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CONCEITO DE NORMA E LEI PENAL

Estrutura da norma:
Dois preceitos, primário e secundário (doutrina brasileira).
Outra doutrina é de que a norma teria o suporte fático, que constitui o delito e estado
perigoso e a consequência jurídica, ou seja, a pena do crime. A norma é a conjugação entre delito e
a pena. Exemplo: crime é matar alguém, quando junta o matar alguém (suporte fático) à pena
atribuída (consequência jurídica pra conduta) pro caso aí sim que se forma a norma (dessa
conjugação), ou seja, homicídio simples.
A doutrina brasileira considera a pena como preceito secundário, mas a pena já é uma
consequência e não algo prévio, um preceito.

Função da norma penal:


Não é muito falado no Brasil, mas na Espanha tem destaque.
Há duas correntes: a de que a norma penal tem uma função de valoração do ordenamento
jurídico (se pauta em juízos de valor); e a outra diz que a função é de determinação, não resultaria
em um juízo de valores, mas sim em um juízo imperativo. O que prevalece nesses casos são as
posições ecléticas, a conferência das duas, as posições mistas

Lei penal no tempo:


Irretroatividade da Lei Penal = a lei penal incriminadora (ou que aumente a pena, enfim,
prejudique o réu), ou seja, temos a lei e o fato, só posso aplicar a lei a partir da sua vigência, fatos
que ocorrem previamente e que se encaixariam na nova lei não podem ser julgados de acordo com
a mesma pois para o indivíduo a lei ainda não existia quando ele cometeu tal ato.
Retroatividade da Lei Penal descriminalizante = abilicio criminis, ocorre quando a lei deixa
de considerar o fato como crime (exemplo o crime de adultério). A pessoa pode estar sendo
investigada sobre o crime, condenada, em qualquer situação dessas a lei penal é retroativa.
Ninguém pode ser punido (penalmente, não civilmente) por algo que foi desconsiderado como
crime.
Retroatividade da Lei Penal mais benéfica = lex mitior, quando advém uma lei nova que
pode de alguma forma beneficiar o réu. Ela, diferentemente da que prejudica o réu, é retroativa e
pode sim ajudar o réu

Dois tipos de crime, o continuado e o permanente:


Continuado = é uma ficção jurídica. Se o sujeito pratica vários crimes semelhantes num
espaço de tempo não muito longo, ele responderá por um crime só, não vários individuais. Recebe
a pena do crime mais grave com um aumento, mas não soma todas as penas.
Permanente = é assim como o continuado, mas vai se consumando com o tempo. A conduta
continua incidindo sobre o crime penal até que ele se cesse.
Para os dois tipos de crime quando surge uma lei nova aplica-se a lei nova, mesmo que seja
mais grave. Como no crime permanente o crime continua acontecendo, não será uma
retroatividade, mas sim só uma nova aplicação de algo que ainda está de fato acontecendo.
Combinação de Leis:
É possível combinar duas leis pra se estabelecer uma terceira lei em benefício do réu?
Quando o réu comete um crime perante uma lei e surge uma nova que em alguns aspectos
beneficia e em outras prejudica ele, eu posso pegar só a parte boa da lei nova e da antiga e
combinar as duas? Não posso porque se fosse fazer isso estaria se criando uma terceira lei
inadmissível. Teria que ver globalmente qual é mais benéfica pro réu e escolher.

Leis excepcionais e temporárias:


Leis excepcionais embora decorrido o período de sua duração, aplica-se o fato praticado em
sua vigência. É feita pra durar determinado tempo. Surgiu pra X função (exemplo do congelamento
de preços). Mesmo que ela acabe, quem cometeu durante aquele período algum crime ainda terá
que responder por conta de sua excepcionalidade.

O tempo do crime:
Dar um tiro na vítima e a pessoa só morre depois de 1 mês. Qual é o tempo do crime? O
momento do tiro ou o momento que ela veio a morrer? Existem três teoria pra esse caso: ação,
resultado e mista.
Ação/atividade = é o que o nosso código adotou (artigo 4°). É do momento da ação. Se
surgir uma lei nova, mais grave, referente à morte na metade do tempo em que a pessoa morre eu
terei que aplicar a antiga porque o resultado não importa, mas sim ação (a não ser que a lei que
surja seja benéfica, aí ela SEMPRE retroage). Na teoria do resultado eu poderia aplicar a mais grave.

Lei penal no espaço:


Aonde eu posso aplicar a lei penal brasileira, quais são os limites espaciais de aplicação da
mesma? Se acontecesse no meio do mar eu aplico a lei de quem?
Princípios que regem a lei penal no espaço

Princípio da territorialidade:
Artigo 5° do Código Penal. Diz que se aplica a lei penal brasileira aos crimes praticados no
Brasil. Esse princípio é a regra, mas também excepciona. As convenções, tratados e regras
internacionais podem excepcionar esse princípio.
Temos a terra firme e as ilhas do país, mas também as águas interiores (lago Guaíba), espaço
aéreo, dentro de embarcações e aeronaves (serviço de qualquer órgão público) brasileiras aonde
quer que se encontrem também. Se acontecer um crime dentro do navio privado fora, aplica-se a
lei de fora, Uruguai por exemplo, (em alto mar importa a bandeira da embarcação), mas se for
pública é a lei do Brasil.
Se tiver um navio particular de outro país (EUA) e estiver no território do Brasil (2 milhas
marítimas) responde ao direito brasileiro, mas só o PRIVADO.

Princípio da defesa real:


Nacionalidade do bem jurídico ofendido. Se for crime contra a vida do presidente, por
exemplo, não importa aonde, se aplica a lei brasileira.
Inciso 1 do artigo 7°: ficam sujeitos à lei brasileira, embora no estrangeiro, os crimes contra
a liberdade ou a vida do presidente da república. É o caso da extraterritorialidade incondicionada,
não tem condição que vai definir se aplica ou não a lei brasileira, nesse caso ela é aplicada SEMPRE.
Contra patrimônio de algum órgão público também, se a Fundação tem alguma relação com
uma faculdade e roubam algo que a fundação comprou para a faculdade, aplica-se a lei brasileira
porque é um crime contra o patrimônio brasileiro.
Crime contra administração pública = servidor público está trabalhando na embaixada
brasileira fora do país, ele ainda responde pela lei brasileira
Crime de genocídio = quando o agente for brasileiro e estiver lá fora também responde no
Brasil de forma incondicionada.

Princípio da justiça universal:


Aplicação da lei do penal aonde se encontra o agente. É aplico eventualmente de forma
subsidiária, se o país não tiver interesse, por exemplo, em julgar o agente.

Princípio da personalidade/nacionalidade:
Proclama que a aplicação da lei brasileira seja feita quando um brasileiro comete um crime
em qualquer lugar que seja. Somente em alguns casos e só será aplicada quando ele voltar ao
Brasil.

Princípio do pavilhão/bandeira:
Confere aplicação da lei penal ao país ao qual está vinculada a bandeira da aeronave ou da
embarcação quando foi praticado.

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