na minha formação profissional.

À Universidade Federal de Minas Gerais pela visão, missão e compromisso com a


formação da sociedade.

Aos colegas de classe, pela amizade, companheirismo e troca de experiências que


muitas vezes enriqueceram as aulas.

A todos que, de alguma forma, contribuíram para a realização deste trabalho.


Deus, não sou o que era antes.”
mas lutei para que o melhor fosse feito.
Não sou o que deveria ser, mas graças a
“Talvez não tenha conseguido fazer o melhor,

(Martin Luther King)


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RESUMO

A dor é um fenômeno essencial para a sobrevivência dos seres vivos e, além

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do processamento do estímulo nocivo, sofre influência das experiências emocionais
do indivíduo afetado e pode ser associada ao sofrimento. Se prolongada e/ou intensa
pode causar incapacidade física e psicológica, impedindo que os afazeres cotidianos
sejam realizados. Assim, a dor provoca problemas psicossociais e econômicos à toda
a população atingida. O tratamento atual é realizado principalmente com anti-
inflamatórios não esteroidais e opioides, entretanto os fármacos dessas classes
possuem efeitos adversos que os tornam contraindicados em diversas situações. O
uso de canabinoides, produtos derivados da planta Cannabis sativa, despertou a
atenção para o sistema endocanabinoide, composto pelos receptores CB 1, CB2 e
GPR55 seus agonistas endógenos, como anandamida, palmitoletanolamina e 2-
araquidonilglicerol e enzimas que os metabolizam, entre elas FAAH e MAGL. O
sistema endocanabinoide representa um potencial alvo terapêutico para o tratamento
da dor, portanto, o objetivo desse trabalho é analisar a importância do sistema
endocanabinoide no controle da dor através de revisão de literatura.

Palavras chave: dor, nocicepção, endocanabinoides, receptores canabinoides.


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ABSTRACT

Pain is a phenomenon that is essential to the survival of living things in general and

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not only is responsible to the neuronal processing of noxious stimuli, but it is also
connected to the affected individual's emotional experiences, being constantly
associated with suffering. When extended and/or intense, it becomes a major problem,
managing to provoke physical and psychological disability, preventing the execution of
daily chores. Therefore, pain causes psychosocial and economic problems to the
affected population in its entirety. Current treatments are mainly performed with
nonsteroidal anti-inflammatory drugs and opioids. However, drugs pertaining to these
classes have side effects that make them contraindicated in several situations. The
use of cannabinoids, a Cannabis sativa plant derived product, for medicinal purposes
has aroused attention to the endocannabinoid system, which is composed by the CB 1
and CB2 receptors, their agonists and the enzymes that metabolize them. The
endocannabinoid system represents a potential therapeutic target for pain treatment;
therefore the purpose of this work is to analyze the importance of the endocannabinoid
system in pain modulation, through literature review.

Keywords: pain, nociception, endocannabinoids, cannabinoid receptors.


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LISTA DE ABREVATURAS E SIGLAS

2-AG 2-araquidonoilglicerol

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AA Ácido araquidônico
AC Adenilato ciclase
CaCCs Canais para cloreto ativado por cálcio
CB1 Receptor canabinoide 1
CB2 Receptor canabinoide 2
CBD Canabidiol
CBN Canabinol
COX Ciclooxigenase
GRD Glânglio da raiz dorsal
FAAH Amida hidrolase de ácido graxo
GABA Ácido gama-aminobutírico
GC Guanilato ciclase
GMPc Guanosina monofosfato cíclica
IASP Sociedade internacional para estudo da dor
KATP Canais para potássio sensíveis a ATP
MAGL Monoacilglicerol lipase
MAPK Proteína quinase ativada por mitógeno
NK Célula natural killer
NOS Óxido nítrico sintase
PAG Substância cinzenta pariaquedutal
PEA Palmitoletanolamina
PGE2 Prostaglandina E2
MRV Medula rostral ventral
SBED Sociedade brasileira para estudo da dor
SNC Sistema nervoso central
THC Δ9-Tetraidrocanabinol
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LISTA DE FIGURAS

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Figura 1- Via ascendente nociceptiva ............................................................................. 15
Figura 2 – Ação de mediadores inflamatórios na dor .................................................... 16
Figura 3 – Tipos de fibras nociceptivas e suas particularidades .................................. 17
Figura 4 - Segmentos do Corno Dorsal e Fibras que os Inervam ................................ 18
Figura 5 - Principais Áreas Cerebrais Participantes do Processamento da Dor ....... 19
Figura 6 - Sistema endocanabinoide e fármacos antagonistas e inibidores
enzimáticos ........................................................................................................................ 22
Figura 7- Estrutura química da Anandamida .................................................................. 23
Figura 8- Estrutura química do 2-AG .............................................................................. 24
Figura 9 - Estrutura química do PEA............................................................................... 25
Figura 10 - Degradação de 2-AG e Anandamida pelas Enzimas MAGL e FAAH....... 28
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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 9

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2. OBJETIVOS ................................................................................................................ 12
2.1. Objetivo Geral......................................................... Erro! Indicador não definido.

2.2. Objetivos Específicos ............................................ Erro! Indicador não definido.

3. JUSTIFICATIVA .......................................................................................................... 13
4. METODOLOGIA ......................................................................................................... 14
5. DESENVOLVIMENTO ............................................................................................... 15
5.1. Transmissão da Dor ............................................................................................ 15

5.2. Sistema Endocanabinoidérgico ......................................................................... 19

6. CONCLUSÃO ............................................................................................................. 30
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................ 31
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1. INTRODUÇÃO

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A dor é um processo fisiológico essencial para a sobrevivência dos seres vivos,
pois serve de alerta a uma lesão tecidual, além de definir o limite de segurança de
determinada ação. Ao receber um estímulo nocivo, as fibras nociceptoras periféricas
(nociceptores primários) realizam a sinapse com os nociceptores secundários,
localizados no corno dorsal. O impulso é conduzido até o tálamo e em seguida para o
córtex, responsável pela percepção da dor (Brooks & Tracey, 2005). Entretanto,
qualquer alteração em algum componente dessa via, altera esse sistema de alerta,
fazendo, muitas vezes, com que o estímulo doloroso transforme-se em uma dor
crônica e incapacitante. Em alguns casos, além dessa hipersensibilidade debilitar o
indivíduo fisicamente, o debilita psicologicamente, dificultando sua reabilitação
(Basbaum et al., 2009).
Em 1979 a Sociedade Internacional para Estudos da Dor (IASP) traçou como
um dos seus objetivos a adoção de termos e definições universalmente aceitas de
síndromes de dor e em 1986 publicou a primeira edição do manual “Classificação de
Dores Crônicas: descrição de síndromes de dores crônicas e definições de termos da
dor” e em 1994 publicou a segunda edição que, além da revisão da primeira edição,
conta com novas definições (IASP, 1979). Nesse momento, a dor passou a ser descrita
como “uma experiência sensorial e emocional desagradável associada ao dano
tecidual real ou potencial ou descrita em termos de tais danos” e nocicepção como “o
processo neural de codificação de estímulos nocivos” (IASP, 1979). Assim, o termo
nocicepção diferencia-se da dor por não levar em consideração o envolvimento da
experiência emocional de cada indivíduo, sendo a denominação mais correta para os
estudos em animais, pois em tais estudos o componente emocional não pode ser
determinado (Besson, 1987).
A depender do estímulo, a dor pode ser denominada alodinia ou hiperalgesia.
Na alodinia, ocorre uma mudança na sensibilização tátil, térmica ou de qualquer outra
natureza a estímulos que normalmente não provocam dor (IASP, 1994). Ela ocorre por
aumento na capacidade de resposta dos neurônios que transmitem a sinalização da
dor espinhal ou por redução do limiar de ativação dos nociceptores (Julius & Basbaum,
2001). A hiperalgesia, ocorre quando um estímulo provoca sensibilização do sistema
nociceptivo, periférico e/ou central, causando redução do limiar nociceptivo e
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consequente aumento da resposta a um estímulo que normalmente provoca dor


(IASP, 1994).
Atualmente, o tratamento farmacológico mais prescrito para a dor baseia-se no

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uso de anti-inflamatórios não esteroidais (AINES) e opioides ou suas associações,
dependendo da intensidade da dor, além de anticonvulsivantes, antidepressivos e
outros. Os AINES, por inibirem as enzimas responsáveis pela síntese dos
eicosanoides, ciclo-oxigenase 1 (COX1) e ciclo-oxigenase 2 (COX2), reduzem a
proteção da mucosa gástrica, pode ocasionar gastrite e sérios danos ao tecido
gástrico, antiagregação plaquetária e ainda provocar broncoconstrição em pacientes
asmáticos. O desenvolvimento de fármacos inibidores seletivos de COX 2 ocorreu com
a intensão de reduzir os efeitos adversos provocados pelos inibidores não seletivos,
uma vez que a maior parte dos efeitos adversos dos AINES são atribuídos à inibição
da COX1. Entretanto, esses fármacos apresentaram efeitos adversos graves tais
como hipertensão pulmonar, acidente vascular encefálico, insuficiência cardíaca
congestiva, morte súbita, entre outros (Burton, 2012).
Os opioides, mais recomendados em dores moderadas a intensas, possuem
maior probabilidade de causar dependência após períodos prolongados de uso, além
de efeitos adversos graves como depressão respiratória e degradação de mastócitos,
motivo pelo qual o seu uso é aconselhado como última alternativa de tratamento,
quando todas as outras falharam. Como tentativa de reduzir o acesso dos usuários
aos opioides, esses fármacos são mais utilizados em hospitais e são, em sua maioria,
administrados pela via endovenosa, o que também causa desconforto em muitos
indivíduos.
A necessidade de desenvolver novos fármacos tão eficazes quanto os opioides
e com efeitos adversos menores, faz com que diversos estudos sejam realizados
nessa área, tanto para compreender melhor o complexo sistema nociceptivo quanto
para obter resultados satisfatórios por vias não opioidérgicas.
Os canabinoides naturais, derivados da planta Cannabis sativa, são utilizados
há cerca de 5000 anos para fins medicinais. Como exemplo de canabinoides naturais,
temos o canabinol (CBN), o canabidiol (CBD) e o Δ9-Tetraidrocanabinol (THC). Os
estudos a respeito desses compostos tiveram início no século XIX, momento em que
o CBN foi isolado. Mais tarde, em meados de 1940, o CBD e o THC foram obtidos
pela primeira vez. Entre 1960 e 1970, o metabolismo hepático dos canabinoides pelas
enzimas CYP e os seus efeitos psicotrópicos foram amplamente estudados, momento
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em que esses efeitos foram atribuídos exclusivamente ao THC (Pertwee, 2006).

O sistema endocanabinoide começou a ser descrito somente em 1988 quando

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um receptor para canabinoides foi caracterizado no sistema nervoso central (SNC),
após achados evidenciarem que o mecanismo de ação de seus agonistas ocorria pela
inibição da adenilato ciclase (AC) (Devane et al., 1988). Atualmente, compreende-se
que o sistema endocanabinoide seja constituído por seus receptores, seus ligantes
endógenos e enzimas que o metabolizam (Burston & Woodhams, 2013).
Até o momento, três receptores canabinoides foram descritos e foram
denominados receptor canabinoide 1 (CB1), receptor canabinoide 2 (CB2) e GPR55.
Possuem diferenças estruturais e de localização, apesar de realizarem sua atividade
através de sinalização pela proteína Gi (Pertwee, 2006). Após a descoberta dos
receptores canabinoides, levantou-se a hipótese de que esses receptores não eram
importantes apenas para seus agonistas exógenos, mas possuíam seus próprios
agonistas endógenos (Pertwee, 2006). O araquidonoil etanolamida, posteriormente
denominada anandamida, foi o primeiro a ser descoberto, em 1992, por Devane e
colaboradores. Desde então, outros endocanabinoides foram descritos, entre eles a
homo-a-linolenoteilanolamida, decosatetraenoteila-nolamina, 2-araquidonoilglicerol
(2-AG) e éter de noladina, entretanto a anandamida e o 2-AG foram mais estudados
(Howlett et al., 2002).
Os endocanabinoides modulam diversos processos endógenos como apetite,
cognição, emoção e nocicepção. Eles podem causar depressão de vias excitatórias e
de vias inibitórias e ainda atuar na sinapse retrógrada associadas à esses processos
(Huggins et. al, 2013). Tendo em vista o exposto, os endocanabinoides representam
um potencial alvo terapêutico para o tratamento da dor. Portanto, o objetivo desse
trabalho é analisar a importância do sistema endocanabinoide na modulação da dor
através de revisão bibliográfica.
2. OBJETIVO

papel do sistema endocanabinoide no controle da dor.


O presente estudo tem como objetivo avaliar através de revisão de literatura o
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3. JUSTIFICATIVA

Segundo a Sociedade Brasileira para Estudo da Dor (SBED), cerca de 40% da


população mundial se queixa de dor, sendo que a maior parte sofre graves

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consequências psicossociais. A dor reduz a qualidade de vida do portador, debilitando-
o permanente ou transitoriamente e muitas vezes o impede de realizar tarefas
importantes do dia a dia. O tratamento farmacológico atual mais prescrito é o uso de
AINES e de opioides, em associação ou não, entretanto esses medicamentos
possuem uma série de efeitos colaterais que limitam o seu uso, tais como
antiagregação plaquetária, lesão do tecido gástrico, broncoconstrição, depressão
respiratória grave, dependência e tolerância.
Dessa forma, o estudo do papel do sistema endocanabinoide no controle da
dor mostra-se importante para que sejam desenvolvidos novos tratamentos, com
menor potencial de efeito adverso ou dependência. Diversos estudos já demonstram
o potencial terapêutico dos canabinoides no tratamento da dor e o desenvolvimento e
uso de fármacos sem efeito psicoativo, como fármacos com o CBD como princípio
ativo, tem apresentado resultados satisfatórios. Além disso, tem-se estudado formas
de controle da dor através da inibição e/ou estímulo de componentes do sistema
canabinoidérgico endógeno, que é o foco dessa revisão literária.
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4. METODOLOGIA

O presente estudo trata-se de uma revisão bibliográfica realizada através de

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buscas no banco de dados PubMed utilizando os descritores “endocannabinoid
system”, “cannabinoid receptor”, “endocannabinoid pain modulation”. A busca foi
realizada entre os meses de dezembro de 2016 e julho de 2017 e foram selecionados
artigos que continham a totalidade dos termos em seu título e excluídos artigos que
continham apenas parte deles.
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5. DESENVOLVIMENTO

5.1. Transmissão da Dor

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A nocicepção ocorre através do processamento de estímulos intensos, e
potencialmente nocivos, por parte das fibras nervosas periféricas – os nociceptores.
Esses estímulos podem ser de natureza química, térmica ou mecânica e determinam
qual fibra será estimulada (Figura 1) (Revisado por Basbaum et al., 2009).

Figura 1- Via ascendente nociceptiva

(Fonte: Adaptado de Scholtz & Woolf, 2002)

Quando os nociceptores identificam um estímulo nocivo, é originada a dor


nociceptiva. Há também a dor inflamatória, que ocorre quando há a liberação de
citocinas, fator de crescimento, purinas, entre outros, que sensibilizam os terminais
nociceptivo periféricos (Figura 2) (Scholtz & Woolf, 2002; Julius & Basbaum, 2001).
Há ainda, a dor causada por lesão ou disfunção do sistema nervoso central, chamada
dor neuropática, ou periférico, chamada dor neuropática periférica (IASP, 1994).
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Figura 2 – Ação de mediadores inflamatórios na dor

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(Fonte: Adaptado de Oaklander, 2011)

Existem três tipos de fibras aferentes primárias nociceptivas principais,


divididas em duas classes (Figura 3). A primeira classe é constituída das fibras
aferentes Aδ e A . As fibras aferentes Aδ, pouco mielinizadas e de médio diâmetro,
estão relacionadas com a dor aguda, bem localizada e rápida. As fibras aferentes A
também são mielinizadas, com diâmetro maior que conduzem rapidamente quando
sofrem estimulação mecânica leve. As fibras C, não mielinizadas e de menor diâmetro,
são polimodais, conduzem a dor mal localizada e lenta e pertencem à segunda classe
de nociceptores (Basbaum et al., 2009).
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ITALO COELHO DE ALENCAR e TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DO CEARA, protocolado em 15/12/2020 às 22:02 , sob o número 02730624920208060001.
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Figura 3 – Tipos de fibras nociceptivas e suas particularidades

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(Fonte: Adaptado de Julius & Basbaum, 2001)

Há também um grupo de fibras C, chamados nociceptores silenciosos, por


receberem estímulo mecânico apenas quando ocorre lesões teciduais mais intensas.
Contudo, essas fibras possuem sensibilidade térmica e química, que as tornam
importantes nos momentos em que os mediadores químicos da inflamação estão
ativos (Basbaum et al., 2009).
Os nociceptores são neurônios do tipo pseudounipolar, com o corpo celular
localizado no gânglio da raiz dorsal (GRD) e seus ramos axonais periféricos indo em
direção aos órgãos alvos e também em direção ao corno dorsal (Figura 4). (Basbaum
et al., 2009). O corno dorsal é composto por segmentos, chamados lâminas, onde
ocorre a sinapse entre os nociceptores de primeira ordem e os de segunda ordem. A
lâmina I ou zona marginal encontra-se na superfície do corno dorsal, assim como a
lâmina II, também chamada de substância gelatinosa, já as lâminas III, IV e V
localizam-se mais profundamente (Fürst, 1999). As fibras A , condutoras rápidas,
projetam-se para as lâminas mais profundas, enquanto as fibras C, projetam-se para
as lâminas I e II, mais superficiais, e as fibras Aδ tanto para a lâmina I quanto para a
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lâmina V (Figura 4) (Basbaum et al., 2009).

Figura 4 - Segmentos do Corno Dorsal e Fibras que os Inervam

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(Fonte: Adaptado de Kandel et al., 2000)

Os neurônios de segunda ordem transmitem a sinapse para o tálamo e para o


tronco encefálico através do trato espinotalâmico e retículo espinhal, respectivamente,
sendo o tálamo o local em que, em dores bem localizadas, o estímulo da dor e sua
intensidade são processados e o tronco encefálico o responsável pelo processamento
de dores mais difusas. Essas informações são enviadas às estruturas corticais
(Basbaum et al., 2009).
As regiões do córtex somatossensorial primário e secundário (S1 e S2), cíngulo
anterior do córtex (ACC), córtex pré-frontal, ínsula, área tegmental ventral (VTA) e o
núcleo accumbens são algumas áreas do cérebro que são ativadas quando ocorre o
estímulo nocivo. As características sensoriais da dor, como localização e duração, são
processadas por S1, S2, ínsula e o sistema límbico (córtex pré-frontal, VTA, ACC e
núcleo accumbens) e a região pré-frontal é responsável pela codificação das
respostas emocionais (Ossipov et al., 2014). Esse caminho é chamado de via
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ascendente da dor e é modulado por um sistema inibitório, chamado via descendente


da dor, que é composto principalmente pela substância cinzenta periaquedutal (PAG),
medula rostral ventral (RVM), entre outros (Brooks & Tracey, 2005). O principal

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neurotransmissor que atua na PAG é o glutamato. A ativação da transmissão
glutamatérgica em direção a RVM resulta em analgesia, uma vez que RVM sinaliza
ao corno dorsal (Figura 5) (Hu et al., 2014).

Figura 5 - Principais Áreas Cerebrais Participantes do Processamento da Dor

(Fonte: Adaptado de Basbaum et al., 2009)

5.2. Sistema Endocanabinoidérgico

A via descendente da dor é um importante mecanismo para o controle da


sinalização dos nociceptores (Brooks & Tracey, 2005). Vários sistemas de modulação
da dor já foram descritos, entre eles o sistema endocanabinoide, formado por três
receptores, seus agonistas e as enzimas que os metabolizam (Burston & Woodhams,
2013).
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O CB1 é um receptor acoplado às proteínas transmembranas Gi/o, encontra-se


em número moderado no sistema nervoso periférico e amplamente no SNC,
principalmente em áreas que processam e modulam a nocicepção – hipocampo,

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córtex, amigdala, gânglios basais e cerebelo (Hu et al., 2014; Demuth & Molleman,
2006; Pertwee, 2001). Na presença do agonista, ambos os receptores inibem a AC e
ativam a proteína quinase ativada por mitógeno (MAPK) através da sinalização da
proteína Gi/o. No entanto, o CB1 é capaz de ativar AC através de sinalização via Gs e
também de inibir correntes de cálcio do tipo N e P/Q e ativar condutância de potássio,
que, como efeito, inibe a excitação neuronal e a liberação de neurotransmissores
(Guindon & Hohmann, 2008).
Em camundongos com supressão de CB1 periférico, a administração de
canabinoides reduz consideravelmente a eficácia de analgesia dos mesmos,
indicando assim, que o receptor CB1 periférico é significativamente importante na
analgesia mediada por canabinoides.
O CB2 também acopla-se à proteína Gi/o e é amplamente encontrado no
sistema imunológico, em células como linfócitos B, linfócitos T CD4+, linfócitos T CD8+,
células natural killer (NK), macrófagos e com grande expressão no baço (Guindon &
Hohmann, 2007). Também é encontrado no cérebro, em baixa quantidade basal, mas
sua presença no SNC não foi associada a neurônios, mas em células gliais (Hu et al.,
2014; Guindon & Hohmann, 2007). Sua expressão eleva-se após dor neuropática ou
inflamatória com a finalidade de inibir a nocicepção térmica e mecânica e a
hipersensibilidade causada por inflamação periférica e dor neuropática (Ibrahim et al.,
2005). Quando ativado, tanto pela localização quanto pela sinalização tornam os
efeitos adversos do SNC relativamente ausentes (Guindon & Hohmann, 2008).
Há ainda um receptor que até então era chamado receptor não CB 1/CB2, pois
estudos em que utilizaram agonistas canabinoides sintéticos e endógenos em
camundongo CB1 e CB2 knockout apresentaram resposta, por exemplo de inibição de
transmissão glutamatérgica (Demuth & Molleman,2006). Após essas descobertas,
Ryberg et al. (2007) descreveram o terceiro receptor canabinoide, o GPR 55. Ele
acopla-se e ativa a subunidade α da proteína Gi, localiza-se principalmente na região
suprarrenal, em partes do trato gastrointestinal, nos vasos sanguíneos e, em níveis
significantemente menores do que o CB1, no SNC. Esse receptor interage com
agonistas canabinoides endógenos e exógenos. Suas principais funções são a
vasodilatação e migração celular. Entretanto, acredita-se que ainda existam outros
2007).
receptores pertencentes a essa família que ainda não foram descritos (Ryberg et al.,
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(Fonte: Adaptado de Whoodhams et al., 2015)
Figura 6 - Sistema endocanabinoide e fármacos antagonistas e inibidores enzimáticos
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Os receptores canabinoides possuem vários agonistas endógenos, chamados


endocanabinoides, dentre os quais podemos citar a anandamida, o 2-AG e o N-
palmitoletanolamina (PEA). Os endocanabinoides são sintetizados em neurônios pós-

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sinápticas e liberados para terem ação inibitória na célula pré-sináptica de acordo com
a necessidade fisiológica (Woodhams et al., 2015). São produzidos de acordo com a
necessidade fisiológica e rapidamente sofrem processo de recaptação e metabolismo
no interior da célula(Fowler, 2012).
A anandamida (Figura 6) pertence ao grupo de N-acetil-etanolaminas e é
produzida através da clivagem de seu precursor, o N-araquidonil fosfatidiletanolamina
proveniente da membrana (Di Marzo et al., 1994). Sua ação ocorre perifericamente e
é desacompanhada de efeitos centrais apesar de seu efeito ser mediado
principalmente através da ativação de CB1 (Romero, Pacheco & Duarte, 2013;
Calignano et al., 1998) e sua eficácia se dá na analgesia de fase inicial, sem efeito na
fase prolongada, fenômeno este que pode ser explicado pela rápida degradação que
a anandamida sofre no meio extracelular (Calignano et al., 1998). A antinocicepção
periférica provocada pela anandamida foi testada na indução inflamatória por PGE 2
(Romero, Pacheco & Duarte, 2013), por carreginina (Reis et al, 2011) e formalina
(Calignano et al., 1998) e foi eficaz em todos eles.

Figura 7- Estrutura química da Anandamida

(Fonte: Honório, Arroio & Silva, 2006)

Após a ativação de CB1, parece que a anandamida ativa a via L-


arginina/NO/GMPc, evidência comprovada pela inibição de seu efeito anti-
hiperalgésico pelos inibidores da enzima óxido nítrico sintase (NOS) e da guanosina
monofosfato cíclica (GMPc). O GMPc ativa os canais para K+ sensíveis a ATP (KATP),
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portanto, para testar os efeitos do canal para potássio sobre a nocicepção provocada
pela anandamida, Reis et al. (2011) administraram glibenclamida, paxilina e
tetraetilamonio – bloqueadores do canal K+ sensível a ATP, canal K+ ativados por Ca2+

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e canal K+ voltagem dependente, respectivamente – em patas de camundongos com
indução inflamatória por carreginina. Apenas a glibenclamida antagonizou o efeito
analgésico da anandamida, demonstrando assim que apenas KATP participa da
indução de antinocicepção provocada por esse endocanabinoide.
A analgesia provocada através da ativação do receptor CB1 pela anandamida
conta com a participação de canais para cloreto ativados por cálcio (CaCCs)
(Romero, Pacheco & Duarte, 2013), que atuam em subconjuntos de neurônios do
GRD, da medula espinhal e do sistema autonômico e é responsável por gerar
despolarização e hiperpolarização através da diferença de concentração do Cl- no
potencial de repouso (Frings et al., 2000). Essa afirmação foi possível após Romero,
Pacheco & Duarte (2013) demonstrarem que o agonista de CaCC, ácido niflúmico,
antagoniza o efeito analgésico periférico de anandamida em camundongos de forma
dose-dependente.
O 2-AG (Figura 8) é um agonista dos dois principais receptores canabinoides e
é encontrado em níveis mais altos do que a anandamida no cérebro, sendo
considerado atualmente o principal agonista sináptico no tecido nervoso (Pellkofer et
al., 2013; Woodhmas et al., 2015). Sua síntese ocorre através da metabolização de
DAG proveniente dos fosfolipídeos da membrana pelas enzimas DAG α e
(Woodhmas et al., 2015).

Figura 8- Estrutura química do 2-AG

(Fonte: Honório, Arroio & Silva, 2006)

O 2-AG, ao ser administrado após indução inflamatória por formalina,


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demonstrou efeito antinociceptivo na fase tardia inibido apenas por antagonista


sintético do CB2 (Guindon, Desroches & Beaulieu, 2007). Em modelo de dor
neuropática, o 2-AG apresentou efeito anti-alodínico e anti-hiperalgésico via CB1 e

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CB2. (Desroches et al., 2008). Para determinar se os endocanabinoides anandamida
e 2-AG participam da modulação da dor, Agarwal et al. (2007) realizaram a análise
dessas substâncias na pata de camundongos antes e 24 horas após indução de
inflamação periférica. De fato, houve um aumento significativo dos endocanabinoides
avaliados no tecido periférico, indicando assim, importante mediação realizada por
eles.
A PEA (Figura 9) é uma aciletanolamida e é encontrada tanto em tecidos
neurais como em tecidos não neurais. Sua principal função é reduzir respostas
inflamatórias pela inibição da ativação de mastócitos (Calignano et al.,1998). Seu
efeito analgésico parece ser mediado pelo CB2, uma vez que o AM630, antagonista
desse receptor, reverte o efeito causado pelo endocanabinoide e o AM251,
antagonista de CB1, é ineficaz nesse sentido (Romero, Pacheco & Duarte, 2013).
Estudos mostraram que anandamida e PEA apresentam efeito sinérgico quando
administradas na mesma quantidade, tanto na fase inicial da nocicepção induzida por
formalina quanto na fase tardia (Calignano et al., 1998). A PEA também foi descrita
como sendo um agonista ainda mais potente do receptor GPR55 do que dos receptores
CB1 e CB2 (Ryberg et al., 2007).

Figura 9 - Estrutura química do PEA

(Fonte: Adaptado de Battista et al., 2012)

Assim como a anandamida, o mecanismo antinociceptivo periférico de PEA


também ocorre através da via L-arginina/NO/GMPc. Esse mecanismo fica evidenciado
pelo antagonismo causado pelo inibidor de NOS, L-NOarg, e porque administração de
PEA provoca aumento de NO2-, que indica a liberação de NO como forma de indução
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de analgesia por PEA. Da mesma forma, o ODQ, inibidor de guanilato ciclase (GC),
inibe o efeito antinociceptivo de PEA, indicando a participação da guanosina
monofosfato cíclica (GMPc) nesse mecanismo. Além disso, o zaprinast - inibidor de

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fosfodiesterase GMPc, responsável pela degradação do GMPc – potencializou os
efeitos antinociceptivos de PEA (Romero et al.,2012). A administração de inibidor
específico de KATP, a glibenclamida, bloqueia de maneira dose-dependente o efeito
antinociceptivo periférico de PEA no modelo de hiperalgesia induzida por PGE 2
(Romero e Duarte, 2011).
A PEA também foi testada em modelo de dor neuropática por Costa et al. (2008)
e inibiu a hiperalgesia térmica além de reduzir a alodinia mecânica após
administrações repetidas por 7 dias. Esse estudo também foi conduzido com o objetivo
de avaliar quais os receptores participam da sinalização de PEA e para isso, foram
utilizados os antagonistas dos receptores CB1, CB2, PPARα, PPARγ e TRPV1 no último
dia de tratamento com o endocanabinoide. Observou-se que os antagonistas de
PPARγ, de CB1 e de TRPV1 reverteram parcialmente o seu efeito anti-hiperalgésico e
a combinação dos três antagonistas reverteu o mesmo efeito completamente.
Em estudo clínico, PEA apresentou grande redução da intensidade da dor, tanto
para dor aguda quando crônica, sendo seus efeitos maiores na condição de dor
aguda. Importante citar que nenhum dos pacientes relatou o aparecimento de efeitos
adversos relacionados com o tratamento com PEA (Gatti et al., 2012). Entretanto, em
estudo realizado com 73 pacientes com dor crônica por lesão da medula espinhal, em
que foi administrado PEA pela via sublingual, o agonista não apresentou efeito
significativo quando comparado ao placebo, demonstrando que o efeito analgésico de
PEA é predominantemente mais efetivo para dor neuropática. Cinco desses pacientes
relataram efeitos adversos graves e outros dois relataram efeitos adversos leve à
moderado, porém dois pacientes tratados com placebo também relataram efeitos
adversos, sendo que um deles chegou a ser hospitalizado. Entre os efeitos adversos
ocorridos nesse estudo estão visão turva, infecção do trato urinário, infecção fúngica,
erisipela, colecistolitíase e íleo paralítico (Andresen et al., 2016).
A Amida hidrolase de ácido graxo (FAAH) é uma enzima que degrada
rapidamente as etanolamidas de ácidos graxos, como a anandamida (Figura 9) e a
PEA. Assim, começou-se a levantar a hipótese de que sua inibição seria uma forma,
ainda mais eficaz, de produzir nocicepção, pois prolongaria o tempo de ação desses
endocanabinoides. A partir de então, foram descobertos alguns compostos inibidores
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de FAAH, entre eles URB597, que atravessa a barreira hematoencefálica com


facilidade e, além de efeitos analgésicos, produz efeitos ansiolíticos e antidepressivos,
e URB937, que inibe a FAAH. De fato, a inibição de FAAH tem demonstrado bons

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resultados, incluindo a reversão de alodinia e de hiperalgesia em camundongos com
dor aguda e persistente(Sasso et al., 2012).
Em camundongos FAAH -/- os efeitos de anti-hiperalgesia térmica e química da
anandamida foram exacerbados, assim como o nível cerebral de anandamida, que foi
15 vezes maior em comparação com os camundongos FAAH +/+ (Cravatt et al., 2001).
Entretanto, estudo clínico randomizado realizado com 74 pacientes portadores de
osteoartrite no joelho que utilizaram o inibidor de FAAH, PF-04457845, não
demonstrou diferença de nocicepção em relação ao placebo (Huggins et al., 2012). O
inibidor irreversível da FAAH, a methoxy arachidonyl fluorophosphonate (MAFP), foi
testado em ensaio pré-clínico a respeito da antinocicepção causada por exercícios
aeróbicos. Nesse estudo, o pré-tratamento com MAFP prolongou o efeito
antinociceptivo da anandamida tanto no teste de pressão da pata como no teste tail-
flick, o que torna o seu uso promissor em humanos, apesar de estudos clínicos ainda
se fazerem necessários (Galdino et al., 2013).
Já a monoacilglicerol lipase (MAGL) é a enzima responsável pela degradação
de 2-AG (Figura 9). Essa enzima liga os sistemas endocanabinoides e eicosanoide,
assim como a FAAH, pois o produto dessa degradação é o ácido araquidônico (AA),
um precursor de agentes pró-inflamatórios (Noruma, 2011). Assim, sua inibição, além
de elevar os níveis do endocanabinoides 2-AG, diminui os níveis dos eicosanoides,
tendo, portanto, duplo benefício (Mulvihill & Noruma, 2012).
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Figura 10 - Degradação de 2-AG e Anandamida pelas Enzimas MAGL e FAAH

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(Fonte: Adaptado de Arnaud, 2008)

A administração de URB602, um inibidor seletivo sintético de MAGL, provocou


analgesia em camundongos com inflamação induzida por formalina e sua combinação
com 2-AG, apresentou efeito sinérgico, controlando tanto a fase inicial como a fase
tardia da nocicepção (Guindon, Desroches & Beaulieu, 2007). No modelo de dor
neuropática, o inibidor do MAGL também potencializou o efeito do 2-AG, enquanto o
inibidor seletivo de FAAH, URB597, não produziu efeito analgésico adicional em
combinação com 2-AG ou 2-AG + URB602 (Desroche et al., 2008). Entretanto, apesar
da administração aguda de inibidor de MAGL ser benéfica, um estudo recente
demonstra que o uso crônico desses inibidores provoca tolerância, que como sinal
causa o aumento da resposta nociceptiva de dor crônica somática e visceral, bem
como dores inflamatórias e neuropáticas, fato este que pode ser explicado pela
dessensibilização do receptor CB1 sofrida pelo estimulo crônico provocado pelo nível
aumentado de 2-AG (Petrenko et al., 2014).
Outra maneira de prolongar o efeito antinociceptivo dos endocanabinoides,
sobretudo da anadamida, é inibindo sua recaptação e esse é um potencial alvo
farmacológico antinociceptivo. As moléculas VDM11, AM404, UCM707 e OMDM-1
vêm sendo testadas para a inibição da recaptação da anandamida e têm obtidos
resultados satisfatórios (Fowler, 2012). La Rana et al. (2006), estudaram o efeito de
AM404 em camundongo para dor neuropática, inflamatória e nocicepção aguda e em
todos os testes (ligadura do nervo ciático, adjuvante de Freund e formalina,
respectivamente) obtiveram resultados satisfatórios mediados por CB 1, uma vez que
seu antagonista impediram o efeito de AM404. A OMDM-1 foi testada em um modelo
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de dor causada por câncer em camundongos e sua administração na pata com tumor
reduziu a hiperalgesia mecânica também mediada por CB 1 e apresentou efeito
sinérgico com o inibidor de FAAH, URB597 (Khasabova et al.,2013). Em testes in vitro

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o UCM707 se mostrou um inibidor de recaptação endocanabinoidérgico potente e
seletivo (López-Rodrígues et al., 2001). Além disso, uma pequena quantidade de
UCM707 potencializou o efeito de uma dosagem de anandamida incapaz de produzir
efeito antinociceptivo no teste da placa quente (Lago et al.,2002). Spradley, Guindon
e Hohmann (2010) avaliaram o efeito de VDM11, URB597 e JZL184 na hiperalgesia
térmica, alodinia mecânica e comportamento nociceptivo induzidos por capsaicina em
camundongos. O VDM11 foi a única substância que suprimiu as três respostas, sendo
assim a mais eficaz na supressão de hipersensibilidade provocada por capsaicina.
Sua atividade anti-hiperalgésica foi bloqueada por AM251 e AM630, antagonistas CB1
e CB2 respectivamente e a atividade antialodínica foi bloqueada apenas por AM251
(Spradley, Guindon & Hohmann, 2010).
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6. CONCLUSÃO

A presente revisão bibliográfica demonstrou que o sistema endocanabinoide é

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uma via de grande importância no controle da dor através de todos os seus
componentes: receptores, agonistas e enzimas. Os estudos pré-clínicos tem-se
mostrado promissores e seguros tanto para antinocicepção periférica como central,
não só através de seus agonistas como também através de seus inibidores de
recaptação. Entretanto, estudos clínicos ainda se fazem necessários, tendo em vista
que, apesar do grande interesse no desenvolvimento de fármacos eficazes e com o
menor número de efeitos colaterais possíveis, a literatura a respeito dessa via e
analgesia proporcionada por ela em humanos ainda é escassa.
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Miléne Justino Ferreira

Relatórios de Estágio e Monografia intitulada “Plantas Medicinais


na Dor Neuropática” referentes à Unidade Curricular “Estágio”, sob
a orientação, da Dra. Liliana Almeida, da Dra. Alexandra Moreira e
do Professor Doutor António Paranhos apresentados à Faculdade de
Farmácia da Universidade de Coimbra, para apreciação na prestação
de provas públicas de Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas.

Setembro de 2019
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Miléne Justino Ferreira

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Relatórios de Estágio e Monografia intitulada “Plantas Medicinais na Dor Neuropática”
referente à Unidade Curricular “Estágio”, sob orientação, da Dra. Liliana Almeida, da Dra.
Alexandra Moreira e do Professor Doutor António Paranhos e apresentados à Faculdade de
Farmácia da Universidade de Coimbra, para apreciação na prestação de provas públicas de
Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Setembro 2019
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“Que os vossos esforços desafiem as impossibilidades,

Charles Chaplin
lembrai-vos de que as grandes coisas do homem

foram conquistadas do que parecia impossível.”


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Agradecimentos

Aos meus pais, por permitirem que o meu sonho fosse possível, pelo amor, força,
apoio incondicional e por estarem presentes em todos os momentos da minha vida. Tudo o

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que sou e o que consegui até hoje, devo-o a vocês.

Ao meu irmão, Antony, pelo exemplo de determinação, pelo apoio, confiança, por
estar sempre presente e pelo amor e amizade transmitida ao longo da minha vida.

Ao Leandro, a melhor pessoa que Coimbra me deu, pelo companheirismo, por


acreditar em mim em qualquer situação e pelo amor que me transmite todos os dias.

À minha família de Coimbra, os amigos que Coimbra me presenteou e que levarei para
vida, pelas aventuras e por todos os momentos felizes que passamos.

Ao Professor Doutor António Paranhos, pela disponibilidade e orientação na


realização da monografia.

À equipa do Laboratório do Controlo de Qualidade da Unidade 4 da


Labesfal/Fresenius-Kabi pela disponibilidade e acompanhamento na minha aprendizagem.

À equipa da Farmácia Saúde, pelo acolhimento, pelos conhecimentos transmitidos e


acima de tudo pela amizade.

Por fim, agradecer a Deus por acreditar que também ele teve um contributo neste
difícil percurso.

O meu sincero obrigada a todos, por marcarem tão positivamente o meu percurso
académico.
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Índice

Abreviaturas ............................................................................................................................ 8

Capítulo I: Relatório de Estágio em Indústria Farmacêutica

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0273062-49.2020.8.06.0001 e código 7E643F2.
1. Introdução ...................................................................................................................................... 10
2. Pontos Fortes ............................................................................................................................... 11
Plano de acolhimento ........................................................................................................ 11
Formação adquirida no MICF ........................................................................................... 11
Trabalho técnico/laboratorial realizado ............................................................................ 11
Autonomia concedida pelos colaboradores ..................................................................... 13
Sistema LIMS ..................................................................................................................... 13
Gestão de resíduos ........................................................................................................... 13
Rastreabilidade das diversas atividades ............................................................................. 14
3. Pontos Fracos ............................................................................................................................... 14
Duração do estágio ........................................................................................................... 14
Variabilidade dos ensaios .................................................................................................. 14
Falta de contacto com reagentes laboratoriais ao longo do curso .................................. 14
4. Oportunidades ............................................................................................................................. 15
Auditorias .......................................................................................................................... 15
Oportunidade de acompanhar o setor das estabilidades ................................................. 15
Perceção do mercado de trabalho.................................................................................... 15
Área em crescimento ........................................................................................................ 16
5. Ameaças .......................................................................................................................................... 16
Competitividade entre profissionais ................................................................................. 16
6. Conclusão ....................................................................................................................................... 17

Capítulo II: Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária


1. Introdução ...................................................................................................................................... 19
2. Pontos Fortes ............................................................................................................................... 20
Excelente localização ......................................................................................................... 20
Equipa técnica .................................................................................................................... 20
CashGuard .......................................................................................................................... 20
Dermocosmética ............................................................................................................... 21
Serviços farmacêuticos prestados ..................................................................................... 21
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Farmácia Saúde: de Portugal para o Mundo...................................................................... 21


Planificação do estágio....................................................................................................... 22
3. Pontos Fracos ............................................................................................................................... 22
Nomes comerciais e nomenclatura DCI .......................................................................... 22

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Dimensão da Farmácia ...................................................................................................... 23
Plano curricular do MICF .................................................................................................. 23
Duração do estágio ........................................................................................................... 23
4. Oportunidades ............................................................................................................................. 23
Formação contínua ............................................................................................................ 23
Cartão cliente Farmácia Saúde .......................................................................................... 24
VALORMED e Recolha de Radiografias ........................................................................... 24
5. Ameaças .......................................................................................................................................... 25
Produtos esgotados ou retirados do mercado................................................................. 25
Concorrência dos estabelecimentos de venda de MNSRM ............................................. 25
6. Casos Práticos .............................................................................................................................. 26
Pediculose .......................................................................................................................... 26
Pernas pesadas e cansadas ................................................................................................ 26
7. Conclusão ....................................................................................................................................... 28

Capítulo III: Plantas Medicinais na Dor Neuropática


Resumo ................................................................................................................................................. 30
Abstract................................................................................................................................................ 31
I. Introdução ....................................................................................................................................... 32
2. A Dor Crónica .............................................................................................................................. 34
3. A Dor neuropática .................................................................................................................... 37
3.1. Fisiopatologia da dor neuropática .............................................................................. 38
3.2. Tratamento da dor neuropática ................................................................................. 41
4. Plantas medicinais utilizadas no alívio da dor neuropática .................................... 43
4.1. Acorus calamus L.......................................................................................................... 43
4.2. Cannabis sativa L.......................................................................................................... 44
4.3. Capsicum L. ................................................................................................................. 50
5. Conclusão ....................................................................................................................................... 53
Referências Bibliográficas ............................................................................................................ 54
Anexo .................................................................................................................................................... 59
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Figuras

Figura 1. Escala Visual Analógica………………………………………………………. 33


Figura 2. Escala Numérica da dor……………………………………………………... 33
Figura 3. Escala Qualitativa da dor…………………………………………………….. 33

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Figura 4. Escala de Faces………………………………………………………………. 33
Figura 5. Processamento e alterações patológicas da dor crónica……………………. 35
Figura 6. Distribuição da dor e sinais sensoriais em condições de dor neuropática
periférica e central……………………………………………………………………………………………………………… 39
Figura 7. Efeito anti hiperalgésico do canabidiol no modelo de rato com dor
neuropática………………………………………………………………………………………………………………………….. 46
Figura 8. Intensidade da dor avaliada através da Escala Visual Analógica da Dor……….. 47
Figura 9. Satisfação global no alívio da dor……………………………………………………………………… 47
Figura 10. Intensidade média da dor durante o estudo………………………………………………… 48
Figura 11. Relação do alívio de dor face à duração do estudo…………………………………….. 51
Figura 12. Intensidade média da dor durante o estudo…………………………………………………. 52

Tabelas

Tabela 1. Farmacoterapia disponível para a dor neuropática……………………………………… 42


Tabela 2. Efeitos de Acorus calamus nas alterações de biomarcadores tecidulares…… 44
Tabela 3. Sumário de reações adversas/ reações adversas graves ao longo do
estudo………………………………………………………………………………… 49
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Abreviaturas

AMI – Assistência Médica Internacional

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CBD – Canabidiol

CBRs – Recetores de canabinóides

CQ – Controlo de Qualidade

DCI – Denominação Comum Internacional

EPSP – Potencial Excitatório Pós – Sináptico

GABA – Ácido γ-aminobutírico

GC – Cromatografia Gasosa

GMP – Good Manufacturing Practice

HPLC – Cromatografia Líquida de Alta Perfomance

LIMS – Laboratory Information Management System

LPA – Ácido lisofosfatídico

MICF – Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

MNSRM – Medicamento não sujeito a receita médica

SNC – Sistema Nervoso Central

THC – δ-9-tetrahidrocanabinol

TRPV1 – Recetor de Potencial Transitório Vanilóide I

UGT – Uridina 5'-difosfo-Glucuronosiltransferase

UPLC – Cromatografia Líquida de Ultra - Alta Perfomance

VAS – Escala Visual Analógica


Capítulo I

Farmacêutica
Relatório de Estágio em Indústria
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Relatórios de Estágio e Monografia “Plantas Medicinais na dor Neuropática”

1. Introdução

Os vastos conhecimentos que o Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas


(MICF) oferece, permitem a formação de profissionais capazes de interceder em várias
vertentes do mundo farmacêutico.

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Para além do estágio em farmácia comunitária, surgiu a oportunidade de realizar um
estágio em Indústria Farmacêutica, efetivado na Labesfal/Fresenius-Kabi, situada em Santiago
de Besteiros, Tondela.

A Labesfal/Fresenius-Kabi é uma empresa de cuidados de saúde que engloba uma vasta


gama de medicamentos genéricos intravenosos (IV), terapêuticas de perfusão e nutrição
clinica, assim como dispositivos médicos para administração destes produtos 1. De acordo com
a missão da Fresenius-Kabi “caring for life”, a função da empresa consiste em acrescentar valor
a doentes e clientes, através de produtos de alta qualidade, que permitam uma melhoria da
qualidade de vida dos doentes, associada a um elevado grau de segurança da rotina médica 2.

O presente estágio, sob orientação da Dra. Liliana Almeida, com início a 7 de janeiro
de 2019 e término a 29 de março de 2019, foi realizado no departamento de Controlo de
Qualidade, departamento este que tem como principal foco a amostragem, especificações e
análises, bem como a documentação relativa à libertação de lotes que asseguram que os testes
necessários e relevantes são realizados, e que os produtos não são libertados, até que a sua
qualidade seja considerada aceitável 3. O estágio dividiu-se em duas partes, uma primeira parte
realizada no laboratório de controlo físico – químico, onde são controlados os antibióticos
penicilinas e cefalosporinas e uma segunda parte na secção das estabilidades, ambas as secções
pertencem ao laboratório do controlo de qualidade da Unidade 4.

Em seguida, será apresentada uma análise SWOT (do inglês Strenghts, Weaknesses,
Opportunities e Threats) que consiste numa análise crítica relativa ao estágio curricular e na
integração do plano de estudos do MICF com as perspetivas profissionais futuras. A análise
SWOT visa assim, destacar os pontos fortes, fracos, oportunidades e ameaças detetados ao
longo do estágio.

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Relatórios de Estágio e Monografia “Plantas Medicinais na dor Neuropática”

2. Pontos Fortes

Plano de acolhimento
No decorrer do primeiro dia de estágio foi-me ministrada uma formação sobre o

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funcionamento geral da Labesfal/Fresenius-Kabi, regras de segurança, Boas Práticas de Fabrico,
gestão ambiental e farmacovigilância.

De seguida, foi-me apresentada a Unidade 4 e toda a equipa de controlo de qualidade.


Foi-me também explicada a logística do laboratório, bem como as diferentes secções e os
diversos aparelhos de análise existentes.

Durante os primeiros dias do meu estágio, tive oportunidade de melhorar os meus


conhecimentos sobre diferentes técnicas laboratoriais para análise dos de ativos, tal como os
aparelhos associados a esta análise (Espetrofotometria Infravermelho, Espetrofotometria
Ultravioleta, contagem de partículas visíveis e sub-visíveis, Cromatografia Líquida de alta
performance, entre outros). Para além dos conhecimentos técnicos, tive também a
oportunidade de ter formação sobre controlo de documentos, sobre registos e sobre circuito
e manuseamento de amostras no laboratório de controlo de qualidade e estudos de
estabilidade, sendo que os conhecimentos adquiridos neste plano formativo tiveram um papel
crucial nas tarefas realizadas ao longo do estágio.

Formação adquirida no MICF


Os diversos conhecimentos adquiridos ao longo do Mestrado Integrado em Ciências
Farmacêuticas, tiveram um papel preponderante na compreensão dos procedimentos de
análise e na execução dos testes analíticos, destacando as análises físico-químicas, toxicológicas
e hidrológicas e as unidades curriculares de métodos instrumentais de análise, tecnologia
farmacêutica, química orgânica, química farmacêutica e farmácia galénica.

Trabalho técnico/laboratorial realizado


Durante os 3 meses de estágio, foram diversas as técnicas laboratoriais que tive
oportunidade de executar no controlo de qualidade, que foram uma mais valia para a
consolidação dos conhecimentos adquiridos ao longo do curso e para aperfeiçoamento do
modo de realização das mesmas. Dentro dessas técnicas destaco:

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Relatórios de Estágio e Monografia “Plantas Medicinais na dor Neuropática”

- Espetroscopia de infravermelho: técnica analítica que calcula um espetro de


transmissão, sendo este espetro utilizado para efetuar a identificação de amostras
comparando-o contra uma base de dados 4.

- Espetroscopia de ultravioleta: técnica analítica que utiliza uma gama de comprimento

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de onda entre os 200-800 nm para determinar uma concentração de um composto em
solução. Consiste na determinação da absorvância que através da Lei de Beer-Lambert permite
determinar quantitativamente a concentração de um composto em solução que absorve
radiação 5.

- Turbidimetria: técnica que permite a determinação da limpidez e grau de opalescência


dos líquidos, através da interação entre a luz e as partículas suspensas no líquido 6.

- Potenciometria: técnica que determina a diferença de potencial entre 2 elétrodos


imersos na solução a ser analisada. Um dos elétrodos é seletivo a iões de hidrogénio, enquanto
que o segundo funciona como elétrodo de referência 7.

- Contagem de partículas sub-visíveis: ensaio que tem como objetivo analisar a


quantidade de partículas contaminantes em soluções, através do método de interceção da luz,
que se baseia no princípio do bloqueio da luz que permite a contagem automática do número
de partículas e a determinação do seu tamanho 8.

- Titulometria: a titulação é uma técnica usada para determinar a concentração de um


reagente conhecido de uma determinada solução. O método consiste em reagir
completamente um volume conhecido de uma amostra com um volume determinado de um
reagente de natureza e concentração conhecida 9.

- Ensaio de Dissolução: permite determinar a velocidade de libertação dos princípios


ativos das formas farmacêuticas sólidas, em meios específicos, tentando simular, na maior parte
dos casos, condições fisiológicas. O processo de dissolução consiste em quantificar a
percentagem de princípio ativo que se liberta em solução, a partir de uma forma farmacêutica
sólida intacta, grânulos ou pequenas partículas que se dissolvem durante o ensaio 10.

- Cromatografia de alta performance (HPLC): técnica de separação baseada na


diferença de distribuição das substâncias entre duas fases miscíveis, sendo a fase móvel líquida
que passa através da fase estacionária contida numa coluna. Este tipo de cromatografia baseia-
se principalmente em mecanismos de absorção, distribuição de massa, troca iónica, exclusão
de tamanho ou interação estereoquímica 11.

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Relatórios de Estágio e Monografia “Plantas Medicinais na dor Neuropática”

Autonomia concedida pelos colaboradores


Durante a parte inicial do meu estágio, as minhas tarefas tinham um caráter
observacional a fim de perceber como se realizavam os diferentes ensaios para os diversos
ativos. No entanto, no decorrer do estágio foram-me concedidas tarefas para realizar de forma

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autónoma, mas sempre com supervisão, sendo importante destacar a elevada disponibilidade
demonstrada por todos os colaboradores. A elevada autonomia que me foi concedida,
permitiu um acréscimo nas minhas responsabilidades como profissional do medicamento e
uma maior confiança nos conhecimentos adquiridos tanto ao longo do MICF, como ao longo
do estágio.

Sistema LIMS
O sistema LIMS, é um sistema interno da Fresenius-Kabi que permite a gestão de
reagentes e padrões, tais como entradas, consumos, datas de validade, entre outros. Permite
também a gestão da verificação dos instrumentos, como as verificações diárias do
potenciómetro, balanças e a gestão de registos de ensaios laboratoriais (quantidades pesadas,
valores obtidos nas análises, instrumentos utilizados) realizados pelos analistas. Após a análise
e revisão dos resultados no LIMS, os responsáveis devem avaliar a análise ao ativo positiva ou
negativamente, consoante a conformidade ou não dos resultados e dos registos, sendo que
em caso de avaliação analítica negativa a amostra é rejeitada e em caso de análise positiva a
amostra é autorizada e é emitido um certificado para libertação do lote.

Gestão de resíduos
As regras de deposição são estabelecidas tendo em conta a especificidade dos resíduos
gerados, pelo seu grau de perigosidade/contaminação, pela necessidade de segregação de
material impresso e de cumprimentos de regras GMP.

Os resíduos produzidos são colocados nos sacos/contentores, pela cor do mesmo e


pela colocação de uma etiqueta com a respetiva cor. Assim, o sistema de descarte de resíduos
está definido da seguinte maneira:

- Saco branco para plástico;

- Saco cristal para papel;

- Saco azul para resíduos contaminantes;

- Saco preto destinado a resíduos para aterro.

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Relatórios de Estágio e Monografia “Plantas Medicinais na dor Neuropática”

Tendo em conta a atual calamidade de degradação do ambiente biofísico, é de facto


preponderante existir uma correta gestão dos resíduos de forma a potenciar a proteção
ambiental.

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Rastreabilidade das diversas atividades
Para aceder aos diversos sistemas/softwares de análise, efetuar registos de análises ou
consultar/consumir reagentes ou padrões no sistema LIMS é necessário a colocação de
passwords pessoais, permitindo deste modo uma maior rastreabilidade da tarefa que é
realizada, o analista que a efetua e assim reduzir o risco de erros.

3. Pontos Fracos

Duração do estágio
A estágio em Indústria Farmacêutica teve a duração de 3 meses e apesar de serem 3
meses bastante rentáveis em termos de aprendizagem e de realização profissional, considero
ser um período de tempo curto para haver proveito dos diversos departamentos onde o
farmacêutico pode atuar ao longo do ciclo do medicamento.

Variabilidade dos ensaios


A análise dos ativos e os seus limites de aceitação, variam consoante o destino do
medicamento seja Portugal, Alemanha, Itália, Rússia,…, o que por vezes, levava a uma certa
confusão da forma como preparar as soluções para análise ou se os valores obtidos estariam
dentro dos valores limites, sendo por isso importante haver uma consulta prévia à realização
dos ensaios dos procedimentos analíticos destinados aos diversos países.

Falta de contacto com reagentes laboratoriais ao longo do curso


Ao longo do curso, nas aulas laboratoriais, tive a possibilidade de contactar com alguns
reagentes e soluções laboratoriais, no entanto, muitos deles estavam preparados ou colocados
na bancada previamente à aula. Contudo, no decorrer do estágio, aquando da realização de
soluções para fases móveis, senti uma certa dificuldade na sua procura, já que não conhecia as
suas características e por isso não sabia se se encontravam no armário dos reagentes dos
inflamáveis, corrosivos, ácidos ou bases.

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4. Oportunidades

Auditorias
Uma auditoria é um processo sistemático, independente e documentado para obter

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evidências de auditoria e respetiva avaliação objetiva com vista a determinar em que medida
os critérios da auditoria estão satisfeitos, podendo as auditorias ser internas, realizadas por
elementos da própria empresa ou externas, realizadas por clientes, autoridades competentes
e por entidades certificadoras e regulamentares 12.

No decorrer do estágio, o laboratório do controlo de qualidade foi alvo de diversas


auditorias, tanto de caráter interno, como externo. Estas auditorias representaram uma
excelente oportunidade de perceber toda a dinâmica envolvida neste tipo de atividades.

Oportunidade de acompanhar o setor das estabilidades


O laboratório de controlo de qualidade do qual fiz parte, é composto por 3 setores
distintos. O setor dos antibióticos, onde efetivei grande parte do meu estágio, estabilidades e
validação de métodos analíticos.

No último mês de estágio, foi-me dada a oportunidade de acompanhar o setor das


estabilidades, setor este que se destina a obter informações acerca da estabilidade de diversos
produtos farmacêuticos de modo a aferir sobre a validade, em certas condições de
armazenamento. Esta oportunidade, foi de facto muito enriquecedora já que me permitiu o
contacto e análise de diversas formas farmacêuticas e ativos e também um maior
conhecimento em técnicas como dissolução, HPLC/UPLC e GC.

Perceção do mercado de trabalho


Após 4 anos de formação teórica, que dotam os estudantes de conhecimentos para a
sua atuação nas mais diversas vertentes da atividade farmacêutica, o estágio representou um
papel fulcral no contacto com o contexto real da realização de técnicas e equipamentos
laboratoriais, materiais, reagentes e principalmente na elucidação do que será o mercado de
trabalho.

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Relatórios de Estágio e Monografia “Plantas Medicinais na dor Neuropática”

Área em crescimento
Devido aos avanços na área da investigação e tecnologias associadas às Ciências da
Saúde, a Indústria Farmacêutica é uma área com um enorme leque de oferta de trabalho para
o farmacêutico. Assim sendo, a Indústria Farmacêutica é das áreas que oferece mais

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oportunidades visto que o farmacêutico pode ser parte integrante de diversos departamentos,
tais como CQ físico-químico, CQ microbiológico, Produção, Garantia da Qualidade, Assuntos
Regulamentares e Direção Técnica.

5. Ameaças

Competitividade entre profissionais


No decorrer do estágio, tive a oportunidade de contactar com profissionais das mais
variadas áreas de formação, tendo sindo percetível que muitos profissionais não têm formação
base na área do medicamento, mas que têm capacidades de responder às necessidades
requeridas. Assim, são notáveis a competitividade e a concorrência neste setor, podendo ser
uma ameaça tanto para o estatuto do farmacêutico, como para a sua empregabilidade.

No entanto, sendo o farmacêutico o especialista do medicamento, deve continuar a


apostar na sua formação contínua e especialização, de modo a que as suas competências se
reflitam em vantagens nas diversas áreas do medicamento.

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Relatórios de Estágio e Monografia “Plantas Medicinais na dor Neuropática”

6. Conclusão

Com a crescente competitividade e com aumento do número de recém-mestres em


Ciências Farmacêuticas provenientes de diversos pontos do país, é de salientar o papel da
Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra por possibilitar aos seus alunos a

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oportunidade de realizar estágios curriculares em diversas áreas do mundo farmacêutico,
nomeadamente na Indústria Farmacêutica.

Efetivamente, foi uma mais valia realizar o estágio na Labesfal/Fresenius-kabi, já que me


enriqueceu tanto a nível profissional, como a nível pessoal, permitindo uma maior consolidação
de todos os conhecimentos teóricos e práticos adquiridos ao longo do curso, tendo também
fomentado a minha responsabilidade, autonomia, gestão de tempo e foco em objetivos futuros
para o mundo do trabalho.

O feedback final do estágio é bastante positivo, sentindo que realizei tarefas muito úteis,
produtivas e vantajosas tanto para a minha concretização pessoal e profissional, como para o
laboratório do Controlo de Qualidade.

Para terminar, deixo um agradecimento a todos os que fizeram parte do meu percurso,
em primeira instância à Dra. Liliana Almeida, por permitir que fizesse parte da sua equipa, à
Eng.ª Catarina Silva por me proporcionar o contacto com o setor das estabilidades e em
especial a toda a equipa do Controlo de Qualidade da Unidade 4, pelo caloroso acolhimento
e pela persistente preocupação e disponibilidade demonstradas pela minha aprendizagem. A
todos, fica o meu agradecimento, por marcarem tão positivamente uma etapa que será
preponderante no meu futuro enquanto futura farmacêutica.

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Capítulo II

Comunitária
Relatório de Estágio em Farmácia
fls. 262

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Relatórios de Estágio e Monografia “Plantas Medicinais na Dor Neuropática”

1. Introdução

Atualmente, a Farmácia Comunitária desempenha um papel de extrema importância


para os utentes, uma vez que encontram, não só um local de dispensa de medicamentos, mas
também uma enorme variedade de produtos e serviços que promovem a saúde e melhoram

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a qualidade de vida.

Sendo o farmacêutico, o especialista do medicamento e muitas vezes a primeira pessoa


que os utentes procuram quando se deparam com um problema de saúde, é fundamental a
ligação do farmacêutico com o utente. Deste modo, o farmacêutico assume um papel
preponderante na população, desde a prevenção e tratamento de problemas de saúde, na
adesão à terapêutica, na institucionalização do uso racional do medicamento e
fundamentalmente no aconselhamento farmacêutico.

O estágio curricular em Farmácia Comunitária desempenha assim, uma fase


preponderante do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas que tem um papel crucial
na aquisição e consolidação de conhecimentos que são necessários para o contexto real das
atividades realizadas pelo farmacêutico.

O presente estágio decorreu na Farmácia Saúde, situada na Avenida dos Combatentes


da Grande Guerra, Porto, sob orientação da Dra. Alexandra Moreira e Direção Técnica da
Dra. Margarida Moreira.

De seguida, será apresentada uma análise SWOT (do inglês Strenghts, Weaknesses,
Opportunities e Threats), que visa avaliar os aspetos que influenciaram de forma positiva e
negativa o meu estágio (Pontos Fortes e Pontos Fracos), bem como os aspetos que
contribuíram para o meu desenvolvimento pessoal e profissional (Oportunidades), e também
os aspetos que ameaçaram ou poderão ameaçar o meu percurso (Ameaças).

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2. Pontos Fortes

Excelente localização
A Farmácia Saúde está localizada na Avenida dos Combatentes da Grande Guerra, no

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Porto, estando inserida num local geográfico vantajoso, uma vez que se encontra em frente a
uma estação de metro bastante frequentada e numa área residencial muito abrangente.
Associado aos pontos enumerados anteriormente, está o facto de a farmácia ter bastante
movimento, o que permitiu a vivência de diversas experiências devido à heterogeneidade de
utentes.

Equipa técnica
A equipa da Farmácia Saúde é constituída por 4 farmacêuticos, 1 técnico de farmácia e
2 auxiliares dotados de imensa competência, espírito de equipa, ética farmacêutica e
profissional, ambição e profissionalismo. Todas estas características associadas ao bom
relacionamento entre os profissionais de saúde, contribuem para o desempenho de excelência
da equipa, que resulta na fidelização dos utentes que confiam e reconhecem as competências
destes profissionais.

Durante todo o estágio, senti apoio e colaboração por parte de toda a equipa, onde se
demonstraram sempre disponíveis para esclarecer dúvidas, sugerir formas de melhorar o meu
desempenho, tendo sido também fundamentais na ajuda que me prestaram no atendimento
ao utente. Todo o apoio cedido, foi bastante importante, principalmente por se tratar do
primeiro contacto com a realidade profissional em farmácia comunitária e que possibilitou
uma evolução gradual no estágio, já que fomentou a minha confiança e segurança em todas as
tarefas realizadas.

CashGuard
O CashGuard, comumente designada por máquina de troco, é um aparelho que permite
guardar dinheiro das vendas efetuadas, efetuar o troco do pagamento e alertar quando há falta
de moedas ou notas. Este aparelho regista todos os movimentos efetuados e quem o
executou, permitindo assim uma maior gestão e controlo do valor da caixa e também diminuir
os erros de caixa.

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Dermocosmética
A Farmácia Saúde aposta na área da dermocosmética, existindo uma variedade enorme
de marcas, nomeadamente: Mustela®, A-Derma®, Aveeno®, Barral®, Cerave®, D’Aveia®,
Neostrata®, Dexeryl®, Caudalie®, Apivita®, Uriage®, Avène®, La Roche Posay®, Eucerin®,

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Bioderma®, Vichy®, Lierac®, Filorga®, Skinerie®, Galénic®, SkinCeuticals®, MartiDerm®, entre
outras. A diversidade existente, permite satisfazer as necessidades de cada tipo e problema de
pele, bem como a satisfação do cliente, uma vez que as diferentes gamas se posicionam em
níveis económicos distintos.

Aliado à vasta dermocosmética, está também a visita frequente de conselheiras das


diferentes marcas, que proporcionam aos clientes pequenos mimos faciais, amostras gratuitas
e descontos na marca no dia da visita.

Serviços farmacêuticos prestados


Tratando-se a Farmácia Saúde de um espaço de promoção da saúde, esta disponibiliza
um leque variado de serviços farmacêuticos, nomeadamente a determinação de parâmetros
bioquímicos, como o colesterol total, triglicerídeos, glicémia, a medição da pressão arterial,
administração de vacinas e injetáveis e também o tratamento de feridas e realização de
curativos.

A Farmácia Saúde possui também consultas de nutrição, em que há um


acompanhamento do utente na realização de dietas seguras, visando o bem-estar e a
fomentação de hábitos alimentares saudáveis. Este acompanhamento engloba um conjunto de
produtos e suplementos alimentares que estão disponíveis na Farmácia Saúde, o que favorece
as vendas deste tipo de artigos.

Farmácia Saúde: de Portugal para o Mundo


A Internet e as redes socias são cada vez mais, ferramentas utilizadas pela sociedade em
geral, assim como as vendas online. A pensar nesta realidade, a Farmácia Saúde criou em 2008
um site de vendas 13, que tem à disposição dermocosmética, produtos de higiene e bem-estar
e suplementação, sendo as vendas apenas para o território nacional. No entanto, dado à vasta
gama de produtos e marcas que Farmácia Saúde tem à disposição, os seus produtos
começaram a ser solicitados dos mais diversos pontos do Mundo e deste modo, a Farmácia
Saúde pensou mais além e desenvolveu em 2018 um segundo projeto, denominado
CareLineage. Assim, o CareLineage 14 surge com o objetivo de ser uma loja online direcionada

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para o estrangeiro, exportando para vários locais, desde Rússia, Dinamarca, Estados Unidos
da América, Polónia, Espanha ou Alemanha.

Durante os 4 meses de estágio, permitiram-me o acompanhamento destes projetos,


onde verifiquei que foram duas grandes apostas da Farmácia Saúde, permitindo um aumento

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do número de vendas e rotação de stock, conseguindo também competir a nível económico
com outras plataformas de vendas online.

Planificação do estágio
A planificação do estágio ocorreu de forma a que todo o processo de aprendizagem e
evolução ocorresse de forma a potenciar o meu desempenho na farmácia. Deste modo, a fase
inicial do estágio decorreu maioritariamente no BackOffice, onde rececionei e conferi
encomendas, efetuei devoluções de medicamentos e produtos de saúde, procedi ao
armazenamento dos medicamentos e restantes produtos, efetuei gestão de stocks e de prazos
de validade e também a faturação e envio das encomendas efetuadas pelo site da Farmácia
Saúde ou pelo CareLineage.

Após esta etapa inicial, apesar de conciliar com as tarefas de BackOffice, a minha tarefa
centrou-se no atendimento ao público. Inicialmente, assisti ao atendimento com os colegas da
farmácia, onde aprendi as formas de abordar o utente, as perguntas necessárias realizar para
um correto atendimento e sobretudo o aconselhamento adequado a cada situação.

Posteriormente, passei à realização de atendimento ao balcão de forma autónoma,


sempre com supervisão dos colegas que me apoiavam sempre que fosse necessário.

3. Pontos Fracos

Nomes comerciais e nomenclatura DCI


A correta associação dos nomes comerciais dos medicamentos com a denominação
comum internacional foi uma das principais dificuldades sentidas, principalmente no início do
atendimento ao público, uma vez que os utentes recorrem mais ao uso dos nomes comerciais,
não conhecendo muitas vezes o princípio ativo e muitas vezes nem têm o conhecimento da
indicação terapêutica do medicamento que pretendem o que dificulta ainda mais esta
associação. Porém, com alguma pesquisa em casa e com a prática, consegui contornar algumas
destas lacunas.

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Dimensão da Farmácia
Apesar da zona de atendimento ao público da Farmácia Saúde ter dimensões que
satisfazem as necessidades do atendimento e do espaço dos lineares estar devidamente
organizado, é no BackOffice que se sente esta falta de espaço, nomeadamente no que toca a

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falta de espaço para arrumação de medicamentos e de produtos de dermocosmética.

Plano curricular do MICF


O plano de estudos do MICF permite a formação adequada em diversas áreas do
medicamento, no entanto, existem algumas lacunas a nível curricular. Aconselhamento nas
áreas da dermocosmética, puericultura ou produtos de uso veterinário foram as áreas onde
mais dúvidas surgiram. Apesar de existirem unidades curriculares que abordem estes temas,
estes não são direcionados para a prática da farmácia comunitária, o que seria uma mais valia
para os estagiários e para os futuros farmacêuticos comunitários.

Duração do estágio
O estágio curricular em farmácia comunitária teve a duração de 4 meses, o que
considero um período de tempo curto, já que quando adquiri segurança e conforto no
atendimento aos utentes o estágio estava a terminar. Deste modo, penso que a existência de
componentes práticas direcionadas para a farmácia comunitária e estágios ao longo do curso
deveriam ser integrados no MICF.

