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DIREITO PENAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV

PARTE GERAL inexigibilidade de conduta diversa).

Princípio da Adequação Social: determina a


1.  PRINCIPAIS PRINCÍPIOS DE DIREITO necessidade de atualização da norma penal incriminadora
apenas em face daquelas condutas socialmente
PENAL PARA A PROVA DA OAB reprovadas. OBS.: o princípio da adequação social, de
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acordo com a jurisprudência majoritária, não incide em


Princípio da Intervenção Mínima: a legislação penal relação aos crimes de exploração da prostituição e venda
deve se restringir a fatos graves relativos a bens jurídicos de CDS e DVDs piratas.
importantes, que não possam ser protegidos pelos outros
ramos do Direito. Derivam desse princípio:
2.  APLICAÇÃO DA LEI PENAL
PRINCÍPIO DE PRINCÍPIO DA
SUBSIDIARIEDADE FRAGMENTARIEDADE Lei Penal no Tempo: “considera-se praticado o crime
no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o
O Direito Penal é utilizado A intervenção do Direito momento do resultado” (teoria da atividade). Regra geral,
apenas em caráter subsidiário Penal, além de subsidiária, a lei penal a ser aplicada é aquela referente ao momento
(ultima ratio). Apenas quando deve ser restrita à lesão da prática do crime. São exceções:
os demais ramos do Direito ou o perigo de lesão mais
não conseguirem resolver a graves aos bens jurídicos • Abolitio criminis: nova lei torna atípica uma
contento o conflito gerado selecionados conduta até então considerada proibida. A nova lei
retroage para beneficiar o réu, extinguindo-se sua
Princípio da Legalidade (art. 1º do CP, art. 5º, XXXIX, punibilidade (art. 107, inciso III, do CP).
da CF/88): para alguém ser condenado, o crime cometido • Novatio legis in mellius: a lei posterior beneficia
deve ter previsão e cominação de pena expressa em lei de alguma forma a situação do agente, sendo
escrita, anterior à prática da infração. que a alteração legislativa deve retroagir para
beneficiar o réu.
Princípio da Anterioridade: a lei incriminadora deve
ter sido elaborada e estar em vigência antes da prática
criminosa. Por esse princípio, veda-se que a lei penal Nesses casos, ainda que mais
retroaja para prejudicar o réu (princípio da irretroatividade favoráveis ao réu, essas leis não
da lei penal). O princípio da irretroatividade não se aplica LEI retroagirão. Cessado o tempo
na esfera processual penal, mas sim o princípio da EXCEPCIONAL de vigência da lei temporária ou
imediatidade da lei processual. E LEI excepcional, elas continuarão
TEMPORÁRIA produzindo efeitos, mesmo que
prejudiciais ao réu (ultratividade),
Possuem cominação de pena, mas conforme art. 3º do CP
têm o preceito primário indeterminado,
dependendo de complementação de Crimes continuados e permanentes: a lei penal
outra norma (norma penal em branco mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime
NORMA homogênea), ou ato administrativo (norma permanente, se sua vigência é anterior à cessação da
PENAL EM penal em branco heterogênea), sob pena continuidade ou da permanência (Súmula n. 711 do STF).
BRANCO de ofender o princípio da legalidade
(ex: crimes previstos na Lei de Drogas - Lei Penal no espaço: o CP adotou a teoria da
dependem de complementação em relação territorialidade mitigada: regra geral, deve-se aplicar a
ao conceito de droga (portarias da Agência lei brasileira aos crimes cometidos no território nacional,
Nacional de Vigilância Sanitária). mas é possível a aplicação de norma estrangeira ao crime
praticado no território nacional, quando houver previsão
Princípio da Responsabilidade Pessoal do Agente em convenções, tratados e regras de direito internacional
(art. 5º, XLV, da CF/88): nenhuma pena passará da (art. 5º do CP).
pessoa do condenado, mas a obrigação de reparar o
dano e a decretação do perdimento de bens podem
ser estendidas aos sucessores até o limite do valor do a) embarcações e aeronaves estrangeiras
patrimônio transferido. privadas no território nacional

Princípio da Insignificância ou Bagatela: em que pese TERRITÓRIO b) embarcações e aeronaves brasileiras


NACIONAL no território nacional
a conduta do agente se enquadre no tipo penal, o fato
será materialmente atípico por não afetar o bem jurídico c) embarcações públicas ou a serviço
tutelado de modo relevante para justificar a intervenção do Brasil onde quer que estejam
do Direito Penal.

Princípio da Culpabilidade: para que o sujeito ativo Alto-mar: no crime praticado em alto-mar, deve-se
da infração penal seja responsabilizado, deve ter agido aplicar a legislação do país de matrícula da embarcação
com dolo ou culpa. Se restar provado que o agente não (princípio do pavilhão ou da bandeira).
tinha consciência de seus atos, não poderá ser penalizado.
Extraterritorialidade: o CP prevê situações em
Também não haverá aplicação da pena em que a lei penal brasileira deve ser aplicada a crimes
caso de existência de excludentes de culpabilidade cometidos no estrangeiro. Existem duas espécies de
(inimputabilidade, potencial consciência de ilicitude e extraterritorialidade:
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Extraterritorialidade incondicionada: o agente 3.  TEORIA DO CRIME


é punido pela lei brasileira mesmo que tenha sido
absolvido ou condenado no estrangeiro pela prática de Infração penal é o gênero, do qual crime e
determinados crimes (p. ex.: contra a vida ou a liberdade contravenção penal são espécies, sendo ambas abarcadas
do Presidente da República, dentre outros). pela teoria geral do crime.
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Extraterritorialidade condicionada: o agente pode Teoria finalista tripartida: consideramos esta a


ser punido pela legislação brasileira no caso de certos teoria mais adequada para definir o conceito de crime. De
crimes e preenchidos alguns requisitos, conforme segue: acordo com ela, existem três elementos principias para a
caracterização do delito:
a) que, por tratado ou convenção,
o Brasil se obrigou a reprimir, FATO TÍPICO ILICITUDE CULPABILIDADE
b) praticados por brasileiro ou
c) praticados em aeronaves ou
CRIMES
embarcações brasileiras, mercantes
ou de propriedade privada, quando
4.  FATO TÍPICO
em território estrangeiro e aí não
O fato típico é composto por conduta, dolo ou culpa,
sejam julgados
resultado e relação de causalidade (nexo causal).
a) entrar o agente no território
Conduta: todo ato humano voluntário, omissivo
nacional; b) ser o fato punível também
ou comissivo, que produziu resultado penalmente
no país em que foi praticado; c) estar
relevante. Assim, se a conduta não tiver sido praticada
o crime incluído entre aqueles pelos
em decorrência da vontade do agente, não haverá crime.
quais a lei brasileira autoriza a
extradição; d) não ter sido o agente Conduta comissiva: o crime é praticado em razão de
REQUISITOS
absolvido no estrangeiro ou não ter um agir.
aí cumprido a pena; e) não ter sido o
agente perdoado no estrangeiro ou, Conduta omissiva: o crime é praticado porque o
por outro motivo, não estar extinta agente deixou de praticar uma conduta, conforme a lei
a punibilidade, segundo a lei mais penal exigia, sendo divido em crime omissivo próprio e
favorável (§ 2º do art. 7º do CP). crime omissivo impróprio (ou comissivo por omissão).

