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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

FACULDADE DE DIREITO
DISCIPLINA: DIREITO PENAL I
PROF: ANA PAULA VIEIRA

Aluna: Julia Dardanio Carvalho Silva


Matrícula: 540207

Atividade: Fichamento dos capítulos 7 e 10 da parte geral da doutrina do Cleber Masson.


Capítulo 7- “Lei Penal”.
-É fonte formal imediata do Direito Penal, uma vez que, por expressa determinação constitucional,
tem a si reservado, exclusivamente, o papel de criar infrações penais e cominar-lhes as penas
respectivas.
-Sua estrutura apresenta dois preceitos, um primário (conduta) e outro secundário (pena).
-As leis penais apresentam diversas classificações:
a) incriminadoras: são as que criam crimes e cominam penas. Estão contidas na
Parte Especial do Código Penal e na legislação penal especial;
b) não incriminadoras: são aquelas que, mesmo não criando crimes ou cominando penas, regem
matéria penal. Subdividem-se em:
*permissivas: autorizam a prática de condutas típicas, ou seja, são as causas de exclusão da
ilicitude.
*exculpantes: estabelecem a não culpabilidade do agente ou ainda a impunidade de determinados
delitos. Ex: doença mental, menoridade, prescrição e perdão judicial.
*interpretativas: esclarecem o conteúdo e o significado de outras leis penais.
*de aplicação, finais ou complementares: delimitam o campo de validade das leis incriminadoras.
*diretivas: são as que estabelecem os princípios de determinada matéria.
c) completas ou perfeitas: apresentam todos os elementos da conduta criminosa.
d) incompletas ou imperfeitas: reservam a complementação da definição da conduta criminosa a
uma outra lei, a um ato da Administração Pública ou ao julgador. São as leis penais em branco, nos
dois primeiros casos, e os tipos penais abertos, no último.
-Características da lei penal:
° Exclusividade;
° Generalidade;
° Imperatividade;
° Impessoalidade;
° Anterioridade.
-Analogia:
° Trata da integração do ordenamento jurídico.
° No Direito Penal, somente pode ser utilizada em relação às leis não incriminadoras, em respeito ao
princípio da reserva legal.
° Espécies:
~Analogia in malam partem: é aquela pela qual aplica-se ao caso omisso uma lei maléfica ao réu,
disciplinadora de caso semelhante. Não é admitida no Direito Penal, em homenagem ao princípio da
reserva legal.
~Analogia in banam partem: é aquela pela qual se aplica ao caso omisso uma lei favorável ao réu,
reguladora de caso semelhante. É possível no Direito Penal, exceto no que diz respeito às leis
excepcionais, que não admitem analogia, justamente por seu caráter extraordinário.
~Analogia legal (ou tegis): é aquela em que se aplica ao caso omisso uma lei que trata de caso
semelhante.
~ Analogia jurídica (ou juris): é aquela em que se aplica ao caso omisso um princípio geral do direito.
-Lei penal no tempo:
° Depois de cumprir todas as fases do processo legislativo previsto na Constituição Federal, a lei penal
ingressa no ordenamento jurídico e, assim como as demais leis em geral, vigora até ser revogada por
outro ato normativo de igual natureza. É o que se convencionou chamar de princípio da continuidade
das leis.
° A revogação é a retirada da vigência de uma lei. Essa é a regra geral: uma lei somente é revogada por
outra lei. Exceção: leis temporárias.
° A revogação da lei, dependendo do seu alcance, pode ser absoluta ou total, conhecida como ab-
rogação (ab-rogação - absoluta), ou parcial, denominada derrogação. No tocante ao modo pelo qual se
verifica, a revogação pode ser expressa, tácita ou global:
* Expressa: ocorre quando uma lei indica em seu corpo os dispositivos legais revogados.
*Tácita: ocorre no caso em que a lei nova se revela incompatível com a anterior, apesar de não
haver menção expressa à revogação; e
*Global: ocorre quando a nova lei regula inteiramente a matéria disciplinada pela lei anterior, que
passa a ser ultrapassada e desnecessária.
° Conceitos importantes:
*a lei cria uma nova figura penal (novatio legis incriminadora);
* a lei posterior se mostra mais rígida em comparação com a lei anterior (lex gravior);
* a lei posterior extingue o crime (abolitio criminis);
* a lei posterior é benigna em relação à sanção penal ou à forma de seu cumprimento (lex mitior);
*a lei posterior contém alguns preceitos mais rígidos e outros mais brandos.
° Não há crime sem lei anterior que o defina, de modo que
-Tempo do crime:
° Três teorias buscam explicar o momento em que o crime é cometido.
a) Teoria da atividade: considera-se praticado o crime no momento da conduta (ação ou omissão),
pouco importando o momento do resultado.
b) Teoria do resultado ou do evento: reputa praticado o crime no momento em que ocorre a
consumação. É irrelevante a ocasião da conduta.
c) Teoria mista ou da ubiquidade: busca conciliar as anteriores. Para ela, momento do crime tanto é o
da conduta como também o do resultado.
° O art. 4° do Código Penal acolheu a teoria da atividade: “Considera-se praticado o crime no
momento da ação ou da omissão, ainda que outro seja o momento do resultado”.
-Lei Penal no Espaço:
° O Código Penal brasileiro limita o campo de validade da lei penal com observância de dois vetores
fundamentais: a territorialidade e a extraterritorialidade.
° Territorialidade como regra.
a) Territorialidade:
~Cuida-se da principal forma de delimitação do espaço geopolítico de validade da lei penal nas
relações entre Estados soberanos.
~ “Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao
crime cometido no território nacional”. Há exceções que ocorrem quando brasileiro pratica crime no
exterior ou um estrangeiro comete delito no Brasil. Fala-se, assim, que o Código Penal adotou o
princípio da territorialidade temperada ou mitigada.
b) Extraterritorialidade:
~ Aplicação da legislação penal brasileira aos crimes cometidos no exterior.
~Classificações:
1) Extraterritorialidade Incondicionada: Não está sujeita a nenhuma condição. A mera prática do
crime em território estrangeiro autoriza a incidência da lei penal brasileira, independentemente
de qualquer outro requisito.
2) Extraterritorialidade Condicionada: Relaciona-se aos crimes indicados pelo art. 7°, II, e § 3°, do
Código Penal (crimes que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; crimes praticados
por brasileiro; crimes praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade
privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados; crimes praticados por estrangeiro contra
brasileiro fora do Brasil, se reunidas as condições: a)não foi pedida ou foi negada a extradição, b)houve
requisição do Ministro da justiça).

