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Justiça Federal da 1ª Região

PJe - Processo Judicial Eletrônico

06/04/2023

Número: 1004749-48.2023.4.01.3500
Classe: PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL
Órgão julgador: 15ª Vara Federal de Juizado Especial Cível da SJGO
Última distribuição : 31/01/2023
Valor da causa: R$ 22.012,43
Assuntos: RMI - Renda Mensal Inicial
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Procurador/Terceiro vinculado
HUASCAR FELICIANO RODRIGUES JUNIOR (AUTOR) PAULO HENRIQUE PINHO DE MORAIS (ADVOGADO)
MARCO ANTONIO BARBOSA DE OLIVEIRA (ADVOGADO)
INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (REU)
Central de Análise de Benefício - Ceab/INSS (TERCEIRO
INTERESSADO)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
15144 03/03/2023 15:33 13 - IMPUGNAÇÃO À CONTESTAÇÃO REVISÃO Impugnação
07881 DA VIDA TODA
AO DOUTO JUÍZO FEDERAL DA 15ª VARA FEDERAL DE JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA
SJGO.

PROCESSO Nº 1004749-48.2023.4.01.3500.

HUASCAR FELICIANO RODRIGUES JUNIOR, já devidamente


qualificado nos autos em epígrafe, que move contra o INSS – INSTITUTO NACIONAL DO
SEGURO SOCIAL, através de seu procurador infra constituído que esta subscreve, vem,
respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, em atenção a Contestação juntada
pela Autarquia-Ré aos autos, apresentar

IMPUGNAÇÃO À CONTESTAÇÃO

A Autarquia Ré, sem sucesso, tentou afastar o direito do


Requerente de forma GENÉRICA, não especificando nem mesmo uma informação
correta do caso concreto, um documento modelo, apenas alegando, mas sem
comprovar seus argumentos.

O Código de Processo Civil em seu Art. 341 (Lei nº 13.105/2015)


permite uma fácil apreensão acerca da necessidade de que o Réu se manifeste
pontualmente sobre cada alegação, fato que não ocorreu, permitindo a conclusão lógica
acerca do manifesto direito da Autora:

“Art. 341. Incumbe também ao réu manifestar-se precisamente sobre


as alegações de fato constantes da petição inicial, presumindo-se
verdadeiras as não impugnadas, salvo se:”

Portanto, nobre julgador, pugna-se, novamente, pela


procedência integral da ação exarada, levando em consideração a ausência de
manifestação sobre todos os pontos trazidos à baila pela parte Autora. Sendo, tais
argumentações que não contestam o mérito da ação não assistem razão para prosperar,
como demonstraremos a seguir.

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DAS PRELIMINARES

DO NÃO SOBRESTAMENTO

Destaca-se que anteriormente os processos que tratavam sobre


Revisão da Vida Toda encontravam-se suspensos até o julgamento do STF, ocorre que
recentemente houve o julgamento do Tema, sendo que o entendimento fixado
pelo Supremo Tribunal Federal, no julgamento virtual do TEMA 1.102 garantiu que o
segurado que implementou as condições da aposentadoria após a reforma da
Previdência de 1999 tenha direito ao melhor benefício.

Esta foi a tese fixada no Tema nº 1.102 do STF: “O segurado que


implementou as condições para o benefício previdenciário após a vigência da Lei 9.876,
de 26.11.1999, e antes da vigência das novas regras constitucionais, introduzidas pela
EC 103/2019, tem o direito de optar pela regra definitiva, caso esta lhe seja mais
favorável.”

Assim, requer o regular andamento do processo, sem que haja


necessidade de sobrestar o mesmo, visto que o tema já foi julgado.

DO INTERESSE DE AGIR

Há interesse de agir, em razão do início de prova material de


defasagem no valor do benefício quando a Ré desconsiderou os salários anteriores à
competência de julho de 1994 do PBC Autoral, o qual será comprovado mediante
perícia contábil com expert nomeado pelo Juízo.

Ademais, apesar de não ser a regra, pode ser mais benéfico à


parte sem, contudo, atingir ou prejudicar o interesse público ou equilíbrio atuarial da
Previdência. Trata-se da aplicação dos princípios constitucionais da razoabilidade,
moralidade e eficiência.

Giza-se que o sistema previdenciário é essencialmente


contributivo e deve haver correlação ou equivalência entre o custeio do sistema e as
prestações por ele devidas (benefício), motivo pelo qual o legislador institui a nova
forma de cálculo do salário-de-benefício, determinando que este corresponda a 80%
dos salários-de-contribuição vertidos durante toda a vida laboral.

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E é esta a regra que deve prevalecer, por ser a mais justa
equitativa e proporcional.