4. Oportunidades

Formação contínua
Devido aos avanços e à inovação na área farmacêutica, o farmacêutico necessita de
constante formação para prestar os devidos cuidados e um serviço de qualidade à população.
Deste modo, a Farmácia Saúde em cooperação com os delegados de informação médica,
permite a todos os funcionários a realização de formações. Durante o período de estágio tive
oportunidade de realizar diversas formações, entre as quais: PharmaNord, particularmente
acerca da suplementação com coenzima Q10, magnésio e melatonina, formação da
Arkopharma, com a apresentação de diversos produtos dietéticos, formação dos suplementes
da marca Solgar, formações da área da dermocosmética, nomeadamente da Filorga,
SkinCeuticals e MArtiDerm e também formações dedicadas ao Espaço Animal.

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Cartão cliente Farmácia Saúde


A Farmácia Saúde possui um cartão de cliente próprio para todos os clientes que
queiram aderir. Este cartão acumula pontos por cada compra efetuada de medicamentos não
sujeitos a receita médica, produtos de saúde e bem-estar e serviços farmacêuticos. O cliente

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por cada compra que efetue deste tipo de produtos, pode descontar os pontos que tem
acumulados no seu cartão, beneficiando de descontos imediatos.

Este cartão representa uma mais valia, uma vez que permite fidelizar os clientes e
proporcionar-lhes descontos num leque variado de produtos.

VALORMED e Recolha de Radiografias


A VALORMED, é uma entidade sem fins lucrativos que tem a responsabilidade de gerir
os resíduos de embalagens e medicamentos fora de uso, conduzindo a um processo de recolha
e tratamento seguros, de forma a minimizar impactos ambientais 15. Todos os dias, na Farmácia
Saúde, são entregues medicamentos inutilizados que são colocados no respetivo contentor.
Assim que se encontre cheio, é devidamente fechado e é emitida uma guia de envio para ser
entregue a um dos distribuidores aderentes.

Além da recolha de medicamentos, é também feita a recolha de radiografias com mais


de 5 anos ou sem valor de diagnóstico, evitando a sua deposição em aterro, minimizando assim
a contaminação ambiental e ajudando a Assistência Médica Internacional (AMI). A AMI
responsabiliza-se pelo processo de reciclagem das radiografias, de onde se obtém a prata, que
é posteriormente vendida no mercado de metais preciosos. O resultado da venda sustenta o
processo de recolha e tratamento dos resíduos, funcionando adicionalmente como uma fonte
de angariação de fundos para as ações da AMI 16.

A colaboração da Farmácia Saúde com a VALORMED e com a AMI, proporciona aos


utentes a facilidade de reciclar tanto medicamentos, como radiografias de uma forma gratuita.
De ressalvar, que estas ações evitam a contaminação ambiental e contribuem para a saúde
pública.

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5. Ameaças

Produtos esgotados ou retirados do mercado


Uma lacuna transversal a todas as farmácias e que lhes é alheia, são os medicamentos

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esgotados ou retirados do mercado. Estas situações causavam muitas vezes, um entrave na
minha prestação e na satisfação dos clientes, uma vez que os utentes não compreendiam que
em ambas as situações as farmácias não têm qualquer tipo de responsabilidade.

Durante os meses de estágio, o Lasix 40 mg, Eutirox 0,088 mg e 0,1 mg e Aspirina GR


100 mg foram dos medicamentos que estiveram esgotados e que mais transtornos causaram
às pessoas. Apesar de existirem alternativas terapêuticas, o genérico no caso do Lasix, Thyrax,
Letter ou também genérico, no caso do Eutirox 0,1 mg e Cartia ou genérico no caso da
Aspirina GR 100 mg, os utentes não estavam dispostos a alterar, afirmando que iriam
abandonar a terapêutica até que o medicamento que costumavam tomar estivesse novamente
disponível.

Os medicamentos retirados do mercado, são também uma situação bastante


preocupante, principalmente para os utentes com terapêuticas continuadas, que se vêm
obrigados a alterar a terapêutica e acarretar com os riscos que isso possa implicar.

Perante tais situações e com insistência por parte dos utentes para tentar arranjar os
medicamentos em falta, expliquei que não deveriam abandonar a terapêutica uma vez que, o
risco de a suspender seria superior ao benefício e que qualquer alternativa proposta seria mais
vantajosa do que descontinuar a terapêutica.

Concorrência dos estabelecimentos de venda de MNSRM


A maior procura de MNSRM fora das farmácias, por comodidade ou por motivos
económicos é um fator que ameaça a sustentabilidade das farmácias. Estes estabelecimentos
por adquirirem os produtos em grandes quantidades, conseguem praticar preços muito mais
baixos e impraticáveis em farmácia comunitária. Este tipo de espaços de saúde, muitas vezes
não possuem profissionais de saúdes capazes de proceder a um aconselhamento farmacêutico
correto, fomentando a automedicação.

Face ao exposto, é importante apostar na formação do farmacêutico para se destacar


em aconselhamentos de excelência de forma a valorizar o ato farmacêutico, levando os utentes
a preferir a farmácia ao invés dos restantes pontos de venda de MNSRM.

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6. Casos Práticos
Pediculose
Uma senhora dirige-se à farmácia, muito constrangida e solicita algo que resolva uma
situação de pediculose, afirma ter todos os cuidados de higiene necessários, mas que mesmo

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assim os piolhos aparecem. Tranquilizei a senhora, dizendo que o aparecimento de piolhos
não se deve à falta de higiene e que é uma situação recorrente em crianças. Tentei perceber
se a senhora tinha visualizado o parasita vivo e/ou lêndeas e referi que para o tratamento ser
eficaz, todos os membros da família e contactos próximos com a menina deveriam realizar o
tratamento de forma a evitar (re)infestações.

Aconselhei então o uso do Champô de Tratamento Paranix®, que permite eliminar


piolhos e lêndeas do cabelo e couro cabeludo, graças à dupla ação mecânica asfixiante e
desidratante 17. Expliquei à senhora, que devia aplicar o champô uniformemente no cabelo
seco, assegurando uma camada espessa no couro cabeludo e massajar bem das raízes até às
pontas, dando especial atenção à zona do pescoço e atrás das orelhas. Após a aplicação, referi
que deveria deixar atuar por 15 minutos e posteriormente, passar o pente antipiolhos (incluído
na embalagem) em todo o cabelo de forma a remover os piolhos e lêndeas e de seguida,
enxaguar o cabelo com bastante água. Adverti que o tratamento deveria ser repetido após 7
dias para garantir a completa irradicação dos parasitas e que seria vantajoso desinfestar o
meio, tal como aspirar os sofás e o carro e lavar a roupa de cama e peças de roupa a altas
temperaturas.

Pernas pesadas e cansadas


Uma senhora, na faixa etária dos 40-45 anos, dirige-se à farmácia e queixa-se de pernas
cansadas, afirma passar muito em pé devido à sua profissão e solicita alguma coisa que lhe
possa aliviar esta situação. Após algumas questões, a senhora referiu sentir também sensação
de calor, formigueiro, comichão e inchaço que se intensificava ao longo do dia e piorava nos
dias de maior calor.

Expliquei à senhora que a sensação de pernas cansadas e pesadas é devido à dificuldade


das pernas em enviar o sangue de volta para o coração, afetando as válvulas das veias,
denominando-se doença venosa. Aconselhei a utente a tomar Daflon® 1000 mg, 1comprimido
por dia uma vez que bioflavonoides presentes na formulação iriam proteger as veias e
fortalecer o capital venoso, diminuindo a sintomatologia relatada.

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Para além do Daflon® aconselhei um gel, o FisioVen bioGel que contém óleo essencial
de menta que proporciona uma agradável sensação de frescura e os extratos de Rusco e
Castanheiro-da-Índia e extratos hidro-alcoólicos de Videira Vermelha e Centelha que
conferem tonicidade e elasticidade, reduzindo a sensação de pernas cansadas e pesadas 18.

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Referi que a aplicação deve ser duas vezes por dia, preferencialmente de manhã e à noite com
movimentos circulares de baixo para cima, de forma a favorecer a circulação sanguínea.

Finalmente, aconselhei algumas medidas não farmacológicas que poderiam ajudar a


melhorar a situação, nomeadamente lavar as pernas com água fria, elevar as pernas
especialmente à noite e praticar exercício físico regularmente.

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7. Conclusão

O estágio curricular em farmácia comunitária, foi das experiências mais enriquecedoras


do meu percurso académico, tanto a nível profissional, como a nível pessoal. O estágio
permitiu desenvolver novas competências, nomeadamente o contacto com os utentes e

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outros profissionais de saúde, a consolidação de conhecimentos, autonomia, gestão de tempo
e trabalho de equipa.

É de facto, gratificante a confiança que os utentes depositam no farmacêutico e a


gratidão que manifestam através de pequenos gestos. Termino o estágio com o sentimento de
dever cumprido, tendo desempenhado as tarefas propostas da melhor forma possível, sempre
com o maior sentido de responsabilidade e com a consciencialização do valor que o
farmacêutico tem na sociedade.

Convicta que o local de estágio influencia o primeiro contacto com a realidade


profissional e o processo de aprendizagem, resta-me agradecer o excelente ambiente de
trabalho, conselhos, disponibilidade e acolhimento pela equipa técnica da Farmácia Saúde.
Agradecer à Dra. Alexandra Moreira por permitir que parte da minha caminhada académica
fosse realizada na Farmácia Saúde, pelo à vontade que sempre me concedeu e pela sua
disponibilidade em ajudar. À Dra. Ana, Dra. Ana Carla, Dr. Gustavo e Sr. Alfredo agradeço
pelos conhecimentos transmitidos, pela paciência, pelos conselhos e por todos os momentos
de descontração que demonstram a felicidade que sentimos quando nos encontramos
realizados. Agradecer por fim, à D. Paula e ao Sr. Miguel, por toda a ajuda disponibilizada.

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Capítulo III

Neuropática
Plantas Medicinais na Dor
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Resumo

As condições da dor crónica, como a dor neuropática, são um problema debilitante e


recorrente que representa um enorme desafio para os profissionais de saúde, devido à

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etiologia pouco conhecida e à má resposta à terapêutica. A dor neuropática e causada por
uma lesão parcial ou completa do sistema somatossensorial no território de enervação do
sistema nervoso central ou periférico. Apesar do grande número de medicamentos disponíveis
para esta patologia, a adesão à terapêutica é limitada devido à grande variedade de efeitos
adversos e à ineficácia terapêutica.

Atualmente, tem sido dado um novo foco à fitoterapia devido aos efeitos benéficos
que tem demonstrado. Plantas medicinais com Acorus calamus L., Cannabis sativa L. e Capsicum
L., estão entre as plantas que demonstraram trazer efeito benéfico no alívio da dor
neuropática.

Este potencial terapêutico deve ser aproveitado, no entanto, são necessários mais
estudos complementares para comprovar a eficácia e segurança de Acorus calamus L., Cannabis
sativa L. e Capsicum L.

Palavras-chave: Dor crónica, dor neuropática, plantas medicinais, Acorus calamus L., Cannabis
sativa L., Capsicum L.

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Abstract

Chronic pain conditions, such as neuropathic pain, is a common significant and


debilitating problem that presents a major challenge to health-care. Neuropathic pain is caused
by a lesion of the somatosensory system, including peripheral fibers and central neurons.

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Despite the large number of available drugs, there are no curative conventional treatments
for this condition due to the wide variety of adverse effects and therapeutic inefficacy.

Nowadays, more attention has been focused on the herbal formulation in the field of
drug discovery. Medicinal plants, such as Acorus calamus L., Cannabis sativa L. and Capsicum
L., show beneficial effects in relieving neuropathic pain.

This enormous potential must be exploited, and complementary experiments must be


done to confirm efficacy and safety of Acorus calamus L., Cannabis sativa L. and Capsicum L.

Keywords: Chronic pain, neuropathic pain, medicinal plants, Acorus calamus L., Cannabis
sativa L., Capsicum L.

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I. Introdução

A dor tem sido alvo de inúmeros estudos ao longo dos tempos e não é uma mera
manifestação sintomática, mas sim um fenómeno complexo influenciado por um conjunto de
fatores biológicos, psicológicos e sociais 19. “The International Association for the study of

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pain”, define dor como uma sensibilidade desagradável subjetiva e experiência emocional
associada a dano tecidual real ou potencial. A associação destaca a noção de que a dor não é
um problema estritamente biológico: a experiência da dor inclui as dimensões emocional,
comportamental e psicossocial 20.

A dor pode ser classificada como dor aguda ou dor crónica, sendo que a dor aguda é
a resposta fisiológica normal e previsível a um estímulo prejudicial (nocivo). Pode ser
claramente localizada e a sua intensidade correlaciona-se com o estímulo. Em contraste com
a dor crónica, é de duração limitada e diminui com o fim da lesão ou com a cura. A dor aguda
tem uma função protetora e de alerta, indicando que existem lesões e prevenindo lesões
adicionais 21.

A dor crónica ou persistente é um problema prevalente na população adulta/idosa,


estimando-se que cerca de 1,5 mil milhões de pessoas em todo o mundo vivem diariamente
com dor crónica 22, sendo expectável o aumento da prevalência nas próximas décadas devido
ao aumento da esperança média de vida. A dor crónica pode ser definida como dor persistente
ou recorrente num período de tempo extenso que pode ou não associar-se com um processo
patológico específico, dor que dura mais de 3 ou 6 meses (variável consoante a literatura), ou
dor que afeta negativamente o quotidiano e bem-estar 23. A dor crónica deve ser entendida
como um problema de saúde, primeiro a uma escala pessoal e mais tarde, devido à elevada
prevalência, também a uma escala pública. A dor crónica é causadora de morbilidade,
absentismo e incapacidade temporária ou permanente 24.

Desde 2003, é obrigatório avaliar regularmente a intensidade da dor em todos os


serviços de saúde e como se trata de uma experiência subjetiva, existem estratégias de
avaliação e registo da intensidade da dor, com vista a otimizar a terapêutica, dar segurança à
equipa prestadora de serviços de saúde e melhorar a qualidade de vida do doente. Para a
medição da intensidade da dor podem utilizar-se uma das seguintes escalas, validadas
internacionalmente: “Escala Visual Analógica”, “Escala Numérica da Dor”, “Escala Qualitativa
da Dor” ou “Escala de Faces” 25.

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Sem dor (0) Pior dor imaginável (100)

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Figura 1. Escala Visual Analógica (VAS). Adaptado de 25

Ausência Dor Dor


de Dor Moderada Máxima

Figura 2. Escala Numérica da Dor. Adaptado de 25

Sem Dor Dor Ligeira Dor Moderada Dor Intensa Dor Máxima

Figura 3. Escala Qualitativa da Dor. Adaptado de 25

0 1 2 3 4 5
(Sem Dor) (Dor Máxima)

Figura 4. Escala de Faces. Adaptado de 25

Para o controlo da dor crónica, é frequente o recurso a tratamento farmacológico, no


entanto, por vezes o alívio da dor é limitado e resulta num risco de efeitos colaterais e
adversos 26, em que o uso repetido de analgésicos e anti-inflamatórios pode conduzir a lesão
renal e hepática, hemorragias gastrointestinais, aumento da pressão arterial, obstipação e
dependência de substâncias 23.

Por outro lado, as terapias não farmacológicas podem auxiliar no alívio da dor, permitir
a diminuição de doses de medicamentos sintéticos e minimizar os efeitos adversos e
colaterais27. Atualmente, vários estudos vêm mostrar a eficácia das plantas medicinais no alívio

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da dor crónica, com diminuição dos efeitos colaterais para o utente e deste modo, a pesquisa
de novas alternativas, nomeadamente a área das plantas medicinais tem vindo a aumentar 28.

2. A Dor Crónica

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A dor crónica é uma dor persistente ou recorrente num período de tempo extenso
que pode ou não associar-se com um processo patológico específico, dor que dura mais de 3
ou 6 meses (variável consoante a literatura), ou dor que afeta negativamente o quotidiano e
bem-estar 23.

Em estados normais, os estímulos nocivos geram dor e as respetivas respostas que são
proporcionais ao estímulo, embora os fatores genéticos possam causar variabilidade qualitativa
e quantitativa. Essas respostas, no caso da dor crónica, manifestam-se com o desenvolvimento
de dor persistente, desproporcional ao estímulo, ou dor espontânea que é patológica e não
adaptativa. Da mesma forma, fatores genéticos e múltiplos fatores internos e externos podem
determinar a cronicidade da dor 20.

Do ponto de vista neurobiológico, a dor envolve componentes nociceptivos,


inflamatórios e/ou neuropáticos 29, sendo que as condições típicas de dor crónica são a dor
oncológica, dor lombar, dor artrítica, osteoartrite ou dor neuropática 21.

A lesão tecidual ou a inflamação persistente, espacial ou temporalmente extensa, induz


a plasticidade nas vias neurais, levando à dor crónica 20.

A dor crónica resulta de uma anomalia sensorial persistente que é causada por um
processo periférico em curso, como a inflamação crónica, no entanto, pode também ocorrer
independentemente do evento que a originou. A hipersensibilidade é uma característica
distintiva geral, que pode resultar de duas causas: da resposta aumentada a um estímulo
prejudicial, resultando em dor exagerada e prolongada, ou da diminuição dos limiares,
conduzindo à produção de dor em resposta a estímulos normalmente não prejudiciais. Em
ambos os casos, o sistema de resposta da dor é alterado, resultando em dor crónica 21.

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5 Perceção Sobrecarga mental


Ligação neuroquímica entre dor e o SNC

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Neurónio da Espinhal Medula
leva a uma maior incidência de depressão e
ansiedade.

Modulação Perda de controlo nociceptivo


4
4 Estímulos normalmente inócuos tornam-se
dolorosos. Qualquer movimento/ deformação dos
tecidos torna-se dolorosa.

Espinhal Medula
3 Transmissão
3
Sensibilização
Sinais de dor constantes resultam em mudanças
no sistema nervoso. A dor torna-se mais
Neurónio Sensorial Primário

dolorosa.
Lesão dos nervos
2 Condução 2 Os nervos sensoriais danificados enviam
constantemente sinais de dor.

Inflamação
Aumento da produção de mediadores
inflamatórios, levando à dor espontânea,
alodinia e hiperalgesia.
Transdução
1
Inflamação 1

Estímulo
Nervoso

Figura 5. Processamento e alterações patológicas da dor crónica. Adaptado de 30

35
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O processamento da dor inclui as seis componentes principais seguintes:

-Transdução
O processamento da dor (nocicepção) começa quando uma fonte iminente ou
ferimentos térmicos, químicos ou mecânicos estimulam terminações periféricas sensoriais

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(nociceptores). Os nociceptores traduzem (transdução) o estímulo físico num sinal elétrico
que se for forte o suficiente, desencadeia um potencial de ação 31.

-Inflamação
A lesão danifica os tecidos e são atraídas células inflamatórias, levando à libertação de
numerosos mediadores inflamatórios, como prostaglandinas, iões de potássio, bradicinina,
citocinas, fatores de crescimento, purinas e aminas 31. Alguns desses mediadores podem ativar
os nociceptores diretamente e provocar a dor, enquanto outros os sensibilizam facilitando a
sua ativação (por diminuição do limiar de dor), ou através do aumento da responsividade ao
estímulo (por aumento da excitabilidade da membrana), o que contribui para a dor espontânea
e dor por estímulos não dolorosos (alodinia) ou amplificados (hiperalgesia). Alguns desses
mecanismos são rápidos, subsequentes à modificação pós-transdução dos efetores de sinal,
enquanto outras alterações são mais tardias, pois dependem da tradução génica, transcrição e
transporte de novas proteínas 20.

-Condução
Os sinais de dor são conduzidos ao longo de fibras nervosas através da passagem de
potenciais de ação ao longo dos neurónios. Durante a despolarização, entram iões de sódio e
posteriormente saem iões de potássio para restabelecer a carga iónica. O tipo de fibra que
transporta o sinal afeta o tipo de dor. As fibras A-δ carregam uma dor aguda e bem localizada
enquanto que as fibras C são responsáveis por dores mal localizadas em toda a área da lesão31.

-Transmissão
Os neurotransmissores transmitem o sinal através da fenda sináptica. A transmissão
ocorre em três junções: primeiro, entre o nociceptor e chifre dorsal da medula espinhal;
segundo, entre a medula espinhal e o tálamo e tronco cerebral; e terceiro, do tálamo para o
córtex cerebral 31.

- Modulação
A modulação da intensidade da dor é realizada por um extenso sistema antinocicetivo.
Este sistema, reduz a intensidade da dor, permitindo um retorno à funcionalidade. Na dor
crónica, a medula espinhal é excitada por estimulação prolongada, levando a hipersensibilidade
de dor 31.
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- Perceção de dor
Após os sinais de dor contactarem com o cérebro, são encaminhados para regiões
cerebrais envolvidas na sensação, sistema nervoso autónomo, resposta motora, emoções e
comportamento. As complexas interações de todas as áreas definem a perceção da dor pelo

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paciente. Pesquisas mostram que pacientes que se descrevem mais sensíveis à dor, na verdade,
têm uma resposta nas três áreas do cérebro responsáveis pela perceção da dor: o tálamo,
sistema límbico e área cinzenta 31.

3. A Dor neuropática

A dor neuropática, afeta 7 a 10% da população e é caracterizada pela alteração


somatossensorial parcial ou completa no território de enervação do sistema nervoso central
ou periférico, incluindo as fibras periféricas (fibras Aβ, Aδ e C) correspondente à patologia e
pela ocorrência paradoxal de dor e fenómenos de hipersensibilidade na zona desnervada e
adjacentes 32. Estes fenómenos sensoriais ocorrem em condições etiológicas diferentes e em
lesões nervosas diferentes, não sendo imputada a apenas um mecanismo a responsabilidade
por originar e manter os sinais e sintomas observados na dor neuropática 33,34.

A dor de origem neuropática, que surge após lesão direta ou dano ao sistema
somatossensorial, é considerada patológica e envolve profundas alterações no processamento
periférico e central normal. Como consequência da lesão, os neurónios nociceptivos alteram
as suas propriedades de resposta, podendo apresentar atividade espontânea, aumento da
responsividade e redução do limiar de sensação de dor 29. A dor neuropática é sentida como
queimadura, formigueiro, choque elétricos, sensibilidade ao toque, dor intensa por leves
toques, dor ao frio ou calor, ou dormência 31.

Várias doenças neurológicas com lesões nos nervos periféricos ou danos no sistema
somatossensorial no SNC, como esclerose múltipla, infeções, traumas (transecção do nervo,
danos nos nervos, lesões do plexo braquial) e distúrbios metabólicos ou intoxicações podem
causar dor neuropática 20. No entanto, a estimativa da incidência e prevalência da dor
neuropática tem sido difícil de quantificar devido à escassez de critérios de diagnóstico para
pesquisas epidemiológicas na população em geral. Assim, a prevalência da dor neuropática na
população com dor crónica tem sido estimada com base em estudos realizados por centros
especializados com foco em condições específicas, como nevralgia pós-herpética, neuropatia
diabética dolorosa, dor neuropática pós-cirúrgica, esclerose múltipla, lesão medular, acidente
34
vascular cerebral e cancro . A dor neuropática pode ser espontânea, ou evocada,

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desencadeada por estímulos inócuos ou associada a respostas exagerada a estímulos nocivos


menores e acompanhada de perda da função motora ou sensitiva 20.

Patogeneticamente, os mecanismos que geram a dor neuropática são causa específica


e única para a etiologia, mas uma anormalidade predominante que tipicamente conduz a dor

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neuropática é a hiperexcitabilidade elétrica e a geração de descargas neuronais após lesão 20.

3.1. Fisiopatologia da dor neuropática

Pesquisas no campo da dor, têm-se concentrado na compreensão das mudanças na


plasticidade do sistema nervoso após lesão de nervos, identificando novos alvos terapêuticos
e facilitando transposição de conhecimento de modelos animais para a prática clínica 34.

Na dor neuropática, os recetores de glutamato sofrem reações de fosforilação que vão


aumentar a frequência e amplitude do potencial excitatório pós-sináptico (EPSP). A
acumulação do glutamato nas vesículas sinápticas, pensa-se que seja o responsável pelo
aumento da amplitude do EPSP 35. Para além do glutamato, o ácido lisofosfatídico (LPA),
desempenha também um papel na dor neuropática. Após lesão tecidual, o ácido lisofosfatídico
é libertado e vai atuar via recetores de LPA acoplados à proteína G e adicionalmente, a
degeneração Wallerian, que ocorre após dano axonal de um nervo periférico, leva à degradação
do axónio e da bainha de mielina, que vão promover a hiperalgesia e alodinia características
da dor neuropática 26.

As síndromes da dor neuropática podem ser divididas em duas categorias: as que são
consequência de uma lesão periférica, ou as que advêm de uma lesão central.

Os danos nos nervos periféricos, podem resultar em patologias neuropáticas crónicas


através de diversos mecanismos. Enquanto que, o estímulo da dor é localizado, as respostas
que levam à dor crónica não o são; os terminais periféricos das fibras C não mielinizadas, e
fibras Aδ mielinizadas podem estimular o desenvolvimento de dor neuropática após sofrerem
dano metabólico, dano causado por toxinas, medicamentos, citocinas ou outros mediadores
inflamatórios, resultando em alterações da densidade das fibras, desequilíbrios entre
34,35
sinalização central excitatória e inibitória e em hiperexcitabilidade neuronal . A
hiperestimulação axonal e os danos químicos, induzem a degeneração das fibras e alterações
na expressão e composição do canal axonal, que por sua vez, resultam num disparo ectópico
e transmissão sináptica defeituosa. Em resposta a danos axonais e suas sequelas, as células glia

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satélite e neurónios autónomos podem provocar dor devido a alterações na distribuição e


expressão do canal axonal 35.

O mecanismo central da dor neuropática, tem por base uma lesão ou doença da
espinhal medula e/ou do cérebro 34, onde ocorre uma estimulação repetida ou intensa, espinhal

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e supra-espinhal que provoca uma sensibilização central 35. De acordo, com “The International
Association for the study of pain”, a sensibilização central é “o aumento da responsividade dos
neurónios nociceptivos no sistema nervoso central para sinais aferentes normais ou
sublimiares”. Nas sinapses de neurónios de segunda ordem, esta maior capacidade de resposta
pode envolver mudanças na permeabilidade do cálcio e aumento da expressão dos recetores,
promovendo o estado de dor crónica 35. Adicionalmente, os segundos mensageiros, como o
AMP cíclico, proteínas cinases, as vias de sinalização de óxido nítrico e a ativação excessiva
das microglias, são responsáveis por mudanças estruturais que perpetuam a existência da dor26
e pela libertação de mediadores promotores de dor 35.

Periférica Central

Território do nervo Em e/ou Dor


Nevralgia do
trigémeo facial ou abaixo do neuropática
trigémeo
intraoral nível da lesão associada a
da espinal lesão medular
Distribuição unilateral em
um ou mais dermátomos
espinhais ou no território Nevralgia pós-
Contralateral
do nervo trigémeo herpética
ao AVC; a
(geralmente a divisão
distribuição Dor pós AVC
oftálmica)
pode também central
envolver o
No território de lado ipsilateral
inervação do nervo da face
Dor por lesão
lesado, tipicamente distal
do nervo
a um local de cirurgia ou
trauma
Dor
Distribuições
Na parte do corpo neuropática
combinadas das
amputada ou no membro Dor pós- central
observadas na
residual amputação associada à
lesão medular e
esclerose
no AVC
Nos pés e frequentemente múltipla
Polineuropatia
nas pernas, coxas e mãos
dolorosa

No território de
inervação da raiz nervosa Radiculopatia Distribuição da dor Exemplos de dor neuropática
afetada dolorosa

Figura 6. Distribuição da dor e sinais sensoriais em condições de dor neuropática periférica


e central. Adaptado de 34

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No geral, a hiperexcitabilidade subjacente da dor neuropática resulta de 1) alterações


na função e expressão do canal iónico, 2) mudanças na função neuronal nociceptiva de segunda
ordem e 3) alterações na inibição da função interneuronal 34.

1) Alterações no canal iónico: A dor neuropática provoca alterações em canais iónicos

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(sódio, cálcio e potássio) dentro dos nervos afetados, que podem incluir todos os tipos
de fibras aferentes que afetam a sinalização sensorial espinhal e cerebral. Por exemplo, o
aumento da expressão e função dos canais de sódio no terminal da espinhal medula dos
nervos sensoriais leva ao aumento da excitabilidade, transdução de sinal e libertação de
neurotransmissores 34.
2) Alterações neuronais nociceptivas de segunda ordem: A excitabilidade dos neurónios
produz um aumento das respostas a muitas modalidades sensoriais, levando a uma
diminuição do limiar de fibras aferentes Aβ e Aδ para ativar os neurónios nociceptivos de
segunda ordem (que transmitem informações sensoriais para o cérebro) e os seus campos
recetivos, em que um determinado estímulo desencadeia uma cadeia de excitação de mais
neurónios nociceptivos de segunda ordem, gerando a chamada sensibilização central. A
hiperexcitabilidade pode também ser causada por uma perda de ácido γ-aminobutírico
(GABA) - libertando mediadores inibitórios que alteram a sua funcionalidade para exercer
consequentemente ações excitatórias em níveis espinhais 34.
3) Mudanças na modulação inibitória: Além de mudanças em neurónios de transmissão de
dor, os interneurónios inibitórios são disfuncionais em pacientes com dor neuropática. A
disfunção dos interneurónios contribui para a alteração do equilíbrio geral entre inibições
descendentes e excitações; especificamente, a dor neuropática leva a uma mudança na
excitação que domina nesta patologia. Consequentemente, o cérebro recebe alterações
e mensagens sensoriais anormais, levando a altos índices de dor e ansiedade, depressão e
problemas de sono 34.

Alguns pacientes com dor neuropática são moderadamente afetados, enquanto outros
sentem dor debilitante. Esta variabilidade deve-se em parte à resposta farmacológica e não
farmacológica por parte dos pacientes. Um dos motivos chave responsável por esta variação
pensa-se que seja a maneira como a dor é modulada no SNC. O sinal de dor pode ser
aumentado ou reduzido à medida que entra no chifre dorsal, ou pela retransmissão ao SNC e
pela chegada ao córtex cerebral, uma área crucial para a consciência e consequentemente para
a perceção da dor 34.

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3.2. Tratamento da dor neuropática

A lacuna existente pelos profissionais de saúde no controlo da dor, leva a uma falta de
resposta da terapêutica para os utentes 31. Algumas das consequências que advêm da falta de

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conhecimento no controlo da dor, são as seguintes:

1) Inexistência de uma abordagem multimodal: a não conjugação de fatores físicos,


comportamentais e psicológicos da dor, impede a maximização da recuperação
funcional 31.
2) Falhas na segmentação do mecanismo da dor (dor somática, inflamatória,
neuropática): Subvalorização da dor 31.
3) Ausência de tratamento eficaz da dor neuropática, traduzindo-se num agravamento
da hipersensibilidade do sistema nervoso e num deficiente controlo da dor 31.

Associado a esta lacuna no controlo da dor, e sendo a dor neuropática uma condição
limitada ao tratamento, a baixa satisfação do paciente e os efeitos adversos que advêm do
tratamento farmacológico 36, o tratamento da dor neuropática não tem a eficácia pretendida.

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Tratamento farmacológico disponível para a dor neuropática

Tabela 1. Farmacoterapia disponível para a dor neuropática. Adaptado de 34


Fármaco Mecanismo de ação Efeitos adversos
Antidepressivos tricíclicos

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Nortriptilina, Sonolência,
Inibição da recaptação de monoaminas,
Amitriptilina, efeitos
bloqueio do canal de sódio efeito
Clomipramina, anticolinérgicos
anticolinérgico
Imipramina e ganho de peso
Inibidores da recaptação de noradrenalina e serotonina
Náusea, dor
Inibidores da recaptação da serotonina
Duloxetina abdominal
e noradrenalina
e obstipação
Inibidores da recaptação da serotonina Náusea e hipertensão
Venlafaxina
e noradrenalina
Ligandos α2δ do canal de cálcio
Atua na subunidade α2δ de canais de Sedação, tontura,
Gabapentina,
cálcio dependente de voltagem, que edema periférico e
pregabalina
diminuem sensibilização central aumento de peso
Opióides
Náusea, vómito,
Agonista do μ ‑receptor e
Tramadol obstipação, tontura
Inibição da recaptação de monoaminas
e sonolência

Agonistas do μ-receptor; Náuseas, vómitos,


Morfina e oxicodona adicionalmente, a oxicodona pode obstipação,tontura,
causar antagonismo do κ-receptor sonolência
Neurotoxinas
Inibidor da libertação de acetilcolina e
agente de bloqueio neuromuscular;
Dor no local da
Toxina botulínica A efeitos potenciais
injeção
na mecanotransdução e efeitos centrais
na dor neuropática
Outros
Eritema local,
Lidocaína tópica Bloqueio do canal de sódio
erupção cutânea
Dor, eritema,
Sist. Transdérmicos de
Dessensibilização de axónios sensoriais aumento da pressão
capsaícina
arterial

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4. Plantas medicinais utilizadas no alívio da dor neuropática

Atualmente, a fitoterapia é uma alternativa à terapêutica cada vez mais utilizada, já que
demonstra ser farmacologicamente ativa e confiável e a sua abordagem permite uma redução
dos efeitos adversos frequentemente associados aos produtos de síntese química 37. De

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seguida, serão enumeradas plantas medicinais que mostraram ser eficazes no alívio da dor
neuropática.

4.1. Acorus calamus L.

Acorus calamus L., também conhecida como Acorus odoratos Lam. ou Calamus aromaticus
Garsault, pertence à família Acoraceae, é uma planta semiaquática, perene e monocotiledónea,
sendo nativa da Índia, Mongólia, China, Japão e sudeste Asiático 37. A. calamus é usada
tradicionalmente para diversos fins medicinais, nomeadamente para a artrite, nevralgia,
dispepsia, problemas renais e hepáticos 37, tendo a análise fitoquímica da planta mostrado que
A. calamus possui glicosídeos, flavonóides, saponinas, taninos, compostos polifenólicos e óleo
essencial 26. Os flavonóides são um dos metabolitos secundários mais importantes, já que
exibem uma ampla gama de atividades, como anti-inflamatória, antioxidante e analgésica, que
são principalmente atribuídas à sua poderosa atividade antioxidante e / ou modulação de
atividades enzimática, tendo-se verificado que esta família de compostos pode modular a dor
principalmente através de sua atividade antioxidante e modulando a atividade da proteína
quinase C 38. No óleo essencial, os fitoquímicos bioativos presentes são a alfa (α)-asarona e
beta (β)-asarona que demostraram ter uma ampla gama de atividades farmacológicas com
potencialidade para tratamento de várias patologias 39. No entanto, é importante considerar a
sua toxicidade, nomeadamente a da β-asarona, que em doses altas (≥ 50 mg/kg) demonstrou
diminuir a coordenação e capacidade motora, o desenvolvimento de hepatomas indicando
assim a possibilidade de causar carcinoma hepatocelular e efeitos mutagénicos em murganhos,
39
pelo que não é recomendado para uso clínico devido à sua elevada toxicidade .
Muthuraman e Singh 40, investigaram os efeitos protetores de A. calamus no alívio da
dor neuropática induzida pela vincristina, um alcaloide que induz de forma significativa a dor
neuropática, manifestando-se em termos de hiperalgesia, alodinia e pelo aumento dos índices
bioquímicos da dor 40. A vincristina produziu um aumento dos níveis de cálcio, do anião
superóxido e de mieloperoxidase (enzima responsável pela produção de espécies reativas de
oxigénio). O extrato hidraalcoólico, preparado por extração etanol: água (1:1) do pó de
rizoma de A. calamus, quando administrado em murganhos nas doses de 100 e 200 mg/Kg, por
43
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via oral e por 14 dias consecutivos demonstrou atenuar o comportamento induzido pela
vincristina e as alterações bioquímicas subjacentes 41. Os mecanismos de ação parecem ser a
redução da mieloperoxidase, a inibição da ação inflamatória, a diminuição da expressão dos
canais de cálcio e a diminuição da atividade da acetilcolinesterase, que catalisa a hidrólise da

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acetilcolina, e consequentemente, evita a transmissão excessiva deste neurotransmissor e a
estimulação exagerada do músculo 42.

Tabela 2. Efeitos de Acorus calamus nas alterações de biomarcadores tecidulares. Adaptado


de 40
Nível de atividade da
Cálcio total
Grupos mieloperoxidase
(ppm/mg de proteína)
(U/min/mg de proteína)
Normal 3.91 ± 1.52 12.15 ± 1.05
Vincristina 33.41 ± 1.59 132.53 ± 3.92
Vincristina + Acorus calamus
8.71 ± 1.24 42.52 ± 2.13
(100 mg/kg)
Vincristina + Acorus calamus
5.53 ± 1.46 32.61 ± 2.41
(200 mg/kg)

Apesar de Muthuraman e Singh 40, terem investigado a potencialidade de Acorus calamus


no alívio da dor neuropática, a informação é ainda escassa e sem provas científicas concretas
e por este modo, mais estudos são necessários para comprovar a sua eficácia e segurança.

4.2. Cannabis sativa L.

Cannabis sativa L., pertence à família Cannabaceae é uma planta angiospérmica nativa da
Ásia, que possui uma ampla distribuição devido à sua fácil adaptação a diferentes ecossistemas
e fácil adaptação climática 43. Esta planta tem uma longa história de uso, tanto como agente
medicinal, como droga de abuso, em que os seus principais componentes são: δ-9-
tetrahidrocanabinol (THC), um componente psicoativo que tem efeito antiespasmódico, anti-
inflamatório, estimulante e propriedades antieméticas e o canabidiol (CBD), um componente
não psicoativo, que exibe muitos efeitos farmacológicos, como anti-inflamatório,
anticonvulsivante, antipsicótico, antioxidante, neuroprotetor e imunomodulador 41.

Os canabinóides têm a capacidade de atenuar e suprimir a perceção da dor. A potência


nociceptiva dos agonistas canabinóides está relacionada com a capacidade destes se ligarem
aos CBR’s. Após se gerar o potencial de ação e a fusão das vesículas citoplasmáticas com a
44
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membrana pré-sináptica, os neurotransmissores são libertados para a fenda sináptica. Estes


ligam-se aos recetores da membrana pós-sináptica, havendo acumulação de iões Ca2+,
despolarização da membrana e ativação de enzimas dependentes de cálcio responsáveis pela
44
biossíntese de endocanabinóides . Posteriormente, estes endocanabinóides atuam nos

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recetores canabinóides CB1 e CB2, que estão amplamente distribuídos na superfície de vários
tipos de células. Os recetores CB1 são os principais recetores canabinóides neuronais,
expressando-se em zonas centrais como no cerebelo, hipocampo, gânglios basais, nas
terminações nervosas cutâneas, glândulas endócrinas, leucócitos, baço, aparelho reprodutor,
urinário e gastrointestinal 45. Os recetores CB2 localizam-se essencialmente a nível periférico
dos linfócitos B, monócitos, neutrófilos e linfócitos T 45. No sistema nervoso central, os
canabinóides atuam como agonistas parciais a nível dos recetores CB1 e CB2, simulando os
efeitos dos endocanabinóides que se encontram devidamente organizados nas sinapses
GABAérgicas e glutamatérgicas, exercendo efeitos inibitórios sobre a adenilciclase e
promovendo a ativação dos canais de K+ e o bloqueio da entrada de Ca2+nas células. Assim, a
ativação do recetor CB1 origina hiperpolarização local e efeitos inibitórios gerais. A ação
inibitória dos endocanabinóides, nos canais de cálcio pré-sinápticos, pela ativação dos
recetores CB1,origina inibição pré-sináptica da libertação de neurotransmissores GABA,
glutamato, acetilcolina e noradrenalina 44. No geral, a estimulação dos recetores CB1 e CB2
acoplados à proteína G, resultam em inibição das vias de transmissão de sinais nociceptivos e
os agonistas dos recetores canabinóides derivados de plantas produzem efeitos analgésicos
bem descritos 46.

Costa et al. 47, demonstraram pela primeira vez a capacidade do canabidiol alivar a dor
neuropática em ratos, induzida por lesão por contrição do nervo ciático. O extrato metanólico
de cannabis continha 64,5% de CBD, 4% de THC e 4% de outros canabinóides, tendo sido
administrado uma vez por dia durante 1 semana, onde se demonstrou que o componente não
psicoativo inverteu a hiperalgesia, característica da dor neuropática47. O canabidiol
demonstrou também a capacidade de inibir a absorção celular e a hidrólise enzimática da
anandamida, um endocanabinóide que está envolvido no controlo da dor, pela ativação dos
recetores CB1 e CB2 47 e consequentemente na inibição das vias de transmissão de sinais
46
nociceptivos . Devido à inibição da absorção e hidrólise enzimática, os níveis deste
endocanabinóide aumentam tanto no interior como no exterior da célula e os níveis mais
elevados de anandamida explicam o efeito anti hiperalgésico e anti-inflamatório do canabidiol47.

45
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120

Intensidade Hiperalgesia (∆ limiar de


100

retirada da pata)
80

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60

40

20

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Dias

Figura 7. Efeito anti hiperalgésico do canabidiol no modelo de rato com dor neuropática.
Adaptado de 47

Wilsey et al. 48, conduziram um estudo duplamente cego e controlado com placebo em
que avaliaram a eficácia analgésica de cannabis vaporizada em indivíduos com dor neuropática
central e periférica, medicados para a patologia com o tratamento convencional. Os 39
pacientes foram submetidos a um procedimento padronizado para inalação de uma dose média
(3,53%), dose baixa (1,29%) ou placebo. Os outcomes estudados foram o alívio da dor
espontânea e a avaliação da dor por parte dos participantes em que avaliavam a dor por uma
escala visual analógica (VAS) entre 0 (sem dor) e 100 (a pior dor possível). Provou-se que
tanto as doses baixas como as doses médias tinham efeito analgésico para as condições
heterógenas da dor neuropática estudadas, sendo que a redução da intensidade da dor foi de
aproximadamente 30%. Os efeitos colaterais da pulverização de Cannabis sativa L. em ambas
as doses foram insignificantes em termos de resultados psicomiméticos, tendo sido medidos
por escalas de humor. Já em termos de consequências indesejáveis em relação a efeitos
psicológicos e/ou cognitivos, estas foram identificadas, no entanto, concluiu-se que estes
efeitos são aceitáveis tendo em conta o risco/benefício para pacientes com dor neuropática,
sendo importante referir que nenhum participante se retirou devido a problemas de
tolerabilidade48.

46
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100

Escala Visual Analógica (VAS) da dor


90
80
70
60

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50
40
30
20
10
0
0 60 120 180 240 300
Tempo (min)
Placebo 1,29% 3,53%

Figura 8. Intensidade da dor avaliada através da Escala Visual Analógica da dor. Adaptado
de48

3
Satisfação global no alívio da dor (escala de -3 a +3)

0
60 120 180 240 300

-1

-2

-3
Tempo (min)
Placebo 1,29% 3,53%
48
Figura 9. Satisfação global no alívio da dor. Adaptado de

Num outro estudo, conduzido por Schimrigk et al. 49, demonstraram a eficácia e
segurança a longo prazo do δ-9-tetrahidrocanabinol no tratamento da dor neuropática central
associada à esclerose múltipla. O estudo realizou-se de forma randomizada e duplamente cega,
com 240 participantes, em que um grupo recebeu tratamento com uma dose média diária de
12,7±2,9 mg de THC e o outro placebo, sendo os outcomes estudados a diminuição da dor,
avaliada numa escala numérica de dor e a melhoria da qualidade de vida, avaliada através de
47
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um questionário. O ensaio demonstrou que o grupo tratado com THC teve uma diminuição
da intensidade da dor clinicamente relevante relativamente ao grupo placebo e que a
ocorrência de reações adversas graves foi rara. No entanto, a taxa de reações adversas foi
maior no grupo que recebeu THC, sendo que a proporção de pacientes com reações adversas

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diminui cerca de 26% durante o acompanhamento a longo prazo. Inicialmente, a taxa de
reações adversas mais elevada prende-se muitas vezes com o período de habituação do
paciente e com as suas expectativas perante o tratamento, ressalvando que a maioria das
reações adversas eram pouco graves e de intensidade leve a moderada. Além do efeito
analgésico, os efeitos sedativos, espasmolíticos, anti-inflamatórios e ansiolíticos podem
contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos pacientes com dor neuropática 49. Neste
estudo levantaram-se ainda questões de tolerância, dependência e sintomas de abstinência, já
que o THC é o componente psicoativo de Cannabis sativa L. 41. No entanto, durante a avaliação
do tratamento com THC, demonstrou-se que apesar da longa duração do mesmo, apenas 10
pacientes mostraram sintomas transitórios de abstinência e apenas 1 paciente demonstrou
sinais de dependência. No geral, os resultados revelam que o tratamento a longo prazo com
THC é uma opção com segurança favorável, com eficácia terapêutica e boa tolerabilidade 49.

10
9
8
Intensidade média da dor

7
6
5
4
3
2
1
0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49
Duração do estudo (semanas)
Placebo Dronabinol

Figura 10. Intensidade média da dor durante o estudo. Adaptado de 49

48
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Tabela 3. Sumário de reações adversas/ reações adversas graves ao longo do estudo.


Adaptado de 49

Duração do ensaio

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Acompanhamento a longo termo
16 semanas
(69 semanas)

Placebo Grupo THC Grupo THC

Número de reações 59 144 53


adversas
Número de reações 0 2 0
adversas graves

Em 2005, a Health Canada aprovou o Sativex (extrato de Cannabis sativa L., numa
proporção de 27 mg de THC e 25 mg de CBD por pulverização) para o tratamento adjuvante
no alívio sintomático da dor neuropática em adultos com esclerose múltipla e artrite
47
reumatoide, tendo-se mostrado bem sucedido . Em Portugal, o Sativex foi também
autorizado para introdução no mercado em 2012 50, para o tratamento dos sintomas em
adultos com espasticidade moderada a grave devido a esclerose múltipla 51.

De realçar, que embora o Sativex tenha sido autorizado e esteja comercializado em


alguns países, este apresenta algumas interações medicamentosas nomeadamente com
fármacos metabolizados pela CYP3A4, 1A2 e 2B6, já que pode acelerar o seu metabolismo e
reduzir a atividade desses medicamentos, tais como estatinas, bloqueadores beta e
corticosteroides. Verificou-se também que o Sativex inibe as enzimas UGT e deste modo,
fármacos, como o propofol e determinados antivirais, que são metabolizados por
glucoronidação vão aumentar a sua concentração podendo provocar toxicidade. Por outro
lado, sendo o Sativex usado para o tratamento dos sintomas de espasticidade devido a
esclerose múltipla, devem ser tomadas precauções quando se coadministra com outros
antiespásticos devido à possibilidade de ocorrer diminuição do tónus e potência muscular que
poderá levar a um maior risco de quedas 51.

49
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4.3. Capsicum L.

A Capsaícina (8-metil-N-vanilil-6-nonenamida) é uma substância natural que deriva das


plantas do género Capsicum (pimenta chilli), da família Solanaceae. A capsaícina é um vanilóide,
que tem um grupo vanílico capaz de se ligar ao recetor de potencial transitório vanilóide tipo

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1 (TRPV1) 52. Este recetor está envolvido na transmissão da dor em diversos órgãos e trata-
se de um canal iónico tetramérico transmembranar que apresenta uma elevada permeabilidade
ao cálcio, estando presente nas fibras Aδ e C periféricas e nos gânglios trigémeos. O TRPV1
é ativado por diversos estímulos, tanto ambientais como compostos endógenos que levam à
despolarização por influxo de sódio e cálcio 53. Quando é ativado pela capsaícina, ocorre
abertura do canal de cálcio e sódio e o influxo destes iões geram um potencial de ação que
origina hiperalgesia, alodinia, sensação de queimadura e eritema. No entanto, a exposição
repetida ou exposição a altas concentrações de capsaícina resultam em desfuncionalização e
dessensibilização dos nociceptores 54 e também à diminuição da densidade das fibras nervosas
epidérmicas 55. O mecanismo ainda não é totalmente conhecido, mas pensa-se que a entrada
excessiva de cálcio para o interior das células, leva à sobrecarga e inibição das mitocôndrias e
consequentemente à disfunção dos terminais nervosos 56.

Num estudo clínico randomizado e duplamente cego em 20 pacientes com dor


neuropática, foram testados sistemas transdérmicos de capsaícina 8% contra sistemas
transdérmicos placebo contendo apenas 0,04% de capsaícina. Na análise destes estudos, tanto
os pacientes medicados com o tratamento convencional da dor neuropática, como os
pacientes que não usam este tipo de medicação, apresentaram uma redução de cerca de 30%
na escala numérica de dor com o uso de capsaícina 8%. O parecer geral da eficácia do adesivo
de capsaícina variou de moderada a excelente, sendo que estas taxas de resposta variam de
paciente para paciente e do manuseio do sistema transdérmico, tendo-se verificado que uma
única aplicação cutânea aliviou a dor com duração de até 12 semanas e que o tratamento com
capsaícina é bem tolerado, seguro e eficaz, com melhoria nos ataques de dor, duração do sono
e qualidade de vida 52,56.
Num outro estudo aberto, randomizado e multicêntrico, conduzido por Haanpää et
al.57, comparou-se a eficácia do adesivo de capsaícina 8% com a administração oral de
pregabalina em pacientes com dor neuropática periférica, sendo que 286 participantes
receberam o tratamento com o adesivo de capsaícina e 282 o tratamento com pregabalina 75
mg por via oral. Os resultados do estudo, avaliados através da escala numérica da dor,
revelaram que a capsaícina aliviou a dor em 50% após 7,5 dias, enquanto que o tratamento

50
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com pregabalina apenas conseguiu a mesma percentagem de alívio após 36 dias. Já em termos
de efeitos adversos, estes foram reportados tanto no grupo tratado com capsaícina como no
grupo tratado com pregabalina, sendo que os efeitos adversos referidos pelos pacientes
tratados com capsaícina foram eritema, queimadura e dor no local de aplicação do emplastro,

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sensações estas que são características da aplicação do emplastro de capsaícina, mas que
desaparecem com a aplicação repetida do emplastro 54,57. No geral, os pacientes consideraram
o tratamento com capsaícina bastante positivo em relação ao tratamento com pregabalina 57.

100

90

80
Pacientes sem alívio da dor (%)

70

60

50

40

30

20

10

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44 46 48 50 52 54 56 58 60

Duração do estudo (dias)


Capsaicina Pregabalina

Figura 11. Relação do alívio de dor face à duração do estudo. Adaptado de 57

Num terceiro estudo, pretendeu-se avaliar o efeito analgésico após uma única aplicação
de adesivo cutâneo de capsaícina 8% em pacientes com dor neuropática. Os 37 pacientes que
participaram no estudo apresentavam sintomas característicos de dor neuropática,
nomeadamente hiperalgesia, alodinia, dormência da área afetada e sensibilidade reduzida à
temperatura e todos eles estavam medicamentos para a patologia com o tratamento
convencional há mais de 3 anos. Os resultados do estudo, avaliados pela escala numérica da
dor, mostram que uma única aplicação de capsaícina alcançou uma redução da dor durante
um período de 12 semanas, com alívio máximo da dor após 2 a 4 semanas de tratamento e
com diminuição dos sintomas associados à dor neuropática. Os pacientes foram alvo de um
questionário acerca da qualidade de vida antes e após o tratamento com capsaícina,
nomeadamente na restrição da realização de alguma atividade social, tendo aproximadamente
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50% dos indivíduos respondido que não realizava certas atividades antes do tratamento com
capsaícina devido às limitações que as dores provocavam. Mas após o tratamento, verificou-
se uma redução da dor em 32,7%, uma melhoria de 47% no humor, qualidade do sono e
realização de tarefas do quotidiano e 35% dos pacientes conseguiram reduzir a medicação

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adicional oral durante o ensaio. No geral, os intervenientes o estudo, relataram uma melhoria
significativa na qualidade de vida e na condição da dor, tendo 77,4% dos pacientes referido que
concordariam em repetir a terapia a qualquer momento 55.

10
9
Intensidade média da dor

8
7
6
5
4
3
2
1
0
4 semanas 24h antes da Dia da 2 semanas 4 semanas 8 semanas 12 semanas
antes da intervenção intervenção após após após após
intervenção intervenção intervenção intervenção intervenção

Duração do estudo

Figura 12. Intensidade média da dor durante o estudo. Adaptado de 55

Em Portugal, existem atualmente vários medicamentos aprovados com capsaícina,


entre os quais o Dolban e o Neodor em creme e Qutenza em adesivo cutâneo 58. A capsaícina
existente no Qutenza destina-se a ser libertada na pele, sendo que a taxa de libertação da
substância ativa é linear durante o tempo de aplicação, calculando-se que a sua absorção seja
de apenas 1% na epiderme e na derme e deste modo, as interações medicamentosas são raras
ou inexistentes 59. Este adesivo deve ser aplicado com supervisão médica, sobre a área
dolorosa por um máximo de 30 minutos se o tratamento for nos pés ou 60 minutos para
tratamentos noutras áreas. Após o tratamento, o remanescente de capsaícina deve ser
devidamente limpo da pele, podendo o procedimento ser repetido a cada 90 dias 55.

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5. Conclusão

A dor é um fenómeno complexo e limitante, que deve ser tratado qualquer seja a sua
etiologia. Deste modo, o conhecimento da fisiopatologia da dor é um fator preponderante
para a perceção dos mecanismos que desencadeiam e a dor e consequentemente para uma

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correta instituição da terapêutica.
Com o avanço da tecnologia, o aprimoramento das técnicas de extração, isolamento,
desenvolvimento de novas formulações de substâncias provenientes de plantas e com a
necessidade urgente de terapias alternativas foi possível focar uma nova atenção da sociedade
para as plantas medicinais, para o seu contributo no tratamento de doenças e para uma
ampliação do seu arsenal terapêutico 60,61.
De facto, é notória a importância das plantas medicinais apresentadas no alívio da dor
neuropática. Nos estudos expostos, verificou-se que tanto Acorus calamus, como Cannabis
sativa L. e Capsicum L. demonstraram eficácia, segurança e tolerabilidade face ao tratamento
convencional aprovado para esta patologia. Aliado a estas vantagens, está o facto de a
fitoterapia ser uma terapia natural e deste modo, o risco de interações medicamentosas e a
ocorrência de efeitos adversos é consideravelmente menor, sendo por isso uma alternativa
terapêutica cada vez mais procurada por doentes polimedicados.
Apesar de já existirem medicamentos contendo Cannabis sativa L. e Capsicum L., mais
estudos são necessários para comprovar a eficácia e segurança destas plantas medicinais.
Relativamente ao Acorus calamus, esta planta necessita de mais estudos complementares para
atestar a sua eficácia, já que os que estudos existentes são escassos e pouco conclusivos.
Atualmente, a fitoterapia é uma alternativa à terapêutica segura e eficaz para o
tratamento de diversas patologias cada vez mais procurada, apesar de que isoladamente
poderá não ter o efeito pretendido. No entanto, em associação com outros medicamentos
poderá proporcionar um alívio eficaz na dor, oferecendo ao paciente melhor qualidade de vida
e bem-estar.

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Referências Bibliográficas

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Anexo

Figura 1. Sativex. Retirado de 62

Figura 2. Qutenza. Retirado de 63

59
Exemplos de produtos autorizados em Portugal

Figura 3. Neodor. Produto disponível na Farmácia Saúde.


Relatórios de Estágio e Monografia “Plantas Medicinais na Dor Neuropática”
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vnqkc sn ]kkduh]sd chrd]rd- Hsr cdqhu]shudr vdqd m]ldc v]r sgd l]inq orxbgn]bshud hmfqdchdms ne b]mm]ahr- SFB
b]trdr ] u]qhdsx ne deedbsr hm cheedqdms ]mhl]k rodbhdr* rtbg ]r
)@ccqdrr bnqqdronmcdmbd sn sghr ]tsgnq ]s Hmrshstsn cd Mdtqnbhdmbh]r cd ]mshmnbhbdoshnm* gxon]bshuhsx* b]s]kdorx* gxonsgdqlh]* ]mc
@khb]msd* Tmhudqrhc]c Jhftdk Fdqm]mcdy,Bnmrdin Rtodqhnq cd Hmudrshf]bhnmdr b]qchnu]rbtk]q bg]mfdr- Hm sgd k]sd 087.r* Fnvkdss ]mc
Bhdmshehb]r* @o]qs]cn cd bnqqdnr 07* .244. R]ms In]m c”@k]b]ms* Ro]hm: D,
l]hk9 il]my]m]qdr;tlg-dr
bnkkd]ftdr U18[ hcdmshehdc ]mc bg]q]bsdqhrdc ] qdbdosnq hm q]s

036/+037W./5 3/-//$-// y1//5 AdmsgXl Rbhdmbd Otaihrgdpr Ksc-


Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ITALO COELHO DE ALENCAR e TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DO CEARA, protocolado em 15/12/2020 às 22:02 , sob o número 02730624920208060001.
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1,/ 4tppcmr CctpnogNplNanhneu 1//5 Tnhy , Cny . INmsNmNpci cr Nhy

aq]hm sg]s lds bqhsdqh] enq ] ghfg,]eehmhsx* rsdqdnrdkdbshud* ahmnhc qdbdosnq sg]s g]r addm lnrs rstchdc* g]r ghfg kdudkr hm
og]ql]bnknfhb]kkx chrshmbs b]mm]ahmnhc qdbdosnq* ax ld]mr aq]hm ats ]krn knvdq kdudkr hm rohm]k ]mc odqhogdq]k mdquntr
ne q]chnk]adkkdc ]fnmhrs khf]mc ahmchmf ]mc etmbshnm]k ]rr]xr shrrtd hmbktchmf ]qd]r hlonqs]ms enq o]hm odqbdoshnm* ]r vhkk
enq ?,oqnsdhm bntokdc qdbdosnqr- Jnqdnudq* sgdx entmc ] ad chrbtrrdc adknv(- BA0 qdbdosnqr ]qd ]krn chrrdlhm]sdc hm
bnqqdk]shnm adsvddm sgd onsdmbx ne b]mm]ahmnhc bnlontmcr rdudq]k nsgdq mnm,mdquntr shrrtdr khjd dmcnsgdkh]k bdkkr*
hm oqnctbhmf ]m]kfdrh] gm ugun ]mc sgd hmghahshnm ne ]cdmxk, tsdqtr* ]mc nsgdqr-
bxbk]rd gm ugspn* hmchb]shmf sgd oqdrdmbd ne ] ?,oqnsdhm,

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0273062-49.2020.8.06.0001 e código 7E643F3.
bntokdc zb]mm]ahmnhc ]m]kfdrhb qdbdosnq“ hm aq]hm U53[- @ edv MdtpnXmXsnlhb Chrsphatshnm ne BA0 Pdbdosnpr hm sgd
Mdpkntr Rursdl
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v]r bknmdc eqnl aq]hm shrrtd U0..[* enkknvdc ax bknmhmf ne BA0 qdbdosnqr ]qd ]atmc]ms ]mc vhcdkx chrodqrdc sgqntfg,
sgd sxod 1 BA1( b]mm]ahmnhc qdbdosnq hm 0882 U0.7[- Jd]m, nts sgd aq]hm- Sgdhq chrsqhatshnm g]r addm l]oodc ax
vghkd* ] snqqdms ne mdv chrbnudqhdr g]r xhdkcdc hmrhfgs hmsn ]tsnq]chnfq]oghb rstchdr* hlltmnghrsnbgdlhb]k sdbgmhptdr*
sgd bnlonmdmsr ]mc ldbg]mhrlr ne ]bshnm ne sgd dmcnfdmntr gm rgst ghrsnbgdlhrsqx* ]mc dkdbsqnogxrhnknfhb]k rstchdr U42*
b]mm]ahmnhc rxrsdl- Bnmrdptdmskx* rnld dmcnfdmntr khf]mcr 67* 03.[- BA0 qdbdosnqr g]ud rgnvm o]qshbtk]qkx ghfg kdudkr
ne b]mm]ahmnhc qdbdosnqr g]ud addm hmudrshf]sdc* ]r vdkk ]r ne dwoqdrrhnm hm bnqsdw* a]r]k f]mfkh]* ghoonb]lotr* ]mc
sgdhq rxmsgdrhr* sq]mronqs* ]mc cdfq]c]shnm Uenq qduhdvr rdd9 bdqdadkktl ]mc knv kdudkr ne dwoqdrrhnm hm aq]hmrsdl mtbkdh-
28* 01.[- @ mtladq ne rxmsgdshb b]mm]ahmnhc qdbdosnq ]fnmhrsr Sgdx ]qd oqdrdms hm aq]hm ]qd]r hmunkudc hm mnbhbdoshud
]mc ]ms]fnmhrsr g]ud addm enqltk]sdc ]mc fdmdshb]kkx odqbdoshnm* rtbg ]r sgd sg]k]ltr ]mc ]lxfc]k] Ehf- 0A( U82*
lnchehdc lhbd g]ud addm oqnctbdc U02* 16* 75[- @ksnfdsgdq* 88[- BA0 qdbdosnqr ]qd ]krn dwoqdrrdc hm bdkkr ne sgd lhcaq]hm
qdrd]qbg g]r oqnuhcdc u]kt]akd snnkr enq cdudknohmf mdv odqh]ptdctbs]k fqdx l]ssdq O@?(* ]mc hm sgd rtars]msh]
og]ql]bnknfhb b]mm]ahmnhc oqnctbsr- Nmd ne sgd lnqd fdk]shmnr] ne sgd rohm]k bnqc qdbdhuhmf mnbhbdoshud hmots
oqnlhrhmf ]ookhb]shnmr ]ood]qr sn ad sgd trd ne b]mm]ahr, eqnl oqhl]qx ]eedqdms mdtqnmr(* vghbg ]qd jdx rhsdr enq
a]rdc ldchbhmdr sn qdkhdud o]hm* fhudm sgd ]mshmnbhbdoshud lnctk]shmf mnbhbdoshud hmenql]shnm U76* 81* 0.5[- Hm sgd
]mc ]msh,gxodq]kfdrhb deedbsr ne b]mm]ahmnhc qdbdosnq ]fnmhrsr ldctkk] naknmf]s] ]mc rohm]k bnqc* rsqtbstqdr hmunkudc hm
nardqudc hm ]mhl]k lncdkr- Tmenqstm]sdkx* sgd tmcdqkxhmf oqnbdrrhmf o]hm rhfm]kr* lnqd cdmrd bnmbdmsq]shnmr ne BA0
onsdmsh]k enq ]atrd ]mc cdodmcdmbd ]esdq gd]ux b]mm]ahr qdbdosnqr ]qd cdsdbsdc hm sgd rtodqehbh]k cnqr]k gnqm* ]mc hm
bnmrtloshnm hr rshkk ] cq]va]bj hm sgd rd]qbg enq deedbshud sgd cnqrnk]sdq]k etmhbtktr ne sgd rohm]k bnqc Ehf- 0B( U24*
og]ql]bnknfhb oqdo]q]shnmr* vghbg hcd]kkx vntkc g]ud 42* 48* 03.* 048[- BA0 qdbdosnqr ne sgd rohm]k bnqc cnqr]k
lhmhl]k nq mn orxbgn]bshud rhcd deedbsr- gnqm ]qd oqdcnlhm]mskx entmc hm hmsdqmdtqnmr* o]qshbtk]qkx hm
] cntakd a]mc ne BA0 hlltmnqd]bshuhsx hm k]lhm]d H* HH* ]mc
Hm sghr qduhdv* vd vhkk cdrbqhad sgd cheedqdms bnlonmdmsr
hmmdq+HHH sq]mrhshnm* ]mc hm k]lhm] W U24[- Hm sgd rtodqehbh]k
ne sgd dmcnfdmntr b]mm]ahmnhc rxrsdl ]mc sgdhq ldbg]mhrlr
ne ]bshnm* vhsg drodbh]k dlog]rhr nm sgnrd hlokhb]sdc hm cnqr]k gnqm ne q]sr* BA0 qdbdosnqr ]qd knb]sdc oqhl]qhkx nm
sgd ]wnmr ne hmsqhmrhb hmsdqmdtqnmr U24* 048[* hmchb]shmf ]
]m]kfdrhb deedbsr- Vd vhkk ]krn chrbtrr ]fdmsr sg]s l]x
oqdrxm]oshb rhsd ne ]bshnm sg]s hr bnmrhrsdms vhsg lnctk]shnm
hmsdqedqd og]ql]bnknfhb]kkx vhsg b]mm]ahmnhc etmbshnmr sn
ne mdtqnsq]mrlhssdq qdkd]rd ax dmcnb]mm]ahmnhcr- Etqsgdqlnqd*
dmg]mbd sgdhq ]mshmnbhbdoshud deedbsr ]mc bkhmhb]k bnmchshnmr
BA0 qdbdosnqr ]qd rxmsgdrhrdc hm mdtqnmr ne sgd q]s cnqr]k
hm vghbg b]mm]ahmnhcr gnkc oqnlhrd enq deedbshud sgdq]odtshb
qnns f]mfkh] sg]s dwoqdrr mdtqnodoshcd l]qjdqr entmc hm
]ookhb]shnmr-
mnbhbdoshud oqhl]qx ]eedqdmsr( U48[* ]mc sgdrd qdbdosnqr ]qd
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sdqlhm]kr U48[ ]mc odqhogdq]kkx snv]qcr odqhogdq]k mdqud
Dmcnfdmntr BXmmXahmnhc Pdbdosnpr
sdqlhm]kr ne rdmrnqx mdqudr U47[- Hmsdqdrshmfkx* sgdrd rdmrnqx
Sgd ahnknfhb]k deedbsr ne b]mm]ahmnhc bnlontmcr ]qd mdqudr ]qd dmf]fdc hm sgd ]rbdms ne mnbhbdoshud rshltkh sn sgd
ldch]sdc ax sgdhq ahmchmf sn ]mc etqsgdq ]bshu]shnm ne b]mm], rohm]k bnqc Ehf- 0:) B) C(- Nm sgd nsgdq g]mc* ]ksgntfg BA0
ahmnhc qdbdosnqr- Entq rtasxodr ne sgdrd qdbdosnqr g]ud addm qdbdosnq lPM@ dwoqdrrhnm g]r addm cdrbqhadc hm sgd
hcdmshehdc- Svn g]ud addm bknmdc* sxod 0 BA0( ]mc sxod 1 sqhfdlhm]k f]mfkh] hm ldchtl ]mc k]qfd ch]ldsdq mdtqnmr*
BA1( b]mm]ahmnhc qdbdosnqr U0..* 0.7[* vghkd sgd nsgdq svn* sgd l]inqhsx ne sgdrd BA0,dwoqdrrhmf mdtqnmr cn mns rddl sn
VHM ]mc ]amnql]k,b]mm]ahchnk ]am,BAC( qdbdosnqr sgd ad hmunkudc hm mnbhbdoshud mdtqnsq]mrlhrrhnm hm sgd mnm,
k]ssdq ]krn jmnvm ]r ]m]mc]lhcd qdbdosnq(* g]ud addm hmitqdc ]mhl]k U011[- Ehm]kkx* BA0 qdbdosnqr ]qd entmc nm
bg]q]bsdqhrdc og]ql]bnknfhb]kkx U7* 20* 40* 60* 0.6[- Hm nmkx ] rl]kk odqbdms]fd ne B,ehaqdr* vghkd sgd l]inqhsx ]qd
]cchshnm* rnld sqtmb]sdc enqlr ne sgd BA0 qdbdosnq* khjd sgd nm ]wnmr ne k]qfdq ch]ldsdq mdtqnmr vhsg lxdkhm]sdc @,
BA0@* g]ud addm entmc* qdrtkshmf eqnl ]ksdqm]shud rokhbhmf ehaqdr U00[- Sgd cdrbqhadc ]m]snlhb]k chrsqhatshnm ne BA0
U033[: ]mc sgdqd l]x ad lnqd rtasxodr ne b]mm]ahmnhc qdbdosnqr hr bnmrhrsdms vhsg sgdhq etmbshnm ne lnctk]shmf o]hm
qdbdosnqr xds tmchrbnudqdc U7* 40[- odqbdoshnm ]s ansg odqhogdq]k ]mc bdmsq]k rohm]k ]mc rt,
oq]rohm]k( kdudkr Ehf- 0(-
B]mm]ahmnhc qdbdosnqr ]qd ?h+n,oqnsdhm bntokdc qdbdosnqr
]mbgnqdc hm sgd bdkk ldlaq]md- Rsqtbstq]kkx sgdx bnmrhrs ne DmcnbXmmXahmnhcr
rdudm enkcdc sq]mrldlaq]md gdkhbdr vhsg hmsq], ]mc dwsq],
Sgd dmcnb]mm]ahmnhcr* nq dmcnfdmntr b]mm]ahmnhcr* ]qd
bdkktk]q knnor* etmbshnm]kkx hmunkudc hm rhfm]k sq]mrctbshnm- ] e]lhkx ne ahn]bshud khohcr sg]s ]bshu]sd b]mm]ahmnhc qdbdosnqr
Sgd BA1 qdbdosnq hr knb]sdc l]hmkx hm sgd hlltmd rxrsdl*
sn dwdqbhrd sgdhq deedbsr* lnctk]shmf mdtq]k sq]mrlhrrhnm-
ats g]r addm entmc hm nsgdqr rhsdr* ]r hm jdq]shmnbxsdr U56[-
Sgdx ]qd oqdrdms hm nmkx rl]kk ]lntmsr hm aq]hm ]mc nsgdq
Nm sgd nsgdq g]mc* sgd BA0 qdbdosnq* vghbg hr sgd b]mm],
shrrtdr ]mc o]qshbho]sd hm sgd qdftk]shnm ne u]qhntr bdqdaq]k
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ITALO COELHO DE ALENCAR e TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DO CEARA, protocolado em 15/12/2020 às 22:02 , sob o número 02730624920208060001.
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Pnhc nd rgc 4NmmNVfmnfb Ruircl fm MNfm 4nmrpnh Nmb SgcpNoctrfa FlohfaNrfnmi 4tppcmr CctpnogNplNanhneu 1//5 Tnhy , Cny . 1,0

