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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA VARA DO

JUIZADO ESPECIAL ADJUNTO DA COMARCA DE ÁGUA CLARA/MS.

GLEICE MARA DE SOUZA SANTOS, brasileira, casada, manicure, portadora do


RG n° 001010021 SSP/MS, inscrita no CPF sob nº 005.180.961-30, residente e domiciliada na Rua
Osvaldo Munhoz, Quadra. 73, Lote 02, Jd. Morumbi, Água Clara/MS, CEP 79.680-000, Água Clara/MS,
por intermédio de sua procuradora infra-assinada, vem, respeitosamente a presença de V. Exa. propor
AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C OBRIGAÇÃO
DE FAZER PARA A EXCLUSÃO DE NEGATIVAÇÃO DO NOME C/C INDENIZAÇÃO POR
DANOS MORAIS, COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA EM CARÁTER LIMINAR , com
fulcro nos arts. 186, 404, e 927, do Código Civil Brasileiro, 300 do CPC,  Lei nº 8.078/90, e demais
previsões legais,  em face de:
em face de ENERGISA - EMPRESA ENERGÉTICA DE MATO GROSSO DO
SUL S.A – ENERSUL, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ/MF 15.413.826/0001-50,
estabelecida na Avenida Gury Marques, n° 8000, Campo Grande – MS, CEP 79.072-900, pelas razões de
fato e direito a seguir expostas:

PRELIMINARMENTE

1)DO DIREITO AOS BENEFÍCIOS DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA


Preliminarmente, o(a) autor(a) requer que sejam deferidos os benefícios da justiça
gratuita, nos moldes do arts. 4º e 12, da Lei 1.060/50, tendo em vista que é pobre na acepção legal, não
tendo condições de pagar as custas e despesas do processo e os honorários de advogado, sem prejuízo do
sustento próprio, conforme declaração de hipossuficiência em anexo.

2) DA TUTELA DE URGÊNCIA E INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA


Data vênia, requer ao douto juízo o DEFERIMENTO DA MEDIDA LIMINAR, pois
se acham induvidosamente demostrados o fumus boni iuris e o periculum in mora a seguir narrados, com
amporo no art. 300 e seguintes do CPC, bem como a declaração inicial de INVERSÃO DO ÔNUS DA
PROVA, a teor do dispositivo no art. 6º do Código de Defesa do Consumidor, considerando a
“exposição” do(a) demandante às práticas contrárias ao CDC, e por ser visivelmente vulnerável o(a)
consumidor(a) nas relações consumeristas, devendo, portanto, a demandada ter a incumbência de produzir
provas contrárias às alegações iniciais do(a) autor(a).

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3) DOS FATOS
No dia 03/07/2018, o(a) autor(a) foi até à loja GAZIN de Água Clara para efetuar uma
compra, mas, no momento em que precisou se utilizar do crediário para parcelamento, foi informado(a)
pelo atendente de que, por meio de uma consulta ao serviço de proteção ao crédito, seu nome constava no
cadastro de inadimplentes, inviabilizando a aquisição almejada.
Surpreso(a) com a notícia e convicto(a) de não possuir qualquer dívida que justificasse
tal restrição de crédito, o(a) autor(a) procurou dirigir-se até um estabelecimento, objetivando retirar um
extrato da consulta de seu CPF, no qual pudesse identificar a indicação de seu nome no SPC/SERASA,
valor do eventual débito, bem como o suposto credor, uma vez que a Gazin manifestou não poder realizar
este tipo de procedimento, e o(a) autor(a) desconhecia pendências financeiras impagas.
Então, quando conseguiu obter o referido documento detalhado, verificou na consulta
que se tratava de dívida no importe de R$ 175,08 (cento e setenta e cinco reais e oito centavos),
referente à fatura vencida em 19/01/2018, inserida pela concessionária ENERGISA MATO GROSSO
DO SUL, em 22/03/2018, ficando sem entender o porquê de seu nome ter sido negativado
posteriormente ao pagamento e, mais, permanecer até os dias atuais, haja vista que este apontamento
inserido refere-se a uma dívida já quitada integralmente em 12/02/2018, segundo prova o recibo anexo.
Há de se frisar a condição do(a) requerente de pessoa simples e hipossuficiente na
relação de consumo, o(a) qual agiu de boa-fé e na confiança em sua obrigação de pagar o débito, fato este
incontroverso nos autos, ao contrário da requerida, a qual não demonstra compromisso e preocupação
com seus clientes, por manchar, irresponsavelmente, a ficha cadastral de que tanto dependem, até mesmo
para suas necessidades mais básilares, manutenção e sobrevivência.
Isso poder ser atestado pela simples consulta ao site da requerida, que insiste em manter
em seu sistema a referida pendência inexistente em nome da parte autora, que, ao contrário disso, se
encontra totalmente quite com os débitos junto à empresa, nos termos do histórico de pagamentos.
Diante do transtorno, o(a) requerente tentou contatos com a empresa, os quais restaram
sem sucesso, destacando que não é a primeira vez que passa por esse tipo de situação constrangerdora
com esta requerida.
Ocorre que, não obstante o(a) autor(a) ter já efetuado o pagamento há cerca de 5
meses e procurado a ré administrativamente para promover à regularização de seu nome
negativado indevidamente, após a quitação, a mesma se mantém inerte em suas obrigações de baixa da
restrição.
A empresa ré ignora e não providencia a retirada do nome do(a) autor(a) do cadastro do
SERASA/SPC, permanecendo negligente em tempo delongado, fazendo-o passar por situação vexatória,
justo sem motivo.
O atualizado extrato cadastral demonstra o nome sujo do(a) autor(a), ao passo que o
comprovante de pagamento da dívida retrata a má conduta e desrespeito perpetrados pela ré, no que tange
à conduta, prazos e procedimentos administrativos e legais.

