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LEI PENAL NO ESPAÇO

Prof. Maurilo Sobral


Territorialidade

• Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito
internacional, ao crime cometido no território nacional. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
• § 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as
embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde
quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de
propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em
alto-mar. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
• § 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou
embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território
nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do
Brasil.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
Território

• Conceito: O território sob o aspecto jurídico abrange todo o espaço em que o Estado
exerce a sua soberania, o Território nacional pode ser definido como espaço terrestre,
marítimo ou aéreo, sujeito à soberania do Estado, quer esteja destacado do corpo
territorial principal ou não. Assim o território se compõe das seguintes partes:
• A) Solo/subsolo
• B)Rios, lagos e mares interiores; golfos e portos.
• C) Mar territorial – Constitui-se da faixa ao longo da costa, incluindo o leito e o subsolo,
respectivos, que formam a plataforma continental. Uma extensão de 12 milhas fixadas
pela Lei nº 8.617/93.
• D) Espaço aéreo;
O que é território?

Espaço físico+ Espaço jurídico


(ficção/equiparação/extensão) = Território (previsto no
art.5 §1§2 do CP)
Lugar do Crime

• Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a


ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu
ou deveria produzir-se o resultado.(Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 1984)
LEI PENAL NO ESPAÇO

1. Lugar do Crime: onde ocorre o crime :

a) teoria da atividade: o local seria o da ação ou omissão , independente do


resultado. Excepcionalmente, veio se adotar essa teoria nos crimes de menos
potencial ofensivo.

b) teoria do resultado: é o local onde se dá o resultado, independente de onde


ocorrer

c) teoria da ubiqüidade ou mista: adota as duas: sendo o lugar o crime, tanto o da


ação ou omissão, quanto o local do resultado. Essa teoria é útil na medida que
resolve o problema dos crimes à distância. Ela serva para definir a competência da
justiça brasileira no cenário internacional, não sendo o critério da competência
interna. (ART. 6 do CP)
Extraterritorialidade
• Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no
estrangeiro: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
• I - os crimes: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
• a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; (Incluído
pela Lei nº 7.209, de 1984)
• b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de
Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de
economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder
Público; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
• c) contra a administração pública, por quem está a seu
serviço; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
• d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no
Brasil; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
Extraterritorialidade

• II - os crimes: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)


• a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; (Incluído pela
Lei nº 7.209, de 1984)
• b) praticados por brasileiro; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
• c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de
propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam
julgados. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
• § 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda
que absolvido ou condenado no estrangeiro.(Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
Princípios da Lei Penal no Espaço

• Princípio real, de defesa ou de proteção: ‘Esse princípio


permite a extensão da jurisdição penal do Estado titular
do bem jurídico lesado, para além dos seus limites
territoriais , fundamentado na nacionalidade do bem
jurídico lesado ( Art. 7º, I, do CP), independentemente do
local em que o crime foi praticado ou da nacionalidade
do agente infrator.” (BITTENCOURT, 2017)
Princípios da Lei Penal no Espaço

• Princípio da universalidade ou cosmopolita “ Esse


princípio é característico da cooperação penal
internacional, porque permite a punição por todos os
Estados, de todos os crimes que forem objeto de
tratados e de convenções internacionais. Aplica-se a lei
nacional a todos os fatos puníveis, sem levar em conta o
lugar do delito, a nacionalidade do seu autor ou do bem
jurídico lesado. (Art. 7, II, a do CP).
Exercício de Fixação

• Considere a seguinte situação hipotética. Um irlandês, membro da tripulação de um navio de recreio


norte-americano, praticou um homicídio a bordo da referida embarcação, que se encontrava navegando
em águas territoriais do Brasil. Nessa situação, aplicar-se-á a legislação penal brasileira.
Exercício de Fixação
• Fernando falsificou, na França, selos brasileiros com
• intenção de usá-los no Brasil e, assim, obter lucro.
• A respeito dessa situação hipotética, assinale a opção correta.

• a) Nesse caso, aplica-se o princípio da extraterritorialidade condicionada, de forma que Fernando
só poderá ser processado e julgado conforme as leis brasileiras, quando e se
• entrar no território nacional.
• b) Fernando somente poderá ser processado e julgado no Brasil se o fato for punível também na
França.
• c) Fernando poderá ser punido no Brasil somente se a extradição estiver prevista na lei brasileira
para o crime por ele cometido.
• d) Se Fernando tiver sido absolvido, na França, pela prática delitiva, não poderá ser processado e
julgado no Brasil.
• e) Embora praticado no estrangeiro, o crime praticado por Fernando fica sujeito à lei penal
brasileira, ainda que ele seja absolvido ou condenado na França.
Extraterritorialidade Condicionada

• § 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes
condições: (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
• a) entrar o agente no território nacional; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
• b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
• c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; (Incluído pela Lei nº
7.209, de 1984)
• d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; (Incluído pela Lei nº 7.209,
de 1984)
• e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade,
segundo a lei mais favorável. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
• § 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil,
se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
• a) não foi pedida ou foi negada a extradição; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
• b) houve requisição do Ministro da Justiça. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
Princípios da Lei Penal no Espaço

