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1. DA JUSTIÇA GRATUITA
A Autora é pessoa que não tem recursos suficientes para pagar as custas, despesas
processuais e honorários advocatícios, sendo pessoa pobre na acepção jurídica do termo.
Assim, ela possui direito à gratuidade da justiça.
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2. DA PRIORIDADE DE TRAMITAÇÃO
A Autora (68 anos) requer seja observada a regra contida na Lei nº 10.741/03 e art.
1.048, I, do CPC, que assegura a preferência na tramitação do feito aos idosos.
3. DOS FATOS
A Requerida integra grupo econômico (Grupo Uni) que tem por finalidade a prática
de golpes de empréstimo consignado, em esquema de pirâmide, estando, portanto,
coligadas para finalidade comum, tendo algumas delas sócios comuns.
A Autora, iludida então pela promessa de grandes ganhos financeiros, foi levada a
autorizar que a Ré fizesse em seu nome empréstimo consignado junto ao Banco Pan, em
condições que ainda desconhece parcialmente, ficando a Autora incumbida de transferir
à Requerida o valor acima descrito, o que foi feito.
Dessa forma, resta evidente que a Autora foi ludibriada, tendo agido em erro
durante todo o tempo, por pensar que se tratava de uma empresa séria e lícita, sem
desconfiar de que se tratava, na verdade, de um esquema criminoso.
Cumpre dizer que o serviço oferecido pela Ré era uma armadilha para o
consumidor, porque inclusive o contrato não esclarece a finalidade do uso do dinheiro
pego da Autora. Apenas verbalmente foi-lhe dada a informação vaga de que se tratava de
um investimento, sem especificar em que seria investido o dinheiro, tão pouco o modo de
investir.
Quando instou diretamente a Ré para que esta cumprisse o pactuado, a Autora foi
tratada com total descaso e negligência, mesmo diante da explanação do problema, que
atingiu de pronto sua alma. Foram meses e meses ligando, mandando mensagens. Foram
meses de inúmeras desculpas e prazos nunca cumpridos, meses de angústia e
aborrecimento, que se multiplicaram após a notícia de que a Ré não mais cumpriria suas
obrigações.
4. DO DIREITO
Dispõe a Constituição Federal de 1988 (CRFB) em seu artigo 5º, inciso XXXII, que
“o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor”. A defesa de seus
direitos é, portanto, garantia constitucional, efetivada pela Lei 8.078, de 11 de setembro
de 1990, que regulamenta as formas de proteção do consumidor, com normas de ordem
pública e interesse social.
Entre os direitos básicos previstos no CDC está à garantia de reparação dos danos
patrimoniais e morais, o acesso à justiça e a inversão do ônus da prova em favor do
consumidor, nos termos do artigo 6º, incisos VI, VII e VIII, devendo estes serem
aplicados ao caso em tela.
Cumpre destacar, em relação ao art. 6º, VIII, do CDC, que o Requerente encontra-
se em nítida desvantagem em relação à Requerida, o que por si só autoriza a inversão do
onus probandi, uma vez que se trata de aplicação do direito básico do consumidor,
inerente à facilitação de sua defesa.
da prova consoante artigo 6º, VIII, do CDC, ante a manifesta hipossuficiência técnica e
financeira em relação às Requeridas.
Vê-se que tais garantias do consumidor foram, no caso em tela, violados, posto que
1) a prometida operação de “assunção de dívida” pela Ré estava condicionada à
contratação de mútuo feneratício junto ao banco Pan e 2) a Ré valeu-se da ingenuidade e
vulnerabilidade de senhora idosa, ignorante e com baixo grau de instrução.
4.2. DO ERRO
pagamento não teria realizado tal negócio jurídico e demonstrando sua vontade em
realizá-lo.
Diz a doutrina, ainda, que o erro deve ser escusável, ou seja, que a falsa
representação possa recair sobre qualquer pessoa de normal diligência. Ora, dada a
circunstância, quis a Requerente acreditar na boa-fé da Requerida, confiando na palavra
de seu representante de que faria os pagamentos mensal e pontualmente à Autora, de
forma a cobrir o empréstimo que a própria Ré fez em nome desta junto a instituição
financeira.
