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Data da Avaliação:

Disciplina: DIREITO PENAL I


10/06/2020

Curso: DIREITO Docente: JOÃO HENRIQUE FERREIRA Série: 1ºANO A.


DIURNO.

Aluno: NICOLE MARQUES DE SOUZA RA: 010120147

ANÁLISE DOS ARTIGOS 7º E 8º DO CÓDIGO PENAL DE 1940

Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:


(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
I - os crimes: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984).
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; (Incluído pela Lei
nº 7.209, de 1984)
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado,
de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista,
autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; (Incluído pela Lei nº 7.209,
de 1984)
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; (Incluído pela
Lei nº 7.209, de 1984)
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;
(Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
II - os crimes: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; (Incluído pela
Lei nº 7.209, de 1984)
b) praticados por brasileiro; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de
propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados.
(Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda
que absolvido ou condenado no estrangeiro. (Incluído pela Lei nº 7.209, de
1984)
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso
das seguintes condições: (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
a) entrar o agente no território nacional; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; (Incluído pela Lei nº
7.209, de 1984)
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a
extradição; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a
pena; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não
estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. (Incluído pela Lei nº
7.209, de 1984)
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro
contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no
parágrafo anterior: (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
a) não foi pedida ou foi negada a extradição; (Incluído pela Lei nº 7.209, de
1984)
b) houve requisição do Ministro da Justiça. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
Pena cumprida no estrangeiro (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA

Os casos de extraterritorialidade incondicionada podem ser observados no


inciso I do art. 7º, que são os crimes cometidos no estrangeiro em que é
obrigatória a aplicação da lei brasileira, independentemente de estar
preenchida qualquer condição. Essas hipóteses, excluindo-se a última (d),
genocídio, são fundadas no princípio da proteção (princípio de competência
real, de defesa) em que a lei defende os bens jurídicos nacionais que o Estado
considera fundamentais.
a) Em primeiro lugar estão os crimes contra a vida ou liberdade do
Presidente da República (art.121, 122, 146 a 156 do CP). Como a lei se
utiliza de expressão técnica, não se pode incluir neste dispositivo os
crimes graves como o latrocínio, extorsão mediante sequestro, pois a lei
os considera crimes contra o patrimônio, estes expostos na alínea (b).
b) Também se aplica a lei aos crimes contra o patrimônio (art.155 a 180 do
CP) e contra a fé publica (arts. 289 a 311 do CP), das pessoas jurídicas
de direito público.
c) São também casos de extraterritorialidade incondicionada os crimes
contra a administração pública por quem está ao seu serviço. Estão
incluídos os ilícitos previstos entre os art. 312 e 326 do CP, bem como
os constantes do título XI do CP, desde que praticados por agente
considerado funcionário público para os efeitos penais, conceituado no
art. 327 do CP.
d) Na alínea (d), adotou-se o princípio da justiça universal (ou da
competência universal ou cosmopolita), de que o criminoso deve ser
julgado onde for detido, segundo as leis deste país, não se levando em
conta o local do crime, a nacionalidade do autor ou o bem jurídico
lesado, dado que o crime é um mal universal. Aplica-se a lei brasileira ao
crime de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no
Brasil. O genocídio está previsto na Lei nº 2.889 de 01/140/1956, mas a
lei também inclui os ilícitos previstos no arts. 208 e 401 do Código Penal
Militar e a eles se equipara o crime de induzir dolosamente a prática de
esterilização cirúrgica quando cometido crime contra a coletividade
(art.17 e seu parágrafo único da Lei nº 9.263, de 12/01/1996). Em todas
essas hipóteses, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que
absolvido ou condenado em estrangeiro. É o que dispõe o §1º do artigo
em exame.

EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA
Nos casos de extraterritorialidade condicionada, há a dependência de várias
condições previstas no inciso II, do artigo 7º para que a lei brasileira seja
aplicada nos crimes cometidos no estrangeiro. Como por exemplo:

 A alínea (a), diante do princípio da competência universal, dispõe que a


lei brasileira se aplicará ao crime se o agente se encontrar em solo
nacional. Além disso, nos crimes em que o Brasil se obrigou a reprimir,
por meio de tratados, por exemplo: atos de pirataria, tráfico de mulheres,
tráfico de entorpecentes, entre outros.
 Na alínea (b), o princípio da personalidade (ou nacionalidade) ativa, diz
respeito à aplicação da lei brasileira aos crimes praticados por brasileiro
no estrangeiro.

 A alínea (c) traz o princípio da representação, subsidiário, determina a


aplicação da lei nacional quando, por deficiência legislativa ou
desinteresse de outro que deveria reprimir o crime não o faz. Nossa lei
também é aplicada aos crimes cometidos em aeronaves ou
embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, mesmo
que em território estrangeiro. É uma aplicação do princípio da
nacionalidade, mas não a do agente ou da vítima, e sim do meio de
transporte em que ocorreu o crime.

Por fim, o §3º apresenta o princípio da competência real, e expõe que se o


crime for cometido por um estrangeiro contra brasileiro em território externo ao
Brasil, a lei nacional ainda assim deverá ser aplicada.

CONDIÇÕES PARA A APLICAÇÃO DA LEI BRASILEIRA

Para que a lei brasileira seja aplicada nos casos de extraterritorialidade


condicionada, é preciso que o agente do crime preencha as condições
estabelecidas no §2º do art. 7º.

a) A entrada do agente no território brasileiro, seja ela breve ou longa, a


negócio ou passeio, voluntária ou não, legal ou clandestina, não
prejudicando a ação penal a saída do agente;
b) Ser o fato punível também no país em que foi praticado, o que é
irrelevante, evidentemente, quando o crime é praticado em local que não
está sob a jurisdição de qualquer país;
c) Estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza
extradição (instituto regulado na Lei nº 6.815, de 19/08/1980 – Lei de
Estrangeiros –, alterada pela Lei nº 6.964 de 09/12/1981);
d) Não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter cumprido
pena;
e) Não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não
estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável.

Para a aplicação da lei brasileira aos crimes praticados contra brasileiro,


exigem-se, além das citadas condições, que não tenha sido pedida ou tenha
sido negada a extradição e que haja requisição do Ministro da Justiça. De
acordo com o disposto no art. 109 da CF, em certos casos a
extraterritorialidade o agente será submetido a processo perante a Justiça
Federal (incisos V e IX). Pelo Decreto nº 4.975, de 30/01/2004, foi promulgado
o Acordo de Extradição celebrado no Rio de Janeiro pelos países do
MERCOSUL no dia 10/12/1998.

Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo
mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Eficácia de sentença estrangeira (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)

DETRAÇÃO DA PENA CUMPRIDA NO ESTRANGEIRO

O artigo 8º tem o objetivo de evitar o bis in idem, ou seja, que a pessoa cumpra
a pena duas vezes pelo mesmo crime cometido, complementando assim o
artigo 7º, pois regula se no caso já houve condenação no exterior que foi
executada (em parte ou de forma integral).
Para as penas da mesma natureza (diversidade quantitativa) o tempo de pena
cumprida no estrangeiro será subtraído da soma final estabelecida pela lei
nacional brasileira que for aplicada ou até mesmo extingui-la se a lei imposta
pelo país estrangeiro for mais severa.

Caso as penas sejam diversas (diversidade qualitativa), a lei imposta no


estrangeiro atenua a brasileira, ficando ao critério do juiz, uma vez que o artigo
não prevê critérios específicos para atenuação de pena.

