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Direito Penal I – Prof.

Igor
10/03/2023

Interpretação da lei Penal


Buscar o significado deliminando o alcance da lei – até onde vai a lei?

*quanto ao sujeito que interpreta

-autêntico/legislativo

Fornecido pela própria lei (art. 327 CP)

a.1- contextual

a.2- posterior

-doutrinário/científico

Feito pelos estudiosos (não tem observância obrigatória)

-jurisprudencial/judicial

Significado dado as leis pelos tribunais (podendo adquirir caráter vinculante)

*quanto ao modo

-gramatical/literal
Considera o sentido literal da palavra

-teleológica

Busca a vontade ou intenção objetivada na lei (finalidade da norma)

-histórica

Busca a origem da lei, identificando os fundamentos de sua criação

-sistemático

Interpretação com a legislação que integra o sistema do qual faz parte, bem como os princípios gerais do direito

-progressivo/evolutivo

Busca do significado legal de acordo com o progresso da ciência

/crimes de plástico= conduta que possui relação direta com a modernidade e que pode cair em desuso/

*quanto ao resultado
-declarativo/declaratório

A letra da lei corresponde exatamente àquilo que o legislador quis dizer, nada suprimido, nada adicionado

-restritivo

Interpretação que reduz o acesso das palavras da lei para que corresponda à sua vontade

-extensivo

Amplia-se o alcance das palavras da lei

STJ “o princípio da estreita legalidade impede a interpretação extensiva para ampliar o objeto descrito na lei penal”

; entretanto, o próprio STJ tem exemplos de interpretação extensiva contra o réu

/interpretação extensiva =/= analogia

Analogia nunca pode ser feita em detrimento do réu/

/interpretação sui generis

Exofórica- significado da norma não está no ordenamento normativo

Endofórica- significado da norma está no ordenamento normativo/

/interpretação analógica (intra legem)

Código já detalha todas a situações que quer regular

Ex: art. 121 CP parágrafo 12/

*Analogia= forma de integração da norma, vácuo na norma, não se pode criar crimes por analogia (in malam
partem)

*Int. extensiva= norma diz menos do que deveria, sendo necessário estendê-la, não há vácuo, simplesmente uma
interpretação

*Int. Analógica= alcance da norma já definido, artigo dá os elementos para o emprego da lei

Integração da lei penal – analogia

Lacuna ou vazio legislativo

Meio de integração (não interpretação, não se interpreta algo que não existe)

EXCEÇÃO (quando pode ser usada a analogia)

-aplicação favorável ao réu (analogia in bonam partem)

-existência de uma lacuna normativa a ser preenchida

*analogia legis

Utiliza de outra disposição normativa pra integrar lacuna

*analogia juris
Emprego de um princípio geral de direito para regular um caso semelhante diante da inexistência de norma aplicável

TEORIA GERAL DA NORMA PENAL

Análise dos princípios explícitos e implícitos

/Lei =/= princípio

*Princípios= abertos, podem ser adequados, maleáveis

*Leis= fechadas/

-Princípio da Exclusiva proteção dos Bens Jurídicos

A noção de bem jurídico pressupõe a relevância para a sociedade de determinado ente material ou imaterial, que
encontram respaldo na CF/88

Não poderia o Estado utilizar do Direito Penal para, por exemplo, criminalizar exercício de uma religião

*Espiritualização, desmaterialização e dinamização do bem jurídico

Proteção passa a incidir sobre bens coletivos e difusos e não mais àqueles titularizados por um indivíduo

-Princípio da Intervenção Mínima (ultima ratio)

O Direito Penal só deve ser aplicado quando estritamente necessário

A sua intervenção fica condicionada ao fracasso das demais faculdades do Direito, somente em caso de relevante
lesão ou perigo de lesão do bem jurídico

-Princípio da insignificância (bagatela própria)

Tipicidade conglobante (tipicidade material) -tipicidade formal, material e antinormativa

Instrumento de interpretação restritiva do tipo penal

*requisitos STF

-mínima ofensividade da conduta do agente

-ausência de periculosidade social da ação

-reduzido grau e reprovabilidade do comportamento

-inexpressividade da lesão jurídica causada

*Princípio da insignificância pode ser aplicado para atos infracionais

-Princípio da Bagatela impróprio

Fato típico, fato ilícito, culpável, porém a aplicação da pena é desnecessária

Próprio: o fato já nasce irrelevante para o Direito Penal (fato atípico)