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0273062-49.2020.8.06.0001 e código 7E643F3.
8hf- ©0(- Rbgdl]shb qdoqdrdms]shnm ne b]mm]ahmnhc qdbdosnqr chrsqh,
8hf- ©1(- Rbgdl]shb qdoqdrdms]shnm ne ] ?@A@dqfhb rxm]orhr* bnm,
atshnm- :9 B]mm]ahmnhc qdbdosnqr ]qd oqdrdms hm sgd o]hm o]sgv]x ]s
s]hmhmf BA0 qdbdosnqr* sn rgnv onsdmsh]k s]qfdsr enq sgdq]odtshb
sgd odqhogdq]k ]mc bdmsq]k rohm]k ]mc rtoq]rohm]k( kdudkr- A9 Rt,
hmsdqudmshnm- Dmcnb]mm]ahmnhcr ]qd rxmsgdrhrdc hm ldlaq]mdr ne
oq]rohm]k BA0 qdbdosnqr ]qd chrsqhatsdc hm ]qd]r ne sgd aq]hm ]mc
mdtqnmr ]mc nsgdq mdquntr bdkkr ]mc qdkd]rdc sn sgd rxm]oshb ro]bd
aq]hmrsdl mtbkdh hmunkudc hm mnbhbdoshud odqbdoshnm ]r sg]k]ltr*
sn ]bshu]sd oqdrxm]oshb BA0 qdbdosnqr- Dmg]mbdldms ne b]mm]ah,
]lxfc]k]* ]mc odqh]ptdctbs]k fqdx l]ssdq- B9 Sgd ghfgdrs ]atm,
mnhc qdbdosnqr ]bshuhsx b]m ad nas]hmdc ax cheedqdms og]ql]bnknfh,
c]mbd ne rohm]k BA0 qdbdosnqr ]qd entmc hm sgd cnqrnk]sdq]k etmhbt,
b]k l]mhotk]shnmr ]r* enq dw]lokd* ]clhmhrsdqhmf dwnfdmntr b]m,
ktr* hm sgd rtqqntmchmfr ne sgd bdmsq]k b]m]k ]mc hm sgd rtodqehbh]k
m]ahmnhc qdbdosnq ]fnmhrsr nq hmghahshmf dhsgdq sgd qdtos]jd nq sgd
cnqr]k gnqm- C9 BA0 qdbdosnqr ]qd ]krn oqdrdms hm sgd odqhogdq]k
cdfq]c]shnm ne sgd dmcnb]mm]ahmnhcr-
rdmrnqx mdqud dmchmfr* ]mc ansg BA0 ]mc BA1 qdbdosnqr g]ud addm
cdsdbsdc hm mnm,mdtqnm]k bdkkr o]qshbho]shmf hm hlltmd ]mc hmek]l, @D@(* bnllnmkx cdrhfm]sdc ]m]mc]lhcd U2.[- Sgd m]ld
l]snqx oqnbdrrdr hm sgd oqnwhlhsx ne sgd oqhl]qx ]eedqdms mdtqnmr bnldr eqnl sgd R]mrjqhs vnqc UmUmcU* vghbg ld]mr ´akhrr´*
mdqud sdqlhm]kr- ]mc ]lhcd- Akhrr ld]mr g]oohmdrr sg]s hmunjdr ogxrhnknfhb
]mc orxbgnknfhb g]qlnmx ]mc* hm Atccghrl* hmchb]sdr ]m
etmbshnmr* hmbktchmf o]hm odqbdoshnm* lnnc* ]oodshsd* ]mc
dkdu]sdc bnmrbhntrmdrr rhmbd @m]mc] v]r nmd ne sgd
ldlnqx- Dwnfdmntrkx ]clhmhrsdqdc b]mm]ahmnhc bnlontmcr
oqhmbho]k chrbhokdr ne sgd Atccg]- @m]mc]lhcd ]bsr hm o]hm*
ne m]stq]k nq rxmsgdshb nqhfhm lhlhb sgdhq deedbsr- Dudm
sgntfg vd rshkk g]ud ltbg sn kd]qm ]ants sgd qdk]shud qnkdr ne cdoqdrrhnm* ]oodshsd* ldlnqx* ]mc edqshkhsx ctd sn hsr tsdqhmd
rxmsgdrhr(- @m]mc]lhcd hr rxmsgdrhrdc dmyxl]shb]kkx hm aq]hm
cheedqdms dmcnb]mm]ahmnhcr* sgdx ]ood]q sn ad oqnlhrhmf
]qd]r sg]s ]qd hlonqs]ms hm ldlnqx ]mc ghfgdq sgntfgs oqn,
onsdmsh]k s]qfdsr enq l]mhotk]shnm* enq hmrs]mbd* sn rknv
bdrrdr* ]mc hm ]qd]r sg]s bnmsqnk lnudldms- @m]mc]lhcd* nq
sgdhq cdfq]c]shnm enq ]m]kfdrhb oqnonrdr- Dmcnb]mm]ahmnhcr
]q]bghcnmxkdsg]mnk]lhcd* hr ]m ]lhcd cdqhu]shud ne ]q]bgh,
onrrdrr rtalhbqnlnk]q ]eehmhsx enq b]mm]ahmnhc qdbdosnqr
cnmhb ]bhc ]mc dsg]mnk]lhmd- Hs hr rxmsgdrhrdc ax gxcqnkxrhr
]mc ]bs ]r qdsqnfq]cd rhfm]k lnkdbtkdr hm rxm]ordr- Cdrohsd
sgd rhlhk]qhsx ne sgdhq bgdlhb]k rsqtbstqdr* dmcnb]mm]ahmnhcr ne sgd oqdbtqrnq M,]q]bghcnmnxk ognog]shcxkdsg]mnk]lhmd*
vghbg hr b]s]kxrdc ax sgd dmyxld ognrognchdrsdq]rd ognr,
]qd oqnctbdc ax sgdhq nvm ahnbgdlhb]k o]sgv]xr- Sgdx ]qd
ognkho]rd C U05* 21[- @esdq qdkd]rd eqnl sgd onrsrxm]oshb
rxmsgdrhrdc knb]kkx nm cdl]mc hm onrsrxm]oshb sdqlhm]kr*
sdqlhm]k* ]m]mc]lhcd hmsdq]bsr vhsg oqdrxm]oshb b]mm]ahmnhc
vghbg qdpthqdr B]1% hmektw* ]mc qdkd]rdc hm rdkdbsdc qdfhnmr
qdbdosnqr- Hs hr q]ohckx qdlnudc eqnl sgd rxm]oshb ro]bd ax ]
sn ]bshu]sd oqdrxm]oshb b]mm]ahmnhc qdbdosnqr rhst]sdc hm
ghfg,]eehmhsx sq]mronqs rxrsdl oqdrdms hm mdtqnmr ]mc ]rsqn,
rodbhehb rl]kk ]qd]r Ehf- 1(- Sgdqd]esdq* sgdx ]qd q]ohckx
hm]bshu]sdc ax ] bnlahm]shnm ne ] sq]mronqsdq ldbg]mhrl ]mc bxsdr- Nmbd hmsdqm]khrdc* ]m]mc]lhcd hr gxcqnkxrdc ax sgd
dmyxld e]ssx,]bhc ]lhcd gxcqnk]rd E@@F(* ]m hmsq]bdkktk]q
etqsgdq dmyxld cdfq]c]shnm U21* 33* 007[- Mnwhntr rshltkh
ldlaq]md,antmc dmyxld- Hm bdqdadkktl* ghoonb]lotr* ]mc
hmbqd]rd dmcnb]mm]ahmnhc qdkd]rd U057[* vghbg rtoonqsr sg]s
mdnbnqsdw* E@@F hr dwoqdrrdc ]s ghfg kdudkr hm sgd rnl]sn,
sgdx hmsdqudmd hm o]hm lnctk]shnm-
cdmcqhshb qdfhnmr ne mdtqnmr onrsrxm]oshb sn BA0,onrhshud
Sgd ehqrs dmcnb]mm]ahmnhc hrnk]sdc eqnl onqbhmd aq]hm( ]wnm sdqlhm]kr- Sgtr BA0 qdbdosnqr ]mc E@@F g]ud ] bknrd
]mc rsqtbstq]kkx bg]q]bsdqhrdc v]r ]q]bghcnmxkdsg]mnk]lhcd ]mc bnlokdldms]qx ]m]snlhb]k chrsqhatshnm U23[-
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fls. 307

1,1 4tppcmr CctpnogNplNanhneu 1//5 Tnhy , Cny . INmsNmNpci cr Nhy

Nsgdq dmcnfdmntr khf]mcr enq b]mm]ahmnhc qdbdosnqr ]qd 1, ]kk aq]hm qdfhnmr* sgdhq nudq]kk deedbs hr odqrhrsdms hmghahshnm
]q]bghcnmnxkfkxbdqnk 1,@?(* mnk]chm dsgdq* uhqncg]lhmd* ]mc ne mdtqnsq]mrlhssdq qdkd]rd eqnl mdqud dmchmfr sg]s dwoqdrr
M,]q]bghcnmnxkcno]lhmd M@C@( U0.2* 010* 057[: ]ksgntfg BA0 qdbdosnqr ]mc* ]r ] bnmrdptdmbd* sgdx sdlonq]qhkx nbbktcd
]m]mc]lhcd hr sgd dmcnb]mm]ahmnhc lnrs dwsdm,rhudkx rstchdc- ]mc oqdudms CRH ]mc CRD ogdmnldm]- Nm sgd bnmsq]qx*
dmcnb]mm]ahmnhcr ]qd hmunkudc hm sgd q]ohc lnctk]shnm ne
Sgd dmcnfdmntr b]mm]ahmnhc 1,@? hr oqnctbdc ax mdt, rxm]oshb sq]mrlhrrhnm hm sgd bdmsq]k mdquntr rxrsdl ax ]
qnmr ]mc nsgdq mdquntr bdkkr hm ] rshltktr,cdodmcdms l]mmdq* qdsqnfq]cd rhfm]kkhmf o]sgv]x sg]s b]m hmektdmbd rxm]ordr hm

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0273062-49.2020.8.06.0001 e código 7E643F3.
ahmcr sn b]mm]ahmnhc qdbdosnqr ]mc tmcdqfndr q]ohc ahnkn, ] knb]k qdfhnm* vhsg hmghahsnqx deedbsr nm ansg dwbhs]snqx ]mc
fhb]k hm]bshu]shnm sgqntfg sq]mronqs hmsn bdkkr ]mc b]s]kxshb hmghahsnqx mdtqnsq]mrlhssdq qdkd]rd sg]s odqrhrs enq sdmr ne
gxcqnkxrhr U0.2* 040[- Hs hr rxmsgdrhrdc ax bkd]u]fd ne ]m rdbnmcr- Sghr l]x ad hlonqs]ms hm sgd bnmsqnk ne mdtq]k
hmnrhsnk,0*1,ch]bxkfkxbdqnk* vghbg hr b]s]kxrdc ax ognrogn, bhqbthsr* rtbg ]r mnbhbdoshud rhfm]kkhmf-
kho]rd B U05* 21[- Sgd kdudkr ne 1,@? entmc hm rnld qdfhnmr
ne sgd aq]hm ]qd ltbg ghfgdq sg]m ]m]mc]lhcd kdudkr* ]mc sgd @bshu]shnm ne b]mm]ahmnhc qdbdosnqr hmghahsr ?@A@dqfhb
ahnrxmsgdrhr ne sgdrd lnkdbtkdr hr bnmsqnkkdc rdo]q]sdkx U01.[- rxm]oshb sq]mrlhrrhnm hm ] mtladq ne bdmsq]k mdquntr rxrsdl
qdfhnmr* hmbktchmf ]qd]r o]qshbho]shmf hm mnbhbdoshud rhfm]kkhmf
Mnk]chm dsgdq* nq 1,]q]bghcnmxkfkxbdqxk,dsgdq* g]r addm khjd sgd ]lxfc]k] U82[* odqh]ptdctbs]k fqdx l]ssdq U051[*
hrnk]sdc eqnl onqbhmd aq]hm ]mc hr ]m dmcnb]mm]ahmnhc sg]s qnrsq]k udmsqnldch]k ldctkk] PQJ( U052[* ]mc rtodqehbh]k
ahmcr sn BA0 b]mm]ahmnhc qdbdosnq sn rhfm]k ennc bnmrtloshnm cnqr]k gnqm U61[- Cdonk]qhr]shnm ne sgd onrsrxm]oshb mdtqnmr
]mc vdhfgs bnmsqnk U41[- kd]cr sn CRH ax hmghahshnm ne ?@A@ qdkd]rd- Fnvdudq* dudm
sgntfg b]mm]ahmnhc qdbdosnq,ldch]sdc hmghahshnm ne fkts],
Qhqncg]lhmd hr ] o]qsh]k ]fnmhrs vhsg gm ugun ]ms]fnmhrshb
l]sdqfhb sq]mrlhrrhnm nbbtqr hm rnld aq]hm qdfhnmr hmbktchmf
]bshuhsx ]s sgd BA0 qdbdosnq* ats ]bsr ]r ] etkk ]fnmhrs nm sgd
BA1 qdbdosnq- Hsr bnmbdmsq]shnmr ]qd ghfgdq sg]m sgnrd ne O@? mdtqnmr U051[* hs g]r mns addm cdsdbsdc hm sgd ldctkk]qx
cnqr]k gnqm U032* 043* 051[-
]m]mc]lhcd* ats hsr ]ahkhsx sn ]ksdq o]hm rdmrhshuhsx g]r mns
addm sdrsdc- U057[- :M:KFDREB D88EB:BV N8 B:MM:AEMNECR
M@C@ v]r hcdmshehdc hm q]s ]mc anuhmd aq]hm U54[* ]bsh, :bshkXshnm ne BXmmXahmnhc Pdbdosnpr
u]sdr BA0 ]mc QP0 qdbdosnqr( ]mc dkhbhsr b]mm]ahlhldshb
B]mm]ahmnhc qdbdosnq ]fnmhrsr deedbsr hm sgd bdmsq]k mdquntr
deedbsr* hmbktchmf ]m]kfdrh]* enkknvhmf rxrsdlhb ]clhmhrsq],
rxrsdl BMR( hmbktcd chrqtoshnm ne orxbgnlnsnq adg]uhntq*
shnm- Hs hmsdq]bsr vhsg E@@F ]mc sgd ]m]mc]lhcd sq]mronqsdq-
rgnqs,sdql ldlnqx hlo]hqldms* hmsnwhb]shnm* rshltk]shnm ne
Sgd ghfgdrs kdudkr ]qd entmc hm sgd rsqh]stl ]mc ghoonb]l, ]oodshsd* ]mshdldshb deedbsr* ]mc ]mshmnbhbdoshud ]bshnmr U57[-
otr* ]mc ]s knv kdudkr hm sgd cnqr]k qnns f]mfkh] U54* 057[- @clhmhrsq]shnm ne m]stq]k nq rxmsgdshb b]mm]ahmnhc qdbdosnq
B:MM:AEMNEC OG:PL:BNKNFV ]fnmhrsr g]r rgnvm sgdq]odtshb u]ktd enq ] mtladq ne hlonq,
s]ms ldchb]k bnmchshnmr* hmbktchmf o]hm o]qshbtk]qkx ]f]hmrs
Hm sghr rdbshnm vd vhkk cdrbqhad sgd ldbg]mhrlr ne ]bshnm o]hm ne mdtqno]sghb nqhfhm(* ]mwhdsx* fk]tbnl]* m]trd]*
]mc sgd deedbsr sg]s nbbtq ]esdq dmcnb]mm]ahmnhcr ahmc sn dldrhr* ltrbkd ro]rlr* ]mc v]rshmf chrd]rdr- Hmrne]q ]r o]hm
sgdhq rodbhehb qdbdosnqr* vghkd ghfgkhfgshmf sgdhq qnkd hm o]hm hr bnmbdqmdc* hs hr vdkk jmnvm sg]s b]mm]ahmnhc qdbdosnq ]fn,
lnctk]shnm- mhrsr g]ud ]mshmnbhbdoshud ]mc ]msh,gxodq]kfdrhb deedbsr ]s sgd
odqhogdq]k ]mc bdmsq]k rohm]k ]mc rtoq]rohm]k( kdudkr* ]r g]r
@bshu]sdc BA0 qdbdosnqr bntokd sn ?h+n,oqnsdhm sn hmghahs
addm cdlnmrsq]sdc hm ]btsd ]mc bgqnmhb o]hm lncdkr U58*
]cdmxk]sd bxbk]rd* cdbqd]rd B]1% bnmctbs]mbd* hmbqd]rd G %
005[- B]mm]ahmnhc qdbdosnqr ]mc dmcnb]mm]ahmnhcr ]qd oqd,
bnmctbs]mbd* ]mc hmbqd]rd lhsnfdm,]bshu]sdc oqnsdhm jhm]rd
rdms hm o]hm bhqbthsr eqnl sgd odqhogdq]k rdmrnqx mdqud dmchmfr
]bshuhsx Uenq qduhdv rdd9 52[- Sgd oqdrxm]oshb knb]khr]shnm ne to sn sgd aq]hm Ehf- 0(- B]mm]ahmnhc qdbdosnq ]fnmhrsr lnct,
BA0 qdbdosnqr hmchb]sdr sg]s b]mm]ahmnhcr lnctk]sd mdtqn,
k]sd mnbhbdoshud sgqdrgnkcr ax qdftk]shmf mdtqnm]k ]bshuhsx
sq]mrlhssdq qdkd]rd eqnl ]wnm sdqlhm]kr- Sgd deedbs ne
U3[* ats sgdx ]krn qdkhdud o]hm ax ]bshmf nm mnm,mdquntr
b]mm]ahmnhcr nm rxm]oshb etmbshnm bnmrhrsr ne hmghahshnm ne
shrrtdr- BA0 qdbdosnq hr hmunkudc hm sgd ]ssdmt]shnm ne rxm]oshb
sgd qdkd]rd ne ] u]qhdsx ne mdtqnsq]mrlhssdqr ]mc ]krn sgd
sq]mrlhrrhnm* ]mc ] oqnonqshnm ne sgd odqhogdq]k ]m]kfdrhb
hmghahshnm ne dkdbsqhb]k ]bshuhsx ax ] cdonk]qhr]shnm ogdmn,
deedbs ne dmcnb]mm]ahmnhcr b]m ad ]ssqhatsdc sn ] mdtqnm]k
ldmnm Ehf- 1( U68* 030[- Sgd mdtqnsq]mrlhssdqr vgnrd qdkd]rd ldbg]mhrl ]bshmf sgqntfg BA0 qdbdosnqr dwoqdrrdc ax
hr hmghahsdc ax ]bshu]shnm ne b]mm]ahmnhc qdbdosnqr hmbktcd K,
oqhl]qx ]eedqdms mdtqnmr- Fnvdudq* qdbdms ehmchmfr rtffdrs
fkts]l]sd* ?@A@* mnq]cqdm]khmd* cno]lhmd* rdqnsnmhm* ]mc
sg]s BA0 qdbdosnqr ]qd ]krn oqdrdms hm l]rs bdkkr ]mc l]x
]bdsxkbgnkhmd- Sgdqdenqd* cdodmchmf nm sgd m]stqd ne sgd oqd,
o]qshbho]sd hm rnld ]msh,hmek]ll]snqx deedbsr- Sgtr* ]bshu]sdc
rxm]oshb sdqlhm]k* dmcnb]mm]ahmnhcr hmctbd dhsgdq rtooqdrrhnm
BA0 qdbdosnqr oqdrdms hm l]rs bdkkr hmctbd rtrs]hmdc b@JO
ne hmghahshnm nq rtooqdrrhnm ne dwbhs]shnm* m]ldkx cdonk],
dkdu]shnm* vghbg* hm stqm* rtooqdrrdr cdfq]mtk]shnm U035[- Nm
qhr]shnm,hmctbdc rtooqdrrhnm ne hmghahshnm CRH( nq ne dwbh, sgd nsgdq g]mc* ]ksgntfg BA1 qdbdosnqr g]ud addm qdk]sdc
s]shnm CRD( U73* 74[- BA0 qdbdosnq ]ms]fnmhrsr aknbj CRH
sq]chshnm]kkx sn sgd odqhogdq]k deedbsr ne b]mm]ahmnhcr l]hmkx
]mc CRD- Fnvdudq* he sgd BA0 qdbdosnq ]fnmhrs qdl]hmr
lnctk]shnm ne sgd hlltmnknfhb qdronmrdr(* sgdx ]krn bnmsqh,
oqdrdms* sgd cdonk]qhr]shnm ogdmnldmnm hr aknbjdc ax
atsd sn ]mshmnbhbdoshnm ax hmghahshmf sgd qdkd]rd ne oqn,
nbbktrhnm U004* 064[ ]mc hmghahsnqx hmotsr ]qd sq]mrhdms- Sghr
hmek]ll]snqx e]bsnqr ax mnm,mdtqnm]k bdkkr knb]sdc md]q
hr vgx b]mm]ahmnhc qdbdosnq ]fnmhrsr b]mmns lhlhb sgd r]ld
mnbhbdoshud mdtqnm sdqlhm]kr- BA1 qdbdosnqr ]qd dwoqdrrdc hm
ogxrhnknfhb deedbsr ne knb]kkx qdkd]rdc dmcnb]mm]ahmnhcr- rdudq]k sxodr ne hmek]ll]snqx bdkkr ]mc hlltmnbnlodsdms
Rhmbd sgdx b]trd knmf,k]rshmf ]bshu]shnm ne BA0 qdbdosnqr hm
bdkkr- Enq sg]s qd]rnm* ]bshu]shnm ne odqhogdq]k BA1 qdbdosnqr
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ITALO COELHO DE ALENCAR e TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DO CEARA, protocolado em 15/12/2020 às 22:02 , sob o número 02730624920208060001.
fls. 308

Pnhc nd rgc 4NmmNVfmnfb Ruircl fm MNfm 4nmrpnh Nmb SgcpNoctrfa FlohfaNrfnmi 4tppcmr CctpnogNplNanhneu 1//5 Tnhy , Cny . 1,2

fdmdq]sdr ]m ]mshmnbhbdoshud qdronmrd hm rhst]shnmr ne hmek]l, ]mc sn hmghahs ]cdmxk]sd bxbk]rd- @krn* b]mm]ahmnhc,hmctbdc
l]snqx gxodq]kfdrh] ]mc mdtqno]sghb o]hm U55* 05.[* vghkd ]mshmnbhbdoshnm b]m ad ]ssdmt]sdc ax odqstrrhr snwhm ]mc
rdkdbshud BA1 qdbdosnq ]fnmhrsr ]qd mns ]mshgxodq]kfdrhb nsgdq rtars]mbdr sg]s hmsdqedqd vhsg sgd rhfm]k sq]mrctbshnm ne
]f]hmrs bgqnmhb hmek]ll]snqx o]hm hm BA1 jmnbjnts lhbd BA0 qdbdosnqr bnmmdbsdc sn oqnsdhm ? U017[- Ehm]kkx* b]m,
U05.[- Onrrhakd ldbg]mhrlr ne sghr BA1,ldch]sdc deedbs m]ahmnhc qdbdosnqr* ansg BA0 ]mc BA1* ]qd toqdftk]sdc hm
hmbktcd sgd ]ssdmt]shnm ne M?E,hmctbdc l]rs bdkk cdfq]mt, lncdkr ne bgqnmhb o]hm- Sgdqdenqd* nmd qdronmrd ne sgd ancx
k]shnm ]mc ne mdtsqnoghk ]bbtltk]shnm* ansg ne vghbg ]qd sn bgqnmhb o]hm hr sn hmbqd]rd sgd mtladq ne sgdrd qdbdosnqr*

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0273062-49.2020.8.06.0001 e código 7E643F3.
oqnbdrrdr jmnvm sn bnmsqhatsd sn sgd fdmdq]shnm ne hmek]l, rtffdrshmf sg]s sgdhq etmbshnm hm rtbg rhst]shnmr l]x ad hl,
l]snqx gxodq]kfdrh] U020[- Sgdqdenqd* rhmbd ]bshu]shnm ne onqs]ms- Enq dw]lokd* ]mhl]k lncdkr ne mdtqno]sghb o]hm
BA0 qdbdosnqr hr ]rrnbh]sdc vhsg bdmsq]k rhcd deedbsr* hmbktchmf rshltk]sd toqdftk]shnm ne BA0 qdbdosnqr dwoqdrrhnm hm mdqu,
]s]wh] ]mc b]s]kdorx* rdkdbshud BA1 qdbdosnq ]fnmhrsr g]ud ntr rsqtbstqdr hmunkudc hm sgd oqnbdrrhmf ne o]hm* khjd sgd
sgd onsdmsh]k sn sqd]s o]hm vhsgnts dkhbhshmf sgd bdmsq]kkx, horhk]sdq]k rtodqehbh]k rohm]k bnqc cnqr]k gnqm U8.[ nq bnmsq],
ldch]sdc rhcd deedbsr- Etqsgdqlnqd* BA1 qdbdosnqr g]ud mnudk k]sdq]k sg]k]ltr U034[* dmg]mbhmf sgd ]m]kfdrhb deedbsr ne
o]hm bnmsqnk ]bshnmr- @ BA1,ldch]sdc deedbs dwhrsr* bnmrhrshmf b]mm]ahmnhc qdbdosnq ]fnmhrsr- Sghr toqdftk]shnm ne bdmsq]k
hm sgd hmchqdbs rshltk]shnm ne nohnhc qdbdosnqr knb]sdc hm BA0 qdbdosnqr enkknvhmf odqhogdq]k mdqud hmitqx hmchb]sdr ]
oqhl]qx ]eedqdms o]sgv]xr U56[* ]r vhkk ad cdrbqhadc hm lnqd qnkd enq sgdl hm sgdrd o]sgnknfhdr ]mc ]krn dwok]hm sgd sgdq],
cds]hk hm sgd mdws rdbshnm- Sgtr* b]mm]ahmnhc bnlontmcr b]m odtshb deedbsr ne b]mm]ahmnhc qdbdosnq ]fnmhrsr nm bgqnmhb
lnctk]sd gxodq]kfdrh] ne u]qhntr nqhfhmr ]mc sgdx ]qd deedb, o]hm bnmchshnmr ]r mdtqno]sghb o]hm- Bgqnmhb o]hm lncdkr
shud dudm hm hmek]ll]snqx ]mc mdtqno]sghb o]hm U0.* 022[* ]rrnbh]sdc vhsg odqhogdq]k mdqud hmitqx* ats mns odqhogdq]k
vghbg ]qd bnmchshnmr nesdm qdeq]bsnqx sn sqd]sldms- Hm sgd hmek]ll]shnm* hmctbd BA1 qdbdosnq dwoqdrrhnm hm ] ghfgkx
BMR* ]ksgntfg BA1 qdbdosnq lPM@ g]r mns addm cdsdbsdc hm qdrsqhbsdc ]mc rodbhehb l]mmdq vhsghm sgd ktla]q rohm]k bnqc-
sgd mdtqnm]k shrrtd ne gtl]m nq q]s aq]hm* ] qnkd hm ]mshmnbh, Jnqdnudq* sgd ]ood]q]mbd ne BA1 dwoqdrrhnm bnhmbhcdr vhsg
bdoshnm hm hmek]ll]snqx oqnbdrrdr ne sgd mdquntr rxrsdl sgd ]ood]q]mbd ne ]bshu]sdc lhbqnfkh] U067[-
b]mmns ad dwbktcdc ctd sn hsr oqdrdmbd hm ]bshu]sdc lhbqnfkh]
Rhsdr ne OXhm LnctiXshnm
U055[-
:mhlXi Lncdir ne OXhm Vgdm hmudrshf]shmf b]mm]ahmnhc ]bshnmr hm sgd bnmsqnk ne
o]hm* rodbh]k bnmrhcdq]shnm rgntkc ad fhudm sn sgd kdudk ]s
Cheedqdms u]khc]sdc ]mhl]k lncdkr ]qd trdc sn dwoknqd sgd vghbg rtbg ]bshnmr s]jd ok]bd sn cdsdqlhmd vgdsgdq sgd
]m]kfdrhb deedbsr ne b]mm]ahmnhc bnlontmcr- Fnvdudq* rhmbd ldbg]mhrlr ]qd bdmsq]k nq odqhogdq]k- O]hm odqbdoshnm ne ]
lnrs qdronmrdr ]qd pt]mshehdc ax adg]uhntq]k sdrsr* hs hr gns,ok]sd hr sgntfgs sn ad ldch]sdc ax ] bdmsq]k ldbg]mhrl
hlonqs]ms sn qdldladq sg]s b]mm]ahmnhcr l]x hmghahs nq dkhbhshmf rtoq]rohm]kkx bnmsqnkkdc adg]uhntq]k qdronmrdr sn
dmg]mbd lnsnq ]bshuhsx U028[* cdodmchmf nm sgd cnrd ]mc sgd mnwhntr gd]s rshltktr(* vgdqd]r sgd rdbnmc k]sd og]rd ne
rsqtbstqd ne sgd bnlontmc ]clhmhrsdqdc* vghbg l]x hmektdmbd qdronmrd sn ]m hmsq]ok]ms]q hmidbshnm ne enql]khm qdekdbsr
adg]uhntq]k qd]bshnmr ]mc l]rj sgd qdrtksr ne ]m]kfdrhb sdrsr- odqhogdq]k hmek]ll]snqx o]hm ldbg]mhrlr U045[- Sgd s]hk,
Hm nqcdq sn bntmsdq]bs sgdrd deedbsr* bnlokdldms]qx ]m]kxrdr ekhbj ]rr]x bnmrhrsr ne hmctbshnm ne ] rohm]k s]hk ekhbj qdronmrd
]qd trdc sn cdlnmrsq]sd sgd ]mshmnbhbdoshud deedbsr ne b]m, sn mnwhntr sgdql]k rshltkh rohm]k qdekdw(- Sgdqdenqd* sgd
m]ahmnhcr- Hm sghr bnmsdws* b]mm]ahmnhcr aknbj rohm]k b,enr ]m]kfdrhb qdronmrd qdbnqcdc hm sgdrd cheedqdms ]btsd o]hm
dwoqdrrhnm hm qdronmrd sn mnwhntr rshltk]shnm ]mc rtooqdrr lncdkr ]kknvr hcdmshehb]shnm ne sgdhq knb]shnm-
sgd dkdbsqnogxrhnknfhb qdronmrdr ne rohm]k bnqc mdtqnmr U58*
@mnsgdq bqtbh]k e]bsnq hm sgd ]ooqn]bg sn b]mm]ahmnhc
005* 055[- Hm sgd rohm]k bnqc k]lhm] qdbdhuhmf oqhl]qx
]m]kfdrh] vntkc ad sgd qntsd ne ]clhmhrsq]shnm* vghbg mns
]eedqdms ehaqdr* mnwhntr rshltkh dmg]mbd b,enr dwoqdrrhnm*
nmkx oqnuhcdr hmenql]shnm ]ants sgd rhsd ne ]bshnm ats ]krn
l]jhmf hs ] fnnc l]qjdq enq rohm]k mnbhbdoshud ]bshuhsx-
gdkor sn hloqnud sgdq]odtshb qdrtksr sgqntfg rdkdbshnm ne sgd
Enkknvhmf mnwhntr gd]s rshltk]shnm* b]mm]ahmnhc qdbdosnq
lnrs deedbshud qntsd enq chrodmr]shnm- Rxrsdlhb ]mc hmsq],
]fnmhrsr chlhmhrg rshltk]shnm hm cddo cnqr]k gnqm mdtqnmr*
vghkd sgd BA0,rodbhehb ]ms]fnmhrs RP030605@ e]bhkhs]sdr bdqdaqnudmsqhbtk]q ]clhmhrsq]shnm ne b]mm]ahmnhc qdbdosnq
]fnmhrsr ansg oqnctbd ]m]kfdrh] U45* 78[* hlokxhmf sg]s sgdx
mnbhbdoshud qdronmrdr U07* 5.[- Sdlonq]qx hm]bshu]shnm ne
dwdqbhrd ]mshmnbhbdoshnm bdmsq]kkx- B]mm]ahmnhc qdbdosnq
mdtq]k ]bshuhsx hm sgd PQJ hm q]s aq]hmrsdl bhqbtludmsr sgd
]fnmhrsr oqnctbd ]mshmnbhbdoshnm hm rohm]k ]mc rtoq]rohm]k
]m]kfdrhb deedbsr ne rxrsdlhb]kkx ]clhmhrsdqdc b]mm]ahmnhcr*
rhsdr ne ]bshnm* ]r hmudrshf]sdc hm rohm]kkx sq]mrdbsdc ]mc
vghkd kd]uhmf lnsnq ]bshuhsx deedbsr tmsntbgdc U0.3[- Sghr
hms]bs q]sr- Hm rohm]kkx hms]bs ]mhl]kr* b]mm]ahmnhc qdbdosnq
qdekdbsr b]mm]ahmnhc qdbdosnq ]fnmhrsr ]bshnmr sg]s rodbhehb]kkx
s]qfds rdmrnqx o]sgv]xr o]rrhmf sgqntfg sgd PQJ- Mnwhntr ]fnmhrsr hmidbsdc hmsq]udmntrkx oqnctbdc ] onsdms* knmf,
k]rshmf dkdu]shnm ne s]hk,ekhbj k]sdmbhdr* ats rohm]k sq]mrdbshnm
rshltk]shnm dunjdr dmg]mbdc qdkd]rd ne sgd ]m]mc]lhcd* ]r
rhfmhehb]mskx ]ssdmt]sdc ]mshmnbhbdoshnm U78[-
nardqudc hm sgd O@? ne aq]hmrsdl U056[* vghbg hr duhcdmbd
sg]s dmcnb]mm]ahmnhcr lnctk]sd mnbhbdoshud hmenql]shnm- Sgd bdkktk]q ]bshnmr ne b]mm]ahmnhcr nm rtoq]rohm]k ]mc
Etqsgdq bnmehql]shnm ne sgd qnkd ne sgd dmcnb]mm]ahmnhc rohm]k cdrbdmchmf ]mshmnbhbdoshnm o]sgv]xr g]ud ]krn addm
rxrsdl hm sgd bnmsqnk ne o]hm hr sg]s sgd aknbj]cd ne rstchdc U45* 051* 052[- BA0 qdbdosnqr oqdrdms hm sgd O?@ ]mc
b]mm]ahmnhc qdbdosnqr* vgdsgdq ax ]ms]fnmhrsr* ]mshanchdr* nq cnqrnk]sdq]k etmhbtktr hmsdqudmd hm sgd hlonqs]ms cdrbdmchmf
fdmdshb cdkdshnm* hmghahsr nq ]ssdmt]sdr o]hm odqbdoshnm U11* bnmsqnkr hm b]mm]ahmnhc,ldch]sdc ]m]kfdrh] U24* 056[- B]m,
22* 75[- Sgtr* sgd ]mshmnbhbdoshud onsdmbx ne ] rdqhdr ne b]m, m]ahmnhc qdbdosnq,ldch]sdc oqnbdrrhmf ne mnbhbdoshud rshltkh
m]ahmnhc qdbdosnq ]fnmhrsr bnqqdk]sdr rsqnmfkx vhsg sgdhq b], ]s ghfgdq rtoq]rohm]k( kdudkr* ]r sgd sg]k]ltr ]mc rdmrnqx
o]bhsx sn chrok]bd q]chnkhf]mcr eqnl sgd b]mm]ahmnhc qdbdosnq bdqdaq]k bnqsdw* l]x hmchb]sd sgd dwhrsdmbd ne lnqd rodbhehb*
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ITALO COELHO DE ALENCAR e TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DO CEARA, protocolado em 15/12/2020 às 22:02 , sob o número 02730624920208060001.
fls. 309

1,, 4tppcmr CctpnogNplNanhneu 1//5 Tnhy , Cny . INmsNmNpci cr Nhy

ehmdq,stmdc* cdrbdmchmf qdronmrdr* vghbg l]x ad lnqd ]s sgd kdudk ne sgd ldctkk]qx cnqr]k gnqm adb]trd ne sgdhq
deedbshud hm bnla]shmf sgd nqhfhm ne o]hm- Jdrr]fdr eqnl sgd rdkdbshud hmghahshnm ne ?@A@dqfhb ]mc fkxbhmdqfhb sq]mr,
aq]hm a]bj sn sgd odqhogdqx lnctk]sd sgd qdbdhudc mnbhbdo, lhrrhnm U45* 78[* ]m deedbs sg]s ]ood]qr sn ad ldch]sdc ax
shud hmenql]shnm ax* enq dw]lokd* nqcdqhmf qdkd]rd ne bgdlh, BA0 qdbdosnqr knb]sdc oqdrxm]oshb]kkx hm hmsdqmdtqnmr- Fnv,
b]kr vhsg ]m]kfdrhb deedbsr- Duhcdmbd sg]s sgd b]mm]ahmnhc dudq* ] chrhmghahsnqx ]bshnm nm k]lhm] HH mdtqnmr* vghbg dlhs
rxrsdl lnctk]sd sgd ]bshuhsx ne mdtqnmr oqnidbshmf eqnl sgd knb]k aq]mbgdr* l]x ad mdbdrr]qx enq lnctk]shmf mnbhbdoshud
aq]hm sn sgd rohm]k bnqc bnldr eqnl ]m hmudrshf]shnm hm vghbg hmenql]shnm adenqd hs hr sq]mrlhssdc sn cddodq k]lhm]d ne sgd

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0273062-49.2020.8.06.0001 e código 7E643F3.
BA0 qdbdosnq ]fnmhrs hmidbsdc hm sgd bdqdaq]k udmsqhbkd rto, rohm]k bnqc nq sn ghfgdq bdmsqdr- Nm sgd nsgdq g]mc* sgdqd hr ]
oqdrrdc ]bshuhsx dunjdc* ax ]ookhb]shnm ne mnwhntr gd]s sn sgd bnmsqnudqrx ]r sn vgdsgdq b]mm]ahmnhc qdbdosnq,ldch]sdc
ghmc o]v* hm vhcd cxm]lhb q]mfd mdtqnmdr ne sgd ktla]q ]mshmnbhbdoshnm l]hms]hmr ] a]rdkhmd snmd ]mc* sgdqdenqd*
cnqr]k gnqm ne tqdsg]md,]m]drsgdshydc q]sr U45[- Jnqdnudq* vgdsgdq aknbj]cd ne b]mm]ahmnhc sq]mrlhrrhnm vhkk nqhfhm]sd
vgdm sgd BA0 b]mm]ahmnhc ]fnmhrs v]r fhudm hmsq]udmntrkx* gxodq]kfdrh]- Hs g]r addm rtffdrsdc sg]s ]ksgntfg BA0 qdbdo,
sgd mnwhntr gd]s,dunjdc ]bshuhsx ne sgdrd mdtqnmr v]r mns snq ]ms]fnmhrsr aknbj sgd ]mshmnbhbdoshud deedbsr ne b]mm]ah,
rtooqdrrdc hm ]mhl]kr vhsg rohm]k sq]mrdbshnm nq ]esdq ]c, mnhc qdbdosnq ]fnmhrsr* sgd ]ms]fnmhrsr ax sgdlrdkudr cn mns
lhmhrsq]shnm ne BA0 qdbdosnq ]ms]fnmhrs- Sgd dwhrsdmbd ne ]ksdq a]rdkhmd o]hm sgqdrgnkcr U11[- Hm noonrhshnm* nsgdq
rtoq]rohm]k ]mshmnbhbdoshud b]mm]ahmnhc ]bshnmr hr ]krn ]tsgnqr rtffdrs sg]s sgdqd hr a]rdkhmd dmcnfdmntr b]mm]ah,
bnmehqldc ax b]mm]ahmnhc ]clhmhrsq]shnm chqdbskx hmidbsdc nm mnhc ]bshuhsx ]s sgd rohm]k kdudk* ]r hmsq]sgdb]k ]clhmhrsq]shnm
rodbhehb aq]hm rsqtbstqdr* ]r vdkk ]r ax sgd aknbj]cd ne sgdhq ne sgd BA0 qdbdosnq ]ms]fnmhrs RP030605@ hmctbdr gxodq,
]m]kfdrhb deedbs vgdm ]clhmhrsdqdc rhltks]mdntrkx vhsg ] ]kfdrhb deedbsr U021* 023[- Jnqdnudq* sgd BA0 qdbdosnq ]fnmhrs
b]mm]ahmnhc qdbdosnq ]ms]fnmhrs- Jhbqnhmidbshnm ne b]mm]ah, VHM 44* 101,1 g]r mn deedbs nm dhsgdq oqhl]qx ]eedqdms,dunjdc
mnhcr hmsn rdudq]k aq]hm qdfhnmr* hmbktchmf sgd onrsdqnk]sdq]k dwbhs]snqx fkts]l]sdqfhb sq]mrlhrrhnm nq onrsrxm]oshb G%
udmsq]k sg]k]ltr ]m ]qd] vhsg l]mx mnbhbdoshud mdtqnmr bnmctbs]mbd eqnl oqhl]qx ]eedqdmsr hm k]lhm] HH mdtqnmr hm sgd
qdbdhuhmf rohmnsg]k]lhb o]sgv]x hmotsr(* ]lxfc]k]* PQJ* ldctkk]qx cnqr]k gnqm* etqsgdq rtoonqshmf ] k]bj ne b]mm]ah,
]mc O@?* oqnctbdr ]mshmnbhbdoshnm U76* 87* 0.3[- mnhc hmektdmbd nm dwbhs]snqx rxm]ordr ]s sghr rohm]k kdudk U61[-
B]mm]ahmnhc ]mshmnbhbdoshud ]bshuhsx ]s sgd odqhogdq]k BA0 qdbdosnq ]fnmhrsr oqdrxm]oshb]kkx hmghahs ansg
kdudk g]r addm hmudrshf]sdc ax hmsq]cdql]k ]clhmhrsq]shnm ne ?@A@dqfhb ]mc fkxbhmdqfhb mdtqnsq]mrlhrrhnm hm k]lhm] HH
]fnmhrsr rdkdbshud enq ansg BA0 ]mc BA1 qdbdosnqr* ]r vdkk ]r mdtqnmr hm sgd ldctkk]qx cnqr]k gnqm* g]uhmf mn deedbs nm
ax sgd k]bj ne ]m]kfdrhb deedbsr vhsg rhltks]mdntr ]clhmhr, dhsgdq oqhl]qx ]eedqdms,dunjdc dwbhs]snqx fkts]l]sdqfhb sq]mr,
sq]shnm ne rodbhehb BA0 ]mc BA1 qdbdosnq ]ms]fnmhrsr- Odqh, lhrrhnm nq onrsrxm]oshb G % bnmctbs]mbd U61[- Sgdqdenqd*
ogdq]k b]mm]ahmnhc qdbdosnqr ]qd kdrr ]atmc]ms sg]m hm rhmbd sgd o]sgv]xr trdc enq b]mm]ahmnhc qdbdosnqr,ldch]sdc
bdmsq]k mdquntr rxrsdl ]qd]r ]mc mnm,mdtqnm]k bdkkr knb]sdc ]m]kfdrh] ]s sgd kdudk ne sgd rtodqehbh]k cnqr]k gnqm ]qd
md]q mnbhbdoshud mdtqnm]k mdqud dmchmfr ]qd hmunkudc hm sgd cheedqdms eqnl sgnrd bg]q]bsdqhrdc enq ฀,nohnhc qdbdosnq,
lnctk]shnm ne oqn,hmek]ll]snqx e]bsnqr qdkd]rdc U55* 035* ldch]sdc ]m]kfdrh]* hs l]x dwok]hm vgx b]mm]ahmnhc qdbdosnq
05.[- ]fnmhrsr qds]hm sgdhq deehb]bx* hm bnmsq]rs vhsg lnqoghmd* hm
]mhl]k lncdkr ne mdtqno]sghb o]hm U84[-
Uhmc+to Ogdmnldmnm
QXmhiinhc Pdbdosnp Suod Nmd ©QP0(
Vhmc,to hr ]m dw]ffdq]sdc mdtqnm]k qdronmrd sg]s nbbtqr
tonm qdod]sdc mnwhntr rshltk]shnm* qdrhchmf ]s sgd rxm]ord Mns ]kk ]mshmnbhbdoshud deedbsr ne b]mm]ahmnhc bnlontmcr
adsvddm sgd oqhl]qx ]eedqdms ]mc sgd rohmnsg]k]lhb mdtqnm- ]qd ldch]sdc ax b]mm]ahmnhc qdbdosnqr- Enq hmrs]mbd*
Rdmrhshr]shnm b]trdr sgd qdkd]rd ne lnqd mdtqnsq]mrlhssdqr ]s ]ms]fnmhrsr ne sgd BA0 qdbdosnq cn mns aknbj ]mshmnbhbdoshnm
sghr rxm]ord dm]akhmf adssdq sq]mrlhss]mbd ne o]hm rhfm]kr sn hmctbdc ax rxrsdlhb ]clhmhrsq]shnm ne ]m]mc]lhcd- Sghr g]r
sgd rohmnsg]k]lhb mdtqnm ]mc aq]hm- Sgdqd ]qd mn qdkh]akx addm mnsdc hm BA0 qdbdosnq jmnbjnts lhbd ]r vdkk- Hm sgdrd
r]shre]bsnqx sqd]sldmsr enq o]hm chrd]rdr rgnvhmf mn duh, lhbd* k]bjhmf etmbshnm]k BA0 qdbdosnqr* bdqs]hm b]mm]ahmnhc
cdmbd ne odqhogdq]k ]amnql]khshdr rtbg ]r lxne]rbh]k o]hm* qdbdosnq ]fnmhrsr g]ud ]mshmnbhbdoshud deedbsr hm sgd gns,ok]sd
hqqhs]akd anvk rxmcqnld* ]mc ehaqnlx]kfh](* ]mc sgdrd chr, nq enql]khm sdrsr U068[- Hs g]r addm oqnonrdc sg]s rnld
d]rdr l]x ad l]mhedrs]shnmr ne ]m dw]ffdq]sdc bdmsq]k rdmrh, b]mm]ahmnhc deedbsr l]x ad ldch]sdc ax sxod nmd u]mhkknhc
shr]shnm ldbg]mhrl nq vhmc,to- Hmsdqdrshmfkx* BA0 qdbdosnq qdbdosnqr QP0(- Sgdrd qdbdosnqr g]ud addm bknmdc U06[-
]fnmhrsr ]clhmhrsdqdc rxrsdlhb]kkx dwdqs ]m]kfdrhb deedbsr nm Sgdx ]qd b]kbhtl,odqld]akd* mnm,rdkdbshud b]shnm bg]mmdk
vhmc,to dkhbhsdc ax sq]mrbts]mdntr rshltk]shnm( hm sgd cnqr]k oqdrdms hm oqhl]qx ]eedqdms mdtqnmr ]mc ok]x ]m hlonqs]ms
gnqm U45* 041[- Sgd hmghahshnm ne vhmc,to hr oqna]akx qnkd hm mnbhbdoshud qdronmrdr- Vghkd knv bnmbdmsq]shnm ne
ldch]sdc ax rtoq]rohm]k ]bshnmr- Hmsq]sgdb]k ]clhmhrsq]shnm ]m]mc]lhcd qdrtksr hm hmghahshnm ne mdtqnsq]mrlhssdq qdkd]rd
ne b]mm]ahmnhc qdbdosnq ]fnmhrsr ]krn oqnctbdr ]m]kfdrh] U78* eqnl mnbhbdoshud oqhl]qx rdmrnqx mdtqnmr ax ] BA0 qdbdo,
037[* hmchb]shmf rohm]k ]mshmnbhbdoshud ]bshnm- snq,ldch]sdc ldbg]mhrl* ghfg bnmbdmsq]shnmr ne ]m]mc]lhcd
hmbqd]rd sgd eqdptdmbx ne lhmh]stqd dwbhs]snqx onrsrxm]oshb
MdtpnbgdlhbXi RhfmXiihmf btqqdmsr qdbnqcdc eqnl rtars]msh] fdk]shmnr] mdtqnmr ax ]
Rtodqehbh]k cnqr]k gnqm BA0 qdbdosnqr ]qd l]hmkx oqdrdms QP0 qdbdosnq,ldch]sdc ldbg]mhrl U0.5[- Sgdqdenqd* cd,
hm ?@A@dqfhb mdtqnmr U046[- Rhmbd sgdrd oqdrxm]oshb BA0 odmchmf nm sgd bnmbdmsq]shnmr ne ]m]mc]lhcd hs vntkc ]bsh,
qdbdosnqr knb]sdc hm ?@A@dqfhb mdtqnmr hmghahs sgd ?@A@dqfhb u]sd cheedqdms qdbdosnqr ]mc oqnctbd noonrhsd deedbsr- Sghr
hmghahsnqx deedbs* sghr chrhmghahshnm vntkc qdrtks hm ]bshu]shnm l]x ad ]m hlonqs]ms oqdrxm]oshb ldbg]mhrl lnctk]shmf
ne onrsrxm]oshb bnlltmhb]shnm- Enq sghr qd]rnm* hs g]r addm o]hm odqbdoshnm ]s sgd rohm]k kdudk- Hmcddc* mnbhbdoshud oqh,
rtffdrsdc sg]s b]mm]ahmnhcr ]qd o]q]cnwhb]kkx gxodq]kfdrhb l]qx rdmrnqx mdtqnmr bn,dwoqdrr BA0 ]mc QP0 qdbdosnqr sn ]
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ITALO COELHO DE ALENCAR e TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DO CEARA, protocolado em 15/12/2020 às 22:02 , sob o número 02730624920208060001.
fls. 310

Pnhc nd rgc 4NmmNVfmnfb Ruircl fm MNfm 4nmrpnh Nmb SgcpNoctrfa FlohfaNrfnmi 4tppcmr CctpnogNplNanhneu 1//5 Tnhy , Cny . 1,3

ghfg cdfqdd* fhuhmf etqsgdq rtoonqs sn ] bnlokdldms]qx qnkd chudqrd ldch]snqr hmunkudc hm sgd lnctk]shnm ne mnbhbdoshnm
enq sgdrd qdbdosnqr U0[- Fnvdudq* sgd dwhrsdmbd ne tmchr, ]mc hmek]ll]shnm- Nm sgd nsgdq g]mc* b]mm]ahmnhc qdbdosnq
bnudqdc b]mm]ahmnhc qdbdosnqr g]r mns addm qtkdc nts ]mc ]fnmhrsr hmctbd sgd rxmsgdrhr ]mc+nq qdkd]rd ne dmcnfdmntr
rnld b]mm]ahmnhc ]m]kfdrhb deedbsr l]x ad ldch]sdc hm o]qs nohnhc odoshcdr U14* 83[- Rtabgqnmhb sqd]sldms vhsg SFB
ax rtbg qdbdosnqr U7* 40[- oqnctbdr ]m hmbqd]rd hm nohnhcr fdmd dwoqdrrhnm hm sgd rohm]k
bnqc* rtrs]hmhmf sgd gxonsgdrhr ne ]m hmsdq]bshnm adsvddm sgd
RVMDPFERL N8 :MSEMNBEBDOSENM AV B:MM:AE+
b]mm]ahmnhc ]mc nohnhc rxrsdlr hm sghr qdfhnm U14[- Sghr qd,

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0273062-49.2020.8.06.0001 e código 7E643F3.
MNECR :MC NSGDP :M:KFDREB RTARS:MBDR k]shnm hr bnmehqldc ax nardqu]shnmr* ]r ] qdctbdc b]mm]ah,
BXmmXahmnhcr Xmc Nohnhcr :mXifdrhb Rumdpfhrl mnhc ]mc nohnhc qdbdosnq ]fnmhrs rxmdqfhrshb ]m]kfdrh] hm
oqncxmnqoghm jmnbjnts ]mhl]kr nq ]esdq ]clhmhrsdqhmf nohnhc
Sgd bnlahm]shnm ne svn ]mshmnbhbdoshud cqtfr ]bshmf qdbdosnq ]ms]fnmhrsr khjd* mnq,ahm]ksnq,oghlhmd ] j]oo] ]m,
sgqntfg rodbhehb qdbdosnq rxrsdlr xhdkcr l]inq admdehsr- s]fnmhrs( nq m]ksqhmcnkd ] cdks] ]ms]fnmhrs(* nq ]mshanchdr
Vgdm fhudm hm bnlahm]shnm vhsg rxmdqfhrshb rtars]mbdr* sgd ]f]hmrs cxmnqoghm* hlokhdr sg]s b]mm]ahmnhc qdbdosnq ]fnmhrsr
qdpthqdc cnrd ne d]bg ]fdms b]m ad qdctbdc sn kdrr sg]m ]bs hmchqdbskx nm nohnhc qdbdosnqr U014* 015[- Hmsdqdrshmfkx*
vntkc ad dwok]hmdc ax ] rhlokd ]cchshud deedbs- Sgd bkhmhb]k sgdqdenqd* ]ksgntfg sgd ]mshmnbhbdoshnm ne lnqoghmd hr ldch,
admdehs ne sghr oqnodqsx hr hlonqs]ms hm ]m]kfdrhb sqd]sldmsr ]sdc oqdcnlhm]sdkx ax ฀,nohnhc qdbdosnqr* hs l]x ad dm,
adb]trd deedbshud o]hm qdkhde b]m ad ]bghdudc vhsg edvdq nq g]mbdc ax SFB sgqntfg sgd ]bshu]shnm ne j]oo] ]mc cdks]
mn rhcd deedbsr- nohnhc qdbdosnqr-
Sgd nohnhc rxrsdl hr nmd ne sgd rxrsdlr hmsdq]bshmf vhsg @r ldmshnmdc d]qkhdq* mdv BA1 knb]shnmr ]mc ldbg],
sgd b]mm]ahmnhcr sg]s g]r addm lnrs dwoknqdc Uenq qduhdvr mhrlr ne ]bshnm* vghbg ]qd hlonqs]ms sn o]hm lnctk]shnm*
rdd9 15* 30* 83[- Dkdbsqnogxrhnknfhb ]m]kxrhr ne sgd deedbsr ne g]ud addm qdbdmskx hcdmshehdc- BA1 hlltmnk]adkhmf g]r addm
b]mm]ahmnhcr nm PQJ g]r qdud]kdc sg]s b]mm]ahmnhcr cdsdbsdc nm ,dmcnqoghm,bnms]hmhmf jdq]shmnbxsdr hm rsq]stl
g]ud deedbsr rhlhk]q sn sgnrd dkhbhsdc ax lnqoghmd U0.3[- fq]mtknrtl sgqntfgnts sgd dohcdqlhr ne sgd q]s ghmco]v-
B]mm]ahmnhc ]mc nohnhc qdbdosnqr ansg dwhrs ]s u]qhntr kdudkr Sgdrd BA1 qdbdosnqr* vgdm ]bshu]sdc* rshltk]sd qdkd]rd ne sgd
hm sgd o]hm bhqbthsr ]mc sgdrd svn rxrsdlr l]x nodq]sd dmcnfdmntr nohnhc ,dmcnqoghm* vghbg sgdm ]bsr ]s ฀,nohnhc
rxmdqfhrshb]kkx- SFB ]mc lnqoghmd g]ud addm rgnvm sn ]bs qdbdosnqr nm knb]k oqhl]qx ]eedqdms mdtqnmr sn hmghahs mnbh,
rxmdqfhrshb]kkx* ltst]kkx onsdmsh]shmf sgdhq ]mshmnbhbdoshud bdoshnm- Sgd ]mshmnbhbdoshud deedbsr ne sgd BA1 qdbdosnq,
]bshnmr- Hmsdqdrshmfkx* sghr ]bshnm hr hmghahsdc ax dhsgdq rdkdbshud ]fnmhrs @J0130 vdqd oqdudmsdc hm q]sr vgdm
b]mm]ahmnhc nq nohnhc qdbdosnqr ]ms]fnmhrsr rdo]q]sdkx* ]r m]knwnmd nq ]mshrdqtl sn ,dmcnqoghm v]r hmidbsdc hm sgd
cdlnmrsq]sdc hm ]btsd U30[ ]mc bgqnmhb o]hm lncdkr U036* ghmco]v vgdqd sgd mnwhntr sgdql]k rshltktr v]r ]ookhdc* nq
063[- Fnvdudq* ]ksgntfg b]mm]ahmnhcr ]mc nohnhcr ansg v]r mns nardqudc hm rjhm eqnl BA1 b]mm]ahmnhc qdbdosnq,
oqnctbd ]m]kfdrh] vhsghm sgd cnqr]k gnqm* sgdhq og]ql]bnknfhb cdehbhdms lhbd ]mc ฀,nohnhc qdbdosnq,cdehbhdms lhbd* rtffdrs,
ldbg]mhrlr ne ]bshnm cheedq- Enq hmrs]mbd* ,nohnhc qdbdosnq hmf sg]s ,dmcnqoghm hr mdbdrr]qx enq BA1 qdbdosnq,ldch]sdc
]fnmhrsr hmghahs qdkd]rd ne fkts]l]sd eqnl oqhl]qx ]eedqdms ]mshmnbhbdoshnm U56[-
sdqlhm]kr ]s sgd kdudk ne sgd rohm]k ]mc ldctkk]qx cnqr]k gnqm*
vghkd BA0 qdbdosnqr cn mns g]ud ]mx hmghahsnqx deedbs nm BXmmXahmnhc Xmc ฀ 1+:cpdmdpfhb Pdbdosnpr EmsdpXbshnmr
sgnrd dwbhs]snqx mdtqnmr U38* 70[- Jnqdnudq* ,nohnhc qdbdo,
Hmsdq]bshnmr adsvddm BA0 ]mc 1,]cqdmdqfhb qdbdosnqr
snqr oqdrxm]oshb]kkx hmghahs ansg fkxbhmdqfhb ]mc ?@A@dqfhb
g]ud ]krn addm onrstk]sdc- Ansg qdbdosnqr oqdrxm]oshb]kkx
rxm]oshb sq]mrlhrrhnm hm sgd ldctkk]qx cnqr]k gnqm U37[* ats lnctk]sd oqhl]qx ]eedqdms mdtqnmr U51* 065[ ]mc nbbtq hm
mns hm sgd rohm]k bnqc U70[* ]r nbbtqr vhsg BA0 qdbdosnqr-
]qd]r sg]s oqnbdrr mnbhbdoshud hmenql]shnm ]s rohm]k ]mc
Sgdqd ]qd nsgdq cheedqdmbdr ]s sgd rtoq]rohm]k kdudk* vgdqd
rtoq]rohm]k kdudkr U4* 76* 86[- Fnvdudq* rnld rstchdr rtffdrs
ansg b]mm]ahmnhc ]mc nohnhc qdbdo,snqr oqdrxm]oshb]kkx
sg]s sgd ]mshmnbhbdoshud ]bshnmr ne 1,]cqdmdqfhb qdbdosnqr ]qd
hmghahs ?@A@dqfhb rxm]oshb sq]mrlhrrhnm* chrhmghahshmf mnbh,
ldch]sdc otqdkx ]s sgd rohm]k kdudk* l]hmkx ugU @,rtasxod 1,
bdoshud cdrbdmchmf oqnidbshnm mdtqnmr* ats nmkx ฀,nohnhc
]cqdmdqfhb qdbdosnqr oqdrdms hm sgd rtars]msh] fdk]shmnr] U65*
qdbdosnqr chqdbskx hmghahs ots]shud ?@A@dqfhb mdtqnmr hm sgd 044[-
O@? ]mc PQJ U08* 051* 052[- Cdodmchmf nm sgd b]mm]ah,
mnhc qdbdosnq ]fnmhrs* lnqoghmd deedbsr ]qd onsdmsh]sdc che, BA0* 1,]cqdmdqfhb* ]mc ,nohnhc qdbdosnqr ]qd ]kk ?,
edqdmskx- Hmcddc* hm sgd rohm]k bnqc* SFB hmsdq]bsr rxmdqfhrsh, oqnsdhm bntokdc qdbdosnqr rg]qhmf rhfm]k sq]mrctbshnm o]sg,
b]kkx vhsg lnqoghmd ]mc* hm bnmsq]rs* BO,44*83. ]mc BO, v]xr* rtbg ]r sgnrd hmghahshmf ]cdmxk]sd bxbk]rd ]mc lnct,
45*556 cn mns hmsdq]bs he sgdx ]qd ]clhmhrsdqdc dohctq]kkx* ats k]shmf G% ]mc B]1% bg]mmdkr ]bshuhsx U13* 51* 7.* 83* 013[-
cn hmsdq]bs he sgdx ]qd ]clhmhrsdqdc sn sgd bdqdaq]k udmsqhbkdr Sgdrd qdbdosnqr ]qd chrsqhatsdc rhlhk]qkx hm ]qd]r ne sgd
sgd cnrd,qdronmrd btqud rgnvr sg]s sgd cnrd ne lnqoghmd bdmsq]k mdquntr rxrsdl sg]s o]qshbho]sd hm ]mshmnbhbdoshnm*
chlhmhrgdr 0.,enkc( U062* 063[- Sghr l]x ad ctd sn sgd rtbg ]r sgd O@? nq rtars]msh] fdk]shmnr] U4* 7.* 76* 86* 005*
ogxrhb]k ]mc bgdlhb]k bg]q]bsdqhrshbr ne sgd b]mm]ahmnhc 065[- Ansg 1,]cqdmdqfhb nq ,nohnhc qdbdosnqr ]fnmhrsr*
qdbdosnq ]fnmhrsr ]mc sn u]qh]shnmr hm sgd qdkd]rd ne dmcnfd, vgdm bnlahmdc vhsg ] b]mm]ahmnhc qdbdosnq ]fnmhrs* rgnv
mntr nohnhcr cdodmchmf nm sgd b]mm]ahmnhc qdbdosnq ]fnmhrs rhfmhehb]ms rxmdqfhrl hm ]mshmnbhbdoshnm- Hmsdqdrshmf ehmchmfr
trdc- @r enq ]m]mc]lhcd* hs g]r mns addm onrrhakd sn cdlnm, g]ud addm nas]hmdc vhsg bnlahm]shnmr ne sgdrd cqtfr- @
rsq]sd ] rxmdqfhrshb hmsdq]bshnm vhsg sgd nohnhcr* oqna]akx b]mm]ahmnhc qdbdosnq ]fnmhrs bnlahmdc vhsg ] ,nohnhc
adb]trd sghr rtars]mbd cdfq]cdr pthbjkx- Sgd ahnbgdlhb]k qdbdosnq ]fnmhrs chrok]xdc rxmdqfhrl hm ansg sgd s]hk,ekhbj
ldbg]mhrlr hmunkudc hm sgd hmsdq]bshnm adsvddm b]mm]ahmnhc ]mc gns,ok]sd ]rr]xr* vgdqd]r ] b]mm]ahmnhc qdbdosnq ]fnmhrs
]mc nohnhc qdbdosnqr qdk]sd sn sgd sq]mrctbshnm ]mc qdkd]rd ne bnlahmdc vhsg ]m 1,]cqdmdqfhb qdbdosnq ]fnmhrs rgnvdc
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ITALO COELHO DE ALENCAR e TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DO CEARA, protocolado em 15/12/2020 às 22:02 , sob o número 02730624920208060001.
fls. 311

1,5 4tppcmr CctpnogNplNanhneu 1//5 Tnhy , Cny . INmsNmNpci cr Nhy

rhlokd ]cchshuhsx hm sgd s]hk,ekhbj ]rr]x ]mc rxmdqfhrl hm sgd mdv khmd ne sgdq]ox enq b]rdr hm vghbg mn nsgdq og]ql],
gns,ok]sd ]rr]x U77[- Hm ansg ]rr]xr* bnlahmdc ฀1,]cqdmdqfhb bnknfhb sqd]sldmsr ]qd ]u]hk]akd- @r ldmshnmdc oqduhntrkx*
]mc ,nohnhc qdbdosnqr ]bshu]shnm v]r rhlokx ]cchshud- bnlahm]shnmr ne b]mm]ahmnhc qdbdosnq ]fnmhrsr vhsg nsgdq
]m]kfdrhb rtars]mbdr sn ]bghdud ] rxmdqfhrshb deedbs ]mc hl,
EmsdpXbshnmr Adsvddm BXmmXahmnhcr Xmc OpnrsXfiXmchm
oqnud sgd deehb]bx ]mc r]edsx ne sqd]sldms ]qd ]krn hmsdqdrs,
Emghahsnpr Xmc BNW+1
hmf-
@m hmsdq]bshnm adsvddm b]mm]ahmnhcr ]mc hmghahsnqr ne