Extraterritorialidade hipercondicionada: o § 3º do Crime doloso: aquele que foi praticado com a intenção
art. 7º do CP permite a aplicação da lei penal brasileira ao livre e consciente do agente, ou seja, com a intenção de
crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do praticar a conduta tipificada. O dolo pode ser: a) direto, b)
Brasil, se, reunidas as condições do § 2º do art. 7º CP, acima indireto (dividido em alternativo e eventual), c) genérico
destacadas, e desde que: a) não seja pedida ou seja negada ou d) específico (intenção adicional).
a extradição; b) haja requisição do Ministro da Justiça.
Crime culposo: deriva de conduta voluntária que
Pena cumprida no estrangeiro: para evitar o bis in idem, gera um delito não querido pelo agente, mas que era
o art. 8º do CP dispõe que a pena cumprida no estrangeiro previsto (culpa consciente) ou ao menos previsível (culpa
atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando inconsciente). Decorre da inobservância de um dever
diversas, ou nela é computada, quando idênticas. de cuidado por imprudência, negligência e imperícia do
agente. A culpa ainda pode ser classificada como própria
Lugar do crime: o Código Penal adotou a teoria da ou imprópria.
ubiquidade, considerando-se o crime praticado no lugar
em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, Crime preterdoloso (crime híbrido): praticado com
bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o dolo, mas que, posteriormente, há uma conduta culposa
resultado (art. 8º do CP). do agente que agrava o resultado (resultado agravador
culposo). Não há tentativa no crime preterdoloso, pois o
Conflito aparente de normas penais: ocorre quando resultado mais gravoso é cometido de forma culposa.
é possível a aplicação de duas ou mais normas a um
mesmo fato. O conflito é meramente aparente e pode ser Resultado: pode ser classificado em jurídico (própria
resolvido pela aplicação dos seguintes princípios: ofensa à norma penal) ou naturalístico (alteração do
mundo exterior). Com base no resultado naturalístico,
Princípio da especialidade: a norma especial prevalece é possível a existência de 3 tipos de crime: a) crime
sobre a norma geral, considerando-se especial aquela que, material (depende do resultado naturalístico), b) crime
além de englobar os elementos da norma geral, possui formal (a consumação do crime independe da obtenção
elementos específicos, considerados “especializantes”. do resultado), e c) crime de mera conduta (consuma-
se pela simples prática da conduta ilícita, não havendo
Princípio da subsidiariedade: a incidência do tipo resultado naturalístico possível).
penal mais grave afasta a do tipo penal menos grave, que
só é aplicado de forma subsidiária, funcionando como um Nexo causal: ligação de causa e efeito entre a conduta
“soldado de reserva”. e o resultado. O CP adotou, como regra geral, a teoria da
equivalência dos antecedentes causais (conditio sine qua
Princípio da Consunção: haverá a absorção do crime non), analisada em conjunto com dolo e a culpa (causalidade
meio pela prática do crime fim (ex.: o crime de lesão psíquica), a fim de se evitar o regressus ad infinitum.
corporal é absorvido pelo crime de homicídio doloso).
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Teoria da imputação objetiva: o agente apenas será sendo considerada elemento essencial para a caraterização
responsabilizado pela prática de um crime se ele criou ou do crime. Algumas condutas, apesar de serem típicas, não
incrementou um risco proibido ao bem penalmente tutelado. caracterizam crime, porque acobertadas por excludentes
de antijuridicidade ou de ilicitude: a) estado de necessidade,
Concausas: são causas paralelas à conduta do b) legítima defesa, c) estrito cumprimento de dever legal
agente, que concorrem para a produção do resultado. ou d) exercício regular de direito (art. 23 do CP).
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Podem ser dependentes ou independentes.


Estado de necessidade: situação de perigo atual
Concausas dependentes: encontram-se no desdobramento de determinado bem, cuja preservação depende do
normal e previsível da conduta, sendo esperadas. sacrifício inevitável de outro bem (colisão de bens
protegidos) de igual valor ou de valor inferior (teoria
Concausas independentes: são aquelas não desejadas unitária). Requisitos: a) perigo atual, b) situação de
e imprevisíveis que acabam produzindo um resultado perigo não causada voluntariamente pelo agente, c)
penalmente relevante. Podem ser relativamente ou ação deve ocorrer para salvar direito próprio ou alheio,
absolutamente independentes e, em ambos os casos, d) inexistência do dever legal de enfrentar o perigo, e)
ainda podem ser classificadas como preexistentes, inevitabilidade do comportamento lesivo.
concomitantes ou supervenientes.
Estado de necessidade putativo: o agente imagina
Tipicidade: é o enquadramento do fato concreto uma situação de perigo que caracterizaria o estado de
ao tipo penal, que representa a descrição do crime em necessidade, mas ele de fato não acontece. Se o erro
abstrato (tipicidade legal). O tipo penal é composto pelo for escusável exclui-se o dolo/culpa, se inescusável,
núcleo do tipo (verbo), bem como por elementares e responde pelo crime culposo se houver previsão.
circunstâncias, objetivas (que se comunicam aos demais
coautores ou partícipes do crime que delas sabiam) Legítima defesa: entende-se em legítima defesa
ou subjetivas (que não se comunicam, salvo quando quem, usando moderadamente dos meios necessários,
elementares do crime). repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu
ou de outrem. Requisito: a) agressão injusta; b) atualidade
Erro de tipo: o agente tem uma percepção equivocada da ou iminência da agressão; c) direito próprio ou alheio; d)
realidade em relação a algum elemento constitutivo do tipo uso dos meios necessários; e) uso moderado.
legal, sendo excluído o dolo, mas sendo possível a punição por
crime culposo, se previsto em lei. O erro de tipo é dividido em Pacote Anticrime (Lei n. 13.964/19): inseriu o
“erro de tipo essencial” e “erro de tipo acidental”. parágrafo único no art. 15 do CP, dispondo oque “o agente
de segurança pública que repele agressão ou risco de
Erro sobre o objeto (error in re): existe uma falsa agressão a vítima mantida refém durante a prática de
percepção sobre o objeto do crime, já que o agente crimes.” O novo parágrafo único apenas deixou expressa
pretende atingir determinada coisa, mas atinge coisa uma hipótese que já era considerada legítima defesa.
diversa, respondendo pelo crime como se tivesse atingido
a coisa realmente desejada. Legítima defesa putativa: o agente se defende de
uma agressão acreditando que está em legítima defesa,
Erro sobre a pessoa (error in persona): existe uma mas sua percepção é falsa. Se o erro for escusável, exclui-
falsa percepção sobre a vítima do crime, sendo atingida se o dolo/culpa, se inescusável, o agente será condenado
terceira pessoa diversa daquela realmente pretendida. O por crime culposo, se houver previsão.
agente responde pelo crime como se tivesse matado a
pessoa desejada. Legítima defesa sucessiva: ocorre quando o próprio
agressor se defende do excesso praticado em legítima defesa.
Erro na execução (aberratio ictus): o agente, por Havendo excesso, permite-se a legítima defesa sucessiva.
acidente ou erro no uso dos meios de execução, ao invés
de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa Legítima defesa subjetiva: o agente comete um
diversa, respondendo como se tivesse praticado o crime excesso na sua reação, por meio de um erro escusável
contra a pessoa desejada. Atingida a pessoa desejada e (“excesso acidental”).
pessoa diversa (resultado duplo), aplica-se a regra do
concurso formal próprio. Legítima defesa preordenada: para a FGV, os
ofendículos caracterizam legítima defesa preordenada.
Resultado diverso do pretendido (aberratio criminis): Ofendículos são obstáculos ou instrumentos utilizados
o agente desejava cometer um crime, mas por erro na proposital e moderadamente para a proteção de bens
execução, acaba por cometer outro. Se o crime cometido em jurídicos, geralmente patrimoniais (ex.: cerca elétrica,
erro de execução não possuir a modalidade culposa, o agente cacos de vidro, etc.).
responderá por tentativa do crime que queria praticar.
Estrito cumprimento do dever legal: excludente de
Erro no nexo causal (aberratio causae): o agente antijuridicidade em que o agente pratica fato típico em
acredita ter cometido um crime de um modo, quando na razão do exercício de uma obrigação imposta pela lei. O
verdade foi outro o meio por ele empregado que causou agente, além de cumprir o seu dever legal, deverá agir
o delito. A aberratio causae não possui muita relevância com proporcionalidade/razoabilidade.
prática, devendo o agente responder pelo seu dolo genérico.
Exercício regular do direito: quem exerce
regularmente um direito não pode ser punido pela prática
5.  ILICITUDE (ANTIJURIDICIDADE) de infração penal (ex.: lesões ocorridas dentro da prática
regular desportiva, intervenções cirúrgicas autorizadas
É a ofensa da conduta típica ao ordenamento jurídico, pelos pacientes, etc.). Tais condutas devem ser utilizadas
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com moderação e nos termos autorizados pela legislação. diferente daquela que ele tomou, ele não poderá ser
censurado pelo que fez, excluindo-se sua culpabilidade.
Há duas hipóteses:
6.  CULPABILIDADE
Coação moral irresistível: o coagido realiza conduta
A culpabilidade está relacionada à reprovabilidade da delituosa em razão de pressão psicológica irresistível
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conduta do agente, ou seja, a existência de circunstâncias feita pelo coator.


