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EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DO 9º JUIZADO ESPECIAL

CÍVEL DA COMARCA DE NATAL/RN

DISTRIBUIDO POR PREVENÇÃO - Processo nº: 0804620-13.2023.8.20.5004

JADILSON SOARES PEREIRA, brasileiro, casado, servidor público,


inscrito no CPF sob n º812.597.434-20, e portador do rg sob nº 1270562,
residente e domiciliado no endereço situado à Rua São João de Deus, nº 678,
Bairro das Quintas, Natal/RN, vem à presença de Vossa Excelência, por meio
da sua advogada que esta subscreve com procuração acostada aos presentes
autos propor ação de:

REPETIÇÃO DE INDÉBITO

Em face da ODONTOMAIS SERVICOS ODONTOLOGICOS LTDA,


pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob nº 15.441.865/0001-60,
situada na Rua Coronel Cascudo, 331 CIDADE ALTA, NATAL – RN, CEP 59025-
260, Telefone(s): (84) 221-3918 e Correio eletrônico:
admodontomais@hotmail.com, pelos fatos e fundamentos a seguir.

FATOS
O autor é funcionário público da prefeitura do município de Natal, neste
estado, razão pela qual aderiu um plano odontológico com a ODONTOMAIS (ré,
este pactuado por meio de um convenio para os sócios da entidade sindical
(SINSENAT), ao qual é vinculado.

Os pagamentos mensais, enquanto usuário, eram realizados por meio de


desconto em folha de proventos. Ocorre que, no mês de janeiro de 2021, a
operadora ODONTOMAIS (plano odontológico) (Ré) e o SINSENAT (Sindicato
dos Servidores Municipais de Natal) rescindiram o contrato, não havendo mais
o vínculo entre a instituição sindical e a operadora ODONTOMAIS.

Muito embora tenha havido o distrato formalizado entre a entidade e a Ré,


os descontos não pararam de ser realizados em sua folha de pagamento
(contracheques em anexo), mesmo após reiteradas solicitações (declaração e
solicitação em anexo), razão pela qual busca a tutela jurisdicional para que
seus direitos sejam resguardados e restabelecidos, em razão que o caso já se
trata de apropriação indébita de valor em dinheiro, face à ampla possibilidade
do réu verificar a veracidade dos fatos e se negar ilegalmente a devolver o que
não lhe pertence!

FUNDAMENTOS JURÍDICOS DO PEDIDO

O primeiro fundamento do pedido que prevalece in casu é a


impossibilidade de apropriação de dinheiro alheio e do consequente
enriquecimento ilícito do réu nessa situação.

O segundo fundamento consiste no fato que a devolução é devida do valor


de R$ 844,08 (oitocentos e quarenta e quatro reais), apropriado desde o mês de
fevereiro de 2021 a dezembro de 2022.

A responsabilidade objetiva, nessa situação é de rigor aplicação, haja


vista a determinação contida no artigo 14 do Código de defesa do consumidor,
vejamos:

“Art. 14. O fornecedor de serviços responde,


independentemente da existência de culpa, pela reparação
dos danos causados aos consumidores por defeitos
relativos à prestação dos serviços, bem como por
informações insuficientes ou inadequadas sobre sua
fruição e riscos.” .

Assim, para efeito do artigo acima transcrito, em tendo ocorrido dano


consistente na cobrança indevida, não se discute culpa, tão somente fica o dever
objetivo de indenizar.

Temos ainda, que a cobrança, realizada de forma indevida e sem chance


de defesa por parte do autor, deve ser ressarcida em dobro, conforme determina
o parágrafo únicod o artigo 42 do Código de defesa do consumidor, senão
vejamos:

Art.42.[…]
Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia
indevida tem direito à repetição do indébito, por valor igual
ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção
monetária e juros legais, salvo hipótese de engano
justificável.

O que justifica mais a aplicação do ressarcimento em dobro, além do


fato que uma quantia pertencente ao autor não pode ser por ele usufruída,
é o fato que o réu tinha os meios para apurar o caso e se recusou, mesmo
mediante solicitações, a proceder com a suspensão dos descontos no
contracheque e pagamentos do autor, o que é esdrúxulo e demonstra uma
nítida má-fé nesse comportamento desidioso e reprovável.

Aliás, um caso simples de devolução de uma quantia cobrada a maior, se


torna para o réu, a possibilidade de pagar em dobro e ainda arcar com o
pagamento de uma indenização, além do gasto garantido com advogado ex
adverso, preposto, etc., o que demonstra total despreparo técnico da empresa
na condução de casos simples, que por má administração pode ter um custo
superior a 10 vezes o valor que não seria gasto, mas apenas devolvido.