Assim, claro está que houve erro por parte da Requerente, indubitavelmente
provocado pelo dolo manifestado pela Ré.
4.3. DO DOLO
Resta, portanto, configurada a mora do devedor (Ré), ensejando que o credor, ora
Autor, requeira a resolução, com restituição de valores e perdas e danos.
Nesse particular, cumpre ressaltar que o Código Civil enuncia que o patrimônio do
devedor servirá como garantia do credor:
Dessa forma, requer-se desde já o bloqueio judicial das contas, dos bens e dos
valores da Ré e de seus sócios, ou a reserva destes, caso já estejam bloqueados, EM
CARÁTER DE URGÊNCIA, a fim de garantir a restituição do valor entregue a ela pela
Autora.
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Quanto ao valor a ser devolvido pela Requerida, além daqueles pagos pelo
Requerente, há os lucros pela perda de uma chance.
Outrossim, nos termos do art. 35, inciso I, do CDC, c/c art. 247, do Código Civil, é
dever da empresa cumprir a oferta veiculada e realizar o pagamento da quantia prometido,
isto é, o pagamento dos retornos financeiros prometidos.
O CDC, por seu turno, também contempla a indenização por dano moral, nos
incisos VI e VII, do artigo 6º, in verbis:
No mesmo sentido, os artigos 186, 187 e 927 do Código Civil, determinam que
aquele que por ação voluntária violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, ficará obrigado a repará-lo.
Art. 927 – Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar
dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Insta destacar ainda que o STJ cancelou a súmula 75, derrubando qualquer
possibilidade de entendimento de mero aborrecimento, através de decisão proferida
no processo º 0056716- 18.2018.8.19.0000.
Consigna-se que a reparação por dano moral tem um cunho punitivo e deve ser
imposta quando o comportamento do ofensor se revela reprovável, como é o caso dos
autos.
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Ora, fatos aqui narrados certamente fogem à normalidade dos fatos, causando
desgaste emocional e aborrecimentos acima do que razoavelmente se espera de um
descumprimento contratual, interferindo de forma intensa e duradoura no equilíbrio
psicológico da demandante.
A indenização dos danos morais deve representar punição forte e efetiva, bem
como, remédio para desestimular a prática de atos ilícitos, determinando, não só à
requerida, mas para os prestadores de serviços, fornecedores de produtos, distribuidores...
Nesse sentido, o montante não pode ser irrisório, a ponto de menosprezar a dor
sofrida pelo Requerente, que foi iludido por falsas promessas e está privado dos seus
recursos financeiros.
Restou comprovado que a Ré participa de grupo econômico (Grupo Uni Brasil) que
têm por finalidade a arrecadação de recursos financeiros para esquema de pirâmide
financeira. Finalidade ilícita em razão da qual se requer a desconsideração da
personalidade jurídica da Ré, com fundamento no Código de Defesa do Consumidor:
Diante desse quadro, urge que se assegure o resultado útil do processo, eis que é
praxe das pirâmides financeiras que o patrimônio, a empresa e seus dirigentes,
desapareçam após locupletar-se às expensas de suas vítimas.
Todos esses fatores levam a conclusão que a pirâmide está ruindo, o esquema
ardiloso encontra-se no limite, e de uma hora para outra o patrimônio dos gestores com
certeza poderá estar indisponível para responder civil e criminalmente pelos atos
praticados.
Por fim, cumpre destacar que a medida pleiteada não é irreversível, porquanto, em
caso de improcedência do pedido requerido ao final da demanda, é viável, faticamente, o
desbloqueio do valor. Portanto, plenamente cabível a medida liminar. É o que se requer.
8. DOS PEDIDOS
f) a expedição de ofício à seguradora Zurich Santander Brasil Seguros S/A para que
esclareça sobre a existência, validade e eficácia da suposta apólice que consta do contrato
ora em discussão (nº 0011235117004);
Termos em que
Pede deferimento.