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Assim, requer a concessão da gratuidade da justiça, na forma do que prevê o art. 99,
§3º, do CPC/2015 e do art. 54 da Lei nº 9.099/95.
2) DOS FATOS:
O autor é servidor público federal e possui alguns empréstimos consignados junto a
sua instituição financeira de relacionamento, a saber Banco Bradesco, conforme demonstram
os documentos em anexo.
Ocorre, Excelência, que em 23/03/2022, o autor recebeu uma proposta, via ligação
telefônica e mensagens do número (11) 912949024, feita por uma pessoa chamada Felipe
Silva, o qual se apresentou como gerente de negociação do requerido Banco Daycoval,
conforme print de troca de mensagens, para realização de operação de portabilidade de seus
empréstimos do Banco Bradesco para o banco requerido Daycoval.
Quando o requerente observou que foi vítima da referida fraude, tratou de formular
pedido administrativo de esclarecimentos e cancelamento da operação junto ao Banco
Daycoval, através do serviço de ouvidoria do Banco Central do Brasil. Não obstante, o banco
demandado, em resposta, afirmou que a operação foi realizada sem qualquer indício de fraude
e que o contrato celebrado seria mantido, assim como a cobrança das parcelas mediante
consignação em folha de pagamento.
3) DO DIREITO:
Excelência resta evidente o dano que sofreu e sofre o autor, na medida em que há um
novo desconto em seu contracheque, advindo do “novo contrato” entre o requerente e a
demandada Banco Daycoval, o qual não desejou, e este desconto sobrevém de um empréstimo
consignado que não contratou.
Destarte, configura-se o dano, bem como o nexo de causalidade, sendo necessária a
reparação dos danos causados ao autor. Ademais consideram-se os descontos como indevidos,
justamente porque o modo de fornecimento do serviço é completamente diverso do
contratado, pois o autor pensou que estivesse contratando um serviço de portabilidade, pelo
qual quitaria os empréstimos originais, no entanto a realidade mostrou que celebrou um novo
empréstimo, agora sob a responsabilidade da demandada Banco Daycoval. Ou seja, a
portabilidade não aconteceu!
Apresentamos o entendimento jurisprudencial de nossos Tribunais Superiores:
EMENTA: INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. EMPRÉSTIMO BANCÁRIO
FRAUDULENTO. DESCONTO DE VALORES EM CONTA CORRENTE DA
VITIMA. INDENIZAÇÃO DEVIDA. CULPA CONCORRENTE DA VITIMA. NÃO
CARACTERIZADA. QUANTUM ARBITRADO PROPROCIONAL E RAZOÁVEL. 1
É cabível a condenação de instituição financeira ao pagamento de indenização por
abalo moral suportado pelo cliente face o constrangimento sofrido em decorrência
de empréstimo bancário fraudulento que originou descontos em sua conta corrente,
sem sua regular autorização, sendo inadmissível a exclusão da responsabilidade
quando não haja prova de culpa exclusiva da vitima, ex vi art. 14, § 3º, II, do Código
de Defesa do Consumidor; 2 Inadmissível a redução do valor da condenação por
culpa concorrente quando não haja provas da contribuição da vitima para o ilícito,
evidenciando-se proporcional e razoável o valor da indenização arbitrado na
espécie, porque condizente com o abalo moral suportado; 3 Recurso conhecido, mas
improvido à unanimidade.(200730081227 PA 2007300-81227, Relator: DAHIL
PARAENSE DE SOUZA, Data de Julgamento: 12/05/2008, Data de Publicação:
16/05/2008).
EMENTA. APELAÇÃO CÍVEL - INDENIZAÇÃO - DANO MORAL -
RESPONSABILIDADE CIVIL - CONTRATO DE EMPRÉSTIMO - AUSÊNCIA DE
PROVA DA CONTRATAÇÃO - DESCONTO DE VALOR EM CONTA CORRENTE
ONDE A AUTORA RECEBE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO - CONDUTA
INDEVIDA E ILEGÍTIMA DA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA RESPONSABILIDADE
OBJETIVA - REPARAÇÃO DOS DANOS CAUSADOS AO CONSUMIDOR POR
DEFEITO RELATIVO À PRESTAÇÃO DO SERVIÇO - INTELIGÊNCIA DO ART.
14 DO CDC - CABIMENTO DA REPETIÇÃO DO INDÉBITO EM DOBRO -
APLICAÇÃO DO PARÁGRAFO ÚNICO DO ART. 42 DO CDC - DANO MORAL -
VALOR ARBITRADO QUE ATENDE AOS CRITÉRIOS DA
PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE - MANUTENÇÃO DA SENTENÇA -
RECURSO CONHECIDO IMPROVIDO - UNANIME. TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO
ESTADO DE SERGIPE. ACÓRDÃO: 20128698. APELAÇÃO CÍVEL4562/2012.
PROCESSO: 2012211101. RELATOR:DES. ROBERTO EUGENIO DA FONSECA
PORTO.