Capítulo 10- “Fato Típico”.


-Fato típico é o fato humano que se enquadra com perfeição aos elementos descritos pelo tipo penal.
-São quatro os elementos do fato típico; conduta, resultado naturalístico, relação de causalidade
(nexo causal) e tipicidade.
1) Conduta: segundo a Teoria Finalista (a adotada), a conduta é a ação ou omissão humana,
consciente e voluntária, dirigida a um fim, consistente em produzir um resultado tipificado em lei
como crime ou contravenção penal.
2) Resultado: consequência provocada pela conduta do agente.
a) Resultado jurídico, ou normativo: é a lesão ou exposição a perigo de lesão do bem jurídico
protegido pela lei penal. É, simplesmente, a violação da lei penal, mediante a agressão do valor ou
interesse por ela tutelado.
b)Resultado naturalístico, ou material: é a modificação do mundo exterior provocada pela
conduta do agente.
~Não há crime sem resultado jurídico, pois todo delito agride bens jurídicos protegidos pelo Direito
Penal. Entretanto, é possível um crime sem resultado naturalístico.
3)Nexo Causal: vínculo formado entre a conduta praticada por seu autor e o resultado por ele
produzido.
4)Tipicidade: A tipicidade, elemento do fato típico, divide-se em formal e material.
*Tipicidade formal: é o juízo de subsunção entre a conduta praticada pelo agente no mundo
real e o modelo descrito pelo tipo penal. É a operação pela qual se analisa se o fato praticado pelo
agente encontra correspondência em uma conduta prevista em lei como crime ou contravenção penal.
*Tipicidade material (ou substancial): é a lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico penalmente
tutelado em razão da prática da conduta legalmente descrita.
~A presença simultânea da tipicidade formal e da tipicidade material caracteriza a tipicidade penal.

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