capazes de influenciar a liberdade do agente entre
adotar uma conduta lícita ou ilícita. A culpabilidade é Coação física irresistível: a coação moral irresistível
formada pelos seguintes elementos: a) imputabilidade, exclui a culpabilidade, enquanto a coação física irresistível
b) potencial consciência da ilicitude e c) exigibilidade de exclui o fato típico.
conduta diversa.
Obediência hierárquica: o agente realiza a conduta
Imputabilidade: como regra geral, é verificada de delituosa em cumprimento a uma ordem de um
acordo com o critério biopsicológico: aspecto biológico superior hierárquico. São exigidos dois requisitos: a)
(doença mental ou desenvolvimento mental incompleto) relação de hierarquia pública, e b) ordem não pode ser
e aspecto psicológico (capacidade de entendimento ou de manifestamente ilegal.
autodeterminação do agente no momento da conduta).
O agente pode ser considerado inimputável ou semi-
imputável. 7.  CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES
QUANTO AO RESULTADO
INIMPUTÁVEL SEMI-IMPUTÁVEL
Crime material: aquele que exige resultado
Inteiramente incapaz de Não era inteiramente naturalístico (ex.: homicídio).
entender o caráter ilícito incapaz de entender o
do fato caráter ilícito do fato Crime formal: o resultado material é previsto, mas
não é exigido para a consumação do crime (ex.: extorsão,
Sujeito à medida de Redução da pena de um a conforme Súmula n. 96 do STJ).
segurança dois terços, podendo ser
substituída por medida Crime de mera conduta ou de simples atividade: o
de segurança nos casos tipo penal não faz nenhuma referência a um resultado
do art. 98 do CP. naturalístico (ex.: crime de porte ilegal de armas).

OBS.: o CP adotou o critério biológico em relação ao QUANTO À INTENÇÃO DO AGENTE


menor de 18 anos (a inimputabilidade é presumida de
forma absoluta, independentemente do entendimento do Crime de dano: aquele em que há efetiva “destruição”
agente sobre a ilicitude do fato). do bem protegido (ex.: homicídio e lesão corporal).

Embriaguez: a embriaguez, voluntária ou culposa, Crime de perigo: exige apenas a probabilidade de


pelo álcool ou substância de efeitos análogos não exclui dano. É subdividido em: a) crime de perigo concreto
a culpabilidade (teoria da actio libera in causa). No caso (ex.: homicídio) e b) crime de perigo abstrato (perigo
embriaguez completa, proveniente de caso fortuito presumido pela lei, como por ex.: tráfico ilícito de drogas).
ou força maior, dependendo do grau de consciência do
QUANTO AO MOMENTO DA CONSUMAÇÃO
agente, pode haver a exclusão da culpabilidade.
Crime instantâneo: a consumação tem momento
Emoção e paixão: a emoção ou a paixão não são
definido (ex.: morte da vítima no crime de homicídio).
capazes de excluir a culpabilidade, mas podem possuir
efeitos diferentes sobre a pena: a) emoção: sentimento Crime permanente: a conduta e a consumação se
abrupto e passageiro, pode atenuar a culpabilidade; alongam no tempo por vontade do agente (ex.: sequestro).
b) paixão: sentimento duradouro e profundo, que
pode caracterizar torpeza ou vingança, aumentando a Crime a prazo: exige o decurso de um tempo para
reprovação da conduta. a sua caracterização (Ex.: crime de lesão corporal grave
pela incapacidade das ocupações habituais por mais de
Potencial consciência de ilicitude: embora o 30 dias).
conhecimento da lei seja obrigatório para todas as
pessoas, existem situações em que o agente atua QUANTO AO SUJEITO ATIVO
conscientemente, mas acreditando que não há qualquer
ilicitude na sua conduta (sabe o que está fazendo, mas Crime comum: aquele que pode ser praticado por
acredita que não é crime), o que se denomina de erro de qualquer pessoa (ex.: furto e roubo).
proibição. Duas situações são possíveis:
Crime próprio: exige-se qualidade especial do sujeito
Erro de proibição inevitável (escusável): haverá ativo (ex.: no infanticídio, o sujeito ativo deve ser a mãe).
exclusão da culpabilidade e o agente será isento de pena.
Crime de mão própria: o que somente pode ser
Erro de proibição evitável (inescusável): haverá praticado pessoalmente pelo agente designado no tipo, não
redução da pena de 1/3 a 1/6, conforme art. 21 do CP. se admitindo coautoria (ex.: falso testemunho e bigamia).

Inexigibilidade de conduta diversa: se, no caso Crime vago: o sujeito passivo é destituído de
concreto, não se puder exigir, do agente, conduta personalidade jurídica, ou seja, a vítima é indeterminada
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(ex.: crimes de ato obsceno e tráfico). Crime culposo: nesse caso o agente causa o resultado
involuntariamente, enquanto que na tentativa, o agente
QUANTO AOS VESTÍGIOS DEIXADOS quer causar o resultado (exceção: culpa imprópria quando
o erro é evitável).
Crime transeunte: aquele que não deixa vestígios
(ex.: ato obsceno). Crime preterdoloso ou preterintencional: não admite
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tentativa, porque o resultado mais gravoso é involuntário.


