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Conteúdo:

1. Do crime
Elementos - Consumação e tentativa
Desistência voluntária e arrependimento eficaz- Arrependimento posterior
Crime impossível - Causas de exclusão de ilicitude e culpabilidade
2. Contravenção;
3. Dos crimes contra a vida (homicídio, lesão corporal, rixa);
4. Dos crimes contra a liberdade pessoal (constrangimento ilegal, ameaça, perseguição, sequestro e cárcere privado);
5. Dos crimes contra o patrimônio (furto, roubo, extorsão, apropriação indébita, receptação);
6. Dos crimes contra a dignidade sexual (estupro, importunação sexual, assédio sexual);
7. Corrupção ativa / Corrupção passiva;
8. Lei n° 9.455, de 07 de abril de 1997 (Crimes de tortura);
9. Dos crimes contra a paz pública (incitação ao crime, apologia de crime ou criminoso);
10. Dos crimes contra a administração pública (peculato e suas formas, concussão, corrupção passiva, prevaricação, condescendência criminosa,
resistência, desobediência, desacato, corrupção ativa, contrabando);
11. Infração penal: elementos, espécies, sujeito ativo e sujeito passivo;
12. Concurso de pessoas;
13. Crimes contra a fé pública;
14. Crimes contra a Administração Pública;
15. Lei nº 12.850/2013 e suas alterações (crime organizado);
16. Lei nº 8.072/1990 e suas alterações (crimes hediondos);
17. Lei nº 7.716/1989 e suas alterações (crimes resultantes de preconceitos de raça ou de cor);
18. Lei nº 9.605/1998 (crimes contra o meio ambiente)
19. Lei nº 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento);
20. Lei nº 4.898/1965 e suas alterações (abuso de autoridade)
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1. APLICAÇÃO DA LEI PENAL E INFRAÇÃO PENAL REGRA – Princípio da atividade: lei é aplicada aos fatos praticados
durante sua vigência.
EXCEÇÃO: Extra-atividade da Lei penal benéfica. Duas formas:
INFRAÇÃO PENAL
§ RETROATIVIDADE da Lei penal benéfica – Lei nova mais
Conceito - A conduta, em regra praticada por pessoa humana, que benéfica retroage, de forma que será aplicada aos fatos
ofende um bem jurídico penalmente tutelado, para a qual a lei criminosos praticados antes de sua entrada em vigor.
estabelece uma pena, seja ela de reclusão, detenção, prisão simples § ULTRA-ATIVIDADE da Lei penal benéfica – Lei mais benéfica,
ou multa. quando revogada, continua a reger os fatos praticados durante
Espécies sua vigência.
§ Crime - Infração penal a que a lei comina pena de reclusão ou
de detenção, isoladamente, alternativa ou cumulativamente com Abolitio criminis – Lei nova passa a não mais considerar a conduta
a pena de multa (conceito formal de crime). como criminosa (descriminalização da conduta).
§ Contravenção - Infração penal a que a lei comina,
isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas, Continuidade típico-normativa - Em alguns casos, embora a lei
alternativa ou cumulativamente. nova revogue um determinado artigo que previa um tipo penal, a
conduta pode continuar sendo considerada crime (não há abolitio
OBS.: Crime (conceito analítico) – adoção da teoria tripartida: fato criminis):
típico, ilicitude e culpabilidade.
§ Quando a Lei nova simultaneamente insere esse fato dentro de
outro tipo penal.
Principais diferenças entre crime e contravenção: § Quando, mesmo revogado o tipo penal, a conduta está prevista
como crime em outro tipo penal.
CRIMES CONTRAVENÇÕES
Admitem tentativa (art. Não se admite prática de contravenção
Lei posterior que traz benefícios e prejuízos ao réu - Prevalece o
14, II). na modalidade tentada. Ou se pratica a
entendimento de que não é possível combinar as duas Leis. Deve ser
contravenção consumada ou se trata de um
aplicada a Lei que, no todo, seja mais benéfica (teoria da ponderação
indiferente penal
unitária).
Se cometido crime, tanto A prática de contravenção no exterior
no Brasil quanto no não gera efeitos penais, inclusive para Competência para a aplicação da Lei nova mais benéfica
estrangeiro, e vier o fins de reincidência. Só há efeitos penais
agente a cometer em relação à contravenção praticada no • Processo ainda em curso – Compete ao Juízo que está
contravenção, haverá Brasil! conduzindo o processo
reincidência. • Processo já transitado em julgado – Compete ao Juízo
da execução penal (enunciado nº 601 da súmula do STF)
Tempo máximo de Tempo máximo de cumprimento de pena:
cumprimento de pena: 30 05 anos.
anos. Leis excepcionais e temporárias - Continuam a reger os fatos
praticados durante sua vigência, mesmo após expirado o prazo de
Aplicam-se as hipóteses Não se aplicam as hipóteses de vigência ou mesmo após o fim das circunstâncias que determinaram a
de extraterritorialidade extraterritorialidade do art. 7° do edição da lei.
Código Penal.
OBS.: Se houver superveniência de lei abolitiva expressamente
revogando a criminalização prevista na lei temporária ou
excepcional, ela não mais produzirá efeitos.
APLICAÇÃO DA LEI PENAL

LEI PENAL NO TEMPO

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Tempo do crime – Considera-se praticado o delito no momento OBS.: Estas hipóteses dispensam outras condições, bastando que
conduta (ação ou omissão), ainda que outro seja o momento do tenha sido o crime cometido contra estes bens jurídicos.
resultado (adoção da teoria da ATIVIDADE). OBS.2: Será aplicada a lei brasileira ainda que o agente já tenha sido
condenado ou absolvido no exterior.
Crimes continuados e permanentes – Consideram-se como sendo OBS.3: Caso tenha sido o agente condenado no exterior, a pena
praticados enquanto não cessa a continuidade ou permanência. cumprida no exterior será abatida na pena a ser cumprida no
Consequência: se neste período (em que o crime está sendo Brasil (DETRAÇÃO PENAL).
praticado) sobrevier lei nova, mais grave, ela será aplicada (súmula
711 do STF).
EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA - Aplica-se aos
crimes:
§ Que por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir
LEI PENAL NO ESPAÇO § Praticados por brasileiro
REGRA – Aplica-se a lei brasileira ao crime cometido no território § Praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes
nacional (princípio da territorialidade mitigada ou temperada, pois há ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí
exceções). não sejam julgados
Território nacional - Espaço em que o Estado exerce sua Condições:
soberania política. O território brasileiro compreende: ü Entrar o agente no território nacional
• O Mar territorial; ü Ser o fato punível também no país em que foi praticado
ü Estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira
• O espaço aéreo (Teoria da absoluta soberania do país
autoriza a extradição
subjacente);
ü Não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí
• O subsolo cumprido a pena
Território nacional por extensão ü Não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro
• Os navios e aeronaves públicos, onde quer que se motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais
encontrem favorável

• Os navios e aeronaves particulares, que se encontrem


em alto-mar ou no espaço aéreo EXTRATERRITORIALIDADE HIPER-CONDICIONADA - ÚNICA
HIPÓTESE: Crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do
Brasil.
EXTRATERRITORIALIDADE – Aplicação da lei penal brasileira a um
crime praticado fora do território nacional. (hiper) Condições:
Extraterritorialidade INCONDICIONADA - Aplica-se aos crimes Mesmas condições da extraterritorialidade condicionada
cometidos: +
§ Contra a vida ou a liberdade do Presidente da República Não ter sido pedida ou ter sido negada a extradição
§ Contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, Haver requisição do MJ
de Estado, de Território, de Município, de empresa pública,
sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída
pelo Poder Público Lugar do crime - Considera-se praticado o crime no lugar em que
§ Contra a administração pública, por quem está a seu serviço ocorreu a conduta (ação ou omissão), bem como onde se produziu ou
§ De genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no deveria produzir-se o resultado (adoção da teoria da
Brasil UBIQUIDADE).

APLICAÇÃO DA LEI PENAL EM RELAÇÃO ÀS PESSOAS

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SUJEITO ATIVO correr o prazo no dia 10.01.15 às 22h. O dia 10.01.15 é contado como
É a pessoa que, de alguma forma, participa do crime (como autor ou dia inteiro.
como partícipe). É a pessoa que pratica a infração penal. Contagem do prazo de fixação das penas – As frações de dia
OBS.: Pessoa Jurídica pode ser sujeito ativo de crimes (horas e minutos) são desprezadas (arredonda-se para baixo). Ex.: 15
(atualmente, somente de crimes ambientais). Adotava-se a teoria da dias e 12 horas viram 15 dias.
dupla imputação (necessidade de processar, concomitantemente, a Pena de multa – Desprezam-se as frações monetárias (centavos).
pessoa física responsável pelo ato). STF e STJ vêm abandonando Aplicação subsidiária do CP – Regras gerais do CP se aplicam aos
esta teoria. crimes regidos por Lei especial, naquilo que com elas não conflitar.

