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EXCELENTÍSSIMO SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA VARA DO SISTEMA DOS JUIZADOS

ESPECIAIS DE DEFESA DO CONSUMIDOR DA COMARCA DE SALVADOR/BAHIA.

MATHEUS SACRAMENTO DE JESUS, brasileiro, portador da cédula de Identidade n° RG 13.632.130-59


SSP/BA e do CPF nº 859.167.105-85, residente e domiciliado na Rua Arthur Silva, n. 22, Acupe de Brotas,
Salvador/BA, CEP: 42.290-715, com endereço eletrônico: sacramentomatheus.adv@gmail.com, por
intermédio dos seus advogados devidamente constituído conforme procuração anexa, vem,
respeitosamente, perante a presença de Vossa Excelência, com espeque no art. 5°, V e X da CF/88, art. 186
e 927 ambos do CC, combinados com o art. 319 do CPC e demais disposições legais atinentes à espécie,
ajuizar a presente:

AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO c/c INDENIZATÓRIA POR DANOS MORAIS COM
PEDIDO DE TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA

Em face da AYMORE CREDITO FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO S A, pessoa jurídica de direito privado,


inscrita no CNPJ sob o nº 07.707.650/0001-10, localizada na Praça da Inglaterra, 02, Comercio, Salvador - Ba,
CEP: 40001514, fazendo-o pelas razões dos fatos e fundamentos jurídicos a seguir perfiladas:

I. DOS FATOS

Antes de adentrar nos fundamentos jurídicos atinentes a presente ação, se faz necessário
informar a Vossa Excelência, que a parte Autora possui reputação ilibada, caráter indiscutível e que mesmo
laborando em funções cujos rendimentos são imprevisíveis, sempre adimpliu com suas obrigações.

A parte Autora constituiu uma relação contratual consumerista com a parte Ré, no dia
27/06/2023, no momento em que assinou o contrato de financiamento de um veículo automotor.

Ocorre que, no dia 08/11/2023, a parte Autora fora desligada do quadro de associados do
escritório onde laborava e obtinha sua principal renda, motivo pelo qual fora obrigado a realizar a
renegociação de alguns débitos.

Contudo, ao se recordar da leitura do contrato no momento de sua assinatura, a parte


Autora identificou que a parte Ré havia incluído um seguro prestamista em seu contrato, seguro este que
não fora permitido a sua exclusão no momento da assinatura.

De lembrança de tal cláusula, a parte Autora tentou entrar em contato com a parte Ré
através dos contatos que constam no verso do carnê, qual seja, 4004 9090 / 0800 722 9090. Para a sua
surpresa, nenhum dos dois contatos estavam operantes para comunicação, motivo que o forçou a aguardar
um contato da Ré.
No dia 04/12/2023, há exatos cinco dias de vencimento da parcela com vencimento no dia
29/11/2023, a parte Ré entrou em contato com a parte Autora, realizando a cobrança do boleto vencido.
Nesse momento, a parte Autora informou o ocorrido e solicitou o acionamento do seguro, onde lhe foi
enviado um e-mail com o manual de como informar o sinistro, conforme prova em anexo.

Sendo assim, no dia 07/12/2023, a parte Autora procedeu com a informação do sinistro no
portal da Ré, conforme descrito no manual. Contudo, no dia 08/12/2023, teve seu pedido negado, sob a
alegação de que deveria haver um lapso temporal de um mês após a ocorrência do sinistro, ou seja, por
causa de um dia o pleito fora indeferido.

No dia 13/12/2023, a parte Autora abriu outro requerimento de sinistro, mas no dia
14/12/2023, recebeu uma mensagem da Ré em seu Whatsapp, sendo informado que o pleito havia sido
indeferido e que receberia maiores detalhes por e-mail. Contudo, o motivo deste indeferimento, nunca
chegou no e-mail da parte Autora.

