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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS


DEPARTAMENTO DE DIREITO
DISCIPLINA: TEORIA GERAL DO DIREITO PENAL (T01) – 2023.1
Prof.ª Dr.ª Daniela Carvalho Almeida da Costa
Mestranda: Raphaela Maria Nascimento Lima

LEI PENAL NO TEMPO – Parte 1

- Art. 4º/CP: o que importa é o momento da conduta - ação ou omissão, ainda que outro
seja o momento do resultado;
- Princípio tempus regit actum ou Princípio da atividade: a lei aplicável à prática de um
crime é a lei vigente ao tempo de sua execução (regra);
- A lei que encontra-se em vigor rege todos os atos abrangidos por sua destinação, até que
cesse a sua vigência;
- Exceção: Princípio da extra-atividade – a lei penal mais benéfica retroage;
- Art. 5º, XL/CF: retroatividade da lei penal mais benigna;
- Ex.:
1 Pode acontecer que a infração penal iniciada sob a vigência de uma lei venha a
consumar-se sob a vigência de outra;
2 Pode acontecer que o sujeito pratique uma conduta criminosa sob a vigência de uma lei,
e a sentença condenatória venha a ser prolatada sob a vigência de outra, que comine pena
distinta da primeira;
3 Pode acontecer que durante a execução da pena surja lei nova regulando o mesmo fato
e determinando sanção menos gravosa;

- Princípios da Lei Penal no Tempo

1 Irretroatividade da Lei Penal


- É a regra em caso de conflito de leis penais no tempo - somente em relação à lei mais
severa;
- Impossibilidade de a lei penal retroagir para, de qualquer modo, prejudicar o agente.
2 Retroatividade e Ultratividade da lei mais benigna
- A lei anterior, quando for mais favorável, terá ultratividade e prevalecerá mesmo ao
tempo de vigência da lei nova, apesar de já estar revogada;
- Quando a lei posterior for mais benéfica, retroagirá para alcançar fatos cometidos antes
de sua vigência;
- A lei penal mais benéfica não só é retroativa, mas também ultrativa.

- Conflitos de Lei Penal no Tempo

- A regra é a atividade da lei penal no período de sua vigência;


- No conflito de leis penais no tempo, é indispensável investigar qual a que se apresenta
mais favorável ao indivíduo tido como infrator;
- Lei posterior mais grave: a lei anterior adquirirá ultratividade, devendo ser aplicada,
mesmo na vigência de outra lei. Ou seja, a nova lei, caso seja mais gravosa, não retroage;
- Art. 2º/CP;

1 Abolitio criminis:
- A lei nova deixa de considerar crime fato anteriormente tipificado como ilícito penal;
- Exclui a característica de ilicitude penal – descriminalização da conduta;
- Retroage;
- Aplica-se imediatamente aos processos em andamento, aos fatos delituosos cujos
processos ainda não foram iniciados e, inclusive, aos processos com decisão condenatória
já transitada em julgado;
- Faz desaparecer todos os efeitos penais;
- Se a pena já foi cumprida, o condenado terá sua folha de antecedentes inteiramente
corrigida, para dela afastar a condenação que existiu, por fato que não é mais crime;

2 Novatio legis incriminadora:


- Considera crime fato anteriormente não incriminado;
- Não retroage a fatos praticados antes da sua vigência;
3 Novatio Legis in pejus
- Quando ocorrer um conflito entre duas leis e a anterior for mais benigna, e a posterior,
mais severa, aplicar-se-á a mais benigna;
- A lei anterior será ultra-ativa, por sua benignidade, e a posterior será irretroativa;
- Lex gravior;

4 Novatio Legis in mellius


- Quando a lei nova, mesmo sem descriminalizar, dá tratamento mais favorável, essa lei
retroage para beneficiar o sujeito;
- Lex mitior;
- Aplica-se imediatamente aos processos em andamento, aos fatos delituosos cujos
processos ainda não foram iniciados e, inclusive, aos processos com decisão condenatória
já transitada em julgado;

ATENÇÃO!
- Aplica-se retroativamente Lex mitior durante o período de vacatio legis de lei nova?
- Sim. Possui imediata eficácia, logo não pode ser obstaculizada a sua aplicação retroativa
quando configurar lei penal mais benéfica, mesmo que ainda se encontre em vacatio legis.

- Competência para aplicar a lei penal mais benéfica


1 Processo em andamento: Juiz de 1º grau – esgota sua jurisdição com a prolação da
sentença;
2 Fase Recursal: Tribunal ao qual se destina o recurso;
3 Fase Executória (trânsito em julgado): Súmula 611 do STF – Compete ao Juiz da
execução criminal.

BIBLIOGRAFIA
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal: Parte Geral (arts. 1º a 120). 29
ed. São Paulo: SaraivaJur, 2023.
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal - Parte Geral. v. 1. 27 ed. São Paulo:
SaraivaJur, 2023.
NUCCI, Guilherme de Souza. Curso de Direito Penal: parte geral - arts. 1º a 120 do
código penal. 7 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2023.

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