Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
PRELIMINARMENTE
_____________________________________
3) DOS FATOS
No dia 03/07/2018, o(a) autor(a) foi até à loja GAZIN de Água Clara para efetuar uma
compra, mas, no momento em que precisou se utilizar do crediário para parcelamento, foi informado(a)
pelo atendente de que, por meio de uma consulta ao serviço de proteção ao crédito, seu nome constava no
cadastro de inadimplentes, inviabilizando a aquisição almejada.
Surpreso(a) com a notícia e convicto(a) de não possuir qualquer dívida que justificasse
tal restrição de crédito, o(a) autor(a) procurou dirigir-se até um estabelecimento, objetivando retirar um
extrato da consulta de seu CPF, no qual pudesse identificar a indicação de seu nome no SPC/SERASA,
valor do eventual débito, bem como o suposto credor, uma vez que a Gazin manifestou não poder realizar
este tipo de procedimento, e o(a) autor(a) desconhecia pendências financeiras impagas.
Então, quando conseguiu obter o referido documento detalhado, verificou na consulta
que se tratava de dívida no importe de R$ 175,08 (cento e setenta e cinco reais e oito centavos),
referente à fatura vencida em 19/01/2018, inserida pela concessionária ENERGISA MATO GROSSO
DO SUL, em 22/03/2018, ficando sem entender o porquê de seu nome ter sido negativado
posteriormente ao pagamento e, mais, permanecer até os dias atuais, haja vista que este apontamento
inserido refere-se a uma dívida já quitada integralmente em 12/02/2018, segundo prova o recibo anexo.
Há de se frisar a condição do(a) requerente de pessoa simples e hipossuficiente na
relação de consumo, o(a) qual agiu de boa-fé e na confiança em sua obrigação de pagar o débito, fato este
incontroverso nos autos, ao contrário da requerida, a qual não demonstra compromisso e preocupação
com seus clientes, por manchar, irresponsavelmente, a ficha cadastral de que tanto dependem, até mesmo
para suas necessidades mais básilares, manutenção e sobrevivência.
Isso poder ser atestado pela simples consulta ao site da requerida, que insiste em manter
em seu sistema a referida pendência inexistente em nome da parte autora, que, ao contrário disso, se
encontra totalmente quite com os débitos junto à empresa, nos termos do histórico de pagamentos.
Diante do transtorno, o(a) requerente tentou contatos com a empresa, os quais restaram
sem sucesso, destacando que não é a primeira vez que passa por esse tipo de situação constrangerdora
com esta requerida.
Ocorre que, não obstante o(a) autor(a) ter já efetuado o pagamento há cerca de 5
meses e procurado a ré administrativamente para promover à regularização de seu nome
negativado indevidamente, após a quitação, a mesma se mantém inerte em suas obrigações de baixa da
restrição.
A empresa ré ignora e não providencia a retirada do nome do(a) autor(a) do cadastro do
SERASA/SPC, permanecendo negligente em tempo delongado, fazendo-o passar por situação vexatória,
justo sem motivo.
O atualizado extrato cadastral demonstra o nome sujo do(a) autor(a), ao passo que o
comprovante de pagamento da dívida retrata a má conduta e desrespeito perpetrados pela ré, no que tange
à conduta, prazos e procedimentos administrativos e legais.
_____________________________________
Assim, em sede de liminar, requer seja procedida a retirada imediata do nome do(a)
autor(a) dos Serviços de Proteção ao Crédito – SPC, SERASA e congêneres, mediante convênio e acesso
ao sistema SERASAJUD e Ofícios ou compelindo a empresa a assim o fazer, bem como seja declarada a
inexistência da dívida paga, com a condenação da requerida em danos morais e materiais.
4) DO DIREITO
DA URGÊNCIA E DA NECESSIDADE DE CONCESSÃO DO EFEITO SUSPENSIVO ANTE À
PRESENÇA DO FUMUS BONI IURIS E DO PERICULUM IN MORA.
O presente caso tem perfeitamente configurado todos os requisitos para que seja
concedida a antecipação da tutela, haja vista, o caso em observação trata-se relação consumeirista, com a
ocorrência cristalina de arbitrariedade cometida pela ré na inserção/manutenção da condição de
inadimplente do(a) autor(a) junto aos órgão de proteção ao crédito, quando o débito já foi pago há quase
05 meses.
A FUMAÇA DO BOM DIREITO demonstra-se por meio da documentação acostadas
aos presentes autos, posto que se comprovou o pagamento da dívida correspondente ao valor negativado
em 12/02/2018. (DOC ANEXO); e por conseguinte não ocorreu a baixa da negativação 05(cinco) dias
úteis subsequentes, o que pode ser comprovado e verificado na documentação inicialmente descrita e
anexada.
No caso em estudo, a fumaça do bom direito não está consubstanciada exclusivamente
na pronta compreensão de sua certeza jurídica, mas sim, vinculado fundamentalmente à plausividade de
sua arguição e da inutilidade de sua concretização tardia.