Ao se negar a propvceder com a suspensão das cobranças, mesmo após o


cancelamento, a ré acabou por também ferir, além da moral e dos bons
costumes, o inciso VI do artigo 6º do Código de defesa do consumidor, vejamos:
“Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
[…] VI – a efetiva prevenção e reparação de danos
patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos;”

No caso, nenhuma preocupação para a reparação do dano causado foi


demonstrada pelos prepostos do réu, que, aliás, trataram o caso com desprezo,
como se o autor estivesse pedindo um favor, incomodando!!!

Ao não estipular data para a devolução do dinheiro, que é uma obrigação


legal da ré, também acabou por transgredir o inciso XII do artigo 39 do Código
de defesa do consumidor, abaixo transcrito:

“Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços,


dentre outras práticas abusivas:
[…] XII – deixar de estipular prazo para o cumprimento de
sua obrigação ou deixar a fixação de seu termo inicial a seu
exclusivo critério.”

O autor não está sujeito a esperar a devolução de uma quantia que lhe
pertence e foi cobrada indevidamente, principalmente porque o réu tem como
averiguar isso de forma independente e fica colocando obstáculos para não
pagar.

Aliás, o autor está profundamente incomodado e revoltado com essa


situação, porque já foi por duas ocasiões pleitear a suspensão e devolução de
dinheiro que lhe pertence e isso está sendo negado mesmo com provas cabais
apresentadas, que demonstram a dupla cobrança, e a forma como foi
completamente ignorado.

A apropriação indébita do dinheiro disfarçada de cobrança indevida é ato


ilícito e presume o dano moral, ainda mais pelo tempo transcorrido e a inércia
em relação ao caso.

Não bastasse, o autor teve que ir ao estabelecimento do réu por dois dias
em horários de descanso, atrapalhando sua vida normal, o que não está sendo
tolerado de forma saudável e tal fato já ultrapassou o que se poderia chamar
“sofrimento normal do dia a dia”.
O caso se aprofunda, no que tange ao abalo psíquico do autor, quando o
réu não fez nada para apurar os fatos, tendo todos os meios à sua disposição!

O desrespeito ao consumidor, que aliás parece regra face ao


comportamento dos funcionários, deve fazer com que o réu seja condenado a
pagar uma indenização por danos morais no importe sugerido de R$ 5.000,00
(cinco mil reais), com fundamento no artigo 5º, inciso X, da Constituição Federal,
para que se sinta coagido a preparar melhor seus funcionários, que parecem ser
analfabetos jurídicos, quando na verdade deveriam ter o conhecimento do direito
do consumidor, para administrar corretamente as situações.

Por outro lado, o réu é um empresa, com filiais, enfim, uma empresa não
pequena que é acostumada a transgredir direitos, bastando consultar as bases
de dados do próprio e para que se conclua exatamente isso e, o valor é até
irrisório, no que se refere ao duplo caráter punitivo-compensatório.

Por tais razões, o réu, ao final, deve ser condenado ao pagamento do


valor cobrado indevidamente, em dobro, que perfaz a quantia de R$ 1.688,16
(mil seiscentos e sessenta e oito reais e dezesseis centavos) além de uma
indenização pelos danos morais causados, no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil
reais).

As provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos


alegados

Assim é nítida a condição hipossuficiente do autor, no sentido da produção


das provas, razão pela qual deve ser invertido o encargo probatório e
reequilibrada a relação processual.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Podemos verificar com certeza, com a análise das provas ora juntadas,
que houve a apropriação de dinheiro pertencente ao autor, pelo réu, através de
seusistemadecobrança.
As provas ora juntadas demonstram a verossimilhança das alegações
e constituem fortes provas que embasam a versão apresentada.
PEDIDOS

a) que o réu seja citado, com as advertências legais, para, se o caso,


oferecer resposta no prazo legal, sob pena de revelia;

b)a total procedência da ação, para condenar o réu a devolver a quantia


que se apropriou de forma indevida, ou seja, R$ 1.688,16 (mil seiscentos e
oitenta e oito reais e dezesseis centavos), ja em dobro, conforme determina o
parágrafo único do artigo 42 do CDC, bem como, seja condenado ao pagamento
de uma indenização por danos morais, no valor sugerido de R$ 5.000 (cinco mil
reais), pelo fato de não se interessar em resolver a questão ora discutida;

c) O autor não concorda com a realização de audiência de


conciliação ou mediação, em vista que não aceita, em qualquer hipótese,
receber menos do que lhe foi usurpado, tampouco abre mão das consequências
legais que devem recair sobre o réu e ora requerias nesta ação;

d) requer-se a condenação do réu no pagamento de honorários


advocatícios e custas processuais, caso haja recurso de sua parte;

e) a oportunidade de provar o alegado por todos os meios legítimos em


direito, e quaisquer outras que se mostrarem pertinentes e necessárias, no
decorrer da marcha processual.

Dá-se à causa, o valor de R$ 6.688,16 seis mil seiscentos e oitenta e oito reais
e dezesseis centavos), para os fins de direito.

Termos em que,
Pede Deferimento.

Natal, 02 de janeiro de 2023


Assinatura e data digitalmente pelo sistema.

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