Enquanto isso, o Autor vem recebendo inúmeras ligações de cobrança dos boletos
vencidos, de segunda a sábado, a qualquer hora do dia, conforme se exemplifica no print que segue em
anexo a esta exordial. No entanto, a parte Autora é profissional liberal e utiliza sua linha telefônica para
atender seus clientes, mas acaba perdendo tais ligações por conta do infortúnio criado pela Ré, mesmo
sempre explicando que estava no aguardo de uma resposta mais detalhada do seguro.

Exausto de tantas ligações e impedido de obter crédito no mercado por conta da


negativação indevida requerida pela Ré no hall de mal pagadores, no dia 22/01/2024, a parte Autora realizou
outra abertura de sinistro, sendo indeferido no dia 23/01/2024, sob a alegação de que a parte Autora não
ficou mais de um ano na empresa que o desempregou sem justa causa e sem pagamento de aviso prévio,
sendo que dois meses depois do sinistro, a parte Autora completaria um ano de escritório.

Excelência, realmente é um absurdo o que as seguradoras realizam para obtenção de


lucros cada vez mais altos, se aproveitando da vulnerabilidade do consumidor para ganhar juros e mais juros.
E mais, ao procurar sua via do contrato, a parte Autora percebeu que não há recebeu e não pode dissertar
de forma fidedigna, a cláusula em menção e suas regras.

No entanto, em uma das ligações atendidas pela parte Autora, a preposta da Ré lhe
informou que o seguro prestamista paga uma indenização no valor correspondente as seis primeiras parcelas
após o dia do sinistro, ou seja, dia 08/11/2023 e, teria que aguardar o prazo da SUSEP de 30 dias para a
análise do pedido do sinistro.

Isto é, enquanto o consumidor aguarda a resposta de seu seguro, seu nome segue
negativado e as parcelas vencidas ficam cada vez mais caras por conta dos encargos moratórios e, trinta dias
após, recebe seu ‘’deferimento’’, pagando o valor da indenização ao consumidor sem qualquer reajuste e
compensando nas parcelas vencidas com valores exorbitantes.

No relato destes fatos, há várias problemáticas que demonstram a agressividade financeira


da parte Ré com o seu consumidor, se utilizando de um contrato claramente abusivo, motivo pelo qual o
Judiciário precisa ser acionado para o resguardo de direitos, pela mais lídima justiça.

II. DA TUTELA ANTECIPADA


Em análise dos fatos narrados e documentação acostada na presente peça, faz necessário
pugnar pela antecipação da tutela, tendo em vista que a parte Autora está tendo sua paz perturbada pelas
incansáveis cobranças da parte Ré e ainda fora negativada por uma dívida que não contraiu, pela cobrança
indevida e gananciosa da parte Ré.

Nota-se que é claro o direito do consumidor em ser segurado pela sua seguradora quando no
momento precisa, principalmente pelo fato que a instituição financeira protela o direito do consumidor em
uma clara tentativa de fazê-lo desistir do seu direito pela mora que pode enfrentar, lhe ofertando propostas
de acordo absurdas.

Necessário, portanto, o devido deferimento da medida liminar, visto que, conforme


demonstrado, restam claros e irrefutáveis os requisitos mínimos necessários para concessão da tutela
antecipada, quais sejam: o periculum in mora e o fumus boni iuris, em atenção aos artigos 300 e 303 do
Código de Processo Civil.

Encontra-se presente o periculum in mora, visto que, a parte autora está tendo o seu
sossego retirado com tantas ligações por dia, em horários não comerciais, agravado pelo fato que teve seu
nome inserido no rol de mal pagadores, fato que nunca havia lhe acontecido.

O fomus boni iuris resta evidenciado pelo quanto narrado e pela documentação
apresentada, demonstrando que a parte Ré reconheceu a cobrança indevida, a parte Autora junta
protocolos de solicitação de cancelamento de forma virtual e de forma presencial, comprova as ligações
diárias, restando cristalino a falha na prestação do serviço e a verossimilhança das alegações a partir do
momento que foi acionado o seguro.