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Assim, em sede de liminar, requer seja procedida a retirada imediata do nome do(a)
autor(a) dos Serviços de Proteção ao Crédito – SPC, SERASA e congêneres, mediante convênio e acesso
ao sistema SERASAJUD e Ofícios ou compelindo a empresa a assim o fazer, bem como seja declarada a
inexistência da dívida paga, com a condenação da requerida em danos morais e materiais.

4) DO DIREITO
DA URGÊNCIA E DA NECESSIDADE DE CONCESSÃO DO EFEITO SUSPENSIVO ANTE À
PRESENÇA DO FUMUS BONI IURIS E DO PERICULUM IN MORA.
O presente caso tem perfeitamente configurado todos os requisitos para que seja
concedida a antecipação da tutela, haja vista, o caso em observação trata-se relação consumeirista, com a
ocorrência cristalina de arbitrariedade cometida pela ré na inserção/manutenção da condição de
inadimplente do(a) autor(a) junto aos órgão de proteção ao crédito, quando o débito já foi pago há quase
05 meses.
A FUMAÇA DO BOM DIREITO demonstra-se por meio da documentação acostadas
aos presentes autos, posto que se comprovou o pagamento da dívida correspondente ao valor negativado
em 12/02/2018. (DOC ANEXO); e por conseguinte não ocorreu a baixa da negativação 05(cinco) dias
úteis subsequentes, o que pode ser comprovado e verificado na documentação inicialmente descrita e
anexada.
No caso em estudo, a fumaça do bom direito não está consubstanciada exclusivamente
na pronta compreensão de sua certeza jurídica, mas sim, vinculado fundamentalmente à plausividade de
sua arguição e da inutilidade de sua concretização tardia.
Os perigos da manutenção do bom nome do(a) autor(a), nos órgãos de proteção ao
crédito, podem levar, sem dúvidas, inclusive, a uma situação irreparável – perda da possibilidade de
financiar bem ou adquirir crédito. RESTANDO ASSIM, PATENTE O PERICULUM IN MORA.
O PERIGO DA DEMORA caracteriza-se pela atual impossibilidade do(a) Requerente
tomar crédito em instituições financeiras, financiar bens ou serviços e ainda ter que diariamente saber e
lembrar que o seu bom nome está incluso indevidamente no rol dos maus pagadores.  
Verifica-se, MM. Juiz (a), que a situação da parte Autora atende perfeitamente a todos
os requisitos esperados para a concessão da medida antecipatória, pelo que, se busca, antes da decisão do
mérito em si, a ordem judicial para que: (a): que em caso de existência de convênio, este douto juízo
determine a imediata exclusão do nome do(a) autor(a), via sistema, do banco dos devedores
(SPC/SERASA) ou via ofícios, (b): na impossibilidade da medida, seja a Ré compelida a retirar o nome
do consumidor dos órgãos de proteção ao crédito, sob pena de multa diária, bem como, abstenha-se de
inseri-lo novamente sem justa causa, (c): que ocorra a declaração de quitação do débito no importe de R$
175,08 (cento e setenta e cinco reais e oito centavos), Fatura relativa ao mês de janeiro/2018 (DOC
ANEXO), que deu ensejo a presente demanda, pois se comprovou o pagamento integral do mesmo.