Os perigos da manutenção do bom nome do(a) autor(a), nos órgãos de proteção ao
crédito, podem levar, sem dúvidas, inclusive, a uma situação irreparável – perda da possibilidade de
financiar bem ou adquirir crédito. RESTANDO ASSIM, PATENTE O PERICULUM IN MORA.
O PERIGO DA DEMORA caracteriza-se pela atual impossibilidade do(a) Requerente
tomar crédito em instituições financeiras, financiar bens ou serviços e ainda ter que diariamente saber e
lembrar que o seu bom nome está incluso indevidamente no rol dos maus pagadores.
Verifica-se, MM. Juiz (a), que a situação da parte Autora atende perfeitamente a todos
os requisitos esperados para a concessão da medida antecipatória, pelo que, se busca, antes da decisão do
mérito em si, a ordem judicial para que: (a): que em caso de existência de convênio, este douto juízo
determine a imediata exclusão do nome do(a) autor(a), via sistema, do banco dos devedores
(SPC/SERASA) ou via ofícios, (b): na impossibilidade da medida, seja a Ré compelida a retirar o nome
do consumidor dos órgãos de proteção ao crédito, sob pena de multa diária, bem como, abstenha-se de
inseri-lo novamente sem justa causa, (c): que ocorra a declaração de quitação do débito no importe de R$
175,08 (cento e setenta e cinco reais e oito centavos), Fatura relativa ao mês de janeiro/2018 (DOC
ANEXO), que deu ensejo a presente demanda, pois se comprovou o pagamento integral do mesmo.
DA COMPETÊNCIA TERRITORIAL
_____________________________________
Compete ao esse foro de Água Clara, processar e julgar a presente lide.
Por ser uma relação de consumo, incide o art. 101, I, do Código de Defesa do
Consumidor: “Na ação de responsabilidade civil do fornecedor de produtos e serviços, sem prejuízo do
disposto nos Capítulos I e II deste Título, serão observadas as seguintes normas: “a ação pode ser
proposta no domicílio do autor;”
Diante desse dispositivo, e conforme o comprovante de residência em anexo a essa
petição inicial, que comprova a residência do(a) autor(a) em Água Clara, requer-se que essa ação seja
processada e julgada nessa Comarca.
Art. 3º: “Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira,
bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades de produção, montagem,
criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de
produtos ou prestação de serviços.
DO DEVER DE INDENIZAR
A obrigatoriedade de reparar qualquer evento que provoque dano está consagrada no
texto constitucional, que é claro em seu artigo 5º, V, ao garantir o direito de resposta proporcional ao
agravo, além de indenização por danos materiaise morais e à imagem, reforçada a prescrição no inciso X,
que outorga à inviolabilidade a vida privada, a honra, a imagem das pessoas, igualmente assegurando o
direito de indenização por dano moral e material, decorrente de sua violação.
Ainda, de acordo com o disposto no artigo 186 do atual Código Civil, “aquele que, por
omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem,ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito”, no mesmo sentido as disposições dos artigos 187, 188 e 385 do
Código Civil Brasileiro tornam inquestionável o direito à reparação de danos patrimoniais e morais.
O Código de Defesa do Consumidor prevê também o dever de reparação, pois que ao
anunciar os direitos do consumidor em seu art. 6º, VI, trata entre outros, o direito à efetiva PREVENÇÃO
E REPARAÇÃO DE DANOS PATRIMONIAIS E MORAIS, assegurando a proteção jurídica,
administrativa e técnica dos necessitados (incisoVII).
_____________________________________
A reparação que obriga o ofensor a pagar, e permite ao ofendido receber, é princípio de
justiça, com feição, punição e recompensa, dentro do princípio jurídico universal que adote que ninguém
deve lesar ninguém. Desta maneira:
"Todo e qualquer dano causado à alguém ou ao seu patrimônio, deve ser indenizado, de tal
obrigação não se excluindo o mais importante deles, que é o DANO MORAL, que deve
automaticamente ser levado em conta." (V.R. Limongi França,Jurisprudência da Responsabilidade
Civil, Ed. RT, 1988).
Sob o tema responsabilidade por dano moral, a doutrina como os nossos tribunais,
elaboraram vigorosas construções, seguindo as balizas pontuadas pelo Colendo STJ, permitindo,
facilmente, à rápida identificação dos elementos configuradores do direito à indenização decorrente de ato
ilícito, como sustentou o Desembargador do TJRR Cristóvão Suter, na AC 173/2002, que:
"demonstrado o fato, a culpa do agente e o nexo de causalidade entre ambos, emerge de forma
absoluta o dever de indenizar" (DPJ 2504). E mais: "pela ocorrência do fato, presume-se o dano
moral – dano e nexo causal" (TJRR, AC 277/01, Rel. Des. Almiro Padilha, DPJ
2460)
Igualmente tem pontuado nossa jurisprudência, que o dano moral puro é indenizável,
independe de demonstração efetiva do prejuízo, sendo presumido. Veja-se:
"Os danos morais, em razão de sua natureza subjetiva, são presumidos, independendo de prova
nos autos" (TJRR, AC 190/02, Rel. Des. Cristóvão Suter, DPJ 2509)
E, ainda:
"Admite-se o pedido genérico em sede de dano moral, sendo desnecessária a indicação do valor
indenizatório na inicial, eis que o arbitramento do quantum debeatur fica a critério do juiz,
observado o princípio da razoabilidade" (TJRR, AC 149/01, Rel. Des. Robério Nunes, DPJ 2418).