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0273062-49.2020.8.06.0001 e código 7E643F3.
Rstchdr hm dwodqhldms]k lncdkr ne ]btsd ]mc bgqnmhb o]hm
oqnrs]fk]mchm ahnrxmsgdrhr khjd MR@HCr( g]r addm qdonqsdc* g]ud cdlnmrsq]sdc sgd deehb]bx ne b]mm]ahmnhc qdbdosnq ]fn,
]mc hs ]ood]qr sn ad ctd sn sgd rhlhk]qhsx hm bgdlhb]k rsqtb,
mhrsr* dudm hm mdtqno]sghb nq hmek]ll]snqx o]hm- Oqdbkhmhb]k
stqd ne dmcnfdmntr b]mm]ahmnhc khf]mcr ]mc oqnrs]fk]mchmr
c]s] nas]hmdc vhsg b]mm]ahmnhc qdbdosnq ]fnmhrsr hm o]hm
]q]bghcnmhb ]bhc cdqhu]shudr(* ]mc sn sgd bnmudqfdmbd ne
lncdkr g]ud l]cd hs onrrhakd sn ]rrdrr sgdhq deehb]bx hm gt,
oqnrs]fk]mchm ]mc dmcnb]mm]ahmnhcr sq]mrctbshnm rhfm]kr
l]mr- Sgd qdrtksr sn c]sd rtffdrs sg]s b]mm]ahmnhc qdbdosnq
U25[- Hm ]cchshnm* sgdqd hr duhcdmbd sg]s sgd ]cchshnm ne b]m,
]fnmhrsr ]qd ]m]kfdrhb rtars]mbdr odp rd vgnrd onsdmbx hr
m]ahmnhc bnlontmcr sn aq]hm shrrtd rdbshnmr nqhfhm]sdr ]m rhlhk]q sn sg]s ne nohnhcr khjd bncdhmd ]mc sgdhq cnrd,
]bbtltk]shnm ne ]q]bghcnmhb ]bhc U02.[- Sgd dmg]mbdldms ne
cdodmcdms deedbs hr khlhsdc ax sgd ]ood]q]mbd ne ]cudqrd de,
BA0 qdbdosnqr ]bshuhsx ax rnld MR@HCr hmcnldsg]bhm* ekt,
edbsr- Tmenqstm]sdkx* edv bkhmhb]k sqh]kr g]ud addm l]cd ]mc
qhatoqnedm( g]r addm bnmehqldc U26[- Jnqdnudq* sgd BA0,
sgdx g]ud addm b]qqhdc nts vhsg l]inq ldsgncnknfhb khlhs],
qdbdosnq ]ms]fnmhrs @J140 b]m aknbj sgd ]mshmnbhbdoshud
shnmr- Hs hr mnsdvnqsgx sg]s vgdqd]r b]mm]ahmnhc qdbdosnq
deedbs ne sgdrd MR@HCr ]clhmhrsdqdc hmsq]sgdb]kkx hm ] lncdk
]fnmhrsr g]ud rgnvm sn ad to sn 0. shldr lnqd onsdms sg]m
ne hmek]ll]snqx o]hm enql]khm sdrs( U2[- Hm sgd r]ld v]x* lnqoghmd hm ]mhl]k lncdkr ne ]btsd ]mc mdtqno]sghb o]hm
hmcnldsg]bhm knrdr deehb]bx hm sghr lncdk ne o]hm hm BA0
U27[* ]m]kfdrhb deehb]bx g]r mns addm ]r fnnc hm rnld bkhmhb]k
jmnbjnts lhbd U4.[- Sgd dwok]m]shnm enq sghr hmunkudr
sqh]kr- Sgd l]hm qd]rnm enq sghr chrbqdo]mbx hr sg]s cnrdr ]qd
MR@HCr b]o]bhsx sn hmghahs sgd E@@F U50[- Fnvdudq* sghr
fqd]skx qdctbdc sn ]unhc ]cudqrd deedbsr* hm o]qshbtk]q orx,
l]x mns ad sgd nmkx ldbg]mhrl adb]trd hmsq]odqhsnmd]k ]c,
bgnsqnohb- Hm ]cchshnm* sgdqd ]qd nsgdq cdehbhdmbhdr hm sgd
lhmhrsq]shnm ne ] mnmrdkdbshud E@@F hmghahsnq ogdmxkldsg,
rb]ms bkhmhb]k sqh]kr odqenqldc sn c]sd* rtbg ]r hlonqs]ms
xkrtkenmxk ektnqhcd( cndr mns ]eedbs sgd qdronmrd sn sgd enq, u]qh]shnmr hm cnrdr* rbgdctkdr* qntsdr ne ]clhmhrsq]shnm* sxod
l]khm sdrs* vghkd @J140 rshkk ]ms]fnmhrdr hsr ]m]kfdrhb deedbs
ne b]mm]ahmnhc qdbdosnq ]fnmhrsr bnlontmcr* ldsgncr ne
U2[- @m ]ksdqm]shud gxonsgdrhr rtffdrsr sg]s sgd BNW,1 dm,
sdrshmf ]m]kfdrh]* sgd rdkdbshnm ne mnmgnlnfdmdntr rstcx
yxld b]m lds]ankhrd sgd dmcnb]mm]ahmnhcr khjd ]m]mc]lhcd
fqntor o]shdmsr vhsg chrd]rdr ne chudqrd nqhfhm(* ]mc sgd
]mc 1,@?( ]mc sg]s dohctq]k ]clhmhrsq]shnm ne MR@HCr oqd,
dwsq]onk]shnm ne qdrtksr eqnl lncdkr ne dwodqhldms]k o]hm hm
udmsr ]m]mc]lhcd cdrsqtbshnm ax hmghahshmf sgd ]bshnm ne
gd]ksgx o]shdmsr o]hm bhqbthsr ]bshuhsx cheedq adsvddm gd]ksgx
BNW,1 U71[- Sgdqdenqd* sgd ]clhmhrsq]shnm ne MR@HCr hm, unktmsddqr ]mc o]shdmsr(- Hm S]akdr 0+3 ]qd rtll]qhrdc rnld
bqd]rdr sgd ]lntms ne ]m]mc]lhcd ax hlodchmf hsr lds]ankh,
c]s] bnkkdbsdc eqnl gtl]mr hm rhst]shnmr ne ]btsd dhsgdq hm
r]shnm sgqntfg hmghahshnm ne sgd deedbs ne BNW,1 ]mc+nq
o]shdmsr rteedqhmf o]hm nq hm gd]ksgx unktmsddqr rtalhssdc sn
E@@F-
mnwhntr rshltkh( ]mc bgqnmhb o]hm sqd]sdc vhsg b]mm]ahmnhc
Bxbknnwxfdm]rd,1 BNW,1( hr ]m dmyxld ]rrnbh]sdc bnlontmcr* ]r vdkk ]r eqnl ptdrshnmm]hqdr eqnl rdke,ldch,
vhsg rdbnmc]qx c]l]fd ]esdq aq]hm hmitqx* ]r hs e]bhkhs]sdr sgd b]sdc o]shdmsr-
hmek]ll]snqx qdronmrd ]mc cdk]xdc mdtqnm]k cd]sg- BNW,1
dwdqsr ] mdf]shud hmektdmbd nm dmcnb]mm]ahmnhcr adb]trd hs SFB hr sgd rtars]mbd vhsg sgd fqd]sdrs orxbgn]bshud
b]s]ankhrdr sgdl ]r ]m]mc]lhcd ]mc 1,@?* sg]s g]ud rgnvm onsdmbx ne sgd m]stq]k b]mm]ahmnhcr* ]mc dwghahsr sgd fqd]sdrs
mdtqnoqnsdbshud oqnodqshdr hm sgd hmitqdc aq]hm( U72[- Hm ] ]m]kfdrhb ]bshuhsx U85[- Hm e]bs* SFB ]clhmhrsdqdc dohctq]kkx
sq]tl]shb aq]hm hmitqx lncdk* BNW,1 hmghahsnq sqd]sldms hmsq]sgdb]k* hmsq]udmsqhbtk]q( oqnctbdr ]mshmnbhbdoshnm rhlh,
oqnsdbsdc 1,@? kdudkr* dmg]mbdc etmbshnm]k qdbnudqx* ]mc k]q sn sg]s nas]hmdc vhsg nohnhc bnlontmcr U062[- Hm ]cch,
qdctbdc bdkk cd]sg ]mc hmek]ll]shnm U34[* bnmehqlhmf ]m shnm* sgd dohctq]k qntsd ne ]clhmhrsq]shnm ]kknvr sgd trd ne
hmsdq]bshnm adsvddm sgd dmcnb]mm]ahmnhc 1,@? ]mc BNW,1 ltbg rl]kkdq cnrdr sn nas]hm ] lnqd k]rshmf deedbs sg]m vhsg
dmyxld- Sghr ]krn rtffdrsr sg]s BNW,1 hmghahsnqr sqd]sldms mnmdohctq]k qntsdr- SFB hr khonoghkhb ]mc qdk]shudkx mnmrd,
l]x oqnctbd ]m hmchqdbs dmg]mbdldms ne b]mm]ahmnhc kdbshud enq BA0 ]mc BA1 qdbdosnq rtasxodr* ]mc g]r addm
qdbdosnqr ]bshuhsx* ax hmbqd]rhmf dmcnb]mm]ahmnhc kdudkr- vhcdkx trdc hm dwodqhldms]k rstchdr- Bkhmhb]k sqh]kr g]ud
rgnvm sg]s mnmrdkdbshud b]mm]ahmnhc qdbdosnq ]fnmhrsr ]qd
SGDP:ODTSEB TRDR N8 B:MM:AEMNECR EM O:EM qdk]shudkx r]ed ]mc sgdq]odtshb]kkx deehb]bhntr* ats sgdx ]krn
DOERNCDR hmctbd orxbgnsqnohb rhcd deedbsr U01.[- Fnvdudq* he sgd SFB
hr ]clhmhrsdqdc hm rl]kk cnrdr* hs hr vdkk snkdq]sdc ]mc deeh,
Snfdsgdq vhsg lnqoghmd* b]mm]ahmnhc qdbdosnq ]fnmhrsr
bhdms enq mdtqno]sghb o]hm* vhsgnts b]trhmf ]ksdqdc rs]sdr ne
g]ud oqna]akx addm nmd ne sgd lnrs bnllnm ldchbhm]k
bnmrbhntrmdrr- B]qchnu]rbtk]q deedbsr ]qd fdmdq]kkx lncdq]sd
qdldchdr rhmbd shld hlldlnqh]k- Hm qdbdms xd]qr* drodbh]kkx
]mc vdkk snkdq]sdc9 gxonsdmrhnm b]m ]ood]q hm bnlo]qhrnm
rhmbd sgd cdb]cd ne sgd 088.r vgdm sgd dmcnfdmntr b]mm]ah,
mnhc rxrsdl v]r chrbnudqdc* a]rhb jmnvkdcfd ne sghr rxrsdl vhsg ok]bdan U047* 054[* ats mn lnqd sg]m vhsg bncdhmd-
Fnvdudq* rhmbd hs l]x kd]c sn rhfmhehb]ms hmbqd]rdr hm gd]qs
g]r ]cu]mbdc rodbs]btk]qkx- Mnv sg]s sgdqd hr mn cntas sg]s
q]sd ]mc ] knvdqhmf ne sgd aknnc oqdrrtqd* o]shdmsr vhsg b]q,
sgdx ]qd hmunkudc hm sgd qdftk]shnm ne mnbhbdoshnm* hmsdqdrs hm
chnu]rbtk]q chrd]rd rgntkc oqna]akx mns ad sqd]sdc vhsg b]m,
trhmf b]mm]ahmnhc qdbdosnq ]fnmhrsr sn l]m]fd o]hm g]r qd,
m]ahmnhc cqtfr- Nm sgd nsgdq g]mc* cdrhqdc sgdq]odtshb de,
mdvdc- Sgdq]odtshb l]m]fdldms trhmf ]m ]mshmnbhbdoshud
edbsr ]mc ]cudqrd deedbsr ansg u]qx vhsg sgd b]mm]ahmnhc rta,
ldbg]mhrl cheedqdms eqnl sgd trt]k ldbg]mhrlr nodmr ]
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ITALO COELHO DE ALENCAR e TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DO CEARA, protocolado em 15/12/2020 às 22:02 , sob o número 02730624920208060001.
fls. 312

Pnhc nd rgc 4NmmNVfmnfb Ruircl fm MNfm 4nmrpnh Nmb SgcpNoctrfa FlohfaNrfnmi 4tppcmr CctpnogNplNanhneu 1//5 Tnhy , Cny . 1,6

rs]mbd trdc- Sgtr* chudqrd SFB ]m]knftdr g]ud addm trdc mnhc qdbdosnqr ]bshuhsx Ehf- 1(- Hmcddc* qdudqrhakd E@@F
enq dwodqhldms]k nq oqdbkhmhb]k rstchdr* rnld ne vghbg ]qd hmghahsnqr oqnctbd ]m]kfdrh] hm ]mhl]k lncdkr U6[- Hm ]cchshnm*
adhmf l]qjdsdc hm rnld bntmsqhdr enq bdqs]hm ]ookhb]shnmr- nsgdq bnlontmcr khjd sgd M,]bxkdsg]mnk]lhmdr aknbj ]m]mc],
Sgd SFB ]m]knftdr lnrs nesdm trdc enq oqdbkhmhb]k nq sgdq], lhcd cdfq]c]shnm U007[- Gmnbjnts lhbd k]bjhmf E@@F
odtshb otqonrdr hm gtl]mr ]qd cqnm]ahmnk* m]ahknmd* kdunm, chrok]x dkdu]sdc bnmbdmsq]shnmr ne ]m]mc]lhcd hm aq]hm ]mc
]msq]cnk* BS,2 nq ]itkdlhb ]bhc(* ]mc FT100 U04* 006[- ]qd lnqd rdmrhshud sn sgd ahnknfhb]k ]bshnmr ne ]m]mc]lhcd
@mnsgdq cdqhu]shud* admynoxq]mnodqhchmd* oqnctbdr ] cdfqdd U16[-

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0273062-49.2020.8.06.0001 e código 7E643F3.
ne rdc]shnm rhlhk]q sn bncdhmd ats hr hmdeedbshud ]r ]m ]m]kfd,
@m hlonqs]ms cds]hk sn bnmrhcdq hm b]mm]ahmnhc sqd]sldms
rhb U62[-
hr sgd qntsd ne ]clhmhrsq]shnm- @ksgntfg nq]k chrodmr]shnm hr
Kdunm]msq]cnk hr ] rxmsgdshb ]m]knftd ne SFB sg]s hr sgd qntsd ne bgnhbd enq sgd bkhmhb]k l]m]fdldms ne bgqnmhb
]clhmhrsdqdc hmsq]ltrbtk]qkx- Hs g]r addm trdc hm bkhmhb]k o]hm* ctd sn hsr oqnknmfdc ]bshnm ]mc d]rd ne trd* l]mx o],
sqh]kr sn o]kkh]sd onrsnodq]shud o]hm nq o]hm ctd sn sq]tl] ]mc shdmsr oqdedq hmg]k]shnm rlnjhmf b]mm]ahr( ]mc rtakhmft]k
g]r rgnvm lnqd ]m]kfdrhb deehb]bx sg]m ok]bdan U6.[- roq]xr g]ud ]krn addm oqdo]qdc enq bnlldqbh]k oqdo]q]shnmr-
Kdunm]msq]cnk b]trdr ]cudqrd deedbsr lnqd nesdm sg]m SFB Mnmdsgdkdrr* sgdqd ]qd nsgdq onrrhahkhshdr* o]qshbtk]qkx vgdm
hm l]mx o]shdmsr* ats mnmd ne sgdl hr bnmrhcdqdc rdqhntr- ]m]kfdrh] hr cdehbhdms* nq]k hmsnkdq]mbd dwhrsr* ]mc+nq sgd rs]sd
B]mm]ahchnk BAC( hr ]mnsgdq l]inq bnmrshstdms ne sgd ne bnmrbhntrmdrr hr ]ksdqdc* rtbg ]r sgd dohctq]k nq hmsq]ud,
AUmmUagr rUsguU ok]ms* g]uhmf sgd r]ld sgdq]odtshb deedbsr mntr qntsdr- Nsgdq ]ksdqm]shudr ]qd cdk]xdc,qdkd]rd rjhm o]sbgdr
sg]m SFB ]m]kfdrhb* ]msh,hmek]ll]snqx* ]mc nsgdqr(* ats ]mc* sn ] kdrrdq dwsdms* qdbs]k rtoonrhsnqhdr U8[-
vhsg ] cheedqdms og]ql]bnknfhb oqnehkd- Rstchdr g]ud addm Rlnjhmf b]mm]ahr qdl]hmr sgd lnrs deehbhdms ld]mr ne
l]cd vhsg b]mm]ahchnk cdqhu]shudr cdudknodc sn hmghahs odqh, cqtf cdkhudqx rhmbd ]arnqoshnm hr ltbg lnqd q]ohc ]mc
ogdq]k o]hm qdronmrdr ]mc hmek]ll]shnm ]esdq ahmchmf sn dwodqhdmbdc trdqr cnrd sgdlrdkudr ax ]citrshmf sgd
b]mm]ahmnhc qdbdosnqr- Hmsdqdrshmfkx* rnld ne sgdrd b]mm]ah, eqdptdmbx ]mc cdosg ne hmg]k]shnm U57[- Fnvdudq* sghr qntsd
chnk cdqhu]shudr chc mns g]ud bdmsq]k mdquntr rxrsdl deedbsr* g]r sgd chr]cu]ms]fd ne qdrohq]snqx ]mc nsgdq bnlokhb]shnmr
ats l]hms]hmdc sgdhq ]mshmnbhbdoshud ]mc ]msh,hmek]ll]snqx ]rrnbh]sdc vhsg sgd sna]bbn lhwdc vhsg sgd oqnctbs enq
oqnodqshdr- Sghr ld]mr sg]s bdmsq]kkx hm]bshud rxmsgdshb rlnjhmf- Nm sgd nsgdq g]mc* sgd deedbsr ne m]stq]k b]mm]ah,
b]mm]ahchnk ]m]knftdr l]x ad fnnc b]mchc]sdr enq sgd mnhcr ok]ms dwsq]bsr( rddlr sn ad adssdq sg]m sgnrd ne rxm,
cdudknoldms ne ]m]kfdrhb ]mc ]msh,hmek]ll]snqx cqtfr enq sgdshb b]mm]ahmnhcr- Sgd deedbsr ne b]mm]ahr* vgdsgdq rlnjdc
odqhogdq]k bnmchshnmr U3.[- nq ]clhmhrsdqdc hmsq]udmntrkx* ]ood]q 2. lhmtsdr sn nmd gntq
Jdchb]shnmr g]ud ]krn addm cdudknodc eqnl dwsq]bsr ne ]esdq ]clhmhrsq]shnm ]mc k]rs enq 1 nq 2 gntqr- Sgdqdenqd* nmd
sgd AUmmUagr rUsguU ok]ms bnms]hmhmf jmnvm ]lntmsr ne chr]cu]ms]fd hr ] aqhde ]m]kfdrhb deedbs-
SFB ]mc BAC U5* 000* 052* 053[- Sgdrd ldchb]shnmr ]qd @r vhsg ]mx nsgdq sgdq]ox* ]cudqrd deedbsr ltrs ad s]jdm
adhmf trdc hm bkhmhb]k sqh]kr* ]mc ] enql chrodmrdc ]r rtakhm, hmsn ]bbntms- Rnld o]shdmsr vhkk rteedq rhcd deedbsr* ]ksgntfg
ft]k roq]x g]r itrs addm ]ooqnudc sn ad l]qjdsdc hm B]m]c]- lnrs ne sgdl vhkk ]ood]q nmkx hm sgd ehqrs c]xr ne sqd]sldms
Nsgdq onrrhakd sgdq]odtshb s]qfdsr ]qd BA1 qdbdosnqr ax ]mc chr]ood]q ]r sgd ancx ]citrsr sn sgd cqtf- Rgnqs,sdql
ld]mr ne rodbhehb ]fnmhrsr- @r sgdqd ]qd mn BA1 qdbdosnqr hm deedbsr* rtbg ]r tmrsd]chmdrr* chyyhmdrr* cheehbtksx bnmbdmsq]s,
mdtqnmr* sgd ]bshnmr dunjdc ax b]mm]ahmnhc qdbdosnq ]fnmhrsr hmf* cqnvrhmdrr* cqxmdrr ne sgd lntsg* ]mc+nq gd]c]bgd* ]qd
nm sgd bdmsq]k mdquntr rxrsdl rddl sn cdodmc l]hmkx nm sgd qdk]sdc sn cdoqdrrhnm ne sgd bdmsq]k mdquntr rxrsdl- Bgqnmhb
]bshu]shnm ne BA0 qdbdosnqr- Sgtr BA1 qdbdosnq ]fnmhrsr b]mm]ahr trd cndr mns oqnctbd rdqhntr bnfmhshud chrnqcdqr* ]r
ldqhs rodbh]k bnmrhcdq]shnm enq trd ]r ]fdmsr vhsg ]ardmbd ne nbbtqr vhsg nsgdq rtars]mbdr khjd ]kbngnk* ats hs b]m ]ffq],
bnfmhshud ]mc orxbgnsqnohb oqnodqshdr- Sgdqdenqd nmd ne u]sd oqd,dwhrshmf ldms]k chrd]rd- Sgdqdenqd* sqd]sldms vhsg
sgdl* FT,2.7 U0.1[* cndr mns oqnctbd gxonsgdqlh]* b]s], b]mm]ahmnhc qdbdosnq ]fnmhrs vhsg bdmsq]k ]bshnmr l]x ad
kdorx* nq adg]uhntq]k bg]mfdr* vghkd sgd qnkd ne BA1 qdbdo, bnmsq]hmchb]sdc* nq dhsgdq qhfnqntrkx bnmsqnkkdc* hm hmchuhct,
snqr hr etmc]ldms]k hm nsgdq b]mm]ahlhldshb ]bshnmr* rtbg ]r ]kr oqdchronrdc sn orxbgh]sqhb chrnqcdqr- Mn gtl]m cd]sgr
hlltmnlnctk]snqx ]mc ]mshoqnkhedq]shud deedbsr- Nm sgd ]rrnbh]sdc sn b]mm]ahr trd g]ud addm qdonqsdc* ]mc sgd kdsg]k
nsgdq g]mc* ]r ldmshnmdc d]qkhdq* mdv BA1 qdbdosnq oqnodq, cnrd ne SFB hm qncdmsr hr udqx ghfg bnlo]qdc sn nsgdq rta,
shdr ]qd adhmf chrbnudqdc* ]r hs g]r addm bnmehqldc sg]s sgdx rs]mbdr-
hmchqdbskx rshltk]sd nohnhc qdbdosnqr knb]sdc hm oqhl]qx ]e, Vhsg qdrodbs sn onsdmsh]kkx ]cchbshud deedbsr* sgdq]odtshb
edqdms o]sgv]xr U56[- cnrdr ]qd rl]kkdq sg]m sgnrd trdc enq qdbqd]shnm]k otqonrdr*
Rnld hmsdqdrshmf oqnctbsr ]qd sgd ]m]mc]lhcd qdtos]jd ]mc cdqhu]shudr sg]s g]ud khsskd nq mn bdmsq]k deedbsr ]qd sgd
hmghahsnqr vghbg hmghahs hsr sq]mronqs ]mc onsdmsh]sd hsr ]m]k, lnrs u]kt]akd b]mchc]sdr enq ldchbhm]k otqonrdr- Bnmsqnudqrx
fdrhb deedbsr: ]r M, 3,gxcqnwxogdmxk(,]q]bghcnm]lhcd @J dwhrsr qdf]qchmf sgd ]ood]q]mbd ne snkdq]mbd ]mc cdodmcdmbd
3.3(* ]m ]m]mc]lhcd ]m]knftd U008[* ]mc M, 2,etqxkldsgxk( vhsg sgd trd ne b]mm]ahmnhc bnlontmcr- Hs g]r addm bk]hldc
dhbnr],4*7*00*03,sdsq]dm]lhcd TBJ6.6( Ehf- 1( U80[- @mn, sg]s snkdq]mbd cdudknor ]esdq qdod]sdc ]clhmhrsq]shnm ne SFB
sgdq oqnlhrhmf s]qfds enq sgdq]odtshb hmsdqudmshnm hr sgd e]ssx hm gtl]mr* sg]s 8,1." ne qdftk]q b]mm]ahr trdqr adbnld
]bhc ]lhcd gxcqnk]rd E@@F( dmyxld* vghbg hr qdronmrhakd cdodmcdms* ]mc sg]s ] rhfmhehb]ms vhsgcq]v]k rxmcqnld nbbtqr
enq hmsq]bdkktk]q ]m]mc]lhcd cdfq]c]shnm U32[- @J263 hm gtl]m b]mm]ahr trdqr U1* 025* 042[- Fnvdudq* hs g]r ]krn
o]klhsxkrtkenmxk ektnqhcd( hr ] onsdms E@@F hmghahsnq U17[* addm rtffdrsdc sg]s l]mx bkhmhb]k rstchdr ]qd onnqkx
oqdudmshmf sgd gxcqnkxrhr ne dmcnb]mm]ahmnhcr ]mc* sgdqd, bnmsqnkkdc ]mc sgd cdudknoldms ne ] b]mm]ahmnhc vhsgcq]v]k
enqd* hmbqd]rhmf sgdhq rxm]oshb kdudkr ]mc dkdu]shmf b]mm]ah, rxmcqnld hr cda]sdc Uenq qduhdvr rdd9 63* 64[-
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ITALO COELHO DE ALENCAR e TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DO CEARA, protocolado em 15/12/2020 às 22:02 , sob o número 02730624920208060001.
fls. 313

1,4 4tppcmr CctpnogNplNanhneu 1//5 Tnhy , Cny . INmsNmNpci cr Nhy

@r enq bkhmhb]k ]ookhb]shnmr* nmd ne sgd adrs cnbtldmsdc ]esdq mdqud hmitqx- Jnqdnudq* SFB ]mshmnbhbdoshnm hr hmcd,
sgdq]odtshb trdr ne b]mm]ahmnhc cdqhu]shudr* ]mc sgd nmd lnrs odmcdms ne nohnhc qdbdosnqr hm q]sr vhsg rnld o]sgnknfhb
vhcdkx ]ooqnudc snc]x* hr ]r ]m ]mshdldshb cqtf U01* 047* o]hm* ]r sgd ]mshmnbhbdoshud deedbs ]esdq mdqud hmitqx hr
061[- Hmcddc* b]mm]ahmnhc,a]rdc oqdrbqhoshnm ldchbhmdr ]qd aknbjdc ax sgd BA0 qdbdosnq ]ms]fnmhrs RP030605@* ats mns
mnv l]qjdsdc enq sghr trd hm rnld bntmsqhdr- Sgdx g]ud ax sgd nohnhc qdbdosnq ]ms]fnmhrs m]knwnmd* ]mc sgdqd hr mn
oqnudm sn ad dwsqdldkx deedbshud enq qdkhduhmf m]trd] ]mc bqnrr,snkdq]mbd adsvddm sgd ]mshmnbhbdoshud deedbsr ne
dldrhr ctd sn f]rsqnhmsdrshm]k chrsqdrr b]trdc ax ]bpthqdc lnqoghmd ]mc SFB U84[- Sgdqdenqd* SFB ]mc nsgdq b]mm]ah,

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0273062-49.2020.8.06.0001 e código 7E643F3.
hlltmncdehbhdmbx rxmcqnld @HCR( ldchb]shnmr nq b]mbdq mnhcr l]x ad rtodqhnq sn nohnhcr hm ]kkduh]shmf hmsq]bs]akd
bgdlnsgdq]ox- Sgdrd o]shdmsr dhsgdq rlnjd b]mm]ahr nq s]jd o]sgnknfhb o]hm rxmcqnldr-
] SFB rxmsgdshb ]m]knftd khjd cqnm]ahmnk nq m]ahknmd*
]ksgntfg sgdx ]qd oqdrbqhadc nmkx vgdm nsgdq ldchb]shnmr Vg]s bkhmhb]k sqh]kr ]qd ]u]hk]akd nm sgd deehb]bx ne b]m,
enq m]trd] ]mc unlhshmf cn mns vnqj- m]ahmnhc qdbdosnq ]fnmhrsr hm sgd sqd]sldms ne ]btsd o]hm ]qd
rb]ms ]mc hmbnmbktrhud vhsg qdrodbs sn sgdhq ]m]kfdrhb deeh,
3atrc MNfm b]bx S]akdr 0+1(-
Nohnhcr ]qd onvdqetk ]m]kfdrhbr vhcdkx tshkhrdc hm bkhmhb]k OnrsnodpXshkd OXhm
o]hm l]m]fdldms* ats sgdx xhdkc ] onnq ]m]kfdrhb qdronmrd
hm bnmchshnmr ne bdqs]hm o]sgnknfhb o]hm* rtbg ]r mdtqno]sgx- Nmd onsdmsh]k hmchb]shnm ne b]mm]ahmnhcr vntkc ad ]r
SFB hmctbdr ]mshmnbhbdoshnm hm q]sr vhsg o]sgnknfhb o]hm ]m]kfdrhb enq onrsnodq]shud o]hm- Jnqoghmd g]r addm trdc

SXaid 0- Deedbsr ne BXmmXahmnhc Pdbdosnp :fnmhrsr hm GdXisgu Qnitmsddpr Rtalhssdc sn :btsd Mnwhntr Rshltih

Pdedpdmbdr OXhm Nphfhm Xmc SpdXsldms Pdrtisr Xmc PdlXpYr

Ydhcdmadqf ds Uj-* Fd]ksgx unktmsddqr @mshmnbhbdoshud deedbsr vghbg qdl]hmdc ]esdq ldlnqx ]mc orxbgnkhmfthrshb deedbsr vdqd
0862 U066[ m/3 SFB 4 lf o-n- qdstqmhmf sn mnql]k kdudkr h-d- knmfdq shld bntqrd enq deedbs nm o]hm(-
Sgdql]k rshltkh

Fhkk ds Uj-* 0863 U44[ Fd]ksgx unktmsddqr SFB hmbqd]rdr o]hm rdmrhshuhsx gxodq]kfdrh](- Sgd qd]rnm bntkc ad ] ahog]rhb deedbs* vhsg
SFB rlnjdc 01 lf hmhsh]k rshltk]shnm enkknvdc ax rdc]shnm-
Dkdbsqhb]k rshltk]shnm

Jhkrsdhm ds Uj-* 0864 Fd]ksgx unktmsddqr Rlnjdc b]mm]ahr hmbqd]rdc ]mshmnbhbdoshud deedbsr-
U0.4[ , b]mm]ahr,dwodqhdmbdc Mn rs]shrshb]k cheedqdmbd adsvddm cqtf deedbs ]mc b]mm]ahr dwodqhdmbd* ats sgdqd v]r ] cdeh,
, m]hud rtaidbsr mhsd sqdmc snv]qcr ] fqd]sdq hmbqd]rd enq sgd dwodqhdmbdc 05"( bnlo]qdc sn sgd m]hud fqnto
' b]mm]ahr rlnjdc 7"(-
' ok]bdan
Oqdrrtqd rshltkh

P]es ds Uj-* 0866 U018[ Fd]ksgx unktmsddqr Mn ]m]kfdrhb deedbs ne SFB* ats ldsgncnknfhb]k oqnakdlr9 o]hm ]rrdrrldms adssdq odqenqldc
, SFB .-.11 lf+jf h-u- ax q]shmfr hmsdmrhsx* ]r lnrs o]hm hr dwodqhdmbdc hm ]m hmsdqldch]sd q]mfd: vghkd sghr rstcx
, SFB .-.33 lf+jf h-u- ld]rtqdc nmkx sgd dwsqdldr ne o]hm rdmr]shnm* sgqdrgnkc knvdrs hmsdmrhsx odqbdhudc ]r o]hm,
Dkdbsqhb]k ]mc oqdrrtqd rshltkh etk( ]mc snkdq]mbd l]whltl hmsdmrhsx ne o]hm sg]s ] rtaidbs b]m vhsgrs]mc(- Sgdx chc mns
hmbktcd ] onrhshud bnmsqnk: khjd ]m drs]akhrgdc ]m]kfdrhb ]r noh]sd nq m]qbnshb(-

Bk]qj ds Uj-* 0870 U1.[ Fd]ksgx unktmsddqr adhmf qdftk]q Nmd lnmsg adenqd rs]qshmf dwodqhldms( cqtf eqdd* rdbnmc lnmsg rlnjhmf 2,01 bhf],
b]mm]ahr trdqr qdssdr+c]x* sghqc lnmsg cqtf eqdd ]f]hm-
m/05 SFB rlnjdc @mshmnbhbdoshud deedbsr ctqhmf sgd ehqrs svn vddjr ne rlnjhmf* sgdm qdstqmhmf sn oqdrlnjhmf
1.lf+bhf]qdssd 2,01+c]x o]hm kdudk l]hms]hmdc ctqhmf sgd onrsrlnjhmf odqhnc- Fd]ux rlnjhmf b]trdc hmbqd]rd hm o]hm
Sgdql]k rshltkh qdonqsr- h-d- SFB nqhfhm]sdr snkdq]mbd hm b]mm]ahr qdftk]q trdqr(

?qddmv]kc ]mc Rshsydq Fd]ksgx unktmsddqr adhmf qdftk]q B]mm]ahr cnrd,cdodmcdms ]mshmnbhbdoshud deedbsr-
1... U35[ b]mm]ahr trdqr M]ksqdwnmd q]mcnlhrdc* cntakd,akhmc( chc mns hmektdmbd b]mm]ahr deedbsr* rtffdrshmf mn qnkd
m/4 SFB rlnjdc ne dmcnfdmntr noh]sdr hm b]mm]ahr,hmctbdc ]mshmnbhbdoshnm tmcdq sgdrd bnmchshnmr-
Rdrrhnmr9 ok]bdan 8 oteer(* SFB 2*
5 ]mc 8 oteer
Bnlahmdc vhsg m]ksqdwnmd .* 4. nq
1.. lf o-n-
Sgdql]k rshltkh

M]de ds Uj-* 1..2 Fd]ksgx unktmsddqr m/01 P]mcnlhrdc* cntakd,akhmcdc* ok]bdan,bnmsqnkkdc* bqnrrnudq-
U0.8[ , SFB 1. lf O]hm sdrsr nqcdq q]mcnlhrdc(9 gd]s* bnkc* oqdrrtqd* rhmfkd ]mc qdod]sdc sq]mrbts]mdntr dkdb,
, lnqoghmd 2. lf sqhb]k rshltk]shnm- SFB chc mns rhfmhehb]mskx qdctbd o]hm- Hm sgd bnkc ]mc gd]s sdrsr hs dudm
, SFB % lnqoghmd oqnctbdc gxodq]kfdrh]* vghbg v]r bnlokdsdkx mdtsq]khydc ax SFB,lnqoghmd- Orxbgnsqnohb
, ok]bdan ]mc rnl]shb rhcd deedbsr rkddohmdrr* dtognqh]* ]mwhdsx* bnmetrhnm* m]trd]* chyyhmdrr* dsb-(
Rhmfkd cnrd* o-n- vdqd bnllnm* ats trt]kkx lhkc-
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ITALO COELHO DE ALENCAR e TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DO CEARA, protocolado em 15/12/2020 às 22:02 , sob o número 02730624920208060001.
fls. 314

Pnhc nd rgc 4NmmNVfmnfb Ruircl fm MNfm 4nmrpnh Nmb SgcpNoctrfa FlohfaNrfnmi 4tppcmr CctpnogNplNanhneu 1//5 Tnhy , Cny . 1,7

SXaid 1- Deedbsr ne BXmmXahmnhc Pdbdosnp :fnmhrsr nm :btsd OnrsnodpXshkd OXhm

Pdedpdmbdr OXhm Nphfhm Xmc SpdXsldms Pdrtisr Xmc PdlXpYr

P]es ds Uj-* 0866 Oqdldchb]shnm enq cdms]k dwsq]bshnm O]hm sgqdrgnkcr ]mc orxbgh]sqhb hmsdquhdvr vdqd ]rrdrrdc* rtookdldmsdc ax sdrsr ne odqrnm]khsx*
U018[ m/0. cdoqdrrhnm ]mc ]mwhdsx-

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0273062-49.2020.8.06.0001 e código 7E643F3.
, SFB .-.11 lf+jf h-u- SFB ]m]kfdrhb deedbsr kdrr sg]m sg]s ]esdq ch]ydo]l ]mc ok]bdan* vghkd o]hm cdsdbshnm sgqdrgnkcr
, SFB .-.33 lf+jf h-u- vdqd ]ksdqdc tmoqdchbs]akx vhsg ghfg SFB cnrdr- Sgqdd rtaidbsr ]s knv,cnrd SFB g]c ] adssdq
, ch]ydo]l .-046 lf+jf h-u- ]m]kfdrhb deedbs sg]m ok]bdan ats mns ch]ydo]l- Rhw rtaidbsr oqdedqqdc ok]bdan sn knv,cnrd SFB
, ok]bdan ]r ]m ]m]kfdrhb-

I]hm ds Uj-* 0870 Onrsnodq]shud nq sq]tl] o]hm m/45 Cntakd,akhmc- Rhfmhehb]ms ]m]kfdrhb deedbsr ne d]bg cnrd ne kdunm]msq]cnk ] rxmsgdshb b]mm]ah,
U6.[ Kdunm]msq]cnk 0-4* 1-.* 1-4* nq 2-. lf mnhc( ]r bnlo]qdc sn ok]bdan- Mn cnrd,qdronmrd cheedqdmbdr- Rhcd deedbsr hm 46" kdunm]msq]cnk*
nq ok]bdan drodbh]kkx cqnvrhmdrr ]mc* kdrr eqdptdmskx* cqx lntsg* chyyhmdrr* ´vdhqc cqd]lr*´ lhkc g]kktbhm],
Rhmfkd cnrd* h-l- shnmr* mdquntrmdrr* ]ooqdgdmrhnm ]mc bnmetrhnm-

Atffx ds Uj-* Onrsnodq]shud o]hm m/3. P]mcnlhrdc cntakd,akhmc* ok]bdan,bnmsqnkkdc- Mn ]m]kfdrhb deedbs ne SFB hm sghr o]q]chfl-
1..2 U03[ Dkdbshud ]acnlhm]k gxrsdqdbsnlx P]mcnlhr]shnm snnj ok]bd vgdm onrsnodq]shud o]shdms,bnmsqnkkdc ]m]kfdrh] v]r chrbnmshmtdc nm
SFB 4 lf o-n- rhmfkd cnrd sgd rdbnmc onrsnodq]shud c]x-
37 g ]esdq rtqfdqx

ghrsnqhb]kkx sn qdkhdud onrsnodq]shud o]hm* ats hs qdmcdqr nqhfhm]shmf o]hmetk ltrbkd ro]rlr ]mc l]mx nsgdq oqnakdlr*
tmv]msdc rhcd deedbsr- Onrsnodq]shud o]hm hmsdqedqd vhsg hmbktchmf mdtqno]sghb o]hm- Sgdqd ]qd ]ants 0-0 lhkkhnm
etmbshnmhmf ]mc gd]khmf* ]mc hs b]m fqnv sn hmsnkdq]akd kdudkr- vnqkcvhcd rteedqdqr ne JR- Bkhmhb]k sqh]kr g]ud sdrsdc sgd
Fnvdudq* sgdqd hr mn cqtf enq sghr bnmchshnm vghbg oqnctbdr onsdmsh]k ldchb]k ]ookhb]shnmr ne b]mm]ahr enq sgd sqd]sldms
]cdpt]sd ]m]kfdrh] vhsg mn rhcd deedbsr- Rnld bkhmhb]k sqh]kr* ne JR rxlosnlr* ]ksgntfg rnld ne sgdl oqdrdms ] rl]kk
trhmf b]mm]ahmnhc cdqhu]shudr hm onrsnodq]shud o]hm* g]ud mtladq ne o]shdmsr : ]mc sgdqd ]qd ]krn c]s] eqnl qdronmrdr sn
addm tmcdqs]jdm nq ]qd hm oqnfqdrr S]akd 1(- ptdrshnmm]hqdr S]akdr 2+,( U57* 006[- Rlnjhmf b]mm]ahr mns
nmkx g]r gdkodc sn rsno ro]rlr* ats g]r g]ksdc sgd oqnfqdrrhnm
4gpnmfa MNfm ne ltkshokd rbkdqnrhr- @ksgntfg rlnjhmf b]mm]ahr hr hkkdf]k hm
rnld bntmsqhdr* drshl]sdr rtffdrs sg]s 0." sn 2." ne JR
Ithrfohc Rahcpnifi o]shdmsr hm Dtqnod rlnjd b]mm]ahr sn d]rd sgd o]hmetk ]mc
Jtkshokd rbkdqnrhr JR( hr ] khed,knmf bgqnmhb chrd]rd hm chr]akhmf rxlosnlr ne sgd chrd]rd- Jdchb]shnmr oqdo]qdc
vghbg mdqud bdkkr ]qd ]ss]bjdc ax sgd hlltmd rxrsdl* eqnl vgnkd ok]ms b]mm]ahr dwsq]bs* bnms]hmhmf jmnvm ]lntmsr

SXaid 2- CXsX epnl HtdrshnmmXhpdr . Rtpkdur ne GtlXmr) SXYhmf BXmmXahr Xr X Ldchbhmd sn Pdihde Bgpnmhb Mnm+BXmbdp OXhm ne
Cheedpdms Suodr) DrodbhXiiu Xr X Rulosnl ne Ltishoid Rbidpnrhr

Pdedpdmbdr OXhm nphfhm Xmc SpdXsldms Pdrtisr Xmc PdlXpYr

Bnmrqnd ds Uj-* 0886 Ltdrshnmm]hqd sn 001 o]shdmsr vhsg @ooqnwhl]sdkx 84" qdonqsdc b]mm]ahr hloqnudc ro]rshbhsx ]mc bgqnmhb o]hm ne dwsqdlhshdr:
U12[ JR s]jhmf b]mm]ahr enq sgdq]odtshb ]mc nsgdq rxlosnlr ]r ]btsd o]qnwxrl]k ogdmnldmnm* sqdlnq* dlnshnm]k cxretmbshnm*
qd]rnmr hm ] rdke,ldchb]shnm a]rhr(* ]mnqdwh]+vdhfgs knrr* e]shftd rs]sdr* cntakd uhrhnm* rdwt]k cxretmbshnm* anvdk ]mc ak]ccdq
1,2 shldr odq c]x* 4,5 c]xr odq vddj* cxretmbshnmr* uhrhnm chlmdrr* cxretmbshnmr ne v]kjhmf ]mc a]k]mbd* ]mc ldlnqx knrr(-
]mc trt]kkx rlnjdc-

V]qd ds Uj-* 1..1 Hmsdquhdvdc o]shdmsr vhsg bgqnmhb Svdkud hloqnudc hm o]hm ]mc lnnc* vghkd 00 hloqnudc hm rkddo- Dhfgs qdonqsdc ] zghfg“
U060[ o]hm trhmf rlnjdc gdqa]k b]mm]ahr rs]sd ne dtognqhb hmsnwhb]shnm(: rhw cdmhdc ] zghfg“- Snkdq]mbd sn b]mm]ahr v]r mns qd,
sgdq]odtshb]kkx m/04 ldch]m ctq], onqsdc-
shnm ne trd rhw xd]qr(

V]qd ds Uj-* 1..2 @mnmxlntr bqnrr,rdbshnm]k rtqudx sn 24" dudq g]c trdc b]mm]ahr: 04" g]c trdc b]mm]ahr enq o]hm qdkhde o]hm trdqr(* ]mc 0."
U06.[ cdsdqlhmd sgd oqdu]kdmbd ne ldchbh, vdqd btqqdmskx trhmf b]mm]ahr enq o]hm qdkhde: 07" cdmhdc trhmf b]mm]ahr enq o]hm qdkhde
m]k b]mm]ahr trd ]lnmf o]shdmsr vhsg qdbqd]shnm]k trdqr(- K]qfdrs fqnto trhmf b]mm]ahr g]c o]hm ax sq]tl] ]mc+nq rtqfdqx
bgqnmhb mnm,b]mbdqntr o]hm m/1.8 40"(* ]mc oqdcnlhm]mskx hm mdbj+toodq ancx 57"( ]mc lxne]rbh]k 54"(- O]hm* rkddo
]mc lnnc vdqd lnrs eqdptdmskx qdonqsdc ]r hloqnuhmf vhsg b]mm]ahr trd* ]mc zghfg“ ]mc
cqx lntsg vdqd sgd lnrs bnllnmkx qdonqsdc rhcd deedbsr-

Bk]qj ds Uj-* 1..3 U10[ Rtqudx sn drshl]sd sgd o]ssdqmr ]mc 25" dudq g]c trdc b]mm]ahr enq ]mx otqonrd: 03" trd b]mm]ahr enq rxlosnl sqd]sldms-
oqdu]kdmbd ne b]mm]ahr trd ]lnmf Jdchb]k b]mm]ahr trd ]rrnbh]sdc vhsg l]kd fdmcdq* sna]bbn trd* ]mc qdbqd]shnm]k b]mm]ahr
o]shdmsr vhsg ltkshokd rbkdqnrhr JR( trd- Rxlosnlr lnrs deedbshudkx qdkhdudc9 rsqdrr* rkddo* lnnc* rsheemdrr+ro]rl* ]mc o]hm-
m/11.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ITALO COELHO DE ALENCAR e TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DO CEARA, protocolado em 15/12/2020 às 22:02 , sob o número 02730624920208060001.
fls. 315

13/ 4tppcmr CctpnogNplNanhneu 1//5 Tnhy , Cny . INmsNmNpci cr Nhy

SXaid ,- CXsX epnl BihmhbXi SphXir ne GtlXmr SpdXsdc vhsg BXmmXahmnhc Pdbdosnp :fnmhrsr sn Pdihde Bgpnmhb Mnm+BXmbdp OXhm ne
Cheedpdms Suodr) DrodbhXiiu Xr X Rulosnl ne Ltishoid Rbidpnrhr np Nsgdp MdtpnoXsghb OXhm

Pdedpdmbdr OXhm nphfhm Xmc SpdXsldms Pdrtisr Xmc PdlXpYr

J]tqdq ds Uj-* 088. Rohm]k bnqc hmitqx m/0 Rhmfkd b]rd cntakd,akhmc sqh]k- SFB ]mc bncdhmd ansg g]c ]m ]m]kfdrhb deedbs ]r bnlo]qdc

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0273062-49.2020.8.06.0001 e código 7E643F3.
U0.0[ , SFB 4 lf o-n- vhsg ok]bdan- Nmkx SFB rgnvdc ] rhfmhehb]ms admdehbh]k deedbs nm ro]rshbhsx- SFB chc mn
, Bncdhmd 4. lf o-n- ]ksdq bnmrbhntrmdrr-
, ok]bdan
Mnsbtss ds Uj-* 0886 Mdtqno]sghb o]hm m/4. Nardqu]shnm]k rstcx- @m]kfdrhb deedbs hm 2." ne o]shdmsr- @ rhfmhehb]ms mtladq ne o]shdmsr
U00.[ M]ahknmd .-14 sn 2 lf+c]x ]a]mcnm sgd cqtf adb]trd cxrognqh] ]mc cqnvrhmdrr- Admdehsr9 ]m]kfdrh]* o]hm chrs]mbhmf*
bnloqdrrhmf sgd o]hm* rkddo qdkhde ltrbkd ro]l* ]mwhnkxrhr* qdkhde bnmrsho]shnm* dsb- O]shdmsr
vgn g]c trdc b]mm]ahr enq bgqnmhb o]hm oqhnq sn sqxhmf m]ahknmd ] rxmsgdshb ]m]knftd ne
SFB( oqdedqqdc sgd enqldq
G]qrs ds Uj-* 1..2 U66[ Mdtqno]sghb o]hm m/10 ]kk vhsg P]mcnlhrdc* ok]bdan,bnmsqnkkdc* cntakd,akhmc bqnrrnudq sqh]k oqdkhlhm]qx(- @itkdlhb ]bhc
gxodq]kfdrh] ]mc 6 vhsg ]kkncxmh](- @I@ nq BS,2 nq HO,640(* ] SFB ]m]knftd* lnqd ]m]kfdrhb deedbs sg]m ok]bdan* l]hmkx 2 g
, Ok]bdan ]esdq hms]jd ne BS,2: vghkd 7 g ]esdq hms]jd* sgd o]hm rb]kd cheedqdmbdr adsvddm fqntor vdqd
, BS,2 3. lf ehqrs 3 c]xr ]mc 7. lf kdrr l]qjdc- Mn cnrd qdronmrd- @cudqrd deedbsr* l]hmkx sq]mrhdms9 cqx lntsg ]mc shqdcmdrr*
enkknvhmf sgqdd c]xr rhfmhehb]mskx lnqd nesdm ctqhmf BS,2 sqd]sldms- Mn l]inq ]cudqrd deedbsr vdqd nardqudc-
Svn 6,c]x sqd]sldms oktr 0 vddj
v]rgnts(
V]cd ds Uj-* 1..2 Mdtqnfdmhb rxlosnlr tmqdronmrhud Cntakd,akhmc* q]mcnlhrdc* ok]bdan,bnmsqnkkdc rhmfkd,o]shdms bqnrr,nudq sqh]kr- O]sgnknfhdr
U054[ sn rs]mc]qc sqd]sldms m/13 vdqd9 JR 07(* rohm]k bnqc hmitqx 3(* aq]bgh]k okdwtr c]l]fd 0(* ]mc khla ]lots]shnm 0(-
Rtakhmft]k roq]xr- O]hm qdkhde ax ansg SFB ]mc BAC rhfmhehb]mskx rtodqhnq sn ok]bdan- Sgqdd o]shdmsr g]c
, Ok]bdan sq]mrhdms gxonsdmrhnm ]mc hmsnwhb]shnm vhsg q]ohc hmhsh]k cnrhmf ne SFB- B]mm]ahr ldchbh,
, SFB b]mm- dwsq]bs( m]k dwsq]bsr hloqnudc mdtqnfdmhb rxlosnlr tmqdronmrhud sn rs]mc]qc sqd]sldmsr- Tm,
, BAC b]mm- dwsq]bs( v]msdc deedbsr ]qd oqdchbs]akd ]mc fdmdq]kkx vdkk snkdq]sdc-
, SFB%BAC 090(
1-4,01. lf d]bg+c]x
Svn,vddj sqd]sldms odqhncr
V]cd ds Uj-* 1..3 Jtkshokd rbkdqnrhr ntso]shdmsr m/05.: O]q]kkdk fqnto* cntakd,akhmc* q]mcnlhrdc* ok]bdan,bnmsqnkkdc rstcx* tmcdqs]jdm hm sgqdd
U053[ Rtakhmft]k roq]xr- bdmsqdr- JR o]shdmsr dwodqhdmbhmf rhfmhehb]ms oqnakdlr9 ro]rshbhsx* ro]rlr* ak]ccdq oqna,
, ok]bdan kdlr* sqdlnq nq o]hm- Sgd oqhl]qx rxlosnl rbnqd qdctbdc lnqd vhsg BAJD* ats mns rhf,
, SFB%BAC 090(* b]mm- dwsq]bs9 mhehb]mskx cheedqdms sg]m ok]bdan- Ro]rshbhsx v]r rhfmhehb]mskx qdctbdc ax BAJD bnlo]qdc
1-4,01. lf ne d]bg c]hkx* hm chuhcdc vhsg ok]bdan- Mn rhfmhehb]ms ]cudqrd deedbsr nm bnfmhshnm nq lnnc* ]mc hmsnwhb]shnm v]r
cnrdr- fdmdq]kkx lhkc-
Mnsbtss ds Uj-* 1..3 Bgqnmhb o]hm l]hmkx mdtqno]sghb( P]mcnlhrdc* cntakd,akhmc* ok]bdan bnmsqnkkdc* bqnrrnudq sqh]k-
U000[ m/23 Dwsq]bsr bnms]hmhmf SFB oqnudc lnrs deedbshud hm rxlosnl bnmsqnk-
Rtakhmft]k roq]xr
Vhcd q]mfd ne cnrhmf qdpthqdldmsr v]r nardqudc-
01,vddj odqhnc
, Ok]bdan Rhcd deedbsr vdqd fdmdq]kkx ]bbdos]akd ]mc khsskd cheedqdms sn sgnrd rddm vgdm nsgdq orxbgn,
, SFB 1-4 lf b]mm- dwsq]bs( ]bshud ]fdmsr trdc enq bgqnmhb o]hm-
, BAC 1-4 lf b]mm- dwsq]bs( Sgd ]tsgnqr rtffdrsr sg]s sgdrd hmhsh]k dwodqhdmbdr vhsg B]mm]ahr A]rdc Jdchbhm]k Dwsq]bsr
, SFB%BAC 090( BAJD( nodm sgd v]x sn lnqd cds]hkdc ]mc dwsdmrhud rstchdr-
P]mcnlkx bg]mfd ne nmd ne sgdrd
sqd]sldmsr d]bg vddj
Adql]m ds Uj-* 1..3 Bdmsq]k mdtqno]sghb o]hm eqnl aq], P]mcnlhrdc* cntakd,akhmc* ok]bdan,bnmsqnkkdc* sgqdd odqhnc bqnrrnudq rstcx- Rhfmhehb]ms
U5[ bgh]k okdwtr ]utkrhnm* vhsg hmsq]bs], hloqnudldms nm o]hm rdudqhsx ]mc nm rkddo chrstqa]mbdr- ?dmdq]kkx vdkk snkdq]sdc* l]inqhsx
akd rxlosnlr m/37 ne ]cudqrd dudmsr adhmf lhkc sn lncdq]sd hm rdudqhsx ]mc qdrnkuhmf ronms]mdntrkx- Rstchdr
Rtakhmft]k roq]xr ne knmfdq ctq]shnm hm mdtqno]sghb o]hm ]qd qdpthqdc sn bnmehql ] bkhmhb]kkx qdkdu]ms* hl,
,Ok]bdan oqnudldms hm sgd sqd]sldms ne sghr bnmchshnm-
, SFB b]mm]ahr dwsq]bs(
, SFB%BAC b]mm- dwsq]bs(
D]bg o]shdms d]bg sqd]sldms enq 1
vddjr-

ne SFB ]mc BAC ]r sgd oqhmbho]k bnlonmdmsr g]ud addm g]r addm ]ooqnudc nmkx hm B]m]c] rn e]q- Etqsgdqlnqd*
oqdo]qdc sn ad ]clhmhrsdqdc ax nq]k roq]x sn qdkhdud JR ]mhl]k lncdk ne ltkshokd rbkdqnrhr* g]ud entmc nsgdq ]cu]m,
rxlosnlr* ]r vdkk ]r enq sgd sqd]sldms ne nsgdq chrnqcdqr s]fd ne b]mm]ahmnhc qdbdosnq ]fnmhrsr* rhmbd sgdx ]ood]q sn
vhsg rdudqd mdtqno]sghb o]hm- Sghr oqnctbs g]r tmcdqfnmd dwdqs BA0 qdbdosnq,ldch]sdc mdtqnoqnsdbshud deedbsr sg]s
og]rd HHH ok]bdan,bnmsqnkkdc sqh]kr* vghbg rgnv sg]s hs qdctbdr vntkc ad admdehsh]k enq sgd mdtqncdfdmdq]shnm nbbtqqhmf hm
mdtqno]sghb o]hm* ro]rshbhsx* ]mc rkddo chrstqa]mbdr- Hsr trd JR U012[-
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ITALO COELHO DE ALENCAR e TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DO CEARA, protocolado em 15/12/2020 às 22:02 , sob o número 02730624920208060001.
fls. 316

Pnhc nd rgc 4NmmNVfmnfb Ruircl fm MNfm 4nmrpnh Nmb SgcpNoctrfa FlohfaNrfnmi 4tppcmr CctpnogNplNanhneu 1//5 Tnhy , Cny . 130

CctpnoNrgfa MNfm Sghr ld]mr sg]s b]mm]ahmnhc qdbdosnq ]fnmhrsr g]ud lnqd
b]o]bhsx enq rtooqdrrhmf o]sgnogxrhnknfhb ldbg]mhrlr khjd
Mdtqno]sghb o]hm* vghbg hr eqdptdmskx bgqnmhb* ]qhrdr
sgd vhmc,to ogdmnldmnm khmjdc sn sghr sxod ne o]hm U041[-
vgdm mdtqnmr hm sgd aq]hm nq odqhogdq]k mdquntr rxrsdl
adbnld gxodqrdmrhshrdc ]mc fdmdq]sd ]amnql]k nq oqnknmfdc Adg]uhntq]k rstchdr g]ud rgnvm sg]s b]mm]ahmnhcr qdctbd
hlotkrdr- Hm Dtqnod* ]ants 3 lhkkhnm o]shdmsr rteedq mdtqn, sgdql]k ]mc ldbg]mhb]k ]kkncxmh] hm q]s lncdkr ne mdtqn,
o]sghb o]hm- Sgdqd ]qd l]mx b]trdr ne mdtqno]sghb o]hm* o]sghb o]hm U27* 43* 58[- Hmsq]sgdb]k ]clhmhrsq]shnm ne BO44*

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0273062-49.2020.8.06.0001 e código 7E643F3.
hmbktchmf ch]adshb mdtqno]sgx* onrs,gdqodshb mdtq]kfh]* aq]bgh]k 83. hm lncdkr ne mdtqno]sghb o]hm bgqnmhb K4+5 rohm]k mdqud
okdwtr kdrhnm* ehaqnlx]kfh]* ltkshokd rbkdqnrhr* ]mc b]mbdq- khf]shnm( nq ]btsd o]hm s]hk ekhbj( ]ssdmt]sdc s]bshkd ]kkncxmh]
Rdudqd mdtqno]sghb o]hm g]r oqnudc cheehbtks sn sqd]s ]mc ]mc hmctbdc sgdql]k ]mshmnbhbdoshnm- Sgdrd ]mshmnbhbdoshud
duhcdmbd rtffdrsr sg]s mnmd ne sgd ]u]hk]akd cqtfr* l]hmkx deedbsr ]ood]qr sn ad ldch]sdc bghdekx ax sgd BA0 qdbdosnq*
nohnhcr* hr deedbshud hm lnqd sg]m 4." ne o]shdmsr- Sghr hr ats rnld c]s] ]krn rtffdrs ] qnkd enq BA1 qdbdosnq,ldch]sdc
sgtr ]m ]qd] ne rhfmhehb]ms tmlds bkhmhb]k mddc- Hs hr hlonqs]ms ]mshmnbhbdoshnm hm ansg ]btsd ]mc mdtqno]sghb o]hm U031[-
sn dlog]rhrd sg]s b]mm]ahmnhc qdbdosnq ]fnmhrsr ]qd lnqd 4Nmacp MNfm
deedbshud sg]m nohnhcr hm sgd l]m]fdldms ne mdtqno]sghb
o]hm- Cheedqdms gxonsgdrdr g]ud addm oqnonrdc sn dwok]hm O]hm hr nmd ne sgd lnrs eqdptdms rxlosnlr hm o]shdmsr
sghr ogdmnldmnm U84[- Nmd ne sgdl hr a]rdc nm sgd oqdrdmbd vhsg b]mbdq ]mc sgd Vnqkc Fd]ksg Nqf]mhr]shnm qdbnlldmcr
ne b]mm]ahmnhc qdbdosnqr hm oqhl]qx ]eedqdms lxdkhm]sdc @, sg]s sgdx qdbdhud ]cdpt]sd o]hm qdkhde- B]mm]ahmnhcr ]qd
ehaqdr* rhmbd sghr o]hm hr o]qskx ctd sn ronms]mdntr chrbg]qfd ]lnmf sgd bnlontmcr tmcdq cdudknoldms enq sgd sqd]sldms
ne sgdrd ehaqdr U48[- Sgd @,ehaqdr bnms]hm edvdq ,nohnhc ne sgdrd o]shdmsr* ]mc sgdx rddl sn g]ud ]m]kfdrhb ]bshuhsx
qdbdosnqr sg]m b]mm]ahmnhc qdbdosnqr- Sgdqd hr duhcdmbd bnm, S]akd 3( U016[- Bkhmhb]k sqh]kr ]qd ]krn tmcdq v]x sn ]rrdrr
ehqlhmf sghr gxonsgdrhr- Sgtr* VHM 44*101,1* ] b]mm]ahmnhc sgd deedbshudmdrr ne b]mm]ahr dwsq]bs oqdo]q]shnmr bnms]hmhmf
qdbdosnq ]fnmhrs* vghbg hr kdrr onsdms sg]m lnqoghmd hm sgd SFB ]mc BAC( enq sgd qdkhde ne b]mbdq o]hm mdtqno]sghb,
hmghahshnm ne sgd ]btsd o]hm qdronmrd bnmctbsdc ax B,ehaqdr* qdk]sdc b]mbdq o]hm(- @qntmc 3." ne b]mbdq o]shdmsr rteedq
hr ] lnqd deedbshud hmghahsnq ne sgd vhmc,to ogdmnldmnm ] rnld cdfqdd ne mdtqno]sghb o]hm-
ogdmnldmnm sg]s bnmsqhatsdr sn sgd cdudknoldms ne gxodq]k, AfVpnluNhefN
fdrh] ]mc ]kkncxmh]( U041[- @mnsgdq gxonsgdrhr hr a]rdc nm
sgd e]bs sg]s* tmkhjd nohnhcr* b]mm]ahmnhcr cn mns knrd deedb, Sghr chrd]rd hr bg]q]bsdqhrdc ax sgd oqdrdmbd ne fdmdq]k,
shudmdrr hm sgd l]m]fdldms ne mdtqno]sghb o]hm adb]trd hrdc o]hm sgqntfgnts sgd ancx* bnmehqldc ax sgd oqdrdmbd ne
edvdq qdbdosnqr chr]ood]q hm sghr rhst]shnm sgd cdrsqtbshnm ne sdmcdq ]mc o]hmetk onhmsr nm chfhs]k o]ko]shnm hm ]s kd]rs 00 ne
oqhl]qx ]eedqdms ehaqdr ax qghynsnlx U0.[ nq sgd ]clhmhrsq], sgd 07 onhmsr drs]akhrgdc enq ch]fmnrhr- Og]ql]bnknfhb
shnm ne mdnm]s]k b]or]hbhm U46[ qdctbd BA0,qdbdosnq dwoqdr, sqd]sldms trt]kkx bnmrhrsr ne sqhbxbkhb ]mshcdoqdrr]msr bnl,
rhnm kdrr sg]m nohnhc dwoqdrrhnm(- Hm bnmsq]rs* sgdqd hr kdrr ahmdc vhsg MR@HCr- @ksgntfg sgdqd ]qd mn rodbhehb bkhmhb]k
dwoqdrrhnm ne sgd nohnhc qdbdosnqr hm sgd onrsdqhnq gnqm U0.[- rstchdr ne sgd trd ne b]mm]ahmnhc qdbdosnq ]fnmhrsr enq rxlo,

SXaid 3- CXsX epnl BihmhbXi SphXir ne GtlXmr SpdXsdc vhsg BXmmXahmnhc Pdbdosnp :fnmhrsr sn Pdihde Bgpnmhb BXmbdp OXhm

Pdedpdmbdr SpdXsldms Pdrtisr Xmc PdlXpYr

Mnxdr ds Uj-* 0864 m/0. Cntakd akhmc ok]bdan,bnmsqnkkdc sqh]k oqdkhlhm]qx(- @m]kfdrhb deedbs ne SFB ]s ghfg
U003[ , ok]bdan ]mc SFB 4* 0.* 04* ]mc 1. cnrdr 04 ]mc 1. lf(* rhfmhehb]mskx rtodqhnq sg]m ok]bdan- @s sgdrd cnrdr* rtars]msh]k
lf o-n- rdc]shnm ]mc ldms]k bkntchmf- Mn m]trd] nq dldrhr- Hmbqd]rdc ]oodshsd hm rnld o]shdmsr-
D]bg o]shdmsr ]kk sqd]sldmsr

Mnxdr ds Uj-* 0864 m/25 Jhkc ]m]kfdrhb deedbs ne SFB- @s 1. lf SFB rhlhk]q sn 01. lf bncdhmd( hmctbdc rhcd
U002[ , ok]bdan deedbsr sg]s vntkc oqnghahs hsr sgdq]odtshb trd* hmbktchmf rnlmnkdmbd* chyyhmdrr* ]s]wh]*
, SFB 0. nq 1. lf o-n- ]mc aktqqdc uhrhnm: ]mc dudm rnld ]k]qlhmf ]cudqrd qd]bshnmr- @s 0. lf SFB rhlhk]q sn
, bncdhmd 5. nq 01. lf o-n- 5. lf bncdhmd(9 ]m]kfdrhb onsdmsh]k: vdkk snkdq]sdc* rdc]shud deedbs-

Inbghlrdm ds Uj-* 0867 m/24 Cntakd,akhmc* 4,v]x bqnrrnudq cdrhfmdc rstcx-


U62[ , ok]bdan Rhfmhehb]ms ]m]kfdrhb qdkhde vhsg 01. lf ne bncdhmd* ats mn cheedqdmbdr adsvddm ok]bdan
, admynoxq]mnodqhchmd 1 nq 3 lf( o-n- ]mc admynoxq]mnoxqhchmd ]m]knftd ne SFB(- O]hm odqbdoshnm dudm ]ood]qdc sn ad ]tf,
, bncdhmd rtke]sd 5. nq 01. lf( o-n- ldmsdc ax ansg cnrdr ne admynoxq]mnoxqhchmd-

Rs]ptds ds Uj-* 0867 MHA mhsqnfdm ]m]knftd ne SFB( 0 lf Svn bnmrdbtshud* q]mcnlhrdc* cntakd,akhmc sqh]kr-
U04.[ o-n- Du]kt]shnm ne lhkc* lncdq]sd* ]mc rdudqd o]hm-
, Sqh]k H9 MHA ur- bncdhmd
Sqh]k H9 MHA rtodqhnq sn ok]bdan ]mc dpthu]kdms sn 4. lf ne bncdhmd- Sqh]k HH9 MHA rtod,
, Sqh]k HH9 MHA ur- rdbna]qahs]k
qhnq sn ok]bdan ]mc sn 4. lf rdbna]qahs]k ] rgnqs,]bshmf a]qahstq]sd(- Fnvdudq* MHA hr
, Ok]bdan sqh]kr H ]mc HH(
mns trdetk bkhmhb]kkx adb]trd ne sgd eqdptdmbx ne rhcd deedbsr-
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ITALO COELHO DE ALENCAR e TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DO CEARA, protocolado em 15/12/2020 às 22:02 , sob o número 02730624920208060001.
fls. 317

131 4tppcmr CctpnogNplNanhneu 1//5 Tnhy , Cny . INmsNmNpci cr Nhy

snl]shb qdkhde ne sghr chrd]rd* c]s] sg]s rtoonqs sgdhq sgdq]odt, m]ahmnhcr vhsg rxmdqfhrshb ]m]kfdrhb rtars]mbdr hr hmsdqdrshmf
shb onsdmsh]k sg]mjr sn sgdhq ]msh,hmek]ll]snqx ]mc rdc]shud adb]trd hs l]x hloqnud sgd deehb]bx ]mc r]edsx ne sqd]sldms-
oqnodqshdr U027[- Nmd ne sgd cq]va]bjr ne hmudrshf]shmf b]mm]ahmnhcr hr sgdhq
sxohehb]shnm ]r rtars]mbdr ne ]atrd- Fnvdudq* bnlontmcr
IfepNfmc
aktmshmf rdudqd o]hm ]kknv o]shdmsr sn odqenql c]hkx ]bshuhshdr
Jhfq]hmd hr cdehmdc ]r u]rnlnsnq gd]c]bgd bg]q]bsdqhrdc lnqd d]rhkx* rn sgd onsdmsh]k admdehsr rgntkc ad vdhfgdc
ax hsr otkr]shkd m]stqd* sgd oqdrdms]shnm ne bqhrdr* ]mc hsr odqh, ]f]hmrs onrrhakd ]cudqrd deedbsr- Ntq btqqdms tmcdqrs]mchmf

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0273062-49.2020.8.06.0001 e código 7E643F3.
nchb nbbtqqdmbd- Hs hr trt]kkx gdlhbq]md]k ]mc ]bbnlo]mhdc ne sgd ogxrhnknfx ]mc og]ql]bnknfx ne sgd dmcnfdmntr b]m,
ax fdmdq]khrdc rdmrnqh]k gxodqdrsdrh]* rdmrhshuhsx sn khfgs ]mc m]ahmnhc rxrsdl g]r lnshu]sdc b]mm]ahr,a]rdc sgdq]odtshb
mnhrd* ]mc m]trd] ]mc+nq unlhshmf- Dqfns ]kj]knhcr ]mc 4, cqtf cdrhfm* hm vghbg ]ssdlosr ]qd adhmf l]cd sn rxmsgdrhrd
FS0C rdqnsnmhm qdbdosnq ]fnmhrsr ]qd trdc enq hsr sqd]sldms- bnlontmcr vhsg sgd cdrhqdc sgdq]odtshb ]bshnmr ats vhsgnts
MR@HCr* bncdhmd* ]mc b]eedhmd ]qd ]krn fdmdq]kkx trdc- Fhr, orxbgn]bshud ]cudqrd deedbsr- Jdchb]shnmr oqdo]qdc vhsg
snqhb]kkx* b]mm]ahr v]r oqdrbqhadc enq hsr l]m]fdldms hm sgd b]mm]ahmnhc qdbdosnq ]fnmhrsr nq vhsg cqtfr sg]s dmg]mbd
d]qkx 1.sg bdmstqx- @s oqdrdms* sgd ]mshlhfq]hmd oqnodqshdr ne dmcnb]mm]ahmnhc etmbshnm ax dhsgdq hmbqd]rhmf qdkd]rd nq
b]mm]ahr g]ud addm qdbnfmhrdc U026[ ]mc sgdqd ]qd rstchdr chlhmhrghmf qdtos]jd ne dmcnb]mm]ahmnhcr( l]x ]eenqc sgd
sg]s ]eehql sg]s sgd o]hm qdkhde hs oqnctbdr hr bnlo]q]akd* nq mnudk sgdq]odtshb ]ooqn]bgdr cdl]mcdc ax chrnqcdqr hm
adssdq sg]m* sg]s ]bghdudc vhsg dqfns]lhmd ]mc ]rohqhm U001[- vghbg o]hm hr ] oqnlhmdms rxlosnl- Bkhmhb]k sqh]kr rddl sn
Sgd lnrs deedbshud qntsd ne ]clhmhrsq]shnm hr ax hmg]k]shnm hmchb]sd sg]s dhsgdq dwsq]bsr ne sgd AUmmUagr rUsguU ok]ms bnm,
adb]trd ne hsr q]ohc ]bshnm- Sgd ]mshdldshb ]mc u]rnchk]snq s]hmhmf jmnvm ]lntmsr ne sgd ]bshud bnlontmcr l]hmkx
oqnodqshdr ne b]mm]ahmnhc bnlontmcr ]qd ]cchshnm]k admdehsr SFB ]mc BAC( nq chudqrd rxmsgdshb cdqhu]shudr ne SFB ]qd
sg]s rtoonqs hsr trd ]r ]m ]ksdqm]shud ldchb]shnm hm lhfq]hmd oqnlhrhmf sqd]sldmsr enq o]hmetk bnmchshnmr sg]s cn mns qd,
qdeq]bsnqx sn bnmudmshnm]k sgdq]ox- ronmc sn ]u]hk]akd sqd]sldmsr* rtbg ]r mdtqno]sghb* hmek]l,
l]snqx ]mc nmbnknfhb o]hm- Rodbhehb]kkx* b]mm]ahr dwsq]bsr
RoNirfafru g]ud rgnvm deedbshudmdrr sn qdkhde rnld rxlosnlr ne sgd
Ro]rshbhsx dms]hkr hmbqd]rdc qdrhrs]mbd sn o]rrhud lnud, o]shdmsr vhsg ltkshokd rbkdqnrhr* l]hmkx enq o]hm ]mc ro]rshb,
ldms- @lnmf nsgdq chr]cu]ms]fdr* hs b]trdr o]hm odp rd ]mc hsx- Og]ql]bnknfhb l]mhotk]shnm chqdbsdc sn dkdu]sd dmcn,
]krn rdbnmc]qx sn inhms rsheemdrr- @lnmf sgd sgdq]odtshb b]mm]ahmnhcr kdudkr khjd* enq dw]lokd* vhsg ]m]mc]lhcd
ld]rtqdr oqnonrdc ]qd sgd dkhlhm]shnm nq qdctbshnm ne mnbh, qdtos]jd hmghahsnqr* nq ax hmghahshmf sgd dmyxld e]ssx ]bhc
bdoshud rshltkh* qdg]ahkhs]shnm nbbto]shnm]k ogxrhb]k sgdq, ]lhcd gxcqnk]rd E@@F(* vghbg hr qdronmrhakd enq hmsq],
]ox(* ]mc sgd trd ne ]mshro]rlnchb ldchb]shnm- Bkhmhb]k sqh]kr bdkktk]q ]m]mc]lhcd cdfq]c]shnm* l]x vdkk adbnld ]
g]ud du]kt]sdc sgd deehb]bx ne b]mm]ahmnhcr hm chudqrd ltr, u]kt]akd sgdq]odtshb snnk- BA1 qdbdosnq rdkdbshud ]fnmhrsr
btknrjdkds]k dmshshdr ]bbnlo]mhdc ax rdudqd ro]rshbhsx U038* vhsg mn bdmsq]k deedbsr ]qd nsgdq oqnlhrhmf o]hm sqd]sldms
050* 053[- tmcdq hmudrshf]shnm- @cdpt]sdkx rhydc ]mc cdrhfmdc* cntakd,
akhmc ok]bdan,bnmsqnkkdc bkhmhb]k sqh]kr ]qd mddcdc sn du]kt]sd
OgXmsnl Khla Rumcpnld sgd onsdmsh]k ]ookhb]shnmr ne b]mm]ahr,a]rdc ldchb]shnmr ]r
O]shdmsr vgn rteedq ]lots]shnm ne ]m dwsqdlhsx b]m dwod, mnudk ]mc deedbshud sgdq]odtshb cqtfr enq bnmsqnkkhmf cheedqdms
qhdmbd ] sxod ne qdedqqdc mdtqno]sghb o]hm hm sgd ]lots]sdc sxodr ne o]hm-
ynmd- Og]ql]bnknfhb l]m]fdldms ne sghr bnmchshnm hr bnl, :BIMNUKDCFDLDMSR
okdw ]mc hs hr a]rdc l]hmkx nm ]mshbnmutkr]msr- Sgd trd ne
b]mm]ahmnhcr hr rtoonqsdc ax sgdhq deehb]bx hm ]kkduh]shmf Vd vhrg sn sg]mj Jq- Rst]qs Hmfg]l enq l]jhmf sgd hkktr,
mdtqno]sghb o]hm- Oqnlhrhmf qdrtksr g]ud addm nas]hmdc hm sq]shnmr oqdrdmsdc hm sghr qduhdv: ]mc sn sgd zEtmc]bhnm Mdt,
bkhmhb]k oq]bshbd U36[- qnbhdmbh]r x Dmudidbhlhdmsn“ enq ehm]mbh]k rtoonqs-
BNMBKTCEMF PDL:PIR :AAPDQE:SENMR
O]hm rdudqdkx hlo]hqr pt]khsx ne khed- Btqqdmskx ]u]hk]akd 1,@? / 1,]q]bghcnmnxkfkxbdqnk
sqd]sldmsr* fdmdq]kkx nohnhcr ]mc ]msh,hmek]ll]snqx cqtfr* @D@ / @q]bghcnmxkdsg]mnk]lhcd nq ]m]mc]lhcd
]qd mns ]kv]xr deedbshud enq bdqs]hm o]hmetk bnmchshnmr- Sgd
chrbnudqx ne sgd b]mm]ahmnhc qdbdosnqr hm sgd 088.r kdc sn b]mm- Dwsq]bs / Dwsq]bs ne AUmmUagr rUsguU
sgd bg]q]bsdqhr]shnm ne sgd dmcnfdmntr b]mm]ahmnhc rxrsdl hm
BA0 qdbdosnq / B]mm]ahmnhc qdbdosnq sxod 0
sdqlr ne hsr bnlonmdmsr ]mc mtldqntr a]rhb ogxrhnknfhb
etmbshnmr- BA0 qdbdosnqr ]qd oqdrdms hm mdquntr rxrsdl ]qd]r BA1 qdbdosnq / B]mm]ahmnhc qdbdosnq sxod 1
hmunkudc hm lnctk]shmf mnbhbdoshnm ]mc duhcdmbd rtoonqsr ]
BAC / B]mm]ahchnk
qnkd ne sgd dmcnb]mm]ahmnhcr hm o]hm lnctk]shnm- A]rhb
qdrd]qbg nm gnv b]mm]ahmnhc qdbdosnqr ]mc dmcnb]mm]ah, BAJD / B]mm]ahr A]rdc Jdchbhm]k Dwsq]bsr
mnhcr hmsdqudmd hm o]hm ldbg]mhrlr hr oqnfqdrrhmf q]ohckx-
Bkhmhb]k oqnfqdrr* gnvdudq* hr ]cu]mbhmf rknvkx- B]mm]ah, BMR / Bdmsq]k mdquntr rxrsdl
mnhcr g]ud ]mshmnbhbdoshud ldbg]mhrlr cheedqdms eqnl sg]s ne BNW,1 / Bxbknnwxfdm]rd,1
nsgdq cqtfr btqqdmskx hm trd* vghbg sgtr nodmr ] mdv khmd ne
oqnlhrhmf sqd]sldms sn lhshf]sd o]hm sg]s e]hkr sn qdronmc sn BS,2 nq / @itkdlhb ]bhc
sgd og]ql]bnknfhb sqd]sldmsr ]u]hk]akd* drodbh]kkx enq mdt, @I@ nq
qno]sghb ]mc hmek]ll]snqx o]hmr- Sgd bnlahm]shnm ne b]m, HO,640
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ITALO COELHO DE ALENCAR e TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DO CEARA, protocolado em 15/12/2020 às 22:02 , sob o número 02730624920208060001.
fls. 318