DA COMPETÊNCIA TERRITORIAL

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Compete ao esse foro de Água Clara, processar e julgar a presente lide.
Por ser uma relação de consumo, incide o art. 101, I, do Código de Defesa do
Consumidor: “Na ação de responsabilidade civil do fornecedor de produtos e serviços, sem prejuízo do
disposto nos Capítulos I e II deste Título, serão observadas as seguintes normas: “a ação pode ser
proposta no domicílio do autor;”
Diante desse dispositivo, e conforme o comprovante de residência em anexo a essa
petição inicial, que comprova a residência do(a) autor(a) em Água Clara, requer-se que essa ação seja
processada e julgada nessa Comarca.

DA APLICABILIDADE DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR


Diz o art. 2º do CDC que: “Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou
utiliza o produto ou serviço como destinatário final.
Já o art. 3º, caput do CDC dispõe:

Art. 3º: “Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira,
bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades de produção, montagem,
criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de
produtos ou prestação de serviços.

In casu, evidenciada está relação de consumo, sendo perfeitamente pertinente a


aplicação das regras do Código de Defesa do Consumidor no pleito, uma vez que as partes se enquadram
no conceitos de consumidor e fornecedor, na forma dos arts. 2º e 3º do desse diploma legal.

DO DEVER DE INDENIZAR
A obrigatoriedade de reparar qualquer evento que provoque dano está consagrada no
texto constitucional, que é claro em seu artigo 5º, V, ao garantir o direito de resposta proporcional ao
agravo, além de indenização por danos materiaise morais e à imagem, reforçada a prescrição no inciso X,
que outorga à inviolabilidade a vida privada, a honra, a imagem das pessoas, igualmente assegurando o
direito de indenização por dano moral e material, decorrente de sua violação.
Ainda, de acordo com o disposto no artigo 186 do atual Código Civil, “aquele que, por
omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem,ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito”, no mesmo sentido as disposições dos artigos 187, 188 e 385 do
Código Civil Brasileiro tornam inquestionável o direito à reparação de danos patrimoniais e morais.
O Código de Defesa do Consumidor prevê também o dever de reparação, pois que ao
anunciar os direitos do consumidor em seu art. 6º, VI, trata entre outros, o direito à efetiva PREVENÇÃO
E REPARAÇÃO DE DANOS PATRIMONIAIS E MORAIS, assegurando a proteção jurídica,
administrativa e técnica dos necessitados (incisoVII).

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A reparação que obriga o ofensor a pagar, e permite ao ofendido receber, é princípio de
justiça, com feição, punição e recompensa, dentro do princípio jurídico universal que adote que ninguém
deve lesar ninguém. Desta maneira:

"Todo e qualquer dano causado à alguém ou ao seu patrimônio, deve ser indenizado, de tal
obrigação não se excluindo o mais importante deles, que é o DANO MORAL, que deve
automaticamente ser levado em conta." (V.R. Limongi França,Jurisprudência da Responsabilidade
Civil, Ed. RT, 1988).

Sob o tema responsabilidade por dano moral, a doutrina como os nossos tribunais,
elaboraram vigorosas construções, seguindo as balizas pontuadas pelo Colendo STJ, permitindo,
facilmente, à rápida identificação dos elementos configuradores do direito à indenização decorrente de ato
ilícito, como sustentou o Desembargador do TJRR Cristóvão Suter, na AC 173/2002, que:

"demonstrado o fato, a culpa do agente e o nexo de causalidade entre ambos, emerge de forma
absoluta o dever de indenizar" (DPJ 2504). E mais: "pela ocorrência do fato, presume-se o dano
moral – dano e nexo causal" (TJRR, AC 277/01, Rel. Des. Almiro Padilha, DPJ
2460)

Igualmente tem pontuado nossa jurisprudência, que o dano moral puro é indenizável,
independe de demonstração efetiva do prejuízo, sendo presumido. Veja-se:
"Os danos morais, em razão de sua natureza subjetiva, são presumidos, independendo de prova
nos autos" (TJRR, AC 190/02, Rel. Des. Cristóvão Suter, DPJ 2509)
E, ainda:
"Admite-se o pedido genérico em sede de dano moral, sendo desnecessária a indicação do valor
indenizatório na inicial, eis que o arbitramento do quantum debeatur fica a critério do juiz,
observado o princípio da razoabilidade" (TJRR, AC 149/01, Rel. Des. Robério Nunes, DPJ 2418).