Impróprio: Embora relevante o fato aplicado, o pena, diante do caso concreto, não é necessária, deixando de ser
aplicada pelo juiz

-Princípio da adequação social de Hans Welzel

Apesar de uma conduta se adequar a uma norma penal, não será considerada típica se for socialmente adequada

Funções:

*restringir o âmbito

PRINCIPIOS RELACIONADOS COM O FATO DO AGENTE

-Princípio da exteriorização ou materialização do fato

O Estado só pode incriminar condutas humanas voluntárias, nunca condições internas ou existenciais

-Princípio da legalidade

Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer algo senão em virtude da lei

Limitação do poder estatal de interferir no poder privado

*Fundamentos:

-político

-democrático

-jurídico

-Princípio da reserva legal

A infração penal somente pode ser criada por leis em sentido estrito

Medidas provisórias não podem criar infrações penais, mas podem versar normas penais benéficas

A lei deve ser necessária

Ex: crime de sedução ou adultério

Princípios relacionados com o agente do fato

-Princípio da responsabilidade pessoal

Proíbe-se o castigo penal pelo fato de outrem, não existindo, também, responsabilidade coletiva

Individualização da acusação e da pena


-Princípio da culpabilidade

O Estado só pode impor a sanção penal ao imputável (penalmente capaz), com potencial consciência da ilicitude

-Princípio da presunção de inocência

Art. 5 LVII da CF/88

Não presume expressamente o cidadão inocente, mas impede considerá-lo culpado até decisão condenatória
definitiva – Princípio da não culpabilidade

Pacto de São José da Costa Rica- inocente até que se prove o contrário

Eficácia de lei penal no tempo

Aplica-se a lei penal vigente ao tempo do fato criminoso, devendo ser editada antes do fato da conduta

Excepcionalmente será permitida a retroatividade da lei penal para favorecer o réu

1. RETROATIVIDADE

Capacidade que a lei penal tem de ser aplicada a fatos antes de sua vigência

2. ULTRA-ATIVIDADE

Possibilidade de aplicação da lei penal mesmo após a sua revogação ou cessação de efeitos

Sempre aplicada a mais benéfica

TEMPO DO CRIME

Quando um crime se considera praticado?

Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado

CP adota a teoria da atividade

17/03/2023

Art 4 do CP- Teoria da Atividade

Não adotado:

-teoria do resultado

-teoria da ubiquidade

*qual lei deve ser aplicada se no decorre da prática de um crime permanente ou crime continuado, sobrevém lei
mais grave?

Súmula 711 do STF= A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou permanente, se sua urgência é anterior
à cessação da continuidade ou da permanência
*LEI MAIS BENÉFICA ULTRAAGE OU RETROAGE EM FAVOR DO RÉU, EXCETO EM CRIMES PERMANENTES OU
CONTINUADOS*

(crime permanente= delito cuja consumação se estende no tempo. Ex: sequestro

Crime instantâneo= consumação imediata. Ex: homicídio

Crime continuado= art. 71 CP- quando há a prática de duas ou mais ações ou omissões da mesma espécie, nas
mesmas condições de tempo e lugar, com semelhança dos crimes, considera-se como um só crime, com aumento da
pena em 1/6 à 2/3, considerando sempre a pena mais grave- fim de aplicação de pena, para que haja pena razoável)

*E no crime habitual, como trabalhar a sucessão de leis penais no tempo?