Crime não transeunte: aquele que deixa vestígios,
sendo obrigatória a elaboração de exame de corpo de Crime omissivo puro ou próprio: não há tentativa no
delito (ex.: lesão corporal). caso de omissão.
QUANTO À ESTRUTURA DA CONDUTA Crime habitual: como exige reiteração da mesma
conduta para a sua caracterização, impossível a tentativa
Crime simples: aquele formado por um único fato nesses casos.
típico (ex.: furto).
Contravenção penal: existe tentativa de contravenção,
Crime complexo: aquele formado por dois ou mais mas não é punida por questões de política criminal (art.
fatos típicos, que se transformam em elementares, 4º da LCP).
qualificadoras ou causas de aumento do crime (ex.:
extorsão mediante sequestro e latrocínio). Classificações:
QUANTO À AUTONOMIA DO CRIME Tentativa branca ou incruenta: a vítima não é atingida;
Crime principal: não depende de outro crime (ex.: estupro). Tentativa vermelha ou cruenta: a vítima é atingida.
Crime acessório, parasitário ou delito de fusão: Tentativa perfeita, acabada ou crime falho: o infrator
depende de outro crime, chamado de crime antecedente consegue esgotar os meios de execução possíveis,
ou pressuposto (ex.: receptação). embora não consiga consumar o crime.
OUTRAS CLASSIFICAÇÕES Tentativa imperfeita ou inacabada: o infrator não
consegue esgotar os meios de execução por circunstâncias
Crime habitual: exige reiteração da mesma conduta alheias à sua vontade.
para a sua caracterização, já que a prática de um ato
isolado é considerada fato atípico (Ex.: curandeirismo). O Desistência voluntária: na desistência voluntária,
crime habitual não admite tentativa. o infrator, sem esgotar os meios de execução (tentativa
imperfeita), desiste voluntariamente de prosseguir na
Crime remetido: aquele que faz menção a outro tipo execução do crime, ainda que influenciado por terceiro.
penal em sua descrição, que passa a integrá-la (ex.: crime Responderá apenas pelos atos praticados.
de uso de documento falso).
Arrependimento eficaz: o agente esgota todos os
Crime inominado: aquele que afronta a moral, mas meios disponíveis para executar o crime (tentativa
não está tipificado em lei como crime (ex.: incesto que, perfeita), mas, posteriormente, toma providências para
apesar de imoral, não é crime). que o crime não seja consumado. O agente responderá
apenas pelos atos praticados.
Crime de atentado ou empreendimento: aquele em
que consumação e tentativa são apenadas da mesma
maneira (adotada a teoria voluntarista ou subjetiva. Pune- FÓRMULA DE FRANK
se a intenção do agente, independentemente do resultado
(ex.: crime de evasão de preso mediante violência). Na tentativa, o agente quer Na desistência voluntária e
consumar o crime, mas no arrependimento eficaz,
Quase-crime: nome doutrinário do crime impossível. não pode o agente pode consumar o
crime, mas não quer
8.  CONSUMAÇÃO E TENTATIVA Arrependimento posterior: nos crimes cometidos
sem violência ou grave ameaça à pessoa, se o dano for
Consumação: crime consumado é aquele que reúne reparado ou se for restituída a coisa, até o recebimento da
todos os elementos de sua definição legal. Para tanto denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena
são necessárias 4 etapas (iter criminis): a) cogitação será reduzida de um a dois terços (não confundir com o
(não punível), b) preparação (em regra, não é punível), c) arrependimento eficaz, no qual o crime não se consuma).
execução (pune-se a tentativa), e d) consumação (punição
pelo crime). Crime impossível: aquele que não pode ser
consumado em razão da ineficácia absoluta do meio
Tentativa (“conatus”): o crime é considerado tentado (ex.: furtar algo com o poder da mente), por absoluta
quando, iniciada a execução, não se consuma por impropriedade do objeto (ex.: matar um cadáver) ou em
circunstâncias alheias à vontade do agente. Em regra, razão de obra do agente provocador (delito de ensaio).
o agente é punido com a pena correspondente ao crime
consumado, diminuída de um a dois terços. OBS.: quanto Súmula 145 do STF: Não há crime, quando a
mais próximo o infrator chegar à consumação, menor a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a
redução, e vice-versa. sua consumação.
Infrações penais que não admitem tentativa:
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9.  CONCURSO DE PESSOAS mais crimes. Pode ser: a) concurso material homogêneo
(resultados dos crimes são idênticos) ou b) concurso
Quando mais de uma pessoa concorre para a prática material heterogêneo (resultados são distintos). As
do mesmo crime, devendo ser preenchidos os seguintes penas são aplicadas para cada um dos crimes cometidos
requisitos: a) pluralidade de agentes, b) liame subjetivo, e, posteriormente, somadas (sistema do cúmulo material
c) relevância causal e d) unidade de crime. de penas).
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AUTORIA: autor do crime, para a teoria restritiva, é Concurso formal: no concurso formal o agente,
aquele que pratica as elementares do tipo penal ou, para mediante uma única conduta, pratica dois ou mais crimes.
a teoria do domínio do fato, é aquele tem o domínio sobre Também apresenta duas espécies: a) concurso formal
a ação criminosa. próprio ou perfeito (delitos decorrem de uma única vontade
ou desígnio do agente) ou b) concurso formal impróprio ou
Autoria mediata: o autor mediato não realiza imperfeito (decorrem de desígnios autônomos).
diretamente a conduta típica, valendo-se de terceira pessoa
como um instrumento para a prática delitiva (ex.: coação CONCURSO FORMAL CONCURSO FORMAL
moral irresistível). Não se trata de concurso de pessoa, PERFEITO IMPERFEITO
uma vez que o executor não deseja praticar o crime.
Único desígnio Mais de um desígnio
Autoria colateral: o crime é praticado ao mesmo
tempo por mais de um agente, sem, entretanto, haver Pena do crime mais grave As penas são somadas,
liame subjetivo entre eles. é aumentada de 1/6 até assim como no concurso
a metade (sistema da material
Autoria incerta: no caso de autoria colateral, exasperação da pena), salvo
quando não for possível determinar qual dos agentes foi se resultado obtido for maior
responsável pelo crime, ambos respondem por tentativa, do que aquele obtido pela
em virtude do princípio in dubio pro reo. soma das penas (concurso
material benéfico)
Coautoria: ocorre quando duas ou mais pessoas
exercem elementares do tipo penal, segundo a teoria Crime continuado: o agente, mediante duas ou
restritiva, ou têm o controle da ação criminosa, segundo mais condutas, pratica crimes da mesma espécie que,
teoria do domínio do fato. em razão da semelhança de tempo, lugar e modo de
execução, são considerados atos de continuação do crime
Participação: ocorre quando alguém, de qualquer
principal. Há duas espécies: a) crime continuado comum
modo, concorre para o crime sem exercer elementares
(crimes sem violência ou grave ameaça à pessoa) e b)
do tipo (teoria restritiva) ou sem ter o domínio da ação
crime continuado específico (crimes dolosos, cometidos
criminosa (teoria do domínio do fato). A participação pode
com violência ou grave ameaça à pessoa).
ser: a) moral (induzimento ou instigação) ou b) material
(auxílio prático).
CRIME CONTINUADO CRIME CONTINUADO
O código penal adotou a teoria monista, unitária ou COMUM ESPECÍFICO
igualitária para o concurso de pessoas: todos respondem pelo
mesmo crime e com as mesmas penas, salvo no caso de: Sem violência ou grave Com violência ou grave
ameaça ameaça.
Cooperação dolosamente distinta: quando o agente
quis participar de crime menos grave do que aquele Aplica-se a pena mais Aplica-se a pena mais
efetivamente praticado. grave, que poderá ser grave, que poderá ser
aumentada de 1/3 a 2/3 aumentada até o triplo
Previsão especial em sentido contrário: quando o
legislador prevê crimes diferentes para aqueles que
atuaram em concurso de agentes, como nas hipóteses 11.  SANÇÕES PENAIS
dos crimes de corrupção ativa (art. 333 do CP) e passiva
(art. 317 do CP). Reação do Estado em face do agente que cometeu
uma infração penal, subdividindo-se em medida de
Comunicabilidade das circunstâncias e elementares segurança e pena.
no concurso de pessoas: no concurso de pessoas (I) as
circunstâncias objetivas comunicam-se entre os agentes, MEDIDA DE SEGURANÇA: sanção penal cabível ao
(II) as circunstâncias subjetivas não se comunicam entre inimputável e, excepcionalmente, ao semi-imputável. Há duas
os agentes, e (III) as elementares do crime comunicam-se espécies: a) detentiva (internação em hospital de custódia
entre os agentes e tratamento psicológico) ou b) restritiva (tratamento
ambulatorial sem restrição da liberdade do agente).
10.  CONCURSO DE CRIMES A medida de segurança tem prazo mínimo de 1
a 3 anos, mas perdura por tempo indeterminado, até
No concurso de crimes uma pessoa pratica, por a cessação de periculosidade. O tempo de duração da
meio de uma ou mais condutas, dois ou mais crimes. As medida de segurança não deve ultrapassar o limite
espécies de concurso de crimes são: máximo da pena abstratamente cominada ao delito
praticado (Súmula n. 527 do STJ.
Concurso material (ou concurso real): ocorre quando
o agente, mediante duas ou mais condutas, pratica dois ou Fase de Execução: se a inimputabilidade for verificada
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na fase de execução da pena, esta poderá ser substituída de liberdade e na medida de segurança, (i) o tempo
por medida de segurança. Recuperado o condenado, ele de prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro, (ii)
deverá voltar a cumprir a pena imposta na sentença. o de prisão administrativa e (iii) o de internação em
hospital de custódia, tratamento psiquiátrico ou outro
PENA: o CP prevê 3 espécies de pena: estabelecimento semelhante.
Pena privativa de liberdade: representa a restrição do
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Regressão de regime: passagem de regime menos