Não pairam dúvidas da culpa da ré ante a inércia na obrigação de fazer da requerida


na retirada, em prazo razoável de 05 (cinco) dias úteis, conforme orientação do STJ, da negativação
do nome quando do pagamento da dívida, culminando na rejeição posterior de crédito por
terceiros:

“INSCRIÇÃO DO NOME DO DEVEDOR EM CADASTRO DE INADIMPLENTES.


RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. QUITAÇÃO DA
DÍVIDA. SOLICITAÇÃO DE RETIFICAÇÃO DO REGISTRO ARQUIVADO EM
BANCO DE DADOS DE ÓRGÃO DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. INCUMBÊNCIA DO
CREDOR. PRAZO. À MÍNGUA DE DISCIPLINA LEGAL, SERÁ SEMPRE RAZOÁVEL
SE EFETUADO NO PRAZO DE 5 (CINCO) DIAS ÚTEIS, A CONTAR DO DIA ÚTIL
SUBSEQUENTE À QUITAÇÃO DO DÉBITO. 1. Para fins do art. 543-C do Código de
Processo Civil: "Diante das regras previstas no Código de Defesa do Consumidor, mesmo
havendo regular inscrição do nome do devedor em cadastro de órgão de proteção ao crédito, após
o integral pagamento da dívida, incumbe ao  credor requerer a exclusão do registro desabonador,

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no prazo de 5 (cinco) dias úteis, a contar do primeiro dia útil  subsequente à completa
disponibilização do numerário necessário à quitação do débito  vencido". 2. Recurso especial não
provido. (REsp 1424792/BA, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, SEGUNDA SEÇÃO,
julgado em 10/09/2014, DJe 24/09/2014). (Grifei)

O ato antijurídico reside justamente na falha da observação da cautela e


descumprimento das disposições legais, o que causou à(o) peticionante transtornos que desbordam o
mero dissabor, com potencial de repetição, caso assim se prolongue o problema do registro no
SPC/SERASA, carcterizando neste particular o nexo de causalidade entre a conduta e o agravo.
A ação de manter o registro negativo do CPF do(a) autor(a) por meses,
DESTACANDO-SE AQUI SER O ÚNICO APONTAMENTO NEGATIVO EM NOME DO(A)
AUTOR(A), evidencia o dano moral, consistente no abalo de crédito junto ao comércio, presumindo-se
que passou por MAU PAGADOR, além de restar claro o nexo de causalidade entre esse dano e o
comportamento da requerida.
Em processo análogo, tramitando neste Tribunal de Justiça sob o nº 0817873-
79.2014.8.12.0001, o juiz titular da 15ª Vara Cível de Campo Grande, Flavio Saad Peron, assim decidiu:

“agiu com negligência a ré ao deixar de promover, em tempo razoável, a pronta baixa na


restrição cadastral do autor. Com efeito, a jurisprudência tem admitido como razoável o prazo de
cinco dias para a exclusão em rol de inadimplentes ”.

Assim, explicou o juiz que “ainda que se considere que a inclusão do nome do autor no referido
cadastro não foi injusta, em razão da inadimplência existente na ocasião, restou
inequivocadamente demonstrada a omissão da ré em providenciar, em prazo razoável, a exclusão
do nome do autor do SPC, após a efetiva quitação do débito”.

E, como o autor comprovou que mesmo decorridos meses da quitação da dívida seu nome ainda
continuava no rol de inadimplentes, acrescentou o juiz que restou provada a culpa da ré, por
negligência, ao não adotar as medidas para a imediata exclusão do nome do autor dos órgãos de
proteção ao crédito”. (Grifei)

A jurisprudência é remansosa:

Ementa: AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C.C.


INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL - Manutenção indevida do nome do
autor nos cadastros de proteção ao crédito  após quitação da dívida
– Demora na exclusão do registro desabonador em nome do devedor –
Incumbência do credor – Julgamento dos recursos repetitivos pelo STJ – REsp
1424792/BA - Desnecessária prova do prejuízo em concreto – Dano moral
caracterizado – Indenização arbitrada - Sentença reformada em parte – Recurso
provido. (TJ-SP - Apelação APL 00240128420138260564 SP 0024012-
84.2013.8.26.0564, Relator Irineu Fava, Data de Julgamento: 30 de Novembro de
2015 17ª Câmara de Direito Privado Data de publicação: 01/12/2015

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No caso de restrição indevida de crédito, o dano moral dispensa prova em juízo, sendo
este o entendimento pacificado no STJ e seguido pelos tribunais pátrios, a exemplo do Tribunal de
Justiça do Mato grosso do Sul, senão vejamos:

"E M E N T A - APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE


DÍVIDA C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - INSCRIÇÃO INDEVIDA DO
NOME DO AUTOR NOS ÓRGÃOS DE RESTRIÇÃO AO CRÉDITO - DÍVIDA QUITADA
- DANO MORAL CONFIGURADO - INDENIZAÇÃO DEVIDA - QUANTUM
INDENIZATÓRIO - VALOR FIXADO RAZOÁVEL - RECURSO NÃO PROVIDO. A
indevida inscrição de nome nos cadastros de proteção ao crédito por dívida já quitada configura
ato ilícito a ensejar o direito à indenização pelos danos morais, os quais dispensam de provas em
juízo (dano in re ipsa). O dano moral deve ser fixado de maneira equitativa e em conformidade
com as circunstâncias do caso, não podendo ser irrisório, de maneira que nada represente para o
ofensor, nem exorbitante, de modo a provocar o enriquecimento sem causa por parte da
vítima. (Relator (a): Des. Fernando Mauro Moreira Marinho;Comarca: Campo Grande; Órgão
julgador: 3ª Câmara Cível; Data do julgamento: 15/07/2014)"

O dano moral, em tais casos, é presumível, não podendo ser confundido com mero
aborrecimento insuscetível de reparação.
Desta forma, tem-se que o constragimento é inescusável, posto que a conduta perpetrada
permite que se conclua o prejuízo causado à parte que obteve seu crédito colocado em xeque. E deve-
se observar que a indenização por dano moral, além de servir de lenitivo à ofensa causada, deve, também,
servir de instrumento punitivo, e coibir a reiteração de tal conduta (caráter pedagógico da medida).

DO QUANTUM INDENIZATÓRIO
Quanto ao valor da indenização, destaca-se que, a finalidade da reparação do dano
moral é oferecer compensação ao lesado, atenuando seu sofrimento, e, quanto ao causador do dano, tem
caráter sancionatório, para que não mais pratique o ato tido por lesivo, não se podendo olvidar que "a
indenização deve ser fixada de modo a dar uma compensação ao lesado pela dor por ele sofrida, porém,
não pode ser de maneira tal que lhe pareça conveniente ou vantajoso o abalo suportado" (Apelação
Cível n. , de Taió, Rel. Des. Mazoni Ferreira).
Segundo Carlos Roberto Gonçalves, em sua admirável obra sobre a responsabilidade
civil,“a condição econômica do ofensor também deve ser levada em consideração, malgrado a impressão
de representar uma pena civil ou punição aos mais ricos.” (Saraiva, edição2.005, p.596).
Levando-se em conta o caráter pedagógico e punitivo da indenização, requer a
condenação da Requerida em danos morais, no valor de R$ 29.000,00 (Vinte e nove mil reais).

DAS PERDAS E DANOS


A parte autora objetiva a condenação da reclamada na indenização prevista no art. 404
do Código Civil para suprir despesas que contraiu ao contratar o serviço do advogado que atuou no
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presente feito, uma vez que terá que arcar com o pagamento de 30% (trinta por cento) das vantagens
auferidas para custear seus serviços.
Em recente entendimento firmado pela 3ª Turma do Superior Tribunal de Justiça, no
julgamento do REsp 1.134.725 - MG, julgado em 14 de junho de 2011, restou clarividente o dever de
reparação daquele que deu causa à demanda:

"CIVIL E PROCESSUAL CIVIL.VALORES DESPENDIDOS A TÍTULO DE HONORÁRIOS


ADVOCATÍCIOS CONTRATUAIS. PERDAS E DANOS. PRINCÍPIO DA RESTITUIÇÃO
INTEGRAL. 1. Aquele que deu causa ao processo deve restituir os valores despendidos pela outra
parte com os honorários contratuais, que integram o valor devido a título de perdas e danos, nos
termos dos arts. 389, 395 e 404 do CC/02. 2. Recurso especial a que se nega provimento."

