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AO JUÍZO DA VARA ________ DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE ________

________ , ________ , ________ , inscrito no CPF sob nº


________ , ________ , residente e domiciliado na ________ , na
cidade de ________ , ________ vem à presença de Vossa Excelência,
por seu representante constituído propor

AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO, C/C PEDIDO


LIMINAR

em face de ________ , ________ , inscrito no CPF sob nº


________ , ________ , residente e domiciliado na ________ , na
cidade de ________ , ________ pelos fatos e motivos que passa a
expor.

DOS FATOS QUE AMPARAM A PETIÇÃO INICIAL

O Autor celebrou com a empresa Ré, em ________ , Contrato de Compra e Venda no


valor de R$ ________ , para pagamento em ________ meses, para aquisição do imóvel
residencial situado na Rua ________ conforme contrato em anexo.

O Autor honrou com os respectivos pagamentos, mensalmente, até ________ , data em que
teve a notícia de ________ . Não bastasse isso, o Autor contraiu ________ , doença que o
incapacitou para o trabalho.

Assim, diante da impossibilidade de seguir honrando com suas prestações, pois esgotados os
seus recursos, e não encontrando um novo ________ - o Autor tentou, por diversas vezes,
renegociar a dívida para fins de reduzir o valor das prestações, sem, entretanto, obter êxito,
conforme provas que faz em anexo .
Ao contrário, adotando uma postura intransigente, a empresa Ré recusou qualquer
possibilidade de renegociação ou rever o PLANO DE EQUIVALÊNCIA SALARIAL de modo a
viabilizar um equilíbrio contratual, razão pela qual intenta a presente ação.

DO DIREITO AO REEQUILÍBRIO CONTRATUAL

O direito do Autor vem primordialmente amparado pela redação do próprio


contrato, que dispõe em sua cláusula ________ o direito à renegociação em casos de alteração
das condições do mutuário, in verbis:

PARÁGRAFO SEGUNDO - Sempre que o valor do encargo for reajustado


resultar em comprometimento da renda dos devedores em percentual
superior ao estabelecido na cláusula 10ª deste contrato, a pedido dos
devedores, será procedida a revisão do cálculo de seu valor para
restabelecer referido percentual, mediante apresentação dos comprovantes
de rendimentos/salários/vencimentos dos devedores que participaram da
composição de renda inicial, conforme definido na letra "a" deste contrato,
relativos ao mês imediatamente anterior ao mês do vencimento do encargo
objeto de revisão.

Da leitura linear da previsão contratual fica claro o direito do Autor à revisão das condições de
pagamento sempre que sobrevier fato imprevisível que comprometa o rendimento do mutuário
e consequente adimplemento do contrato.

Pelo que se depreende dos fatos narrados, o Autor sofreu grave alteração em suas condições
básica e manutenção da própria subsistência , o impedindo de seguir com o pagamento.

trata-se de expectativa legítima depositada pelo Autor sobre o contrato que deve prevaler sob
pena de rompimento à boa fé objetiva que deve permear toda e qualquer relação contratual.
BOA FÉ E LEGÍTIMA EXPECTATIVA

A expressão boa-fé tem sua origem etimológica a partir da expressão latina fides, que
significa fidelidade e coerência no cumprimento da expectativa de outrem ou do acordo que
tenha sido pactuado.

Trata-se do compromisso cooperação nas relações contratuais, razão pela qual legitima
a expectativa do Autor na manutenção do imóvel para sua residência, conforme leciona Paulo
Brasil Dill Soares:

“Boa-fé objetiva é um ‘standard’ um parâmetro genérico de conduta.


Boa-fé objetiva significa, portanto, uma atuação ‘refletida’, pensando no
outro, no parceiro atual, respeitando seus interesses legítimos, suas
expectativas razoáveis, seus direitos, agindo com lealdade, sem abuso,
sem obstrução, sem causar lesão ou desvantagem excessiva, gerando
para atingir o bom fim das obrigações: o cumprimento do objetivo
contratual e a realização de interesses das partes.” (SOARES, Paulo Brasil
Dill. Princípios Básicos de Defesa do Consumidor: Institutos de Proteção
ao Hipossuficiente. Leme/SP: LED, 2001, p. 219-220.)

Trata-se de princípio positivado e imperativo no nosso ordenamento brasileiro:

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-
lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou
social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

Portanto, ao criar legítima e importante expectativa na vida do Autor, ao quebrá-


la, o Réu comete ato ilícito passível de retratação e indenização.

Razão pela qual merece guarida o presente pedido para fins de que seja revisto o
descadastramento irregular do Autor.

DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR

Ademais, mesmo que o contrato fosse omisso em relação à possibilidade da revisão contratual, o
Código de Defesa do Consumidor preceitua em seu Art. 6º e incs. V, VI e VII o direito do
consumidor renegociar o seu contrato com o prestador de serviço/fornecedor de bens, in verbis:

"Art. 6º - São direitos básicos do consumidor:


V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações
desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as
tornem excessivamente onerosas;
VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais,
individuais, coletivos e difusos;
VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos, com vistas à
prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais,
coletivos ou difusos, assegurada a proteção jurídica, administrativa e
técnica aos necessitados;"

No presente caso, a perda do emprego pela mutuária e o acometimento da moléstia configura-se


como um fato superveniente ao contrato celebrado com a empresa Ré, sendo devida a
renegociação pleiteada, especialmente porque foi impossibilitada de manejar o devido processo
administrativo previamente a execução.

DO NECESSÁRIO DEVIDO PROCESSO LEGAL

O direito ao devido processo legal garante que ninguém será privado de seus direito sem ser
ouvido previamente. Trata-se de previsão expressa na Constituição Federal, em seu art. 5º:

XXXV - A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou


ameaça a direito;
LIV - Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido
processo legal;

LV - Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados


em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e
recursos a ela inerentes.

Tem-se proteção nítida aos direitos e patrimônio das pessoas , de modo a não permitir que
sejam conscritos sem prévio processo próprio. A garantia à ampla defesa, com efeito, é um dado
indissociável e complementar do chamado due process of law:

"O Estado Democrático de Direito também exige que o contraditório se


revele como pleno e efetivo e isso só ocorrerá quando a estrutura do
procedimento e o critério do juiz que dirige o processo não criarem
barreiras ou entraves injustificáveis ao trabalho da parte em prol da
demonstração de seu possível direito subjetivo violado ou posto em
perigo pela conduta do adversário." (Humberto Teodoro Júnior, op. Cit.).

Assim, considerando que o Contrato celebrado entre a mutuária e a Instituição Bancária


constitui-se em instrumento de valor regulador e disciplinador da relação entre ambos, tem-se
por necessária a intervenção judicial para fins de garantir o devido processo legal.

DAS PROVAS QUE PRETENDE PRODUZIR

O Autor pretende instruir seus argumentos com as seguintes provas:

a) prova documental, em especial o contrato firmado, Termo de Rescisão de


Trabalho, CTPS e laudos médicos atestando a incapacidade do Autor;

b) ouvida de testemunhas, cujo rol será depositado em Cartório na devida


oportunidade.

DA TUTELA DE URGÊNCIA

DA PROBABILIDADE DO DIREITO: Como ficou perfeitamente demonstrado, o


direto do Autor é caracterizado pelo direito ao cumprimento da previsão contratual, bem como
ao contraditório e à ampla defesa antes de ter seu único bem conscrito.

DO RISCO AO RESULTADO ÚTIL DO PROCESSO: O processo busca a


manutenção do Autor em seu único local de moradia, ou seja, deixar de analisar neste momento
o pedido de continuidade do Autor no imóvel é conferir grave risco de perecimento do resultado
útil do processo.

Diante de tais circunstâncias, é inegável a existência de fundado receio de dano


irreparável, sendo imprescindível a manutenção da posse ao Autor do imóvel até o deslinde final
do processo, os termos do Art. 300 do CPC.

DA JUSTIÇA GRATUITA

O Autor encontra-se desempregado, não possuindo condições financeiras para arcar


com as custas processuais sem prejuízo do seu sustento e de sua família, conforme declaração de
hipossuficiência, cópia dos seus contracheques e certidão de nascimento dos filhos que junta em
anexo.

Por tais razões, com fulcro no artigo 5º, LXXIV da Constituição Federal e pelo artigo 98
do CPC, requer seja deferida a AJG ao requerente.

DOS PEDIDOS

Por todo o exposto, REQUER:


1. A concessão da gratuidade de justiça, nos termos do art. 98 do Código de Processo Civil;

2. O deferimento da medida liminar para fins de manutenção do Autor no imóvel até o


deslinde final do processo;

3. A citação do Réu para responder, querendo;

4. A total procedência da ação para determinar a revisão imediata do contrato, impedindo a


realização de qualquer execução, penhora ou imissão de posse, concedendo ao Autor o
direito ao contraditório e à ampla defesa para fins de readequar as condições de
pagamento com base na nova realidade financeira do Autor;

5. A produção de todas as provas admitidas em direito;

6. Seja requisitada ao réu a disponibilização de toda documentação e contrato em sua posse,


para fins de comprovação do direito aqui pleiteado nos termos do art. 438 do CPC;

7. A condenação do réu ao pagamento de honorários advocatícios nos parâmetros previstos


no art. 85, §2º do CPC;

8. Desde já manifesta seu interesse na audiência conciliatória, nos termos do Art. 319, inc.
VII do CPC.

Dá-se à causa o valor de R$ ________

Nestes termos, pede deferimento

________ , ________ ________

________ OAB/ ________

________
ANEXOS

1. Documentos de identidade do Autor, RG, CPF, Comprovante de Residência

2. Procuração

3. Declaração de Pobreza

4. Provas da ocorrência

5. Provas da tentativa de solução direto com o réu

6. Provas da negativa de solução

1. Prova do pedido administrativo e resposta

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