_____________________________________
no prazo de 5 (cinco) dias úteis, a contar do primeiro dia útil subsequente à completa
disponibilização do numerário necessário à quitação do débito vencido". 2. Recurso especial não
provido. (REsp 1424792/BA, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, SEGUNDA SEÇÃO,
julgado em 10/09/2014, DJe 24/09/2014). (Grifei)
Assim, explicou o juiz que “ainda que se considere que a inclusão do nome do autor no referido
cadastro não foi injusta, em razão da inadimplência existente na ocasião, restou
inequivocadamente demonstrada a omissão da ré em providenciar, em prazo razoável, a exclusão
do nome do autor do SPC, após a efetiva quitação do débito”.
E, como o autor comprovou que mesmo decorridos meses da quitação da dívida seu nome ainda
continuava no rol de inadimplentes, acrescentou o juiz que restou provada a culpa da ré, por
negligência, ao não adotar as medidas para a imediata exclusão do nome do autor dos órgãos de
proteção ao crédito”. (Grifei)
A jurisprudência é remansosa:
_____________________________________
No caso de restrição indevida de crédito, o dano moral dispensa prova em juízo, sendo
este o entendimento pacificado no STJ e seguido pelos tribunais pátrios, a exemplo do Tribunal de
Justiça do Mato grosso do Sul, senão vejamos:
O dano moral, em tais casos, é presumível, não podendo ser confundido com mero
aborrecimento insuscetível de reparação.
Desta forma, tem-se que o constragimento é inescusável, posto que a conduta perpetrada
permite que se conclua o prejuízo causado à parte que obteve seu crédito colocado em xeque. E deve-
se observar que a indenização por dano moral, além de servir de lenitivo à ofensa causada, deve, também,
servir de instrumento punitivo, e coibir a reiteração de tal conduta (caráter pedagógico da medida).
DO QUANTUM INDENIZATÓRIO
Quanto ao valor da indenização, destaca-se que, a finalidade da reparação do dano
moral é oferecer compensação ao lesado, atenuando seu sofrimento, e, quanto ao causador do dano, tem
caráter sancionatório, para que não mais pratique o ato tido por lesivo, não se podendo olvidar que "a
indenização deve ser fixada de modo a dar uma compensação ao lesado pela dor por ele sofrida, porém,
não pode ser de maneira tal que lhe pareça conveniente ou vantajoso o abalo suportado" (Apelação
Cível n. , de Taió, Rel. Des. Mazoni Ferreira).
Segundo Carlos Roberto Gonçalves, em sua admirável obra sobre a responsabilidade
civil,“a condição econômica do ofensor também deve ser levada em consideração, malgrado a impressão
de representar uma pena civil ou punição aos mais ricos.” (Saraiva, edição2.005, p.596).
Levando-se em conta o caráter pedagógico e punitivo da indenização, requer a
condenação da Requerida em danos morais, no valor de R$ 29.000,00 (Vinte e nove mil reais).
Foi isso o que proclamou o Superior Tribunal de Justiça (STJ) ao interpretar os artigos 389, 395 e
404 do Código Civil em recentes julgamentos da relatoria da Ministra Nancy Andrighi, inclusive
também citados na decisão de primeira instância. (vide Resp 1.134.725/MG, Rel. Ministra
NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 14/06/2011, DJe 24/06/2011)
Nas sábias palavras da Ministra Nancy Andrighi: “se entrelaça com os princípios da
equidade, da justiça e, consequentemente, com o princípio da dignidade da pessoa humana, tendo em
vista que, minimizando-se os prejuízos efetivamente sofridos, evita-se o desequilíbrio econômico gerado
pelo descumprimento da obrigação e protege-se a dignidade daquele que teve o seu patrimônio lesado
por um ato ilícito” .
Comungamos do entendimento segundo o qual é cabível a condenação da Requerida em
perdas e danos na forma dos arts. 389 e 404 do CC, a qual deverá arcar com os gastos que a parte autora
adquiriu ao instituir sua representação por meio de advogado.
Posto isto, uma vez retirados 30% (trinta por cento) do patrimônio da parte autora para
pagamento dos honorários do advogado, o qual atuou em sua defesa contra ato ilícito praticado pela Ré,
requer seja condenada na restituição integral do montante gasto para solucionar o caso.
DOS PEDIDOS
Seja a presente demanda julgada procedente todos os pedidos autorais para, ao final:
(Assinatura Digital)
Kelly Tatiane Gonçalves dos Santos
OAB/MS 12.987
_____________________________________