Imunidades – Regras específicas de (não) aplicação da lei penal a


determinadas pessoas, em determinadas circunstâncias. 2. TEORIA GERAL DO DELITO
CONCEITO DE CRIME
SUJEITO PASSIVO O Crime pode ser entendido sob três aspectos: Material, formal (legal)
É quem sofre a ofensa causada pela infração penal. Pode ser de duas e analítico:
espécies: • Formal (legal) – Crime é a conduta prevista em Lei como crime.
§ Sujeito passivo mediato ou formal – É SEMPRE o Estado, No Brasil, mais especificamente, é toda infração penal a que a lei
pois a ele pertence o dever de manter a ordem pública e punir comina pena de reclusão ou detenção
aqueles que cometem crimes. • Material – Crime é a conduta que afeta, de maneira significativa
§ Sujeito passivo imediato ou material – É o titular do bem (mediante lesão ou exposição a perigo), um bem jurídico
relevante de terceira pessoa.
jurídico efetivamente lesado (Ex.: No furto, o dono da coisa
furtada). • Analítico – Adoção da teoria tripartida. Crime é composto por
fato típico, ilicitude e culpabilidade.
OBS.: O Estado também pode ser sujeito passivo imediato (Ex.: crimes
contra o patrimônio público).
FATO TÍPICO E SEUS ELEMENTOS
O fato típico também se divide em elementos, são eles:
• Conduta humana (alguns entendem possível a
Tópicos importantes
conduta de pessoa jurídica) – Adoção da teoria
§ Pessoa jurídica pode ser sujeito passivo FINALISTA: conduta humana é a ação ou omissão
§ Mortos não podem ser sujeitos passivos (pois não são sujeitos voluntária dirigida a uma determinada finalidade.
de direitos) • Resultado naturalístico – É a modificação do mundo real
§ Animais não podem ser sujeitos passivos (pois não são sujeitos
provocada pela conduta do agente. Apenas nos crimes
de direitos)
materiais se exige um resultado naturalístico. Nos crimes
OBS.: Crime ambiental (ex.: maus-tratos a animais): sujeito passivo formais e de mera conduta não há essa exigência. Além do
é a coletividade. resultado naturalístico (que nem sempre estará presente),
OBS.: Ninguém pode ser sujeito ativo e passivo do MESMO há também o resultado jurídico (ou normativo), que é
crime. Parte da Doutrina entende que isso é possível no crime de rixa, a lesão ao bem jurídico tutelado pela norma penal. Esse
mas isso não é posição unânime resultado sempre estará presente.
• Nexo de causalidade – Nexo entre a conduta do agente e
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES DO CP o resultado. Adoção, pelo CP, da teoria da equivalência
dos antecedentes (considera-se causa do crime toda
Contagem de prazos – Inclui-se o dia do começo. As frações de dia conduta sem a qual o resultado não teria ocorrido).
(do dia do começo) são computadas como dia inteiro. Ex.: Começou a Utilização do elemento subjetivo (dolo ou culpa) como filtro,
para evirar a “regressão infinita”. Adoção, subsidiariamente,
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da teoria da causalidade adequada, na hipótese de • Dolo específico, ou especial fim de agir – Em


concausa superveniente relativamente independente. contraposição ao dolo genérico, nesse caso o agente não
OBS.: Teoria da imputação objetiva não foi quer somente praticar a conduta típica, mas o faz por
expressamente adotada pelo CP, mas há decisões alguma razão especial, com alguma finalidade específica.
jurisprudenciais aplicando a Teoria. • Dolo geral, por erro sucessivo, ou aberratio causae –
• Tipicidade – É a adequação da conduta do agente à Ocorre quando o agente, acreditando ter alcançado seu
conduta descrita pela norma penal incriminadora (tipicidade objetivo, pratica nova conduta, com finalidade diversa,
formal). A tipicidade material é o desdobramento do mas depois se constata que esta última foi a que
conceito material de crime: só haverá tipicidade material efetivamente causou o resultado. Trata-se de erro na
quando houver lesão (ou exposição a perigo) significativa a relação de causalidade, pois embora o agente tenha
bem jurídico relevante de terceiro (afasta-se a tipicidade conseguido alcançar a finalidade proposta, somente o
material, por exemplo, quando se reconhece o princípio da alcançou através de outro meio, que não tinha direcionado
insignificância). OBS.: Adequação típica mediata: Nem para isso.
sempre a conduta praticada pelo agente se amolda • Dolo antecedente, atual e subsequente – O dolo
perfeitamente ao tipo penal (adequação imediata). Às antecedente é o que se dá antes do início da execução da
vezes é necessário que se proceda à conjugação de conduta. O dolo atual é o que está presente enquanto o
outro dispositivo da Lei Penal para se chegar à conclusão agente se mantém exercendo a conduta, e o dolo
de que um fato é típico (adequação mediata). Ex.: homicídio subsequente ocorre quando o agente, embora tendo
tentado (art. 121 + art. 14, II do CP). iniciado a conduta com uma finalidade lícita, altera seu
ânimo, passando a agir de forma ilícita.
CRIME DOLOSO E CRIME CULPOSO
Crime doloso Crime culposo
Dolo direto de primeiro grau - composto pela consciência de que a No crime culposo a conduta do agente é destinada a um determinado
conduta pode lesar um bem jurídico + a vontade de violar (pela lesão fim (que pode ser lícito ou não), mas pela violação a um dever de
ou exposição a perigo) este bem jurídico. cuidado, o agente acaba por lesar um bem jurídico de terceiro,
Dolo direto de segundo grau - também chamado de “dolo de cometendo crime culposo. Pode se dar por:
consequências necessárias”. O agente não quer o resultado, mas • Negligência – O agente deixa de tomar todas as cautelas
sabe que o resultado é um efeito colateral NECESSÁRIO, e pratica necessárias para que sua conduta não venha a lesar o bem
a conduta assim mesmo, sabendo que o resultado (não querido) jurídico de terceiro.
ocorrerá fatalmente. • Imprudência – É o caso do afoito, daquele que pratica
Dolo eventual - consiste na consciência de que a conduta pode gerar atos temerários, que não se coadunam com a prudência
um resultado criminoso + a assunção desse risco, mesmo diante da que se deve ter na vida em sociedade.
probabilidade de algo dar errado. Trata-se de hipótese na qual o agente • Imperícia – Decorre do desconhecimento de uma regra
não tem vontade de produzir o resultado criminoso, mas, analisando técnica profissional para a prática da conduta.
as circunstâncias, sabe que este resultado pode ocorrer e não se
importa, age da mesma maneira. OBS.: diferença em relação ao dolo
direto de segundo grau: aqui o resultado não querido é POSSÍVEL OU O crime culposo é composto de:
PROVÁVEL; no dolo direto de segundo grau o resultado não querido é • Uma conduta voluntária
CERTO (consequência necessária). • A violação a um dever objetivo de cuidado
• Um resultado naturalístico involuntário – O resultado
O dolo pode ser, ainda: produzido não foi querido pelo agente (salvo na culpa
• Dolo genérico – É, basicamente, a vontade de praticar a imprópria).
conduta descrita no tipo penal, sem nenhuma outra • Nexo causal
finalidade.
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• Tipicidade – Adoção da excepcionalidade do crime ineficácia do meio. Adoção da teoria objetiva da punibilidade da
culposo. Só haverá punição a título de culpa se houver tentativa inidônea: a conduta do agente não é punível.
expressa previsão legal nesse sentido. Desistência voluntária - Na desistência voluntária o agente, por ato
• Previsibilidade objetiva - O resultado ocorrido deve ser voluntário, desiste de dar sequência aos atos executórios, mesmo
previsível mediante um esforço intelectual razoável. É podendo fazê-lo. FÓRMULA DE FRANK: (1) Na tentativa – O agente
chamada previsibilidade do “homem médio”. quer, mas não pode prosseguir; (2) Na desistência voluntária – O
agente pode, mas não quer prosseguir. Se o resultado não ocorre, o
agente não responde pela tentativa, mas apenas pelos atos
Modalidades de culpa
efetivamente praticados.
• Culpa consciente e inconsciente – Na culpa
Arrependimento eficaz - Aqui o agente já praticou todos os atos
consciente, o agente prevê o resultado como possível,
executórios que queria e podia, mas após isto, se arrepende do ato e
mas acredita que este não irá ocorrer (previsibilidade
adota medidas que acabam por impedir a consumação do resultado.
SUBJETIVA). Na culpa inconsciente, o agente não
Se o resultado não ocorre, o agente não responde pela tentativa, mas
prevê que o resultado possa ocorrer (há apenas
apenas pelos atos efetivamente praticados.
previsibilidade OBJETIVA, não subjetiva).
Arrependimento posterior - Não exclui o crime, pois este já se
• Culpa própria e culpa imprópria – A culpa própria é
consumou. Ocorre quando o agente repara o dano provocado ou
aquela na qual o agente NÃO QUER O RESULTADO
restitui a coisa. Consequência: diminuição de pena, de um a dois
criminoso. É a culpa propriamente dita. Pode ser
terços. Só cabe:
consciente, quando o agente prevê o resultado como
possível, ou inconsciente, quando não há essa previsão. Na • Nos crimes em que não há violência ou grave ameaça à pessoa;
culpa imprópria, o agente quer o resultado, mas, por • Se a reparação do dano ou restituição da coisa é anterior ao
erro inescusável, acredita que o está fazendo amparado recebimento da denúncia ou queixa.
por uma causa excludente da ilicitude ou da culpabilidade.
A culpa, portanto, não está na execução da conduta, mas ILICITUDE (ANTIJURIDICIDADE)
no momento de escolher praticar a conduta.
É a condição de contrariedade da conduta perante o Direito. Em regra,
OBS.: crime preterdoloso (ou preterintencional): O crime toda conduta típica é ilícita. Não o será, porém, se houver uma causa
preterdoloso ocorre quando o agente, com vontade de praticar de exclusão da ilicitude. São elas:
determinado crime (dolo), acaba por praticar crime mais grave, não
com dolo, mas por culpa. • Genéricas – São aquelas que se aplicam a todo e qualquer crime.
Estão previstas na parte geral do Código Penal, em seu art. 23;
• Específicas – São aquelas que são próprias de determinados
CRIME CONSUMADO, TENTADO E IMPOSSÍVEL crimes, não se aplicando a outros.
Crime consumado – ocorre quando todos os elementos da definição
legal da conduta criminosa estão presentes.
CAUSAS GENÉRICAS DE EXCLUSÃO DA ILICITUDE
Crime tentado – há crime tentado quando o resultado não ocorre por
circunstâncias alheias à vontade do agente. Adoção da teoria objetiva
da punibilidade da tentativa: como regra, o agente responde pela ESTADO DE NECESSIDADE
pena do crime consumado, diminuída de um a dois terços. EXCEÇÃO: Conceito – “Considera-se em estado de necessidade quem pratica o
(1) crimes em que a mera tentativa de alcançar o resultado já consuma fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade,
o delito. Ex: art. 352 do CP (Evasão mediante violência contra a nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo
pessoa); (2) outras exceções legais. sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se”.
Crime impossível (tentativa inidônea ou crime oco) – o resultado Se bem sacrificado era de valor maior que o bem protegido –
não ocorre por ser absolutamente impossível sua ocorrência, em Não há justificação. A conduta é ilícita. O agente, contudo, tem a pena
razão: (1) da absoluta impropriedade do objeto; ou (2) da absoluta diminuída de um a dois terços.
Requisitos
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• Não ter sido criada voluntariamente pelo agente (ou • Reação proporcional – O agente deve repelir a agressão
seja, se foi ele mesmo quem deu causa, não poderá injusta, valendo-se dos meios necessários, mas sem se
sacrificar o direito de um terceiro a pretexto de salvar o exceder. Caso se exceda, responderá pelo excesso (culposo
seu). ou doloso).
• Perigo atual – O perigo deve estar ocorrendo. A lei não OBS.: Na legítima defesa, diferentemente do que ocorre no estado de
permite o estado de necessidade diante de um perigo futuro, necessidade, o agredido (que age em legítima defesa) não é obrigado
ainda que iminente. a fugir do agressor, ainda que possa.
• A situação de perigo deve estar expondo à lesão um bem Espécies de legítima defesa:
jurídico do próprio agente ou de um terceiro. • Agressiva – Quando o agente pratica um fato previsto
• O agente não pode ter o dever jurídico de impedir o como infração penal.
resultado. • Defensiva – O agente se limita a se defender, não atacando
• Bem jurídico sacrificado deve ser de valor igual ou nenhum bem jurídico do agressor.
inferior ao bem protegido - Se o bem sacrificado era de • Própria – Quando o agente defende seu próprio bem
valor maior que o bem protegido, não há justificação. A jurídico.
conduta é ilícita. O agente, contudo, tem a pena diminuída
• De terceiro – Quando defende bem jurídico pertencente a
de um a dois terços.
outra pessoa.
• Atitude necessária – O agente deve agir nos estritos
• Real – Quando a agressão a iminência dela acontece, de
limites do necessário. Caso se exceda, responderá pelo
fato, no mundo real.
excesso (culposo ou doloso).
• Putativa – Quando o agente pensa que está sendo agredido
Espécies:
ou que esta agressão irá ocorrer, mas, na verdade, trata-se
• Agressivo – Quando para salvar seu bem jurídico o agente de fruto da sua imaginação.
sacrifica bem jurídico de um terceiro que não provocou
a situação de perigo.
ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL
• Defensivo – Quando o agente sacrifica um bem jurídico
de quem ocasionou a situação de perigo. Conceito – Ocorre quando o agente pratica fato típico, mas o faz em
cumprimento a um dever previsto em lei.
• Real – Quando a situação de perigo efetivamente existe.
Observações importantes:
• Putativo – Quando a situação de perigo não existe de fato,
apenas na imaginação do agente. • Se um terceiro colabora com aquele que age no estrito
cumprimento do dever legal, a ele também se estende essa
causa de exclusão da ilicitude (há comunicabilidade).
LEGÍTIMA DEFESA • O particular também pode agir no estrito cumprimento do dever
Conceito – “Entende-se em legítima defesa quem, usando legal.
moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual
ou iminente, a direito seu ou de outrem”.
EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO
Requisitos:
Conceito – Ocorre quando o agente pratica fato típico, mas o faz no
• Agressão Injusta – Assim, se a agressão é justa, não há exercício de um direito seu. Dessa forma, quem age no legítimo
legítima defesa. exercício de um direito seu, não poderá estar cometendo crime, pois a
• Atual ou iminente – A agressão deve estar acontecendo ou ordem jurídica deve ser harmônica. Ex.: Lutador de vale-tudo que
prestes a acontecer. agride o oponente.
• Contra direito próprio ou alheio – A agressão injusta pode Excesso punível – Da mesma forma que nas demais hipóteses, o
estar acontecendo ou prestes a acontecer contra direito do agente responderá pelo excesso (culposo ou doloso). O excesso, aqui,
próprio agente ou de um terceiro. irá se verificar sempre que o agente ultrapassar os limites do direito
que possui (não estará mais no exercício REGULAR de direito).
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OBS.: Adotado pelo CP em relação à


