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DIREITO PENAL

TEORIA DO CRIME
Profa. Débora Cerqueira
Doutoranda em Direito pela Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP).
Mestre em Direito pela Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP).
Pesquisadora do Grupo Asa Branca de Criminologia.
Professora de Direito Penal e Processo Penal da ESTÁCIO e ESMATRA6.
Coordenadora de TCC – Estácio.
Advogada.
Gerente GEFSP – Secretaria da Mulher – PE.
PONTO 3 – EFICÁCIA DA LEI PENAL NO TEMPO
1. INTRODUÇÃO

- Decorrência do princípio da legalidade => tempus regit


actum

- Exceções (extra-atividade da lei penal para beneficiar o réu):


Retroatividade: capacidade que a lei penal tem de ser aplicada a
fatos praticados antes da sua vigência;
Ultra-atividade: possibilidade de aplicação da lei penal mesmo após
a sua revogação ou cessação de efeitos.
2. TEMPO DO CRIME

- Art. 4º, CP: “Considera-se praticado o crime no momento


da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do
resultado”.

- Teoria da atividade
3. SUCESSÃO DE LEIS NO TEMPO
- Art. 5º, XL, CF: “A lei penal não retroagirá, salvo para
beneficiar o réu” (Princípio da irretroatividade da lei
penal).
Tempo daCenários da
Leisucessão
posterior de leis no tempo:
Fenômeno da
realização do ato (ir)retroatividade
Fato atípico Torna o fato típico Lei incriminadora
Irretroatividade – art. 1º,
CP
Fato típico Mantém o fato típico, mas, de Novatio legis in pejus
qualquer modo, prejudica o Irretroatividade – art. 2º,
réu CP
Fato típico Supressão da figura criminosa Abolitio Criminis
Retroatividade – art. 2º, CP
Fato típico Mantém o fato típico, mas, de Novatio legis in mellius
qualquer modo, favorece o Retroatividade – art. 2º, §
réu único, CP
Fato típico O conteúdo típico migra para Princípio da continuidade
3.1 SUCESSÃO DE LEI INCRIMINADORA
- Novatio legis incriminadora
- É irretroativa – art. 1º, CP

3.2 NOVATIO LEGIS IN PEJUS


- Lex gravior
- É irretroativa – art. 1º, CP

Qual lei deve ser aplicada se, no decorrer da prática de


um crime permanente ou crime continuado, sobrevém lei
mais grave?
Súmula 711 – STF:

“A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado


ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à
cessação da continuidade ou da permanência”
3.3 ABOLITIO CRIMINIS

- Lei descriminalizadora
- É retroativa - Art. 2º, caput, CP
- Natureza jurídica – causa extintiva de punibilidade

3.4 NOVATIO LEGIS IN MELLIUS

- Lex mitior
- É retroativa – art. 2º, § único, CP
- Súmula 611 – STF: “Transitada em julgado a sentença
condenatória, compete ao juiz da execução a aplicação de
lei mais benigna”.
É possível a aplicação da lei penal mais benéfica
durante o seu período de “vacatio legis”?

Para beneficiar o réu, admite-se combinação de leis


penais?
3.5 PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE NORMATIVO-
TÍPICA

- Manutenção do caráter proibido da conduta, porém com o


deslocamento do conteúdo criminoso para outro tipo penal.
4. LEI TEMPORÁRIA E LEI EXCEPCIONAL

- Art. 3º, CP – “A lei excepcional ou temporária, embora


decorrido o período de sua duração ou cessadas as
circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato
praticado durante sua vigência”.

- Lei temporária: instituída por um prazo determinado

- Lei excepcional: editada em função de algum evento


transitório

- Características: autorrevogabilidade e ultra-atividade


5. QUESTÕES COMPLEMENTARES

5.1 RETROATIVIDADE DA JURISPRUDÊNCIA

5.2 LEI INTERMEDIÁRIA

- É dotada de duplo efeito: retroatividade e ultra-atividade


QUESTÕES OBJETIVAS

1. (MPE-RS-FCC-2008) Tício praticou um delito, foi processado e


condenado. Um dia após o trânsito em julgado da sentença
condenatória, uma lei nova, mantendo a mesma descrição do fato
delituoso, modificou a pena cominada para esse delito. Nesse caso,
a) aplica-se sempre a lei nova, se o agente ainda não tiver
cumprido a pena imposta.
b) não se aplica a lei nova, por já ter ocorrido o trânsito em julgado
da sentença.
c) aplica-se a lei nova, ainda que imponha sanção mais severa.
d) aplica-se a lei nova, se for mais benéfica ao autor do delito.
e) não se aplica a lei nova em razão do princípio constitucional da
anterioridade da lei penal.
2. (OAB-FGV-2014) Considere que determinado agente tenha em
depósito, durante o período de um ano, 300 kg de cocaína. Considere
também que, durante o referido período, tenha entrado em vigor uma nova
lei elevando a pena relativa ao crime de tráfico de entorpecentes. Sobre o
caso sugerido, levando em conta o entendimento do Supremo Tribunal
Federal sobre o tema, assinale a afirmativa correta.

a) Deve ser aplicada a lei mais benéfica ao agente, qual seja, aquela que já
estava em vigor quando o agente passou a ter a droga em depósito.
b) Deve ser aplicada a lei mais severa, qual seja, aquela que passou a
vigorar durante o período em que o agente ainda estava com a droga em
depósito.
c) As duas leis podem ser aplicadas, pois ao magistrado é permitido fazer a
combinação das leis sempre que essa atitude puder beneficiar o réu.
d) O magistrado poderá aplicar o critério do caso concreto, perguntando ao
réu qual lei ele pretende que lhe seja aplicada por ser, no seu caso, mais
benéfica.
3. (PC-ES-FUNCAB-2013) Assinale a alternativa correta a respeito da
aplicação da lei penal no tempo.

a) A lei anterior, quando for mais favorável, terá ultra - atividade e


prevalecerá mesmo ao tempo de vigência da lei nova, apesar de já estar
revogada.
b) Ninguém pode ser condenado por fato que lei posterior deixa de
considerar crime, mas não cessam, em virtude dela a execução e os
efeitos penais da sentença condenatória proferida sob a égide da lei
anterior.
c) Aplica-se ao crime a lei vigente no momento em que se verificar o
seu resultado.
d) A lei nova incriminadora deve ser aplicada também aos fatos
criminosos praticados antes de sua vigência, desde que não haja
sentença absolutória transitada em julgado.
e) Nos crimes permanentes, não se aplica a lei penal mais grave, em
vigor antes de cessar a permanência, que seja posterior ao início de sua
GABARITO

1. D
2. B
3. A
QUESTÃO SUBJETIVA

5. Como ficam os efeitos da condenação na hipótese


de “abolitio criminis”?
“Encruzilhadas exigem decisões sobre qual caminho seguir, mas
a primeira, crucial e de modo algum óbvia decisão a ser tomada
é reconhecer a encruzilhada como uma encruzilhada – aceitar
que mais de uma maneira leva daqui para o futuro, e que às
vezes perseguir o futuro – qualquer futuro – pode exigir curvas
acentuadas” (Bauman, 2005, p. 120)

Obrigada pela atenção!


debora.cerqueira@estacio.br

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