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MM.

JUÍZO DA XXX VARA – TRIBUNAL XXXX

Processo nº XXXX

AUTOR E QUALIFICAÇÃO, vem, por meio de seus advogados, in fine assinados, com
endereço profissional na XXXX, onde recebem intimações e notificações, constituídos na
forma da procuração anexada aos autos (DOC. 1 - Procuração), apresentar

EMBARGOS À AÇÃO MONITÓRIA

movida por XXXX devidamente qualificada nos autos em epígrafe, pelas razões de fato e
de direito que a seguir passa a expor:

I. SÍNTESE

1. Sustenta a AUTORA que a REQUERIDA é devedora do contrato


de nº XXXX, trazendo aos autos apontando o montante de R$ XXX.

2. No entanto, não apresenta nenhum documento merecedor


de fé que demonstre a razão da suposta dívida. Os documentos apresentados são apenas:
i) XXXX); e ii) XXXX , sendo apenas o primeiro instrumento contratual devidamente
assinado pela consumidora, enquanto o segundo de forma alguma mostra o valor da
obrigação ou sequer prestam a provar a efetiva contratação.

3. Nesse aspecto, o pleito autoral merece ser julgado


improcedente pelas razões que seguem.

II. PRELIMINARMENTE

II.A. INEXISTÊNCIA DE REQUISITOS PARA AÇÃO MONITÓRIA – CARÊNCIA DA


AÇÃO – FALTA DE PRESSUPOSTO PROCESSUAL

4. Inicialmente, cumpre destacar que a ação deve ser julgada


extinta sem resolução do mérito, por ser a AUTORA carecedora dos pressupostos para a
Ação Monitória.

5. A AUTORA sustenta em sua exordial que a REQUERIDA é


devedora do contrato de nº XXX sem, no entanto, apresentar nenhum documento,
mesmo que sem eficácia de título executivo demonstrando a origem do débito.

6. Apresenta somente o “xxxx”, assinado pela REQUERIDA, mas


que não representa nada referente aos supostos débito; e o instrumento particular de
“xxx” não assinado, nem mesmo de forma eletrônica.

7. O contrato retro mencionado representa somente minuta


padrão para a contratação dos serviço/produto, mas não demonstra que a REQUERIDA
tenha o contratado.

8. Tais documentos não possuem a força de demonstrar a


existência de contratação da REQUERIDA e, fora isso, não apresenta nenhum documento
que demonstre a existência de tal obrigação.

9. Fato é que a AUTORA sustenta que a suposta dívida estaria


consubstanciada em faturas e demonstrativos por ela juntados. Ora, não tem a AUTORA
qualquer documento devidamente assinado pela REQUERIDA, até mesmo porque não os
juntou aos autos.
10. Os extratos e demonstrativo de débito por ela juntados não
figuram como prova escrita, necessária à comprovação da dívida alegada e,
consequentemente, ao cabimento da Ação Monitória.

11. Os documentos apresentados pela AUTORA, ao contrário do


que pretende, não demonstram nada além da existência de uma relação de consumo
entre as partes litigantes, especificamente sobre a existência de conta de depósito, que
não é vinculada ao produto de cartão de crédito, o que não gera a presunção da
existência de qualquer débito.

12. Ressalta-se que em situações absolutamente iguais o TRF-2


entendeu pela extinção da demanda:

APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO MONITÓRIA. CEF.


CONTRATO DE CARTÃO DE CRÉDITO NÃO ASSINADO. CARÊNCIA DE
DOCUMENTO INDISPENSÁVEL À PROPOSITURA DA DEMANDA.
AUSÊNCIA DE PRESSUPOSTO DE CONSTITUIÇÃO E DESENVOLVIMENTO
VÁLIDO E REGULAR DO PROCESSO. PROVIMENTO. 1. Trata-se de
apelação cível interposta contra sentença que julgou improcedente os
embargos monitórios opostos contra cobrança de dívida de cartão de
crédito promovida pela CEF. 2. O art. 700, caput e § 2º, I, do CPC impõe
ao autor que instrua a petição inicial com prova escrita do seu direito e
memória de cálculo. No que toca especificamente às obrigações
decorrentes de contrato de cartão de crédito, o STJ possui jurisprudência
consolidada no sentido de que a ação monitória deve vir acompanhada
do contrato de prestação de serviços de cartão de crédito,
demonstrativo de débito e extratos dos gastos realizados pelo devedor.
Precedentes. 3. Na espécie, a CEF não juntou o contrato firmado pela
embargante. Consta apenas instrumento denominado "Contrato de
Prestação de Serviços de Administração dos Cartões de Crédito Caixa -
Pessoa Jurídica", no qual sequer se faz menção ao devedor. Na falta de
prova do negócio jurídico, fica inviabilizada a apuração da certeza e
liquidez do crédito constante dos demonstrativos de débito, eis que
são inacessíveis as condições compactuadas. 4. Em vista da carência de
documento indispensável à propositura da ação monitória, patente a
ausência de pressuposto de constituição e desenvolvimento válido e
regular do processo, razão pela qual o feito deve ser julgado extinto sem
resolução do mérito, na forma do art. 485, IV, do CPC. 5. O art. 331 do
CPC não se aplica à hipótese, porquanto restrito aos casos de
indeferimento da inicial. 6. Apelação conhecida e provida. (TRF-2 - AC:
00026189320164025001 ES 0002618-93.2016.4.02.5001, Relator:
GUILHERME CALMON NOGUEIRA DA GAMA, Data de Julgamento:
14/06/2019, 6ª TURMA ESPECIALIZADA) (grifou-se)