CULPABILIDADE inimputabilidade por doença mental e embriaguez
CONCEITO - Juízo de reprovabilidade acerca da conduta do agente, decorrente de caso fortuito ou força maior.
considerando-se suas circunstâncias pessoais.
OBS.: Em qualquer caso, a inimputabilidade é aferida no momento do fato
criminoso.
TEORIAS
TEORIAS ACERCA DA CULPABILIDADE
Causas de inimputabilidade penal (exclusão da imputabilidade)
PSICOLÓGICA Imputabilidade (pressuposto) + dolo ou culpa
Menoridade penal – São inimputáveis os menores de 18 anos
PSICOLÓGICO- Imputabilidade + exigibilidade de conduta diversa + (critério biológico)
NORMATIVA culpa + dolo natural (consciência e vontade) + dolo Doença mental e Desenvolvimento mental incompleto ou
normativo (consciência da ilicitude) retardado – Requisitos:
EXTREMADA Imputabilidade + exigibilidade de conduta diversa + • Que o agente possua a doença (critério biológico)
dolo normativo (POTENCIAL consciência da ilicitude) • Que o agente seja inteiramente incapaz de entender o
caráter ilícito do fato OU inteiramente incapaz de
LIMITADA Mesmos elementos da teoria ADOTADA
determinar-se conforme este entendimento (critério
extremada + divergência quanto ao PELO CP
psicológico)
tratamento das descriminantes
putativas decorrentes de erro sobre Obs.: Se, em decorrência da doença, o agente tinha discernimento
pressupostos fáticos (entende que PARCIAL (semi-imputabilidade), NÃO É ISENTO DE PENA (não afasta
devem ser tratadas como erro de a imputabilidade). Neste caso, há redução de pena (um a dois terços).
tipo, e não erro de proibição).
Embriaguez – Requisitos:
ELEMENTOS • Que o agente esteja completamente embriagado
IMPUTABILIDADE - Capacidade mental de entender o caráter ilícito (critério biológico)
da conduta e de comportar-se conforme o Direito. • Que se trate de embriagues decorrente de caso fortuito ou
Critérios para aferição da imputabilidade: força maior
CRITÉRIOS PARA AFERIÇÃO DA IMPUTABILIDADE • Que o agente seja inteiramente incapaz de entender o
caráter ilícito do fato OU inteiramente incapaz de
BIOLÓGIO Basta a existência de uma característica determinar-se conforme este entendimento (critério
biológica (doença mental ou determinada idade) psicológico)
para que o agente seja inimputável.
OBS.: Adotado pelo CP em relação à
inimputabilidade por menoridade penal.
PSICOLÓGICO Só se pode aferir a imputabilidade (ou não), na
Obs.: Se, em decorrência da embriaguez, o agente tinha
análise do caso concreto (se o agente tinha
discernimento PARCIAL (semi-imputabilidade), NÃO É ISENTO DE
discernimento).
PENA (não afasta a imputabilidade). Neste caso, há redução de pena
BIOPSICOLÓGICO Conjuga a presença de um elemento biológico (um a dois terços).
(doença mental ou idade) com a necessidade de se
avaliar se o agente, no caso concreto, tinha
Esquema:
discernimento.

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§ Escusável – Quando o agente não poderia conhecer, de fato, a


presença do elemento do tipo. Qualquer pessoa, nas mesmas
MENORIDADE MENORES DE condições, cometeria o mesmo erro.
PENAL 18 ANOS INIMPUTÁVEIS § Inescusável – Ocorre quando o agente incorre em erro sobre
SEM elemento essencial do tipo, mas poderia, mediante um esforço
DISCERNIMENTO INIMPUTÁVEL mental razoável, não ter agido desta forma.
DOENÇA ALGUM
MENTAL DISCERNIMENTO REDUÇÃO DE PENA (UM A
CAUSAS DE
INIMPUTABILIDADE PARCIAL DOIS TERÇOS) OBS.: Erro de tipo permissivo - O erro de “tipo permissivo” é o erro
VOLUNTÁRIA
NÃO AFASTA A sobre os pressupostos objetivos de uma causa de justificação
(DOLOSA OU
CULPOSA)
IMPUTABILIDADE (excludente de ilicitude).
SEM
EMBRIAGUEZ ACIDENTAL DISCERNIMENTO INIMPUTÁVEL
(CASO ALGUM ERRO DE TIPO ACIDENTAL - O erro de tipo acidental nada mais é
FORTUITO
OU FORÇA DISCERNIMENTO
REDUÇÃO DE PENA que um erro na execução do fato criminoso ou um desvio no nexo
(UM A DOIS
MAIOR) PARCIAL
TERÇOS) causal da conduta com o resultado. Pode ser:

Erro sobre a pessoa (error in persona) - Aqui o agente pratica o


POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE - Possibilidade de o ato contra pessoa diversa da pessoa visada, por confundi-la com
agente, de acordo com suas características, conhecer o caráter ilícito a pessoa que deveria ser o alvo do delito. Não existe falha na execução,
do fato. Quando o agente atua acreditando que sua conduta não é mas na escolha da vítima. CONSEQUÊNCIA - O agente responde
penalmente ilícita, comete erro de proibição. como se tivesse praticado o crime CONTRA A PESSOA VISADA
(teoria da equivalência).

EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA - Não basta que o agente


seja imputável e que tenha potencial conhecimento da ilicitude do fato, Erro sobre o nexo causal - O agente alcança o resultado
é necessário, ainda, que o agente pudesse agir de outro modo. Não efetivamente pretendido, mas em razão de um nexo causal diferente
havendo tal elemento, afastada está a culpabilidade. Exemplos: daquele que o agente planejou. Pode ser de duas espécies:

§ Coação MORAL irresistível – Ocorre quando uma pessoa coage § Erro sobre o nexo causal em sentido estrito - Com um só
outra a praticar determinado crime, sob a ameaça de lhe fazer ato, provoca o resultado pretendido (mas com nexo causal
algum mal grave. Obs.: A coação FÍSICA irresistível NÃO diferente).
EXCLUI A CULPABILIDADE. A coação FÍSICA irresistível § Dolo geral ou aberratio causae – Também chamado de DOLO
EXCLUI O FATO TÍPICO, por ausência de vontade (ausência de GERAL OU SUCESSIVO. Ocorre quando o agente, acreditando já
conduta). ter ocorrido o resultado pretendido, pratica outro ato, mas ao
§ Obediência hierárquica – É o ato cometido por alguém em final verifica que este último foi o que provocou o resultado.
cumprimento a uma ordem não manifestamente ilegal proferida CONSEQUÊNCIA: Responde por apenas um crime (há posições
por um superior hierárquico. Obs.: prevalece que só se aplica em contrário), pelo crime originalmente previsto (TEORIA
aos funcionários públicos. UNITÁRIA ou princípio unitário). Responde, ainda, de acordo
com o nexo causal efetivamente ocorrido.

ERRO
Erro na execução (aberratio ictus) - Aqui o agente atinge pessoa
ERRO DE TIPO ESSENCIAL – O agente pratica um fato considerado diversa daquela que fora visada, não por confundi-la, mas por ERRAR
típico, mas o faz por ter incidido em erro sobre algum de seus NA HORA DE EXECUTAR O DELITO. Pode ser de duas espécies:
elementos. É a representação errônea da realidade. O erro de tipo pode
§ Erro sobre a execução com unidade simples (Aberratio
ser:
ictus de resultado único ou em sentido estrito) - O agente
atinge somente a pessoa diversa daquela visada.

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APOSTILA DE DIREITO PENAL PARA OFICIAL DA PM/PA APOSTILA DE DIREITO PENAL PARA OFICIAL DA PM/PA
(RESUMO GRATUITO) (RESUMO GRATUITO)
PROF. RENAN ARAUJO PROF. RENAN ARAUJO

§ Erro sobre a execução com unidade complexa (Aberratio § Inescusável – O erro não é tão perdoável, pois era possível,
ictus de resultado duplo ou em sentido amplo) - O agente mediante algum esforço, entender que se tratava de conduta
atinge a vítima não visada, mas atinge também a vítima penalmente ilícita. Não afasta a culpabilidade. Há
originalmente pretendida. Nesse caso, responde pelos dois diminuição de pena de um sexto a um terço.
crimes, em CONCURSO FORMAL.
OBS.: Erro de proibição indireto - ocorre quando o agente atua
Erro sobre o crime ou resultado diverso do pretendido acreditando que existe uma causa de justificação que o ampare.
(aberratio delicti ou aberratio criminis) - Aqui o agente pretendia Diferença entre erro de proibição indireto e erro de tipo
cometer um crime, mas, por acidente ou erro na execução, acaba permissivo:
cometendo outro. Aqui há uma relação de pessoa x coisa (ou coisa x § Erro de tipo permissivo – O agente atua acreditando que, no
pessoa). Pode ser de duas espécies: caso concreto, estão presentes os requisitos fáticos que
§ Com unidade simples - O agente atinge apenas o resultado caracterizam a causa de justificação e, portanto, sua conduta
NÃO PRETENDIDO. O agente responde apenas por um delito, da seria justa.
seguinte forma: § Erro de proibição indireto – O agente atua acreditando que
Ø Pessoa visada, coisa atingida – Responde pelo dolo em existe, EM ABSTRATO, alguma descriminante (causa de
relação à pessoa (tentativa de homicídio ou lesões justificação) que autorize sua conduta. Trata-se de erro sobre
corporais). a existência e/ou limites de uma causa de justificação em
Ø Coisa visada, pessoa atingida – Responde apenas pelo abstrato. Erro, portanto, sobre o ordenamento jurídico (erro
resultado ocorrido em relação à pessoa. normativo).

§ Com unidade complexa - O agente atinge tanto o alvo (coisa


3. CONCURSO DE PESSOAS
ou pessoa) quanto a coisa (ou pessoa) não pretendida.
Responderá por AMBOS OS CRIMES, em CONCURSO FORMAL.
CONCURSO DE PESSOAS
Erro sobre o objeto (error in objecto) - Aqui o agente incide em Conceito - Colaboração de dois ou mais agentes para a prática de uma
erro sobre a COISA visada, sobre o objeto material do delito. Prevalece infração penal.
que não há qualquer relevância para fins de afastamento do do dolo Teoria adotada pelo CP – Teoria monista temperada (ou
ou da culpa, bem como não se afasta a culpabilidade. mitigada): todos aqueles que participam da conduta delituosa
CONSEQUÊNCIA: A doutrina majoritária (há divergência) sustenta respondem pelo mesmo crime, mas cada um na medida de sua
que o agente deve responder pela conduta efetivamente praticada culpabilidade. Há exceções à teoria monista (Ex.: aborto praticado
(independentemente da coisa visada). por terceiro, com consentimento da gestante. A gestante responde
pelo crime do art. 126 e o terceiro pelo crime do art. 124).
ERRO DETERMINADO POR TERCEIRO - No erro determinado (ou Espécies:
provocado) por terceiro o agente erra porque alguém o induz a isso. § EVENTUAL – O tipo penal não exige que o fato seja praticado
Só responde pelo delito aquele que provoca o erro (modalidade de por mais de uma pessoa.
autoria mediata).
§ NECESSÁRIO – O tipo penal exige que a conduta seja
praticada por mais de uma pessoa. Divide-se em: a) condutas
ERRO DE PROIBIÇÃO - Quando o agente age acreditando que sua paralelas (crimes de conduta unilateral): Aqui os agentes
conduta não é ilícita, comete ERRO DE PROIBIÇÃO (art. 21 do CP). O praticam condutas dirigidas à obtenção da mesma finalidade
erro de proibição pode ser: criminosa (associação criminosa, art. 288 do CPP); b)
§ Escusável – Qualquer pessoa, nas mesmas condições, condutas convergentes (crimes de conduta bilateral ou de
cometeria o mesmo erro. Afasta a culpabilidade (agente fica encontro): Nesta modalidade os agentes praticam condutas que
isento de pena). se encontram e produzem, juntas, o resultado pretendido (ex.

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DOS CRIMES CONTRA A PESSOA
Homicídio

Homicídio culposo
Homicídio simples § 3º Se o homicídio é culposo:

Art. 121. Matar alguem: Pena - detenção, de um a três anos.

Pena - reclusão, de seis a vinte anos. Aumento de pena

Caso de diminuição de pena § 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta
de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar
imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de
evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço)
relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta)
emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz anos.
pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as
Homicídio qualificado consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal
se torne desnecessária.
§ 2° Se o homicídio é cometido:
§ 6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por
milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro extermínio.
motivo torpe;
II - por motivo futil; § 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou praticado:
outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo
comum; I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto;
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou
outro recurso que dificulte ou torne impossivel a defesa do ofendido; II - contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou com doenças
degenerativas que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental;
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou
vantagem de outro crime:
III - na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima;

Pena - reclusão, de doze a trinta anos. IV - em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos
I, II e III do caput do art. 22 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006.
LESÕES CORPORAIS
Feminicídio

VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino


Lesão corporal
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição
Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge,
companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa Pena - detenção, de três meses a um ano.
condição
Lesão corporal de natureza grave
VIII - com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido:
§ 1º Se resulta:
Homicídio contra menor de 14 (quatorze) anos
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;
IX - contra menor de 14 (quatorze) anos Pena - reclusão, de doze a trinta anos.

II - perigo de vida;
§ 2o-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o
crime envolve:
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;
I - violência doméstica e familiar;
IV - aceleração de parto:
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher.

Pena - reclusão, de um a cinco anos.


§ 2º-B. A pena do homicídio contra menor de 14 (quatorze) anos é
aumentada de:
§ 2° Se resulta:
I - 1/3 (um terço) até a metade se a vítima é pessoa com deficiência ou
com doença que implique o aumento de sua vulnerabilidade; I - Incapacidade permanente para o trabalho;
II - 2/3 (dois terços) se o autor é ascendente, padrasto ou madrasta, tio,
irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima II - enfermidade incuravel;
ou por qualquer outro título tiver autoridade sobre ela.
III perda ou inutilização do membro, sentido ou função;

IV - deformidade permanente;

V - aborto:

Pena - reclusão, de dois a oito anos.


Lesão corporal seguida de morte Violência Doméstica

§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o § 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou
agente não quís o resultado, nem assumiu o risco de produzí-lo: companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente
das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos.
Diminuição de pena
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas
§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de no § 9o deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço).
relevante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta
emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz § 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for
pode reduzir a pena de um sexto a um terço. cometido contra pessoa portadora de deficiência.

Substituição da pena § 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da
Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança
§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou
substituir a pena de detenção pela de multa, de duzentos mil réis parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição, a pena é aumentada de um
a dois contos de réis: a dois terços.

I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior; § 13. Se a lesão for praticada contra a mulher, por razões da condição do sexo feminino,
nos termos do § 2º-A do art. 121 deste Código:
II - se as lesões são recíprocas.
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro anos).
Lesão corporal culposa

§ 6° Se a lesão é culposa
CAPÍTULO IV
DA RIXA
Pena - detenção, de dois meses a um ano.
Rixa
Aumento de pena
Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os contendores:
o
§ 7 Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer
qualquer das hipóteses dos §§ 4o e 6o do art. 121 deste Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.
Código.
Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal de natureza grave,
§ 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. aplica-se, pelo fato da participação na rixa, a pena de detenção, de seis meses
121. a dois anos.
CAPÍTULO V
DOS CRIMES CONTRA A HONRA

Calúnia

Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.