Pnhc nd rgc 4NmmNVfmnfb Ruircl fm MNfm 4nmrpnh Nmb SgcpNoctrfa FlohfaNrfnmi 4tppcmr CctpnogNplNanhneu 1//5 Tnhy , Cny . 132

CRD / Cdonk]qhr]shnm,hmctbdc rtooqdrrhnm ne U04[ Atqrsdhm* R-F-* G]qrs* J-* Rbgmdhcdq* T-* Ytqhdq* P-A- 1..3(
dwbhs]shnm @itkdlhb ]bhc9 @ mnudk b]mm]ahmnhc oqnctbdr ]m]kfdrh] vhsgnts ]
´ghfg´- Gged Rbg-* 63* 0402,0411-
CRH / Cdonk]qhr]shnm,hmctbdc rtooqdrrhnm ne U05[ B]c]r* F-* ch Snl]rn* D-* Ohnldkkh* C- 0886( Nbbtqqdmbd ]mc
hmghahshnm ahnrxmsgdrhr ne dmcnfdmntr b]mm]ahmnhc oqdbtqrnq* M,]q]bghcnmnxk
ognrog]shcxkdsg]mnk]lhmd* hm q]s aq]hm- I- Mdtpnrbg-* 06* 0115,
E@@F / E]ssx,]bhc ]lhcd gxcqnk]rd 0131-
U06[ B]sdqhm]* J-I-* Rbgtl]bgdq* J-@-* Snlhm]f]* J-* Pnrdm* S-@-*

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0273062-49.2020.8.06.0001 e código 7E643F3.
?@A@ / ?]ll],]lhmnatsxqhb ]bhc Kduhmd* I-C-* Itkhtr* C- 0886( Sgd b]or]hbhm qdbdosnq* ] gd]s,
]bshu]sdc hnm bg]mmdk hm sgd o]hm o]sgv]x- MUstpd* 247* 705,713-
JR / Jtkshokd rbkdqnrhr U07[ Bg]ol]m* Q- 0888( Sgd b]mm]ahmnhc BA0 qdbdosnq ]ms]fnmhrs*
RP030605@* rdkdbshudkx e]bhkhs]sdr mnbhbdoshud qdronmrdr ne cnqr]k
M@C@ / M,]q]bghcnmnxkcno]lhmd gnqm mdtqnmdr hm sgd q]s- ´p- I- LZUplUbnj-* 016* 0654,0656-
MHA / Rxmsgdshb mhsqnfdm ]m]knftd ne sdsq]gx, U08[ Bghdmf* A-* Bgqhrshd* J-I- 0883( Hmghahshnm ax nohnhcr ]bshmf nm
lt,qdbdosnqr ne ?@A@dqfhb ]mc fkts]l]sdqfhb onrsrxm]oshb onsdm,
cqnb]mm]ahmnk sh]kr hm rhmfkd q]s odqh]ptdctbs]k fq]x mdtqnmdr gm ugspn- ´p- I-
MR@HCr / Mnm rsdqnhc]k ]msh,hmek]ll]snqx cqtfr LZUplUbnj-* 002* 2.2,2.8-
U1.[ Bk]qj* V-B-* I]m]k* J-M-* Ydhcdmadqf* O-* M]g]r* ?-?- 0870(-
O@? / Odqh]ptdctbs]k fqdx l]ssdq Deedbsr ne lncdq]sd ]mc ghfg cnrdr ne l]qhgt]m] nm sgdql]k o]hm9
@ rdmrnqx cdbhrhnm sgdnqx ]m]kxrhr- I- Ajgm- LZUplUbnj- 10 7,8
PQJ / Pnrsq]k udmsqnldch]k ldctkk] Rtook-(* 188R,20.R-
U10[ Bk]qj* @-I-* V]qd* J-@-* X]ydq* D-* Jtqq]x* S-I-* Kxmbg* J-D-
SFB / Cdks],8,sdsq]gxcqnb]mm]ahmnk 1..3( O]ssdqmr ne b]mm]ahr trd ]lnmf o]shdmsr vhsg ltkshokd rbkd,
QP0 / Q]mhkknhc qdbdosnq sxod 0 qnrhr- Mdtpnjnfv* 51* 1.87,10..-
U11[ Bnlosnm* C-P-* @bdsn* J-C-* Knvd* I-* J]qshm* A-P* 0885( Hm ugun
PD8DPDMBDR bg]q]bsdqhy]shnm ne ] rodbhehb b]mm]ahmnhc qdbdosnq ]ms]fnmhrs
RP030605@(* hmghahshnm ne cdks] 8,sdsq]gxcnb]mm]ahmnk,hmctbdc
U0[ @gktv]kh]* I-* Tqa]m* K-* B]onfm]* J-* Adu]m* R-* M]fx* H- 1...( qdronmrdr ]mc ]oo]qdms ]fnmhrs ]bshuhsx- I- LZUplUbnj- Dko- PZdp-*
B]mm]ahmnhc 0 qdbdosnqr ]qd dwoqdrrdc hm mnbhbdoshud oqhl]qx rdm, 166* 475,483-
rnqx mdtqnmr- Mdtpnrbgdmbd* 0//* 574,577- U12[ Bnmrqnd* O-* Jtrsx* P-* Pdhm* I-* Shkkdqx* V-* Odqsvdd* P- 0886(
U1[ @msgnmx* I-* V]qmdq* K-* Gdrrkdq* P- 0883( Bnlo]q]shud dohcdlh, Sgd odqbdhudc deedbsr ne rlnjdc b]mm]ahr nm o]shdmsr vhsg ltkshokd
nknfx ne cdodmcdmbd nm sna]bbn* ]kbngnk* bnmsqnkkdc rtars]mbd ]mc rbkdqnrhr- Dtp- Mdtpnj- 24* 33,37-
hmg]k]msr9 a]rhb ehmchmfr eqnl sgd M]shnm]k Bnlnqahchsx Rtqudx- U13[ Bnnj* R-@-* Vdkbg* R-O-* Khbgsl]m* @-F-* J]qshm* A-P- 0884(
Dko- Ajgm- LrvbZnoZUplUbnj-* 1* 133,157- Du]kt]shnm ne b@JO hmunkudldms hm b]mm]ahmnhc,hmctbdc ]mshmn,
U2[ @sdr* J-* F]ly]* J-* Rdhcdk* G-* Gns]kk]* B-D-* Kdcdms* B-* ?tgqhmf* bhbdoshnm- Gged Rbg-* 35* 1.38,1.45-
F- 1..2( Hmsq]sgdb]kkx ]ookhdc ektqahoqnedm oqnctbdr ]m dmcnb]m, U14[ Bnqbgdqn* I-* @uhk]* J-@-* Etdmsdr* I-@-* J]my]m]qdr* I- 0886(
m]ahmnhc,cdodmcdms ]mshmnbhbdoshnm hm sgd q]s enql]khm sdrs- Dtp- I- Cdks] 8,sdsq]gxcqnb]mm]ahmnk hmbqd]rdr oqncxmnqoghm ]mc
Mdtpnrbg-* 06* 486,5.3- oqndmjdog]khm fdmd dwoqdrrhnm hm sgd rohm]k bnqc ne sgd q]s- Gged
U3[ A]qhm]f]* J- 1..0( Fnv b]mm]ahmnhcr vnqj hm sgd aq]hm- Rbgdmbd* Rbg-* 50* K28,K32-
170* 142.,1420- U15[ Bnqbgdqn* I-* J]my]m]qdr* I-* Etdmsdr* I-@- 1..3( B]mm]ah,
U4[ Adgadg]mh* J-J- 0884( Etmbshnm]k bg]q]bsdqhrshbr ne sgd lhcaq]hm mnhc+nohnhc bqnrrs]kj hm sgd bdmsq]k mdquntr rxrsdl- Apgs- Odu- Mdt,
odqh]ptdctbs]k fq]x- Lpnf- Mdtpnagnj- ,5* 464,5.4- pnagnj-* 05* 048,061-
U5[ Adql]m* I-R-* Rxlnmcr* B-* Ahqbg* P- 1..3( Deehb]bx ne svn b]m, U16[ Bq]u]ss* A-E-* Cdl]qdrs* G-* O]sqhbdkkh* J-O-* Aq]bdx* J-F-* ?h]mf*
m]ahr a]rdc ldchbhm]k dwsq]bsr enq qdkhde ne bdmsq]k mdtqno]sghb o]hm C-G-* J]qshm* A-P-* Khbgsl]m* @-F- 1..0( Rtodqrdmrhshuhsx sn
eqnl aq]bgh]k okdwtr ]utkrhnm9 qdrtksr ne ] q]mcnlhrdc bnmsqnkkdc ]m]mc]lhcd ]mc dmg]mbdc dmcnfdmntr b]mm]ahmnhc rhfm]khmf hm
sqh]k- LUgm* 001* 188,2.5- lhbd k]bjhmf e]ssx ]bhc ]lhcd gxcqnk]rd- Lpnb- MUsj- 8bUc- Rbg-
U6[ Anfdq* C-K-* Jhx]tbgh* F-* Ct* V-* F]qcnthm* B-* Edbhj* P-@-* SR8* 74* 8260,8265-
Bgdmf* F-* Fv]mf* H-* Fdcqhbj* J-O-* Kdtmf* C-* @bdudcn* N-* U17[ Cdtsrbg* C-?-* Khm* R-* Fhkk* V-@-* Jnqrd* G-K-* R]kdg]mh* C-* @q,
?thl]q]dr* B-P-* Inqfdmrdm* V-K-* Bq]u]ss* A-E- 1..4( Chrbnudqx qd]y]* ?-* Nldhq* P-K-* J]jqhx]mmhr* @- 0886( E]ssx ]bhc rtkenmxk
ne ] onsdms* rdkdbshud* ]mc deehb]bhntr bk]rr ne qdudqrhakd ]kog], ektnqhcdr hmghahs ]m]mc]lhcd lds]ankhrl ]mc ahmc sn sgd b]mm]ah,
jdsngdsdqnbxbkd hmghahsnqr ne e]ssx ]bhc ]lhcd gxcqnk]rd deedbshud mnhc qdbdosnq- ´gnbZdl- ´gnoZvr- Odr- Anlltm-* 120* 106,110-
]r ]m]kfdrhbr- I- Jdc- AZdl-* ,4* 0738,0745- U18[ Cdu]md* V-@-* Cxr]qy* E-@- 2qc* Ingmrnm* J-P-* Jdkuhm* K-R-*
U7[ Aqdhunfdk* B-R-* ?qheehm* ?-* Ch J]qyn* Q-* J]qshm* A-P- 1..0( Fnvkdss* @-B- 0877( Cdsdqlhm]shnm ]mc bg]q]bsdqhy]shnm ne ] b]m,
Duhcdmbd enq ] mdv ?,oqnsdhm,bntokdc b]mm]ahmnhc qdbdosnq hm m]ahmnhc qdbdosnq hm q]s aq]hm- Jnj- LZUplUbnj-* 2,* 5.4,502-
lntrd aq]hm- Jnj- LZUplUbnj-* 5/* 044,052- U2.[ Cdu]md* V-@-* F]mtr* K-* Aqdtdq* @-* Odqsvdd* P-?-* Rsdudmrnm*
U8[ Aqdmmdhrdm* P-* Dfkh* @-* DkRngkx* J-@-* Fdmm* Q-* Rohdrr* X- K-@-* ?qheehm* ?-* ?harnm* C* J]mcdka]tl* @* Dshmfdq* @* Jdbgnt,
0885( Sgd deedbs ne nq]kkx ]mc qdbs]kkx ]clhmhrsdqdc ฀8, k]l* P- 0881( Hrnk]shnm ]mc rsqtbstqd ne ] aq]hm bnmrshstdms sg]s
sdsq]gxcqnb]mm]ahmnk nm ro]rshbhsx9 ] ohkns rstcx vhsg 1 o]shdmsr- Hms ahmcr sn sgd b]mm]ahmnhc qdbdosnq- Rbgdmbd* 134* 0835,0838-
I- Ajgm- LZUplUbnj- PZdp-* 2,* 335,341- U20[ Ch J]qyn* Q-* Aqdhunfdk* B-R-* S]n* L-* Aqhcfdm* C-S-* P]yc]m*
U0.[ Aqhcfdr* C-* @gl]c* G-* Phbd* @-R- 1..0( Sgd rxmsgdshb b]mm]ah, P-G-* Yhlldq* @-J-* Yhlldq* @-* J]qshm* A-P- 1...( Kdudkr* ld,
mnhc VHM 44*101,1 ]ssdmt]sdr gxodq]kfdrh] ]mc ]kkncxmh] hm ] q]s s]ankhrl* ]mc og]ql]bnknfhb]k ]bshuhsx ne ]m]mc]lhcd hm BA0 b]m,
lncdk ne mdtqno]sghb o]hm- ´p- I- LZUplUbnj-* 002* 475,483- m]ahmnhc qdbdosnq jmnbjnts lhbd* duhcdmbd enq mnm,BA0* mnm,BA1
U00[ Aqhcfdr* C-* Phbd* @-R-* Dfdqsnu]* J-* Dkoghbj* J-P-* Vhmsdq* I-* qdbdosnq,ldch]sdc ]bshnmr ne ]m]mc]lhcd hm lntrd aq]hm- I- Mdt,
Jhbg]dk* ?-I- 1..2( Knb]khr]shnm ne b]mm]ahmnhc qdbdosnq 0 hm q]s pnbZdl-* 63* 1323,1333-
cnqr]k qnns f]mfkhnm trhmf gm rgst gxaqhchr]shnm ]mc hlltmnghrsn, U21[ Ch J]qyn* Q-* Enms]m]* @-* B]c]r* F-* Rbghmdkkh* R-* Bhlhmn* ?-*
bgdlhrsqx- Mdtpnrbgdmbd* 007* 7.2,701- Rbgv]qsy* I-B-* Ohnldkkh* C- 0883( Enql]shnm ]mc hm]bshu]shnm ne
U01[ Aqhshrg Jdchb]k @rrnbh]shnm 0886( Sgdq]odtshb Trdr ne B]mm]ahr- dmcnfdmntr b]mm]ahmnhc ]m]mc]lhcd hm bdmsq]k mdtqnmr- MUstpd*
Knmcnm* F]qvnnc @b]cdlhb Otakhrgdqr- 261* 575,580-
U02[ Atbjkdx* M-D-* JbBnx* G-K-* Jdydx* D-* Anmmdq* S-* Yhlldq* @-* U22[ Dcr]kk* R-@-* Gm]oo* P-I-* Q]mcdq]g* S-V-* Pndrjd* V-P-* Bnmrqnd*
Edkcdq* B-B-* ?k]rr* J-* Yhlldq* @- 1...( Hlltmnlnctk]shnm ax O-* X]l]ltq]* F-H- 0885( @mshrdmrd nkhfncdnwxmtbkdnshcd sqd]s,
b]mm]ahmnhcr hr ]ardms hm lhbd cdehbhdms enq sgd b]mm]ahmnhc BA 1( ldms sn sgd aq]hm b]mm]ahmnhc qdbdosnq hmghahsr ]mshmnbhbdoshnm-
qdbdosnq- Dtp- I- LZUplUbnj-* 275* 030,038- Mdtpnpdonps* 6* 482,485-
U03[ Atffx* C-I-* Snnfnnc* K-* J]qhb* R-* Rg]qod* O-* K]ladqs* C-?-* U23[ Dkoghbj* J-P-* Dfdqsnu]* J- 1..0( Sgd mdtqnahnknfx ]mc dunkt,
Pnvansg]l* C-I- 1..2( K]bj ne ]m]kfdrhb deehb]bx ne nq]k cdks],8, shnm ne b]mm]ahmnhc rhfm]kkhmf- LZgjnr- PpUmr- O- Rnb- Gnmc- ´- ´gnj-
sdsq]gxcqnb]mm]ahmnk hm onrsnodq]shud o]hm- LUgm* 0/5* 058,061- Rbg-* 235* 270,3.7-
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ITALO COELHO DE ALENCAR e TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DO CEARA, protocolado em 15/12/2020 às 22:02 , sob o número 02730624920208060001.
fls. 319

13, 4tppcmr CctpnogNplNanhneu 1//5 Tnhy , Cny . INmsNmNpci cr Nhy

U24[ E]qptg]q,Rlhsg* V-O-* Dfdqsnu]* J-* Aq]catqx* D-I-* JbJ]gnm* U47[ Fngl]mm* @-?-* Fdqjdmg]l* J- 0888( B]mm]ahmnhc qdbdosnqr
R-A-* Phbd* @-R-* Dkoghbj* J-P- 1...( B]mm]ahmnhc BA 0( qdbdosnq tmcdqfn ]wnm]k eknv hm rdmrnqx mdqudr- Mdtpnrbgdmbd 71* 0060,
dwoqdrrhnm hm q]s rohm]k bnqc- Jnj- Adjj- Mdtpnrbg-* 03* 40.,410- 0064-
U25[ Ehlh]mh* B-* Khadqsx* S-* @pthqqd* @-I-* @lhm* H-* @kh* M-* Rsde]mn* U48[ Fngl]mm* @-?-* Fdqjdmg]l* J- 0888( Knb]khy]shnm ne bdmsq]k
?-A- 0888( Noh]sd* b]mm]ahmnhc* ]mc dhbnr]mnhc rhfm]khmf bnm, b]mm]ahmnhc BA0 qdbdosnq ldrrdmfdq PM@ hm mdtqnm]k rtaonotk],
udqfdr nm bnllnm hmsq]bdkktk]q o]sgv]xr mhsqhb nwhcd bntokhmf- shnmr ne q]s cnqr]k qnns f]mfkh]* ] cntakd,k]adk gm rgst gxaqhchy]shnm
LpnrsUfjUmcgmr NsZdp Ggogc JdcgUs-* 36* 12,23- rstcx- Mdtpnrbgdmbd* 7/* 812,820-
U26[ Envkdq* B-I- 1..3( Onrrhakd hmunkudldms ne sgd dmcnb]mm]ahmnhc U5.[ Fngl]mm* @-?-* Srnt* G-* V]kjdq* I-J- 0887( B]mm]ahmnhc

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0273062-49.2020.8.06.0001 e código 7E643F3.
rxrsdl hm sgd ]bshnmr ne sgqdd bkhmhb]kkx trdc cqtfr- Ppdmcr LZUp, lnctk]shnm ne vhcd cxm]lhb q]mfd mdtqnmr hm sgd ktla]q cnqr]k
lUbnj- Rbg-* 13* 48,50- gnqm ne sgd q]s ax rohm]kkx ]clhmhrsdqdc VHM44*101,1- Mdtpnrbg-
U27[ Enw* @-* Gdrhmfk]mc* @-* ?dmsqxl B-* JbM]hq* G-* O]sdk* R-* Tqa]m* Gdss-* 136* 008,011-
K-* I]ldr* H- 1..0( Sgd qnkd ne bdmsq]k ]mc odqhogdq]k B]mm]ahmnhc U50[ Fnks* R-* Envkdq* B-I- 1..2( @m]mc]lhcd lds]ankhrl ax e]ssx
0 qdbdosnqr hm sgd ]mshgxodq]kfdrhb ]bshuhsx ne b]mm]ahmnhcr hm ] ]bhc]lhcd gxcqnk]rd hm hms]bs B5 fkhnl] bdkkr- Hmbqd]rdc rdmrhshuhsx
lncdk ne mdtqno]sghb o]hm- LUgm* 71* 80,0..- sn hmghahshnm ax hatoqnedm ]mc ektqahoqnedm tonm qdctbshnm ne dwsq],
U28[ Eqdtmc* S-E-* G]snm]* H-* Ohnldkkh* C- 1..2( Pnkd ne dmcnfdmntr ats mns hmsq]bdkktk]q oF- MUtmvm RbZlgdcdadpfr 8pbZ- LZUplUbnj-*
b]mm]ahmnhcr hm rxm]oshb rhfm]khmf- LZvrgnj- Odu-* 42* 0.06,0.55- 256* 126,133-
U3.[ Eqhcd* D-* Edhfhm* B-* Onmcd* C-D-* Aqdtdq* @-* F]mtr* K-* @q, U51[ Fnvkdss* @-B- 1..1( Sgd b]mm]ahmnhc qdbdosnqr- LpnrsUfjUmcgmr
rg]urjx* M-* Jdbgntk]l* P- 1..3( %(,B]mm]ahchnk ]m]knftdr NsZdp Ggogc JdcgUs-* 54+57* 508,520-
vghbg ahmc b]mm]ahmnhc qdbdosnqr ats dwdqs odqhogdq]k ]bshuhsx U52[ Fnvkdss* @-B- 1..3( Deehb]bx hm BA0 qdbdosnq,ldch]sdc rhfm]k
nmkx- Dtp- I- LZUplUbnj- 3/5* 068,077- sq]mrctbshnm- ´p- I- LZUplUbnj-* 0,1* 01.8,0107-
U30[ Etdmsdr* I-@-* Pthy,?]xn* J-* J]my]m]qdr* I-* Qdk]* ?-* Pdbgd* H-* U53[ Fnvkdss* @-B-* Ingmrnm* J-P-* Jdkuhm* K-R-* Jhkmd* ?-J- 0877(
Bnqbgdqn* I- 0888( B]mm]ahmnhcr ]r onsdmsh]k mdv ]m]kfdrhbr- Gged Mnmbk]rrhb]k b]mm]ahmnhc ]m]kfdshbr hmghahs ]cdmxk]sd bxbk]rd9 cd,
Rbgdmbdr* 53* 564,574- udknoldms ne ] b]mm]ahmnhc qdbdosnq lncdk- Jnj- LZUplUbnj-* 22*
U31[ ?]nmh* X-* Jdbgntk]l* P- 0853( Hrnk]shnm* rsqtbstqd ]mc o]qsh]k 186,2.1-
rxmsgdrhr ne ]m ]bshud bnmrshstdms ne g]rghrg- I- 8l- AZdl- Rnb-* U54[ Ft]mf* R-J-* Ahrnfmn* S-* Sqduhr]mh* J-* @k,F]x]mh* @-* Cd Odsqn,
45* 0535,0356- bdkkhr* K-* Edyy]* E-* Snfmdssn* J-* Odsqnr* S-I-* Gqdx* I-E-* Bgt*
U32[ ?h]mf* C-G-* Bq]u]ss* A-E- 0886( Jnkdbtk]q bg]q]bsdqhy]shnm ne B-I-* Jhkkdq* I-C-* C]uhdr* R-M-* ?doodssh* O-* V]kjdq* I-J-* Ch
gtl]m ]mc lntrd e]ssx ]bhc ]lhcd gxcqnk]rdr- Lpnb- MUsj- 8bUc- J]qyn* Q- 1..1( @m dmcnfdmntr b]or]hbhm,khjd rtars]mbd vhsg
Rbg- SR8* 7,* 1127,1131- ghfg onsdmbx ]s qdbnlahm]ms ]mc m]shud u]mhkknhc QP0 qdbdosnqr-
U33[ ?hteeqhc]* @-* Adksq]ln-* J-* Ohnldkkh* C- 1..0( Jdbg]mhrlr ne Lpnb- MUsj- 8bUc- Rbg- SR8* 77* 73..,73.4-
dmcnb]mm]ahmnhc hm]bshu]shnm* ahnbgdlhrsqx ]mc og]ql]bnknfx- I- U55[ Haq]ghl* J-J-* Cdmf* F-* Yunmnj* @-* Bnbj]xmd* C-@-* Gv]m* I-*
LZUplUbnj- Dko- PZdp-* 174* 6,03- J]s]* F-O-* A]mcdq]* S-V-* K]h* I-* Onqqdb]* E-* J]jqhx]mmhr* @-*
U34[ ?nody* I-I-* Xtd* F-* Q]rtcdu]m* P-* J]khj* @-R-* Enfdkr]mfdq* J]k]m* S-O- Iq- 1..2( @bshu]shnm ne BA1 b]mm]ahmnhc qdbdosnqr ax
K-M-* Kdvhr* R-* O]mhj]rguhkh* C-* Rgng]lh* D-* I]mrdm* R-@-* M]q], @J0130 hmghahsr dwodqhldms]k mdtqno]sghb o]hm9 o]hm hmghahshnm ax
x]m* P-G-* Rsq]trr* G-H- 1..4( Etmbshnm]k ntsbnldr* oqnuhcdr mdt, qdbdosnqr mns oqdrdms hm sgd BMR- Lpnb- MUsj- 8bUc- Rbg- SR8* 0//*
qnoqnsdbshnm* ]mc qdctbdr hmek]ll]shnm hm ] q]s lncdk ne sq]tl]shb 0.418,0.422-
aq]hm hmitqx- Mdtpnrtpfdpv* 35* 48.,5.3- U56[ Haq]ghl* J-J-* Onqqdb]* E-* K]h* I-* @kaqdbgs* O-I-* Phbd* E-K-*
U35[ ?qddmv]kc* J-G-* Rshsydq* J-K- 1...( @mshmnbhbdoshud* rtaidbshud Ggncnqnu]* @-* C]u]q* ?-* J]jqhx]mmhr* @-* Q]mcdq]g* S-V-* J]s]*
]mc adg]uhnq]k deedbsr ne rlnjdc l]qhit]m] hm gtl]mr- Bptf 8j, F-O-* J]k]m* S-O- Iq- 1..4( BA1 b]mm]ahmnhc qdbdosnq ]bshu]shnm
bnZnj Bdodmc-* 37* 150,164- oqnctbdr ]mshmnbhbdoshnm ax rshltk]shmf odqhogdq]k qdkd]rd ne dm,
U36[ ?qhmronnm* K-* A]j]k]q* I-A- 0886( J]qhgt]m]* sgd enqahccdm cnfdmntr nohnhcr- Lpnb- MUsj- 8bUc- Rbg- SR8* 0/1* 2.82,2.87-
ldchbhmd- Mdv F]udm9 X]kd Tmhudqrhsx Oqdrr- U57[ Hudqrdm* K- 1..2( B]mm]ahr ]mc sgd aq]hm- ´pUgm* 015* 0141,016.-
U37[ ?qtcs* S-I-* Fdmcdqrnm* ?- 0887( ?kxbhmd ]mc ?@A@@ qdbdosnq, U58[ Hudqrdm* K-K-* Bg]ol]m* Q- 1..1( B]mm]ahmnhcr* ] qd]k oqnrodbs
ldch]sdc rxm]oshb sq]mrlhrrhnm hm q]s rtars]msh] fdk]shmnr]* hmghah, enq o]hm qdkhde= Atpp- Nogm- LZUplUbnj-* 1* 4.,44-
shnm ax lt,nohnhc ]mc ?@A@A ]fnmhrsr- I LZvrgnj-* 3/6* 362,372- U6.[ I]hm* @-G-* Px]m* I-P-* JbJ]gnm* E-?-* Rlhsg* ?- 0870( Du]kt],
U38[ ?qtcs* S-I-* Vhkkh]lr* I-S 0883( lt,Nohnhc ]fnmhrsr hmghahs rohm]k shnm ne hmsq]ltrbtk]q kdunm]msq]cnk ]mc ok]bdan hm ]btsd onrsnodq],
sqhfdlhm]k rtars]msh] fdk]shmnr] mdtqnmr hm fthmd] ohf ]mc q]s- I- shud o]hm- I- Ajgm- LZUplUbnj-* 10 7,8 Rtook-(* 21.R,215R-
Mdtpnrbg-* 0,* 0535,0543- U60[ I]q]h* Y-* V]fmdq* I-@-* Q]qf]* G-* K]jd* G-C-* Bnlosnm* C-P-*
U4.[ ?tgqhmf* F-* F]ly]* J-* Rdqfdidu]* J-* @sdr* J-* Gns]kk]* B-D-* J]qshm* A-P-* Yhlldq* @-J-* Anmmdq* S-H- 0888( B]mm]ahmnhc,
Kdcdms* B-* Aqtmd* G- 1..1( @ qnkd enq dmcnb]mm]ahmnhcr hm hmcn, hmctbdc ldrdmsdqhb u]rnchk]shnm sgqntfg ]m dmcnsgdkh]k rhsd chrshmbs
ldsg]bhm,hmctbdc rohm]k ]mshmnbhbdoshnm- Dtp- I- LZUplUbnj-* ,3,* eqnl BA0 nq BA1 qdbdosnqr- Lpnb- MUsj- 8bUc- Rbg- SR8* 75* 03025,
042,052- 03030-
U40[ F]inr* M-* Kdcdms* B-* Eqdtmc* S-E- 1..0( Mnudk b]mm]ahmnhc, U61[ Idmmhmfr* D-@-* Q]tfg]m* B-V-* Bgqhrshd* J-I- 1..0( B]mm]ahmnhc
rdmrhshud qdbdosnq ldch]sdr hmghahshnm ne fkts]l]sdqfhb rxm]oshb ]bshnmr nm q]s rtodqehbh]k ldctkk]qx cnqr]k gnqm mdtqnmr gm ugspn- I-
sq]mrlhrrhnm hm sgd ghoonb]lotr- Mdtpnrbgdmbd* 0/5* 0,3- LZvrgnj-* 32,* 7.4,701-
U41[ F]mtr* K-* @at,K]eh* R-* Eqhcd* D-* Aqdtdq* @-* Rg]kdu* C-D-* Gtrs], U62[ Inbghlrdm* O-P-* K]vsnm* P-K-* QdqRsddf* G-* Mnxdr* P- Iq- 0867(
mnuhbg* H-* Qnfdk* Y-* Jdbgntk]l* P- 1..0( 1,@q]bghcnmxk fkxb, Deedbs ne admynoxq]mnodqhchmd* ] cdks],8,SFB bnmfdmdq* nm o]hm-
dqxk dsgdq* ] mnudk dmcnfdmntr ]fnmhrs ne sgd b]mm]ahmnhc BA0 qd, Ajgm- LZUplUbnj- PZdp-* 1,* 112,116-
bdosnq- Lpnb- MUsj- 8bUc- Rbg-* 74* 2551,2554- U63[ Inmdr* P-S- 0867( Adg]uhnq]k snkdq]mbd9 kdrrnmr kd]qmdc eqnl
U42[ Fdqjdmg]l* J-* Kxmm* @-A-* Ingmrnm* J-P-* Jdkuhm* K-R-* cd b]mm]ahr qdrd]qbg- MHB8 Odr- Jnmnfp-* 04* 007,015-
Bnrs]* A-P-* Phbd* G-B- 0880( Bg]q]bsdqhy]shnm ]mc knb]khy]shnm ne U64[ Inmdr* P-S- 0876( Cqtf ne ]atrd oqnehkd9 b]mm]ahr- Ajgm- AZdl- 22*
b]mm]ahmnhc qdbdosnqr hm q]s aq]hm* ] pt]mshs]shud gm ugspn ]tsnq]chn, 61A,70A-
fq]oghb rstcx- I- Mdtpnrbg* 00* 452,472- U65[ G]lha]x]rgh* S-* J]yd* J- 1...( Bkhmhb]k trdr ne ]kog]1,]cqdmdqfhb
U43[ Fdqyadqf* T-* Dkh]u* D-* Admmdss* ?-I-* Gnohm* H-I- 0886( Sgd ]m]k, ]fnmhrsr- 8mdrsZdrgnjnfv* 72* 0234,0238-
fdrhb deedbsr ne P %(,VHM 44*101,1 ldrxk]sd* ] ghfg ]eehmhsx b]m, U66[ G]qrs* J-* R]khl* G-* Atqrsdhm* R-* Bnmq]c* H-* Fnx* K-* Rbgmdhcdq*
m]ahmnhc ]fnmhrs* hm ] q]s lncdk ne mdtqno]sghb o]hm- Mdtpnrbg- T- 1..2( @m]kfdrhb deedbs ne sgd rxmsgdshb b]mm]ahmnhc BS,2 nm
Gdss-* 110* 046,05.- sgd bgqnmhb mdtqno]sghb o]hm- I8J8* 17/* 0646,0651-
U44[ Fhkk* R-X-* Rbgvhm* P-* ?nncvhm* C-V-* Onvdkk* A-I- 0863( J]qh, U67[ G]snm]* H-* P]mby* D-@-* @br]cx* K-* Kdcdms* B-* J]bjhd* G-* F]inr*
gt]m] ]mc o]hm- I- LZUplUbnj- Dko- PZdp-* 044* 304,307- M-* Eqdtmc* S-E- 1..0( Chrsqhatshnm ne BA0 b]mm]ahmnhc qdbdosnqr
U45[ Fngl]m* @-?-* V]kjdq* I-J- 0888( B]mm]ahmnhc rtooqdrrhnm ne hm sgd ]lxfc]k] ]mc sgdhq qnkd hm sgd bnmsqnk ne ?@A@dqfhb sq]mr,
mnwhntr gd]s,dunjdc ]bshuhsx hm vhcd cxm]lhb q]mfd mdtqnmr hm sgd lhrrhnm- I- Mdtpnrbg-* 10* 84.5,8407-
ktla]q cnqr]k gnqm ne sgd q]s- I- MdtpnoZvrgnj- 40* 464,474- U68[ G]snm]* H-* Rodqk]fg* A-* J]fknbyjx* Y-* R]msg]* D-* Gne]kuh* @-*
U46[ Fngl]mm* @-?* Fdqjdmg]l* J- 0887( Pdftk]shnm ne b]mm]ahmnhc Byhqi]j* R-* J]bjhd* G-* Qhyh* D-R-* Eqdtmc* S-E 1...( ?@A@dqfhb
]mc lt nohnhc qdbdosnqr hm q]s ktla]q rohm]k bnqc enkknvhmf mdnm], hmsdqmdtqnmr ]qd sgd s]qfdsr ne b]mm]ahmnhc ]bshnmr hm sgd gtl]m
s]k b]or]hbhm- Mdtpnrbg- Gdss-* 131* 02,05- ghoonb]lotr- Mdtpnrbgdmbd* 0//* 686,7.3-
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ITALO COELHO DE ALENCAR e TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DO CEARA, protocolado em 15/12/2020 às 22:02 , sob o número 02730624920208060001.
fls. 320

Pnhc nd rgc 4NmmNVfmnfb Ruircl fm MNfm 4nmrpnh Nmb SgcpNoctrfa FlohfaNrfnmi 4tppcmr CctpnogNplNanhneu 1//5 Tnhy , Cny . 133

U7.[ Gg]m* Y-O-* Edqftrnm* B-M-* Inmdr* P-J- 0888( @kog],1 ]mc hlh, U0.0[ J]tqdq* J-* Fdmm* Q-* Chssqhbg* @-* Fnel]mm* @- 088.( Cdks],8,
c]ynkhmd qdbdosnq ]fnmhrsr- Sgdhq og]ql]bnknfx ]mc sgdq]odtshb sdsq]gxcqnb]mm]ahmnk rgnvr ]mshro]rshb ]mc ]m]kfdrhb deedbsr hm ]
qnkd- 8mUdrsZdrgU 3,* 035,054- rhmfkd b]rd cntakd,akhmc sqh]k- Dtp- 8pbZ- LrvbZgUspv Ajgm- Mdtpn,
U70[ Gngmn* S-* Gtl]lnsn* D-* Fhf]rgh* F-* Rghlnih* G-* Xnrghltq]* rbg- 1,/* 0,3-
J- 0888( @bshnmr ne nohnhcr nm dwbhs]snqx ]mc hmghahsnqx sq]mr, U0.1[ Jdbgntk]l* P- 1...( Knnjhmf a]bj ]s B]mm]ahr qdrd]qbg- Atpp-
lhrrhnm hm rtars]msh] fdk]shmnr] ne ]ctks q]s rohm]k bnqc- I- LZvrgnj-* LZUpl- Bdr-* 5* 0202,0211-
304* 7.2,702- U0.2[ Jdbgntk]l* P-* Adm,Rg]a]s* R-* F]mtr* K-* Khftlrjx* J-* G]lhmrjh*
U71[ Gny]j* G-P-* Oqtr]jhdvhby* I-I-* Pnvkhmrnm* R-V-* Oqtcgnlld* M-D-* Rbg]sy* @-P-* ?nogdq* @-* @klnf* R-* J]qshm* A-P-* Bnlosnm*

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0273062-49.2020.8.06.0001 e código 7E643F3.
C-P-* J]qmdss* K-I- 1..2( @lhmn ]bhc cdsdqlhm]msr hm bxbknnwx, C-P-* Odqsvdd* P-?-* ?qheehm* ?-* A]xdvhsbg* J-* A]qf* I-* Qnfdk* Y-
fdm]rd,1 nwxfdm]shnm ne sgd dmcnb]mm]ahmnhc ]m]mc]lhcd- ´gn, 0884( Hcdmshehb]shnm ne ]m dmcnfdmntr 1,lnmnfkxbdqhcd* oqdrdms hm
bZdlgrspv* ,1* 8.30,8.38- b]mhmd fts* sg]s ahmcr sn b]mm]ahmnhc qdbdosnqr- ´gnbZdl- LZUplU,
U72[ Gny]j* G-P-* Pnvkhmrnm* R-V-* J]qmdss* K-I- 1...( Nwxfdm]shnm bnj-* 3/* 72,8.-
ne sgd dmcnb]mm]ahmnhc* 1,]q]bghcnmxkfkxbdqnk* sn fkxbdqxk oqnrs], U0.3[ Jdmf* H-C-* J]mmhmf* A-F-* J]qshm* V-I-* Ehdkcr* F-K- 0887( @m
fk]mchmr ax bxbknnwxfdm]rd,1- I- ´gnj- AZdl-* 163* 22633,22638- ]m]kfdrh] bhqbths ]bshu]sdc ax b]mm]ahmnhcr- MUstpd* 273* 270,272-
U73[ Gqdhsydq* @-B-* Pdfdgq* V-?- 1..0( Bdqdadkk]q cdonk]qhy]shnm, U0.4[ Jhkrsdhm* R-K-* J]bB]mmdkk* G-* G]qq* ?-* Bk]qj* R- 0864( J]qh,
hmctbdc rtooqdrrhnm ne hmghahshnm hr ldch]sdc ax dmcnfdmntr b]m, it]m],oqnctbdc bg]mfdr hm o]hm snkdq]mbd- Dwodqhdmbdc ]mc mnm,
m]ahmnhcr- I- Mdtpnrbg-* 10* PB06390,4- dwodqhdmbdc rtaidbsr- Hms- LZUplUbnorvbZgUspv* 0/* 066,071-
U74[ Gqdhsydq* @-B-* Pdfdgq* V-?- 1..0( Pdsqnfq]cd hmghahshnm ne oqd, U0.5[ Jnqhrrds* Q-* Tqa]m* K- 1..0( B]mm]ahmnhc,hmctbdc oqdrxm]oshb
rxm]oshb b]kbhtl hmektw ax dmcnfdmntr b]mm]ahmnhcr ]s dwbhs]snqx hmghahshnm ne fkts]l]sdqfhb DORBr hm rtars]mbh] fdk]shmnr] mdtqnmr
rxm]ordr nmsn Otqjhmid bdkkr- Mdtpnm* 17* 606,616- ne sgd rohm]k bnqc- I- MdtpnoZvrgnj-* 45* 3.,37-
U75[ Kdcdms* B-* Q]kudqcd* N-* Bnrrt* ?-* Odshsds* E-* @tadqs* I,E-* Adrkns* U0.6[ Jtjgno]cgx]x* R-* Bg]omhbj* A-J-* Fnvkdss* @-B- 1..1( @m]m,
E-* Angld* ?-@-* Hlodq]sn* @-* Odcq]yyhmh* S-* Pnptdr* A-O-*Q]rr]qs* c]lhcd,hmctbdc u]rnqdk]w]shnm hm q]aahs ]nqshb qhmfr g]r svn bnl,
?-* Eq]ss]* V-* O]qldmshdq* J- 0888( Tmqdronmrhudmdrr sn b]mm]ah, onmdmsr* ? oqnsdhm cdodmcdms ]mc hmcdodmcdms- 8l- I- LZvrgnj-
mnhcr ]mc qdctbdc ]cchbshud deedbsr ne noh]sdr hm BA0 qdbdosnq CdUps Agpb- LZvrgnj-* 141* F1.35,F1.43-
jmnbjnts lhbd- Rbgdmbd* 142* 3.0,3.3- U0.7[ Jtmqn* R-* Sgnl]r* G-K-* @at,Rg]]q* J- 0882( Jnkdbtk]q bg]q]b,
U76[ Khbgsl]m* @-F-* Bnnj* R-@-* J]qshm* A-P- 0885( Hmudrshf]shnm ne sdqhy]shnm ne ] odqhogdq]k qdbdosnq enq b]mm]ahmnhcr- MUstpd* 253*
aq]hm rhsdr ldch]shmf b]mm]ahmnhc,hmctbdc ]mshmnbhbdoshnm hm q]sr* 50,54-
duhcdmbd rtoonqshmf odqh]ptdctbs]k fq]x hmunkudldms- I- LZUplU, U0.8[ M]de* J-* Btq]snkn* J-* Odsdqrdm,Edkhw* R-* @qdmcs,Mhdkrdm* K-*
bnj- Dko- PZdp-* 165* 474,482- Yahmcdm* @-* Aqdmmdhrdm* P- 1..2( Sgd ]m]kfdrhb deedbs ne nq]k
U77[ Khbgsl]m* @-F-* J]qshm* A-P- 0880( B]mm]ahmnhc,hmctbdc ]mshmn, cdks],8,sdsq]gxcqnb]mm]ahmnk SFB(* lnqoghmd* ]mc ] SFB,
bhbdoshnm hr ldch]sdc ax ] rohm]k ]1,mnq]cqdmdqfhb ldbg]mhrl- lnqoghmd bnlahm]shnm hm gd]ksgx rtaidbsr tmcdq dwodqhldms]k o]hm
´pUgm Odr-* 337* 2.8,203- bnmchshnmr- LUgm* 0/3* 68,77-
U78[ Khbgsl]m* @-F-* J]qshm* A-P- 0880( Rohm]k ]mc rtoq]rohm]k bnl, U00.[ Mnsbtss* V-?-* Oqhbd* J-* Bg]ol]m* ?- 0886( Bkhmhb]k dwodqhdmbd
onmdmsr ne b]mm]ahmnhc,hmctbdc ]mshmnbhbdoshnm- I- LZUplUbnj- vhsg m]ahknmd enq bgqnmhb o]hm- LZUpl- Rbg- 2* 440,444-
Dko- PZdp-* 134* 406,412- U000[ Mnsbtss* V-* Oqhbd* J-* Jhkkdq* P-* Mdvonqs* R-* Oghkkhor* B-* Rhl,
U8.[ Khl* ?-* Rtmf* A-* Ih* P-P-* J]n* I- 1..2( Toqdftk]shnm ne rohm]k lnmr* R-* R]mrnl* B- 1..3( Hmhsh]k dwodqhdmbdr vhsg ldchbhm]k dw,
b]mm]ahmnhc,0,qdbdosnqr enkknvhmf mdqud hmitqx dmg]mbdr sgd de, sq]bsr ne b]mm]ahr enq bgqnmhb o]hm9 qdrtksr eqnl 23 ZM ne 0Z rstchdr-
edbsr ne Vhm 44*101,1 nm mdtqno]sghb o]hm adg]uhnqr hm q]sr- LUgm* 8mUdrsZdrgU* 37* 33.,341-
0/3* 164,172- U001[ Mnxdr* P- Iq-* A]q]l* C-@- 0863( B]mm]ahr ]m]kfdrh]- Bnloq-
U80[ Knody,Pncqhftdy* J-K-* Qhrn* @-* Nqsdf],?tshdqqdy* R-* K]rsqdr, LrvbZgUspv* 03* 420,424-
Adbjdq* H-* ?nmy]kdy* R-* Edqm]mcdy,Pthy* I-I-* P]lnr* I-@- 1..0( U002[ Mnxdr* P- Iq-* Aqtmj* R-E-* @udqx* C-F-* B]msdq* @- 0864( Sgd
Cdrhfm* rxmsgdrhr ]mc ahnknfhb]k du]kt]shnm ne mnudk ]q]bghcnmhb ]m]kfdrhb oqnodqshdr ne cdks],8,sdsq]gxcqnb]mm]ahmnk ]mc bncdhmd-
]bhc cdqhu]shudr ]r ghfgkx onsdms ]mc rdkdbshud dmcnb]mm]ahmnhc Ajgm- LZUplUbnj- PZdp-* 04* 73,78-
sq]mronqsdq hmghahsnqr- I- Jdc- AZdl-* ,,* 34.4,34.7- U003[ Mnxdr* P- Iq-* Aqtmj* R-E-* A]q]l* C-@-* B]msdq* @- 0864( @m]kfd,
U81[ Ktn* B-* Gtl]lnsn* D-* Etqtd* F-* Bgdm* I-* Xnrghltq]* J- 1..1( rhb deedbs ne cdks],8 sdsq]gxcqnb]mm]ahmnk- I- Ajgm- LZUplUbnj-* 03*
@m]mc]lhcd hmghahsr dwbhs]snqx sq]mrlhrrhnm sn q]s rtars]msh] fd, 028,032-
k]shmnr] mdtqnmdr hm ] l]mmdq cheedqdms eqnl sg]s ne b]or]hbhm- U004[ Ngmn,Rgnr]jt* S-* J]dihl]* S-* G]mn* J- 1..0( Dmcnfdmntr
Mdtpnrbg- Gdss-* 210* 06,1.- b]mm]ahmnhcr ldch]sd qdsqnfq]cd rhfm]kr eqnl cdonk]qhydc onrsrxm,
U82[ J]mmhmf* A-F-* J]qshm* V-I-* Jdmf* H-C- 1..2( Sgd qncdms ]oshb mdtqnmr sn oqdrxm]oshb sdqlhm]kr- Mdtpnm* 17* 618,627-
]lxfc]k] bnmsqhatsdr sn sgd oqnctbshnm ne b]mm]ahmnhc,hmctbdc ]m, U005[ Odqsvdd* P-?- 1..0( B]mm]ahmnhc qdbdosnqr ]mc o]hm- Lpnf- Mdt,
shmnbhbdoshnm- Mdtpnrbgdmbd* 01/* 0046,006.- pnagnj-* 52* 458,500-
U83[ J]my]m]qdr* I-* Bnqbgdqn* I-* Pnldqn* I-* Edqm]mcdy,Pthy* I-I-* U006[ Odqsvdd* P-?- 1..1( B]mm]ahmnhcr ]mc ltkshokd rbkdqnrhr- LZUp,
P]lnr* I-@-* Etdmsdr* I-@- 0888( Og]ql]bnknfhb]k ]mc ahnbgdlh, lUbnj- PZdp-* 73* 054,063-
b]k hmsdq]bshnmr adsvddm nohnhcr ]mc b]mm]ahmnhcr- Ppdmcr LZUp, U007[ Ohnldkkh* C-* Adksq]ln* J-* ?hteeqhc]* @-* Rsdkk]* M- 0887( Dm,
lUbnj- Rbg-* 1/* 176,183- cnfdmntr b]mm]ahmnhc rhfm]khmf- Mdtpnagnj- Bgr-* 3* 351,362-
U84[ J]n* I-* Oqhbd* C-C-* Kt* I-* Gdmhrsnm* K-* J]xdq* C-I- 1...( Svn U008[ Ohnldkkh* C-* Adksq]ln* J-* ?k]rm]oo* R-* Khm* R-X-* ?ntsnontknr*
chrshmbshud ]mshmnbhbdoshud rxrsdlr hm q]sr vhsg o]sgnknfhb]k o]hm- @-* Whd* W-L-* J]jqhx]mmhr* @- 0888( Rsqtbstq]k cdsdqlhm]msr enq
Mdtpnrbg- Gdss-* 14/* 02,05- qdbnfmhshnm ]mc sq]mrknb]shnm ax sgd ]m]mc]lhcd sq]mronqsdq- Lpnb-
U85[ J]qshm* A-P- 0874( Rsqtbstq]k qdpthqdldmsr enq b]mm]ahmnhc, MUsj- 8bUc- Rbg- SR8* 75* 47.1,47.6-
hmctbdc ]mshmnbhbdoshud ]bshuhsx hm lhbd- Gged Rbg-* 25* 0412,042.- U01.[ Onqsdq* @-B-* Edkcdq* B-B- 1..0( Sgd dmcnb]mm]ahmnhc mdquntr
U86[ J]qshm* A-P-* Khbgsl]m* @-F- 0887( B]mm]ahmnhc sq]mrlhrrhnm ]mc rxrsdl* tmhptd noonqstmhshdr enq sgdq]odtshb hmsdqudmshnm- LZUplU,
o]hm odqbdoshnm- Mdtpnagnj- Bgr-* 3* 336,350- bnj- PZdp-* 7/* 34,5.-
U87[ J]qshm* V-I-* Bneehm* O-N-* @ssh]r* D-* A]khmrjx* J-* Srnt* G-* U010[ Onqsdq* @-B-* R]tdq* I-J-* Gmhdql]m* J-C-* Adbjdq* ?-V-* Adqm]*
V]kjdq* I-J- 0888( @m]snlhb]k a]rhr enq b]mm]ahmnhc,hmctbdc ]m, J-I-* A]n* I-* Mnlhjnr* ?-?-* B]qsdq* O-* Axl]rsdq* E-O-* Kddrd*
shmnbhbdoshnm ]r qdud]kdc ax hmsq]bdqdaq]k lhbqnhmidbshnmr- ´pUgm @-A-* Edkcdq* B-B- 1..1( Bg]q]bsdqhy]shnm ne ] mnudk dmcnb]m,
Odr-* 411* 126,131- m]ahmnhc* uhqncg]lhmd* vhsg ]ms]fnmhrs ]bshuhsx ]s sgd BA0 qdbdo,
U88[ J]qshm* V-I-* Fngl]mm* @-?-* V]kjdq* I-J- 0885( Rtooqdrrhnm ne snq- I- LZUplUbnj Dko- PZdp-* 2/0* 0.1.,0.13-
mnwhntr rshltktr,dunjdc ]bshuhsx hm sgd udmsq]k onrsdqnk]sdq]k mt, U011[ Oqhbd* S-I-* Fdkdrhb* ?-* O]qfgh* C-* F]qfqd]udr* G-J-* Eknqdr* B-J-
bkdtr ne sgd sg]k]ltr ax ] b]mm]ahmnhc ]fnmhrs* bnqqdk]shnm ad, 1..2( Sgd mdtqnm]k chrsqhatshnm ne b]mm]ahmnhc qdbdosnq sxod 0 hm
svddm dkdbsqnogxrhnknfhb]k ]mc ]mshmnbhbdoshud deedbsr- I- Mdtpn, sgd sqhfdlhm]k f]mfkhnm ne sgd q]s- Mdtpnrbgdmbd* 01/* 044,051-
rbg-* 05* 55.0,5500- U012[ Oqxbd* ?-* @gldc* Y-* F]mjdx* C-I-* I]bjrnm* R-I-* Bqnwenqc* I-K-*
U0..[ J]srtc]* K-@-* Knk]hs* R-I-* Aqnvmrsdhm* J-I-* Xntmf* @-B-* Anm, Onbnbj* I-J-* Kdcdms* B-* Odsynkc* @-* Sgnlornm* @-I-* ?hnu]m,
mdq* S-H- 088.( Rsqtbstqd ne ] b]mm]ahmnhc qdbdosnq ]mc etmbshnm]k mnmh* ?-* Btymdq* J-K-* A]jdq* C- 1..2( B]mm]ahmnhcr hmghahs mdt,
dwoqdrrhnm ne sgd bknmdc bCM@- MUstpd* 2,5* 450,453- qncdfdmdq]shnm hm lncdkr ne ltkshokd rbkdqnrhr- ´pUgm* 015* 1080,
11.1-
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ITALO COELHO DE ALENCAR e TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DO CEARA, protocolado em 15/12/2020 às 22:02 , sob o número 02730624920208060001.
fls. 321

135 4tppcmr CctpnogNplNanhneu 1//5 Tnhy , Cny . INmsNmNpci cr Nhy

U013[ Oqydvknbjh* P-* Oqydvknbj]* A- 1..0( Nohnhcr hm bgqnmhb o]hm- bdoshnm hm mnm,]qsgqhshb ]mc ]qsgqhshb q]sr- LZUplUbnj- ´gnbZdl- ´d,
Dtp- I- LZUplUbnj-* ,17* 68,80- ZUu-* 5/* 072,080-
U014[ Otfg* ?- Iq-* Rlhsg* O-A-* Cnlaqnvrjh* C-R-* Vdkbg* R-O- 0885( U037[ Rlhsg* O-A-* J]qshm* A-P- 0881( Rohm]k ldbg]mhrlr ne cdks] 8,
Sgd qnkd ne dmcnfdmntr nohnhcr hm dmg]mbhmf sgd ]mshmnbhbdoshnm sdsq]gxcqnb]mm]ahmnk,hmctbdc ]m]kfdrh]- ´pUgm Odr-* 364* 7,01-
oqnctbdc ax sgd bnlahm]shnm ne cdks] 8,sdsq]gxcqnb]mm]ahmnk ]mc U038[ Rlhsg* O-E- 1..3( Jdchbhm]k b]mm]ahr dwsq]bsr enq sgd sqd]sldms ne
lnqoghmd hm sgd rohm]k bnqc- I- LZUplUbnj- Dko- PZdp-* 167* 5.7, ltkshokd rbkdqnrhr- Atpp- Nogm- Hmudrsgf- Bptfr* 3* 616,62.-
505- U04.[ Rs]ptds* J-* ?]mss* B-* J]bghm* C- 0867( Deedbs ne ] mhsqnfdm
U015[ Otfg* ?-* @annc* J-D-* Vdkbg* R-O- 0884( @mshrdmrd nkhfncd, ]m]knf ne sdsq]gxcqnb]mm]ahmnk nm b]mbdq o]hm- Ajgm- LZUplUbnj-

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0273062-49.2020.8.06.0001 e código 7E643F3.
nwxmtbkdnshcdr sn sgd j,0 qdbdosnq aknbj sgd ]mshmnbhbdoshud deedbsr PZdp-* 12* 286,3.0-
ne C8,SFB hm sgd rohm]k bnqc- ´pUgm Odr-* 547* 046,047- U040[ Rsdkk]* M-* Rbgvdhsydq* O-* Ohnldkkh* C-@- 0886( @ rdbnmc dmcnfd,
U016[ P]caqtbg* K-* Dkrmdq* E- 1..4( Dldqfhmf ]m]kfdrhbr hm b]mbdq o]hm mntr b]mm]ahmnhc sg]s lnctk]sdr knmf,sdql onsdmsh]shnm- MUstpd*
l]m]fdldms- Dkodps Nogm- Dldpf- Bptfr* 0/* 040,060- 244* 662,667-
U017[ P]ee]* P-A-* Rsnmd* C-I-* Fhoo* R-I- 0888( Cheedqdmsh]k bgnkdq], U041[ Rsq]mfl]m* M-J-* V]kjdq* I-J-* 0888( Sgd b]mm]ahmnhc VHM
snwhm rdmrhshuhsx ne rtoq]rohm]k ]mshmnbhbdoshnm hmctbdc ax sgd b]m, 44*101,1 hmghahsr sgd ]bshuhsx,cdodmcdms e]bhkhs]shnm ne rohm]k mnbh,
m]ahmnhc ]fnmhrsr C8,SFB* VHM 44*101,1 ]mc ]m]mc]lhcd hm bdoshud qdronmrdr- I- MdtpnoZvrgnj-* 40* 361,366-
lhbd- Mdtpnrbg- Gdss- 152* 18,21- U042[ Rvhes* V-* F]kk* V-* Sdrrnm* J- 1..0( B]mm]ahr trd ]mc cdodmc,
U018[ P]es* C-* ?qdff* I-* ?gh]* I-* F]qqhr* K- 0866( Deedbsr ne hmsq]ud, dmbd ]lnmf @trsq]kh]m ]ctksr9 qdrtksr eqnl sgd M]shnm]k Rtqudx ne
mntr sdsq]gxcqnb]mm]ahmnk nm dwodqhldms]k ]mc rtqfhb]k o]hm- Orx, Jdms]k Fd]ksg ]mc Vdkkadhmf- 8ccgbsgnm 75* 626,637-
bgnknfhb]k bnqqdk]sdr ne sgd ]m]kfdrhb qdronmrd- Ajgm- LZUplUbnj- U043[ Ry]an* A-* V]kklhbgq]sg* H-* J]sgnmh]* O-* Oeqdtmcsmdq* B- 1...(
PZdp-* 10* 15,22- B]mm]ahmnhcr hmghahs dwbhs]snqx mdtqnsq]mrlhrrhnm hm sgd rtars]msh]
U02.[ Pdhbgl]m* J-* Mdm* V-* Fnjhm* K-D- 0877( Cdks],8,sdsq]gxcqn, mhfq] o]qr qdshbtk]s]- Mdtpnrbgdmbd* 76* 78,86-
b]mm]ahmnk hmbqd]rdr ]q]bghcnmhb ]bhc kdudkr hm fthmd] ohf bdqdaq]k U044[ S]j]mn* X-* X]jrg* S-K- 0881( Bg]q]bsdqhy]shnm ne sgd og]ql]bnk,
bnqsdw rkhbdr- Jnj- LZUplUbnj-* 2,* 712,717- nfx ne hmsq]sgdb]kkx ]clhmhrsdqdc ]kog],1 ]fnmhrsr ]mc ]ms]fnmhrsr
U020[ Phbd* @-R-* E]qptg]q,Rlhsg* V-O-* M]fx* H- 1..1( Dmcnb]mm]ah, hm q]sr- I- LZUplUbnj- Dko- PZdp-* 150* 653,661-
mnhcr ]mc o]hm9 rohm]k ]mc odqhogdq]k ]m]kfdrh] hm hmek]ll]shnm U045[ Sinkrdm* @-* Fnkd* G- 0886( @mhl]k lncdkr ne ]m]kfdrh] Hm9 Chbj,
]mc mdtqno]sgx- LpnrsUfjUmcgmr Gdthns- Drrdms- EUssv 8bgcr 55* dmrnm* K-* Adrrhmf* I- Dcr* Sgd Og]ql]bnknfx ne O]hm- Fdhcdkadqf*
132,145- Roqhmfdq- oo- 0,1.-
U021[ Phbg]qcrnm* I-C-* @]mnmrdm* K-* F]qfqd]udr* G-J- 0886( RP U046[ Sncc* @-I-* Rohjd* P-B- 0882( Sgd knb]khy]shnm ne bk]rrhb]k sq]mr,
030605@* ] b]mm]ahmnhc qdbdosnq ]ms]fnmhrs* oqnctbdr gxodq]kfd, lhssdqr ]mc mdtqnodoshcdr vhsghm mdtqnmr hm k]lhm]d H,HHH ne sgd
rh] hm tmsqd]sdc lhbd- Dtp- I- LZUplUbnj- 207* P2,P3- l]ll]kh]m rohm]k cnqr]k gnqm- Lpnf- Mdtpnagnj-* ,0* 5.8,534-
U022[ Phbg]qcrnm* I-C-* @]mnmrdm* K-* F]qfqd]udr* G-J- 0887( @msh, U047[ Sq]ldq* J-P-* B]qqnkk* C-* B]loadkk* E-@-* Pdxmnkcr* C-I-* Jnnqd*
gxodq]kfdrhb deedbsr ne rohm]k b]mm]ahmnhcr- Dtp- I- LZUplUbnj-* P-@-* JbLt]x* F-I- 1..0( B]mm]ahmnhcr enq bnmsqnk ne bgdln,
2,3* 034,042- sgdq]ox hmctbdc m]trd] ]mc unlhshmf9 pt]mshs]shud rxrsdl]shb qd,
U023[ Phbg]qcrnm* I-C-* Ghkn* R-* F]qfqd]udr* G-J- 0887( B]mm]ahmnhcr uhdv- ´JI* 212* 05,10-
qdctbdr gxodq]kfdrh] ]mc hmek]ll]shnm ugU hmsdq]bshnm vhsg odqhog, U048[ Srnt* G-* Aqnvm* J-B-* R]mtcn,Odm]* J-B-* J]bjhd* G-* V]kjdq*
dq]k BA0 qdbdosnqr- LUgm* 63* 000,008- I-J- 0887( Hlltmnghrsnbgdlhb]k chrsqtatshnm ne b]mm]ahmnhc
U024[ Pnarnm* O- 1..0( Sgdq]odtshb ]rodbsr ne b]mm]ahr ]mc b]mm]ah, BA0 qdbdosnqr hm sgd q]s bdmsq]k mdquntr rxrsdl- Mdtpnrbgdmbd* 42*
mnhcr- ´p- I- LrvbZgUspv* 064* 0.6,004- 282,300-
U025[ Pnrdmadqf* J-E-* @msgnmx* I-B- 1..0( D]qkx bkhmhb]k l]mhedrs], U05.[ Q]kdmy]mn* G-I-* S]edrrdl* K-* Kdd* ?-* F]qqhrnm* I-D-* Antkdsl
shnmr ne b]mm]ahr cdodmcdmbd hm ] bnlltmhsx r]lokd- Bptf 8jbn, I-J-* ?nssrg]kkl* R-K-* J]qj* K-* Od]qrnm* J-R-* Jhkkdq* V-* Rg]m*
Znj Bdodmc- 5,* 012,020- R-* P]a]ch* K-* Pnsrgsdxm* X-* Bg]eedql* R-J-* Stqbghml* O-H-* Dk,
U026[ Ptrrn* D- 0887( B]mm]ahr enq lhfq]hmd sqd]sldms9 sgd nmbd ]mc rdlnqd* C-@-* Snsg* J-* Gndsymdql* K-* Vghsdrhcd* ?-S- 1..4(
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U027[ Ptrrn* D-A- 1..3( Bkhmhb]k dmcnb]mm]ahmnhc cdehbhdmbx BDBC(9 m]ahmnhc qdbdosnq 1 ]fnmhrs* ?V3.4722* tshkhyhmf qncdms lncdkr ne
b]m sghr bnmbdos dwok]hm sgdq]odtshb admdehsr ne b]mm]ahr hm lh, ]btsd ]mc bgqnmhb o]hm* ]mwhdsx* ]s]wh] ]mc b]s]kdorx- MdtpnoZUp,
fq]hmd* ehaqnlx]kfh]* hqqhs]akd anvdk rxmcqnld ]mc nsgdq sqd]s, lUbnjnfv* ,4* 547,561-
ldms,qdrhrs]ms bnmchshnmr= Mdtpn Dmcnbpgmnj- Gdss-* 13* 20,28- U050[ Q]mdx* B-* Fdhmydk,?tsdmaqtmmdq* J-* Inahm* O-* Srbgnoo* E-* ?]s,
U028[ R]mtcn,Odm]* J-B-* Pnldqn* I-* Rd]kd* ?-D-* Edqm]mcdy,Pthy* I-I-* skdm* A-* F]fdm* T-* Rbgmdkkd* J-* Pdhe* J- 1..3( Deehb]bx* r]edsx
V]kjdq* I-J- 1...( @bshu]shnm]k qnkd ne b]mm]ahmnhcr nm lnud, ]mc snkdq]ahkhsx ne ]m nq]kkx ]clhmhrsdqdc b]mm]ahr dwsq]bs hm sgd
ldms- Dtp- I- LZUplUbnj-* 270* 158,163- sqd]sldms ne ro]rshbhsx hm o]shdmsr vhsg ltkshokd rbkdqnrhr9 ] q]m,
U03.[ R]mtcn,Odm]* J-B-* Rsq]mfl]m* M-J-* J]bjhd* G-* V]kjdq* I-J-* cnlhydc* cntakd,akhmc* ok]bdan,bnmsqnkkdc* bqnrrnudq rstcx- Jtjs-
Srnt* G- 0888( BA0 qdbdosnq knb]khy]shnm hm q]s rohm]k bnqc ]mc Rbjdp-* 0/* 306,313-
qnnsr* cnqr]k qnns f]mfkhnm* ]mc odqhogdq]k mdqud- YZnmfftn XUn Gg U051[ Q]tfg]m* B-V-* Bnmmnq* J-* A]fkdx* D-D-* Bgqhrshd* J-I- 1...(
Ttd ´Un* 1/* 0004,001.- @bshnmr ne b]mm]ahmnhcr nm ldlaq]md oqnodqshdr ]mc rxm]oshb
U030[ Rbgkhbjdq* D-* G]sgl]mm* J- 1..0( Jnctk]shnm ne sq]mrlhssdq sq]mrlhrrhnm hm q]s odqh]ptdctbs]k fq]x mdtqnmr gm ugspn- Jnj-
qdkd]rd ugU oqdrxm]oshb b]mm]ahmnhc qdbdosnqr- Ppdmcr LZUplUbnj- LZUplUbnj-* 36* 177,184-
Rbg-* 11* 454,461- U052[ Q]tfg]m* B-V-* Jb?qdfnq* H-R-* Bgqhrshd* J-I- 0888( B]mm]ahmnhc
U031[ Rbnss* C-@-* Vqhfgs* B-D-* @mftr* I-@- 1..3( Duhcdmbd sg]s BA,0 qdbdosnq ]bshu]shnm hmghahsr ?@A@dqfhb mdtqnsq]mrlhrrhnm hm qnrsq]k
]mc BA,1 b]mm]ahmnhc qdbdosnqr ldch]sd ]mshmnbhbdoshnm hm mdtqn, udmsqnldch]k ldctkk] mdtqnmr gm ugspn- ´p- I- LZUplUbnj-* 016* 824,
o]sghb o]hm hm sgd q]s- LUgm 0/7* 013,020- 83.-
U032[ Rgdm* J-* Ohrdq* S-J-* Rdxankc* Q-R* Sg]xdq* R-@- 0885( B]mm]ah, U053[ V]cd* C-S-* J]jdk]* O-* Pnarnm* O-* Fntrd* F-* A]sdl]m* B-
mnhc qdbdosnq ]fnmhrsr hmghahs fkts]l]sdqfhb rxm]oshb sq]mrlhrrhnm 1..3( Cn b]mm]ahr,a]rdc ldchbhm]k dwsq]bsr g]ud fdmdq]k nq rod,
hm q]s ghoonb]lo]k btkstqdr- I- Mdtpnrbg-* 05* 3211,3213- bhehb deedbsr nm rxlosnlr hm ltkshokd rbkdqnrhr= @ cntakd,akhmc*
U033[ Rghqd* C-* B]qhkknm* B-* G]fg]c* J-* B]k]mcq]* A-* Phm]kch,B]qlnm]* q]mcnlhydc* ok]bdan,bnmsqnkkdc rstcx nm 05. o]shdmsr- Jtjs- Rbjdp-
J-* Kd Etq* ?-* B]ots* C-* Edqq]q]* O- 0884( @m ]lhmn,sdqlhm]k u]qh, 0/* 323,330-
]ms ne sgd bdmsq]k b]mm]ahmnhc qdbdosnq qdrtkshmf eqnl ]ksdqm]shud U054[ V]cd* C-S-* Pnarnm* O-* Fntrd* F-* J]jdk]* O-* @q]* I- 1..2( @
rokhbhmf- I- ´gnj- AZdl-* 16/* 2615,2620- oqdkhlhm]qx bnmsqnkkdc rstcx sn cdsdqlhmd vgdsgdq vgnkd,ok]ms
U034[ Rhdfkhmf* @-* Fnel]mm* F-@-* Cdmydq* C-* J]tkdq* E-* Cd Qqx* I- b]mm]ahr dwsq]bsr b]m hloqnud hmsq]bs]akd mdtqnfdmhb rxlosnlr-
1..0( B]mm]ahmnhc BA 0( qdbdosnq toqdftk]shnm hm ] q]s lncdk ne Ajgm- OdZUagj-* 06* 10,18-
bgqnmhb mdtqno]sghb o]hm- Dtp- I- LZUplUbnj-* ,03* P4,P6- U055[ V]kjdq* I-J-* Fngl]mm* ?-* J]qshm* V- I-* Rsq]mfl]m* M-J- 0888(
U035[ Rl]kk,Fnv]qc* @-K-* Rghlnc]* K-J-* @cq]* B-M-* Stqmdq* F- Sgd mdtqnahnknfx ne b]mm]ahmnhc ]m]kfdrh]- Gged Rbg-* 53* 554,562-
1..4( @msh,hmek]ll]snqx onsdmsh]k ne BA0,ldch]sdc b@JO dkdu], U056[ V]kjdq* I-J-* Ft]mf* R-J-* Rsq]mfl]m* M-J-* Srnt* G-* R]mtcn,
shnm hm l]rs bdkkr- ´gnbZdl- I-* 244 os 1(* 354,62- Odm]* J-B- 0888( O]hm lnctk]shnm ax qdkd]rd ne sgd dmcnfdmntr
U036[ Rlhsg* E-K-* Etihlnqh* G-* Knvd* I-* Vdkbg* R-O-* 0887( Bg]q]b, b]mm]ahmnhc ]m]mc]lhcd- Lpnb- MUsj- 8bUc- Rbg- SR8* 75* 01087,
sdqhy]shnm ne C8,sdsq]gxcqnb]mm]ahmnk ]mc ]m]mc]lhcd ]mshmnbh, 011.2-
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ITALO COELHO DE ALENCAR e TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DO CEARA, protocolado em 15/12/2020 às 22:02 , sob o número 02730624920208060001.
fls. 322