Neste espeque, conclui-se que a postura das Requeridas de negativação desta Requerente
cumulado ao fato de diversas ligações de cobrança no dia, ultrapassa os limites da razoabilidade, portanto,
se traduz em elevada arbitrariedade, a qual deverá, no seu julgamento, ser declarada insubsistente, em
definitivo.

Assim, ante a verossimilhança do alegado e a necessidade da autora e à luz do poder geral


que tem o Juiz de adotar as medidas provisórias que julgar adequada bem como a concessão da tutela
antecipada de urgência, no caso sub judice, faz-se necessária adoção medida para que, liminarmente,
Vossa Excelência determine: (i) Que seja a parte Ré compelida a cessar as ligações de cobrança; A
imediata exclusão do seu nome e CPF dos órgãos de proteção ao crédito ou que seja impedida de inserir,
ambos pedidos no prazo de 24h, sob pena de multa diária, em valor não inferior a R$ 500,00 (quinhentos
reais); Que seja a Ré compelida a juntar o contrato da parte Autora.

III. DA FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA DIREITO

III.1 – DA RESPONSABILIDADE CIVIL PELA FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO

No presente caso, a parte Acionada não cumpriu o contrato, caracterizando falha na


prestação do serviço. A parte autora, por sua vez, prova a deficiência do serviço, na medida que junta as
faturas com os devidos estornos e junta faturas com novas cobranças em meses em que o cartão deveria
estar bloqueado, assim a Ré tem responsabilidade civil pela prestação defeituosa e o autor faz jus a ser
indenizado.
O Código de Defesa do Consumidor prever da responsabilidade civil pelo fato danoso
decorrente de serviço defeituoso, estabelecendo no art. 14 do Código de Defesa do Consumidor que "o
fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos
causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços".

De forma semelhante, a Constituição Federal, norma máxima do direito brasileiro,


expressa, em seu art. 37, § 6º, que "as pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado
prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a
terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa".

Através da análise destes artigos é cristalino o preenchimento de todos os requisitos


necessários para a responsabilização das Requeridas – BANCO BRADESCARD e SERASA EXPERIAN S.A., quais
sejam a conduta ilícita, o nexo causal e o dano, que são os elementos básicos da responsabilidade civil
objetiva, aplicada ao presente caso. Estes artigos são a base fundamental da responsabilidade civil, e
consagra o princípio de que a ninguém é dado o direito de causar prejuízo a outrem.

No mesmo sentido, o art. 6, inciso VI, do CDC, expõe que são direitos do consumidor "a
efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos. Nessa linha
de raciocínio, fica evidente a responsabilidade da promovida em razão da prestação de serviço defeituoso,
como se observa no caso em tela, assim é claro o dever da requerida em indenizar o autor.

Frente ao dispositivo acima transcrito, verifica-se, que uma vez comprovada a falha na
prestação do serviço, consubstanciada na restrição indevida já que inexiste qualquer débito do autor
perante as requerentes e que ainda tal fatura que foi motivo da indevida negativação não deveria existir, as
fornecedoras devem responder pelos danos experimentados pelo Autor, considerando a assunção dos riscos
do empreendimento, a falta de previsão de isenção de sua responsabilidade no que diz respeito a
cobranças/restrições indevidas.

Levando em consideração que o ato das Requeridas em negativar o nome do Autor, vem
impedindo que este continue a praticar atos da vida civil, requer, portanto, que Vossa Excelência se designe
a sua exclusão.

Como se ver, o ato das Requeridas em negativar o nome do Autor, vem impedindo que
este continue a praticar atos da vida civil, tendo em vista que agiram de forma ilícita, ferindo os direitos do
consumidor ao agir com total descaso, desrespeito e descuido, e configuraram má prestação de serviços,
o que causou danos, dando ensejo ao autor para pleitear, judicialmente, incontestável e necessária
indenização por danos morais. É o que adiante veremos.