CASOS CONCRETOS

EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA

PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. CRIMES DE TORTURA, REDUÇÃO


À CONDIÇÃO ANÁLOGA À DE ESCRAVO E FRUSTRAÇÃO DE DIREITO
ASSEGURADO NA LEGISLAÇÃO TRABALHISTA. COMPETÊNCIA DA
JUSTIÇA BRASILEIRA. PRINCÍPIOS DA TERRITORIALIDADE E
EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA. CONEXÃO. SUPRESSÃO
DE INSTÂNCIA. PRISÃO CAUTELAR. MOTIVAÇÃO IDÔNEA. INTERESSE
EXTRADICIONAL. ORDEM DENEGADA. 1. Iniciada a execução dos crimes de
redução à condição análoga à de escravo (artigo 149 do CP) e de frustração de
direito assegurado na legislação trabalhista (artigo 203 do CP) dentro do
território nacional, compete à Justiça brasileira processar e julgar os fatos,
independentemente de condicionantes extraterritoriais. Inteligência dos artigos
5º e 6º do Código Penal, representativos do princípio da territorialidade e da
teoria da ubiquidade, adotadas pelo ordenamento jurídico brasileiro para a
definição do local do crime. 2. Competência da Justiça brasileira para julgar o
crime de tortura cometido contra nacional no exterior como expressão do
princípio da extraterritorialidade incondicionada (art. 2º da Lei nº 9.455/1997).
Conexão fática e probatórias com os demais delitos. Matéria estabilizada na
Corte Regional. 3. Delito do artigo 203 do CP e norma penal em branco:
supressão de instância, na medida em que a Corte Regional não tratou sobre a
temática. 4. Prisão preventiva devidamente justificada sob os pressupostos do
artigo 312 do CPP, além de instrumental, no caso, à extradição ativa solicitada
à República Italiana. 4.1. Não é ilegal a prisão preventiva decretada em
contexto no qual a vítima foi contratada ardilosamente, no Brasil, para prestar
serviços de empregada doméstica na residência do casal de pacientes, na
Itália, sendo avisada, já no exterior, que não receberia remuneração pelos
serviços e que teria restrição de liberdade na casa dos denunciados. Indícios
de coisificação da vítima, corroborados provisoriamente por laudos periciais e
testemunhas no sentido de que ela foi agredida, física e psicologicamente, por
cerca de oito meses, com surras de cinto, socos, imposição de garfo quente
nos seus órgãos genitais, introdução de cabo de vassoura em seu ânus, aperto
do seu clitóris com tesoura, golpes nas costas, braços e mamas por meio do fio
de carregador de máquina de cortar cabelos, e de que, após cada ato violento,
os pacientes exigiam que a vítima ingressasse em banheira com água gelada
(por volta de 4º C), sal grosso e vinagre, a fim de encobrir as sevícias. Retorno
ao Brasil viabilizado após desgastante desfecho, com o custeio da passagem
aérea pela genitora da vítima. 4.2. Decreto prisional a apontar que "os
acusados teriam agido com frieza e crueldade excedentes ao próprio tipo,
contidos na violência física e psicológica praticadas contra a vítima, expondo tal
situação, inclusive, a familiares e amigos, sem qualquer pudor", em ordem a
explicitar a gravidade concreta das condutas e a periculosidade realizada dos
pacientes. 4.3. Fundamentação, no decreto prisional, de ameaças realizadas
pela acusada a uma das testemunhas, visando a evitar depoimento em favor
da vítima, e risco de os réus se evadirem para um dos países da zona do euro,
forte na "intenção [da acusada NATALINA] de apagar qualquer vestígio sobre
suas atividades e identidade", eliminando todas as suas mensagens e fotos de
um site de relacionamentos, além de "residirem em território italiano e não se
ter registro de retorno dos acusados ao Brasil posteriormente à ocorrência dos
fatos". 4.4. Esta Corte Superior de Justiça possui entendimento estável
segundo o qual (i) a genuína probabilidade de risco à instrução criminal, ou (II)
a efetiva intenção de não se submeterem os agentes à aplicação da lei penal,
ou, ainda, (iii) a gravidade in concreto dos fatos narrados na denúncia,
justificam a decretação da prisão preventiva. 5. Ordem denegada.

EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA

DAS PRELIMINARES SUSCITADAS PELA PROCURADORIA DE JUSTIÇA:


PRELIMINAR DE APLICAÇÃO DA EXTRATERRITORIALIDADE
CONDICIONADA AO DELITO DE EXTORSÃO – CRIME TRANSNACIONAL –
PRETENDIDO RECONHECIMENTO DA IMCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA
ESTADUAL- PRELIMINAR ACOLHIDA – REMESSA DOS AUTOS À JUSTIÇA
FEDERAL. Se o cidadão estrangeiro comete crime em região de fronteira, com
etapas realizadas nos dois territórios, e o caso é de extraterritorialidade
condicionada ao delito de extorsão, pois o Brasil obrigou-se a reprimir tal crime
por força de tratado ou convenção, atendendo as condições previstas no art.
7º, II, §2º e §3º, do Código Penal, então, é de rigor reconhecer-se a aplicação
da lei brasileira. Tratando-se de crime que não é de competência da Justiça
Estadual, determina-se a remessa do feito à Justiça Federal. ACOLHIMENTO
DA PRELIMINAR DE INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL QUANTO
AO CRIME PREVISTO NO ART, 158, §1º, DO CÓDIGO PENAL. PRELIMINAR
SUSCITADA DA NULIDADE DA SENTENÇA – INCOMPETÊNCIA DA
JUSTIÇA ESTADUAL QUANTO AO CRIME TRANSNACIONAL DE
EXTORÇÃO – JULGAMENTO DO DELITO PREVISTO NO ART. 158, §1º, DO
CP – COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL – NILIDADE DA SENTENÇA
QUANTO A ESSE CRIME – REMEMSSA DO FEITO À JUSTIÇA FEDERAL.
Se reconhecido que o julgamento do delito previsto no art. 158, §1º, do CP,
com caráter de transnacionalidade, não é da competência da justiça estadual,
cabe anular a parte da sentença relativa a este crime. Se o crime é
reconhecido como transnacional e aqueles de competência da Justiça Federal,
devem os autos ser remetidos à Justiça Federal, para ali ser analisado.
ACOLHIDA PRELIMINAR PARA DECLARAR A NULIDADE PARCIAL DA
SENTENÇA, PROLATADA POR JUIZ INCOMPETENTE E REMESSA DOS
AUTOS À JUSTIÇA UNCOMPETERNTE E REMESSA DOS AUTOS À
JUSTIÇA FEDERAL, com o parecer. EMENTA DO RECURSO MINISTERIAL:
CRIME DO ARTIGO 158 §1º DO CP – EXTORÇÃO CIRCUNSTANCIADA –
PLEITO DE CONDENAÇÃO – SENTENÇA QUE RECONHECEU
INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA BRASILEIRA PARA PROCESSAR –
APELADO PARAGUAIO – ALEGAÇÃO DE QUE A CONSUMAÇÃO DO
CRIME OCORREU NO BRASIL – CONHECIMENTO PREJUDICADO POR
FORÇA DO ACOLHIMENTO DA INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL
BRASILEIRA – RECURSO NÃO CONHECIDO. Se acolhida a matéria
preliminar para reconhecimento de incompetência da justiça estadual brasileira
para analisar o processo, o recurso ministerial visando a condenação do réu
paraguaio não pode ser conhecido, em razão da prejudicialidade da matéria
arguida na preliminar acolhida. RECURSO MINISTERIAL NÃO CONHECIDO,
com o parecer. EMENDA O RECURSO DA DEFESA: CRIME PREVISTO NO
ARTIGO 16, CAPUT, DA LEI 10.826/03, COMBINADO COM O ARTIGO 70 DO
CP – PRETENDIDA ABSOLVIÇÃO POR ATIPICIDADE DA CONDUTA, NOS
TERMOS DO ARTIGO 386, INCISO III DO CPP – ALEGADA
EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA – PORTE DE MUNIÇÕES DE
USO RESTRITO PRATICADO NO BRASIL – APLICAÇÃO DA LEI
BRASILEIRA – ART. 5º DO CÓDIGO PENAL (PRINCÍPIO DA
TERRITORIALIDDE) – ATIPICIDADE AFASTADA – CONDENAÇÃO MANTIDA
– PLEITO DE ISENÇÃO DE PENA OU DIMINUIÇÃO DA PENA, POR ERRO
DE PROIBIÇÃO – ESTRANGEIRO QUE ALEG DESCONHECIMENTO QUE O
PORTE DE MUNIÇÕES É CRIME NO BRASIL – IMPOSSIBLIDADE – ERRO
DE PROIBIÇÃO NÃO RECINHECIDO – ALEGADA ATIPICIDADE EM RAZÃO
DA AUSÊNCIA DE POTENCIALIDADE LESIVA DAS MUNIÇÕES SEM A
PRESENÇA DA RESPECTIVA ARMA DE FOGO – REJEITADA – CRIMES
PREVISOS NO ARTIGO 16 DA LEI 10.826/03 – DESNESSESSIDADE DE
PERÍCIA SOBRE A POTENCIALIDADE LESIVA DAS MUNIÇÕES – CRIME
DE MERA CONDUTA, PERIGO ABSTRATO – CONSUMAÇÃO COM A
SIMPLES POSSE – ADEMAIS, PERÍCIA REALIZADA NAS MUNIÇÕES,
ATESTADO SUA FUNCIONALIDADE – CONDENAÇÃO MANTIDA – PLEITO
DE REDUÇÃO DE PENA COM REDUÇÃO DA PENA-BASE AO MÍNIMO
LEGAL – INVIÁVEL – CIRCUNSTÂNCIAS DESFAVORÁVEIS – PLEITO DE
ABRANDAMENTO DO REGIME E DE SUBSTITUIÇÃO DA PENA CORPORAL
POR RESTRITIVA DE DIREITOS - INVIABILIDADE – MODULADORAS
DESFAVORÁVEIS QUE IMPEDEM OS BENEFÍCIOS – INTELIGENCIA DOS
ARTIGOS 33 E 44 DO CÓDIGO PENAL. Se o porte de munições de uso
restrito praticado pelo apelante ocorreu no Brasil, isso autoriza a aplicação da
lei brasileira, nos termos do art. 5º do Código Penal (principio da
territorialidade), o que afasta a alegação de atipicidade da conduta. Não age
em erro de proibição o estrangeiro que alega desconhecimento que o porte de
munições é crime no Brasil, se ele sabia oi tinha condições de compreender
caráter ilícito do fato, pois exercia a função de Suboficial Superior na polícia
paraguaia, em região de fronteira, relatando que tinha conhecimento do porte
ilegal de armas de fogo ser crime no Brasil, então por certo sabia também que
o porte das munições seria proibido no Brasil. O crime previsto no art. 16 da Lei
10.826/03 não demanda para sua caracterização perícia sobre a potencialidade
lesiva das munições, pois se trata de crime de mera conduta, de perigo
abstrato, que se consuma com a simples posse ou guarda da munição, sem
licença da autoridade competente, independentemente se o acessório ou
munição está em funcionamento ou não; Ademais, no caso presente o laudo
pericial atestou a funcionalidade das munições apreendidas, devendo ser
afastada a tese da atipicidade. Não se reduz pena base, nem se abranda
regime, nem se substitui pena corporal por restritivas de direitos, se o
condenado teve reconhecidas circunstâncias desfavoráveis na pratica do
crime, nos termos dos artigos 59, 33, e 44 do Código Penal. RECURSO DA
DEFESA IMPROVIDO, com o parecer.

(TJ-MS – APR: 00005487020148120019 MS 0000548-70.2014.8.12.0019,


Relator: Desª. Maria Isabel de Matos Rocha, Data de Julgamento: 05/06/2018,
1ª Câmara Criminal, Data de Publicação: 11/06/2018).

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