A regra de transição prevista no art. 3º da Lei 9.876/99, somente


foi instituída com o fim de garantir a expectativa do direito do segurado que já estava
filiado ao regime previdenciário antes da edição da referida Lei e que receberia benefício
mais elevado se calculado na forma da Lei anterior. Ou seja, esta regra foi instituída com
o objetivo de mitigar os efeitos prejudiciais da nova regra ao segurado.

Todavia, imperioso que seja garantido ao segurado o direito de


optar pela aplicação da norma permanente, eis que está sim atende aos objetivos do
legislador de garantir o equilíbrio entre o financiamento e do valor do benefício.

Por todo o exposto, tratando-se as regras do art. 3º, caput, e §2º


da Lei 9.876/99 de regras de transição deve ser facultado ao segurado optar pela
aplicação das regras permanentes do art. 29, I, da Lei 8.213/91, com a utilização de
todo o período contributivo, incluindo as contribuições anteriores a julho de 1994, caso
esta sejam mais vantajosas.

DA AUSÊNCIA DE LITISPENDÊNCIA/COISA JULGADA

Conforme PA disponibilizado nos autos o benefício foi concedido


administrativamente, portanto, não há que se falar em coisa julgada.

DA NÃO OCORRÊNCIA DA DECADÊNCIA NO CASO EM TELA

Tudo na vida tem prazo para ser reclamado. Na Justiça é a


mesma coisa. Para evitar a eternização dos problemas, a lei fixa diferentes prazos para
o interessado correr atrás dos seus direitos. No âmbito previdenciário, conforme
legislação vigente, o prazo de decadência para a revisão de benefício do INSS é de 10
anos. Ademais, para os benefícios concedidos antes de 1997, a contagem do prazo de
prescrição se dá partir daquele ano, sob o entendimento de que a Lei que determina o
prazo de decadência não pode ter aplicação retroativa. O entendimento é da 1ª Turma
do STJ ao julgar o Recurso Especial 1.303.988 – PE.

Faz-se eloquente esclarecer, que o benefício sub judice foi


concedido em 14/02/2014. Portanto, resta evidenciado que não há no que se falar em
decadência do direito de revisão do benefício.

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Requer, a não incidência da decadência e da prescrição no caso
em tela, visto os prazos: decadencial e prescricional, quais, não ultrapassam o tempo
limite estipulado na legislação vigente por comprovação do marco inicial do prazo
decadencial.

Subsidiariamente, por fim, requer-se que seja considerada a


orientação do Supremo Tribunal Federal, contida no RE 630.501/RS, de que o prazo
decadencial contido no caput do artigo 103 da Lei 8.213/1991 não deva incidir para o
pedido de reconhecimento do direito ao benefício mais vantajoso, por se tratar de um
outro núcleo essencial.

DA PRESCRIÇÃO

Ao contrário do que alega a Autarquia Apelante, tem-se que os


efeitos financeiros da revisão realizada no benefício de aposentadoria do recorrido deve
retroagir desde a data da concessão, respeitada a prescrição quinquenal.

Nesse sentido é pacifica a jurisprudência nos Tribunais:

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO.


REVISÃO ADMINISTRATIVA. EFEITOS FINANCEIROS. PRESCRIÇÃO. O
termo inicial dos efeitos financeiros da revisão da RMI, mediante a
consideração de novos salários de contribuição, deve retroagir à data
da concessão do benefício, tendo em vista que o deferimento
representa o reconhecimento tardio de um direito já incorporado ao
patrimônio jurídico do segurado, sem prejuízo de que seja observada
a prescrição quinquenal. O prazo prescricional incidente sobre as
diferenças decorrentes da revisão fica suspenso durante o trâmite do
processo administrativo de revisão. (TRF4, AC 5019578-
21.2019.4.04.9999, TURMA REGIONAL SUPLEMENTAR DO PR, Relator
Nome FERNANDO WOWK PENTEADO, juntado aos autos em
10/06/2020)

Evidente, portanto, que a alegação apresenta trata-se de mera


irresignação com o quanto reconhecido em favor do autor, sendo que este faz jus ao
recebimento das diferenças pleiteadas na exordial.

DOS FATOS

O Autor é segurado/beneficiário do Instituto réu, tendo se


aposentado por tempo de contribuição em, 14/02/2014, sendo seu benefício
identificado pelo Nº 42/144.365.893-3, oportunidade em que a Autarquia ignorou

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alguns interregnos de labor e contribuições do Requerente, conforme comprova
documentação anexa (planilha de contagem e cálculo).