Excelência, tendo em vista que o autor aquiesceu com uma operação cuja finalidade
não foi cumprida, além de impor uma obrigação desproporcional, exagerada e não pretendida,
faz-se necessária a declaração de nulidade do contrato celebrado com a requerida.
Vale notar que realizando uma leitura do contracheque do autor, serão descontadas
parcelas mensais, como pagamento do empréstimo, por um período de 84 (oitenta e quatro)
meses, totalizando o valor de R$ 25.533,48 (vinte e cinco mil, quinhentos e trinta e três reais e
quarenta e oito centavos).
Nesse diapasão, apresentamos a seguinte jurisprudência:
EMENTA: CIVIL E CONSUMIDOR. APELAÇÃO CÍVEL EM AÇÃO
DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE ATO JURÍDICO C/C INDENIZAÇÃO POR
DANOS MORAIS. EMPRÉSTIMO BANCÁRIO NÃO AUTORIZADO. PRESTAÇÕES
IRREGULARMENTE DESCONTADAS DOS PROVENTOS DA APOSENTADORIA
DO APELANTE. COBRANÇA ILEGAL QUE ULTRAPASSA A HIPÓTESE DE
MERO ABORRECIMENTO. OFENSA À HONRA CONFIGURADA. QUANTUM
INDENIZATÓRIO NÃO CONDIZENTE COM O MAL PERPETRADO. SENTENÇA
REFORMADA EM PARTE. PRECEDENTE DESTA CORTE. RECURSO
CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. ACÓRDÃO Vistos, relatados e
discutidos estes autos em que são partes as acima identificadas: Acordam os
Desembargadores que integram a 3ª Câmara Cível deste Egrégio Tribunal de
Justiça, à unanimidade de votos, dar provimento ao recurso, nos termos do voto do
relator. RELATÓRIO Trata-se de Apelação Cível interposta por Geraldo Cosme da
Silva, em face da sentença do Juiz da Comarca de Jucurutu que, na Ação
Declaratória de Nulidade de Ato Jurídico C/C Indenização por Danos Morais
0000679-27.2008.8.20.0118, ajuizada em desfavor de Oboé Crédito Financiamento
Investimento S/A, julgou "(...) PARCIALMENTE PROCEDENTE o pedido formulado
pelo Autor, declarando nulo o empréstimo realizado. Em consequência, CONDENO
a parte Ré a pagar em favor daquele a quantia de R$ 744,80 (setecentos e quarenta
e quatro reais e oitenta centavos), a título de danos morais (...). Condeno, também, a
parte Ré a restituir em dobro ao autor o montante que fora efetivamente descontado
de sua aposentadoria, quantia esta a ser apurada em liquidação de sentença, por
simples cálculos do credor (...)" (fls. 51-55).
No presente caso, a autora está sendo vítima de descontos indevidos os quais devem
ser ressarcidos em dobro, correspondendo ao valor total de R$ 1.215,88 (mil, duzentos e
quinze reais e oitenta e oito centavos), acrescido de correção monetária e juros legais, até o
presente momento.
4) DOS PEDIDOS:
Portanto, Excelência, o demandante requer seja julgada totalmente procedente a
presente ação indenizatória, nos seguintes termos:
a) Que sejam as empresas requeridas devidamente citadas para, se assim desejarem,
apresentarem suas respostas no prazo legal, sob pena de ser declarada sua revelia
e ser aplicada a pena de confissão;
b) Que seja concedido ao requerente o beneficio da justiça gratuita, nos termos da
legislação pertinente;
c) Que seja deferida por Vossa Excelência, liminarmente, a tutela de urgência, no
sentido de que seja determinado aos requeridos que procedam a suspensão
imediata dos descontos em folha de pagamento do requerente das referidas
parcelas, sob pena de multa diária, a ser arbitrada por este ilustre juízo, em caso
de atraso no cumprimento da determinação;
d) Que ao final, seja confirmada a tutela de urgência, determinando-se que os
Requeridos suspendam definitivamente todo e qualquer desconto em folha de
pagamento do requerente das referidas parcelas, sob pena de multa diária;
e) Que seja determinado que o requeridos procedam ao cancelamento de todo e
qualquer negócio jurídico em nome do autor, uma vez que resta demonstrado que
os descontos em sua folha de pagamento são absolutamente indevidos, porque
decorrentes de contratação obtida mediante fraude, sob pena de multa diária;
f) Que sejam os requeridos condenados ao pagamento de indenização por danos
morais no valor máximo de R$ 30.000,00 (trinta mil reais), como medida de
reparação civil e de medida pedagógica em relação ao demandado;
g) Que sejam os requeridos condenados a restituição do indébito no valor de R$
1.215,88 (mil, duzentos e quinze reais e oitenta e oito centavos), acrescido de
correção monetária e juros legais, acrescido de correção monetária e juros legais;
OAB/PA 15519