III.3 - DO DANO MORAL

Diante de tudo acima exposto, fica evidente a falha na prestação de serviço, em razão da
prestação de serviço defeituosos, bem como na cobrança indevida relativa a compras que não realizou.
Assim, a conduta ilícita é evidente, notória, salta aos olhos, haja vista que o Autor sofreu danos de ordem
moral, até porque houveram manobras ilegais arqueadas pela Ré.
Resta demonstrado a conduta ilícita, dano e o nexo causal, haja vista a conduta é situações
sine qua non haveria o dano. Assim, não restam dúvidas do dever de indenizar, evidenciando-se o abuso de
direito e patente à configuração dos “danos morais” sofridos pela Acionante.

Ab initio, os Tribunais têm decidido reiteradamente pelo cabimento de indenização por danos
morais e materiais, eis que o mercado de consumo tem agido de forma negligente descumpridora das
normas do Código de Defesa do Consumidor. O Código Civil, por sua vez, preleciona que:

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência,
violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato
ilícito.
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede
manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou
pelos bons costumes.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica
obrigado a repará-lo.”
Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:
[...] III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no
exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele;

Ressalte-se que a personalidade do ser humano é formada por um conjunto de valores que
compõem o seu patrimônio, podendo ser objeto de lesões, em decorrência de atos ilícitos. A constatação da
existência de um patrimônio moral e a necessidade de sua reparação, na hipótese de dano, constituem
marco importante no processo evolutivo.

Existem, assim, circunstâncias em que o ato lesivo afeta a personalidade do indivíduo, sua
honra, sua integridade psíquica, seu bem-estar íntimo, suas virtudes, enfim, causando-lhe mal-estar ou uma
indisposição de natureza espiritual. Sendo assim, a reparação, em tais casos, reside no pagamento de uma
soma pecuniária, arbitrada pelo consenso do juiz, que possibilite ao lesado uma satisfação compensatória
da sua dor íntima, compensa os dissabores sofridos pela vítima, em virtude da ação ilícita do lesionador.

Assim, restando claro o nexo de causalidade entre esse dano e a conduta da ré, emerge o
dever de reparação, conforme preceituam os já mencionados artigos 186 e 927 do Código Civil.

Destarte, a indenização por danos morais visa à compensação do bem extrapatrimonial


afetado, tendo em vista que o ressarcimento, ou seja, a restauração do estado anterior nestes casos é
impossível, por isso busca-se compensar a vítima de modo a atenuar os efeitos do dano produzido.

Deve-se destacar ainda que para a fixação da quantia da indenização a título de dano moral
todo o contexto deve ser analisado, e um dos elementos analisados no contexto é a situação econômica do
Acionado, de modo que a indenização exerça não só o caráter compensatório à vítima, mas também o
caráter inibitório ou punitivo, que visa a desestimular condutas lesivas, uma vez que indenizações irrisórias
em desfavor dos detentores do poder econômico, não obstariam a perpetuidade de tais condutas, pois o
lucro obtido compensaria uma eventual condenação indenizatória irrisória.

Outrossim, a situação narrada se enquadra na hipótese de defeito na prestação do serviço,


estabelecida no art. 14 do Código de Defesa do Consumidor. O dispositivo dispõe que o fornecedor de
serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos
consumidores por defeitos relativos à prestação de serviços.
No que concerne ao tipo de lesão discutida nesta ação, é evidente os danos de ordem moral,
e neste mesmo sentido vem decêndio o Egrégio Tribunal de Justiça da Bahia conforme ementas infra
colacionada que se amoldm ao caso. Vejamos:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO INDENIZATÓRIA POR DANOS MORAIS. NEGATIVAÇÃO INDEVIDA DOS
DADOS DO CONSUMIDOR EM CADASTROS DE INADIMPLENTES. INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO
JURÍDICA. ILEGALIDADE CONFIGURADA. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. DANO IN RE IPSA.
QUANTUM INDENIZATÓRIO R$20.000,00). MANUTENÇÃO. VALOR ADEQUADO E ARRAZOADO
ÀS CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO CONCRETO. APELO DESPROVIDO. (Classe: Apelação,Número do
Processo: 0520986-41.2016.8.05.0001,Relator(a): DINALVA GOMES LARANJEIRA
PIMENTEL,Publicado em: 11/12/2020 )