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U057[ V]kjdq* I-J-* Gqdx* I-E-* Bgt* B-I-* Ft]mf* R-J- 1..1( Dmcnb]m, U064[ Vhkrnm* P-H-* Mhbnkk* P-@- 1..0( Dmcnfdmntr b]mm]ahmnhcr ldch,
m]ahmnhcr ]mc qdk]sdc e]ssx ]bhc cdqhu]shudr hm o]hm lnctk]shnm- ]sd qdsqnfq]cd rhfm]kkhmf ]s ghoonb]lo]k rxm]ordr- MUstpd ,0/*
AZdl- LZvr- Ggogcr* 010* 048,061- 477,481-
U058[ V]ksdq* K-* Rsdkk]* M- 1..3( B]mm]ahmnhcr ]mc mdtqnhmek]ll]shnm- U065[ X]jrg* S-K- 0874( Og]ql]bnknfx ne rohm]k ]cqdmdqfhb rxrsdlr
´p- I- LZUplUbnj-* 0,0* 664,674- vghbg lnctk]sd rohm]k mnbhbdoshud oqnbdrrhmf- LZUplUbnj- ´gn,
U06.[ V]qd* J-@-* Cnxkd* B-P-* Vnncr* P-* Kxmbg* J-D-* Bk]qbj* @-I- bZdl- ´dZUu-* 11* 734,747-
1..2( B]mm]ahr trd enq bgqnmhb mnm,b]mbdq o]hm9 qdrtksr ne ] oqn, U066[ Ydhcdmadqf* O-* Bk]qj* V-B-* I]eed* I-* @mcdqrnm* R-V-* Bghm* R-*
rodbshud rtqudx- LUgm* 0/1* 100,105- J]khsy* R- 0862( Deedbs ne nq]k ]clhmhrsq]shnm ne cdks],8,

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0273062-49.2020.8.06.0001 e código 7E643F3.
U060[ V]qd* J-@-* ?]lr]* @-* Odqrrnm* I-* Ehsybg]qkdr* J-@- 1..1( B]m, sdsq]gxcqnb]mm]ahmnk nm ldlnqx* roddbg* ]mc odqbdoshnm ne sgdq,
m]ahr enq bgqnmhb o]hm9 b]rd rdqhdr ]mc hlokhb]shnmr enq bkhmhbh]mr- l]k rshltk]shnm9 qdrtksr vhsg entq mnql]k gtl]m unktmsddq rta,
LUgm Odr- JUmUf-* 6* 84,88- idbsr- Oqdkhlhm]qx qdonqs- Anlo- LrvbZgUspv* 0,* 438,445-
U061[ V]srnm* R-I-* Admrnm* I-@- Iq-* Inx* I-D- 1...( J]qhit]m] ]mc U067[ Yg]mf* I-* Fneedqs* B-* Qt* F-G-* ?qnakdvrjh* S-* @gl]c* R-* NZCnm,
ldchbhmd9 ]rrdrrhmf sgd rbhdmbd a]rd9 ] rtll]qx ne sgd 0888 Hmrsh, mdkk* C- 1..2( Hmctbshnm ne BA1 qdbdosnq dwoqdrrhnm hm sgd q]s rohm]k
stsd ne Jdchbhmd qdonqs- 8pbZ- Fdm- LrvbZgUspv* 36* 436,441- bnqc ne mdtqno]sghb ats mns hmek]ll]snqx bgqnmhb o]hm lncdkr- Dtp-
U062[ Vdkbg* R-O-* Ctmknv* K-C-* O]sqhbj* ?-R-* P]yc]m* P-G- 0884( I- Mdtpnrbg-* 06* 164.,1643-
Bg]q]bsdqhr]shnm ne ]m]mc]lhcd,hmctbdc ]mshmnbhbdoshnm ]mc bqnrr, U068[ Yhlldq* @-* Yhlldq* @-J-* Fngl]mm* @-?-* Fdqjdmg]l* J-*
snkdq]mbd sn cdks] 8,SFB ]esdq hmsq]sgdb]k ]clhmhrsq]shnm sn lhbd9 Anmmdq* S-H- 0888( Hmbqd]rdc lnqs]khsx* gxon]bshuhsx* ]mc gxon]k,
aknbj]cd ne cdks] 8,SFB,hmctbdc ]mshmnbhbdoshnm- I- LZUplUbnj- fdrh] hm b]mm]ahmnhc BA0 qdbdosnq jmnbjnts lhbd- Lpnb- MUsj-
Dko- PZdp-* 162* 0124,0133- 8bUc- Rbg- SR8* 75* 467.,4674-
U063[ Vdkbg* R-O-* Rsdudmr* C-K- 0881( @mshmnbhbdoshud ]bshuhsx ne hm,
sq]sgdb]kkx ]clhmhrsdqdc b]mm]ahmnhcr ]knmd* ]mc hm bnlahm]shnm
vhsg lnqoghmd* hm lhbd- I- LZUplUbnj- Dko- PZdp- 151* 0.,07-

Pdbdhudc9 J]x .3* 1..4 Pduhrdc9 @tftrs .2* 1..4 @bbdosdc9 Rdosdladq 2.* 1..4
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ITALO COELHO DE ALENCAR e TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DO CEARA, protocolado em 15/12/2020 às 22:02 , sob o número 02730624920208060001.
fls. 323

Revista Científica UMC


Edição Especial PIBIC, outubro 2019  ISSN 2525-5250

USO DE CANABINÓIDES PARA O MANEJO DA DOR CRÔNICA

Diego Luiz Andrade Corrêa¹, Brenda Jenyffer Lima de Sousa², Ítalo Ferreira da Silva3,

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0273062-49.2020.8.06.0001 e código 7E643F4.
Larissa Evellyn Soares Silva4; Paulo Luiz de Sá Junior5; Pamela Maria Moreira Fonseca6

1. Estudante do curso de Enfermagem; e-mail: diegolacorr@gmail.com


2. Estudante do curso de Enfermagem; e-mail: brendasousa17@hotmail.com
3. Estudante do curso de Enfermagem; e-mail: italofeitoza0202@gmail.com
4. Estudante do curso de Enfermagem; e-mail: larissa.evellyne@yahoo.com.br
5. Professor da Universidade Mogi das Cruzes; e-mail: paulsaj2001@yahoo.com.br
6. Professora da Universidade Mogi das Cruzes; e-mail: pamela.enf@hotmail.com

Área do conhecimento: Enfermagem e Farmácia

Palavras-chaves: Cannabis; endocanabinóides; nocicepção, antinocicepção.

INTRODUÇÃO

A dor é considerada o quinto sinal vital, que interfere na qualidade de vida do paciente
e na sua capacidade funcional, tornando assim um problema de saúde pública. O surgimento
de doenças crônicas começam a ocorrer com o avanço da idade, podendo desencadear
quadros de dores agudas, que se caracterizam pelo surgimento de dor recente, transitória e
com a finalidade de alerta sobre uma possível doença ou injuria ao organismo, tendo uma
duração menor que 12 semanas, geralmente evoluindo para um estágio de cronificação,
sendo caracterizada após a décima segunda semana com as queixas álgicas. A “nocicepção”,
é um termo criado em 1900 por Sherrington, que foi desenvolvido a partir dos reflexos
nociceptivos e a percepção da dor. Os processos da nocicepção são caracterizados pelas
seguintes etapas: transdução (lesão ou trauma periférico que irá enviar impulsos elétricos
através dos nervos nocicepitivos), transmissão (reorganização da lesão pós-nervosa dos
aferentes nociceptivos), modulação (processamento da medula espinhal e vias especializadas
(relacionadas no cérebro que determina um quadro similar à dor)) e o ultimo que é a chega
no cérebro, a “percepção” da dor (Figura 1).

Figura 1: Mecanismo de nocicepção

A dor afeta 15% da população mundial e nos Estados Unidos afeta cerca de 30%, na
comunidade japonesa abrange 45,2%. A maior prevalência é nos idosos, com uma margem
de 48% a 83% em todo mundo. No Brasil, temos 51,44% de afetados com este sintoma,
podendo ou não estar associada a alguma outra patologia, evidenciando um problema de
saúde pública. Previamente foi evidenciada a utilização da Cannabis sativa (CS) para fins
terapêuticos em diversas culturas. A planta era utilizada no século 19 para o tratamento da
1
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ITALO COELHO DE ALENCAR e TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DO CEARA, protocolado em 15/12/2020 às 22:02 , sob o número 02730624920208060001.
fls. 324

Revista Científica UMC


Edição Especial PIBIC, outubro 2019  ISSN 2525-5250

dor, espasmos, asma, distúrbios do sono, depressão e perda de apetite, na Europa. Esta
droga acabou caindo em desuso, já que os cientistas não compreendiam na integra seu
mecanismo de ação.

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0273062-49.2020.8.06.0001 e código 7E643F4.
OBJETIVO
Apresentar a potencialidade antinociceptivo dos ativos da Cannabis sativa por meio de
uma revisão bibliográfica.

METODOLOGIA
Trata-se de um estudo de revisão bibliográfica, com caráter qualitativo com a finalidade
de elucidar o fenômeno estudado através de envolvimento e reflexão sobre os fatos,
fundamentado por meio de embasamento teórico e atualizado. Os dados foram coletados por
meio de consultas em bases de dados, como a Scientifc Eletronic Library Online (SciELO) e
PubMed (National Library of Medicine) e sites, sendo totalizado um total de 43 materiais,
sendo 2 sites e 41 artigos científicos, sendo distribuídos nas plataformas de dados. Sendo
utilizado como descritores: cannabis; THC or tetrahidrocanabinol; canabinoides and
endocanabinoides; CBD or canabidiol; dor or pain; nocicepção; antinocicepção or analgesia
ou analgesic. A partir destes descritores foi realizado o cruzamento de descritores nas bases
de dados e utilizando os critérios de inclusão.

RESULTADOS E DISCUSSÇÕES

 Sistema canabinóide e seus receptores

A anandamida e 2-AG são recrutados durante a lesão tecidual para fornecer uma primeira
resposta aos sinais nociceptivos. Assim, compreender a função dos canabinóides endógenos
ajuda a explicar a eficácia dos canabinóides exógenos, como os encontrados na planta
cannabis, no tratamento da dor. Os endocanabinóides são produzidos pelos tecidos neurais
(ou não neurais) lesionados, por meio de suas vias bioquímicas, com a finalidade de reduzir
a sensibilização e a inflamação, pela ativação de receptores canabinóides. A AEA pode seguir
como um mensageiro autócrino ou parácrino, podendo interagir com a enzima hidrolase de
amida de ácidos graxo (fatty acid amide hydrolase, FAAH), que irá hidrolisar da anandamida
em ácido araquidônico e tanolamina, ou podendo interagir com a COX-2 e se transformar em
prostamidas pro-alergênicas. Os receptores CB1 presentes em terminais aferentes pré-
sinápticos, neurônios supra espinhais eferentes e terminais de neurônios intrínsecos
certamente apresentam entre suas funções a antinocicepção a nível medular. Contudo os
receptores CB2 são menos estudados, porém efetuam um papel parecido, pelo menos na
antinocicepção. Os neurotransmissores clássicos (exemplo: GABA), seguem um processo
onde são sintetizados nos terminais pré-sinápticos e armazenados em vesículas, para
posteriormente serem liberados para a fenda sináptica após um influxo de cálcio, seguindo
por um processo de captação e degradação, para finalizarem seus efeitos. Enquanto os
canabinóides, são sintetizados (sob demanda do organismo) nos terminais pós-sinápticos
(não são armazenados) após um influxo de cálcio e a ativação da fosfolipase, convertendo
fosfolipideos em endocanabinóides e seguindo o processo identificado na figura 2. Os
endocanabinóides são liberados após sua ativação, para atuarem em um processo chamado
de neurotransmissão retrógrada. Os receptores estão localizados na membrana celular, o
aumento do cálcio dentro das células faz com que os fitocanabinoides, endocanabinóides e
canabinóides sintéticos se liguem ao centro de ação do receptor, após essa união acontece
diversas reações intracelulares, como a inibição da adenilato ciclase, abertura de canais de
potássio, diminuindo a transmissão de sinais e o fechamento dos canais de cálcio (gerando a
analgesia), que gera uma atenuação na liberação de neurotransmissores, conforme figura 2
sobre o CB1.
2
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ITALO COELHO DE ALENCAR e TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DO CEARA, protocolado em 15/12/2020 às 22:02 , sob o número 02730624920208060001.
fls. 325

Revista Científica UMC


Edição Especial PIBIC, outubro 2019  ISSN 2525-5250

Figura 2: Mecanismo de transmissão do receptor CB1

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Legenda: AC, adenilato ciclase;
AEA, anandamida; 2-AG, 2-
araquidonilglicerol; CB1,
receptor canabinoide 1; GABA,
ácido gama-aminobutírico;
MAPC, mitose ativada pela
proteína cinase; THC. Adaptado
de: ULUGÖL, 2014.

 Uso da Cannabis sativa no manejo das dores crônicas

O potencial farmacológico da Cannabis tem sido investigado atualmente, uma vez que
seus efeitos sobre a dor crônica, espasticidade (relacionada a esclerose múltipla), transtorno
de estresse pós-traumático ao câncer e epilepsia já é bem documentado. Nos Estados Unidos
já foi implantado o programa chamado “Medical Cannabis Programs” (MCPs) com foco em
dores crônicas e para pacientes que não conseguem ser tratados com fármacos
convencionais. A maconha e seus derivados possuem a capacidade de bloquear ou inibir a
transmissão dos impulsos nociceptivos em diversos níveis, por meio da ativação do CB1 a
nível cerebral e medular, além dos neurônios sensoriais periféricos (AVELLO et al., 2017). O
THC e o CBD apresentam capacidades antieméticas, analgésicas e estimulantes do apetite,
maior potencial antinociceptivo (analgésico) quando combinados, do que quando utilizado
isoladamente, sendo essa terapia, uma proposta plausível ao manejo da dor em pacientes
com dor oncológica avançada, na qual não é amenizada ao uso do opioides fortes. Segundo
ANDREAE e colaboradores (2015) a cannabis inalada proporciona efeitos benéficos a curto
prazo para o manejo da dor neuropática crônica (dano nos nervos sensoriais ou espinhais
que enviam impulsos nociceptivos imprecisos), proporcionando aos pacientes uma redução
da dor em 30%, porém no mesmo estudo não foi possível evidenciar os benefícios e riscos a
longo prazo em âmbito comunitário. Analisando que quando se elimina 90% da dor de um
paciente, ainda resta 10%, onde acaba sendo 100% de dor, ou seja, qualquer grau de dor,
ainda é uma dor. SHARON e colaboradores (2018) realizaram um estudo com 50 especialistas
em dor em Israel, 95% destes prescrevem a cannabis para o tratamento de dores crônicas,
63% responderam que a eficácia da cannabis é de moderada a alta no manejo das dores
crônicas intratável, enquanto apenas 2 (5%) responderam que a planta é significativamente
prejudicial. Ao perguntar sobre os efeitos colaterais, 56% destes afirmam que se encontra
apenas efeitos colaterais leves ou sem efeito, 81% dos entrevistados sentem que não foram
treinados para o uso da cannabis em suas especializações.

3
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ITALO COELHO DE ALENCAR e TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DO CEARA, protocolado em 15/12/2020 às 22:02 , sob o número 02730624920208060001.
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Revista Científica UMC


Edição Especial PIBIC, outubro 2019  ISSN 2525-5250

CONCLUSÃO

A dor é um efeito individual, então cada paciente terá uma experiência frente o que

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sente e nós, profissionais da saúde, não podemos menosprezar a dor do outro. Temos que
intervir na dor até que esta não exista ou não deixar o paciente senti-la. Assim entende-se
que toda dor, ainda é dor, não importando sua classificação. A utilização de canabinóides para
o tratamento das dores crônicas é evidenciado pelos estudos com sua atuação nas fibras C,
atuando no bloqueio de estímulos nociceptivos centrais e periféricos, e em outros quadros
sintomáticos. O processo antinociceptivo é mais abordado em estudos com o receptor
canabinóide tipo 1, porém acredita-se que o receptor tipo 2 empenhe funções parecidas neste
processo. O sistema canabinóide foi descoberto recentemente e já se sabe muitas de suas
funções no organismo, conclui-se que este tem um papel fundamental no alívio das dores
crônicas e quando este sistema está em falha, promove uma série de complicações ao
organismo, o que é conhecido hoje por síndrome de deficiência do sistema endocanabinóide,
também havendo a necessidade de novos estudos para sua total elucidação.

REFERÊNCIAS

BRITCH, S. C. Cannabidiol-Δ9-tetrahydrocannabinol interactions on acute pain and locomotor


activity. Drug Alcohol Depend. v. 175,p. 187-197, 2017.

CROFFORD, L. J. Chronic Pain: Where the Body Meets the Brain.Transactions of the
American Clinical and Climatological Association. v. 126, p. 167-183, 2015.

ULUGÖL, A. The Endocannabinoid System as a Potential Therapeutic Target for Pain


Modulation. Balkan Med J. v. 31, p. 115-20, 2014.

HILL KP, PALASTRO MD, JOHNSON B et al. Cannabis and pain: a clinical review, Cannabis
and Cannabinoid Research, v.2, n.1, p. 96–104, 2017.

JOHNSON, J.R.; BURNELL-NUGENT M.; LOSSIGNOL, D. et al. Multicenter, double-blind,


randomized, placebo-controlled, parallel-group study of the efficacy, safety, and tolerability of
THC:CBD extract and THC extract in patients with intractable cancer-related pain. J Pain

Symptom Manage. v. 39, n. 2, p. 167-179, 2010.

KOVIC, S. V; SREBRO, D; VUJOVIC, K. S. et al. Cannabinoids and Pain: New Insights From
Old Molecules. Front. Pharmacol. v. 9 p. 1259, 2018.

4
às 22:02 , sob o número 02730624920208060001.
SEEU - Processo: 8001496-82.2020.8.06.0001 - Assinado digitalmente por CEZAR BELMINO BARBOSA EVANGELISTA JUNIOR fls. 327
[25.1] DEFERIDO O PEDIDO - Decisão em 20/07/2020

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO CEARÁ
Comarca de Fortaleza

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3ª Vara de Execução Penal
Rua Des. Floriano Benevides, nº 220, Edson Queiroz, Fortaleza-CE - CEP 60811-690, telefone: 3216-6000

97LWM ENBFY
em 15/12/2020
Processo: 8001496-82.2020.8.06.0001
Classe Processual: Pedido de Providências

PJVMB TE25Z
Assunto Principal: Posse de Drogas para Consumo Pessoal

CEARA, protocolado
Data da Infração: Data da infração não informada
Polo Ativo(s): ESTADO DO CEARA (CPF/CNPJ: 07.954.480/0001-79)
. General Afonso Albuquerque Lima, SN - FORTALEZA/CE

- Identificador:
Polo Passivo(s): A Apurar
Terceiro(s): Ana Carla Bastos de Paula (CPF/CNPJ: 975.266.143-20)
Rua Maximo Linhares, 651 - FORTALEZA/CE - CEP: 60.822-482

JUSTICA DO ESTADO DO
DEhttp://seeu.pje.jus.br/seeu/
Vistos, etc.

Trata-se de Habeas Corpus preventivo c/c pedido liminar, impetrado pela defesa de Ana Carla Bastos de
Paula, rogando salvo-conduto para cultivo de maconha medicinal, requerendo a concessão de salvo
conduto e indicando como autoridades coatoras o Delegado Chefe da Polícia Federal no Estado do Ceará,

deste em
e TRIBUNAL
o Delegado Chefe de Polícia Civil do Estado do Ceará e o Comandante Geral da Polícia Militar do Estado
do Ceará.

Validação
O impetrante narra o seguinte:

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ITALO COELHO DE ALENCAR
“A paciente é fisioterapeuta e tem 26 anos de idade. É mãe solo de uma criança de 4 anos. Desde os seus
5 (cinco) anos, possui transtornos de humor que evoluíram para quadro ansiedade/depressão. Sua família
relata que os sintomas ficaram perceptíveis desde o nascimento de seu irmão mais novo, que nasceu com
problemas de saúde, demandando mais atenção da família, o que a levou a sentir-se abandonada. Os
sintomas, na infância, iam desde a cefaleia, irritabilidade, com reações exacerbadas a pequenos estímulos,
dificuldade de falar em público, isolamento social, angústia etc.

Este processo se agravou em sua adolescência, período em que chegou a tentar suicídio por 3 vezes. A
partir disto, a paciente e sua família optam por iniciar acompanhamento psicológico. Durante este
período, considerou que a ideação suicida havia sido superada, todavia permanecendo os sintomas
precursores. Estes sintomas, até esta data, persistem e se agravaram.

De acordo com o laudo (anexo) do Dr. Pedro Mello (CRM-PE 18781), a paciente convive com “tensão
muscular, preocupação exagerada, dificuldade de esquecer o objeto da tensão, piora da insônia, com
dificuldade para iniciar e manter o sono, agitação noturna, pesadelos recorrentes, sono não reparador,
fadiga intensa e apatia matinal. Queixa-se de dores na região do ombro direito, tornozelos, bilateral,
intermitente, de intensidade variável, desde assintomática até alcançar uma EVA 7/10 durante as crises...”

Quando tinha 26 anos, após muitos abusos de ordem física e psicológica no relacionamento, se divorciou
do pai de sua filha, ocasião em que retornou a fazer psicoterapia, sendo acompanhada até os dias atuais.
Também adotou diversas práticas alternativas para amenizar seu sofrimento, que vão de terapia Gestalt, a
às 22:02 , sob o número 02730624920208060001.
SEEU - Processo: 8001496-82.2020.8.06.0001 - Assinado digitalmente por CEZAR BELMINO BARBOSA EVANGELISTA JUNIOR fls. 328
[25.1] DEFERIDO O PEDIDO - Decisão em 20/07/2020

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
Constelação Familiar individual e em grupo desde dezembro de 2018. Pratica o método Pilates Clássico 4
a 5 vezes por semana desde 2017, meditação pelo budismo Nichiren Daishonin diariamente desde
setembro de 2019 e iniciou aulas de Aikido este ano.

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0273062-49.2020.8.06.0001 e código 7E643F5.
Começou a usar cannabis, esporadicamente, ainda com 16 ou 17 anos, sentindo desde então alívio em seu
quadro clínico, visto que acalmava o fluxo de pensamento e a fixação no problema, amenizava a insônia.
No final do ano de 2019 e início de 2020, tem passado por severas crises, devido a problemas de ordem

97LWM ENBFY
econômica e emocional, razão pela qual procurou ajuda médica.

em 15/12/2020
O Dr. Pedro Mello lhe prescreveu a medicação a base de cannabis chamada Nu Leaf CBD Oil full
spectrum. Solicitou e obteve da ANVISA autorização para importação do medicamento (doc. anexo).
Ocorre que, justamente por estar passando por dificuldades financeiras e não poder esperar, chegou a ter

PJVMB TE25Z
que comprar maconha do tráfico, que, além de financiar uma prática ilícita, a qual não concorda, ainda se

CEARA, protocolado
expõe à violência deste comércio, o que lhe causa ainda mais estresse. Ademais, a baixa qualidade da
mercadoria ilícita também prejudica sua saúde, chegando a deixa-la mais ansiosa. Para conseguir manter
seu tratamento e por não ter como arcar com a importação da medicação e para não comprar cannabis do
tráfico de drogas, iniciou em janeiro o cultivo caseiro de cannabis em sua residência. A clandestinidade

- Identificador:
do cultivo tem gerado apreensão tanto na paciente quanto em seus pais. Todavia, em legítima defesa do
direito fundamental à sua saúde, continua a cultivar o único remédio que tem realizado naquele seio
familiar paz e dignidade humana!”

JUSTICA DO ESTADO DO
DEhttp://seeu.pje.jus.br/seeu/
Os pacientes alertam que a Resolução da Diretoria Colegiada da Anvisa (RDC) nº 156, de 05/05/2017,
publicada no DOU em 08/05/2017, a Cannabis Sativa L. foi incluída na lista das Denominações Comuns
Brasileiras como planta medicinal, sendo certo que o art. 2º, § único, da Lei nº 11.343/2006 permite que a
União autorize o “plantio, a cultura e a colheita de vegetais referidos no caput deste artigo,
exclusivamente para fins medicinais ou científicos, em local e prazo predeterminados, mediante
fiscalização”.

Entendem os pacientes que o cultivo para uso próprio é fato típico previsto no art. 28 da Lei nº

deste em
e TRIBUNAL
11.343/2006 e, o exercício do direito fundamental do primeiro paciente encontra óbice no direito penal,
arguem que a via do habeas corpus é adequada para tutelar a excludente de ilicitude, fato este que vem
sendo reconhecido de forma gradativa pelos órgãos judiciários nacionais.

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ITALO COELHO DE ALENCAR Validação
Requerem a concessão de medida liminar concernente em salvo conduto para que os agentes policiais se
abstenham de atentar contra a liberdade de locomoção dos pacientes, ficando impedidos de apreender as
plantas que constituem o tratamento medicinal, permitindo o exercício regular dos direitos à saúde e à
vida, ante a autorização legal do Ministério da Saúde para utilizar o extrato de Cannabis Sativa l. para uso
medicinal, terapêutico e individual, ficando configurados, ainda, o estado de necessidade e a legítima
defesa do direito de cuidar da saúde do primeiro paciente.

Juntaram documentação pertinente, inclusive autorização de importação pela ANVISA nº


036687-151770/2020.

É o relatório. Decido.

Preliminarmente, a Constituição Federal de 1988 elenca no seu art. 109, VII, duas hipóteses para atrair
para a Justiça Federal a competência para processar e julgar habeas corpus: o writ contenha matéria
criminal de sua competência ou “quando o constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam
diretamente sujeitos a outra jurisdição”.

In casu, a matéria criminal não é da competência da Justiça Federal porque não demonstrado o caráter
transnacional da conduta e, como se trata, segundo narrativa feita na exordial, de eventual crime sujeito à
competência da Justiça Comum, o suposto constrangimento ilegal a ser praticado por autoridade federal
estaria sujeito a jurisdição diversa da Federal.

Na espécie e atentando para a causa de pedir exposta pelos pacientes, trata-se de cultivo doméstico com
finalidade terapêutica e para uso próprio, afastando a possibilidade de que eventual ação penal tenha curso
às 22:02 , sob o número 02730624920208060001.
SEEU - Processo: 8001496-82.2020.8.06.0001 - Assinado digitalmente por CEZAR BELMINO BARBOSA EVANGELISTA JUNIOR fls. 329
[25.1] DEFERIDO O PEDIDO - Decisão em 20/07/2020

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
perante a jurisdição federal.

No presente caso, a liminar deve ser deferida.

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0273062-49.2020.8.06.0001 e código 7E643F5.
A impetração de que se cuida possui como pauta o receio dos pacientes de sofrerem coação ou ameaça de
coação às suas liberdades individuais em razão da situação concreta narrada.

97LWM ENBFY
O remédio constitucional da ação de Habeas Corpus tem, portanto, o escopo de garantir a consecução do
direito fundamental à saúde, à vida digna e à liberdade.

em 15/12/2020
Para análise da súplica liminar, parto, inicialmente, do pressuposto argumentativo de que diversos
tribunais do país vêm concedendo ordens de habeas corpus a pacientes que buscam a tutela jurisdicional

PJVMB TE25Z
no escopo de cultivar, para fins mediciais, a planta Cannabis Sativa L., a fim de extrair as substâncias que

CEARA, protocolado
comprovadamente fazem efeito no tratamento de diversas enfermidades.

Saliento que a documentação acostada à exordial demonstra que a paciente Ana Carla Bastos de
Paula, em função da sua condição física e de saúde, procurou diversos tratamentos médicos e terapêuticas

- Identificador:
para aliviar seus problemas de saúde.

A literatura médica e jurídica vem evoluindo com relação à utilização de medicamentos à base de

JUSTICA DO ESTADO DO
Cannabis Sativa L. para o tratamento de dores crônicas, como as apresentadas pelo primeiro paciente,

DEhttp://seeu.pje.jus.br/seeu/
correção de síndromes de atenção e convulsões por meio da atuação de dois princípios ativos contidos em
tal vegetal: tetrahidocannabidiol (THC) e cannabidiol (CBD), como se verifica da permissão para a
importação em caráter excepcional do fármaco Sativex spray oral na proporção de 25mg/ml de CBD e 27
mg/ml de THC.

Admite-se, inclusive, que a manipulação se dê por meio do plantio doméstico para a transformação do
vegetal em extratos que contenha tais princípios ativos para uso pessoal e restrito, segundo prescrições
médicas, de forma controlada.

deste em
e TRIBUNAL
É o que se vê de seguidas resoluções emanadas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa,
como se verifica do teor das RDC´s nº 3, de 26/01/2015, nº 17, de 06/05/2015, nº 66, de 18/03/2015, em

Validação
mais recentemente, a RDC nº 156, de 05/05/2017, que incluiu a Cannabis Sativa L. na lista das

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ITALO COELHO DE ALENCAR
Denominações Comuns Brasileiras na qualidade de planta medicinal.

A autorização de importação nº 036687-0515770/220, acostado no movimento nº 07.2.13, proveniente da


Anvisa, autoriza que a paciente importe excepcionalmente o produto Nuleaf Naturals CBD OIL.

Os custos para a importação, contando com a aquisição do medicamento, frete e despachos aduaneiros são
componentes preponderantes para que se tome a decisão pela aquisição de tal medicamento, não sendo,
nem de perto, razoáveis, mas, ao contrário, impeditivos.

Pode haver restrições para que a União, o Estado ou o Município forneçam, de forma gratuita, a paciente,
tal medicamento na dosagem prescrita.

Quanto à solução pelo plantio caseiro para uso individual e com finalidade terapêutica, deve-se analisar a
questão não apenas pela incidência dos tipos penais identificados na Lei de Drogas que evita o tráfico de
substâncias entorpecentes, mas, igualmente, sob a luz da Constituição Federal.

É assim que a Constituição da República Federativa do Brasil elenca como um dos seus fundamentos a
dignidade do ser humano (art. 1º, III), que não deve ser evocado de forma a contemplar toda e qualquer
situação posta à frente do intérprete constitucional, devendo ser harmonizada com outros princípios da
Carta Magna e a situação concreta posta ao julgador.

Neste passo, os direitos à saúde, à liberdade e à vida, não apenas física, mas, igualmente, de forma digna,
estão previstos na CRFB como direitos fundamentais, expressos no caput dos seus arts. 5º e 6º.
às 22:02 , sob o número 02730624920208060001.
SEEU - Processo: 8001496-82.2020.8.06.0001 - Assinado digitalmente por CEZAR BELMINO BARBOSA EVANGELISTA JUNIOR fls. 330
[25.1] DEFERIDO O PEDIDO - Decisão em 20/07/2020

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
Por sua vez, a mesma Constituição prevê que a lei considerará como “crimes inafiançáveis e insuscetíveis
de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins (...)” , constituindo
verdadeiro freio às exemplificações abertas (direito à saúde, liberdade e vida) anteriormente tratadas.

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0273062-49.2020.8.06.0001 e código 7E643F5.
Os arts. 33 e 34 da Lei nº 11.343/2006, tipifica as condutas que levam o agente a responder pelo crime de
tráfico de drogas, como se constata da redação de tais dispositivos:

97LWM ENBFY
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer,
ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou

em 15/12/2020
fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar:

PJVMB TE25Z
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e

CEARA, protocolado
quinhentos) dias-multa.

§ 1o Nas mesmas penas incorre quem:

- Identificador:
I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expõe à venda, oferece, fornece, tem em
depósito, transporta, traz consigo ou guarda, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo
com determinação legal ou regulamentar, matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à

JUSTICA DO ESTADO DO
preparação de drogas;

DEhttp://seeu.pje.jus.br/seeu/
II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar, de plantas que se constituam em matéria-prima para a preparação de drogas;

III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a propriedade, posse, administração, guarda ou
vigilância, ou consente que outrem dele se utilize, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em
desacordo com determinação legal ou regulamentar, para o tráfico ilícito de drogas.

deste em
e TRIBUNAL
§ 2o Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de droga: (Vide ADI nº 4.274)

Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de 100 (cem) a 300 (trezentos) dias-multa.

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ITALO COELHO DE ALENCAR Validação
§ 3o Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu relacionamento, para juntos
a consumirem:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.500 (mil e
quinhentos) dias-multa, sem prejuízo das penas previstas no art. 28.

§ 4o Nos delitos definidos no caput e no § 1o deste artigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto a
dois terços, vedada a conversão em penas restritivas de direitos, desde que o agente seja primário, de bons
antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem integre organização criminosa.

Art. 34. Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, oferecer, vender, distribuir, entregar a qualquer título,
possuir, guardar ou fornecer, ainda que gratuitamente, maquinário, aparelho, instrumento ou qualquer
objeto destinado à fabricação, preparação, produção ou transformação de drogas, sem autorização ou em
desacordo com determinação legal ou regulamentar:

Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 1.200 (mil e duzentos) a 2.000 (dois mil)
dias-multa.

Os tipos previstos nos arts. 33 e 34, da Lei nº 11.343/2006, tratam de drogas, sendo norma penal em
branco, cuja regulamentação para identificar quais são as substâncias entorpecentes não coube ao
legislador ordinário, porém, ficou transferida para normas infralegais, como se deduz da jurisprudência do
Superior Tribunal de Justiça, in verbis:

RECURSO ESPECIAL. TRÁFICO DE DROGAS. MATERIALIDADE. SUBSTÂNCIAS


às 22:02 , sob o número 02730624920208060001.
SEEU - Processo: 8001496-82.2020.8.06.0001 - Assinado digitalmente por CEZAR BELMINO BARBOSA EVANGELISTA JUNIOR fls. 331
[25.1] DEFERIDO O PEDIDO - Decisão em 20/07/2020

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CONSTANTES DAS LISTAS E E F1 DA PORTARIA N. 344/1998 DA ANVISA. RECURSO
PROVIDO. 1. O art. 33, caput, da Lei n. 11.343/2006 apresenta-se como norma penal em branco, porque
define o crime de tráfico a partir da prática de dezoito condutas relacionadas a drogas, sem, no entanto,
trazer a definição desse elemento do tipo. 2. A definição do que sejam "drogas", capazes de caracterizar

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os delitos previstos na Lei n. 11.343/2006, advém da Portaria n. 344/1998, da Secretaria de Vigilância
Sanitária do Ministério da Saúde. 3. Os exames realizados por peritos do Instituto Geral de Perícias
concluíram que, no material apreendido e analisado, "foi constatada a presença de canabinoides,

97LWM ENBFY
característica da espécie vegetal Cannabis sativa", havendo os peritos salientado, ainda, que "a Cannabis
sativa contém canabinoides que causam dependência". 4. Irrelevante, para a comprovação da

em 15/12/2020
materialidade do delito (art. 33 da Lei n. 11.343/2006), o fato de o laudo pericial não haver revelado a
presença de tetrahidrocanabiol (THC) - um dos componentes ativos da Cannabis sativa - na substância,
porquanto constatou-se que a substância apreendida contém canabinoides, característicos da espécie

PJVMB TE25Z
vegetal Cannabis sativa, que, nos termos da conclusão do laudo pericial, causam dependência e integram

CEARA, protocolado
a Lista E da Portaria n. 344, de 12/5/1998, da Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde.
5. A materialidade do crime de tráfico de drogas também está demonstrada pelo fato de haver sido
apreendido em poder do recorrido material contendo cocaína, substância constante da Lista F1 da Portaria
n. 344, de 12/5/1998, da Anvisa. 6. Recurso especial provido para, reconhecida a materialidade do crime

- Identificador:
de tráfico de drogas, determinar o retorno dos autos ao Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do
Sul, para que prossiga no julgamento da Apelação Criminal n. 70052225380. (REsp 1444537/RS, Rel.
Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 12/04/2016, DJe 25/04/2016).

JUSTICA DO ESTADO DO
DEhttp://seeu.pje.jus.br/seeu/
O art. 28 da Lei 11.343/2006, versa sobre a tipificação do consumo pessoal de drogas:

Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal,
drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às
seguintes penas:

I - advertência sobre os efeitos das drogas;

deste em
e TRIBUNAL
II - prestação de serviços à comunidade;

III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo.

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ITALO COELHO DE ALENCAR Validação
§ 1o Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas
destinadas à preparação de pequena quantidade de substância ou produto capaz de causar dependência
física ou psíquica.

§ 2o Para determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal, o juiz atenderá à natureza e à quantidade
da substância apreendida, ao local e às condições em que se desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais
e pessoais, bem como à conduta e aos antecedentes do agente.

§ 3o As penas previstas nos incisos II e III do caput deste artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 5
(cinco) meses.

§ 4o Em caso de reincidência, as penas previstas nos incisos II e III do caput deste artigo serão aplicadas
pelo prazo máximo de 10 (dez) meses.

§ 5o A prestação de serviços à comunidade será cumprida em programas comunitários, entidades


educacionais ou assistenciais, hospitais, estabelecimentos congêneres, públicos ou privados sem fins
lucrativos, que se ocupem, preferencialmente, da prevenção do consumo ou da recuperação de usuários e
dependentes de drogas.

§ 6o Para garantia do cumprimento das medidas educativas a que se refere o caput, nos incisos I, II e III, a
que injustificadamente se recuse o agente, poderá o juiz submetê-lo, sucessivamente a:

I - admoestação verbal;
às 22:02 , sob o número 02730624920208060001.
SEEU - Processo: 8001496-82.2020.8.06.0001 - Assinado digitalmente por CEZAR BELMINO BARBOSA EVANGELISTA JUNIOR fls. 332
[25.1] DEFERIDO O PEDIDO - Decisão em 20/07/2020

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
II - multa.

§ 7o O juiz determinará ao Poder Público que coloque à disposição do infrator, gratuitamente,


estabelecimento de saúde, preferencialmente ambulatorial, para tratamento especializado.

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0273062-49.2020.8.06.0001 e código 7E643F5.
O Supremo Tribunal Federal está discutindo no julgamento do RE nº 635.659, com repercussão geral, a
constitucionalidade do artigo 28 da lei antidrogas, que fixa como crime adquirir, guardar ou portar drogas

97LWM ENBFY
para si. O debate se dá em torno da compatibilidade do art. 28 com os princípios constitucionais da
intimidade e da vida privada.

em 15/12/2020
Patente o risco para os pacientes que tenham as suas liberdades individuais ameaçadas pela prática do
cultivo de Cannabis Sativa L. com a finalidade terapêutica individual e doméstica com a finalidade de

PJVMB TE25Z
extrair do mencionado vegetal as substâncias tetrahidocannabidiol e cannabidiol (THC e CBD), ante o

CEARA, protocolado
risco de terem as suas condutas indiciadas com a prática de consumo pessoal ou, na hipótese mais grave,
de tráfico de substância entorpecente.

Nesta linha, o Código Penal trata das excludentes de ilicitude no seu art. 23: estado de necessidade,

- Identificador:
legítima defesa, estrito cumprimento do dever legal ou no exercício regular de direito.

De se anotar, igualmente, que o cultivo e manipulação de plantas das quais se possa extrair ou produzir

JUSTICA DO ESTADO DO
substâncias para fins medicinais, depende de prévia autorização, conforme se extrai do art. 31 da Lei de

DEhttp://seeu.pje.jus.br/seeu/
Drogas.

Os pacientes defendem que o cultivo doméstico para a extração de THC e CDB em proporções
necessárias às prescrições médicas do primeiro paciente está inserido nestas três hipóteses de exclusão de
ilicitude e que a atuação da segunda paciente ocorre de forma a assistir o seu companheiro na
manipulação em face das limitações físicas deste.

Há campo para se discutir pormenorizadamente cada um dos casos que excluem a ilicitude, mas, nesta

deste em
e TRIBUNAL
ocasião, deve-se tratar da existência do fumus boni juris como elemento indissociável para negar ou
conceder o salvo conduto.

Validação
Assim, nas condutas narradas no habeas corpus para a terapêutica exclusiva da paciente ANA CARLA

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ITALO COELHO DE ALENCAR
BASTOS DE PAULA há a presença de elementos que indicam não apenas de que a utilização do Nuleaf
Naturals CBD OIL quando receitados por médico, afasta a ilicitude porque a Cannabis Sativa L. deixou
de constar da lista proscrita identificada como droga, como, também, que mencionado vegetal passou a ter
uso controlado pela Anvisa (RDC nº 166, de 05/05/2017) na condição de planta medicinal.

No mesmo sentido, não é demais constatar que a aquisição de Cannabis Sativa L. no mercado paralelo,
junto a traficantes, expõe o lado pernicioso do tratamento terapêutico pois além de se constituir em ato
ilícito, incentiva o tráfico e as mazelas sociais enfrentadas pela sociedade em torno de tal prática, o que
evidencia, no meu entender, como possibilidade positiva o cultivo doméstico, para a finalidade de
tratamento individual com a extração dos óleos essenciais da planta medicinal (RDC nº 166/2007) a base
de THC e CDB com a utilização do extrato artesanal.

Por fim, na linha dessas considerações, e presentes os pressupostos respectivos, defiro a liminar vindicada
para que seja expedido salvo-conduto em favor de ANA CARLA BASTOS DE PAULA, determinando
que as autoridades impetradas se abstenham de proceder à prisão em flagrante dos pacientes, em razão do
cultivo doméstico da Cannabis Sativa, em endereço postado na peça inicial, para fins medicinais, ficando
também impedidas de apreender os vegetais mencionados na residência dos pacientes, até o julgamento
de mérito da presente ordem.

Determino aos pacientes a adoção de cautelas para salvaguardar o caráter da terapia individual, de forma a
impedir o acesso de terceiros ao vegetal e aos seus extratos, plantio caseiro e em proporção que indique
tal condição, extração artesanal e utilização restrita ao primeiro paciente, que não inclui o uso recreativo
da planta.
[25.1] DEFERIDO O PEDIDO - Decisão em 20/07/2020

Juiz de Direito
Fortaleza, 20 de julho de 2020.

Cézar Belmino Barbosa Evangelista Júnior


SEEU - Processo: 8001496-82.2020.8.06.0001 - Assinado digitalmente por CEZAR BELMINO BARBOSA EVANGELISTA JUNIOR

com exercício nesta Vara e, em seguida, voltem-me conclusos para julgamento. Expedientes necessários.
necessárias, no prazo de 10 (dez) dias, de posse das quais ouça-se o representante do Ministério Público
Notifiquem-se as autoridades supostamente coatoras para o préstimo das informações que reputarem
fls. 333

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ITALO COELHO DE ALENCAR Validação deste em
e TRIBUNAL DEhttp://seeu.pje.jus.br/seeu/
JUSTICA DO ESTADO DO - Identificador: PJVMB TE25Z
CEARA, protocolado 97LWM ENBFY
em 15/12/2020 às 22:02 , sob o número 02730624920208060001.
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0273062-49.2020.8.06.0001 e código 7E643F5.
ALMEIDA DE QUENTAL.
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SENTENÇA

, sob
0273062-49.2020.8.06.0001 e código 7E643F9.
MARIA
àse22:02
Processo nº: 0134514-49.2017.8.06.0001
Classe: Habeas Corpus

do Ceara
15/12/2020
Assunto: Posse de Drogas para Consumo Pessoal
Pacientes: Rodrigo Medeiros Albuquerque e outro

Estado
de Justica doem
Tribunal protocolado
Trata-se de habeas corpus preventivo com pedido de liminar impetrado em
favor dos pacientes Rodrigo Medeiros Albuquerque e sua companheira Avatar Martins

porCEARA,
2F6DBBB.
Loureiro requerendo a concessão de salvo conduto e indicando como autoridades coatoras o

ESTADO DO
o processo
Delegado Chefe da Polícia Federal no Estado do Ceará, o Delegado Chefe de Polícia Civil do

DOdigitalmente
e código
Ceará e o Comandante da Polícia Militar do Estado do Ceará.
Os impetrantes narram que o primeiro paciente sofreu um acidente que

informe
assinado
http://esaj.tjce.jus.br/esaj, informe o processo 0134514-49.2017.8.06.0001
DE JUSTICA
ocasionou a fratura da sua coluna cervical na altura da C4-C5, apresentando, desde 23 de

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é cópia do original
janeiro de 2005, quadro de tetraplegia, que veio a comprometer permanentemente o seu
sistema motor. Afirmam que já se submeteu a vários procedimentos fisioterápicos e

e TRIBUNAL
cirúrgicos, inclusive por meio de células-tronco, mas que as terapêuticas e intervenções não
lograram sucesso e o seu quadro clínico continuou a apresentar dores constantes e espasmos

Oliveira Filho,
de ALENCAR
severos, que culminaram com a utilização de vários medicamentos, mas, com o passar do
tempo, deixaram de surtir os efeitos desejados.

AssisDE
Continuam os impetrantes a narrar que além do aumento das dores, o

COELHO
primeiro paciente passou a sofrer efeitos colaterais como fadiga, depressão, apatia, náusea e
Francisco
expressiva perda de peso, bem como o aumento de escaras no corpo, vindo a prejudicá-lo não
ITALO
porpor

apenas no aspecto da sua saúde, mas, igualmente, no desempenho no trabalho. Tais sintomas
às 16:00,

tentaram ser combatidos por meio da troca e adição e mais medicamentos de uso diário,
digitalmente

dentre eles Pristiq, Neural e Clonazepam, sem, contudo, surtir o efeito desejado.
em 14/09/2017

Os impetrantes pontuam que por volta do ano de 2013, o primeiro paciente


autosassinado

fez uso socialmente de maconha (princípio ativo: Cannabis sativa l.) e percebeu, no dia
original,

seguinte, ausência de dores e de espasmos musculares, vindo a fazer uso mais frequente de tal
donos

substância para aliviar seus padecimentos, assim como provocou o aumento do apetite e
liberado

estabilização do humor com o retorno ao trabalho e aos estudos.


é cópia

Quanto à segunda paciente, aduzem que em função da tetraplegia do seu


documentofoi
Este documento
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número 02730624920208060001.
fls. 172
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companheiro e da dificuldade para manusear a erva, é auxiliado por aquela, pois convivem em

, sob
0273062-49.2020.8.06.0001 e código 7E643F9.
união estável.

MARIA
àse22:02
Asseveram que por não corroborarem com os riscos da automedicação,

do Ceara
procuraram novamente o médico Túlio Osterne, em abril de 2016 que, ao saber da experiência

15/12/2020
com a utilização da Cannabis Sativa l., procedeu a nova alteração na medicação, o que veio a

Estado
se confirmar na sétima e última consulta com o mesmo médico anestesiologista, ocorrida em

de Justica doem
Tribunal protocolado
04/04/2017, ocasião na qual a quantidade de comprimidos prescritos foi novamente reduzida,
embora mais de um ano os medicamentos com maiores riscos de efeitos colaterais (Dormonid
e Tramal) não fizessem parte da relação de prescrições do primeiro paciente.

porCEARA,
2F6DBBB.
E que, ainda no ano de 2015, em consulta ao neurologista com especialidade

ESTADO DO
o processo
em dor, Dr. Pedro Mello, restou concluído, conjuntamente com outros médicos que

DOdigitalmente
acompanham o quadro de tetraplegia do primeiro paciente, que outros medicamentos também

e código
poderiam ser substituídos, ou até mesmo excluídos, caso fosse possível fazer uso de algum

informe
assinado
http://esaj.tjce.jus.br/esaj, informe o processo 0134514-49.2017.8.06.0001
DE JUSTICA
tipo de maconha, com percentuais de Canabinoides que suprissem a necessidade de tais

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do,


medicamentos. Na ocasião, o mencionado médico prescreveu medicamento a base de

é cópia do original
Cannabis, qual seja, Metavoltinatina spray 10ml (Sativex), composto que contém

e TRIBUNAL
canabinnoidesides com predominância do THC (Tetrahidrocanabinnol). À época, a fabricação
do citado medicamento não era regulamentada pela Anvisa, mas, tal fármaco foi incluído

Oliveira Filho,
de ALENCAR
posteriormente na lista A3 da Portaria SVS/MS nº 344/98.
A partir de então, o primeiro paciente começou a pesquisar a forma de

AssisDE
adquirir o medicamento Metavyl 10mg, mas descobriu que o custo é alto e não possui

COELHO
condições financeiras para importá-lo, eis que o valor do Sativex em caixas de 3 frascos é de
Francisco
aproximadamente setecentos dólares americano, além de ser obrigado a custear o frete em
ITALO
porpor

torno de 300 dólares americano e custo com despachante aduaneiro estimado em 350 dólares
às 16:00,

americano, sendo necessária a aquisição de até 30 frascos por ano, o que elevaria o seu custo
digitalmente

anual para o montante de R$ 25.080,00.


em 14/09/2017

Em relação ao mérito, argumentam os impetrantes que o uso e a


autosassinado

comercialização de Cannabis, além de outras condutas, é tipificada como crime pela Lei nº
11.343/2006 e o seu suprimento das substâncias THC (tetrahidrocannabinol) e CBD
original,
donos

(cannabidiol), encontrados na maconha, para uso individual e terapêutico, são feitos no


liberado

mercado paralelo, o que vem a expor os pacientes a riscos diversos: abordagens policiais,
é cópia

controle sobre a qualidade e procedência genética, venda ilegal e adição de produtos químicos
documentofoi
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fls. 173
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como amônia para conservação, caracterizando risco ao quadro clínico. Estas circunstâncias

, sob
0273062-49.2020.8.06.0001 e código 7E643F9.
levou o primeiro paciente a realizar estudos e pesquisas sobre o plantio de Cannabis, isto por

MARIA
àse22:02
não coadunar com práticas ilegais, vindo a se surpreender com relatos de várias pessoas que

do Ceara
fazem uso da maconha medicinal e apresentam melhoras substanciais nos seus quadros.

15/12/2020
Assim, narram que o primeiro paciente decidiu cultivar a planta em sua

Estado
residência com o auxílio de sua companheira (segunda paciente), passando a evidenciar

de Justica doem
Tribunal protocolado
clinicamente melhoras na sua saúde e qualidade de vida em face do uso medicinal do extrato
da Cannabis Sativa l. produzida artesanalmente, tal como comprovam os laudos médicos
anexos.

porCEARA,
2F6DBBB.
Expõem que em decorrência de não haver outra forma de aliviar as suas

ESTADO DO
o processo
dores os pacientes correm grave risco às suas liberdades e à saúde, por se enquadrarem, em

DOdigitalmente
tese, nas condutas típicas elencadas na Lei de Drogas, sendo necessária a concessão do salvo

e código
conduto para a proteção de direitos fundamentais previstos na Constituição Federal/88: vida,

informe
assinado
http://esaj.tjce.jus.br/esaj, informe o processo 0134514-49.2017.8.06.0001
DE JUSTICA
liberdade, saúde e dignidade da pessoa humana, em face do estado de necessidade

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do,


comprovado.

é cópia do original
Reportam que o cultivo doméstico e terapêutico próprio dos pacientes não

e TRIBUNAL
ofende a saúde pública, mas, contrariamente, traz dignidade e bem estar ao primeiro paciente,
não onerando os órgão públicos, embora a Resolução RDC nº 3, de 26/01/2015, da Anvisa,

Oliveira Filho,
de ALENCAR
retirou o cannabidiol da lista de substâncias proscritas e a colocou em uma lista de
medicamentos extremamente controlada. Em seguida, a RDC nº 17, de 06/05/2015, também

AssisDE
da Anvisa flexibilizou o leque de prescrições e permitiu a importação de canabinoides em

COELHO
forma de extrato vegetal, desde que possuam níveis de CBD menor que THC, exigindo, para
Francisco
tanto, que o produto tenha registro no seu país de origem. Já a RDC nº 66, de 18/03/2016,
ITALO
porpor

ampliou o uso do THC, permitindo a importação de Cannabis Sp. na forma in natura, para
às 16:00,

finalidades terapêuticas.
digitalmente

Os impetrantes alertam que a Resolução da Diretoria Colegiada da Anvisa


em 14/09/2017

(RDC) nº 156, de 05/05/2017, publicada no DOU em 08/05/2017, a Cannabis Sativa L. foi


autosassinado

incluída na lista das Denominações Comuns Brasileiras como planta medicinal, sendo certo
que o art. 2º, § único, da Lei nº 11.343/2006, permite que a União autorize o “plantio, a
original,
donos

cultura e a colheita de vegetais referidos no caput deste artigo, exclusivamente para fins
liberado

medicinais ou científicos, em local e prazo predeterminados, mediante fiscalização”.


é cópia

Entendem os impetrantes que o cultivo para uso próprio é fato típico


documentofoi
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número 02730624920208060001.
fls. 174
337

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previsto no art. 28 da Lei de Drogas e o exercício do direito fundamental do primeiro paciente

, sob
0273062-49.2020.8.06.0001 e código 7E643F9.
encontra óbice no direito penal, arguem que a via do habeas corpus é adequada para tutelar a

MARIA
àse22:02
excludente de ilicitude, fato este que vem sendo reconhecido de forma gradativa pelos órgãos

do Ceara
judiciários nacionais.

15/12/2020
Requerem, alfim, a concessão de medida liminar concernente em salvo

Estado
conduto para que os agentes policiais se abstenham de atentar contra a liberdade de

de Justica doem
Tribunal protocolado
locomoção dos pacientes, ficando impedidos de apreender as plantas que constituem o
tratamento medicinal, permitindo o exercício regular dos direitos à saúde e à vida, ante a
autorização legal do Ministério da Saúde para utilizar o extrato de Cannabis Sativa l. para uso

porCEARA,
2F6DBBB.
medicinal, terapêutico e individual, ficando configurados, ainda, o estado de necessidade e a

ESTADO DO
o processo
legítima defesa do direito de cuidar da saúde do primeiro paciente.

DOdigitalmente
Juntaram documentação pertinente.

e código
Conclusos para a apreciação da medida liminar, decidi pela sua concessão,

informe
assinado
http://esaj.tjce.jus.br/esaj, informe o processo 0134514-49.2017.8.06.0001
DE JUSTICA
fazendo-o na forma da decisão de fls. 122/131.

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do,


Notificadas as autoridades indigitadas coatoras, estas prestaram

é cópia do original
informações.

e TRIBUNAL
O Delegado Chefe da Polícia Federal no Estado do Ceará asseverou que “a
decisão judicial não impacta diretamente nos trabalhos desta DRE/DRCOR/SE/PF/CE, tendo

Oliveira Filho,
de ALENCAR
em vista que não se refere à importação de sementes, limitando-se a permitir apenas o cultivo
doméstico para uso medicinal por parte do impetrante, fato que não está entre as

AssisDE
investigações desenvolvidas por esta especializada” (fls. 139/144).

COELHO
O Comandante da Polícia Militar do Estado do Ceará formulou expediente
Francisco
demonstrando que deu cumprimento ao salvo-conduto (fls. 145/149), o mesmo fazendo o
ITALO
porpor

Delegado Chefe de Polícia Civil do Ceará (fl. 150).


às 16:00,

Petição dos impetrantes juntando precedente judicial (fls. 151/152 e


digitalmente

153/155.
em 14/09/2017

O Ministério Público ofereceu parecer, no bojo do qual, expõe ser da Justiça


autosassinado

Federal a competência para processar e julgar o feito, considerando ser da Polícia Federal a
atribuição para atuar preventiva e repressivamente no combate à importação de substâncias
original,
donos

descritas no art. 33, § 1º, I, da Lei nº 11.343/2006 (sementes e lâminas especiais). No mérito,
liberado

o representante do Parquet opinou pela concessão da ordem (fls. 161/170).


é cópia

É o relatório. Decido:
documentofoi
Este documento
ALMEIDA DE QUENTAL.
número 02730624920208060001.
fls. 175
338

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Quanto à competência jurisdicional, entendo que a causa de pedir e os

, sob
0273062-49.2020.8.06.0001 e código 7E643F9.
pedidos formulados na via do habeas corpus não envolvem a concessão de salvo-conduto para

MARIA
àse22:02
a importação de sementes de canabbis sativa L ou de apetrechos para a preparação da

do Ceara
formulação apta ao uso do canabidiol e THC de maneira medicinal e para tratamento de saúde

15/12/2020
do primeiro paciente.

Estado
A Constituição Federal elenca no seu art. 109, VII, duas hipóteses para atrair

de Justica doem
Tribunal protocolado
para a Justiça Federal a competência para processar e julgar habeas corpus: o writ contenha
matéria criminal de sua competência ou “quando o constrangimento provier de autoridade
cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição”.

porCEARA,
2F6DBBB.
Na espécie e atentando para a causa de pedir exposta pelos impetrantes, trata-

ESTADO DO
o processo
se de cultivo doméstico com finalidade terapêutica e para uso próprio, afastando a

DOdigitalmente
possibilidade de eventual ação penal tenha curso perante a jurisdição federal porque não

e código
evidenciado o caráter transnacional da conduta descrita na impetração, o que afasta a

informe
assinado
http://esaj.tjce.jus.br/esaj, informe o processo 0134514-49.2017.8.06.0001
DE JUSTICA
competência da Justiça Federal porque não evidenciada a subsunção da hipótese do inciso I do

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do,


art. 109, da CF/1988 ao fato.

é cópia do original
Quanto ao mérito, a decisão concessiva do salvo-conduto é particularmente

e TRIBUNAL
exaustiva tendo analisado a situação pessoal do primeiro impetrante em relação à necessidade
do uso das substâncias THC (tetrahidrocannabinol) e CBD (cannabidiol), encontrados na

Oliveira Filho,
de ALENCAR
planta Cannabis Sativa L. para uso próprio e com caráter eminentemente medicinal.
A impetração de que se cuida possui como pauta o receio dos pacientes de

AssisDE
sofrerem coação ou ameaça de coação às suas liberdades individuais em razão da situação

COELHO
concreta narrada.
Francisco
O remédio constitucional tem, portanto, o escopo de garantir a consecução
ITALO
porpor

do direito fundamental à saúde, à vida digna e à liberdade.


às 16:00,

A instrução do remédio heróico, com a apresentação das informações e o


digitalmente

parecer do representante do Ministério Público confirmaram a tese segundo a qual diversos


em 14/09/2017

tribunais do país vêm concedendo ordens de habeas corpus a pacientes que buscam a tutela
autosassinado

jurisdicional no escopo de cultivar, para fins mediciais e uso próprio, a planta Cannabis Sativa
L., a fim de extrair as substâncias que comprovadamente fazem efeito no tratamento de
original,
donos

diversas enfermidades.
liberado

A documentação acostada à exordial demonstra que o primeiro paciente se


é cópia

tornou tetraplégico após um acidente ocorrido no ano de 2005 e que, em função da sua
documentofoi
Este documento
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fls. 176
339

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condição física e de saúde procurou diversos tratamentos médicos e terapêuticas para aliviar a

, sob
0273062-49.2020.8.06.0001 e código 7E643F9.
dor e espasmos, acarretada pelos sintomas de tal moléstia, como cirurgias para implantação de

MARIA
àse22:02
células-tronco, fisioterapias, uso de extensa medicação controlada, que veio a aumentar o

do Ceara
quadro de fadiga, depressão, apatia e náusea sem, contudo, trazer melhoras significativas.

15/12/2020
A literatura médica e jurídica vem evoluindo com relação à utilização de

Estado
medicamentos à base de Cannabis Sativa L. para o tratamento de dores crônicas, como as

de Justica doem
Tribunal protocolado
apresentadas pelo primeiro paciente, correção de síndromes de atenção e convulsões por meio
da atuação de dois princípios ativos contidos em tal vegetal: tetrahidocannabidiol (THC) e
cannabidiol (CBD), como se verifica da permissão para a importação em caráter excepcional

porCEARA,
2F6DBBB.
do fármaco Sativex spray oral na proporção de 25mg/ml de CBD e 27 mg/ml de THC.

ESTADO DO
o processo
A manipulação por meio do plantio doméstico para a transformação do

DOdigitalmente
vegetal em extratos que contenha tais princípios ativos para uso pessoal e restrito é admitida

e código
segundo prescrições médicas e de forma controlada.

informe
assinado
http://esaj.tjce.jus.br/esaj, informe o processo 0134514-49.2017.8.06.0001
DE JUSTICA
Para tanto, levo em consideração as resoluções advindas da Agência

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do,


Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa, como se verifica do teor das RDC´s nº 3, de

é cópia do original
26/01/2015, nº 17, de 06/05/2015, nº 66, de 18/03/2015, e mais recentemente, a RDC nº 156,

e TRIBUNAL
de 05/05/2017, que incluiu a Cannabis Sativa L. na lista das Denominações Comuns
Brasileiras na qualidade de planta medicinal.

Oliveira Filho,
de ALENCAR
O Ofício nº 931/2016, acostado às fls. 37/38, proveniente da Anvisa,
autoriza que o primeiro paciente importe excepcionalmente, três frascos do produto Sativex

AssisDE
Spray oral, nas dosagens já identificadas de THC e CDB, pelo período de um ano, segundo

COELHO
prescrição médica.
Francisco
Os custos para a importação, contando com a aquisição do medicamento,
ITALO
porpor

frete e despachos aduaneiros são componentes preponderantes para que se tome a decisão pela
às 16:00,

aquisição de tal medicamento, não sendo, nem de perto, razoáveis, mas, ao contrário,
digitalmente

impeditivos sem a contrapartida financeira do Estado, cujas finanças na rubrica destinada à


em 14/09/2017

saúde, estão extremamente decaídas, o que leva à compreensão da existência de restrições


autosassinado

para que a União, o Estado ou o Município forneçam, de forma gratuita, ao primeiro paciente,
tal medicamento na dosagem prescrita.
original,
donos

Quanto à solução pelo plantio caseiro para uso individual e com finalidade
liberado

terapêutica, deve-se analisar a questão não apenas pela incidência dos tipos penais
é cópia

identificados na Lei de Drogas que evita o tráfico de substâncias entorpecentes, mas,


documentofoi
Este documento
ALMEIDA DE QUENTAL.
número 02730624920208060001.
fls. 177
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Comarca de Fortaleza
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Rua Desembargador Floriano Benevides Magalhaes, nº 220, Água Fria - CEP 60811-690, Fone: 3492-8770,

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Fortaleza-CE - E-mail: forpenalt@tjce.jus.br

igualmente, sob a luz da Constituição Federal.

, sob
0273062-49.2020.8.06.0001 e código 7E643F9.
É assim que a Constituição da República Federativa do Brasil elenca como

MARIA
àse22:02
um dos seus fundamentos a dignidade da pessoa humana (art. 1º, III), que não deve ser

do Ceara
evocado de forma a contemplar toda e qualquer situação posta à frente do intérprete

15/12/2020
constitucional, devendo ser harmonizada com outros princípios da Carta Magna e a situação

Estado
concreta posta ao julgador.

de Justica doem
Tribunal protocolado
Neste passo, os direitos à saúde, à liberdade e à vida, não apenas física, mas,
igualmente, de forma digna, estão previstos na Constituição Federal/88 como direitos
fundamentais, expressos no caput dos seus arts. 5º e 6º.

porCEARA,
2F6DBBB.
A mesma Constituição prevê que a lei considerará como “crimes

ESTADO DO
o processo
inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de

DOdigitalmente
entorpecentes e drogas afins (...)” , constituindo verdadeiro freio às exemplificações abertas

e código
(direito à saúde, liberdade e vida) anteriormente tratadas.

informe
assinado
http://esaj.tjce.jus.br/esaj, informe o processo 0134514-49.2017.8.06.0001
DE JUSTICA
Os artigos 33 e 34 da Lei nº 11.343/2006, tipificam as condutas que levam o

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do,


agente a responder pelo crime de tráfico de drogas, como se constata da redação de tais

é cópia do original
dispositivos:

e TRIBUNAL
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir,
vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo,

Oliveira Filho,
guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que

de ALENCAR
gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar:
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a
1.500 (mil e quinhentos) dias-multa.

COELHOAssisDE
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem:

I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expõe à venda, Francisco
ITALO
oferece, fornece, tem em depósito, transporta, traz consigo ou guarda, ainda que
gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou
porpor

regulamentar, matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à preparação


às 16:00,

de drogas;
digitalmente

II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em desacordo com


em 14/09/2017

determinação legal ou regulamentar, de plantas que se constituam em matéria-


prima para a preparação de drogas;
autosassinado

III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a propriedade, posse,
administração, guarda ou vigilância, ou consente que outrem dele se utilize, ainda
original,

que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou


donos

regulamentar, para o tráfico ilícito de drogas.


§ 2o Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de droga: (Vide ADI nº
liberado
é cópia

4.274)
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de 100 (cem) a 300 (trezentos)
documentofoi

dias-multa.
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§ 3o Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu

, sob
0273062-49.2020.8.06.0001 e código 7E643F9.
relacionamento, para juntos a consumirem:

MARIA
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pagamento de 700 (setecentos) a

àse22:02
1.500 (mil e quinhentos) dias-multa, sem prejuízo das penas previstas no art. 28.

do Ceara
§ 4o Nos delitos definidos no caput e no § 1o deste artigo, as penas poderão ser

15/12/2020
reduzidas de um sexto a dois terços, vedada a conversão em penas restritivas de
direitos, desde que o agente seja primário, de bons antecedentes, não se

Estado
dedique às atividades criminosas nem integre organização criminosa.

de Justica doem
Tribunal protocolado
Art. 34. Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, oferecer, vender, distribuir,
entregar a qualquer título, possuir, guardar ou fornecer, ainda que gratuitamente,
maquinário, aparelho, instrumento ou qualquer objeto destinado à fabricação,
preparação, produção ou transformação de drogas, sem autorização ou em

porCEARA,
desacordo com determinação legal ou regulamentar:

2F6DBBB.
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 1.200 (mil e duzentos) a
2.000 (dois mil) dias-multa.