1 Corrente: Na hipótese, defende-se a aplicação da súmula 711 do STF

2 Corrente: Defende a aplicação da Súmula desde que a reiteração após a vigência da lei nova seja para configurar a
tipificação do fato independente dos anteriores à vigência. Se o número de condutas não for suficiente para
estabelecer a tipicidade de forma autônoma, a lei nova não pode ser aplicada

(Crime habitual= manutenção do crime pressupõe na reiteração da conduta, não é possível realizá-lo com uma só
ação, sendo necessária prática habitual

Não comporta tentativa, ou há a prática ou não. Ex: manter casa de prostituição)

ABOLICITO CRIMINIS

=descriminalização

Natureza jurídica:

-extinção da tipicidade

Ou

-extinção da punibilidade (correto)

A abolito criminis e a novati legis in mellius (nova norma mais branda) não devem respeito à coisa julgada

*efeitos extrapenais

-não serão alcançados pela lei descriminalizatória

-mesmo com a revogação da pena, efeitos em outras esferas (administrativa, civil etc.) permanecem

*qual o juiz competente para aplicar a lei penal mais benéfica?

-juiz da vara de execuções: aplicação implica na mera operação matemática para cálculo da pena

-se for necessário juízo de valor: interessado deverá ajuizar ação de revisão do caso

*é possível aplicar a lei penal mais benéfica durante seu período de Vacatio Legis (período de adaptação à norma)

1 Corrente: defende a aplicação


2 Corrente: Norma penal em Vacatio Legis não possui eficácia jurídica, logo aplica-se a lei penal vigente ainda que
mais gravosa

Como proceder em caso de dúvida sobre qual a lei mais benéfica?

Nelson Hungria: Deve-se consultar o próprio acusado ou condenado

*para beneficiar o réu admite-se Lex Tertia (combinação de lei)?

Nelson Hungria: não, pois fere

Princípio da continuidade normativo-típica

EFICÁCIA DA LEI PENAL NO ESPAÇO

Princípio da territorialidade

Princípio da nacionalidade ou personalidade ativa

Princípio da nacionalidade ou personalidade passiva

Princípio da defesa ou real

Princípio da justiça universal ou da justiça cosmopolita

Código Penal brasileiro adota a territorialidade temperada (flexível)

Art. 5: aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras do direito internacional, ao crime
cometido em território nacional

Teoria da Ubiquidade (teoria adotada)

Importância para crimes à distância e crimes contínuos

-Lugar do crime Art. 6 CP

*lugar em que ocorreu a ação ou omissão

*lugar onde se produziu ou deveria produzir resultado


Extraterritorialidade

Art. 7 CP- ficam sujeitos à lei brasileira embora cometidos no estrangeiro:

I (processado no Brasil mesmo que absolvido no estrangeiro)

II

(a aplicação da lei brasileira depende das aplicações:

//QUADRO//

24/03/2023

*pena cumprida no estrangeiro atenua pena no Brasil pelo mesmo crime- Art. 8 CP

-pena da mesma qualidade: pena exterior será abatida na brasileira

-pena de qualidades diversas: juiz deverá atenuar pena imposta no Brasil

ART. 9 CP: a sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie as mesmas consequências,
pode ser homologada no Brasil para:

I- Obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis


II- Sujeitá-lo a medida de segurança

*sentença ABSOLUTÓRIA no estrangeiro que trate de crime praticado fora do território nacional IMPEDE nova ação
penal no Brasil (caso de extraterritorialidade condicionada)

Conflito aparente de normas

Aplicação de mais de um dispositivo legal gerando um conflito aparente de normas

-Somente uma das normas será aplicada= norma específica tem preferência sob a norma generalizada

*subsidiariedade: o crime mais grave sobrepõe-se sob o menos grave

*Consunção: crime fim absolve o crime meio- antefactum impunível ou posfactum impunível

Crime progressivo =/= progressão criminosa

(crime- não há alteração de dol

Progressão- há alteração de dol)

TEORIA GERAL DO CRIME

Infração Penal:

-Enfoque formal: é aquilo que está rotulado em uma norma penal incriminadora sob ameaça de pena

-Enfoque material: comportamento humano causador de relevante lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico
tutelado, passível de sanção penal
-Conceito analítico: leva em consideração os elementos estruturais que compõe a infração penal

ESPÉCIES:

-Crime/Delito: penas mais severas (detenção e reclusão e/ou multa)

-Contravenção: penas menos severas (prisão simples e/ou multa)

Quanto á espécie de ação penal:

-Crime: ação penal incondiciona

-contravenção penal:

Quanto à admissibilidade da tentativa:

-Crime: pune a tentativa

-Contravenção: não pune tentativa

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