• Princípio da nacionalidade ou da personalidade


“ Aplica-se a lei penal da nacionalidade do agente, pouco
importando o local em que o crime foi praticado. O Estado
tem o direito de exigir que o seu nacional no estrangeiro
tenha determinado comportamento. Esse princípio pode
apresentar-se sob duas formas: personalidade ativa – caso
em que se considera somente a nacionalidade.
Personalidade passiva – nessa hipótese importa somente
se a vítima do delito é nacional. ( Art. 7, §3 do CP).
Princípios da Lei Penal no Espaço
• Princípio da representação ou da bandeira
“Trata-se de um princípio subsidiário, e quando,
houver deficiência legislativa ou desinteresse de
quem deveria reprimir, aplica-se a lei do Estado em
que está registrada a embarcação ou aeronave ou
cuja bandeira ostenta os delitos praticados em seu
interior” (Art. 7, II, c, do CP).
Quais os princípios foram adotados pelo CP?
Territorialidade ( Art. 5) → Princípio Regra.
Exceção:
a)Real ou de proteção (art. 7, I e §3)
b) Universal ou cosmopolita (art. 7, II,a)
c)Nacionalidade ativa (art. 7, II, b)
d)Nacionalidade passiva ( art. 7, §3)
e)Representação (art. 7, II, c)
• Princípio da territorialidade – Aplica-se a lei penal do local do crime, não importando a
nacionalidade do agente, ou da vítima.
• Princípio da Nacionalidade (Ativa) ou da Personalidade ativa – Aplica-se a lei penal da
nacionalidade do agente, não importando o local do crime ou a nacionalidade do bem
Jurídico.
• Princípio da Nacionalidade (Passiva) - Aplica-se a lei penal da nacionalidade do agente
apenas quando atingir um bem jurídico do seu próprio Estado. ( ou de um concidadão, não
importando o local do crime).
• P. da Defesa ( ou real) – aplica-se a lei da nacionalidade do bem jurídico lesado ( não
importando a nacionalidade dos envolvidos ou o local do crime).
• P. da Justiça Penal Universal ( ou cosmopolita) – O agente fica sujeito a lei penal do país
onde for encontrado. (não importando a nacionalidade do bem jurídico ou do local do
crime). Esse princípio acaba norteando os crimes que países se obrigam a reprimir em
tratados internacionais.
• P. da Representação - A lei penal Nacional aplica-se aos crimes praticados em aeronaves
ou embarcações privadas, quando no estrangeiro e ai não sejam julgados. (não
importando a nacionalidade do agente e do bem jurídico.)
No ano de 2005, Pierre, jovem francês residente na Bulgária, atentou contra a vida do
então presidente do Brasil que, na ocasião, visitava o referido país. Devidamente
processado, segundo as leis locais, Pierre foi absolvido. Considerando apenas os
dados descritos, assinale a alternativa correta:

a) Não é aplicável a lei penal brasileira, pois como Pierre foi absolvido no estrangeiro,
não ficou satisfeita uma das exigências previstas à hipótese de extraterritorialidade
condicionada.
b) É aplicável a lei penal brasileira, pois o caso narrado traz hipótese de
extraterritorialidade incondicionada, exigindo – se, apenas, que o fato não tenha
sido alcançado por nenhuma causa extintiva de punibilidade no estrangeiro.
c) É aplicável a lei penal brasileira, pois o caso narrado traz hipótese de
extraterritorialidade incondicionada, sendo irrelevante o fato de ter sido o agente
absolvido no estrangeiro.
d) Não é aplicável a lei penal brasileira, pois como o agente é estrangeiro a conduta
foi praticada em território também estrangeiro, as exigências relativa à
extraterritorialidade condicionada não foram satisfeitas.
Dupla punição
• O art. 8º determina:
• Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil
pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando
idênticas.
• Nos casos de extraterritorialidade condicionada, desaparece o interesse do
Brasil em punir os crimes cometidos no estrangeiro. Esse artigo portanto, é
voltado para amenizar a situação do art. 7, 1, que trata da
extraterritorialidade incondicionada.
• Isso permite uma dupla punição, no caso de extraterritorialidade. Quando as
penas são homogêneas é somente detrair o tempo da pena cumprida. Mas
caso a pena seja heterogênea (p. ex. multa em um país e prisão em outro),
deve o juiz agir com equidade e razoabilidade para decidir a melhor
forma.
Rodrigo praticou no exterior crime sujeito à lei brasileira e foi
condenado a 1 ano de reclusão no exterior e a 2 anos de reclusão no
Brasil. Cumpriu a pena no exterior e voltou ao Brasil, tendo sido preso
em razão do mandado de prisão expedido pela justiça brasileira.
Nesse caso, a pena cumprida no exterior:
a) Será considerada circunstância atenuante e a pena fixada no Brasil
será objeto de nova dosimetria.
b) B) Implicou exaurimento da sanção penal cabível e Rodrigo não
estará sujeito ao cumprimento da pena imposta no Brasil.
c) C) Será descontada da pena imposta no Brasil, e assim, Rodrigo
terá de cumprir mais 1 ano de reclusão.
d) D) é irrelevante para a alei brasileira e Rodrigo deverá cumprir
integralmente os 2 anos de reclusão imposto pela Justiça Brasileira

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