Foi isso o que proclamou o Superior Tribunal de Justiça (STJ) ao interpretar os artigos 389, 395 e
404 do Código Civil em recentes julgamentos da relatoria da Ministra Nancy Andrighi, inclusive
também citados na decisão de primeira instância. (vide Resp 1.134.725/MG, Rel. Ministra
NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 14/06/2011, DJe 24/06/2011)

Nas sábias palavras da Ministra Nancy Andrighi: “se entrelaça com os princípios da
equidade, da justiça e, consequentemente, com o princípio da dignidade da pessoa humana, tendo em
vista que, minimizando-se os prejuízos efetivamente sofridos, evita-se o desequilíbrio econômico gerado
pelo descumprimento da obrigação e protege-se a dignidade daquele que teve o seu patrimônio lesado
por um ato ilícito” .
Comungamos do entendimento segundo o qual é cabível a condenação da Requerida em
perdas e danos na forma dos arts. 389 e 404 do CC, a qual deverá arcar com os gastos que a parte autora
adquiriu ao instituir sua representação por meio de advogado.
Posto isto, uma vez retirados 30% (trinta por cento) do patrimônio da parte autora para
pagamento dos honorários do advogado, o qual atuou em sua defesa contra ato ilícito praticado pela Ré,
requer seja condenada na restituição integral do montante gasto para solucionar o caso.

DOS PEDIDOS

Por todo o exposto, o(a) autor(a) requer a V. Exa.:


a) a concessão da medida antecipatória, pelo que, se busca, antes da decisão do
mérito em si, a ordem judicial para que: (a): que em caso de existência de
convênio, este douto juízo determine a imediata exclusão do nome do(a)
autor(a), via sistema, do banco dos devedores (SPC/SERASA) ou via ofícios,
(b): na impossibilidade da medida, seja a Ré compelida a retirar o nome do
consumidor dos órgãos de proteção ao crédito, sob pena de multa diária, bem
como, abstenha-se de inseri-lo novamente sem justa causa, (c): que ocorra a
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declaração de quitação do débito no importe de R$ 175,08 (cento e setenta e
cinco reais e oito centavos), Fatura relativa ao mês de janeiro/2018, que deu
ensejo a presente demanda, pois se comprovou o pagamento do mesmo;
b) que essa ação seja processada e julgada nessa Comarca;
c) A citação da ré, na pessoa de seu representante legal, para que, querendo,
responda à presente demanda na forma e prazos legais, sob pena de se aplicar os
efeitos da confissão e revelia;
d) A inversão do ônus da prova, em favor do(a) autor(a), diante da verossimilhança
de suas alegações, a teor do artigo 6°, inciso VIII, do CDC.

Seja a presente demanda julgada procedente todos os pedidos autorais para, ao final:

e) CONFIRMAR a decisão de mérito quanto à inexistência de débito e


improcedência de manutenção de negativação do nome do(a) autor(a) nos
cadastros de inadimplentes;
f) CONDENAR a ré em dano moral, no valor de R$ 29.000,00 (Vinte e nove mil
reais), acrescidos de juros e correção monetária;
g) CONDENAR a ré em danos materiais pela contratação de advogado, no valor de
30% (trinta por cento) da condenação, acrescidos de juros e correção monetária;
h) CONDENAR a ré em honorários sucumbenciais e custas processuais.
i) Justiça gratuita, nos termos da Lei 1.060/50, por não poder arcar com os gastos
da demanda, sem prejuízo de seu sustento e de sua família.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova, em direito admitidos.

Dá-se à causa o valor de R$ 37.700,00 (trinta e sete mil e setecentos reais).

Termos em que, cumpridas as necessárias formalidades legais, pede-se e espera-se o


acolhimento, como medida de inteira JUSTIÇA.

Água Clara/MS, 10 de julho de 2018.

(Assinatura Digital)
Kelly Tatiane Gonçalves dos Santos
OAB/MS 12.987

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