§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga.

§ 2º - É punível a calúnia contra os mortos.

Exceção da verdade

§ 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo:

I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível;

II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141;

III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.

Difamação

Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

Exceção da verdade

Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções.

Injúria

Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:

Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:

I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;

II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.

§ 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes:
CAPÍTULO VI
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL

SEÇÃO I
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL

Constrangimento ilegal

Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou


depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de
resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda: Ameaça

Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito
ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de
Aumento de pena causar-lhe mal injusto e grave:

§ 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro, quando, para Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
a execução do crime, se reúnem mais de três pessoas, ou há emprego de
armas. Parágrafo único - Somente se procede mediante
representação.
§ 2º - Além das penas cominadas, aplicam-se as correspondentes à
violência.

§ 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo:

I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do


paciente ou de seu representante legal, se justificada por iminente
perigo de vida;

II - a coação exercida para impedir suicídio.


Perseguição Sequestro e cárcere privado
Art. 147-A. Perseguir alguém, reiteradamente e por qualquer meio, ameaçando-lhe a integridade física ou Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade,
psicológica, restringindo-lhe a capacidade de locomoção ou, de qualquer forma, invadindo ou perturbando mediante seqüestro ou cárcere
sua esfera de liberdade ou privacidade. (Incluído pela Lei nº 14.132, de 2021) privado: (Vide Lei nº 10.446, de 2002)

Pena - reclusão, de um a três anos.


Pena – reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 14.132, de 2021)
§ 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco
§ 1º A pena é aumentada de metade se o crime é cometido: (Incluído pela Lei nº 14.132, de 2021) anos:

I – contra criança, adolescente ou idoso; (Incluído pela Lei nº 14.132, de 2021) I – se a vítima é ascendente, descendente,
cônjuge ou companheiro do agente ou maior de
60 (sessenta) anos; (Redação dada pela Lei
II – contra mulher por razões da condição de sexo feminino, nos termos do § 2º-A do art. 121 deste
nº 11.106, de 2005)
Código; (Incluído pela Lei nº 14.132, de 2021)
II - se o crime é praticado mediante
III – mediante concurso de 2 (duas) ou mais pessoas ou com o emprego de arma. (Incluído pela Lei internação da vítima em casa de saúde ou
nº 14.132, de 2021) hospital;

III - se a privação da liberdade dura mais de


§ 2º As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à violência. (Incluído quinze dias.
pela Lei nº 14.132, de 2021)
IV – se o crime é praticado contra menor de
§ 3º Somente se procede mediante representação. (Incluído pela Lei nº 14.132, de 2021) 18 (dezoito) anos; (Incluído pela Lei nº
11.106, de 2005)
Violência psicológica contra a mulher (Incluído pela Lei nº 14.188, de 2021)
V – se o crime é praticado com fins
libidinosos. (Incluído pela Lei nº 11.106, de
Art. 147-B. Causar dano emocional à mulher que a prejudique e perturbe seu pleno 2005)
desenvolvimento ou que vise a degradar ou a controlar suas ações, comportamentos, crenças e
decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, chantagem, § 2º - Se resulta à vítima, em razão de
maus-tratos ou da natureza da detenção, grave
ridicularização, limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que cause prejuízo à sua saúde sofrimento físico ou moral:
psicológica e autodeterminação: (Incluído pela Lei nº 14.188, de 2021)
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa, se a conduta não constitui crime mais
grave. (Incluído pela Lei nº 14.188, de 2021)
Direito Penal
Crimes contra o Patrimônio - Parte I
Douglas Vargas

CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO - PARTE I

1. FURTO
CP, Art. 155. Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa.

O art. 155 trata da conduta daquele que subtrai, para si ou para outrem, coisa alheia móvel.
Segundo a lição da maior parte dos doutrinadores, o delito de furto tutela a propriedade,
a posse e a detenção legítimas da coisa móvel.
O conceito em si é simples, mas não se iluda: o delito de furto é cheio de nuances e
detalhes que demandam um estudo mais aprofundado deste tipo penal.
Nesse sentido, vamos iniciar a análise do art. 155 destrinchando exatamente o que o
legislador quer dizer com coisa alheia móvel, segundo a doutrina majoritária.

1.1. COISA
Coisa é todo objeto de natureza corpórea.
A primeira observação que precisamos fazer sobre a coisa furtada é a seguinte:

O valor da coisa pode ser tanto financeiro como sentimental.

Dessa forma, não cabe ao autor de furto alegar que o delito por ele praticado é
irrelevante pois a coisa furtada não possui valor de mercado. Se houver valor sentimental
ou afetivo, basta.
A lista de coisas que podem ser objeto material de furto é praticamente infinita. Afinal
de contas, tudo aquilo que possui algum valor econômico ou sentimental integra a lista de
objetos materiais do delito.
Entretanto, é importante observar o seguinte posicionamento do STJ, no sentido de
que não podem ser objeto material do crime de furto::

Cartões Folhas de
Bancários. cheque.

Isso ocorre pois, segundo o STJ, esses objetos não possuem valor econômico que possa
ensejar a caracterização de um delito contra o patrimônio.

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Roubo

Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à
impossibilidade de resistência:

Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.

§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do
crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.

§ 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade: (Redação dada pela Lei nº 13.654, de 2018)

I – (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.654, de 2018)

II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;

III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância.

IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior; (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)

V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)

VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou
emprego. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)

VII - se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma branca; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços): (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)

I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo; (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)

II – se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum. (Incluído pela Lei
nº 13.654, de 2018)

§ 2º-B. Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido, aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste
artigo. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

§ 3º Se da violência resulta: (Redação dada pela Lei nº 13.654, de 2018)

I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, e multa; (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)

II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)

Extorsão
Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a
fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa:

Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.

§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de um terço até metade.

§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do artigo anterior. Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90

§ 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena
é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o,
respectivamente. (Incluído pela Lei nº 11.923, de 2009)
Extorsão mediante sequestro

Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate: Vide Lei nº
8.072, de 25.7.90 (Vide Lei nº 10.446, de 2002)

Pena - reclusão, de oito a quinze anos.. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)

§ 1o Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é
cometido por bando ou quadrilha. Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90 (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)

Pena - reclusão, de doze a vinte anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)

§ 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90

Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)

§ 3º - Se resulta a morte: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90

Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)

§ 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do seqüestrado, terá sua pena reduzida
de um a dois terços. (Redação dada pela Lei nº 9.269, de 1996)

Extorsão indireta

Art. 160 - Exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando da situação de alguém, documento que pode dar causa a procedimento criminal contra a
vítima ou contra terceiro:

Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.


Apropriação indébita previdenciária (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
DA APROPRIAÇÃO INDÉBITA
Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos contribuintes,
Apropriação indébita no prazo e forma legal ou convencional: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
posse ou a detenção:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. § 1o Nas mesmas penas incorre quem deixar de: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

Aumento de pena I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância destinada à previdência social que
tenha sido descontada de pagamento efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada do
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o agente público; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
recebeu a coisa:
II – recolher contribuições devidas à previdência social que tenham integrado despesas contábeis ou
custos relativos à venda de produtos ou à prestação de serviços;
I - em depósito necessário;
III - pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas ou valores já tiverem sido
II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário,
reembolsados à empresa pela previdência social.
inventariante, testamenteiro ou depositário judicial; § 2o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara, confessa e efetua o pagamento
III - em razão de ofício, emprego ou profissão. das contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência social, na
forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal.

§ 3o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o agente for
Apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou força da natureza primário e de bons antecedentes, desde que: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder por erro, I – tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de oferecida a denúncia, o pagamento da
caso fortuito ou força da natureza: contribuição social previdenciária, inclusive acessórios; ou
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
Parágrafo único - Na mesma pena incorre:
II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele
Apropriação de tesouro estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento
I - quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria, no todo ou em parte, da de suas execuções fiscais. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
quota a que tem direito o proprietário do prédio;

Apropriação de coisa achada § 4o A faculdade prevista no § 3o deste artigo não se aplica aos casos de parcelamento de
contribuições cujo valor, inclusive dos acessórios, seja superior àquele estabelecido,
II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais. (Incluído
deixando de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade pela Lei nº 13.606, de 2018)
competente, dentro no prazo de quinze dias.

Art. 170 - Nos crimes previstos neste Capítulo, aplica-se o disposto no art. 155, §
2º.
DA RECEPTAÇÃO
Receptação

Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a
adquira, receba ou oculte: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)

Receptação qualificada (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)

§ 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito
próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, coisa que deve saber ser produto de crime:
Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)

§ 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito do parágrafo anterior, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercício em
residência. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)

§ 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio
criminoso: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)

Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas as penas. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)

§ 4º - A receptação é punível, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor do crime de que proveio a coisa.
§ 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode o juiz, tendo em consideração as circunstâncias, deixar de aplicar a pena. Na receptação dolosa aplica-se o disposto
no § 2º do art. 155. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)

§ 6o Tratando-se de bens do patrimônio da União, de Estado, do Distrito Federal, de Município ou de autarquia, fundação pública, empresa pública, sociedade de economia
mista ou empresa concessionária de serviços públicos, aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste artigo.