direito de locomoção do condenado, podendo assumir uma das rigoroso para um mais rigoroso, podendo ser “por
seguintes espécies: a) reclusão (regime fechado, semiaberto salto” (ex.: do aberto para o fechado). Ocorre em caso
ou aberto), b) detenção (regime semiaberto ou aberto, sendo de (i) prática de falta grave ou (ii) condenação, por crime
o fechado possível apenas em caso de regressão de regime) anterior, cuja pena, somada à anterior, torne incabível o
e c) prisão simples (reservada às contravenções penais, regime atual.
devendo ser cumprida, sem rigor penitenciário).
Pacote Anticrime (Lei n. 13.964/19): Houve
Progressão de regime: o sistema progressivo para alteração do art. 75 do CP, ampliando o prazo máximo de
cumprimento de pena privativa de liberdade determina cumprimento da pena privativa de liberdade de 30 anos
que o condenado, cumpridas determinadas condições para 40 anos.
legais ou estabelecidas pelo juízo, tenha o direito de
progredir do regime mais rigoroso para o regime Unificação das penas: quando o agente for condenado
imediatamente menos rigoroso (é vedada a progressão a penas privativas de liberdade cuja soma seja superior
“por salto”). OBS.: nos crimes contra a administração a 40 anos, devem elas ser unificadas para atender a esse
pública, a progressão é condicionada, além dos requisitos limite máximo.
legais, à reparação do dano ou à devolução do produto do
ilícito praticado. Prazo máximo e demais benefícios: a jurisprudência
majoritária entende que o prazo máximo de 40 anos não se
Requisitos (Pacote Anticrime): aplica para a concessão dos demais benefícios previstos
em lei, conforme disposto na Súmula n. 715 do STF.
Primário que praticou infração comum sem violência
ou grave ameaça: 16% da pena. Penas restritivas de direito: representam restrições
ou supressão de um ou mais direitos do condenado e são
Primário que praticou infração comum com violência aplicadas em substituição à pena privativa de liberdade.
ou grave ameaça: 20% da pena. Existem 5 espécies de penas restritivas de direito: 1) Prestação
pecuniária, 2) Perda de bens e valores, 3) Prestação de
Reincidente que praticou infração comum sem serviços à comunidade ou a entidades públicas, 4) Interdição
violência ou grave ameaça: 25 % da pena. temporária de direitos e 5) Limitação de fim de semana.
Reincidente que praticou infração comum com
violência ou grave ameaça: 30% da pena. REQUISITOS PARA A SUBSTITUIÇÃO DA PENA

Primário que praticou crime hediondo sem resultado Crime culposo: qualquer pena
morte: 40% da pena. imposta admite a substituição,

Primário que praticou crime hediondo com resultado QUANTIDADE DE Crime doloso: para que haja a
morte: 50% da pena, sendo vedado livramento condicional. PENA substituição, o crime deve ser
cometido sem violência ou grave
Reincidente específico que praticou crime hediondo ameaça à pessoa e a pena imposta
ou equiparado sem resultado morte: 60% da pena. deve ser inferior a 4 anos
Reincidente específico que praticou crime hediondo O réu não pode ser reincidente
ou equiparado com resultado morte: 70% da pena. em crime doloso, salvo se a
reincidência não for específica
Primário ou reincidente que praticou crime de no mesmo tipo penal e a medida
organização criminosa destinada a prática de crimes for socialmente recomendável,
hediondos ou equiparado: 50% da pena vedado o REINCIDÊNCIA
livramento condicional. A reincidência em crime culposo
não impede a substituição da
Remição: o condenado em regime fechado ou pena privativa de liberdade por
semiaberto poderá remir, por trabalho ou por estudo, restritiva de direito
parte do tempo de execução da pena:
Culpabilidade, antecedentes,
Cada 12 horas de frequência escolar conduta social, personalidade
CIRCUNSTÂNCIAS
= 1 DIA DE PENA do condenado, motivos e
FAVORÁVEIS
Cada 3 três dias de trabalho circunstâncias devem indicar
que a substituição é suficiente.
Trabalho do preso: o trabalho é um dever do preso e a
negativa injustificada de prestá-lo representa falta grave (o Violência e Grave Ameaça: Nos crimes dolosos
preso que, por acidente, não puder prosseguir no trabalho/ praticados com violência ou grave ameaça não é possível
estudos continua a beneficiar-se com a remição). a substituição por pena restritiva de direitos.

Detração: cálculo que computa, na pena privativa


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CRITÉRIOS PARA A SUBSTITUIÇÃO DA PENA CONVERSÃO CONVERSÃO


OBRIGATÓRIA FACULTATIVA
CONDENAÇÃO
IGUAL OU Multa ou uma pena restritiva Quando ocorrer Sobrevindo nova
INFERIOR A de direito descumprimento condenação a pena
1 ANO injustificado da restrição privativa de liberdade,
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imposta o juiz da execução


Uma pena restritiva de direito e penal decidirá sobre a
CONDENAÇÃO
SUPERIOR A multa ou Deduzido o tempo conversão
1 ANO cumprido da pena
Duas penas restritivas de direito restritiva de direitos, Se o cumprimento da
respeitado o saldo nova pena for compatível
mínimo de trinta dias com o da restritiva de
Prestação pecuniária: pagamento em dinheiro direitos, esta não será
à vítima, seus dependentes ou a entidade pública ou convertida.
privada com destinação social, valor este deduzível de
eventual condenação em ação de reparação civil. Multa: fixada em sentença com base em dois critérios:
a) fixada em dias-multa e b) atribui-se um valor para cada
Prestação de outra natureza: se houver aceitação
dia multa, conforme a situação econômica do condenado.
do beneficiário, a prestação pecuniária pode consistir
em prestação de outra natureza (ex.: doação de cestas Pacote Anticrime (Lei 13.964/19): Transitada em
básicas), salvo nos casos de violência doméstica e familiar julgado a sentença condenatória, a multa será executada
contra a mulher, onde essa substituição é vedada. perante o juiz da execução penal e será considerada
dívida de valor, aplicáveis as normas relativas à dívida
Perda de bens e valores: bens e valores pertencentes
ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às
aos condenados revertidos em favor do Fundo
causas interruptivas e suspensivas da prescrição (art.
Penitenciário Nacional, no montante do prejuízo causado
51).
ou do provento obtido.
Lei Maria da Penha: em crimes abarcados pela Lei Maria
Prestação de serviços à comunidade ou a entidades
da Penha, a multa não pode ser aplicada de forma isolada.
públicas: aplicável no caso de penas superiores a
seis meses de privação da liberdade, consiste na
atribuição, ao condenado, de tarefas gratuitas em 12.  APLICAÇÃO DA PENA
entidades assistenciais, hospitais, escolas, orfanatos e
outros estabelecimentos congêneres, em programas O CP adotou, para aplicação da pena, o sistema trifásico:
comunitários ou estatais.
PRIMEIRA FASE: pena-base
A pena restritiva de direito deve ser
PENA DE Fixada observando-se os limites mínimos e máximos
cumprida no mesmo tempo da pena
ATÉ 1 ANO cominados em abstrato pelo tipo penal, levando-
privativa de liberdade substituída
se em consideração eventuais qualificadoras e as
A pena restritiva de direitos de circunstâncias judiciais do art. 59 do CP (culpabilidade,
PENA prestação de serviços pode ser antecedentes, conduta social, personalidade do agente,
SUPERIOR A cumprida em menor tempo, desde motivos, circunstâncias e consequências do crime e
1 ANO que não inferior à metade da pena comportamento da vítima).
privativa de liberdade substituída.
SEGUNDA FASE: pena intermediária
Interdição temporária de direitos: são as seguintes: Agravantes e atenuantes: o juiz leva em consideração
1) proibição do exercício de cargo, função ou atividade as atenuantes e as agravantes previstas em lei, que vão
pública, bem como de mandato eletivo, 2) proibição do atenuar ou agravar a pena-base, não podendo, entretanto,
exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam extrapolar o limite mínimo e máximo da pena em abstrato
de habilitação especial, de licença ou autorização do do crime (Súmula n. 231 do STJ).
poder público, 3) suspensão de autorização ou de
habilitação para dirigir veículo, 4) proibição de frequentar OBS.: 1) a circunstância que prepondera sobre todas
determinados lugares e 5) proibição de inscrever-se em as demais é a circunstância atenuante da menoridade
concurso, avaliação ou exame públicos. (menor de 21 anos na data dos fatos) ou da senilidade
(maior de 70 anos na data da sentença); 2) a agravante
Limitação de fim de semana: obrigação de o condenado da reincidência, salvo no caso das atenuantes da
permanecer, aos sábados e domingos, por 5 horas menoridade ou da senilidade, prepondera sobre todas
diárias, em casa de albergado ou outro estabelecimento as demais atenuantes; 3) o STJ pacificou entendimento
adequado, quando poderão ser ministrados cursos e de que a agravante da reincidência se compensa com a
palestras ou atribuídas atividades educativas. atenuante da confissão espontânea, salvo se o réu for
multirreincidente; 4) atenuantes e agravantes subjetivas
A pena restritiva de direitos pode ser revogada, prevalecem sobre atenuantes e agravantes objetivas
de forma obrigatória ou facultativa, convertendo-se
novamente em pena privativa de liberdade: ATENÇÃO: a agravante não agrava a pena: 1) se já
constitui ou qualifica o crime, 2) se a pena base já foi
fixada no máximo e 3) se houver concurso de agravante
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com atenuante que seja preponderante. ATENÇÃO: Não confundir suspensão condicional da
pena com a suspensão condicional do processo prevista
Reincidência: ocorre quando (i) o agente comete novo na Lei n. 9.099/95.
crime e (ii) depois de transitar em julgado a sentença que,
no país ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime O sursis, ou suspensão condicional da pena,
anterior. representa o direito do condenado de ter suspensa
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a execução da sua pena privativa de liberdade por um


