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CURSO DE FORMAÇÃO DE SARGENTOS PM

TURMA 29ª 2022

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MÓDULO V
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Regras de aplicação da lei penal no espaço.


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Princípio da territorialidade
As leis penais têm como critério de aplicabilidade
à territorialidade que é a regra e a
extraterritorialidade que vem a ser a exceção,
pois quase sempre o princípio da soberania das
nações restringe o âmbito de lei penal brasileira.
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Princípio da territorialidade
Segundo o princípio territorial, a lei penal só tem
aplicação no território do Estado que a determinou,
sem atender à nacionalidade do sujeito ativo do
delito ou do titular do bem jurídico lesado. É também
denominado princípio territorial exclusivo ou
absoluto, pois exclui a aplicação da lei penal de um
país fora de seu território, segundo a regra leges
non obligant extra territorium.
Reza o art. 5o,
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Princípio da territorialidade
caput, do CP: “Aplica-se a lei
brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e
regras de direito internacional, ao crime cometido no
território nacional”.
Por aí se vê que o Código adotou o princípio
da territorialidade como regra sobre a eficácia
espacial da lei penal, abrindo exceção no próprio
corpo da disposição às estipulações das
convenções, tratados ou regras de Direito
Internacional.
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Princípio da territorialidade

A indicação marginal do dispositivo fala em


territorialidade e o texto, em território. Daí a
conveniência de ser fixado o conceito de território.
O território pode ser considerado sob dois
aspectos: material e jurídico.
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Princípio da territorialidade
Sob o prisma material, recebe o nome de natural ou
geográfico, compreendendo o espaço delimitado por
fronteiras. Território jurídico abrange todo o espaço em
que o Estado exerce a sua soberania. é o conceito que
nos interessa. O território nacional pode ser definido
como o espaço terrestre, marítimo ou aéreo, sujeito à
soberania do Estado, quer seja compreendido entre os
limites que o separam dos Estados vizinhos ou do mar
livre, quer esteja destacado do corpo territorial principal,
ou não.(Manzini).
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Princípio da territorialidade
O território se compõe das seguintes partes:
a) solo ocupado pela corporação política, sem solução de
continuidade e com limites reconhecidos;
b) regiões separadas do solo principal;
c) rios, lagos e mares interiores;
d) golfos, baías e portos;
e) parte que o Direito Internacional atribui a cada Estado,
sobre os mares, lagos e rios contíguos;
f) a faixa de mar exterior, que corre ao longo da costa e
constitui o “mar territorial”;
g) espaço aéreo;
h) navios e aeronaves, conforme algumas circunstâncias.
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Princípio da territorialidade
Vimos que, nos termos do art. 5o do CP, o legislador
penal brasileiro adotou o princípio da territorialidade
como regra. Esse princípio, entretanto, sofre exceções
no próprio corpo do dispositivo, ao ressalvar a
possibilidade de renúncia de jurisdição do Estado,
mediante “convenções, tratados e regras de direito
internacional”.
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Princípio da extraterritorialidade
O art. 7o prevê uma série de casos em que a lei penal brasileira tem
aplicação a delitos praticados no estrangeiro: Ficam sujeitos à lei
brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
I – os crimes:
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de
Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade
de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder
Público;
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço;
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no
Brasil;
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Princípio da extraterritorialidade
II – os crimes:
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a
reprimir;
b) praticados por brasileiro;
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras,
mercantes ou de propriedade privada, quando em território
estrangeiro e aí não sejam julgados”. Esse artigo, de forma
expressa, permite a aplicação de outros princípios. Assim,
certos crimes praticados no estrangeiro sofrem a eficácia da
lei nacional é a extraterritorialidade da lei penal brasileira.
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Princípio da extraterritorialidade
A extraterritorialidade excepcional pode ser:
a) incondicionada;
b) condicionada.
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Princípio da extraterritorialidade
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Princípio da extraterritorialidade
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Princípio da extraterritorialidade

Casos de extraterritorialidade incondicionada:

São 4 hipóteses e estão previstas essas hipóteses no art. 7º


inciso I alíneas de “a” a “d”:
Alínea “a”: os crimes cometidos contra a vida ou a liberdade
do presidente da República (arts. 121, 122, 146, 154 do CP
e arts. 28 e 29 da Lei de Segurança Nacional lei 7.170/83).
Alínea “b”: crimes contra o patrimônio ou a fé pública da
União, Estado e Distrito Federal e dos Municípios, de
empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia
ou fundação pública (arts. 155 a 180 e dos arts. 289 a 311
todos do CP).
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Princípio da extraterritorialidade

Casos de extraterritorialidade incondicionada:

Alínea “c”: crime contra a administração pública, ou por


quem está a seu serviço (arts: 312 ao 327 do CP).
Alínea “d”: crime de genocídio. Nas três primeiras alíneas
estão presentes os princípios da defesa ou proteção,
enquanto que no último inciso está presente o princípio.
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Princípio da extraterritorialidade
Casos de extraterritorialidade condicionada:
Nestes casos a aplicação da lei penal brasileira não é automática,
há necessidade de certo requisito para a sua aplicação.
São 3 hipóteses estão previstas no art. 7º inciso II alíneas de “a” a
“c” e no parágrafo 3º deste artigo.
Alínea “a”: caso de convenção ou tratado que o Brasil assinou e se
pré-dispôs a reprimir; Alínea b”: crimes cometidos por brasileiros
no exterior, em virtude, de não haver possibilidade de extradição
de um nacional. Alínea c”: crimes cometidos em embarcações
privadas brasileiras em alto-mar, se país estrangeiro não punir tal
infração. E no parágrafo terceiro deste art. 7º, crimes cometidos
contra brasileiros fora do território nacional, desde que não tenha
sido pedida ou tenha sido negada a extradição, é necessário à
requisição.
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Princípio da extraterritorialidade

Diz-se condicionada porque a aplicação da lei


penal brasileira se subordina à ocorrência de
certos requisitos (alíneas dos § 2º e § 3º).
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Princípio da extraterritorialidade

§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira


depende do concurso das seguintes condições:
a) entrar o agente no território nacional;
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei
brasileira autoriza a extradição;
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não
ter aí cumprido a pena;
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por
outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a
lei mais favorável.
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Princípio da extraterritorialidade

§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido


por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas
as condições previstas no parágrafo anterior:
a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
b) houve requisição do Ministro da Justiça.
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Teoria do Crime
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Teoria do Crime

O crime pode ser verificado através de 03


prismas:
Conceito material;
Conceito formal;
Conceito analítico.
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Teoria do Crime

Conceito material: É a concepção da sociedade


sobre o que pode e deve ser proibido, mediante a
aplicação de sanção penal. É, pois, a conduta que
ofende um bem juridicamente tutelado, merecedora
de pena. Esse conceito é aberto e informa o
legislador sobre as condutas que merecem ser
transformadas em tipos penais incriminadores.
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Teoria do Crime

Conceito material: “O conceito material de crime é


prévio ao código penal e fornece ao legislador um
critério político criminal sobre o que o direito penal
deve punir e o que deve deixar impune”
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Teoria do Crime

Conceito formal: É a concepção do direito acerca do


delito, constituindo a conduta proibida por lei, sob
ameaça de aplicação de pena, numa visão legislativa
do fenômeno. Cuida-se, na realidade, de fruto do
conceito material, devidamente formalizado.
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Teoria do Crime

Conceito analítico: É a concepção da ciência do


direito, que não difere, na essência, do conceito
formal. Na realidade, é o conceito formal
fragmentado em elementos que propiciam o melhor
entendimento da sua abrangência. (para dizer se é
ou não um crime.
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Professor explica...

Conceito material: prevê e exige o resultado


naturalístico para consumação.
Homicídio: matar alguém – exige modificação no
mundo físico. O cadáver. É necessário o “Material”
Furto: Coisa palpável; Objeto.
Conceito formal: prevê o resultado naturalístico, mas
o legislador não exige para consumação. Não exige
o resultado físico. Admite a conduta criminosa. Se
contenta com o comportamento. Corrupção passiva.
Mas só o fato de “solicitar” o crime já consumou.
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Conceito analítico:
Inicialmente, cumpre salientar que o conceito de crime
é artificial, ou seja, independe de fatores naturais,
constatados por um juízo de percepção sensorial, uma
vez que se torna impossível classificar uma conduta,
ontologicamente, como criminosa. Em verdade, é a
sociedade a criadora inaugural do crime, qualificativo
que reserva às condutas ilícitas mais gravosas e
merecedoras de maior rigor punitivo. Após, cabe ao
legislador transformar esse intento em figura típica,
criando a lei que permitirá a aplicação do anseio social
aos casos concretos.
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Professor explica...

Professor explica:
Conceito analítico: Teoria tripartida que adota a
corrente finalística.
Típico; + Antijurídico; + Culpável.
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Professor explica...
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Professor explica...

ANALÍTICO –Teoria tripartida – Corrente finalística


1 TÍPICO + 2 ANTIJURIDICO + 3 CULPÁVEL =
CRIME SE VC TIRAR O PRIMEIRO E/OU O
SEGUNDO VOCÊ EXCLUI O CRIME;
NO TERCEIRO PEDAÇO - ISENTA DE PENA.
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Professor explica...

Resumo: “Crime, no conceito analítico é fato típico,


antijurídico e culpável. Não importando a corrente
(causalista, finalista ou funcionalista), o delito tem três
elementos indispensáveis à sua configuração, dando
margem à condenação. Sem qualquer um deles, o juiz é
obrigado a absolver. Fato típico: amolda-se o fato real ao
modelo de conduta proibida previsto no tipo penal (ex.:
matar alguém art. 121, CP). Antijurídico: contraria o
ordenamento jurídico, causando efetiva lesão a bem jurídico
tutelado. Culpável: merecedor de censura, pois cometido
por imputável (maior de 18 e mentalmente são), com
conhecimento do ilícito e possibilidade plena de atuação
conforme o Direito exige.

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