ESTADO DO
o processo
DOdigitalmente
e código
Os tipos previstos nos artigos 33 e 34, da Lei nº 11.343/2006 tratam de
drogas, sendo norma penal em branco, cuja regulamentação para identificar quais são as

informe
assinado
http://esaj.tjce.jus.br/esaj, informe o processo 0134514-49.2017.8.06.0001
DE JUSTICA
substâncias entorpecentes não coube ao legislador ordinário, porém, ficou transferida para

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do,


é cópia do original
normas infralegais, como mostra jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça:

e TRIBUNAL
RECURSO ESPECIAL. TRÁFICO DE DROGAS. MATERIALIDADE.
SUBSTÂNCIAS CONSTANTES DAS LISTAS “E” E “F1” DA PORTARIA N.
344/1998 DA ANVISA. RECURSO PROVIDO.
1. O art. 33, caput, da Lei n. 11.343/2006 apresenta-se como norma penal em

Oliveira Filho,
branco, porque define o crime de tráfico a partir da prática de dezoito

de ALENCAR
condutas relacionadas a drogas, sem, no entanto, trazer a definição desse elemento
do tipo.
2. A definição do que sejam "drogas", capazes de caracterizar os delitos

AssisDE
previstos na Lei n. 11.343/2006, advém da Portaria n. 344/1998, da Secretaria de

COELHO
Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde.
3. Os exames realizados por peritos do Instituto Geral de Perícias concluíram
que, no material apreendido e analisado, "foi constatada a presença de Francisco
canabinoides, característica da espécie vegetal Cannabis sativa", havendo os
ITALO

peritos salientado, ainda, que "a Cannabis sativa contém canabinoides que
porpor

causam dependência".
às 16:00,

4. Irrelevante, para a comprovação da materialidade do delito (art. 33 da Lei n.


digitalmente

11.343/2006), o fato de o laudo pericial não haver revelado a presença de


tetrahidrocanabiol (THC) - um dos componentes ativos da Cannabis sativa - na
em 14/09/2017

substância, porquanto constatou-se que a substância apreendida contém


canabinoides, característicos da espécie vegetal Cannabis sativa, que, nos termos
autosassinado

da conclusão do laudo pericial, causam dependência e integram a Lista E da


Portaria n. 344, de 12/5/1998, da Secretaria de Vigilância Sanitária do
Ministério da Saúde.
original,

5. A materialidade do crime de tráfico de drogas também está demonstrada


pelo fato de haver sido apreendido em poder do recorrido material contendo
donos

cocaína, substância constante da Lista F1 da Portaria n. 344, de 12/5/1998, da


liberado

Anvisa.
é cópia

6. Recurso especial provido para, reconhecida a materialidade do crime de


tráfico de drogas, determinar o retorno dos autos ao Tribunal de Justiça do
documentofoi
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fls. 179
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Estado do Rio Grande do Sul, para que prossiga no julgamento da Apelação


Criminal n. 70052225380. (REsp 1444537/RS, Rel. Ministro ROGERIO

, sob
0273062-49.2020.8.06.0001 e código 7E643F9.
SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 12/04/2016, DJe 25/04/2016).

MARIA
àse22:02
O art. 28, da Lei 11.343/2006 versa sobre a tipificação do consumo pessoal

do Ceara
15/12/2020
de drogas:

Estado
Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer

de Justica doem
consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com

Tribunal protocolado
determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas:

I - advertência sobre os efeitos das drogas;


II - prestação de serviços à comunidade;

porCEARA,
III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo.

2F6DBBB.
§ 1o Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo pessoal, semeia,

ESTADO DO
cultiva ou colhe plantas destinadas à preparação de pequena quantidade de

o processo
DOdigitalmente
substância ou produto capaz de causar dependência física ou psíquica.

e código
§ 2o Para determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal, o juiz atenderá à
natureza e à quantidade da substância apreendida, ao local e às condições em que

informe
assinado
se desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e pessoais, bem como à conduta e

http://esaj.tjce.jus.br/esaj, informe o processo 0134514-49.2017.8.06.0001


DE JUSTICA
aos antecedentes do agente.

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do,


é cópia do original
§ 3o As penas previstas nos incisos II e III do caput deste artigo serão aplicadas
pelo prazo máximo de 5 (cinco) meses.

e TRIBUNAL
§ 4o Em caso de reincidência, as penas previstas nos incisos II e III do caput deste
artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 10 (dez) meses.

Oliveira Filho,
§ 5o A prestação de serviços à comunidade será cumprida em programas

de ALENCAR
comunitários, entidades educacionais ou assistenciais, hospitais, estabelecimentos
congêneres, públicos ou privados sem fins lucrativos, que se ocupem,
preferencialmente, da prevenção do consumo ou da recuperação de usuários e

AssisDE
dependentes de drogas.

COELHO
§ 6o Para garantia do cumprimento das medidas educativas a que se refere o
caput, nos incisos I, II e III, a que injustificadamente se recuse o agente, poderá o Francisco
ITALO
juiz submetê-lo, sucessivamente a:
I - admoestação verbal;
porpor

II - multa.
às 16:00,
digitalmente

§ 7o O juiz determinará ao Poder Público que coloque à disposição do infrator,


gratuitamente, estabelecimento de saúde, preferencialmente ambulatorial, para
em 14/09/2017

tratamento especializado.
autosassinado

O Supremo Tribunal Federal está discutindo no julgamento do RE nº


635.659, com repercussão geral, a constitucionalidade do artigo 28 da lei antidrogas, que fixa
original,

como crime "adquirir, guardar ou portar drogas para si", cujo debate se dá em torno da
donos
liberado

compatibilidade do art. 28 com os princípios constitucionais da intimidade e da vida privada.


é cópia
documentofoi

Patente o risco para os pacientes que tenham as suas liberdades individuais


Este documento
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fls. 180
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ameaçadas pela prática do cultivo de Cannabis Sativa L. com a finalidade terapêutica

, sob
0273062-49.2020.8.06.0001 e código 7E643F9.
individual e doméstica objetivando extrair do mencionado vegetal as substâncias

MARIA
àse22:02
tetrahidocannabidiol e cannabidiol (THC e CBD), ante o risco de terem as suas condutas

do Ceara
indiciadas com a prática de consumo pessoal ou, na hipótese mais grave, de tráfico de

15/12/2020
substância entorpecente.

Estado
Nesta linha, o Código Penal trata das excludentes de ilicitude no seu art. 23:

de Justica doem
Tribunal protocolado
estado de necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento do dever legal ou no exercício
regular de direito.
De se anotar, igualmente, que o cultivo e manipulação de plantas das quais

porCEARA,
2F6DBBB.
se possa extrair ou produzir substâncias para fins medicinais, depende de prévia autorização,

ESTADO DO
o processo
conforme se extrai do art. 31 da Lei de Drogas.

DOdigitalmente
Os impetrantes defendem que o cultivo doméstico para a extração de THC e

e código
CDB em proporções necessárias às prescrições médicas do primeiro paciente está inserido

informe
assinado
http://esaj.tjce.jus.br/esaj, informe o processo 0134514-49.2017.8.06.0001
DE JUSTICA
nestas três hipóteses de exclusão de ilicitude e que a atuação da segunda paciente ocorre de

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do,


forma a assistir o seu companheiro na manipulação em face das limitações físicas deste.

é cópia do original
Nas condutas narradas no habeas corpus para a terapêutica exclusiva do

e TRIBUNAL
primeiro paciente há a presença de elementos que indicam não apenas de que a utilização do
THC e do CBD, quando receitados por médico, afasta a ilicitude porque a Cannabis Sativa L.

Oliveira Filho,
de ALENCAR
deixou de constar da lista proscrita identificada como droga, como, também, que mencionado
vegetal passou a ter uso controlado pela Anvisa (RDC nº 166, de 05/05/2017), na condição de

AssisDE
planta medicinal.

COELHO
Não é demais constatar que a aquisição de Cannabis Sativa L. no mercado
Francisco
paralelo, junto a traficantes, expõe o lado pernicioso do tratamento terapêutico, pois além de
ITALO
porpor

se constituir em ato ilícito, incentiva o tráfico e as mazelas sociais enfrentadas pela sociedade
às 16:00,

em torno de tal prática, o que evidencia hipótese positiva o cultivo doméstico, para a
digitalmente

finalidade de tratamento individual com a extração dos óleos essenciais da planta medicinal
em 14/09/2017

(RDC nº 166/2007) a base de THC e CDB com a utilização do extrato artesanal.


autosassinado

O parecer ministerial, especialmente às fls. 168 e 169 expôs a situação fático-


jurídica em torno deste habeas corpus com maestria:
original,
donos
liberado

Não há como deixar de reconhecer o sofrimento a que o paciente Rodrigo


é cópia

Medeiros Albuquerque, seus familiares e outros brasileiros estão expostos, em


decorrência dos sintomas das enfermidades de que padecem e da demora do
documentofoi
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fls. 181
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Estado em assegurar o acesso aos recursos necessários ao tratamento e efetivo


exercício do direito à saúde.

, sob
0273062-49.2020.8.06.0001 e código 7E643F9.
(…)

MARIA
No caso examinados nestes habeas corpus, as receitas médicas, os relatórios e as

àse22:02
fotografias que acompanham a petição inicial revelam a eficácia do uso medicinal
da cannabis sativa por Rodrigo Medeiros Albuquerque, sendo suficientes, portanto,

do Ceara
à cognição sumária própria da presente via.

15/12/2020
(…)
Naquela ação, foram apresentadas informações pela ANVISA, que reconheceu a

Estado
necessidade de regulamentação do cultivo doméstico da planta, para fins

de Justica doem
medicinais.
A autarquia destacou os possíveis efeitos do uso indevido da substância e

Tribunal protocolado
comunicou a existência de grupo de trabalho instituído com o objetivo de
estabelecer os critérios para autorização.
Ora, se a autoridade administrativa reconhece a necessidade de regulamentação do
cultivo doméstico e se está demonstrado nesta via de cognição sumária o progresso

porCEARA,
obtido pelo paciente Rodrigo Medeiros Albuquerque a partir do uso da substância,

2F6DBBB.
não seria razoável impedi-lo de continuar vivendo com melhor qualidade até que

ESTADO DO
editada norma regulamentadora. (…)

o processo
DOdigitalmente
A dor suportada pelo ser humano exige imediato tratamento, com os recursos
possíveis. O sofrimento de cada doente e respectivos familiares pode e deve ser

e código
atenuado com um voto de confiança e misericórdia em favor de quem suplica,
apenas, o direito de cuidar da saúde, própria ou de ente querido, utilizando de

informe
assinado
maneira responsável substância de uso controlado e de alto custo, ainda não

http://esaj.tjce.jus.br/esaj, informe o processo 0134514-49.2017.8.06.0001


DE JUSTICA
disponibilizada pelo Estado, mas que pode ser produzida no ambiente doméstico,
exclusivamente, para fins medicinais.

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do,


é cópia do original
Ex positis e em parcial harmonia com o parecer do Ministério Público,

e TRIBUNAL
concedo, no mérito, a ordem, parcialmente, autorizando que os pacientes cultivem a cannabis
sativa L.no local em que residem, exclusivamente para fins medicinais e para uso próprio do

Oliveira Filho,
de ALENCAR
primeiro paciente Rodrigo Medeiros Albuquerque, até a regulamentação final pela Anvisa,
tornando definitivo o salvo-conduto deferido quando da concessão da medida liminar, com a

AssisDE
abstenção das autoridades impetradas de proceder à prisão em flagrante dos pacientes em

COELHO
razão do cultivo doméstico da cannabis sativa L. para fins medicinais, abstenção que se
Francisco
ITALO
estende à eventual apreensão dos vegetais mencionados na residência dos pacientes.
porpor

Determino aos pacientes a adoção de cautelas para salvaguardar o caráter da


às 16:00,
digitalmente

terapia individual, de forma a impedir o acesso de terceiros ao vegetal e aos seus extratos,
plantio caseiro e em proporção que indique tal condição, extração artesanal e utilização
em 14/09/2017

restrita ao primeiro paciente, que não inclui o uso recreativo da planta.


autosassinado

Não obstante o disposto no art. 574, I, do CPP, que trata do reexame


original,

necessário de sentença concessiva de habeas corpus, o Tribunal de Justiça da Bahia já decidiu


donos

que aquela norma não foi recepcionada pela CF/88. Vejamos: Ementa: REEXAME
liberado
é cópia

NECESSÁRIO. SENTENÇA CONCESSIVA DE HABEAS CORPUS. FALTA DE INTERESSE


documentofoi

RECURSAL. RECURSO NÃO CONHECIDO. A regra inserta no art. 574, I, do Código de


Este documento
ALMEIDA DE QUENTAL.
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fls. 182
345

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Fortaleza-CE - E-mail: forpenalt@tjce.jus.br

Processo Penal, não foi recepcionada pela Constituição Federal de 1988, pois trata de

, sob
0273062-49.2020.8.06.0001 e código 7E643F9.
reexame obrigatório de sentença concessiva de habeas corpus, absolutamente despropositado

MARIA
àse22:02
diante da falta de interesse recursal do beneficiado pela ordem ou do magistrado que

do Ceara
proferiu a decisão recorrida, circunstância que impõe o não conhecimento do recurso.

15/12/2020
Encontrado em: Primeira Câmara Criminal – Primeira Turma, 06/08/2013 – Reexame

Estado
Necessário REEX TJ-BA – 00008874820088050079 – BA, data de Publicação: 06/08/2013.

de Justica doem
Tribunal protocolado
Intimem-se o representante do Ministério Público e a advogada Jordana
Almeida Sales, inscrita na OAB/CE, sob o nº 29.711.
Portanto, determino que após o trânsito em julgado sejam feitas as anotações

porCEARA,
2F6DBBB.
de estilo e arquivados os autos no sistema de automação da justiça - SAJ. Sem custas. (CF/88,

ESTADO DO
o processo
art. 5º, LXXVII).

DOdigitalmente
e código
Fortaleza/CE, 14 de setembro de 2017.

informe
assinado
http://esaj.tjce.jus.br/esaj, informe o processo 0134514-49.2017.8.06.0001
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Maria das Graças Almeida de Quental

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do,


é cópia do original
Juíza de Direito
Assinado por certificação digital1

digitalmente
em 14/09/2017
autosassinado ITALO
porpor
às 16:00, COELHO
Francisco AssisDE e TRIBUNAL
Oliveira Filho,
de ALENCAR

1
De acordo com o Art. 1o da lei 11.419/2006: "O uso de meio eletrônico na tramitação de processos judiciais, comunicação de atos e
transmissão de peças processuais será admitido nos termos desta Lei.
original,

• ˜ 2o Para o disposto nesta Lei, considera-se:


III - assinatura eletrônica as seguintes formas de identificação inequívoca do signatário:
donos

a) assinatura digital baseada em certificado digital emitido por Autoridade Certificadora credenciada, na forma de lei específica;
Art. 11. Os documentos produzidos eletronicamente e juntados aos processos eletrônicos com garantia da origem e de seu signatário, na
liberado

forma estabelecida nesta Lei, serão considerados originais para todos os efeitos legais.
é cópia

Para aferir a autenticidade do documento e das respectivas assinaturas digitais acessar o site http://esaj.tjce.jus.br. Em seguida
selecionar a opção CONFERÊNCIA DE DOCUMENTO DIGITAL e depois Conferência de Documento Digital do 1º grau.
documentofoi

Abrir a tela, colocar o nº do processo e o código do documento.


Este documento
às 11:16às. 22:02 , sob o número 02730624920208060001.
fls. 222
346

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO CEARÁ


Comarca de Fortaleza
3ª Vara de Execução Penal (SEJUD IV)
Rua Des. Floriano Benevides Magalhaes, nº 220, Edson Queiroz - CEP 60811-690, Fone: (85) 34928766,
Fortaleza-CE - E-mail: secjudexpenaisiv@tjce.jus.br

DECISÃO

7E643FA.
código3B16DAD.
Processo nº: 0152364-82.2018.8.06.0001
Classe: Habeas Corpus

0273062-49.2020.8.06.0001eecódigo
em 15/12/2020
Assunto: Posse de Drogas para Consumo Pessoal
:

processo0152364-82.2018.8.06.0001
em 13/08/2018
protocolado
Trata-se de Habeas Corpus preventivo com pedido de liminar impetrado por
THIAGO BARROSO DE OLIVEIRA CAMPOS, brasileiro, solteiro, advogado inscrito na

autos
CEARA,
OAB/CE sob o n° 28.066, e-mail thiagobocampos@gmail.com; e KAREL WILLIS RÊGO

DO nos
GUERRA, brasileiro, solteiro, advogado inscrito na OAB/CE sob o n° 31.756, e-mail

liberado
informeooprocesso
karelwrpaz@gmail.com, todos com endereço profissional na Rua Senador Pompeu, nº. 649,

DO ESTADO
Centro, Fortaleza, Ceará, CEP 60.025-000, com fundamento no inciso LXVIII do artigo 5º da

JUNIOR,
Constituição Federal, em consonância com o artigo 7º da Lei 13.146/15, bem como o artigo

http://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe
DE JUSTICA
EVANGELISTA
647 e seguintes do Código de Processo Penal, em favor da senhora CHARLOTTE RUH,

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do,


Suíça, Viúva, Aposentada, com Registro Nacional de Estrangeiro - RNE n.º W019266-P -

e TRIBUNAL
CGPI/DIREX/DPF, e no Cadastro Nacional de Pessoa Física CPF n.º 003.880.501-44, e de
seu filho THOMAS ANTHONY DEETER, brasileiro, divorciado, educador fisico, RG n.º

BARBOSA
1579508 SSP/DF, CPF n.º 666.674.371-72, ambos Residentes e Domiciliados na Rua

DE ALENCAR
Francisco T. Alcântara, n.º 257, Praia do Futuro I, CEP 60.182-360, Fortaleza/CE, Fone (85)

BELMINO
9 9980-9612, e-mail: thomascorretor@gmail.com, por seus advogados, devidamente

COELHO
constituídos conforme incluso instrumento de mandato, em face das autoridades coatoras o
Delegado-chefe da Polícia Federal de Fortaleza, Delegado-chefe de Polícia Civil do Ceará e por CEZAR
por ITALO
Comandante da Polícia Militar do Ceará, sob os seguintes argumentos:
digitalmente
digitalmente

"07. Desde o ano 2000, a Sra. Charlote foi diagnosticada com artrose em
ambos os joelhos, além de neuropatia periférica, conforme exames e relatórios em anexo. Tais
assinado
assinado

moléstias apresentam entre seus sintomas: a) o enrijecimento dos dedos dos pés (conhecido
popularmente por pé de águia - onde os dedos ficam duros durante horas); b) dores crônicas
original,
original,

constantes; c) dificuldade de locomoção, além de; d) falta de sensibilidade e dormência nos


dodo

membros inferiores.
cópia
documentoé écópia

08. Consequentemente, a paciente tinha extrema dificuldade para realizar


atividades da vida cotidiana, como dormir, caminhar, tomar banho, se levantar, empreender
Este documento
Este
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Comarca de Fortaleza
3ª Vara de Execução Penal (SEJUD IV)
Rua Des. Floriano Benevides Magalhaes, nº 220, Edson Queiroz - CEP 60811-690, Fone: (85) 34928766,
Fortaleza-CE - E-mail: secjudexpenaisiv@tjce.jus.br

tarefas domésticas, etc. Portanto, necessita de cuidados médicos e acompanhamento

7E643FA.
código3B16DAD.
constante, sendo que o seu filho, Thomas, é quem lhe presta auxílio em suas atividades
básicas/habituais desde o início do tratamento, ou seja, há mais de 15 anos.

0273062-49.2020.8.06.0001eecódigo
09. Tendo em vista os sintomas das moléstias que suporta, acima relatados, a

em 15/12/2020
Sra. Charlotte utiliza diversos medicamentos farmacológicos desde o início do tratamento, a

processo0152364-82.2018.8.06.0001
em 13/08/2018
maioria receitados pelo ortopedista que a acompanha. Tais medicamentos são: Rirvotril,

protocolado
Tandrilax, Acido hialurônico (infiltração no joelho), Profenid, Dorflex, Novalgina,
Citoneurin, Plenance, Levoxin, Vasogard, Somalgin, Neurotim, assim como o Floratil, que

autos
ingeria para minimizar os efeitos gastrointestinais pelo uso diário de mais de 15 comprimidos.

CEARA,
10. Além do tratamento farmacológico, ainda se submete a sessões semanais

DO nos
liberado
de fisioterapia (02 a 03 vezes por semana), nos termos da declaração anexa (doc. X2).

informeooprocesso
DO ESTADO
JUNIOR,
(...)

http://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe
DE JUSTICA
EVANGELISTA
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do,
12. No mais, tais medicamentos não resultaram em uma melhora significativa
do quadro da paciente.

e TRIBUNAL
13. Tendo em vista os graves efeitos colaterais que estava sofrendo e o baixo

BARBOSA
resultado do tratamento farmacológico convencional, a paciente, com o auxílio do seu filho

DE ALENCAR
Thomas, resolveu pesquisar a possibilidade de terapias alternativas. Assim, em busca de um

BELMINO
tratamento mais efetivo para a moléstia, descobriram que o uso medicinal do Canabidiol
(CBD) em casos análogos, apresentou resultados positivos significativos.

COELHO
por CEZAR
14. O Canabidiol (CBD) é um dos princípios ativos da planta Cannabis,
popularmente conhecida no Brasil como maconha e, ao mesmo tempo que possui poderosas
por ITALO

propriedades analgesicas e antiinflamatórias, não produz efeitos colaterais significativos,


digitalmente

conforme comprovado pelos artigos científicos em anexo.


digitalmente

15. Nesse sentido, cumpre frisar que há inúmeros relatos de sucesso no


assinado

tratamento de moléstias da mesma natureza com o uso de Canabidiol (CBD), em diversos


assinado

países do mundo, sendo que a comunidade científica apoia amplamente seu uso em casos
original,

análogos.
original,

16. Ao verificar a viabilidade do tratamento com o Canabidiol (CBD) e


dodo
cópia

pesquisar os profissionais que recomendavam referido tratamento, a paciente se consultou


documentoé écópia

com o especialista, Dr. Rafael Alvim Dusi, Médico Ortopedista, inscrito no CRM nº DME
Este documento
Este
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Fortaleza-CE - E-mail: secjudexpenaisiv@tjce.jus.br

21.736 DF, que atende no renomado Hospital de Base de Brasília.

7E643FA.
código3B16DAD.
17. Após analisar os exames da paciente, o supracitado profissional constatou
que o quadro de Artrose e Neuropatia da Sra. Charlotte se enquadra perfeitamente naqueles

0273062-49.2020.8.06.0001eecódigo
tratados com a cannabis medicinal - CBD. Consequentemente, em 25/10/2017, o profissional

em 15/12/2020
receitou o uso do CBD (extrato de cannabis medicinal a 16%), 02 vezes ao dia (de 12 em

processo0152364-82.2018.8.06.0001
em 13/08/2018
12h), aumentando a dose gradativamente até o alívio dos sintomas (receituário anexo).

protocolado
18. Após a prescrição médica do Canabidiol (CBD), a paciente verificou que

autos
existia a possibilidade de importação legal de medicamento que continha a referida substância

CEARA,
(CBD canabidiol), denominado comercialmente como Mevatyl® e/ou Sativex®, eis que a

DO nos
liberado
ANVISA havia registrado o mesmo por meio da sua inclusão na lista A3 da Portaria SVS/MS

informeooprocesso
DO ESTADO
nº 344/98.

JUNIOR,
19. Como tal medicamento não é fabricado no Brasil, a paciente foi verificar o

http://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe
DE JUSTICA
orçamento para importação do mesmo. Conforme a reportagem anexa, cada caixa do

EVANGELISTA
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do,
medicamento (com três frascos) custaria, em media, cerca de US$ 1.000,00 (mil dolares), que
equivalem a cerca de R$ 3.800,00 (três mil e oitocentos reais). Porém, Excelência, a paciente

e TRIBUNAL
ainda corre o risto de não receber o canabidiol enviado dos Estados Unidos, conforme noticia

BARBOSA
vinculada em 18 de julho de 2018 no jornal Estadão com a seguinte manchete Alfândega dos

DE ALENCAR
EUA barra remessas de canabidiol ao Brasil conforme pode ser verificado no link;

BELMINO
https://saude.estadao.com.br/noticias/geral,alfandega-dos-eua-barra-remessas-decanabidiol-ao-
brasil,70002405688

COELHO
por CEZAR
20. Portanto, como o uso do medicamento deve ser contínuo, a paciente
gastaria cerca de R$ 45.600,00 (quarenta e cinco mil e seiscentos reais) por ano, o que é
por ITALO

inviável, tendo em vista sua renda e os outros custos mensais que já tem de suportar para
digitalmente

tratamento das moléstias e garantir a sua subsistência.


digitalmente

21. Impossibilitada de importar o referido medicamento farmocológico em


assinado

virtude do seu alto custo, a Sra. Charlotte fez um teste com medicamentos fitoterápicos
assinado

obtidos no mercado paralelo, tendo vislumbrado uma imediata e significativa melhora no seu
original,

humor e na sua saúde.


original,

22. Assim, sem ter condições financeiras para adquirir o medicamento


dodo
cópia

necessário para o tratamento, e para não correr os riscos de comprar a substância no Mercado
documentoé écópia

paralelo, a paciente, com o auxílio do Sr. Thomas, seu filho, resolveu plantar cannabis
Este documento
Este
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medicinal para confecção do extrato caseiro, que possui o mesmo princípio ativo das drogas

7E643FA.
código3B16DAD.
acima mencionadas, o Cannabidiol (CBD).
23. Para sua surpresa, os resultados com o uso do extrato fitoterápico foram

0273062-49.2020.8.06.0001eecódigo
surpreendentes, tanto na melhora do quadro, como na diminuição dos medicamentos e,

em 15/12/2020
consequentemente, dos seus inúmeros efeitos colaterais. A partir do momento que começou a

processo0152364-82.2018.8.06.0001
em 13/08/2018
usar o óleo caseiro (CBD), a paciente deixou de usar os medicamentos Rivotril, Tandrilax,

protocolado
Acido Hialurônico (infiltração no joelho), Profenid, Dorflex, Novalgina, Citoneurin,
Plenance, Levoxin, Vasogard, Somalgin, assim como o Floratil, que ingeria para minimizar os

autos
efeitos gastrointestinais pelo uso diário dos mais de 15 (quinze) comprimidos que ingeria por

CEARA,
dia.

DO nos
liberado
24. Atualmente, ingere apenas metade da dose diária de Neurotim (diminuiu de

informeooprocesso
DO ESTADO
2400mg por dia para 1200mg diários após o uso do CBD), o que significou um ganho imenso

JUNIOR,
de saúde e, ainda, uma diminuição dos gastos com medicamentos farmacológicos.

http://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe
DE JUSTICA
25. De toda essa vasta lista, Excelência, a paciente, atualmente, apenas faz o

EVANGELISTA
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do,
uso de um medicamento farmacologico, cuja dose foi diminuída pela metade, associada ao
uso do óleo da Cannabis, sendo que os únicos efeitos colatarais do seu princípio ativo (CBD

e TRIBUNAL
Canabidiol) são o aumento do apetite e a sonolência.

BARBOSA
26. Por outro lado, a paciente experimentou as seguintes melhorias: aumento

DE ALENCAR
do apetite, maior qualidade do sono, aumento da disposição, melhora na locomoção,

BELMINO
estabilidade de humor, diminuição significativa das dores, assim como alivio nas articulações
e nos membros inferiores.

COELHO
por CEZAR
(...)
por ITALO

28. Valendo ainda frisar que o médico que acompanha o tratamento do


digitalmente

paciente, corrobora suas declarações, nos termos do relatório que será juntado aos autos em
digitalmente

momento oportuno, pois o profissional está sediado em Brasília-DF. Médico e paciente


assinado

sempre conversam sobre o seu quadro, mas como apenas pode ser emitido relatório em caso
assinado

de consulta presencial, o mesmo sera providenciado no próximo encontro.


original,

29. Assim, a Paciente, uma senhora de 83 (oitenta e três) anos, para garantir a
original,

qualidade da Cannabis in natura e não ter de comprar o óleo ou a planta no mercado paralelo,
dodo
cópia

se expondo ao risco de ser abordada por criminosos ou mesmo por policiais, adquiriu
documentoé écópia

sementes por meio de um conhecido que viajou ao exterior.


Este documento
Este
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Fortaleza-CE - E-mail: secjudexpenaisiv@tjce.jus.br

30. Após adquirir as sementes, decidiu cultivar a planta em sua residência e,

7E643FA.
código3B16DAD.
por ser uma senhora de idade avançada e possuir restrições de movimentos, contou com o
auxílio do seu filho Thomas.

0273062-49.2020.8.06.0001eecódigo
31. A Paciente ressalta, como exposto acima, que após iniciar o uso do extrato

em 15/12/2020
artesanal/caseiro de Cannabis Sativa, que possui o Canabidiol (CBD) como principal princípio

processo0152364-82.2018.8.06.0001
em 13/08/2018
ativo, o seu quadro clínico apresentou melhora significativa.

protocolado
32. Porém, como a Lei nº. 11.343/2006, apesar de prever a possibilidade de uso
de plantas das quais derivam entorpecentes para fins medicinais ou científicos; ainda

autos
criminaliza o uso, o consumo e o plantio da Cannabis Sativa, os Pacientes correm o risco de

CEARA,
ter sua prisão decretada.

DO nos
liberado
33. Portanto, pelo risco iminente à sua liberdade e à sua saúde, os Pacientes,

informeooprocesso
DO ESTADO
vêm, perante Vossa Excelência impetrar o presente Habeas Corpus preventivo."

JUNIOR,
http://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe
DE JUSTICA
Documentos cíveis diversos às p. 35/210.

EVANGELISTA
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do,
O Ministério Público apresentou parecer às p. 214.

e TRIBUNAL
BARBOSA
DE ALENCAR
O relatório.

BELMINO
Preliminarmente.

COELHO
por CEZAR
"Conforme narrado na exordial, a impetrante adquiriu sementes por meio de um
por ITALO

conhecido que viajou a um pais do exterior, no qual o cultivo e a pesquisa da cannabis são
digitalmente

legalizados. Tais sementes possuem uma qualidade superior e garantem níveis adequados de
digitalmente

CBD (Cannabidiol), sendo que o seu cultivo e manutenção são mais eficientes.
assinado
assinado

Após adquirir as sementes, a Paciente vem buscando o autocultivo da planta em sua


original,

residência. Por ser uma senhora de idade avançada e possuir restrições de movimentos, conta
original,

com o auxílio do seu filho - Thomas, que após pesquisas em sites sobre cultivo da Cannabis
dodo
cópia

Sativa, esta aprendendo técnicas para criar mudas/clones das plantas já cultivadas e reproduzir
documentoé écópia

as sementes que jã possuem, o que significa que jamais haverá a necessidade de adquirirem
Este documento
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novas sementes. (tutoriais em anexo).

7E643FA.
código3B16DAD.
Tendo exposto a forma como adquiriu as sementes e comprovado que não mais haverá

0273062-49.2020.8.06.0001eecódigo
necessidade de adquiri-las, os pacientes reiteram o pleito de deferimento da liminar, uma vez

em 15/12/2020
que presentes todos os pressupostos necessários, assim como a concessão definitiva do salvo

processo0152364-82.2018.8.06.0001
em 13/08/2018
conduto."(petição dos impetrantes, às p. 216/221).

protocolado
Da leitura do texto supra, referente a petição que consta às p. 216/221 dos autos,

autos
compreende este juízo que a matéria prima da planta cannabis sativa não é importada, mas

CEARA,
"que após pesquisas em sites sobre cultivo da Cannabis Sativa, esta aprendendo técnicas para

DO nos
liberado
criar mudas/clones das plantas já cultivadas e reproduzir as sementes que jã possuem, o que

informeooprocesso
DO ESTADO
significa que jamais haverá a necessidade de adquirirem novas sementes." Dai, em uma

JUNIOR,
primeira análise, é este juízo competente para processar e julgar o presente feito, pois a

http://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe
DE JUSTICA
matéria prima não é importada.

EVANGELISTA
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do,
Saliento, por oportuno, que a mera origem estrangeira da droga não é motivo para

e TRIBUNAL
configuração da internacionalidade do crime de tráfico.

BARBOSA
DE ALENCAR
Decido.

BELMINO
1 - "Fica permitada a importação, em caráter de excepcionalidade, por pessoa física,

COELHO
por CEZAR
para uso próprio, mediante prescrição de profissional legalmente habilitado para tratamento de
saúde, de produto industrializado tecnicamente elaborado, constante do anexo 01 desta
por ITALO

Resolução, que possua em sua formulação o Canabidiol em associação com outros


digitalmente

canabinóides, dentre eles o THC"(RDC nº 17 de 06 de maio de 2015).


digitalmente
assinado

2 - A ANVISA, conforme Portaria nº 334, de 12 de maio de 1998, cominada com a lei


assinado

nº 11.343, de 23 de agosto de 2006, proscreveu o Canabidiol da sua lista de sua drogas


original,

proibidas, quando utilizada para fins medicinais, atestando, portanto, os fins terapêuticos da
original,

Cannabis Sativa.
dodo
cópia
documentoé écópia

3 - "Como tal medicamento não é fabricado no Brasil, a paciente foi verificar o


Este documento
Este
às 11:16às. 22:02 , sob o número 02730624920208060001.
fls. 228
352

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO CEARÁ


Comarca de Fortaleza
3ª Vara de Execução Penal (SEJUD IV)
Rua Des. Floriano Benevides Magalhaes, nº 220, Edson Queiroz - CEP 60811-690, Fone: (85) 34928766,
Fortaleza-CE - E-mail: secjudexpenaisiv@tjce.jus.br

orçamento para importação do mesmo. Conforme a reportagem anexa, cada caixa do

7E643FA.
código3B16DAD.
medicamento (com três frascos) custaria, em media, cerca de US$ 1.000,00 (mil dolares), que
equivalem a cerca de R$ 3.800,00 (três mil e oitocentos reais). Porém, Excelência, a paciente

0273062-49.2020.8.06.0001eecódigo
ainda corre o risto de não receber o canabidiol enviado dos Estados Unidos, conforme noticia

em 15/12/2020
vinculada em 18 de julho de 2018 no jornal Estadão com a seguinte manchete Alfândega dos

processo0152364-82.2018.8.06.0001
em 13/08/2018
EUA barra remessas de canabidiol ao Brasil conforme pode ser verificado no link;

protocolado
https://saude.estadao.com.br/noticias/geral,alfandega-dos-eua-barra-remessas-decanabidiol-ao
brasil,70002405688"(petição inicial, p. 12).

autos
CEARA,
4 – A Portaria nº 344 da ANVISA, de 1998, aprovou o "Regulamento Técnico sobre

DO nos
liberado
substâncias e medicamentes sujeitos a controle especial" no Brasil, conforme consta em seu

informeooprocesso
DO ESTADO
artigo 5º, parágrafo 2º. Assim a ANVISA permitiu o plantio, colheita e extração de principios

JUNIOR,
ativos de plantas, mediante autorização especial.

http://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe
DE JUSTICA
EVANGELISTA
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do,
5 – Diversos países reconhecem a eficiência do uso terapêutico da Cannabis Sativa,
dentre os quais o Canadá, Alemanha, Holanda e Itália.

e TRIBUNAL
BARBOSA
6 - A prescrição médica para fins de tratamento de saúde, passada por profissional

DE ALENCAR
legalmente habilitado, consta às p. 48.

BELMINO
7 – Cumpre acrescentar que consta à p. 53 ofício nº 2001/2017 –

COELHO
por CEZAR
COCIC/GPCON/GGMON/DIMON/ANVISA, autorizando importação excepcional de
produto a base de Canabiol, em associação com outros canabinóides(12 unidades do produto –
por ITALO

Medropharm CBD), no período de 01 ano, para tratamento da saúde de Charlotte Ruth, CPF:
digitalmente

00388050144, conforme prescrição de profissional legalmente habilitado, Rafael Alvim Dusl,


digitalmente

CRM nº 21736-Df.
assinado
assinado

Ante o exposto, CONCEDO LIMINAR, em face de CHARLOTTE RUH e THOMAS


original,

ANTHONY DEETER, com salvo conduto, para determinar que as autoridades coatoras se
original,

abstenham de atentar contra a liberdade de locomoção dos pacientes e para que fiquem
dodo
cópia

impedidas de apreender as plantas utilizadas para o tratamento medicinal, garantindo o


documentoé écópia

exercício regular do direito à saúde, ante a prescrição médica e autorização legal do Ministério
Este documento
Este
às 11:16às. 22:02 , sob o número 02730624920208060001.
fls. 229
353

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO CEARÁ


Comarca de Fortaleza
3ª Vara de Execução Penal (SEJUD IV)
Rua Des. Floriano Benevides Magalhaes, nº 220, Edson Queiroz - CEP 60811-690, Fone: (85) 34928766,
Fortaleza-CE - E-mail: secjudexpenaisiv@tjce.jus.br

da Saúde (ANVISA) para utilizar os princípios ativos existentes no extrato de Cannabis

7E643FA.
código3B16DAD.
Sativa(THC e CBD).

0273062-49.2020.8.06.0001eecódigo
Também, para que se abstenham de adotar qualquer medida contrária ao plantio,

em 15/12/2020
cultivo e extração de principio ativo do vegetal Cannabis Sativa(THC e CBD), com fins

processo0152364-82.2018.8.06.0001
em 13/08/2018
exclusivamente medicinais, bem se abstenham ainda de adotar qualquer medida contrária ao

protocolado
transporte, se for o caso, dos vegetais in natura para parametrização e testes laboratoriais com
a finalidade de verificação de quantidade dos canabinóides presentes nas plantas cultivadas,

autos
da quantidade e dos níveis seguros de utilização de seus extratos.

CEARA,
DO nos
liberado
A presente liminar não tem intuito de autorizar a importação da matéria prima, posto

informeooprocesso
DO ESTADO
que já adquirida(p. 53 ofício nº 2001/2017 – COCIC/GPCON/GGMON/DIMON/ANVISA),

JUNIOR,
conforme argumentaram os impetrantes às p. 216.

http://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe
DE JUSTICA
EVANGELISTA
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do,
No mais, determino que os pacientes a adotem cautelas para salvaguardar o caráter da
terapia individual, de forma a impedir o acesso de terceiros ao vegetal e aos seus extratos,

e TRIBUNAL
plantio caseiro e em proporção que indique tal condição, extração artesanal e utilização

BARBOSA
restrita ao primeiro paciente CHARLOTTE RUH, que não inclui o uso recreativo da planta.

DE ALENCAR
BELMINO
Notifiquem-se as autoridades supostamente coatoras para o préstimo das informações
que reputarem necessárias, no prazo de 10 (dez) dias, de posse das quais ouça-se o

COELHO
por CEZAR
representante do Ministério Público com exercício neste Gabinete e, em seguida, voltem-me
conclusos para julgamento.
por ITALO

Solicitar informações à ANVISA, com resposta no prazo de 10 (dez) dias.


digitalmente
digitalmente

Expedientes, com urgência.


assinado
assinado

Fortaleza, 09 de agosto de 2018.


original,
original,

Cézar Belmino Barbosa Evangelista Junior


dodo

Juiz de Direito
Este documento
Este cópia
documentoé écópia
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JUSTIÇA FEDERAL

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SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO CEARÁ

12 ª Vara Federal - Especializada em Execução Penal e Criminal

PROCESSO Nº: 0801147-98.2020.4.05.8100 - HABEAS CORPUS CRIMINAL


IMPETRANTE: LUCAS BEZERRA LEITAO e outro
ADVOGADO: Italo Coelho De Alencar
IMPETRADO: CE GOV POLICIA MILITAR DO CEARA e outros
12ª VARA FEDERAL - CE (JUIZ FEDERAL TITULAR)

SENTENÇA

1. Relatório

Trata-se de Habeas Corpus Preventivo, impetrado por Ítalo Coelho de Alencar, brasileiro,
advogado, OAB-CE: 39.809, em favor do Sr. Lucas Bezerra Leitão, brasileiro, vivendo em
União Estável, psicólogo, portador da carteira de identidade nº 2004009248491 SSP/CE, e
inscrito no CPF/MF nº 050.649.483-79, e sua companheira a Sra. Patrícia Correia Mendes,
brasileira, jornalista, com RG nº 2003002064753, inscrita no CPF com o nº 027.015.513-90.

Noticia o impetrante que o paciente, Sr. Lucas Bezerra Leitão, tem o diagnóstico de Síndrome
do Intestino Irritável e Transtorno Somatoforme Doloroso Grave (K58.9 e F 45.5 do CID-10).
Diz que o Sr. Lucas desde o nascimento convive com intolerância à lactose, o que lhe gera
desconfortos abdominais e que teria tentado tratamento com vários fármacos, quais sejam:

"(...) brometo de otilônio, brometo de pinavério, butilbrometo de escopolamina, cloridrato


de mebeverina, trimebutina, tropinal, escitalopram, nortriptilina e amitriptilina, (...)".

Disse, ainda, que os últimos dois medicamentos lhe causaram diversos efeitos colaterais, tendo
inclusive buscado socorro junto à psicanálise e acupuntura, sem que houvesse solução para seu
problema, o que lhe fizera buscar também auxílio em "sessões de Programação Neurolinguística
(PNL) e Renascimento ("Rebirthing"). Enfim, qualquer medida tomada, relatou o impetrante,
não evitou o problema de saúde, tendo quase perdido seu mestrado.

Em seu relato asseverou que o Sr. Lucas vai ao banheiro "entre 4 e 8 vezes ao dia", com
"evacuações" ao longo do dia. Assim, "pesquisou diversos artigos na internet que comprovavam
que a cannabis sativa (vaporizada ou óleo sublingual) poderia ajudar em quadros semelhantes
ao seu. A partir de então, diante de seu desespero, mesmo sem concordar com tal prática, passou

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a comprar esta erva no mercado ilegal. Para a sua feliz surpresa, os sintomas começaram a ser
dirimidos". Colocou mais:

"A Cannabis, em seu quadro, tem tido efeito potente (100% quando não está em crise, 80 a
90% durante as crises), sendo quase instantâneo (entre 5 a 10 minutos) após a
administração inalada ou através de óleo extraído da flor".

Por fim, falou que diante da melhora do Sr. Lucas com o uso de cannabis, "os médicos

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prescreveram um medicamento importado à base de cannabis sativa (Medropharm CBD 16%)",
já autorizado pela ANVISA, mas de alto custo para o paciente, o que lhe teria conduzido a
"cultivar cannabis em sua residência desde meados de 2018. Através do cultivo, que se dá em
um pequeno cômodo de seu apartamento, conseguiu encontrar as genéticas das plantas que
melhor aplacam seus sintomas, seja pela via vaporizada ou através da ingestão através da resina
rica em canabinoides diluída em óleo de côco".

Assim, vem procurar salvaguardar-se junto ao Poder Judiciário, em razão do cultivo da planta
mencionada, com autorização para que lhe seja concedido o direito inclusive de importar as
sementes das espécies Grand Daddy Purple e Master Hemp CBD, em caso de necessidade de
continuidade do cultivo pelo paciente, podendo fazê-lo através de sites e bancos de sementes no
exterior.

Informações do Delegado Geral da Polícia Civil do Estado do Ceará, em documento de


Identificador: 4058100.17340301, onde a Autoridade Estadual se posiciona em favor do
paciente, considerado o princípio da dignidade humana.

Já a Autoridade Policial Federal se posicionou pontuando que "ser cumpridor da legislação em


vigor, e adotaremos as providências de acordo com a legislação vigente, no entanto
cumpriremos também qualquer decisão judicial em sentido contrário no sentido determinar às
autoridades policiais de se absterem de praticar qualquer fato, caso venha o Poder Judiciário
corroborar com a manifestação do impetrante da medida judicial, ao mesmo tempo que
informações acerca do critério toxicológico e respectivo teor de THC para fins de apontar a
materialidade delitiva somente poderiam ser repassadas por Peritos Criminais com
conhecimento na área" (Identificador: 4058100.17415195).

O Ministério Público Federal, em documento de Identificador: 4058100.17458402,


posicionou-se contrário ao requerimento do impetrante, por entender que a importação de
semente de maconha é vedada pelo ordenamento pátrio, mesmo que para fins terapêuticos.

2. Fundamentação

Cinge-se a questão, na ameaça à liberdade individual, pela prática do cultivo de Cannabis com
fim terapêutico, em face do risco de indiciamento pela prática de consumo (art. 28, da Lei
11.343/2006) ou mesmo de tráfico (art. 33 e 34 da Lei nº 11.343/2006).

Antes, porém, é preciso averiguar competência e cabimento do remédio impetrado.

2.1 Da competência da Justiça Federal

Dispõe a Constituição Federal:

"Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:

VII - os habeas corpus, em matéria criminal de sua competência ou quando o

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constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a


outra jurisdição;

(...)".

A competência, portanto, para o processamento e julgamento de Habeas Corpus, fixar-se-á em


razão da autoridade coatora.

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No caso em tela, onde a suposta ameaça poderia inicialmente vir de autoridade federal, já que se
cogitaria, em tese, de tráfico internacional de drogas, pela possibilidade de cometimento dos
delitos previstos no art. 28 e art. 33, "caput" e/ou §1º, c/c art. 40, "I", todos da Lei 11.343/06,
que atrairia a atuação do Estado Federal, naturalmente se atrai a competência da Justiça Federal.

2.2 Do cabimento de "Habeas Corpus" preventivo

Preceitua a Constituição Federal:

"Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:

(...)

LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar


ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por
ilegalidade ou abuso de poder; (destaque nosso)".

Mais. Diz o Código de Processo Penal:

"Art. 647. Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar na
iminência de sofrer violência ou coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, salvo
nos casos de punição disciplinar". (destaque nosso).

Assim, parece amoldar-se tranquilamente aos ditames do ordenamento a impetração preventiva


em análise, tendo em vista que a importação de sementes de maconha, no comum, constitui-se
em fato típico, antijurídico, podendo ser classificado como tráfico internacional.

O risco de constrangimento é real e pululante, com sérios riscos à liberdade de locomoção dos
pacientes, inclusive, porque a esposa na companhia do principal interessado na demanda, o Sr.
Lucas, também corre o risco de ser constrangida pela privação de liberdade, pelo cultivo de
matéria prima de substância entorpecente.

Além do mais, a concessão de Habeas Corpus Preventivo exige prova pré-constituída da


potencial ameaça, o que documentalmente se comprovou, pelos laudos, receituário e prontuário
apresentados.

2.3. Do mérito

A Constituição Federal, carta cidadã do Estado Brasileiro, avanço histórico da Democracia


moderna, prevê como alicerce da estrutura do Estado a proteção necessária dos valores
contemporâneos, dentre eles a dignidade humana:

"Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos

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Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de


Direito e tem como fundamentos:

(...)

III - a dignidade da pessoa humana;

(...)".

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A dignidade da pessoa, na verdade, é um complexo de direitos e deveres que garantem à
criatura humana um mínimo de substrato que lhe possa clarividenciar, executar e proteger sua
condição essencial, humana. Princípio inafastável, absoluto, que não pode ser diminuído ou
flexibilizado, podendo-se mesmo dizer que o Estado deve lhe garantir proteção máxima, sendo
sua própria razão de existir.

Princípio estelar, a dignidade da pessoa humana será sempre o sustentáculo axiológico em todo
e qualquer julgamento, máxime, quando estiverem em jogo a vida e a liberdade da pessoa.
Como norte basilar, mais do que qualquer coisa, compete ao magistrado garantir a plena
eficácia do princípio, utilizando-se de todas as regras hermenêuticas para o cumprimento maior
do desiderato estatal.

Em manifestação do Egrégio Supremo Tribunal Federal:

"(...) o postulado da dignidade da pessoa humana, que representa - considerada a


centralidade desse princípio essencial (CF, art. 1º, III) - significativo vetor
interpretativo, verdadeiro valor-fonte que conforma e inspira todo o ordenamento
constitucional vigente em nosso País e que traduz, de modo expressivo, um dos
fundamentos em que se assenta, entre nós, a ordem republicana e democrática
consagrada pelo sistema de direito constitucional positivo (...). (HC 95464, Relator(a):
Min. CELSO DE MELLO, Segunda Turma, julgado em 03/02/2009, DJe-048
DIVULG 12-03-2009 PUBLIC 13-03-2009 EMENT VOL-02352-03 PP-00466)".

Logo, cabe ao intérprete usar do referido fundamento como instrumento materializante do maior
interesse estatal e da sociedade.

Como ramificação mesma desse princípio motor do Estado Democrático, vê-se como previsão
constitucional a proteção à saúde, quando preceitua a Constituição Federal:

"Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia,


o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à
infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição". (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 90, de 2015). (destaque nosso).

Ou ainda,

"Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante


políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros
agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção,
proteção e recuperação". (destaque nosso).

"Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao Poder
Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle,
devendo sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por

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pessoa física ou jurídica de direito privado".

Dessa maneira, vê-se que o Legislador Constituinte Originário não só se preocupou em erigir o
princípio da dignidade humana, como também especificou, por exemplo, ao tratar da proteção a
saúde, como um dos meios de garantir o fundamento.

A proteção constitucional estampada impõe, por conseguinte, medidas a serem implementadas


pelo Estado, na garantia da saúde, com medidas eficazes na promoção desse bem-estar

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inadiável.

Pois bem. Para o caso em liça, sabe-se que a jurisprudência pátria ainda não se posicionou
pacificamente, sobre a questão da importação de sementes de maconha como fato típico. Há
mesmo discussão no STF, quanto à constitucionalidade do art. 28 da Lei de drogas, sem que
haja algum veredito.

No momento, a ANVISA apesar de ter retirado a cannabis sativa da lista de drogas proibidas,
quando utilizada com fins medicinais, não permite o processamento da matéria-prima, para tal
fim. Dispõe o RDC nº 335/2020:

"Art. 1º Esta Resolução estabelece os critérios e os procedimentos para a importação


de Produto derivado de Cannabis, por pessoa física, para uso próprio, mediante
prescrição de profissional legalmente habilitado, para tratamento de saúde.

(...)

Art. 2º Para efeitos desta Resolução são adotadas as seguintes definições:

(...)

V - Produto derivado de Cannabis: produto industrializado, destinado à finalidade


medicinal, contendo derivados da planta Cannabis spp..". (destaque nosso).

Assim, apesar de certa flexibilização do uso do produto cannabis, ainda se faz necessária a
industrialização do mesmo, permitindo-se-lhe a importação, sem se autorizar até sua
manipulação por boticários autorizados, pelo que se consta.

Evidentemente, importar o produto industrializado pode significar em alto custo a pacientes


necessitados, inclusive economicamente, o que confronta diretamente o acesso aos meios de
garantia à saúde. Esta tem um conceito muito amplo. Segundo a Organização Mundial de Saúde
(OMS): Saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não, simplesmente,
a ausência de doenças ou enfermidades. Ou seja, em um mesmo conceito se confunde o
instrumento como o resultado. Saúde, segundo a Fiocruz:

"Saúde, em português, deriva de salude, vocábulo do século XIII (1204), em espanhol


salud (século XI), em italiano salute, e vem do latim salus (salutis), com o significado de
salvação, conservação da vida, cura, bem-estar. O étimo francês santé, do século XI, advém
de sanitas (sanitatis), designando no latim sanus: "são, o que está com saúde,
aproximando-se mais da concepção grega de 'higiene', ligada deusa Hygea. Em seu plural
de origem idiomática, o termo 'saúde' designa, portanto, uma afirmação positiva da vida e
um modo de existir harmônico, não incluindo em seu horizonte o universo da doença.
Pode-se dizer, deste ponto de vista, que 'saúde' é, em sua origem etimológica, um 'estado
positivo do viver', aplicável a todos os seres vivos e com mais especificidade à espécie
humana"[i].

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Ou seja, saúde há mesmo na busca dos meios imprescindíveis a se proporcionar esse "estado
positivo de viver". Cabe ao Estado realizar esta garantia, com os meios indispensáveis para
tanto. Logo, quando o Estado garante apenas a importação pelo paciente, sem lhe fornecer
outros meios mais acessíveis, impede-lhe o exercício de seu direito fundamental, falhando com
sua missão e descumprindo a própria previsão em Carta Magna, sob ferimento o princípio da
dignidade humana, em razão da lacuna legal com fim sanitário.

Aliás, quando o Estado não supre referida lacuna, o desespero mesmo faz com que pessoas necessitadas de medicação

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recorram a procedimentos à margem da lei. Veja-se um relato nesse sentido:

"Plantar maconha é ilegal no Brasil. Mas uma substância extraída da folha da maconha,
chamada Canabidiol, serve como remédio. E esse remédio é o único que funciona para
tratar algumas pessoas doentes. Produzir Canabidiol também é proibido. Mas um grupo
secreto está agindo fora da lei, e está plantando maconha, fazendo o remédio e distribuindo
de graça a mães que já não sabem mais o que fazer para ajudar os filhos doentes.

A reunião é clandestina. Todos no grupo escondem o rosto, não revelam o nome, porque
sabem os riscos de agir na ilegalidade. O motivo são estufas caseiras: cada um deles tem
seu cultivo próprio de maconha.

Os encontros rotineiros já serviram só para trocar ideias sobre o plantio, mas, há pouco
mais de oito meses, o assunto ficou sério. Os amigos decidiram que a plantação de
maconha podia virar uma fonte de remédios artesanais.

"A gente sabe do risco que corre, mas a gente tem que enfrentar", diz um dos jovens do
grupo.

Era o começo de uma rede clandestina de produção e distribuição de substâncias proibidas


no Brasil, mas que podem mudar histórias de muita gente.

Clárian, em São Paulo, está na outra ponta da rede clandestina. A filha caçula do Fábio e da
Aparecida nasceu com Síndrome de Dravet, uma doença rara que provoca crises graves de
epilepsia e afeta o desenvolvimento do cérebro.

(...)

O Canabidiol não é vendido legalmente no Brasil. Precisa ser importado, e só com a


autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

(...)"[ii].

Vislumbro quanto à demanda que não se discute aqui a eficácia do tratamento buscado pelo
impetrante na defesa dos interesses do paciente. Não é o caso! Questiona-se o acesso ao
tratamento, ou melhor, a possível tipificação em norma penal prevista nos art. 28 e art. 33,
"caput" e/ou §1º, c/c art. 40, "I", todos da Lei 11.343/06. Ora, a Lei de Drogas objetiva a
proteção à saúde pública. Porém, é preciso consignar que a questão se circunscreve não à
proteção à saúde pública, mas a defesa da saúde de um cidadão nacional, que depende do apoio
estatal, para a mitigação de seu sofrimento. A própria Lei nº. 11.343/06 dispõe:

"Art. 2º Ficam proibidas, em todo o território nacional, as drogas, bem como o plantio,
a cultura, a colheita e a exploração de vegetais e substratos dos quais possam ser
extraídas ou produzidas drogas, ressalvada a hipótese de autorização legal ou
regulamentar, bem como o que estabelece a Convenção de Viena, das Nações Unidas,
sobre Substâncias Psicotrópicas, de 1971, a respeito de plantas de uso estritamente

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ritualístico-religioso.

Parágrafo único. Pode a União autorizar o plantio, a cultura e a colheita dos


vegetais referidos no caput deste artigo, exclusivamente para fins medicinais ou
científicos, em local e prazo predeterminados, mediante fiscalização, respeitadas as
ressalvas supramencionadas". (destaque nosso).

Portanto, faço concluir que não há qualquer ofensa ao bem jurídico tutelado pela norma

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penal, quanto ao petitório impetrado, já que não satisfeitos materialmente os elementos de
adequação típica, se cumpridos os preceitos que abaixo se prescreverá.

Com efeito, os tipos penais do art. 28 e 33, da Lei anti-Drogas não têm sua finalidade atingida
pela conduta dos impetrantes, uma vez que ausente estaria a tipicidade material em si. A
tipicidade material se perfaz pela contrariedade direta ao ordenamento jurídico em geral, não
apenas à norma penal tipificadora do crime, de modo que na esteira do princípio da dignidade
da pessoal humana, concretizado pela direito à saúde física, mental, social e, até conjugal, não
seria lícito o Estado impedir aos impetrante a busca pela superação do problema de saúde
apresentado por sua doença, conforme amplamente testificado nos autos. Se por um lado, a
norma penal proíbe o cultivo de qualquer das plantas que contenham as substâncias psicoativas
- aí incluída a cannabis sativa - a Constituição e as leis que protegem a integridade física, a
saúde corporal, a saúde mental, o pleno desenvolvimento humano, permitem a superação de um
empeço proibitivo que se dirigem a outras finalidades que não o tratamento médico e
terapêutico de doenças, como no caso dos autos.

Na toada do quanto se disse até aqui, colo trecho de julgamento no Egrégio TRF 3ª Região:

"4) O tema afeto às substâncias entorpecentes e psicotrópicas foi tratado em diversas


convenções internacionais, cabendo ser mencionada a Convenção ONU Única sobre
Entorpecentes, assinada em Nova York em 30 de março de 1961; a Convenção ONU
sobre Substâncias Psicotrópicas, assinada em Viena em 21 de fevereiro de 1971; e a
Convenção ONU contra o Tráfico Ilícito de Entorpecentes e Substâncias Psicotrópicas,
concluída em Viena em 20 de dezembro de 1988, todas devidamente internalizadas no
ordenamento jurídico vigente na República Federativa do Brasil. Com efeito,
debruçando-se sobre o conteúdo da Convenção ONU Única sobre Entorpecentes de
1961, aprovada pelo Congresso Nacional por meio do Decreto Legislativo nº 5, 07 de
abril de 1964, e promulgada pelo Decreto Presidencial nº 54.216, de 27 de agosto de
1964, nota-se que, a despeito de haver o reconhecimento pela comunidade
internacional de que a toxicomania é um grave mal para o indivíduo e um perigo social
e econômico para a humanidade, há uma preocupação com a saúde tanto física como
moral do ser humano, motivo pelo qual se reconhece que o uso médico de substâncias
entorpecentes mostra-se indispensável para o alívio da dor e do sofrimento, prevendo
que medidas adequadas devem ser levadas a efeito para garantir a disponibilidade de
entorpecentes para tal desiderato medicamentoso ou terapêutico. Por sua vez, a
Convenção ONU sobre Substâncias Psicotrópicas de 1971, aprovada pelo Congresso
Nacional por meio do Decreto Legislativo nº 90, de 05 de dezembro de 1972, e
promulgada pelo Decreto Presidencial nº 79.388, de 14 de março de 1977, ao mesmo
tempo em que esboça a devida preocupação do seio internacional com a saúde e o
bem-estar da humanidade decorrente dos problemas sociais e de saúde pública que
resultam da utilização de substâncias psicotrópicas (determinando a adoção de
medidas de prevenção e de combate ao abuso de tais substâncias), não se descura de
pontuar que o emprego de tais expedientes guarda também profundos reflexos na
medicina e na ciência, destacando que os contornos médico-científicos permitem a

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disponibilização de tais substâncias entorpecentes como forma de ajudar no


combate ou na desensibilização de enfermidades. Já a Convenção ONU contra o
Tráfico Ilícito de Entorpecentes e Substâncias Psicotrópicas de 1988, aprovada pelo
Congresso Nacional por meio do Decreto Legislativo nº 162, de 14 de junho de 1991,
e promulgada pelo Decreto Presidencial nº 154, de 26 de junho de 1991, destaca a
preocupação da comunidade internacional com a crescente expansão do tráfico ilícito
de entorpecentes e de substâncias psicotrópicas nos diversos grupos sociais e, em

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particular, pela exploração de crianças em muitas partes do mundo, tanto na qualidade
de consumidores como na condição de instrumentos utilizados na produção, na
distribuição e no comércio ilícito de entorpecentes e de substâncias psicotrópicas,
donde é possível concluir, ante o reiterado emprego do termo "ilícito", a coexistência
de substâncias entorpecentes empregadas para fins lícitos (como, por exemplo, o
medicinal e o terapêutico), fazendo coro com os anteriores diplomas normativos
mencionados. Desta feita, cotejando o plexo de normas internacionais que tratam
do tema drogas, bem como os termos em que tal assunto é versado, depreende-se
que o cenário internacional (a repercutir na ordem jurídica interna da República
Federativa do Brasil), baseado na necessidade de se resguardar a devida dignidade
ao portador de doença, assente na aplicação de substâncias entorpecentes e
psicotrópicas para fins de debelação do mal que acomete o cidadão, situação esta
que não pode ser encaixada nas regras que visam coibir, internacional ou
nacionalmente, a traficância empregada para fins recreativos. 5) Infere-se da
ementa da Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006, sua preocupação em reprimir a
produção não autorizada de substâncias empregáveis no tráfico ilícito de drogas
(Institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas - Sisnad; prescreve
medidas para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e
dependentes de drogas; estabelece normas para repressão à produção não autorizada e
ao tráfico ilícito de drogas; define crimes e dá outras providências), cabendo destacar a
possibilidade conferida à União Federal (art. 2º, parágrafo único) em autorizar o
plantio, a cultura e a colheita de substâncias entorpecentes exclusivamente para fins
medicinais ou científicos (Pode a União autorizar o plantio, a cultura e a colheita dos
vegetais referidos no caput deste artigo, exclusivamente para fins medicinais ou
científicos, em local e prazo predeterminados, mediante fiscalização, respeitadas as
ressalvas supramencionadas). Dentro desse contexto, a despeito de indicada legislação
tratar como figura típica a traficância nas diversas modalidades insculpidas a partir de
seu artigo 33, bem como de prever o porte de drogas para fins pessoais como infração
penal (artigo 28 - cuja análise de constitucionalidade encontra-se afeta ao C. Supremo
Tribunal Federal por meio do reconhecimento da repercussão geral da questão
constitucional no RE 635659 RG, tema 506, de relatoria do Ministro Gilmar Mendes,
desde 08 de dezembro de 2011: Constitucional. 2. Direito Penal. 3.
Constitucionalidade do art. 28 da Lei 11.343/2006. 3. Violação do artigo 5º, inciso X,
da Constituição Federal. 6. Repercussão geral reconhecida), vislumbra-se a
existência de permissivo trazido pelo legislador no sentido de que se mostraria
possível o emprego de drogas quando necessária à proteção da saúde do ser
humano. Aliás, tal possibilidade encontra seu embasamento em um dos fundamentos
da República Federativa do Brasil insculpidos no art. 1º da Constituição Federal, qual
seja, a dignidade da pessoa humana (A República Federativa do Brasil, formada pela
união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em
Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: (...) III - A dignidade da
pessoa humana (...)), cabendo destacar, outrossim, que o Poder Constituinte Originário
erigiu à condição de direito social a saúde (conforme se verifica do art. 6º do Texto
Magno: São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia,

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o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à


infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição). (...)". (ApCrim
0012441-50.2015.4.03.6181,RELATOR DESEMBARGADOR FEDERAL FAUSTO
DE SANCTIS, TRF3 - DÉCIMA PRIMEIRA TURMA, e-DJF3 Judicial 1
DATA:07/12/2018)". (destaque nosso).

Quero acrescentar que toda a omissão apontada, acaba também por impedir que entidades
sérias, como Universidades, possam desenvolver trabalhos de apoio, promoção e produção de

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medicamentos a base do referido vegetal, com fim terapêutico. Ou seja, há mesmo inércia do
Poder Público, via Sistema Único de Saúde, na garantia de tratamento aos pacientes
necessitados, pobres inclusive, que lhes dignifique a condição humana, conforme comando
Constitucional. Apenas permitir a importação, não é garantir eficazmente o tratamento devido.
Entendo, é preciso dizer, que omissões como estas do Poder Público, a um só tempo afrontam a
proteção à saúde e até mesmo a vida, inseparavelmente evidentes.

Junto a esta decisão, recente julgado do TRF 3ª Região, em caso semelhante:

"EMENTA PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. APELAÇÃO


CRIMINAL. ÓLEO DE CANNABIS SATIVA. PRODUÇÃO CASEIRA E
ESPECÍFICA PARA TRATAMENTO TERAPÊUTICO/MEDICINAL INDIVIDUAL.
ORDEM CONCEDIDA. APELAÇÃO PROVIDA. 1. A RDC n. 156/2017, da
ANVISA, autorizou a produção de medicamentos contendo a substância ativa
Cannabis Sativa Linneu (maconha), assim como a importação de medicamentos que
detenham seu princípio ativo. 2. A gravidade do quadro de doença da paciente e a
circunstância de sua conduta não apresentar qualquer lesividade social em razão do
uso pessoal e restrito do medicamento por ela a ser produzido e submetido a análises
laboratoriais específicas para balizar seus parâmetros, permite a incidência do estado
de necessidade exculpante para eximi-la de responder penalmente pela prática dos
delitos previstos pela Lei n. 11.343/06. 3. Apelação provida para conceder a ordem de
salvo conduto à paciente para importação e utilização de sementes de cannabis sativa,
na quantidade suficiente para produção de óleo de maconha, para uso próprio e
exclusivamente terapêutico, asseverando que, por força dos rigores administrativos
para a concessão de licença até para Pessoa Jurídica, o salvo conduto não impede
eventual instauração de investigação policial até para averiguar as circunstâncias de
eventual plantação em quantidade excessiva, se o caso, mas proíbe qualquer medida de
restrição de liberdade à paciente, bem como a apreensão das sementes, plantas e
insumos utilizados para a produção terapêutica do aludido óleo de cannabis.

(ApCrim 5005361-49.2018.4.03.6114, Desembargador Federal MAURICIO


YUKIKAZU KATO, TRF3 - 5ª Turma, e - DJF3 Judicial 1 DATA: 16/08/2019.)".

Com tudo essencialmente e sinteticamente exposto, é entender deste Juízo que, à luz do
comando constitucional, sob a baila do princípio fundamental da dignidade da pessoa humana,
ramificado entre outros no direito à saúde, além dos princípios da proporcionalidade, lesividade,
fragmentariedade e subsidiariedade do Direito Penal, por que não presente ameaça a lesão à
bem jurídico, em face de inexistente tipicidade material, não há crime sob o estrito contexto do
exposto neste remédio constitucional, sendo este o instrumento cabível, para a proteção da
liberdade dos pacientes e especificamente do Sr. Lucas Bezerra Leitão.

3. Dispositivo

Do exposto, CONCEDO A ORDEM em Habeas Corpus, pelo que determino a expedição de

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salvo-conduto aos pacientes: Sr. Lucas Bezerra Leitão e sua companheira, a Sra. Patrícia
Correia Mendes, para que as autoridades coatoras e as polícias que lhes estão subordinadas se
abstenham de investigar, repreender, atentar contra a liberdade de locomoção dos
pacientes, deixando, ainda de apreender e destruir sementes, plantas e material já
artesanalmente confeccionado (óleo/ extratos) oriundo daquelas, para fins terapêuticos,
observando-se ainda:

i) nos expedientes, deverá constar que a presente ordem se refere a uso terapêutico, em

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favor do paciente Sr. Lucas Bezerra Leitão;

ii) que fica vedada a aquisição de matéria-prima e insumos, por qualquer meio clandestino;

iii) não há nesta decisão qualquer inibição a fiscalização comum de órgãos sanitários,
aduaneiros e fiscais;

Fica também decidido que a validade do salvo-conduto fica condicionada a decisão final na
Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 5708/DF, pelo Supremo Tribunal Federal, desde logo
revogando-se o salvo-conduto, caso o Supremo Tribunal entenda em sentido oposto do quanto
aqui determinado;

Decido ainda que a validade do salvo-conduto, bem como desta ordem em Habeas Corpus fica
condicionalmente válida até a regulamentação do cultivo de cannabis, no Brasil, pela
ANVISA, para fins medicinais, ou ainda, o fornecimento gratuito pelo Sistema Único de
Saúde, de tratamento prescrito, por profissional autorizado.

Por fim, determino que o paciente Sr. Lucas Bezerra Leitão, comunique a ANVISA de
qualquer importação de semente que venha realizar, ficando desde já a Agência Reguladora
responsável pela comunicação aos órgãos competentes, se perceber importação suspeita,
comunicação aquela que se poderá fazer pelos canais de atendimento mais simples que forem
disponíveis, a fim de garantir a eficácia desta decisão.

Intimem-se os impetrantes.

Intimem-se as autoridades impetradas desta decisão, com urgência.

Oficie-se a Receita Federal do Brasil, com cópia desta decisão e de quantos documentos
necessários ao esclarecimento da demanda.

Oficie-se a ANVISA desta decisão, com cópias também necessárias.

Deixo de encaminhar os autos, para reexame necessário, ao Egrégio TRF 5ª Região, porque tenho por inconstitucional
o art. 574, I, do CPP, uma vez que com a Constituição Federal de 1988 a regra é a liberdade e a exceção a prisão, de
modo que sendo esta decisão em favor da liberdade, com expedição de salvo-conduto, o reexame desta decisão deve
ser feita em razão de expressa discordância do titular da ação penal competente, no caso, o Ministério Público
Federal ou das representações judiciais da autoridades impetradas.

