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DIREITO PENAL I

Prof. Murilo Darwich


Mestre em Direitos Fundamentais – UNAMA
Especialista em Ciências Criminais – CESUPA
Especialista em Direito Penal e Processo Penal – NASSAU/ESA
LUGAR DO CRIME
 Princ. Da Territorialidade (temperada).

 Primeiramente é preciso identificar o lugar do crime:

 Temos três teorias:

a) teoria da atividade;
b)teoria do resultado;
c) teoria mista ou da ubiquidade.
a) Pela teoria da atividade, lugar do crime seria o da ação ou da omissão, ainda que outro fosse o da
ocorrência do resultado.
b) A teoria do resultado despreza o lugar da conduta e defende a tese de que lugar do crime será, tão
somente, aquele em que ocorrer o resultado.
c) A teoria da ubiquidade ou mista adota as duas posições anteriores e aduz que lugar do crime será o da
ação ou da omissão, bem como onde se produziu ou deveria se produzir o resultado.

 Nosso Código Penal adotou a teoria da ubiquidade:

Art. 6º Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou a omissão, no todo ou em parte,
bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.
 Com a adoção da teoria da ubiquidade resolvem-se os problemas já há muito apontados pela doutrina, como
aqueles relacionados aos crimes a distância. Na situação clássica, suponhamos que alguém, residente na
Argentina, enviasse uma carta-bomba tendo como destinatário uma vítima que residisse no Brasil.

 A carta-bomba chega ao seu destino e, ao abri-la, a vítima detona o seu mecanismo de funcionamento,
fazendo-a explodir, causando-lhe a morte. Se adotada no Brasil a teoria da atividade e na Argentina a teoria
do resultado, o agente, autor do homicídio ficaria impune. A adoção da teoria da ubiquidade resolve
problemas de Direito Penal Internacional. Ela não se destina à definição de competência interna, mas,
sim, à determinação da competência da Justiça brasileira. Embora competente a Justiça brasileira, pode
acontecer que, em virtude de convenções, tratados e regras de Direito Internacional, o Brasil deixe de
aplicar a sua lei penal aos crimes cometidos no território nacional. (Greco, Rogério. Curso de Direito Penal -
Parte Geral Vol. I.)
 Masson exemplifica:

Imagine que o agente efetue disparos de arma de fogo contra vítima em solo brasileiro, com a intenção
de matá-la, mas esta consegue fugir e morre depois de atravessar a fronteira com o Paraguai. A adoção da
teoria da ubiquidade permite a conclusão de que o lugar do crime tato pode ser o Brasil como o Paraguai.
TERRITORIALIDADE
 A eficácia da lei penal no espaço delimita as fronteiras de atuação da lei penal brasileira.
 O TERRITÓRIO NACIONAL comporta o espaço geográfico (físico) mais o espaço jurídico, também
chamado de espaço por ficção, equiparação ou extensão (previsto no artigo 5º, §§ 1º e 2º).

 Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao
crime cometido no território nacional. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)

 Brasil adotou a territorialidade temperada.


 Art. 5 CP:
 § 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e
aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem,
bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem,
respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)

 § 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações
estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no
espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)

 Mar territorial: O Brasil tem soberania marítima e aérea em uma faixa que corre junto ao litoral com largura
de 22 km (12 milhas náuticas)
PASSAGEM INOCENTE
 - Quando um navio atravessa o território nacional apenas como passagem necessária para chegar ao
seu destino, não se aplica a lei brasileira (não se aplica o art. 5º, §2º, do CP). Atenção: expressamente
só os navios desfrutam da PASSAGEM INOCENTE.

 Lei 8.617, art. 3º - É reconhecido aos navios de todas as nacionalidades o direito de passagem inocente
no mar territorial brasileiro.
§1º - A passagem será considerada inocente desde que não seja prejudicial à paz, à boa ordem ou à
segurança do Brasil, devendo ser contínua e rápida.
§2º - A passagem inocente poderá compreender o parar e o fundear, mas apenas na medida em que tais
procedimentos constituam incidentes comuns de navegação ou sejam impostos por motivos de força ou
por dificuldade grave, ou tenham por fim prestar auxílio a pessoas a navios ou aeronaves em perigo ou
em dificuldade grave.
§3º - Os navios estrangeiros no mar territorial brasileiro estarão sujeitos aos regulamentos estabelecidos
pelo Governo brasileiro.
EXTRATERRITORIALIDADE
 Ao contrário da territorialidade, cuja regra geral é a aplicação da lei brasileira àqueles que praticarem
infrações penais dentro do território nacional, incluídos aqui os casos considerados fictamente como sua
extensão, a extraterritorialidade preocupa-se com a aplicação da lei brasileira às infrações penais cometidas
além de nossas fronteiras, em países estrangeiros.

 A extraterritorialidade pode ser:

a) incondicionada
b) condicionada.
contra a vida ou a liberdade
do Presidente da República

contra o patrimônio ou a fé pública da União,


do Distrito Federal, de Estado, de Território, de
Município, de empresa pública, sociedade de
economia mista, autarquia ou fundação
instituída pelo Poder Público
Incondicionada Art. 7°, I do
CP

contra a administração
§ 1º - Nos casos do inciso pública, por quem está a seu
I, o agente é punido serviço
segundo a lei brasileira,
ainda que absolvido ou
condenado no estrangeiro.

de genocídio, quando o
agente for brasileiro ou
domiciliado no Brasil
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do
concurso das seguintes condições
a) entrar o agente no território nacional;
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a
extradição;
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a
pena;
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não
estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável.
que, por tratado ou convenção, o Brasil
se obrigou a reprimir

Condicionada Art. 7°, II do CP

praticados por brasileiro

praticados em aeronaves ou embarcações


brasileiras, mercantes ou de propriedade
privada, quando em território estrangeiro
e aí não sejam julgados
EXTRATERRITORIALIDADE
ULTRACONDICIONDA

 § 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra


brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior:
a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
b) houve requisição do Ministro da Justiça.
PENA CUMPRIDA NO ESTRANGEIRO
 É possível que o agente seja processado, julgado e condenado tanto pela lei brasileira como
pela estrangeira (extraterritorialidade incondicionada), nesse caso aplica-se o art. 8º do CP:

 Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime,
quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas.

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