Nessa esteira, supõe-se que o mesmo, estaria usufruindo de


digno e merecido descanso após tantos anos de trabalho, mas a realidade infelizmente
não foi e não é essa, pois a parte autora não obteve a renda suficiente e desejada para
poder se dar ao luxo de encerrar sua vida laboral.

O Requerido ao efetuar o cálculo do benefício de aposentadoria


da parte Autora, tendo em vista que o segurado se filiou ao RGPS em 1979, efetuou o
cálculo do benefício de aposentadoria na forma do art. 3º, caput e § 2º, da Lei 9.876/99,
considerando no cálculo apenas os salários de contribuição posteriores a julho de 1994
e aplicando o mínimo divisor.

Ocorre que essa metodologia de cálculo não é adequada no


presente caso, pois a regra prevista no art. 3º, caput e § 2º, da Lei 9.876/99 trata-se de
regra de transição, motivo pelo qual deve ser oportunizado ao segurado optar pela
forma de cálculo permanente se esta for mais favorável.

E no caso em tela, constata-se que a aplicação da regra


permanente do art. 29, II da Lei 8.213/91 é mais favorável ao segurado.

CABE MENCIONAR TAMBÉM QUE EXISTEM CONTRIBUIÇÕES


ANTERIORES A 1994, CONFORME REGISTRO EM CTPS E EM CNIS QUE ESTÃO ANEXA
AO P.A, E O ENTE SEGURADOR NÃO COMPUTARA AS CONTRIBUIÇÕES E INTERREGNOS
EM SEU CÁLCULO DE RMI.

Por esse motivo a parte autora, vem postular a recálculo de seu


benefício.

DA RELATIVIZAÇÃO DO UNIVERSO CONTRIBUTIVO

A parte autora se insurge apenas contra a limitação imposta ao


universo contributivo a ser considerado, uma vez entender não haver razões para que
este se cingisse aos salários-de-contribuição apenas a partir de julho de 1994.

Vejamos, na forma do art. 3.º da Lei nº. 9.876, de 29 de


novembro de 1999:

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“para o segurado filiado à Previdência Social até o dia anterior à data
de publicação desta Lei, que vier a cumprir as condições exigidas para
a concessão dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, no
cálculo do salário-de-benefício será considerada a média aritmética
simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no
mínimo, oitenta por cento de todo o período contributivo, decorrido
desde a competência julho de 1994 ...”

Destaca-se, já de início, uma provável desarmonia entre este


dispositivo e o art. 2º. da mesma Lei, que, dentre outros, alterou o teor do art. 29 da Lei
nº. 8213/91, que passou a dispor o seguinte:

Art. 29 – O salário-de-benefício consiste:

I – para os benefícios de que tratam as alíneas “b” e “c” do inciso I do


art. 18 na média aritmética simples dos maiores salário-de-
contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo o período
contributivo, multiplicado pelo fator previdenciário;

II – para os benefícios de que tratam as alíneas “a”, “d”, “e” e “h” do


inciso I do art. 18, na média aritmética simples dos maiores salários-
de-contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo o
período contributivo”. (GRIFO NOSSO).

Esta desarmonia se revela em duas vertentes:

A) Em primeiro lugar, ao notarmos a redação do art. 3º que traz a limitação


referente a julho de 1994, que, por sua vez não se encontra na nova redação dada ao
art. 29 que menciona apenas “todo o período contributivo”;

B) Num segundo plano, nota-se que o art. 3.º apresenta a expressão, no mínimo,
80% de todo o período contributivo, que também não fez parte da literatura do art. 29.

Assim, a única forma de se equacionar está aparente desarmonia


é interpretarmos que nas hipóteses em que houver apenas contribuições a partir de
julho/94, será possível a limitação dada pelo art. 3º. Quando existirem salários-de-
contribuição anteriores, será utilizado o disposto na redação dada ao art. 29 da Lei de
Benefícios (que não estabelece qualquer limitação). Caso contrário, teríamos um
conflito dentro da própria Lei, que não viabilizaria a sua aplicação.

Porém, ainda que se considere que a lei tenha desejado a


limitação dos salários-de-contribuição a partir de julho de 1994, haveria que se

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considerar os motivos que ensejaram a situação e sua razoabilidade, sob pena de
atentado, em algumas hipóteses, ao princípio jurídico da igualdade.

DA AFRONTA AO PRINCÍPIO DA ISONOMIA

Ressaltando-se a limitação da data aplicável aos salários-de-


contribuição, haveria hipóteses de pessoas que, tendo contribuições anteriores a julho
de 1994, viessem a ser prejudicadas frente a outros que não o tivessem. Para os
segundos estaria sendo observado todo o período contributivo, enquanto que, para os
primeiros, se observaria certo universo do período contributivo. Em outras palavras, o
segurado que iniciou sua vida ativa a partir de 07/94 e trabalhou 15 anos não sofrerá
nenhuma redução em razão da regra legal, já o segurado que trabalhou também por 15
anos, no entanto, tem parte de sua vida ativa antes de 07/94, sofrerá as consequências
desta limitação legal.