13. Em mesmo sentido restou fixado pelo E. Tribunal de Justiça


do Estado de Minas Gerais:
EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO MONITÓRIA - CARTÃO DE CRÉDITO -
CONTRATO SUBSCRITO PELO DEVEDOR - AUSÊNCIA - FATURA
APRESENTADA - DOCUMENTO INSUFICIENTE - PROVA ESCRITA DA
DÍVIDA - REQUISITO NÃO DEMONSTRADO - EFEITOS. - Em sede de ação
monitória fundada em crédito advindo de cartão de crédito, as faturas
inadimplidas não se prestam à prova escrita da dívida quando
desacompanhadas do correspondente contrato devidamente assinado
pelo réu, nisto residindo circunstância capaz de ensejar a extinção do
feito, sem resolução de mérito, por ausência de pressuposto de
constituição e desenvolvimento válido e regular do processo. (TJ-MG -
AC: 10000220578637001 MG, Relator: Shirley Fenzi Bertão, Data de
Julgamento: 18/05/2022, Câmaras Cíveis / 11ª CÂMARA CÍVEL, Data de
Publicação: 18/05/2022) (grifou-se)

14. Dessa forma, requer a extinção do processo sem julgamento


de mérito, em razão da inexistência de pressuposto regular de desenvolvimento –
documento necessário à propositura da demanda – e, portanto, a AUTORA ser carecedora
da Ação Monitória.

III. DAS RAZÕES QUE LEVAM À IMPROCEDÊNCIA DO PLEITO AUTORAL

15. Como mencionado alhures, o único instrumento contratual


devidamente assinado pela REQUERIDA é o “Contrato de Relacionamento – Abertura de
Contas e Adesão a Produtos e Serviços – Pessoa Física”, que em nada serve para
demonstrar a existência de quaisquer dos débitos perquiridos nesta ação.

16. Evidentemente, não se tratando de documento escrito hábil


a instruir a presente ação monitória e, portanto, não comporta a juntada de simples
demonstrativo de débito elaborado unilateralmente, com apontamento de encargos e
taxas discriminados exclusivamente pela AUTORA.

17. O ordenamento processual preconiza que incumbe ao AUTOR


o ônus de provar o fato constitutivo de seu direito, conforme se vê do Art. 373, inciso I do
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL:

Art. 373. O ônus da prova incumbe:

I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;

18. Ora, a documentação acostada aos autos não possui o


condão de comprovar as alegações autorais ou demonstrar a existência de um suposto
crédito. Trata-se de espelhos do sistema interno da REQUERENTE, quase ininteligíveis para
qualquer um que seja alheio à prática interna do banco, de forma que não há, em razão
de sua hipossuficiência técnica, como a REQUERIDA exercer seu direito de defesa
satisfatoriamente.

19. Mais uma vez, ressalta-se, a REQUERENTE apresenta somente


o “XXX”, assinado pela REQUERIDA, mas que não representa nada referente aos supostos
débitos.

20. Por outro lado, o segundo contrato juntado que representa


somente a minuta padrão para a contratação do serviço não demonstra que a
REQUERIDA tenha o contratado, sequer aponta os eventuais encargos e taxas de juros
remuneratórios e moratórios impostos no momento da suposta contratação.

21. Em razão da falta de assinatura e falta de demonstração de


que a REQUERIDA de fato é devedora, não há como a pretensão autoral prosperar. É
exatamente neste sentido que inúmeros precedentes foram firmados:

MONITÓRIA. CONTRATO NÃO ASSINADO. DEMONSTRATIVO DE DÉBITO.