Receptação de animal
DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL
Art. 180-A. Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito ou vender, com a finalidade de produção ou de comercialização, semovente domesticável de
(Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
produção, ainda que abatido ou dividido em partes, que deve saber ser produto de crime: (Incluído pela Lei nº 13.330, de 2016)

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 13.330, de 2016)
25/02/2022 13:17 DEL2848compilado 25/02/2022 13:17 DEL2848compilado

Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o
agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou
Destruição, subtração ou ocultação de cadáver função. (Incluído pela Lei nº 10.224, de 15 de 2001)
Art. 211 - Destruir, subtrair ou ocultar cadáver ou parte dele:
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos. (Incluído pela Lei nº 10.224, de 15 de 2001)
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
Parágrafo único. (VETADO) (Incluído pela Lei nº 10.224, de 15 de 2001)
Vilipêndio a cadáver
§ 2o A pena é aumentada em até um terço se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos. (Incluído pela Lei nº
Art. 212 - Vilipendiar cadáver ou suas cinzas: 12.015, de 2009)
Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
CAPÍTULO I-A
(Incluído pela Lei nº 13.772, de 2018)
TÍTULO VI
DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL
(Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) DA EXPOSIÇÃO DA INTIMIDADE SEXUAL

CAPÍTULO I Registro não autorizado da intimidade sexual


DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE SEXUAL
(Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) Art. 216-B. Produzir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, conteúdo com cena de nudez ou ato sexual
ou libidinoso de caráter íntimo e privado sem autorização dos participantes: (Incluído pela Lei nº 13.772, de 2018)
Estupro
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e multa.
Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou
permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem realiza montagem em fotografia, vídeo, áudio ou qualquer outro
registro com o fim de incluir pessoa em cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo. (Incluído pela Lei
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) nº 13.772, de 2018)

CAPÍTULO II
§ 1o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior de
DOS CRIMES SEXUAIS CONTRA VULNERÁVEL
14 (catorze) anos: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
(Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)

Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) Sedução

§ 2o Se da conduta resulta morte: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) Art. 217 - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)

Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) Estupro de vulnerável (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

Art. 214 - (Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009) Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos:
(Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Violação sexual mediante fraude (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que
impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) § 1o Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por enfermidade ou
deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não
pode oferecer resistência. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)

Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa. § 2o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
(Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 3o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Importunação sexual (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Art. 215-A. Praticar contra alguém e sem a sua anuência ato libidinoso com o objetivo de satisfazer a própria
lascívia ou a de terceiro: (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018) § 4o Se da conduta resulta morte: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o ato não constitui crime mais grave. (Incluído pela Lei nº 13.718, Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
de 2018)

§ 5º As penas previstas no caput e nos §§ 1º, 3º e 4º deste artigo aplicam-se independentemente do


Art. 216. (Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009) consentimento da vítima ou do fato de ela ter mantido relações sexuais anteriormente ao crime. (Incluído pela Lei nº
13.718, de 2018)
Assédio sexual (Incluído pela Lei nº 10.224, de 15 de 2001)
Corrupção de menores

www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm 46/80 www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm 47/80


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Art. 218. Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a satisfazer a lascívia de outrem: (Redação dada pela Excesso de exação
Lei nº 12.015, de 2009)
§ 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido,
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza: (Redação dada pela Lei nº 8.137, de
27.12.1990)
Parágrafo único. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)

Satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente (Incluído pela Lei nº 12.015, de § 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos
2009) cofres públicos:

Art. 218-A. Praticar, na presença de alguém menor de 14 (catorze) anos, ou induzi-lo a presenciar, conjunção Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou de outrem: (Incluído pela Lei nº 12.015, de
2009) Corrupção passiva

Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:

Favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003)
vulnerável. (Redação dada pela Lei nº 12.978, de 2014)
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou
deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional.
Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de exploração sexual alguém menor de 18
(dezoito) anos ou que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, § 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a
facilitá-la, impedir ou dificultar que a abandone: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) pedido ou influência de outrem:

Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.

Facilitação de contrabando ou descaminho


§ 1o Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa. (Incluído
pela Lei nº 12.015, de 2009) Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de contrabando ou descaminho (art. 334):

Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)
§ 2o Incorre nas mesmas penas: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Prevaricação
I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém menor de 18 (dezoito) e maior de 14
(catorze) anos na situação descrita no caput deste artigo; (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de
lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal:
II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifiquem as práticas referidas no caput deste
artigo. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público, de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso
§ 3o Na hipótese do inciso II do § 2o, constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da licença de a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente
localização e de funcionamento do estabelecimento. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) externo: (Incluído pela Lei nº 11.466, de 2007).

Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.


Divulgação de cena de estupro ou de cena de estupro de vulnerável, de cena de sexo ou de pornografia
(Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018) Condescendência criminosa

Art. 218-C. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, vender ou expor à venda, distribuir, publicar ou divulgar, por Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício
qualquer meio - inclusive por meio de comunicação de massa ou sistema de informática ou telemática -, fotografia, vídeo do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente:
ou outro registro audiovisual que contenha cena de estupro ou de estupro de vulnerável ou que faça apologia ou induza
a sua prática, ou, sem o consentimento da vítima, cena de sexo, nudez ou pornografia: (Incluído pela Lei nº 13.718, de Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
2018)
Advocacia administrativa
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o fato não constitui crime mais grave. (Incluído pela Lei nº 13.718, Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração pública, valendo-se da
de 2018) qualidade de funcionário:

Aumento de pena (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018) Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.

Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo:


§ 1º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços) se o crime é praticado por agente que mantém ou
tenha mantido relação íntima de afeto com a vítima ou com o fim de vingança ou humilhação. (Incluído pela Lei nº Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa.
13.718, de 2018)
Violência arbitrária
Exclusão de ilicitude (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função ou a pretexto de exercê-la:

§ 2º Não há crime quando o agente pratica as condutas descritas no caput deste artigo em publicação de Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da pena correspondente à violência.
natureza jornalística, científica, cultural ou acadêmica com a adoção de recurso que impossibilite a identificação da
vítima, ressalvada sua prévia autorização, caso seja maior de 18 (dezoito) anos. (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018) Abandono de função
www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm 48/80 www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm 67/80
25/02/2022 13:17 DEL2848compilado 25/02/2022 13:17 DEL2848compilado

Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos em lei: Resistência

Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário competente para executá-lo
ou a quem lhe esteja prestando auxílio:
§ 1º - Se do fato resulta prejuízo público:
Pena - detenção, de dois meses a dois anos.
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
§ 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa:
§ 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de fronteira:
Pena - reclusão, de um a três anos.
Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
§ 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à violência.
Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado
Desobediência
Art. 324 - Entrar no exercício de função pública antes de satisfeitas as exigências legais, ou continuar a exercê-la,
sem autorização, depois de saber oficialmente que foi exonerado, removido, substituído ou suspenso: Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário público:

Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.

Violação de sigilo funcional Desacato

Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela:
revelação:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato não constitui crime mais grave.
Tráfico de Influência (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995)
§ 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto
I – permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e empréstimo de senha ou qualquer outra forma, o acesso de influir em ato praticado por funcionário público no exercício da função: (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995)
de pessoas não autorizadas a sistemas de informações ou banco de dados da Administração Pública; (Incluído pela Lei
nº 9.983, de 2000) Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995)

II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se o agente alega ou insinua que a vantagem é também
destinada ao funcionário. (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995)
§ 2o Se da ação ou omissão resulta dano à Administração Pública ou a outrem: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Corrupção ativa
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou
Violação do sigilo de proposta de concorrência retardar ato de ofício:

Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de concorrência pública, ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003)

Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa. Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário retarda
ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional.
Funcionário público
Descaminho
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem
remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo
consumo de mercadoria (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem
trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da
Administração Pública. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)

§ 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem § 1o Incorre na mesma pena quem: (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da administração direta,
sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público. (Incluído pela Lei nº 6.799, de I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos em lei; (Redação dada pela Lei nº 13.008, de
1980) 26.6.2014)

CAPÍTULO II
DOS CRIMES PRATICADOS POR II - pratica fato assimilado, em lei especial, a descaminho; (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
III - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no
Usurpação de função pública exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira que introduziu clandestinamente no
País ou importou fraudulentamente ou que sabe ser produto de introdução clandestina no território nacional ou de
Art. 328 - Usurpar o exercício de função pública: importação fraudulenta por parte de outrem; (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)

Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.


IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial,
Parágrafo único - Se do fato o agente aufere vantagem: mercadoria de procedência estrangeira, desacompanhada de documentação legal ou acompanhada de documentos que
sabe serem falsos. (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm 68/80 www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm 69/80
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Encerrada a apresenta•‹o, vamos ˆ matŽria. Lembro a voc• que essa aula O termo tortura designa qualquer ato pelo qual dores ou sofrimentos
demonstrativa serve para mostrar como o curso funcionar‡, mas isso n‹o quer agudos, f’sicos ou mentais, s‹o infligidos intencionalmente a uma pessoa a
dizer que a matŽria explorada nas p‡ginas a seguir n‹o seja importante ou n‹o fim de obter, dela ou de uma terceira pessoa, informa•›es ou confiss›es; de
fa•a parte do programa. castig‡-la por ato que ela ou uma terceira pessoa tenha cometido ou seja
Analise o material com carinho, fa•a seus esquemas de memoriza•‹o e prepare- suspeita de ter cometido; de intimidar ou coagir esta pessoa ou outras
se para a revis‹o final. Se voc• seguir esta f—rmula, o curso ser‡ o suficiente para pessoas; ou por qualquer motivo baseado em discrimina•‹o de qualquer
que voc• atinja um excelente resultado. Espero que voc• e goste e opte por se natureza, quando tais dores ou sofrimentos s‹o infligidos por um
preparar conosco. funcion‡rios pœblico ou outra pessoa no exerc’cio de fun•›es pœblicas, ou
por sua instiga•‹o, ou com o seu consentimento ou aquiesc•ncia.
Agora vamos ao que interessa. M‹os ˆ obra!