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO INDENIZATÓRIA POR DANOS MORAIS. NEGATIVAÇÃO INDEVIDA DOS
DADOS DO CONSUMIDOR EM CADASTROS DE INADIMPLENTES. INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO
JURÍDICA. ILEGALIDADE CONFIGURADA. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. DANO IN RE IPSA.
QUANTUM INDENIZATÓRIO R$10.000,00. MANUTENÇÃO. VALOR ADEQUADO E ARRAZOADO
ÀS CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO CONCRETO. APELO DESPROVIDO. ( Classe: Apelação,Número do
Processo: 0501795-35.2014.8.05.0274,Relator(a): DINALVA GOMES LARANJEIRA
PIMENTEL,Publicado em: 11/12/2020 )

DIREITO DO CONSUMIDOR E PROCESSUAL CIVIL. RELAÇÃO JURÍDICA. INEXISTÊNCIA. CADASTRO


RESTRITIVO. INSCRIÇÃO INDEVIDA. DANO MORAL. CONFIGURAÇÃO. CONDENAÇÃO.
IMPOSIÇÃO. SENTENÇA. REFORMA. I. Aquele que viola direito e causa dano a outrem, ainda
que exclusivamente moral, comete ato ilícito e fica obrigado a repará-lo. II. A inscrição indevida
do nome do consumidor nos órgãos de proteção ao crédito acarreta o dano moral indenizável,
sendo desnecessária a prova do seu prejuízo, pois o dano é presumido e decorrente da própria
existência do ato ilícito. III. Telas de sistema interno da demandada, produzidas
unilateralmente, não são hábeis a provar a existência de relação jurídica entre as partes, diante
da ausência do contrato ou de outros documentos comprobatórios. IV. Diante da inexistência
de relação jurídica entre as litigantes e da comprovação da inscrição indevida do nome da
demandante nos órgãos restritivos, impositiva é a reforma da sentença de improcedência, a
fim de condenar a demandada à reparação do dano moral acarretado pela má-prestação do
seu serviço. RECURSO PROVIDO. (Classe: Apelação,Número do Processo: 0536101-
05.2016.8.05.0001,Relator(a): HELOISA PINTO DE FREITAS VIEIRA GRADDI,Publicado em:
03/12/2020 )

Nota-se, portanto, pela análise dos referidos precedentes, cabível indenização por danos
morais..

Em sendo assim, entende-se que o dano moral deve ser fixado com o escopo de compensar
o sofrimento e lesão aos direitos da personalidade do agente vítima do dano, mas por outro lado deve ser
fixado com o fito de evitar a reincidência na conduta lesiva.

Resta comprovado, portanto, que a Demandada, com sua conduta abusiva violou
diretamente o direito do Demandante, qual seja, de ter sua paz interior e exterior inabalado, decorrente
da falha na prestação do serviço de guarda e vigilância do patrimônio do consumidor. Logo, devido a justa
reparação pelos danos suportados pelo Autor, configurando-se o dano moral in re ipsa.

Imperativo, portanto, que a Autora seja indenizado pelo abalo moral no valor de R$
20.000,00 (vinte mil reais) em decorrência do ato ilícito, da má fé, e em razão de ter sido vítima de
completa e total falha e negligência da demandada.

IV - DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA


Dispõe o art. 6°, VIII, do CDC, sobre a inversão do ônus probandi que é direito básico do
consumidor, in litteris:

Art. 6° (omissis):
VIII – a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da
prova, a seu favos, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a
alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de
experiências.