Não há reincidência quando o agente é condenado determinado período (período de prova), em que ficará
por decisão irrecorrível pela prática de contravenção sujeito a determinadas condições que, se cumpridas,
penal e depois pratica novo crime, pois não há previsão acarretarão a extinção da punibilidade do agente.
legal nesse sentido.
REQUISITOS:
ATENÇÃO: crime militar próprio e crime político não
geram reincidência. Pena privativa de liberdade: condenação a pena privativa
de liberdade não superior a 2 anos (salvo sursis etário, sursis
humanitário ou em se tratando de crimes ambientais).
CRIME CRIME REINCIDÊNCIA
Não ser reincidente em crime em doloso: salvo se a
CRIME CONTRAVENÇÃO REINCIDÊNCIA condenação anterior for a pena de multa.
CONTRAVENÇÃO CONTRAVENÇÃO REINCIDÊNCIA
Circunstâncias favoráveis: a culpabilidade, os
NÃO HÁ antecedentes, a conduta social e personalidade do
CONTRAVENÇÃO CRIME agente, bem como os motivos e as circunstâncias devem
REINCIDÊNCIA
autorizar a concessão do benefício.
CRIME MILITAR NÃO HÁ
CRIME Não indicada ou incabível a substituição prevista
OU POLÍTICO REINCIDÊNCIA
no art. 44 do CP: se for possível a substituição da pena
PERDÃO PERDÃO NÃO HÁ privativa de liberdade por pena restritiva de direito não
JUDICIAL JUDICIAL REINCIDÊNCIA haverá aplicação do sursis.

Prescrição da reincidência: não haverá reincidência Reparação do dano: no caso de sursis especial, além
se entre a data do cumprimento ou extinção da pena e dos requisitos anteriores, o condenado deve reparar o
a infração posterior tiver decorrido período de tempo dano, salvo impossibilidade de fazê-lo.
superior a 5 anos, computado o período de prova da Pena Restritiva de Direito e de Multa: A pena
suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer restritiva de direitos e a de multa não admitem sursis.
revogação.
PERÍODO DE PROVA: tempo em que o condenado
TERCEIRA FASE: pena definitiva será submetido a certas condições para que a suspensão
Causas de aumento e diminuição: o juiz não está da sua pena privativa de liberdade seja considerada
atrelado aos limites abstratos da pena, podendo aumentar válida. O período de prova será de 2 a 4 anos, salvo nos
ou diminuir a pena além do máximo ou do mínimo casos de sursis etário e sursis humanitário (período de
previstos para o crime. Havendo concurso de causas de prova de 4 a 6 anos).
aumento e de diminuição, o juiz deverá observar que: CONDIÇÕES DO SURSIS: as condições impostas no
período de prova são classificadas em (i) legais, quando
Deve aplicar todas, salvo se as expressamente previstas em lei e (ii) judiciais, quando
causas de aumento estiverem determinadas pelo juiz. Em todas as espécies de sursis,
DUAS OU MAIS previstas na parte especial do o juiz tem liberdade para fixar as condições que entender
CAUSAS DE necessárias, desde que sejam razoáveis e proporcionais.
AUMENTO CP, podendo aplicar apenas uma
causa, desde que seja a causa
que mais aumenta a pena ESPÉCIES:

Deve aplicar todas, salvo se as Sursis simples: é o mais rigoroso, sendo imposto
DUAS OU MAIS causas de diminuição estiverem ao condenado que podia ter reparado o dano causado,
CAUSAS DE previstas na parte especial do mas não o fez. No primeiro ano do período, é condição
DIMINUIÇÃO DE CP, podendo aplicar apenas uma obrigatória a prestação de serviços à comunidade ou
PENA causa, desde que seja a causa limitação de fim de semana.
que mais diminua a pena
Sursis especial: menos grave porque o condenado
CAUSA DE reparou o dano ou não podia repará-lo. O juiz fixará
AUMENTO E O juiz deve primeiro aplicar a causa as seguintes condições: a) proibição de se ausentar
CAUSA DE de aumento e depois a de diminuição da Comarca sem autorização judicial; b) proibição de
DIMINUIÇÃO frequentar determinados lugares e c) comparecimento
mensal à juízo para comprovar e justificar atividades.

13.  SUSPENSÃO CONDICIONAL DA Sursis etário: condenado maior de 70 anos de idade,


PENA (SURSIS) desde que a sua pena privativa de liberdade não seja
superior a 4 anos. O período de prova será 4 a 6 anos.

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Sursis humanitário: previsto para os casos em que as


condições de saúde do condenado justificam a suspensão REQUISITOS SUBJETIVOS
da pena, podendo ser beneficiado o condenado a pena não
• Comportamento carcerário satisfatório;
superior a 4 anos e o período de prova será de 4 a 6 anos.
• Bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído;
REVOGAÇÃO:
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• Aptidão para prover a sua subsistência, mediante


REVOGAÇÃO REVOGAÇÃO trabalho honesto;
OBRIGATÓRIA FACULTATIVA
• Em se tratando de crime doloso praticado com
Se, durante o período Se, durante o período violência ou grave ameaça, é necessário exame para
de prova, o beneficiário: de prova, o beneficiário constatação que não voltará a delinquir.
1) é condenado, em descumpre qualquer outra
sentença irrecorrível, por condição imposta ou é
crime doloso; 2) frustra a condenado por sentença
execução de pena de multa irrecorrível, por crime Condições: a manutenção do livramento condicional
ou não efetua, sem motivo culposo ou por contravenção, depende do cumprimento, por parte do beneficiário, de
justificado, a reparação a pena privativa de liberdade determinadas condições:
do dano; 3) descumpre ou restritiva de direitos
a condição de prestar CONDIÇÕES OBRIGATÓRIAS
serviços à comunidade
ou de limitação de fim de • Obter ocupação lícita, dentro de prazo razoável se
semana no sursis simples for apto para o trabalho;

PRORROGAÇÃO DO PERÍODO DE PROVA: se o • Comunicar periodicamente ao Juiz sua ocupação;


beneficiário do sursis passa a responder a novo processo
pela prática de outro crime ou contravenção, considera-se • Não mudar do território da comarca do Juízo da
prorrogado o prazo do sursis até o julgamento definitivo. execução, sem prévia autorização deste.