Podemos ver, portanto, que a tortura n‹o resume ˆ imposi•‹o de dor f’sica, mas
2 - Crimes de Tortura (Lei n¼ 9.455/1997) tambŽm est‡ relacionada ao sofrimento mental e emocional. Essa agonia
mental muitas vezes Ž chamada de tortura limpa, pois n‹o deixa marcas
A Lei dos Crimes de Tortura Ž pequena, mas muito importante. A Constitui•‹o
percept’veis facilmente.
Federal traz como princ’pio o repœdio ˆ tortura e ˆs penas degradantes,
desumanas e cruŽis. Vejamos o que diz a nossa Constitui•‹o sobre o assunto. Antes da Lei n¡ 9.455/1997 n‹o havia qualquer defini•‹o legal acerca do crime
de tortura. O termo era mencionado em algumas leis, mas de forma genŽrica e
esparsa, de modo que a Doutrina nunca aceitou que houvesse a tipifica•‹o do
Art. 5¡, III - ninguŽm ser‡ submetido a tortura nem a tratamento desumano ou crime de tortura antes da referida lei.
degradante;
A Lei da Tortura Ž muito criticada pela imprecis‹o na tipifica•‹o do crimes. A lei
[...]
foi votada ˆs pressas e sem muita discuss‹o no Poder Legislativo, sob o impacto
XLIII - a lei considerar‡ crimes inafian•‡veis e insuscet’veis de gra•a ou anistia a emocional no que aconteceu na Favela Naval, em Diadema.
pr‡tica da tortura , o tr‡fico il’cito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os
definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os Esse caso se refere a uma sŽrie de reportagens investigativas conduzidas em
que, podendo evit‡-los, se omitirem. 1997 acerca de condutas praticadas por policiais militares na Favela Naval. Esses
policiais foram filmados extorquindo dinheiro, humilhando, espancando e
executando pessoas numa blitz.
A tortura, portanto, Ž um crime inafian•‡vel e insuscet’vel de gra•a ou
anistia. ATEN‚ÌO! O crime de tortura n‹o Ž imprescrit’vel! Essa caracter’stica O fervor das discuss›es ent‹o levou ˆ apresenta•‹o de um projeto de lei que foi
Ž aplic‡vel apenas aos crimes de racismo e ˆs a•›es de grupos armados, civis ou rapidamente aprovado pelo Poder Legislativo, sem as discuss›es que seriam
militares, contra a ordem constitucional e o estado democr‡tico. necess‡rias ˆ elabora•‹o de uma lei tecnicamente bem feita.
J‡ houve decis‹o do STF no sentido de negar tambŽm a aplica•‹o do indulto a Esse Ž o pano da fundo da hist—ria, mas isso obviamente n‹o interessa para a
condenado por crime de tortura. nossa prova, n‹o Ž mesmo!? Vamos ao que realmente interessa, que Ž a an‡lise
do texto legal.

A Constitui•‹o determina que o crime de tortura Ž


inafian•‡vel e insuscet’vel de gra•a ou anistia, mas Art. 1¼ Constitui crime de tortura:
n‹o Ž imprescrit’vel. I - constranger alguŽm com emprego de viol•ncia ou grave amea•a, causando-lhe
sofrimento f’sico ou mental:
a) com o fim de obter informa•‹o, declara•‹o ou confiss‹o da v’tima ou de terceira pessoa;
O STF tambŽm j‡ decidiu que o condenado por crime de tortura tambŽm n‹o
b) para provocar a•‹o ou omiss‹o de natureza criminosa;
pode ser beneficiado com indulto.
c) em raz‹o de discrimina•‹o racial ou religiosa;
A defini•‹o de tortura deve ser buscada na Conven•‹o Internacional contra a
Tortura e Outras Penas ou Tratamentos CruŽis, Desumanos e Degradantes, II - submeter alguŽm, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de viol•ncia
ou grave amea•a, a intenso sofrimento f’sico ou mental, como forma de aplicar castigo
aprovada pelas Na•›es Unidas em 1984 e ratificada e promulgada pelo Brasil em pessoal ou medida de car‡ter preventivo.
1991.
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Pena - reclus‹o, de dois a oito anos. Marquei de cor diferente a TORTURA-CASTIGO para que voc• memorize uma
caracter’stica diferente. O inciso II do art. 1¡ tipifica a conduta daquele que inflige
sofrimento a pessoa que esteja sob sua guarda, poder ou autoridade, com
A tortura, em qualquer de suas modalidades, Ž crime material, pois s— ha finalidade de castigar.
consuma•‹o com o pr—prio resultado: o sofrimento da v’tima. Pela mesma raz‹o,
podemos dizer que Ž poss’vel a tentativa e a desist•ncia volunt‡ria. Podemos concluir, portanto que a TORTURA-CASTIGO Ž um crime pr—prio,
pois somente pode ser praticado por quem tenha o dever de guarda ou exer•a
AlŽm disso, n‹o se admite o arrependimento eficaz e nem o poder ou autoridade sobre a v’tima. Ao mesmo tempo exige-se tambŽm uma
arrependimento posterior. O crime de tortura Ž de a•‹o penal pœblica condi•‹o especial do sujeito passivo, que precisa estar sob a autoridade do
incondicionada. torturador.
O exemplo de TORTURA-CASTIGO mais comum Ž o do agente penitenci‡rio que
tortura presos, ou do pai que tortura os pr—prios filhos.
CRIME DE TORTURA
As demais modalidades de tortura s‹o crimes comuns, pois n‹o se exige
CARACTERêSTICAS COMUNS A TODAS AS MODALIDADES nenhuma qualidade especial do agente ou da v’tima.

ƒ um crime material
¤ 1¼ Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de
ƒ poss’vel a tentativa e a desist•ncia volunt‡ria seguran•a a sofrimento f’sico ou mental, por intermŽdio da pr‡tica de ato n‹o previsto em
lei ou n‹o resultante de medida legal.

N‹o se admite arrependimento eficaz e nem arrependimento posterior


Esta Ž a TORTURA DA PRESO OU DE PESSOA SUJEITA A MEDIDA DE
A•‹o penal pœblica incondicionada
SEGURAN‚A. A tipifica•‹o espec’fica de crime cometido contra essas pessoas
refor•a o que determina a Lei do Abuso de Autoridade e a pr—pria Constitui•‹o
Federal, que assegura Òaos presos o respeito ˆ integridade f’sica e moralÓ.
Pelo texto do art. 1¡, podemos concluir que h‡ diferentes modalidades de
Perceba que esta conduta Ž a œnica que n‹o exige dolo espec’fico do agente.
tortura, a depender da inten•‹o do agente criminoso. Vejamos quais s‹o essas
Basta que a pessoa presa ou sujeita a medida de seguran•a seja submetida a
modalidades, de acordo com a pr—pria lei e a Doutrina.
sofrimento, n‹o sendo exigida nenhuma finalidade especial por parte do
torturador.

MODALIDADES DE TORTURA
¤ 2¼ Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evit‡-las
ou apur‡-las, incorre na pena de deten•‹o de um a quatro anos.
Infligida com a finalidade de obter
TORTURA-PROVA ou TORTURA informa•‹o, declara•‹o ou
PERSECUTîRIA confiss‹o da v’tima ou de terceira Esta Ž a OMISSÌO PERANTE A TORTURA. J‡ sabemos que, de acordo com o
pessoa (inciso I, al’nea ÒaÓ). pr—prio C—digo Penal, a omiss‹o s— Ž penalmente relevante Òquando o omitente
devia e podia agir para evitar o resultadoÓ.
TORTURA PARA A PRçTICA DE Infligida para provocar a•‹o ou
CRIME ou TORTURA-CRIME omiss‹o de natureza criminosa. A Doutrina critica duramente este dispositivo, pois ele apenas criminaliza a
omiss‹o daquele que tinha o dever de agir para evitar a tortura, e n‹o inclui
TORTURA DISCRIMINATîRIA ou Infligida em raz‹o de aquele que, apesar de n‹o ter o dever, tinha a possibilidade de impedir o ato de
TORTURA-RACISMO discrimina•‹o racial ou religiosa tortura e n‹o o fez.

Infligida como forma de aplicar


Apenas responde por OMISSÌO PERANTE A TORTURA
TORTURA-CASTIGO castigo pessoal ou medida de
aquele que tinha o dever de agir para evitar o ato de tortura
car‡ter preventivo.
e n‹o o faz.
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¤ 3¼ Se resulta les‹o corporal de natureza grave ou grav’ssima, a pena Ž de reclus‹o III - se o crime Ž cometido mediante sequestro.
de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclus‹o Ž de oito a dezesseis anos.