Neste diapasão, é pertinente transcrever o seguinte Enunciado das Turmas Recursais dos
Juizados Especiais:
“Enunciado 17: É cabível a inversão do ônus da prova, com base no princípio da
equidade e nas regras de experiência comum, a critério do Magistrado, convencido
este a respeito da verossimilhança da alegação ou dificuldade da produção da prova
pelo reclamante”.

No caso em apreço, o Autor, sendo consumidor hipossuficiente, verificando-se a


veracidade das alegações, detém os requisitos para que este ínclito Julgador se digne conceder a Inversão
do Ônus da Prova em favor do mesmo, cientificando as Acionadas da decisão liminar.

Por fim, por conta da relação de consumo existente entre o autor e a ré, conforme a Lei
8.078/1990 cabe a empresa ré produzir as provas e demonstrar que os fatos alegados não condizem com a
realidade, de acordo com o exposto art. 6° VIII do CDC. De verá então, a ré produzir as provas em juízo a fim
de alegar os fatos ocorridos.

V. DOS PEDIDOS

Ex positis, requer a V. Ex.ª:

a) A citação da Requerida para que compareça a Audiência de Conciliação, Instrução e Julgamento, sob
pena de sofrerem a aplicação dos efeitos da revelia, e, querendo, ofereçam sua contestação oportunamente
sob pena de se presumirem verdadeiros todos os fatos narrados pela parte Autora;

b) O deferimento da Tutela provisória, na modalidade urgência nos seguintes moldes: (i) Que seja a
parte Ré compelida a cessar as ligações de cobrança; A imediata exclusão do seu nome e CPF dos órgãos de
proteção ao crédito ou que seja impedida de inserir, ambos pedidos no prazo de 24h, sob pena de multa
diária, em valor não inferior a R$ 500,00 (quinhentos reais); Que seja a Ré compelida a juntar o contrato da
parte Autora.

c) Seja a presente ação julgada TOTALMENTE PROCEDENTE para:

c.1) CONFIRMAÇÃO POR SENTENÇA do pedido de tutela antecipada que pretende ver deferido.

c.2) A declaração de inexistência de débitos da Requerente perante a parte Requerida, devendo ser
declarado o direito da parte Autora em receber a indenização do seguro pelo seu desemprego, devendo
ser quitada as parcelas do seu financiamento de dezembro/2023 a maio/2024, conforme lhe é assegurado.
c.3) e, ainda, condenar a Requerida a indenizar a Autora pelos DANOS MORAIS sofridos no importe
de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), com atenção aos efeitos pedagógico e reparatório da medida, levando
em consideração o teto estabelecido pelas Turmas Recursais da Bahia para negativações indevidas;

d) Alternativamente, acaso Vossa Excelência entenda que a parte Autora não faz jus ao deferimento
do seu sinistro, que seja reconhecida a abusividade da cláusula que institui o referido desconto e
que seja restituído em dobro os valores pagos a tal título.

e) Requer, ainda, a inversão do ônus da prova, na forma do art. 6º do CDC e a produção de todas as
provas em direito admitidas, especialmente a prova documental, conforme segue em anexo, bem
como testemunhal e o depoimento pessoal do representante legal da Requerida, sob pena de
confesso.

f) Requer que todas as publicações e intimações sejam efetuadas em nome do BEL. MATHEUS
SACRAMENTO DE JESUS OAB/BA 57.378, sob pena de nulidade dos atos perpetrados.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova, especialmente prova oral, através do
depoimento pessoal do Réu, sob pena de confesso em eventual audiência de instrução que porventura seja
designada, se necessário; e prova documental, com a juntada dos documentos que vão em anexo nesta
oportunidade.

Dá-se à presente causa o valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais).

Nestes termos,
Pede deferimento.

Salvador/BA, 25 de janeiro de 2024.

MATHEUS SACRAMENTO DE JESUS


OAB/BA 57.378

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