14.  LIVRAMENTO CONDICIONAL CONDIÇÕES FACULTATIVAS

Benefício legal concedido na fase de execução da • Não mudar de residência sem comunicação ao Juiz
pena, consistente no direito público subjetivo do agente, e à autoridade incumbida da observação cautelar e
que cumpre alguns requisitos objetivos e subjetivos, de de proteção;
ter e sua liberdade antecipada.
• Recolher-se à habitação em hora fixada;
REQUISITOS OBJETIVOS • Não frequentar determinados lugares.
• Pena privativa de liberdade igual ou superior a 2 REVOGAÇÃO DO LIVRAMENTO
anos, sendo considerada, para tanto, a somatória das
penas decorrentes de outras condenações; A revogação do livramento condicional pode ser
obrigatória ou facultativa:
• Reparação do dano, salvo motive justificado

• Não cometimento de falta grave nos últimos 12 REVOGAÇÃO REVOGAÇÃO


(doze) meses (pacote anticrime) OBRIGATÓRIA FACULTATIVA

• Cumprimento de parte da pena: 1/3, 1/2 ou 2/3, Se o liberado vier a Se o liberado deixar
dependendo dos antecedentes e de eventual reincidência ser condenado a pena de cumprir obrigações
do condenado (OBS.: condenado reincidente específico privativa de liberdade, impostas na sentença, ou
em crime hediondo ou assemelhado, ou com com morte em sentença irrecorrível: se for irrecorrivelmente
da vítima nesses crimes, não tem direito ao livramento a) por crime cometido condenado, por crime
condicional). durante a vigência do ou contravenção, a pena
benefício; b) por crime que não seja privativa de
anterior, caso a soma liberdade;
das penas impeça a
ATENÇÃO: a) não cabe livramento condicional para concessão do livramento; Em caso de condenação,
penas restritivas de direito nem de multa e b) Com a Lei por prática de contravenção
13.964/19 (pacote anticrime), aquele que cometeu falta O liberado deve ser penal, a pena de prisão
disciplinar grave nos últimos 12 meses não terá direito ouvido antes da decisão simples, a revogação será
ao livramento condicional. de revogação. facultativa, por falta de
previsão legal;

O liberado deve ser


ouvido antes da decisão
de revogação.

ATENÇÃO: em todos os casos, se a condenação 10


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ocorrer por delito praticado antes do benefício, será


descontado o tempo do livramento, ao passo que, se a REQUISITOS
condenação se referir a delito cometido na vigência do
• Decurso de 2 anos a partir do cumprimento da pena
benefício, não haverá o desconto.
ou da extinção da punibilidade por qualquer outra forma
PRORROGAÇÃO DO PERÍODO DE PROVA: o período (o tempo do período de prova do sursis e do livramento
condicional, sem revogação, devem ser computados);
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de prova será prorrogado se, ao término do seu prazo,


o beneficiado estiver sendo processado por crime
• Domicílio no Brasil durante esse período de 2 anos;
cometido durante sua vigência, sendo que o beneficiado
não fica sujeito a cumprir as obrigações impostas para • Bom comportamento público e privado;
o livramento condicional: se houver condenação pela
prática do crime, o livramento será revogado; caso haja • Reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo
absolvição, a pena será extinta. ou inexigência.
EXTINÇÃO DA PENA: se até o seu término o REVOGAÇÃO: a reabilitação será revogada, de ofício
livramento não é revogado, considera-se extinta a pena ou a requerimento do Ministério Público, se o reabilitado
privativa de liberdade. for condenado, como reincidente, por sentença definitiva,
salvo se a pena imposta for de multa. Com a revogação,
15.  EFEITOS DA CONDENAÇÃO os efeitos extrapenais que estavam suspensos voltam a
incidir.
Efeito primário: é a aplicação da sanção penal pelo Reabilitação e Reincidência: a reabilitação não
Estado (medida de segurança ou pena). extingue a reincidência, cujos efeitos desaparecem
apenas decorridos 5 anos do cumprimento da pena.
Efeitos secundários: podem possuir natureza penal
ou extrapenal:
17.  EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE
a) reincidência; b) impede, em
regra, o sursis e causa a sua Morte do agente: como a pena não pode passar
revogação; c) causa a revogação do da pessoa do condenado, havendo a morte do agente,
NATUREZA comprovada pela certidão de óbito, e após a oitiva do
livramento condicional; d) aumenta
PENAL Ministério Público, sua punibilidade será extinta.
o prazo da prescrição da pretensão
executória e e) causa a revogação
da reabilitação. Anistia, graça e indulto: formas de clemência
soberana que extinguem a punibilidade do agente, salvo
a) torna certa a obrigação de no caso dos crimes hediondos e assemelhados, em que
NATUREZA indenizar o dano causado pelo crime não podem ser concedidas.
EXTRAPENAL
GENÉRICOS e b) confisco dos instrumentos e
produtos do crime É o esquecimento jurídico de determinada
a) perda de cargo, função pública infração penal mediante lei específica.
ou mandato eletivo, b) incapacidade ANISTIA Refere-se apenas a fatos, não interferindo
para o exercício do poder familiar, na previsão genérica do tipo penal.
da tutela ou da curatela nos crimes Compete ao Congresso Nacional.
dolosos sujeitos à pena de reclusão Ato espontâneo dado um grupo de
NATUREZA cometidos contra outro titular
EXTRAPENAL pessoas, mediante decreto do Presidente
ESPECÍFICOS do mesmo poder familiar, contra INDULTO da República, que pode ser delegado a
filho, filha, outro descendente, Ministro de Estado, Advogado Geral da
contra tutelado ou curatelado e c) União e Procurador Geral da República.
inabilitação para dirigir veículo, se
utilizado como meio para a prática Medida de caráter individual, por isso
de crime doloso. é denominada de indulto individual,
concedida por decreto do Presidente da
Efeitos extrapenais específicos: os efeitos GRAÇA
República, que pode delegar esse poder
extrapenais específicos não são automáticos, devendo ser ao Ministro de Estado, Advogado Geral da
motivadamente declarados na sentença. União e Procurador Geral da República.
Lei 13.964/19 (Pacote Anticrime) - O art. 91-A do Abolitio criminis: ocorre quando uma lei posterior
CP passou a prever um novo efeito extrapenal para os deixa de considerar uma conduta como crime, cessando
crimes com pena máxima superior a 6 anos, como forma em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença
de tentar combater a corrupção. O efeito extrapenal condenatória anteriormente proferida. A lei posterior
previsto é a perda dos bens do condenado incompatíveis que deixa de prever o fato como típico deve retroagir,
com os valores de seus rendimentos, mesmo que esses beneficiando o réu e extinguindo a sua punibilidade.
bens não estejam diretamente relacionados com a prática
do crime. Decadência: representa a perda do direito de
representação (ação penal pública condicionada) ou queixa
(ação penal privada) pelo decurso do tempo, em regra 6
16.  REABILITAÇÃO meses, sem o seu exercício. Importante lembrar que o
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prazo decadencial não se interrompe nem é se suspende. será a pena imposta na sentença, o Estado adotou o
critério da pior hipótese possível, ou seja, a pena máxima
Perempção: sanção processual aplicada ao imposta em abstrato para o crime, conforme abaixo:
querelante inerte, que tem como consequência a extinção
da punibilidade do agente (ex.: querelante que deixa de
promover o andamento do processo durante 30 dias PENA MÁXIMA PREVISTA EM PRAZO DA PPP
ABSTRATO
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seguidos). A perempção causa a extinção da punibilidade


apenas na ação penal privada, pois na ação penal privada
Superior a 12 anos 20 anos
subsidiária da pública o Ministério Público assume a
titularidade da ação em caso de inércia do querelante. Superior a 8 anos e não excedente 16 anos
a 12 anos
Renúncia: representa o ato unilateral de vontade
do ofendido de não ingressar com ação penal privada, Superior a 4 anos e não excedente 12 anos
podendo ser expressa ou tácita (prática de ato a 8 anos
incompatível com a vontade de exercer o direito de ação).
Aplica-se apenas à ação penal privada, salvo no Juizado Superior a 2 anos e não excedente 8 anos
Especial Criminal, onde aplica-se também à ação penal a 4 anos
pública condicionada à representação.
Igual ou superior a 1 ano, não 4 anos
Perdão aceito: o perdão é um ato bilateral, excedendo a 2 anos
dependendo de aceitação do querelado. Ocorre após
iniciada a ação penal privada e antes do trânsito em Inferior a 1 ano 3 anos
julgado da sentença condenatória, podendo ser expresso
ou tácito e ocorrer dentro ou fora do processo. Crimes do art. 28 da Lei de Drogas 2 anos

