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DOS FATOS
A Autora, pessoa simples e sem instrução, firmou CONTRATO DE
EMPRÉSTIMO com a Requerida para o recebimento do valor de R$5.000,00 (cinco
mil reais). Não lhe foi fornecida qualquer cópia de contrato ou documentação que
demonstrasse a operação financeira, que foi intermediada pela MAAF Financeira,
representante autorizada da empresa Ré, com endereço a Rua dos Andradas, 1251/22,
na cidade de Porto Alegre/RS. Á autora foram prometidas taxas de juros bastante
atrativas e uma “prestação que cabe no bolso”.
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posição desfavorável em que se encontram aqueles que, como o Autor, celebraram
contratos de adesão junto ao banco, verbis:
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“à manifestação do consentimento e à sua força vinculativa seja
agregado o objetivo do equilíbrio das partes, através da interferência da
ordem pública e da boa-fé. Ao contrato, instrumento outrora de feição
individualista, é outorgada também uma função social" 4.4_ "Timbra em
exigir que as partes se pautem pelo caminho da lealdade, fazendo com
que os contratos, antes de servirem de meio de enriquecimento pelo
contratante mais forte, prestem-se como veículo de harmonização dos
interesses de ambos os pactuantes" (p. 62).
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O novo enfoque da boa-fé vista como princípio geral de direito, "permite
a concreção de normas impondo que os sujeitos de uma relação se conduzam de
forma honesta, leal e correta" (Maria Cristina Cereser Pezzella. O princípio da boa-fé
objetiva no direito privado alemão e brasileiro. Revista de Direito do Consumidor,
São Paulo, v. 23/4, p. 199, jul./set., 1997).
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"Modificação das cláusulas contratuais. A norma garante o direito de
modificação das cláusulas contratuais ou de sua revisão, configurando
hipótese de aplicação do princípio da conservação dos contratos de
consumo. O direito de modificação das cláusulas existirá quando o
contrato estabelecer prestações desproporcionais em detrimento do
consumidor. Quando houver onerosidade excessiva por fatos
supervenientes à data da celebração do contrato, o consumidor tem o
direito de revisão do contrato, que pode ser feita por aditivo contratual,
administrativamente ou pela via judicial".
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Somente é possível descobrir a taxa de juros utilizada no contrato ora
discutido com uma calculadora financeira nas mãos e com o conhecimento prévio do
valor inicial da dívida, da quantidade de parcelas e do valor das parcelas.
Desta feita, tem-se que a taxa de juros convencionadas não foi aplicada
dentro da conformidade com o que a Lei prevê;
Apesar desta atitude adotada pelo governo num primeiro momento vir a
prejudicar e muito a sociedade, deve-se levar em consideração os comentários e a
hermenêutica que deve envolver o Código de Defesa do Consumidor;
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Poucos atualmente sabem o que significa capitalizar juros mensalmente,
pois a única coisa a que lhe é dado conhecimento no momento da contratação é a
quantidade de parcelas e o valor de cada prestação;
Razões pelas quais, não pode o Autor ser obrigado a arcar com um
valor calculado de forma ilegal, devendo ser recalculado os valores, mediante a
aplicação da taxa de juros contratada de forma simples.
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nº 2170 – 36, de 23 de agosto de 2001, pediu vista o Senhor Ministro
Carlos Velloso. Ausente, justificadamente, neste julgamento, o Senhor
Ministro Maurício Corrêa. Presidência do Senhor Ministro Marco
Aurélio.” Plenário, 03.04.2002.
Com efeito, não se pode reputar urgente uma disposição que trate de
matéria há muito discutida na jurisprudência nacional que, por sua vez, manifesta
entendimento francamente contrário a essa possibilidade.
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juros em períodos inferiores a um ano, a exemplo do primeiro caso (líder case)
julgado pela 3ª TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4ª REGIÃO, nos
autos da APELAÇÃO CÍVEL n.º 2001.71.00.004856-0, com Relatório do
DESEMBARGADOR FEDERAL LUIZ CARLOS DE CASTRO LUGON, publicado do
DJU 11 de fevereiro de 2004, às páginas 386/387.
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Neste sentido, deve-se entender que mesmo convencionada, a
aplicabilidade da capitalização de juros também faz parte das cláusulas contratuais
abusivas, e deve se operar sua nulidade de pleno direito, pois o consumidor de forma
alguma pode optar ou discutir a incidência deste encargo dentro da relação
fornecedor/consumidor.
Não é preciso nem analisar o contrato realizado para saber que ocorreu
a aplicação dos juros de forma capitalizada, prática esta reiterada pelas instituições
financeiras, apesar da constante proibição da legislação e dos Tribunais brasileiros.
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R$5.119,99 X 2% a.m. R$102,39
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Dos contracheques apresentados pela autora pode-se verificar seu grave
estado de endividamento, razão pela qual se requer deste Juízo a complacência
quanto à questão dos valores em atraso.
DEMAIS ILEGALIDADES
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Ademais, os juros remuneratórios já correspondem aos lucros da
operação de crédito, não podendo a instituição financeira impor ao consumidor as
despesas inerentes a sua própria atividade sem qualquer contrapartida.
Desse modo, nos termos do art. 51, inciso IV, do Diploma Consumerista,
tem-se que a cobrança de tais tarifas caracteriza vantagem exagerada da instituição
financeira e, portanto, nulas as cláusulas que as estabelecem.
Nesse diapasão:
REQUER AINDA:
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f) Requer seja concedido o benefício da justiça gratuita em favor da
Autora, por se tratar de pessoa sem condições de arcar com custas processuais, sem
prejuízo de seu sustento, consoante declaração de insuficiência financeira e extratos
de pagamento que seguem;
Nestes Termos,
Pede deferimento.
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