A defini•‹o de agente pœblico deve ser tomada de forma ampla, nos termos do
Estas s‹o as hip—teses de TORTURA QUALIFICADA. Apenas chamo sua aten•‹o C—digo Penal, que estabelece que, para efeito penais, deve ser considerado
para as qualificadoras, que s‹o o resultado les‹o corporal grave ou grav’ssima, funcion‡rio pœblico Òaquele que, embora transitoriamente ou sem remunera•‹o,
ou morte. A les‹o corporal leve n‹o Ž qualificadora do crime de tortura. exerce cargo, emprego ou fun•‹o pœblicaÓ.
Voc• j‡ sabe que, nos casos em que a condi•‹o de agente pœblico Ž elementar
A les‹o corporal leve n‹o Ž qualificadora do crime de do crime, n‹o pode se aplicada esta agravante. N‹o faria sentido, por exemplo,
tortura. A TORTURA QUALIFICADA somente ocorre quando aplicar agravante ˆ TORTURA-CASTIGO infligida por agente penitenci‡rio contra
houver como resultado les‹o corporal grave ou presos, pois, se o agente n‹o fosse funcion‡rio pœblico, n‹o poderia haver o
grav’ssima ou, ainda, o resultado morte. crime.
Segundo o Estatuto da Crian•a e do Adolescente, s‹o consideradas crian•as as
pessoas que tenham menos de 12 anos, enquanto adolescentes s‹o aqueles
Para esclarecer as quest›es acerca da natureza da les‹o corporal, Ž interessante que t•m mais de 12 e menos de 18.
que voc• relembre o teor do art. 129 do C—digo Penal, que trata do tema. As
hip—teses de les‹o corporal grave est‹o previstas no ¤1¡, enquanto o ¤2¡ traz os Por fim, a agravante relacionada ao sequestro Ž aplic‡vel quando a v’tima Ž
casos de les‹o corporal grav’ssima. sequestrada e, durante o sequestro, o agente comete crime de tortura. Caso o
agente cerceie a liberdade da v’tima com a finalidade œnica de infligir a tortura,
n‹o h‡ que se falar em sequestro.
CP, Art. 129.
[...]
¤ 5¼ A condena•‹o acarretar‡ a perda do cargo, fun•‹o ou emprego pœblico e a
¤ 1¼ Se resulta: interdi•‹o para seu exerc’cio pelo dobro do prazo da pena aplicada.
I - Incapacidade para as ocupa•›es habituais, por mais de trinta dias;
II - perigo de vida;
Este Ž um efeito extrapenal administrativo da condena•‹o. Caso o agente
III - debilidade permanente de membro, sentido ou fun•‹o;
do crime de tortura seja funcion‡rio pœblico, perder‡ seu cargo, fun•‹o ou
IV - acelera•‹o de parto: emprego e ficar‡ interditado para seu exerc’cio pelo per’odo equivalente ao dobro
[...] da pena.
¤ 2¡ Se resulta: O STF e o STJ j‡ decidiram que esse efeito decore automaticamente da
I - Incapacidade permanente para o trabalho; condena•‹o.
II - enfermidade incur‡vel;
III - perda ou inutiliza•‹o do membro, sentido ou fun•‹o; ¤ 7¼ O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hip—tese do ¤ 2¼, iniciar‡ o
cumprimento da pena em regime fechado.
IV - deformidade permanente;
V - aborto:
Para responder as quest›es de prova com precis‹o, Ž importante conhecer, ao
menos em parte, o conteœdo da Lei n¡ 8.072/1990, que trata dos crimes
Agora voltaremos ˆ Lei n¡ 9.455/1997 para analisar as causas de aumento de hediondos e equiparados, entre eles a tortura.
pena para o crime de tortura.
A mencionada lei estabelecia o cumprimento das penas relativas aos crimes
hediondos e equiparados em regime integralmente fechado. Quando a Lei de
¤ 4¼ Aumenta-se a pena de um sexto atŽ um ter•o: Tortura foi promulgada, considerou-se que houve derroga•‹o parcial do
I - se o crime Ž cometido por agente pœblico; dispositivo da Lei dos Crimes Hediondos.
II Ð se o crime Ž cometido contra crian•a, gestante, portador de defici•ncia,
adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos;
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Em 2007 a Lei dos Crimes Hediondos foi alterada, e hoje todos os crimes Coment‡rios
hediondos e equiparados devem ter suas penas cumpridas inicialmente em
Segundo o ¤5¼ do art. 1¼, a condena•‹o pelo crime de tortura acarretar‡ a perda
regime fechado, mas Ž poss’vel a progress‹o de regime.
do cargo, fun•‹o ou emprego pœblico e a interdi•‹o para seu exerc’cio pelo dobro
A pol•mica, porŽm, n‹o acabou. O STJ tem afirmado, em julgados recentes, que do prazo da pena aplicada.
n‹o Ž obrigat—rio que o condenado por crime de tortura inicie o
GABARITO: A
cumprimento da pena em regime fechado. Esse entendimento decorre do
posicionamento do STF relacionado aos crimes hediondos e equiparados, e entre
os equiparados est‡ o crime de tortura.
4 - Resumo da Aula
DIREITO PENAL. REGIME INICIAL DE CUMPRIMENTO DE PENA NO CRIME DE Para finalizar o estudo da matŽria, trazemos um resumo dos
TORTURA. principais aspectos estudados ao longo da aula. Nossa
N‹o Ž obrigat—rio que o condenado por crime de tortura inicie o cumprimento da pena no sugest‹o Ž a de que esse resumo seja estudado sempre
regime prisional fechado. Disp›e o art. 1¼, ¤ 7¼, da Lei 9.455/1997 Ð lei que define os previamente ao in’cio da aula seguinte, como forma de
crimes de tortura e d‡ outras provid•ncias Ð que ÒO condenado por crime previsto nesta ÒrefrescarÓ a mem—ria. AlŽm disso, segundo a organiza•‹o
Lei, salvo a hip—tese do ¤ 2¼, iniciar‡ o cumprimento da pena em regime fechadoÓ. de estudos de voc•s, a cada ciclo de estudos Ž fundamental
Entretanto, cumpre ressaltar que o Plen‡rio do STF, ao julgar o HC 111.840-ES (DJe retomar esses resumos.
17.12.2013), afastou a obrigatoriedade do regime inicial fechado para os condenados por
crimes hediondos e equiparados, devendo-se observar, para a fixa•‹o do regime inicial de
cumprimento de pena, o disposto no art. 33 c/c o art. 59, ambos do CP. Assim, por ser
equiparado a crime hediondo, nos termos do art. 2¼, caput e ¤ 1¼, da Lei 8.072/1990, Ž A Constitui•‹o determina que o crime de tortura Ž inafian•‡vel e insuscet’vel
evidente que essa interpreta•‹o tambŽm deve ser aplicada ao crime de tortura, sendo o de gra•a ou anistia, mas n‹o Ž imprescrit’vel.
caso de se desconsiderar a regra disposta no art. 1¼, ¤ 7¼, da Lei 9.455/1997, que possui
O STF tambŽm j‡ decidiu que o condenado por crime de tortura tambŽm n‹o
a mesma disposi•‹o da norma declarada inconstitucional. Cabe esclarecer que, ao adotar
essa posi•‹o, n‹o se est‡ a violar a Sœmula Vinculante n.¼ 10, do STF, que assim disp›e: pode ser beneficiado com indulto.
"Viola a cl‡usula de reserva de plen‡rio (CF, art. 97) a decis‹o de —rg‹o fracion‡rio de
tribunal que, embora n‹o declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato
normativo do poder pœblico, afasta sua incid•ncia, no todo ou em parte". De fato, o
entendimento adotado vai ao encontro daquele proferido pelo Plen‡rio do STF, tornando-se CRIME DE TORTURA
desnecess‡rio submeter tal quest‹o ao îrg‹o Especial desta Corte, nos termos do art. 481,
par‡grafo œnico, do CPC: "Os —rg‹os fracion‡rios dos tribunais n‹o submeter‹o ao plen‡rio, CARACTERêSTICAS COMUNS A TODAS AS MODALIDADES
ou ao —rg‹o especial, a argui•‹o de inconstitucionalidade, quando j‡ houver pronunciamento
destes ou do plen‡rio do Supremo Tribunal Federal sobre a quest‹o". Portanto, seguindo a ƒ um crime material
orienta•‹o adotada pela Suprema Corte, deve-se utilizar, para a fixa•‹o do regime inicial
de cumprimento de pena, o disposto no art. 33 c/c o art. 59, ambos do CP e as Sœmulas
ƒ poss’vel a tentativa e a desist•ncia volunt‡ria
440 do STJ e 719 do STF. Confiram-se, a prop—sito, os mencionados verbetes sumulares:
"Fixada a pena-base no m’nimo legal, Ž vedado o estabelecimento de regime prisional mais
N‹o se admite arrependimento eficaz e nem arrependimento posterior
gravoso do que o cab’vel em raz‹o da san•‹o imposta, com base apenas na gravidade
abstrata do delito." (Sœmula 440 do STJ) e "A imposi•‹o do regime de cumprimento mais
A•‹o penal pœblica incondicionada
severo do que a pena aplicada permitir exige motiva•‹o id™nea." (Sœmula 719 do STF).
Precedente citado: REsp 1.299.787-PR, Quinta Turma, DJe 3/2/2014. HC 286.925-RR, Rel.
Min. Laurita Vaz, julgado em 13/5/2014.
MODALIDADES DE TORTURA
Infligida com a finalidade de obter
Art. 2¼ O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime n‹o tenha sido cometido em TORTURA-PROVA ou TORTURA informa•‹o, declara•‹o ou
territ—rio nacional, sendo a v’tima brasileira ou encontrando-se o agente em local sob
jurisdi•‹o brasileira.
PERSECUTîRIA confiss‹o da v’tima ou de terceira
pessoa (inciso I, al’nea ÒaÓ).
TORTURA PARA A PRçTICA DE Infligida para provocar a•‹o ou
Em algumas situa•›es, a Lei de Tortura pode ser aplicada mesmo fora do CRIME ou TORTURA-CRIME omiss‹o de natureza criminosa.
territ—rio nacional:
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TORTURA DISCRIMINATîRIA ou Infligida em raz‹o de


TORTURA-RACISMO discrimina•‹o racial ou religiosa
Infligida como forma de aplicar
TORTURA-CASTIGO castigo pessoal ou medida de
car‡ter preventivo.

Apenas responde por OMISSÌO PERANTE A TORTURA aquele que tinha o


dever de agir para evitar o ato de tortura e n‹o o faz.

A les‹o corporal leve n‹o Ž qualificadora do crime de tortura. A TORTURA


QUALIFICADA somente ocorre quando houver como resultado les‹o corporal
grave ou grav’ssima ou, ainda, o resultado morte.

5 - Considera•›es Finais
Conclu’mos aqui nossa aula demonstrativa. Espero que voc• tenha gostado e
opte por preparar-se com o EstratŽgia. Se tiver dœvidas, utilize nosso f—rum.
Estou sempre ˆ disposi•‹o tambŽm no e-mail e nas redes sociais.

Grande abra•o!

Paulo Guimar‹es

professorpauloguimaraes@gmail.com

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(61) 99607-4477
TÍTULO XI DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

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