Assim, não havendo recurso voluntário das partes, arquivem-se os autos com baixa após a
certificação do trânsito em julgado.

Custas na forma legal.

Sentença publicada e registrada em forma eletrônica.

Expedientes necessários.

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Fortaleza/CE, data da inclusão.

JOSÉ FLÁVIO FONSECA DE OLIVEIRA

Juiz Federal Substituto da 12ª Vara - SJCE

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(assinatura eletrônica)

[i] http://www.sites.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/sau.html

[ii] http://g1.globo.com/fantastico/noticia/2014/11/grupo-desafia-lei-para-produzir-remedio-
extraido-da-maconha.html

Processo: 0801147-98.2020.4.05.8100
Assinado eletronicamente por: 20030615595182000000017540735
JOSE FLAVIO FONSECA DE OLIVEIRA -
Magistrado
Data e hora da assinatura: 06/03/2020 15:59:52
Identificador: 4058100.17523806

Para conferência da autenticidade do


documento:
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JUSTIÇA FEDERAL

SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO CEARÁ

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12ª VARA FEDERAL - ESPECIALIZADA EXECUÇÃO PENAL E CRIMINAL

PROCESSO Nº: 0806399-82.2020.4.05.8100 - HABEAS CORPUS CRIMINAL


IMPETRANTE: JADE CIRIBELLI MARTINS e outro
ADVOGADO: Italo Coelho De Alencar
IMPETRADO: POLICIA CIVIL e outros
12ª VARA FEDERAL - CE (JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO)

DECISÃO

1. Relatório

Trata-se de habeas corpus preventivo, com pedido de liminar, manejado por Ítalo Coelho de
Alencar com a finalidade de obter salvo-conduto em favor de JADE CIRIBELLI MARTINS e
GABRIELA LEMOS CARVALHO, para dar continuidade ao cultivo caseiro de cannabis para
fins terapêuticos, devendo as autoridades (Polícia Federal, Polícia Civil e Polícia Militar)
absterem-se de atentar contra a liberdade de locomoção dos pacientes, ficando, inclusive,
impedidas de apreenderem os vegetais de Cannabis Sativa até decisão definitiva do mérito no
presente writ.

O impetrante aponta como autoridades coatoras o Delegado-chefe Policia Federal do Ceará, o


Delegado-chefe de Polícia Civil do Estado do Ceará e Comandante- geral da Polícia Militar do
Estado do Ceará, afirmando que o paciente JADE CIRIBELLI MARTINS "é ciente da situação
de ilegalidade que se expõe para cuidar de sua saúde. É para fazer cessar esta situação que
vem perante este tribunal impetrar o presente remédio heroico com o fito de conseguir salvo-
conduto para a continuidade de seu tratamento, sem precisar correr os riscos da reprimenda
estatal severa prevista para, uma vez que sua conduta pode ser entendida, ainda que
erroneamente, pelas autoridades policias, como tráfico de drogas."

Ressalta que JADE CIRIBELLI MARTINS, aos 10 anos de idade, em dezembro de 1991,
sofreu um grave atropelamento que lhe ocasionou fraturas no ombro, clavícula, costelas, e em
algumas vértebras e que em razão de uma prestação de socorro mal conduzida no transporte e
no atendimento no hospital houve a calcificação de algumas de suas vértebras, que formaram
um bloco, e uma lesão no plexo braquial, de modo que o paciente hoje possui 9 (nove) hérnias
na coluna cervical, que lhe trazem dores extremas e efeitos colaterais nefastos em razão do uso
de medicação convencional, ao ponto de ter abandonado seus estudos universitários e pensado
em suicídio.

Afirma que a medida ora pleiteada importa no uso de cannabis sativa como meio de redução de
danos à saúde, requerendo, assim, que o cultivo da planta possa ser feito no domicílio dos
pacientes, para fins terapêuticos, com a salvaguarda de não ingerência policial ou jurídica.

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É o relatório. Decido.

2. Fundamentação

Cinge-se a questão, na ameaça à liberdade individual, pela prática do cultivo de Cannabis com
fim terapêutico, em face do risco de indiciamento pela prática de consumo (art. 28, da Lei

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11.343/2006) ou mesmo de tráfico (art. 33 e 34 da Lei nº 11.343/2006).

Antes, porém, é preciso averiguar competência e cabimento do remédio impetrado.

2.1. Da competência da Justiça Federal

Dispõe a Constituição Federal:

"Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:

VII - os habeas corpus, em matéria criminal de sua competência ou quando o


constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente
sujeitos a outra jurisdição;

(...)".

A competência, portanto, para o processamento e julgamento de Habeas Corpus, fixar-se-á em


razão da autoridade coatora.

No caso em tela, onde a suposta ameaça poderia inicialmente vir de autoridade federal, já que se
cogitaria, em tese, de tráfico internacional de drogas, pela possibilidade de cometimento dos
delitos previstos no art. 28 e art. 33, "caput" e/ou §1º, c/c art. 40, "I", todos da Lei 11.343/06,
que atrairia a atuação do Estado Federal, naturalmente se atrai a competência da Justiça Federal.

2.2. Do Pedido de Liminar

Em se tratando do habeas corpus preventivo, como no caso em exame, o paciente deve


"achar-se na iminência de sofrer violência ou coação ilegal na sua liberdade de ir e vir",
não tendo, ainda, a violência ou coação se perpetrado.

Passo a analisar a existência dos requisitos autorizadores para a concessão da liminar.

Apesar de tal pedido ser amplamente utilizado em diversos atos judiciais, a liminar de habeas
corpus é medida desprovida de previsão legal explícita. Trata-se, na verdade, de uma criação
jurisprudencial voltada ao combate imediato de ato indevido de constrangimento ou ameaça ao
direito à liberdade de locomoção, devendo ser concedida apenas em casos nos quais a urgência,
a necessidade e a relevância da medida se evidenciem de forma incontroversa na própria
impetração e nos elementos de prova a ela colacionados.

Assim, a concessão de liminar em habeas corpus reclama a existência do periculum in mora ou


perigo na demora, quando há probabilidade de dano irreparável e o fumus boni iuris ou fumaça
do bom direito, quando os elementos da impetração indiquem a existência de ilegalidade.

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A princípio, em relação ao paciente - JADE CIRIBELLI MARTINS - observo que há quatro


fatores que podem ser considerados para caracterizar a probabilidade do direito ou fumaça do
bom direito: o direito à saúde, que abrange o direito a uma qualidade de vida minimamente
aceitável; a ausência de resposta satisfatória do paciente ao tratamento médico convencional; a
comprovada eficácia do uso de cannabis para fins terapêuticos e o alto custo do uso de
medicamentos importados contendo esta substância.

Noutro giro, o periculum in mora está configurado em razão das graves conseqüências que a

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ausência do uso da cannabis pode trazer para o paciente, tanto sob o aspecto físico como
emocional, havendo, inclusive, com o agravamento da doença, o risco de suicídio ou de outro
quadro grave de saúde.

Ademais, sem autorização judicial, existe o risco, de fato, de os pacientes serem presos por
enquadramento da sua conduta em lei, já que o cultivo de maconha em casa, para uso próprio,
pode configurar o crime previsto no art. 28. §1º, da Lei 11.343/20061 c/c com o art. 60 da Lei
9.099/1995.

Destarte, em fase prefacial da demanda, a questão da saúde, neste caso, deve ser fator
preponderante, em razão de que a proteção contra drogas ilícitas não se sustenta em razão de um
uso sob controle médico e voltado para incrementar a qualidade de vida de quem necessita, bem
diferente da defesa apenas para fins recreativo, que não gera necessariamente nenhum benefício
individual, muito menos social.

Além disso, os custos dos tratamentos através da importação de medicamento do exterior, como
o indicado para o tratamento do paciente - Revivid Whole Hemp Drops 3000mg CBD -,
principalmente pela necessidade de trânsito ser por portador, não sendo possível pelos Correios,
além dos custos da própria importação, com impostos, como também o processo, necessário,
mas burocrático, os impedem que façam uso da medicação sem solução de continuidade.

Ressalve-se que a Anvisa tem liberado para importação, com vistas à assegurar o direito à saúde
do paciente, remédios e óleos feitos a partir do cultivo artesanal da cannabis sativa, de modo
que se o produto industrializado pode ser usado no país sob o respaldo da lei, é forçoso
reconhecer que a sua matéria prima também deve ser liberada, para os mesmos fins, para o uso
em pacientes que não tem condição de operacionalizar a importação.

É indene de dúvida que o cultivo caseiro de cannabis requerido pelo impetrante para fins
terapêuticos, em forma preliminar, encontra-se justificado pelos fundamentos fáticos e jurídicos
acima descritos, bem como pela necessidade de afastamento de risco a ofensa de bem jurídico
relevante.

Dessa forma, é caso de deferimento do pedido liminar em favor do paciente JADE CIRIBELLI
MARTINS.

Com relação à paciente GABRIELA LEMOS CARVALHO, pelo que se depreende dos autos,
por se tratar da companheira de JADE CIRIBELLI MARTINS, conclui-se que o pedido se
estende também a ela, uma vez que residem no mesmo endereço.

3. Dispositivo

Ante o exposto, DEFIRO o pedido de liminar, pelo que determino a expedição de salvo-
conduto aos pacientes, JADE CIRIBELLI MARTINS e GABRIELA LEMOS

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CARVALHO, para que as autoridades coatoras e as polícias que lhes estão subordinadas
se abstenham de investigar, repreender, atentar contra a liberdade de locomoção dos
pacientes, deixando, ainda, de apreender e destruir sementes e plantas cultivadas em
âmbito domiciliar, bem como material já artesanalmente confeccionado (óleo/extratos)
oriundo daquelas, para fins terapêuticos, bem como ficam impedidas de apreender
eventuais sementes que sejam importadas, sem prejuízo da importação atender às demais
regras sanitárias e tributárias.

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Autorizo, outrossim, que os pacientes encaminhem o óleo produzido para análise
cromatográfica no Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamento (NPDM) da
Universidade Federal do Ceará (UFC).

Para cumprimento desta decisão deverá a Secretaria:

a) expedir mandado para fins de notificação das autoridades apontadas como coatoras, no caso,
o Delegado-chefe Policia Federal do Ceará, o Delegado-chefe de Polícia Civil do Estado do
Ceará e Comandante- geral da Polícia Militar do Estado do Ceará;

b) intimar a parte impetrante.

c) Intimar o MPF para ciência.

Em razão da suspensão dos prazos pelo Conselho Nacional de Justiça e pelo Tribunal Regional
Federal da 5ª Região, o prazo para informações somente terão início com cessação das causas
sanitárias atuais, cabendo à Secretaria realizar nova intimação oportunamente.

Após as informações das autoridades coatoras, intimem-se o MPF para apresentar parecer e
venham-me os autos conclusos para sentença.

Cumpra-se.

Expedientes necessários e com URGÊNCIA.

Fortaleza/CE, data da inclusão.

JOSÉ FLÁVIO FONSECA DE OLIVEIRA

Juiz Federal Substituto da 12ª Vara - SJCE

(assinatura eletrônica)

Processo: 0806399-82.2020.4.05.8100
Assinado eletronicamente por: 20052912284777000000018115418
JOSE FLAVIO FONSECA DE OLIVEIRA -
Magistrado
Data e hora da assinatura: 29/05/2020 15:01:56
Identificador: 4058100.18095891

Para conferência da autenticidade do

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5 de 5
Processo Judicial Eletrônico:

documento:
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fls. 370

JUSTIÇA FEDERAL

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SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO CEARÁ

12 ª Vara Federal - Especializada em Execução Penal e Criminal

PROCESSO Nº: 0804182-66.2020.4.05.8100 - HABEAS CORPUS CRIMINAL


IMPETRANTE: MARIA FERREIRA DOS SANTOS e outros
ADVOGADO: Italo Coelho De Alencar
IMPETRADO: UNIÃO FEDERAL e outros
12ª VARA FEDERAL - CE (JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO)

DECISÃO

1. Relatório

Trata-se de habeas corpus preventivo, com pedido de liminar, manejado por Ítalo Coelho de Alencar com a finalidade
de obter salvo-conduto em favor de MARIA FERREIRA DOS SANTOS e FRANCISCO JERFESSON
DAMASCENO PINHO, para dar continuidade ao cultivo caseiro de cannabis para fins terapêuticos, devendo as
autoridades (Polícia Federal, Polícia Civil e Polícia Militar) absterem-se de atentar contra a liberdade de locomoção
dos pacientes, ficando, inclusive, impedidas de apreenderem os vegetais de Cannabis Sativa até decisão definitiva do
mérito no presente writ.

O impetrante aponta como autoridades coatoras o Delegado-chefe Policia Federal do Ceará, o Delegado-chefe de
Polícia Civil do Estado do Ceará e Comandante- geral da Polícia Militar do Estado do Ceará, afirmando que "a
violência de uma ação policial, com pessoas sem conhecimento e ou preparo técnico, denúncia anônima
mal-intencionada, etc., podem constranger ilegalmente o Paciente, e o que é mais grave destruírem, apreender e
interromper tratamento médico de um paciente médico enlutado e abandonado à própria sorte pelo Estado, que não
cumpriu seu dever constitucional.".

Ressalta que MARIA FERREIRA DOS SANTOS, com 75 anos de idade, fora recentemente diagnosticada com
Alzheimer e vem sofrendo há 02 anos com crises frequentes de raiva, depressão e alterações comportamentais.
Destaca, ainda, que, devido à piora no seu estado de saúde, bem como ao valor elevado da medicação importada
receitada pelo médico, seus familiares, com quem reside, decidiram plantar cannabis em sua residência como forma
alternativa de tratamento, tendo em vista que ela tivera uma melhora ao usar óleo artesanal à base de Canabidiol.

Com relação a FRANCISCO JERFESSON DAMASCENO PINHO, de 22 anos, neto de Maria Ferreira dos Santos,
com quem reside, destaca que este é portador de Transtorno Explosivo Intermitente e que, com o tempo, junto à
ansiedade e crise de pânico, desenvolveu uma depressão profunda. Afirma que, com o uso de cannabis, o paciente
percebeu que os surtos foram diminuindo.

Afirma que a medida ora pleiteada importa no uso de cannabis sativa como meio de redução de danos, de modo a
procederem ao cultivo caseiro de cannabis com fins terapêuticos no intuito de obterem melhora na sua saúde.

Ao final, ressalta o impetrante que este Juízo da 12ª Vara, nos autos do Processo nº 0801147-98.2020.4.05.8100,
concedera autorização a um paciente com Síndrome do Intestino Irritável para importar sementes e continuar o seu
cultivo de cannabis.

É o relatório. Decido.

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Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ITALO COELHO DE ALENCAR e TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DO CEARA, protocolado em 15/12/2020 às 22:02 , sob o número 02730624920208060001.
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2. Fundamentação

Cinge-se a questão, na ameaça à liberdade individual, pela prática do cultivo de Cannabis com fim terapêutico, em
face do risco de indiciamento pela prática de consumo (art. 28, da Lei 11.343/2006) ou mesmo de tráfico (art. 33 e 34
da Lei nº 11.343/2006).

Antes, porém, é preciso averiguar competência e cabimento do remédio impetrado.

2.1. Da competência da Justiça Federal

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0273062-49.2020.8.06.0001 e código 7E643FD.
Dispõe a Constituição Federal:

"Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:

VII - os habeas corpus, em matéria criminal de sua competência ou quando o constrangimento


provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição;

(...)".

A competência, portanto, para o processamento e julgamento de Habeas Corpus, fixar-se-á em razão da autoridade
coatora.

No caso em tela, onde a suposta ameaça poderia inicialmente vir de autoridade federal, já que se cogitaria, em tese, de
tráfico internacional de drogas, pela possibilidade de cometimento dos delitos previstos no art. 28 e art. 33, "caput"
e/ou §1º, c/c art. 40, "I", todos da Lei 11.343/06, que atrairia a atuação do Estado Federal, naturalmente se atrai a
competência da Justiça Federal.

2.2. Do Pedido de Liminar

Em se tratando do habeas corpus preventivo, como no caso em exame, o paciente deve "achar-se na iminência de
sofrer violência ou coação ilegal na sua liberdade de ir e vir", não tendo, ainda, a violência ou coação se
perpetrado.

Passo a analisar a existência dos requisitos autorizadores para a concessão da liminar.

Apesar de tal pedido ser amplamente utilizado em diversos atos judiciais, a liminar de habeas corpus é medida
desprovida de previsão legal explícita. Trata-se, na verdade, de uma criação jurisprudencial voltada ao combate
imediato de ato indevido de constrangimento ou ameaça ao direito à liberdade de locomoção, devendo ser concedida
apenas em casos nos quais a urgência, a necessidade e a relevância da medida se evidenciem de forma incontroversa
na própria impetração e nos elementos de prova a ela colacionados.

Assim, a concessão de liminar em habeas corpus reclama a existência do periculum in mora ou perigo na demora,
quando há probabilidade de dano irreparável e o fumus boni iuris ou fumaça do bom direito, quando os elementos da
impetração indiquem a existência de ilegalidade.

A princípio, em relação à primeira impetrante - Maria Ferreira dos Santos, observo que há dois fatores que podem ser
considerados para caracterizar a probabilidade do direito ou fumaça do bom direito: a idade avançada, que agrava e é
agravada pela doença (Alzheimer) e o fato em si do contexto social em que se encontra, com mais uma pessoa
necessitando de apoio médico psiquiátrico, bem como a neta necessitando de apoio social e/ou até do Estado.

Pela prescrição médica - Dr. Joel Porfírio Pinto -, a medicação padrão ou o tratamento padrão não tem sido suficiente,
sendo que o uso de medicamento á base de cannabidiol pode trazer melhora no comportamento agressivo, pelo efeito
neuroprotetor, apesar dos riscos com a medicação.

Também em relação ao segundo paciente, a prescrição pelo mesmo profissional relata que desde criança o impetrante
tem diagnóstico de TDAH e portador de transtorno explosivo intermitente, sendo que o uso de cannabidiol tem sido
usado nesses quadros descritos de comportamento agressivo, apesar também dos riscos envolvidos.

É preciso destacar, que sem a autorização judicial, a própria importação de semente já pode configurar tráfico de
drogas, já que se trata de insumos, como já pontou o MPF em outro processo que tramitou neste Juízo Federal.

No entanto, em fase prefacial da demanda, a questão da saúde, neste caso, deve ser fator preponderante, em razão de
que a proteção contra drogas ilícitas não se sustenta em razão de um uso sob controle médico e voltado para
incrementar a qualidade de vida de quem necessita, bem diferente da defesa apenas para fins recreativos, que não gera

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necessariamente nenhum benefício individual, muito menos social.

Além disso, os custos dos tratamentos através da importação de medicamento do exterior, como o indicado para o
tratamento dos impetrante - Puridol 50mg/mL -, principalmente pela necessidade de trânsito ser por portador, não
sendo possível pelos Correios, além dos custos da própria importação, com impostos, como também o processo,
necessário, mas burocrático, os impedem que façam uso da medicação sem solução de continuidade.

Demais disso, há nos autos autorização da Anvisa para importação (nº 036687.0383330/2019), com vistas à assegurar
o direito à saúde dos pacientes, para que possam usar os remédios, de modo que a alternativa de uso de óleos a partir

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do cultivo artesanal da cannabis sativa por eles não encontra impedimento legal para que conceda a liminar
requestada.

É indene de dúvida que a importação das sementes de cannabis sativa, tampouco do óleo são proibidas pela legislação
pátria, mas a autorização de importação pela Anvisa para remédio com composto à base de cannabis sativa
permitem-me concluir que há, em forma preliminar, como já afirmado, a presença para ambos os impetrantes do
requisito da fumaça do bom direito.

Também, em fase preliminar de cognição, diviso a existência do periculum in mora, em razão das doenças alegadas,
da idade da primeira paciente, e também da situação social comprovada nos autos.

Dessa forma, é caso de deferimento do pedido liminar.

3. Dispositivo

Ante o exposto, DEFIRO o pedido de liminar, pelo que determino a expedição de salvo-conduto aos
pacientes MARIA FERREIRA DOS SANTOS e FRANCISCO JERFESSON DAMASCENO PINHO, para que
as autoridades coatoras e as polícias que lhes estão subordinadas se abstenham de investigar, repreender, atentar contra
a liberdade de locomoção dos pacientes, deixando, ainda de apreender e destruir sementes, plantas e material já
artesanalmente confeccionado (óleo/extratos) oriundo daquelas, para fins terapêuticos, bem como sejam impedidas de
apreender eventuais sementes que sejam importadas, sem prejuízo da importação atender às demais regras sanitárias e
tributárias.

Para cumprimento desta decisão deverá a Secretaria:

a) expedir mandado para fins de notificação das autoridades apontadas como coatoras, no caso, o Delegado-chefe
Policia Federal do Ceará, o Delegado-chefe de Polícia Civil do Estado do Ceará e Comandante- geral da Polícia
Militar do Estado do Ceará;

b) intimar a parte impetrante.

c) Intimar o MPF para ciência.

Em razão da suspensão dos prazos pelo Conselho Nacional de Justiça e pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região,
o prazo para informações somente terão início com cessação das causas sanitárias atuais, cabendo à Secretaria realizar
nova intimação oportunamente.

Após as informações das autoridades coatoras, intimem-se o MPF para apresentar parecer e venham-me os autos
conclusos para sentença.

Cumpra-se.

Expedientes necessários e com URGÊNCIA.

Fortaleza/CE, data da inclusão infra.

JOSÉ FLÁVIO FONSECA DE OLIVEIRA

Juiz Federal Substituto da 12ª Vara - SJCE

(assinatura eletrônica)

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Processo: 0804182-66.2020.4.05.8100
Assinado eletronicamente por: 20032415442835000000017651947
JOSE FLAVIO FONSECA DE OLIVEIRA -
Magistrado

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Data e hora da assinatura: 24/03/2020 17:53:34
Identificador: 4058100.17634717

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PROCESSO Nº: 0800801-41.2020.4.05.8103 - HABEAS CORPUS CRIMINAL


IMPETRANTE: D. A. N. N. e outros
ADVOGADO: Italo Coelho De Alencar
ADVOGADO: Robson Augusto Mata De Carvalho
IMPETRADO: POLICIA CIVIL e outros
18ª VARA FEDERAL - CE (JUIZ FEDERAL TITULAR)

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DECISÃO

Trata-se de habeas corpus preventivo, com pedido de medida liminar, impetrado por Ítalo
Coelho de Alencar objetivando provimento jurisdicional concedendo salvo-conduto em favor de
DAVI ARAÚJO NOGUEIRA NASCIMENTO, PEDRO AUGUSTO DO NASCIMENTO e
ALINE ARAÚJO NOGUEIRA, para assegurar a continuidade do cultivo caseiro de Cannabis
Sativa para fins exclusivamente terapêuticos, devendo as autoridades impetradas
(Delegado-Chefe da Polícia Federal, Delegado-Chefe da Polícia Civil e Comandante da Polícia
Militar) absterem-se de atentar contra a liberdade de locomoção dos pacientes, ficando,
inclusive, impedidas de apreenderem e destruírem as plantas de Cannabis Sativa até decisão
definitiva do mérito do presente writ.

Pugna, ainda, por autorização de importação de sementes de genética rica em CBD e THC, em
caso de perda das genéticas já cultivadas, de pragas ou de outros fatores supervenientes, bem
como pelo envio do óleo produzido para análise cromatográfica no Laboratório de Farmácia e
Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamento (NPDM) da Universidade Federal do
Ceará (UFC).

Narra a exordial que o paciente Davi Araújo Nogueira Nascimento, atualmente com 10 anos de
idade, foi diagnosticado nos primeiros meses de vida com paralisia cerebral quadriplégica,
apresentando quadro de epilepsia e espasticidade (CID G80, G40 e F37), estando
traqueostomizado e gastromizado. Relata que o paciente faz uso de diversos medicamentos
relaxantes (clonazepan, baclofeno, levozine, parkidopa, além de aplicação de botox semestral),
mas os resultados não se mostram satisfatórios. Afirma que, desesperados por uma alternativa
que garantisse uma melhor qualidade de vida para a criança, os pais adquiriram a erva cannabis
in natura no mercado clandestino e passaram a produzir o óleo em casa e administrá-lo a seu
filho, o qual apresentou resultados positivos impressionantes; no entanto, a situação de
ilegalidade preocupa bastante os genitores.

Prossegue asseverando que, em 2020, os pais adquiriram um frasco de produto de cannabis da


Associação de Cannabis Medicinal (ABRACE); porém, para obter os efeitos do extrato caseiro
seria necessário um aumento da dose, de modo que o frasco adquirido não foi suficiente para
um mês de tratamento, não possuindo a família condições financeiras de custear quantidade
superior do produto. Diante disso, os pais optaram por cultivar cannabis no próprio quintal de
casa para fazer o extrato caseiro novamente, por ser a forma mais acessível financeiramente e
mais confiável em termos de qualidade e procedência. Defende que o uso terapêutico do óleo de
cannabis já está consolidado na ciência, havendo diversos precedentes jurisprudenciais
autorizando o cultivo caseiro da erva para fins terapêuticos. Argumenta, ao afinal, a
inconstitucionalidade do art. 28, §1º da Lei nº 11.343/2006.

É o que importa relatar. DECIDO.

Cinge-se a questão à ameaça à liberdade individual dos pacientes pela realização do cultivo

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residencial de Cannabis Sativa para fins exclusivamente terapêutico, em face do risco de


indiciamento pela prática de consumo de drogas (art. 28, §1º da Lei 11.343/2006) ou mesmo de
tráfico (art. 33 e 34 da Lei nº 11.343/2006).

Antes, porém, cumpre averiguar a competência para o processamento da presente impetração.

Dispõe a Constituição Federal em seu art. 109, in verbis:

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"Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:

(...)

VII - os habeas corpus, em matéria criminal de sua competência ou quando o constrangimento


provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição; (...)".

A competência, portanto, para o processamento e julgamento de habeas corpus, fixar-se-á em


razão da autoridade coatora.

Na hipótese, considerando que a suposta ameaça à liberdade individual pode vir de autoridade
federal, uma vez que o caso, em tese, pode configurar os delitos de consumo de drogas e tráfico
internacional de drogas, previstos nos arts. 28 e 33, §1º, da Lei 11.343/06, firma-se a
competência da Justiça Federal.

Fixada a competência federal na demanda, passa-se à análise da medida liminar propugnada.

Apesar de tal pedido ser amplamente utilizado em diversos atos judiciais, a liminar de habeas
corpus é medida desprovida de previsão legal explícita. Trata-se, na verdade, de uma criação
jurisprudencial voltada ao combate imediato de ato indevido de constrangimento ou ameaça ao
direito à liberdade de locomoção, devendo ser concedida apenas em casos nos quais a urgência,
a necessidade e a relevância da medida se evidenciem de forma incontroversa na própria
impetração e nos elementos de prova a ela colacionados.

Assim, a concessão de liminar em habeas corpus reclama a existência do periculum in mora,


quando há probabilidade de dano irreparável, e o fumus boni juris, quando os elementos da
impetração indiquem a existência de ilegalidade.

Analisando os autos, observa-se que o paciente Davi Araújo Nogueira Nascimento é portador de
paralisia cerebral quadriplégica e apresenta quadro de epilepsia e espasticidade (CID G80, G40
e F73), sendo limitado para as atividades da vida diária, conforme laudo médico que instrui a
demanda. Os registros fotográficos constantes nos autos corroboram a situação de incapacidade
do menor. Consta nos autos, ainda, receituário médico de controle especial prescrevendo ao
menor o uso de medicamento à base de canabidiol (CBD), o Charlotte Web Hemp Extract,
tendo sido emitida, inclusive, autorização de importação pela ANVISA - Autorização nº
036687.0592226/2020 - com validade até 04/05/2022.

Registre-se que diversos estudos científicos já comprovaram a eficácia do uso medicinal da


cannabis e seus derivados no tratamento da sintomatologia de diversas doenças, dentre elas, as
neurológicas, revelando uma melhora considerável na qualidade de vida dos pacientes.

Diante disso, resulta demonstrada na hipótese a probabilidade do direito invocado na exordial,


tudo com vistas a resguardar o direito à vida do paciente menor de idade, no qual se insere o
direito a uma qualidade de vida minimamente aceitável.

De igual modo, o periculum in mora resta comprovado no caso, uma vez que, além de haver

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fortes evidências de que o uso da substância pretendida enseja melhoras significativas no


quadro de saúde do paciente menor, o cultivo clandestino da erva, e bem assim a importação de
sementes sem conhecimento da autoridade competente podem configurar, em tese, o
cometimento de delitos capitulados na Lei Antitóxicos (Lei nº 11.343/2006), havendo o risco
concreto de cerceamento da liberdade individual dos pacientes Pedro Augusto do Nascimento e
Aline Araújo Nogueira, genitores do menor acometido.

Desse modo, em fase prefacial da demanda, tem-se que a questão da saúde deve ser fator

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preponderante na hipótese em discussão em detrimento da proteção contra drogas ilícitas, haja
vista os benefícios reiteradamente comprovados pela classe científica do uso terapêutico da
cannabis por pessoas acometidas por diversas enfermidades, dentre elas, paralisia cerebral.

Ademais, os custos do tratamento através da importação de medicamento, como o indicado para


o paciente - Charlotte Web Hemp Extract - impede a realização do tratamento sem solução de
continuidade, além de seus genitores ficarem sujeitos a todo trâmite burocrático e variação
cambial para a aquisição.

Por oportuno, urge consignar que a ANVISA, a fim de assegurar o direito à saúde, tem liberado
a importação de remédios e óleos produzidos a partir do cultivo artesanal da cannabis sativa, de
modo que se o produto industrializado pode ser usado no país sob o respaldo da lei, é forçoso
reconhecer que a sua matéria prima também deve ser liberada, para os mesmos fins, para o uso
em pacientes que não têm condição de operacionalizar a importação.

Baseado em tais considerações, afigura-se justificado, ao menos nesse instante preliminar, o


cultivo caseiro de cannabis sativa para fins exclusivamente terapêuticos, nos moldes em que
requerido pelo impetrante, e bem assim a necessidade de resguardar eventual risco de ofensa à
liberdade individual de locomoção dos pacientes.

Ante o exposto, DEFIRO o pleito liminar, para determinar a expedição de salvo-conduto aos
pacientes DAVI ARAÚJO NOGUEIRA NASCIMENTO, PEDRO AUGUSTO DO
NASCIMENTO e ALINE ARAÚJO NOGUEIRA, a fim de que as autoridades coatoras e as
respectivas polícias a elas vinculadas abstenham-se de apreender e destruir sementes e plantas
cannabis sativa cultivadas em âmbito domiciliar, e bem assim o material já produzido
artesanalmente (óleo/extratos) a partir delas, com fins exclusivamente terapêuticos, ficando
ainda as autoridades impetradas impedidas de atentar contra a liberdade de locomoção dos
pacientes, salvo se por motivo diverso do ora analisado, bem como de apreender eventuais
sementes que sejam importadas para tal finalidade, sem prejuízo da observância pelos pacientes
das regras sanitárias e tributárias estabelecidas para a importação.

AUTORIZO, outrossim, que os pacientes encaminhem o óleo por eles produzido para análise
cromatográfica no Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamento (NPDM) da
Universidade Federal do Ceará (UFC).

NOTIFIQUEM-SE as autoridades apontadas como coatoras, no caso, o Delegado-chefe da


Polícia Federal do Estado do Ceará, o Delegado-chefe da Polícia Civil do Estado do Ceará e o
Comandante-geral da Polícia Militar do Estado do Ceará, para, no prazo de 10 (dez) dias,
apresentarem as informações cabíveis.

INTIMEM-SE as partes acerca do presente decisum.

Determino que a Secretaria cadastre o presente feito como sigiloso, a fim de resguardar a
intimidade e segurança dos pacientes.

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Após as informações das autoridades coatoras, INTIME-SE o MPF para apresentar parecer.

Empós, retornem os autos conclusos.

Cumpra-se.

Expedientes necessários e com URGÊNCIA.

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Sobral/CE, 29 de junho de 2020.

SÉRGIO DE NORÕES MILFONT JÚNIOR

Juiz Federal da 18ª Vara

Processo: 0800801-41.2020.4.05.8103
Assinado eletronicamente por: 20062618574251800000018382051
SERGIO DE NOROES MILFONT JUNIOR -
Magistrado
Data e hora da assinatura: 29/06/2020 16:25:50
Identificador: 4058103.18360153

Para conferência da autenticidade do


documento:
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PROCESSO Nº: 0800433-38.2020.4.05.8101 - HABEAS CORPUS CRIMINAL


IMPETRANTE: JOSUÉ SILVA DOS SANTOS e outro
ADVOGADO: Italo Coelho De Alencar
IMPETRADO: POLICIA CIVIL e outro
15ª VARA FEDERAL - CE (JUIZ FEDERAL TITULAR)

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SENTENÇA

RELATÓRIO

Cuida-se de Habeas Corpus Preventivo impetrado por ÍTALO COELHO DE ALENCAR,


inicialmente perante o Juízo Estadual da Comarca de Aracati/CE, em favor de JOSUÉ SILVA
DOS SANTOS e HEYMA INÊS CRUZ SANTIAGO, ora pacientes, devidamente qualificados
nos autos, visando à obtenção de salvo-conduto que lhes permita cultivar, no imóvel onde
residem (Vila Estevão, s/n, Canoa Quebrada, Aracati/CE), cannabis sativa para fins
terapêuticos, conforme recomendação médica, sem que - em decorrência disso - tenham sua
liberdade de locomoção ameaçada ou restringida por quaisquer das autoridades impetradas ou
seus subordinados, a saber, o Superintendente Regional da Polícia Federal no Ceará, o
Delegado-Geral de Polícia Civil do Estado do Ceará e o Comandante-Geral da Polícia Militar
do Estado do Ceará.

Segundo narra a inicial, o paciente JOSUÉ SILVA DOS SANTOS, companheiro da também
paciente HEYMA INÊS CRUZ SANTIAGO, é portador de "epilepsia de difícil controle" (CID
10: G40.8), tendo apresentado ao longo dos últimos anos recorrentes "crises epilépticas
severas". Prossegue explicando que, diante do agravamento de seu estado clínico, com a
instauração de um quadro de "convulsão generalizada grave sem resposta terapêutica", com
"risco eminente de morte por convulsão com efeitos colaterais e refratária ao uso de
alopáticos", foi lhe recomendado por seu médico, além da "vaporização de canabidiol (CDB)
puro de três a quatro vezes por dia", o uso do suplemento "Revivid Whole 6.000mg", elaborado
à base de cannabis sativa, conforme consta no laudo de fl. 20 do id. 4058101.18241921.

Ocorre que, segundo alega o impetrante, dado o alto custo do medicamento, resta ao paciente
como única alternativa o cultivo da citada erva, matéria-prima que contém o princípio ativo do
citado fármaco, necessário para o controle de suas crises epiléticas. Daí porque requer a
concessão de ordem que vede às autoridades impetradas restringir a liberdade de locomoção dos
pacientes em razão de tal atividade, proibindo-lhes também de apreender ou destruir suas
sementes e plantas. Postula, ainda, seja-lhes autorizado o envio do óleo extraído da cannabis
sativa para análise cromatográfica no Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos
- NPDM da Universidade Federal do Ceará - UFC, ou outra universidade com a mesma
capacidade técnica.

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Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ITALO COELHO DE ALENCAR e TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DO CEARA, protocolado em 15/12/2020 às 22:02 , sob o número 02730624920208060001.
fls. 379

Ao analisar a inicial, o douto Magistrado Estadual a quem distribuído o feito, em decisão de id.
4058101.18241927, constatando a presença de autoridade federal no polo passivo da ação,
declinou a competência em favor deste Juízo, com fundamento no art. 109, VII, da Carta
Constitucional.

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0273062-49.2020.8.06.0001 e código 7E64401.
Recebidos os autos, foi dada vista ao Ministério Público Federal - MPF, que opinou pela
denegação da ordem (id. 4058101.18268428).

Em decisão de id. 4058101.18280612, este Juízo deferiu a liminar requestada.

Notificadas as três autoridades apontadas como coatoras, somente prestaram as devidas


informações o Superintendente Regional da Polícia Federal no Ceará (id. 4058101.18577117) e
o Delegado-Geral de Polícia Civil do Estado do Ceará (id. 4058101.18520163). Enquanto o
primeiro informou que "não constam investigações em face dos impetrados" e que "foram
comunicados todos os policiais federais que atuam no combate ao tráfico de drogas (...) acerca
do Habeas Corpus Preventivo ajuizado pelo referidos nacionais"; o segundo, também
manifestando a sua ciência quanto ao teor da liminar deferida, ressaltou que eventual
criminalização da conduta descrita nos autos seria "completamente incompatível com os
preceitos máximos da Constituição Federal".

A certidão de id. 4058101.19014188 atesta o decurso de prazo para a manifestação do


Comandante-Geral da Polícia Militar do Estado do Ceará.

Intimado para apresentar parecer definitivo sobre o mérito, o ilustre representante do MPF,
modificando o entendimento inicialmente adotado, opinou pela "concessão da ordem do writ,
nos termos da liminar exarada pelo Juízo", pugnando, contudo, que tal medida fosse expedida
"com validade de 01 (um) ano", condicionando a sua renovação à "comprovação anual da
necessidade do tratamento" (id. 4058101.19070110).

Vieram-me os autos, então, conclusos para julgamento.

FUNDAMENTAÇÃO

De saída, ressalto já ter sido devidamente fixada, por ocasião da decisão de id.
4058101.18241927, a competência deste Juízo Federal para o processamento do presente
habeas corpus, quando igualmente reconhecido o cabimento do remédio constitucional,

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Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ITALO COELHO DE ALENCAR e TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DO CEARA, protocolado em 15/12/2020 às 22:02 , sob o número 02730624920208060001.
fls. 380

mostrando-se despicienda, aqui, a repetição dos fundamentos lá já explicitados.

Dito isso, inexistindo preliminares, passo diretamente ao exame do mérito.

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0273062-49.2020.8.06.0001 e código 7E64401.
Pois bem, no caso em tela, o impetrante acostou à inicial farta documentação comprobatória
de que o paciente JOSUÉ SILVA DOS SANTOS é portador de "epilepsia grave refratária"
(CID 10 G40), com registro de diversos episódios de crises epilépticas ao longo dos últimos
anos, incluindo recentes internações com quadros de convulsões generalizadas e sem respostas
terapêuticas. Os documentos demonstram, ainda, necessitar aquele do uso contínuo de
suplemento médico à base de cannabis sativa para o tratamento da referida enfermidade, haja
vista o estado de "incapacidade permanente" provocado pela doença, além da ineficácia de
outros fármacos anteriormente utilizados, os quais, inclusive, teriam lhe causado severos efeitos
colaterais. Nesse sentido são os Relatórios, Laudos Médicos e receituários anexados no id.
4058101.18241921 (fls. 02/31), merecendo destaque o Relatório confeccionado pelo
neurologista Dr. Adolfo Almeida, CRM 5298545-7/RJ, datado de 27/11/2019, no qual o
especialista, reconhecendo apresentar o paciente um "quadro epiléptico sem controle adequado,
apesar das medicações já utilizadas", aponta a necessidade de utilização de "canabidiol para a
refratariedade" da enfermidade. Indica-se ali, então, que o tratamento seja feito com "extrato da
cannabis sativa", que pode ser encontrada no medicamento REVIVID WHOLE 6.000 mg de
CDB.

Restou igualmente demonstrado, na mesma toada, não possuírem os pacientes capacidade


financeira para arcar com a aquisição do mencionado fármaco, tendo em vista que cada frasco
custa em torno de US$ 360,00 (trezentos e sessenta dólares), conforme consta da consulta de
preço realizada junto ao site da empresa fabricante (anexada no corpo da exordial), o que, na
cotação atual, equivale a mais de R$ 1.900,00 (mil e novecentos reais), quantia superior à
própria renda mensal declarada do casal, que seria de aproximadamente de R$ 1.400,00 (mil e
quatrocentos reais).

Dado esse contexto, revelado pelos citados elementos de prova, não contestados pelas
autoridades impetradas, tenho como concretamente consubstanciado o direito invocado na
inicial, consistente no cultivo caseiro de cannabis sativa, matéria-prima para a confecção do
óleo de canabidiol, vez que meio necessário e adequado para se preservar a saúde do paciente
JOSUÉ SILVA DOS SANTOS, direito fundamental assegurado constitucionalmente, cuja
promoção, proteção e recuperação é dever do Estado (arts. 6º, caput, e 196, CF/88).

Partindo dessa constatação, como já ponderado na decisão liminar, por questão de coerência,
não se pode conceber que esse mesmo comportamento seja compreendido como ofensor de
norma criminal, passível de pena de prisão, tal como bem adverte a teoria da tipicidade penal
conglobante. Com efeito, segundo esta, a tipicidade não pode ser entendida apenas como a
subsunção da conduta praticada pelo agente ao modelo descrito abstratamente na norma penal
incriminadora (tipicidade formal), devendo também estar presente a chamada tipicidade
material, consistente efetividade da lesão ao bem jurídico protegido, em atenção aos princípios

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fls. 381

da intervenção mínima e da fragmentariedade do Direito Penal, bem como da denominada


antinormatividade da conduta, caracterizada apenas quando esta não seja de qualquer modo
imposta ou fomentada pelo ordenamento jurídico.

Ora, não é isso o que se tem no caso em apreço. Em primeiro lugar, porque a atividade
almejada pelos pacientes, a ser protegida via salvo-conduto, não apresenta qualquer lesividade

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0273062-49.2020.8.06.0001 e código 7E64401.
social, vez que a cannabis destina-se apenas ao uso pessoal e terapêutico do Sr. JOSUÉ SILVA
DOS SANTOS. Em segundo, porque, em última instância, esse comportamento é desejado pelo
próprio Poder Público, na medida em que direcionado à proteção e recuperação da saúde do
citado sujeito, na linha do que dispõe o já referido art. 186 da Carta Magna.

Dado esse quadro, conclui-se que, para além de irrazoável e desproporcional, configura-se
abusivo eventual constrangimento que as autoridades impetradas ou seus subordinados possam
impor à liberdade deambulatória dos pacientes em função de tal atividade, cuja essência, como
se disse, é amparada por nossa ordem constitucional, inclusive pelo supremo princípio da
dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, CF/88).

Em sede jurisprudencial, apesar de ainda não serem numerosos os precedentes sobre o assunto,
vale registrar que a linha de raciocínio aqui adotada encontra respaldo em recentes decisões do
Col. Tribunal Regional Federal da 3ª Região, o qual, em casos semelhantes, vem se
posicionando favoravelmente à concessão de habeas corpus a fim de assegurar, para fins
terapêuticos, o cultivo caseiro da cannabis. A ver (grifos acrescidos):

PENAL. PROCESSUAL PENAL. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. CONCESSÃO DE


SALVO-CONDUTO PARA UTILIZAÇÃO DE CANNABIS MEDICINAL. RECURSO
PROVIDO. 1. O objetivo da presente impetração é a concessão de salvo-conduto ao paciente,
diagnosticado com pericardite, para que possa adquirir e plantar cannabis para fins
medicinais. 2. Verifica-se que o paciente é portador de pericardite recorrente, cardiopatia grave
que causa diversos efeitos colaterais em decorrência do uso de altas doses de corticoide, como
desconfortos, dores, insônia e ansiedade. O recorrente iniciou o uso do óleo de canabidiol,
apresentando melhora na qualidade de vida. 3. Comprovação do estado de saúde do paciente.
4. Inexistência de indicativos de que o emprego da Cannabis será para fins recreativos ou para
quaisquer outras atividades indevidas. 5. Recurso provido. (TRF-3. RSE
5004906-14.2019.4.03.6126, 5ª Turma, Rel. Des. PAULO GUSTAVO GUEDES FONTES, J.:
19/05/2020).

PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. REEXAME NECESSÁRIO. ÓLEO DE


CANNABIS SATIVA. PRODUÇÃO CASEIRA E ESPECÍFICA PARA TRATAMENTO
TERAPÊUTICO/MEDICINAL INDIVIDUAL. REEXAME NECESSÁRIO NÃO PROVIDO. 1.
A RDC n. 156/2017, da ANVISA, autoriza a produção de medicamentos contendo a substância
ativa Cannabis Sativa Linneu (maconha), assim como a importação de medicamentos que
detenham seu princípio ativo. 2. O uso pessoal e restrito do medicamento a ser produzido e
submetido a análises laboratoriais específicas para balizar seus parâmetros nos casos de

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fls. 382

doença grave não apresenta qualquer lesividade social e permite a incidência do estado de
necessidade exculpante para eximi-la de responder penalmente pela prática dos delitos
previstos pela Lei n. 11.343/06. 3. Reexame necessário não provido. (TRF3. HC
5002723-18.2019.4.03.6111, 5ª Turma, Rel. Des. MAURICIO YUKIKAZU KATO, J.:
14/04/2020).

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0273062-49.2020.8.06.0001 e código 7E64401.
Para finalizar, consigno não merecer acolhimento a "limitação temporal" da eficácia da
presente sentença ou o seu condicionamento a comportamento futuro a ser imposto aos
pacientes, na forma como opinou o ilustre Representante Ministerial. Isso porque, como é de
conhecimento ordinário e pelo que se extrai dos laudos e relatórios médicos acostados aos
autos, a enfermidade de que padece o paciente JOSUÉ SILVA DOS SANTOS ("epilepsia
grave refratária" - CID 10 G40), diante do atual estágio da ciência médica, é considerada
de natureza permanente, inexistindo perspectiva de cura. Tanto é assim que o tratamento
indicado, ser seguido pelo resto da vida do enfermo, visa unicamente controlar os "efeitos" da
doença, no caso, as crises epiléticas, evitando o agravamento de seu estado de saúde e
garantindo-lhe uma melhor qualidade de vida. Deste modo, não faz sentido impor àquele a
obrigação de, periodicamente, comprovar a necessidade do tratamento.

Com base nessas razões, na linha do quanto já explicitado à época do deferimento da liminar,
outra não pode ser a conclusão, desta feita atingida após cognição exauriente, senão pela
concessão definitiva da ordem postulada, confirmando-se os efeitos do salvo-conduto outrora
expedido.

DISPOSITIVO

ISTO POSTO, concedo a ordem pleiteada, ratificando integralmente os termos do salvo-


conduto já expedido em favor dos pacientes, especificamente para:

I) reconhecer-lhes, agora em definitivo, o direito de cultivarem em sua residência (Vila Estevão,


s/n, Canoa Quebrada, Aracati/CE) cannabis sativa para fins exclusivamente terapêuticos, a ser
utilizada no tratamento/controle da enfermidade (CID 10: G40.8) do paciente JOSUÉ SILVA
DOS SANTOS;

II) ordenar que as autoridades impetradas e seus subordinados se abstenham de praticar


quaisquer atos que atentem contra a liberdade de locomoção dos pacientes em razão da
atividade autorizada no item anterior, ficando vedada também a apreensão e/ou destruição de
sementes, plantas e óleo do vegetal resultantes da mesma atividade.

Mantenho a autorização, ainda, para que seja encaminhado o óleo extraído da cannabis para
análise cromatográfica no Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos - NFDM

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fls. 383

da Universidade Federal do Ceará - UFC, na forma como postulado pelo impetrante, estando
essa atividade igualmente acobertada pelo salvo-conduto.

Esta sentença tem força de salvo-conduto e mandado judicial.

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0273062-49.2020.8.06.0001 e código 7E64401.
Por força do reexame necessário (art. 574, I, do CPP), remetam-se os autos ao Eg. Tribunal
Regional Federal da 5ª Região após decorrido o prazo legal para interposição de recurso
voluntário.

Registre-se. Intimem-se.

Limoeiro do Norte/CE, 16 de novembro de 2020.

BERNARDO LIMA VASCONCELOS CARNEIRO

Juiz Federal da 15ª Vara - SJ/CE

Processo: 0800433-38.2020.4.05.8101
Assinado eletronicamente por: 20110412092177900000019333702
BERNARDO LIMA VASCONCELOS
CARNEIRO - Magistrado
Data e hora da assinatura: 16/11/2020 21:35:10
Identificador: 4058101.19307381

Para conferência da autenticidade do


documento:
https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo
/ConsultaDocumento/listView.seam

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384

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO CEARÁ


Comarca de Juazeiro do Norte
3ª Vara Criminal da Comarca de Juazeiro do Norte
Rua Maria Marcionilia Pessoa Silva, 800, Lagoa Seca - CEP 63046-550, Fone: (88) 3571-8899, Juazeiro do
Norte-CE - E-mail: juazeiro.3criminal@tjce.jus.br

DECISÃO

6DC25D7.
0052679-89.2020.8.06.0112 e código 7E64403.
Processo nº: 0052679-89.2020.8.06.0112
Apensos: Processos Apensos << Informação indisponível >>
Classe: Habeas Corpus Criminal
Assunto: Posse de Drogas para Consumo Pessoal e Tráfico de Drogas e

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Condutas Afins
Impetrado e Paciente: Policia Civil do Estado do Ceará e outros

Trata-se de Habeas Corpus Preventivo com pedido liminar impetrado por Ítalo Coelho de

DO CEARA,
Alencar, brasileiro, casado, advogado inscrito na OAB/CE nº 39.809, email:

.
italocalencar@gmail.com; Emílio Nabas Figueiredo, brasileiro, casado, advogado inscrito na

às 17:52
OAB/RJ nº 124.871, email: emilionabas@gmail.com e Ricardo Nemer Silva, brasileiro,

DO ESTADO
casado, advogado inscrito na OAB/RJ nº 164.178, email: ricnemer.adv@gmail.com, todos

em 16/07/2020
com endereço profisisonal na Rua Marechal Deodoro, nº 1395, 320-B, Bairro Benfica,
Fortaleza/CE, com fundamento no inciso LXVIII, do art. 5º da Constituição Federal e arts.
647 e 648 do Código de Processo Penal, em favor de Maria Arlet Silva Almeida, brasileira,

DE JUSTICA
solteira, RG 98029043922 SSP/CE e CPF 011.711.953-97 e de seu filho Pedro Lucas
Depardier Silva de Almeida, brasileiro, solteiro, RG 2004034034033 e CPF

nos autos
019.638.593-83, ambos residentes na Rua Santa Tereza, nº 358, Bairro São Miguel, neste
município, por seus advogados legalmente constituídos, conforme instrumento de mandato

e TRIBUNAL
incluso, em face das autoridades coatoras o Delegado-chefe da Polícia Civil do Estado do

VIEIRA, liberado
Ceará e o Comandante-geral da Polícia Militar do Estado do Ceará aduzindo, em síntese, os
seguintes argumentos:

DE ALENCAR
Em decorrência de um parto cesário realizado com 29 (vinte e nove) semanas de gestação,
Pedro Lucas Depardier Silva de Almeida, quando do seu nascimento, teve falta de oxigênio

LUCIA
no que lhe ocasionou Paralisia Cerebral Tetraplégica (CID 10 - G80/ G40.9/ M62/ K21),

COELHO
tendo como consequência da enfermidade a alteração na postura e movimento, perturbação
nos movimentos ligeiros e fala, assim como o seu sistema imunológico se constituiu frágil por MARIA
com apresentação de espasmos. Aos seis meses de vida, Pedro Lucas Depardier Silva de
por ITALO

Almeida teve sua primeira crise convulsiva, de modo que foi prescrito o uso de fenobarbital
digitalmente

para o controle das convulsões. As crises foram cedendo, todavia os espasmos ficaram
incontroláveis.
digitalmente

Para controlar as crises de espamos, Pedro Lucas Depardier Silva de Almeida fez uso de
assinado

diversos medicamentos fortes, tais como, Aciclovir, Cefalexina, Artane, Fenobarbital,


assinado

Baclofeno, Triexafenid 2mg e Levitiracetam 250mg, e que pouco surtiam efeitos. Ademais, as
crises convulsivas intermitentes apresentavam risco real de dano cerebral ao paciente, com a
original,

incidência de rigidez muscular e pele ressecada.


original,
dodo

Maria Arlet Silva Almeida, mãe de Pedro Lucas Depardier Silva de Almeida e presidente
cópia

da Associação das Mães Especiais (AME), que trata de associação de mães de crianças,
documentoé écópia

jovens e adultos portadores de microcefalia e demais condições clínicas, no início de 2019,


ficou sabendo dos efeitos terapêuticos da Cannabis para quadros semelhantes à enfermidade
Este documento
Este
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fls. 277
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Comarca de Juazeiro do Norte
3ª Vara Criminal da Comarca de Juazeiro do Norte
Rua Maria Marcionilia Pessoa Silva, 800, Lagoa Seca - CEP 63046-550, Fone: (88) 3571-8899, Juazeiro do
Norte-CE - E-mail: juazeiro.3criminal@tjce.jus.br

de seu filho. Desse modo, iniciou o tratamento com chás das sementes da Cannabis,
conseguindo com uma amiga, posteriormente, amostras do óleo artesanal rico em CBD a 5%,

6DC25D7.
0052679-89.2020.8.06.0112 e código 7E64403.
de modo que conseguiu obter resultados surpreendentes em relação ao relaxamento muscular
e as crises convulsivas de seu filho, que realizava fisioterapia sem apresentar queixas de dores.
Desta forma, Maria Arlet Silva Almeida continuou a adquirir, clandestinamente, o óleo
artesanal através de associações de pacientes pelo país, mesmo que com procedência sem
garantia.

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Aos 30.11.2019, com a finalidade de regularizar a situação, Maria Arlet Silva Almeida
procurou atendimento com a médica da Associação Sativoteca, Dra. Carla S. Nobre, CRM
15223, no qual prescreveu à Pedro Lucas Depardier Silva de Almeida o uso do "extrato de
Cannabis rico em CBD/THC concentração 5mg/ml - via oral - 6 frascos", todavia, tal
prescrição não habilitava a paciente a requerer Autorização de Importação da ANVISA. Desta

DO CEARA,
feita, em fevereiro de 2020, outro médico, Pedro Melo da C. Neto, CRM-PE 18781,
prescreveu "Nuleaf CBD Oil full spectrum (30ml/1450mg CBD), 5 gotas de 12 em 12h".

às 17:52 .
Entretanto, desde dezembro de 2019, a ANVISA ainda não tinha concedido a autorização de
importação à paciente, no que foi preciso refazer seu cadastro junto à Agência, mas até a

DO ESTADO
presente data ainda não houve encerramento da tramitação do processo.

em 16/07/2020
Em junho de 2020, o médico Igor Maia, CRM-CE 18683, prescreveu "extrato de Cannabis

DE JUSTICA
rico em CBD a 5% - iniciando posologia de 6 gotas diárias, com adequação da dose
conforme resposta individual do paciente, caso necessário - uso contínuo". Ocorre que a

nos autos
paciente não possui recursos para arcar com o tratamento prescrito, mesmo com a autorização
da ANVISA e, receando interromper o tratamento do filho, optou por cultivar 12 Cannabis no

e TRIBUNAL
quintal de sua residência para fazer o extrato caseiro, sendo a forma mais confiável em termos

VIEIRA, liberado
de qualidade e procedência, como também ser acessível quanto à sua situação financeira.

A paciente assevera que os produtos extraídos artesanalmente da Cannabis são fitoterápicos,

DE ALENCAR
com propriedades benéficas conhecidas há milênios em diversas farmacopeias, como o tratado
chinês Pen Tsao Ching (2.273 a.C). Ademais, a ANVISA, na RDC 156/2017, incluiu a

LUCIA
Cannabis nas Denominações Comuns Brasileiras, onde figuram as plantas com potencial
terapêutico. Aduz, ainda, que o alívio na espasticidade severa e no movimento desordenado

COELHO
em todo corpo ao utilizar a Cannabis encontra explicação na ciência, sendo possível
identificar, inicialmente, componentes da planta, como psicoativo delta-9-tetrahidrocanabinol por MARIA
por ITALO
(THC) - canabinoide responsável pelo efeito analgésico e diversos outros posteriormente. O
mais famoso, Canabidiol (CBD) responsável, pelo relaxamento e controle de convulsões,
digitalmente

fora descoberto em seguida. Todavia, devido ao que os cientistas chamam de “efeito


digitalmente

comitiva”, se torna mais eficiente o tratamento quando os demais canabinoides, CBG, CBN,
TCHV etc. são administrados juntos, ou seja, quando são administrados de extratos artesanais
ou da própria planta, em detrimento do princípio ativo isolado.
assinado
assinado

No caso da paralisia cerebral que acomete Pedro Lucas Depardier Silva de Almeida, afirma
que a Cannabis ajuda na diminuição dos impulsos elétricos desordenados, que causam
original,
original,

movimentos involuntários, assim como no relaxamento muscular, fazendo diminuir a rigidez


muscular.
dodo
cópia

Relata a paciente, ainda, que o médico Pedro Melo da C. Neto, CRM-PE 18781, prescreveu
documentoé écópia

"Nuleaf CBD Oil full spectrum (30ml/1450mg CBD), 5 gotas de 12 em 12h", tratando-se de
Este documento
Este
protocolado em 15/12/2020 às 22:02 , sob o número 02730624920208060001.
fls. 278
386

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO CEARÁ


Comarca de Juazeiro do Norte
3ª Vara Criminal da Comarca de Juazeiro do Norte
Rua Maria Marcionilia Pessoa Silva, 800, Lagoa Seca - CEP 63046-550, Fone: (88) 3571-8899, Juazeiro do
Norte-CE - E-mail: juazeiro.3criminal@tjce.jus.br

um produto importado dos Estados Unidos da América, cujo valor de um frasco de 30ml é U$
264,00 (duzentos e sessenta e quatro dólares), sendo necessária a compra mínima de um

6DC25D7.
0052679-89.2020.8.06.0112 e código 7E64403.
frasco para dois meses, de modo que o preço médio para aquisição do produto seria mais de
R$ 1.425,00 (mil quatrocentos e vinte e cinco reais) por unidade, somado as taxas de
importação, o custo anual do referido tratamento seria de R$ 17.107,00 (dezessete mil, cento e
sete reais).

A paciente afirma que seu filho Pedro Lucas Depardier Silva de Almeida é absolutamente

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0273062-49.2020.8.06.0001


incapaz, cuja renda familiar se restringe ao valor de um salário mínimo, oriundo do Benefício
de Prestação Continuada (BPC), reiterando a eficácia do óleo da Cannabis para o tratamento
do seu filho, garantindo-o uma verdadeira qualidade de vida.

Salienta que antes do paciente iniciar o tratamento com o extrato da Cannabis, fez uso de

DO CEARA,
diversos tratamentos e medicações disponíveis no mercado, o que lhe trouxe uma série de
riscos e danos, afirmando ter feito uso dos seguintes medicamentos: baclofeno, clonazepam,

às 17:52 .
fenobarbital, triexafenid 2mg e levitiracetam 250mg.

DO ESTADO
Por fim, assevera que a paciente corre o risco de ter sua prisão decretada, tendo em vista que a

em 16/07/2020
Lei 11.343/06, apesar de prever a possibilidade de uso de plantas das quais derivam
entorpecentes para fins medicinais ou científicos, ainda criminaliza quem, para seu consumo
pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas destinadas à preparação de pequena quantidade de

DE JUSTICA
substância ou produto capaz de causar dependência física ou psíquica.

nos autos
Com a petição de págs. 1/31, vieram os documentos de págs. 32/267.

e TRIBUNAL
Com vista, o Ministério Público opinou pelo deferimento do Habeas Corpus, págs. 271/275.

VIEIRA, liberado
Feito o sucinto relato, decido.

DE ALENCAR
Inicialmente, cumpre consignar a competência deste Juízo para processar e julgar o presente
Habeas Corpus preventivo, tendo em vista a decisão da Terceira Seção do Superior Tribunal

LUCIA
de Justiça, nos autos do CC 171.206-SP, que teve como relator o ministro Joel Ilan

COELHO
Paciornik, em que decidiu, por unanimidade, a competência da Justiça Estadual para
conhecer pedido de habeas corpus preventivo com pedido de salvo-conduto para viabilizar o por MARIA
cultivo, uso, porte e/ou produção artesanal da Cannabis, com fins medicinais ou terapêuticos,
por ITALO

quando não demonstrada a internacionalidade da conduta.


digitalmente

Passo à análise da medida liminar requerida.


digitalmente

Dá-se a concessão de liminar em habeas corpus em caráter excepcional, com a configuração


assinado

do fumus boni iuris e do periculum in mora. Em que pese inexistir regulamentação expressa
assinado

acerca da matéria, pode ser legítima a utilização, ao presente caso, do disposto no §2º, do art.
660 do CPP, que prevê a possibilidade de julgamento antecipado do mérito em sede de habeas
original,

corpus "se os documentos que instruírem a petição evidenciarem a ilegalidade da coação, o


original,

juiz ou o tribunal ordenará que cesse imediatamente o constrangimento", uma vez


dodo

demonstrada a caracterização da extrema urgência da medida.


cópia
documentoé écópia

Analisando detidamente os autos, observa-se que o paciente Pedro Lucas Depardier Silva
de Almeida é portador de Paralisia Cerebral Tetraplégica e Retardo Mental (CID 10 - G80/
Este documento
Este
protocolado em 15/12/2020 às 22:02 , sob o número 02730624920208060001.
fls. 279
387

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Comarca de Juazeiro do Norte
3ª Vara Criminal da Comarca de Juazeiro do Norte
Rua Maria Marcionilia Pessoa Silva, 800, Lagoa Seca - CEP 63046-550, Fone: (88) 3571-8899, Juazeiro do
Norte-CE - E-mail: juazeiro.3criminal@tjce.jus.br

G40.9/ M62/ K21), incorrendo em limitação para as atividades diárias, conforme preconiza
laudo médico de págs. 83/83, assim como pelo relato feito de próprio punho de sua genitora,

6DC25D7.
0052679-89.2020.8.06.0112 e código 7E64403.
Maria Arlet Silva Almeida, de págs. 93/95, no qual descreve que o mesmo não fala, não
anda e não senta, possuindo uma saúde frágil. Consta nos autos, ainda, receituário médico
prescrevendo ao paciente uso de medicamento à base de canabidiol (CBD), O "Nuleaf CBD
Oil full spectrum (30ml/1450mg CBD), 5 gotas de 12 em 12h", de acordo com o laudo de
opags. 86/89. Extrai-se dos documentos de págs. 36/37 que já foi solicitado junto à ANVISA,
autorização de importação do medicamento, cujo processo encontra-se em trâmite.

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0273062-49.2020.8.06.0001


Foram colacionados aos autos alguns estudos científicos, de págs. 38/57 e 60/81, acerca da
comprovação da eficácia do uso medicinal da Cannabis e seus derivados nos tratamentos de
diversas doenças, entre as quais, as oriundas das patalogias neurológicas, revelando que com o
tratamento o paciente obtêm uma melhora considerável em sua qualidade de vida. É o que se

DO CEARA,
extrai do laudo médico de pág. 87, bem como do próprio relato da mãe do paciente, págs.
93?95, o qual narra que após o uso do óleo da cannabis, o paciente apresentou melhoras

às 17:52 .
significativas, "conseguindo fazer fisioterapia sem dores, assim como segurando a cabeça
com mais firmeza, pegando objetos sem nenhuma dor".

DO ESTADO
em 16/07/2020
Ante tais circunstâncias, resulta demonstrada ao presente caso a probabilidade do direito
invocado na petição, haja vista a prevalência de resguardar o direito à vida e à saúde do
paciente, a uma condição aceitável de uma boa qualidade de vida.

DE JUSTICA
nos autos
O periculum in mora também restou comprovado, haja vista que além de existir fortes
evidências de que o uso da Cannabis no tratamento do paciente enseja melhoras significativas

e TRIBUNAL
no quadro de sua enfermidade, em comparado aos demais fármacos já tomados no transcorrer

VIEIRA, liberado
de sua vida, temos também que a condulta de cultivar clandestinamente a erva e sem
conhecimento da autoridade competente, pode configurar, em tese, na prática dos delitos
tipificados na Lei nº 11.343/2006, incorrendo risco consideráveil e iminente de cerceamento

DE ALENCAR
da liberdade individual de Maria Arlet Silva Almeida, genitora de Pedro Lucas Depardier
Silva de Almeida.

LUCIA
Ademais, conforme já explanado acima, encontra-se em trâmite na ANVISA, a autorização

COELHO
para a importação do medicamento, de forma que caso seja concedido, Maria Arlet Silva
Almeida não poderia arcar, inicialmente, com os custos de tais demandas, tendo em vista sua por MARIA
peculiar situação financeira, conforme documentos de págs. 58/59, em que atesta que Pedro
por ITALO

Lucas Depardier Silva de Almeida é beneficiário do Benefício de Prestação Continuada


digitalmente

(BPC), auferindo renda mensal no valor de um salário mínimo.


digitalmente

Por oportuno, urge ressaltar que a ANVISA já se manifestou no sentido de ser ccoerente ao
entendimento de ser possível o uso da Cannabis para fins medicinais, inclusive autorizando a
assinado

importação de medicamentos à base de canabidiol e outros canabióides para uso pessoal,


assinado

sendo regulamentado o procedimento na RDC 17/2015. Desta feita, para aqueles que não
possuem condições de arcar com tais custos, forçoso reconhecer que a matéria prima deve ser
original,
original,

liberada para fins exclusivamente terapêuticos.


dodo
cópia

Ante o exposto, DEFIRO o pleito liminar, para determinar a expedição de salvo-conduto aos
documentoé écópia

pacientes Pedro Lucas Depardier Silva de Almeida e Maria Arlet Silva Almeida, a fim de
Este documento
Este
protocolado em 15/12/2020 às 22:02 , sob o número 02730624920208060001.
fls. 280
388

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Norte-CE - E-mail: juazeiro.3criminal@tjce.jus.br

que as autoridades coatoras e as respectivas polícias a elas vinculadas abstenham-se de


apreender e destruir sementes e plantas cannabis sativa cultivadas em âmbito domiciliar, e

6DC25D7.
0052679-89.2020.8.06.0112 e código 7E64403.
bem assim o material já produzido artesanalmente (óleo/extratos) a partir delas, com fins
exclusivamente terapêuticos, ficando ainda as autoridades impetradas impedidas de atentar
contra a liberdade de locomoção dos pacientes, salvo se por motivo diverso do ora analisado,
bem como de apreender eventuais sementes que sejam importadas para tal finalidade, sem
prejuízo da observância pelos pacientes das regras sanitárias e tributárias estabelecidas para a
importação.

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0273062-49.2020.8.06.0001


Outrossim, DEFIRO pedido de encaminhamento do óleo produzido pela paciente para análise
cromatográfica no Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamento (NPDM) da
Universidade Federal do Ceará (UFC) ou da UFCA.

DO CEARA,
Notifiquem-se as autoridades apontadas como coatoras, no caso, o Delegado-chefe da Polícia
Civil do Estado do Ceará e o Comandante-geral da Polícia Militar do Estado do Ceará para,

às 17:52 .
no prazo de 10 (dez) dias, apresentarem as informações cabíveis.

DO ESTADO
Intimem-se as partes acerca da presente decisão.

em 16/07/2020
Após a apresentação das informações das autoridades coatoras, intime-se o r. do Ministério
Público para apresentar parecer.

DE JUSTICA
Empós, retornem os autos conclusos.

nos autos
e TRIBUNAL
Cumpra-se. Expedientes necessários.

VIEIRA, liberado
Juazeiro do Norte/CE, 16 de julho de 2020.

DE ALENCAR
Maria Lúcia Vieira
Juíza de Direito

Este documento
Este cópia
documentoé écópia original,
dodo assinado
original, digitalmente
assinado por ITALO
digitalmente COELHO
por MARIA LUCIA
fls. 389

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3ª Vara de Execução Penal (SEJUD 1º Grau)
Rua Des. Floriano Benevides Magalhaes, nº 220, Edson Queiroz - CEP 60811-690, Fone: (85) 34928766,
Fortaleza-CE - E-mail: secjudexpenaisiv@tjce.jus.br

CERTIDÃO

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0273062-49.2020.8.06.0001 e código 857D7D3.
Processo nº: 0273062-49.2020.8.06.0001
Classe: Habeas Corpus Criminal
Assunto: Posse de Drogas para Consumo Pessoal
Impetrante: Francisco Isleudo Soares Fausto
Impetrado: Polícia Militar do Estado do Ceará e outro

CERTIFICA que os autos foram remetidos para o sistema SEEU.

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por LUCIANO BATISTA DE ALMEIDA, liberado nos autos em 06/03/2021 às 16:17 .
O referido é verdade. Dou fé.

Fortaleza/CE, 06 de março de 2021.

LUCIANO BATISTA DE ALMEIDA


Assistente de Unid. Judiciária
fls. 390

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CERTIDÃO DE BAIXA E ARQUIVAMENTO

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0273062-49.2020.8.06.0001 e código 857D7DF.
Processo nº: 0273062-49.2020.8.06.0001
Classe: Habeas Corpus Criminal
Assunto: Posse de Drogas para Consumo Pessoal

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DO CEARA, liberado nos autos em 06/03/2021 às 16:18 .
CERTIFICA-SE que, nesta data, foram baixados e arquivados, de forma
automática, os presentes autos.

O referido é verdade. Dou fé.

Fortaleza/CE, 06 de março de 2021.

Servidor da SEJUD
*Certidão gerada de forma automática

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