Retratação: será considerada causa extintiva da


punibilidade quando a lei expressamente admitir (ex.:
crimes de calúnia e difamação). Para o cálculo da pena máxima deve ser observado
o seguinte:
Perdão judicial: causa extintiva da punibilidade,
ocorre quando, apesar de comprovada a prática da
NÃO ENTRAM NO
infração penal culposa pelo agente, o juiz deixa de aplicar ENTRAM NO CÁLCULO CÁLCULO
a pena para evitar um mal injusto ao agente, uma vez
que a própria prática do crime já serviu de pena para o • Qualificadoras • Agravantes e
agente (ex.: pai que atropela o filho ao manobrar o carro atenuantes (salvo
na garagem). Cabível nas hipóteses expressamente • Causas de aumento as atenuantes
previstas em lei, como no homicídio culposo, na lesão e de diminuição, da menoridade e
corporal culposa e na receptação culposa (art. 180, § 3º), prevalecendo a fração senilidade)
não gerando efeitos para fins reincidência. que mais aumenta e a
que menos diminui. • Circunstâncias
Natureza da sentença: natureza declaratória da judiciais
extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito • Atenuantes da
condenatório (Súmula n. 18 do STJ). menoridade e da • Concurso de crimes
senilidade
Prescrição: representa a perda do direito de o
Estado punir (prescrição da pretensão punitiva – PPP)
ou executar punição imposta (prescrição da pretensão
executória – PPE), em razão do decurso do tempo. Termo inicial da PPPA: em regra, começa a correr
do dia em que o crime se consumou (teoria do resultado),
Crimes Imprescritíveis: a Constituição Federal prevê variando nas seguintes situações: a) tentativa (dia em que
dois crimes imprescritíveis: 1) racismo e 2) as ações cessou a atividade criminosa); b) crimes permanentes (dia
de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem em que cessou a permanência); c) crimes de bigamia e nos
constitucional e o estado democrático. de falsificação ou alteração de assentamento do registro
civil (data em que o fato se tornou conhecido), e d) crimes
Em direito penal, há duas espécies de prescrição: 1)
contra a dignidade sexual ou que envolvam violência
prescrição da pretensão punitiva (PPP) e 2) prescrição da
contra criança e adolescente (data em que a vítima
pretensão executória (PPE).
completar 18 anos, salvo se a esse tempo já houver sido
PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA (PPP): proposta a ação penal).
ocorre antes do trânsito em julgado e impede qualquer
Obs: A Lei n. 14.344/2022 (Lei Henry Borel) alterou
feito de eventual condenação (efeitos penais e
o inciso V do art. 111 do CP, passando a dispor que,
extrapenais), que se subdivide em 4 subespécies: a)
havendo crime que envolva violência contra criança
prescrição da pretensão punitiva em abstrato (PPPA), b)
e adolescente, o termo inicial da prescrição também
pretensão da prescrição punitiva retroativa (PPPR), c)
será a partir do momento que a pessoa completar 18
prescrição da pretensão punitiva superveniente (PPPS) e
anos (antes havia a previsão apenas de crimes contra a
d) prescrição da pretensão punitiva virtual (PPPV).
dignidade sexual).
Prescrição da pretensão punitiva em abstrato (PPPA)
Há situações que suspendem ou interrompem o
ou prescrição propriamente dita: como não se sabe qual
prazo prescricional.
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DIREITO PENAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV

CAUSAS A prescrição virtual, entretanto, não é aceita pelos


CAUSAS SUSPENSIVAS Tribunais Superiores, conforme previsto na Súmula n.
INTERRUPTIVAS
438 do STJ.
• Enquanto não • Recebimento da
resolvida, em outro denúncia ou da queixa; PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA (PPE): tem
processo, questão como pressuposto o trânsito em julgado da decisão para as
OAB NA MEDIDA | DIREITO PENAL | RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV

de que dependa o • Pronúncia; duas partes, levando em conta a pena imposta na decisão
reconhecimento da definitiva, sendo que o transcurso do seu prazo implica na
existência do crime; • Decisão perda do direito de o Estado executar a pena imposta.
confirmatória da
• Enquanto o agente pronúncia; O prazo prescricional será aumentando de 1/3 em
cumpre pena no caso de reincidência, ou reduzido pela metade quando o
estrangeiro; • Publicação da criminoso era, ao tempo do crime, menor de 21 anos, ou,
sentença ou acórdão na data da sentença, maior de 70 anos.
• Réu citado por edital condenatórios
que não comparece recorríveis. Termo inicial: a PPE começa a correr: a) do dia em
nem constitui que transita em julgado a sentença condenatória, para a
advogado; • OBS.: na hipótese acusação, ou a que revoga a suspensão condicional da
de interrupção, o pena ou o livramento condicional, e b) do dia em que
• OBS.: no caso de prazo prescricional se interrompe a execução, salvo quando o tempo da
suspensão, cessada a começa a correr do interrupção deva computar-se na pena.
hipótese suspensiva, zero, ou seja, inicia-
o prazo retoma o seu se novo prazo. ATENÇÃO: evadindo-se o condenado, ou revogado
curso normalmente. o livramento condicional, a prescrição é regulada pelo
tempo que resta da pena.
Lei n. 13.964/19 (Pacote Anticrime): Duas novas
causas impedtivas ou suspensivas da prescrição: a) na Interrupção da PPE: são causas que interrompem o
pendência de embargos de declaração ou de recursos aos prazo da PPE: a) o início ou continuação do cumprimento
Tribunais Superiores, quando inadmissíveis; e (Incluído da pena e b) a reincidência.
pela Lei nº 13.964, de 2019); b) enquanto não cumprido
ou não rescindido o acordo de não persecução penal. PRESCRIÇÃO DA PENA DE MULTA: a prescrição da
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) pena de multa obedece às seguintes regras: a) prescreve
em 2 anos, quando a multa for a única cominada ou
Prescrição da pretensão punitiva retroativa (PPPR): aplicada e b) prescreve no mesmo prazo estabelecido
leva em conta a pena fixada na sentença irrecorrível para para prescrição da pena privativa de liberdade, quando
a acusação, quando não é mais possível aumenta-la por a multa for alternativa ou cumulativamente cominada ou
recurso da defesa (non reformatio in pejus). cumulativamente aplicada.

Chama-se retroativa porque é um cálculo “para trás”,


levando-se em conta a pena fixada na decisão irrecorrível
para a acusação, tendo como termo inicial a denúncia ou
queixa (ex.: fixada uma pena de 6 anos, a PPPR será de 8
anos, assim, se entre a denúncia e a sentença transcorreu
período superior a 8 anos, o processo estará prescrito).

Prescrição da pretensão punitiva superveniente


(PPPS): assim como a prescrição retroativa (PPPR), possui
como base a pena concreta, mas, ao invés de ser contada
“para trás”, será contada “para frente”, durante o período de
tempo necessário para a análise dos recursos interpostos,
até o trânsito em julgado da decisão para a defesa.

O prazo da PPPS, portanto, é o mesmo da PPPR,


aplicando-o, entretanto, “para a frente” (ex.: fixada uma
pena de 6 anos, a PPPS será de 8 anos, ou seja, o Estado
terá o prazo de 8 anos para julgar todos os recursos da
defesa, sob pena de prescrição).

Prescrição da pretensão punitiva virtual (PPPV):


também chamada de hipotética, ideal ou antecipada,
a PPPV não possui previsão legal, sendo criada pela
doutrina e jurisprudência. É uma espécie de antecipação
do cálculo da prescrição retroativa (PPPR) antes
da condenação do réu: o juiz, analisando o tempo já
transcorrido no processo e as circunstâncias que
seriam levadas em conta para graduar a pena no caso
de condenação, percebendo que haverá a incidência
da prescrição retroativa, por economia processual, já
poderia extinguir a punibilidade do agente.
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