DOCUMENTOS UNILATERAIS. 1- Os documentos apresentados pela
autora não comprovam que a ré é a titular do cartão de crédito. 2- O
contrato não assinado, o demonstrativo do débito, bem como aquele
relacionando os gastos e respectivos estabelecimentos, são
documentos unilaterais, que não demonstram a responsabilidade da ré
pela dívida cobrada. 3- Inexiste documentos aptos a ensejar a
constituição do título executivo. 4- Apelação da ré embargante provida.
(TJ-SP - APL: 151077620088260302 SP 0015107-76.2008.8.26.0302,
Relator: Alexandre Lazzarini, Data de Julgamento: 09/11/2011, 18ª
Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 10/11/2011) (grifou-se)

APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO MONITÓRIA. CEF.


CONTRATO DE CARTÃO DE CRÉDITO NÃO ASSINADO. CARÊNCIA DE
DOCUMENTO INDISPENSÁVEL À PROPOSITURA DA DEMANDA.
AUSÊNCIA DE PRESSUPOSTO DE CONSTITUIÇÃO E DESENVOLVIMENTO
VÁLIDO E REGULAR DO PROCESSO. PROVIMENTO. 1. Trata-se de
apelação cível interposta contra sentença que julgou improcedente os
embargos monitórios opostos contra cobrança de dívida de cartão de
crédito promovida pela CEF. 2. O art. 700, caput e § 2º, I, do CPC impõe
ao autor que instrua a petição inicial com prova escrita do seu direito e
memória de cálculo. No que toca especificamente às obrigações
decorrentes de contrato de cartão de crédito, o STJ possui jurisprudência
consolidada no sentido de que a ação monitória deve vir acompanhada
do contrato de prestação de serviços de cartão de crédito,
demonstrativo de débito e extratos dos gastos realizados pelo devedor.
Precedentes. 3. Na espécie, a CEF não juntou o contrato firmado pela
embargante. Consta apenas instrumento denominado "Contrato de
Prestação de Serviços de Administração dos Cartões de Crédito Caixa -
Pessoa Jurídica", no qual sequer se faz menção ao devedor. Na falta de
prova do negócio jurídico, fica inviabilizada a apuração da certeza e
liquidez do crédito constante dos demonstrativos de débito, eis que são
inacessíveis as condições compactuadas. 4. Em vista da carência de
documento indispensável à propositura da ação monitória, patente a
ausência de pressuposto de constituição e desenvolvimento válido e
regular do processo, razão pela qual o feito deve ser julgado extinto sem
resolução do mérito, na forma do art. 485, IV, do CPC. 5. O art. 331 do
CPC não se aplica à hipótese, porquanto restrito aos casos de
indeferimento da inicial. 6. Apelação conhecida e provida. (TRF-2 - AC:
00026189320164025001 ES 0002618-93.2016.4.02.5001, Relator:
GUILHERME CALMON NOGUEIRA DA GAMA, Data de Julgamento:
14/06/2019, 6ª TURMA ESPECIALIZADA) (grifou-se)

22. Pois bem. O Código de Defesa do Consumidor, norma


reguladora das relações consumeristas, define a figura do consumidor como pessoa que
adquire ou utiliza produto como destinatário final (art. 2º).

23. Também estabelece o conceito de fornecedor como pessoa


que desenvolve atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação,
importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de
serviços (art. 3º).

24. No presente caso, conforme já exposto, a REQUERIDA


contratou o banco AUTOR como destinatária final do serviço contratado, serviço bancário.
Portanto, aplica-se a Súmula N. 297 do STJ que coloca “O Código de Defesa do
Consumidor é aplicável às instituições financeiras.”.

25. Soma-se a isso a hipossuficiência técnica da REQUERIDA,


sendo evidente, portanto, tratar-se de relação consumerista, o que exige a aplicação das
normas dispostas no Código de Defesa do Consumidor.

26. Por essa razão, não merece prosperar a pretensão autoral,


devendo os presentes Embargos Monitórios serem julgados procedentes, culminando na
improcedência dos pedidos da Exordial.
IV. PEDIDOS

Ante o exposto, requer-se:

a. a extinção da presente ação sem julgamento de mérito,


dada a carência de ação da AUTORA e inexistência de
pressuposto processual;

b. caso superada a preliminar apontada, seja julgada


improcedente a presente ação;

c. a condenação da REQUERENTE ao pagamento de honorários


advocatícios, no importe de 20% (vinte por cento) do
proveito econômico obtido em razão da causa;

d. que sejam admitidos todos os meios de provas cabíveis para


o deslinde da presente tutela jurisdicional;

Nestes termos,
Pede deferimento.

LOCAL E DATA.

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