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EXCELENTÍSSIMO JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL DA COMARCA DE

UBERABA

Processo nº 5035275-50.2022.8.13.0701

LUCIANA GUEDES VILELA REIS, já devidamente qualificada nos autos do processo


de número em epígrafe, vem, respeitosamente, perante V. Exa., por suas procuradoras
abaixo assinadas, apresentar a presente

IMPUGNAÇÃO À CONTESTAÇÃO APRESENTADA PELA RÉ

BANCO PAN pelos fundamentos que passa a expor:

I – DAS ALEGAÇÕES DA REQUERIDA

Em sede de contestação, argumenta a Requerida que agiu dentro dos ditames


legais, eis que afirma que houve a contratação dos serviços da empresa.

Pois bem. Conforme será demonstrado adiante, a Requerida não agiu nos estritos
ditames legais, vindo a prejudicar o Autor com a inscrição indevida do seu nome nos
cadastros de restrição ao crédito.

II – DA ALEGAÇÃO DE QUE HOUVE A CONTRATAÇÃO

Conforme se depreende dos documentos juntados pela Requerida à defesa, é fácil


verificar que, em momento algum, juntou aos autos o contrato de prestação de serviços
que ensejou o débito discutido, e nem mesmo, juntou os documentos que foram
utilizados para a efetivação da referida contratação.
Sabe-se que para contratação de cartões de crédito é preciso comprovar renda,
bem como apresentar diversos documentos, tais como CPF, identidade, comprovante
de endereço.

Dessa forma, caso a contratação que ora se discute tivesse sido realizada de forma
legítima pela Requerente, deveria a Requerida ter apresentado em juízo todos os
documentos utilizados para a solicitação do serviço de crédito junto a instituição, bem
como o contrato de prestação de serviços, mesmo que essa tenha sido realizado de
forma digital.

Entretanto, tal apresentação não ocorreu, haja visto que não houve a contratação
pela Promovente.

Consoante o Artigo 14 do Código de Defesa do Consumidor, o fornecedor de


serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos
danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços.

Sabe-se que, disso se infere que cabe ao fornecedor responder de forma objetiva,
fundada na Teoria do Risco da Atividade Negocial, pelos danos decorrentes de defeitos
na prestação de seus serviços, sendo irrelevante a má-fé de terceiros por ocasião da
contratação de seus serviços.

Essa responsabilidade só é afastada em caso de culpa exclusiva do consumidor ou


de terceiros. Entretanto, no presente caso, a fraude perpetrada por terceiro trata-se de
risco inerente e previsíveis dos negócios de instituições que oferecem crediário próprio.

Pois bem. Considerando que a empresa Ré oferece serviço de crédito, antes de


celebrar um contrato, tem por obrigação conferir os documentos fornecidos pelo cliente,
a fim de verificar com exatidão se aquelas informações prestadas se referem realmente
à pessoa que está pretendendo a contratação.

Nesse sentido também entende o Superior Tribunal de Justiça. Confira-se:


“O Superior Tribunal de Justiça já decidiu que a pactuação de contrato
mediante fraude praticada por terceiro, por constituir risco inerente à
atividade econômica das empresas, não elide a responsabilidade destas
pelos danos daí advindos.”

AgRg no AREsp 286.970/MG, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA


TURMA, julgado em 26/02/2013, DJe 01/04/2013.

Diante do exposto, e considerando que a empresa Ré não apresentou os


documentos utilizados para a contratação do crédito que ensejou o débito, o serviço se
mostrou evidentemente defeituoso, porque foi fornecido crédito em nome de quem
verdadeiramente não requereu o serviço e, em razão disso, teve o nome negativado.

Diante do exposto, não há que se falar que a Requerida se sente lesada por
terceiros, tendo em vista que não cumpriu com a sua obrigação empresarial ao permitir
que terceiros contratassem em nome do Autor, e, nem mesmo, comprovou que fora
vítima de fraude sofisticada que fosse impossível de ser impedida.

III – CONCLUSÃO

Resta claro o descontrole e negligencia administrativa da empresa Promovida, que


não se preocupa em analisar de forma responsável os documentos apresentados no
ato da contratação de serviços.

Tal descontrole e negligencia é tamanha que nos autos do processo em questão, a


Requerida foi incapaz de juntar aos autos os documentos utilizados para a contratação
que ensejou o débito que ora se discute.

Dessa forma, contradizendo as razões de defesa, tem-se que:

Houve a negativação indevida do nome da Autora nos cadastros de restrição ao


crédito;
A Requerida não agiu com prudência na conferência dos documentos levados
para a contratação de serviços, o que demonstra a sua total responsabilidade pelo ato;

A Requerida não juntou aos autos os documentos utilizados para efetivar a


contratação, a fim de demonstrar que teria sido vítima de fraude sofisticada, capaz de
levá-la ao erro;

A Requerida precisa ser punida pelo judiciário de forma mais severa, com o
objetivo de inibi-la na continuidade da má prestação de serviços, se atentando para
condutas com mais responsabilidade e prudência;

Em pesquisa no Juizado Especial é fácil verificar que a conduta da Requerida,


narrada neste processo, é algo rotineiro, prejudicando, diariamente, diversos
consumidores.

V – DOS PEDIDOS

Pelo exposto, reitera a Autora os pedidos exordiais, requerendo seja a presente


demanda julgada totalmente procedente.
Nestes termos, pede deferimento.

Belo Horizonte, 15 de Fevereiro de 2023.


Marcella Costa de Andrade
OAB/MG 135.682

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