Assim, consideramos que o universo excluído somente para


estes últimos redundasse em um tratamento discriminatório, na medida em que, se
considerada toda a sua vida contributiva (como se deu para os que tenham contribuído
posteriormente a julho de 1994), poderiam, com os salários-de-contribuição maiores do
início de sua vida contributiva, ter um benefício mais expressivo.

Enfim, ao se desconsiderar parte dos salários-de-contribuição


houve tratamento distinto e que acarretou prejuízos. Em síntese, para alguns, pelo
simples advento de certa data, admite-se o cálculo com base em toda sua vida
contributiva, e, para outros, não se admite. E, registre-se, a data (julho/94) é elemento
que não poderia ser tido como fator de discriminação.

Portanto, como bem lembra Celso Antônio Bandeira de Mello,


há ofensa ao princípio da isonomia quando: “a norma adota como critério
discriminador, para fins de diferenciação de regimes, elemento não residente nos
fatos, situações ou pessoas por tal modo desequiparadas. É o que ocorre quando
pretende tomar o fator “tempo” – que não descansa no objeto – como critério
diferencial”. (In “Conteúdo Jurídico do Princípio da Igualdade”. 3º edição. São Paulo:
Malheiros, 2004, p. 47). Logo, estaríamos diante de hipóteses semelhantes separadas
apenas por um elemento externo ao sujeito, isto é, certo marco eleito.

Fala-se que a data foi escolhida, para permitir a limitação, em


vista de dados práticos consistentes, tais como: a) seria este o instante em que se
instabilizou a moeda ou b) foi a partir deste momento que houve o processamento de

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todos os dados referentes aos segurados, inclusive os seus salários-de-contribuição, no
sistema operacional de informática do INSS.

É cediço que a estabilização de moeda ou organização do


sistema operacional são elementos insuficientes a autorizar tratamento diferenciado
entre pessoas em igualdade de condições. Estas diferenciações externas ao sujeito
promoveriam distinção entre pessoas que tiveram considerado todo o seu período
contributivo, uma vez ter coincidido com data posterior a julho de 1994, e pessoas que
tiveram desprezado parte do seu período contributivo apenas pelo fato de que este
ultrapassou o lapso indicado legalmente.

Neste sentido, se o regime passa, com a Emenda nº. 20/98, a


destacar a previsão de equilíbrio atuarial, conforme dispõe o art. 201 da Constituição
Federal, certamente que, nesta perspectiva, aquele que tivesse contribuições mais
significativas antes de 1994, já que detentor de salários-de-contribuições maiores, não
poderia vir a ser prejudicado, cuja prática contrapor-se-ia à lógica da atuária, cujo
desprezo deste período contributivo não se justificaria.

Portanto, é imprescindível, em interpretação conforme a


constituição, que se adeque a tensão entre os artigos 2.º e 3.º da Lei n.º 9.876/99 ao
entendimento anterior, sob pena de se manter conflito normativo que inviabiliza a
existência da norma.

Assim, requer a parte autora que o cálculo da renda mensal


inicial abranja, para a composição do universo contributivo indicado legalmente, todos
os salários de-contribuição inclusive os anteriores a julho de 1994.

DA ESPECIFICAÇÃO DE PROVAS QUE PRETENTE PRODUZIR

, as quais se pretende produzir in Juízo, nos termos que seguem:

Em razão da legitimidade quanto ao direito de revisão do


benefício do Segurado, com um cálculo englobando todo o seu PBC (incluindo
competências anteriores a 07/1994 – conforme cálculo da parte autora em anexo), e
havendo nos autos planilhas que demonstram o total de defasagem do benefício
desde à sua concessão, pugna-se, exclusivamente, pela produção de PROVA TÉCNICA
CONTÁBIL, nomeando-se perito contábil idôneo, a fim de aferir com total convicção a
RMI, sua evolução, os valores não recebidos e a RMA.

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Após o deferimento da perícia técnica contábil (imprescindível
para a resolução da lide em tesa – revisão de benefício previdenciário), bem como
após a nomeação do Perito Judicial, a parte autora apresentará quesitos a serem
respondidos pelo Digno Perito.

No mais, reitera os ditames exarados em Inicial, pugnado pela


PROCEDÊNCIA da presente ação.

DA CONCLUSÃO

Concluímos, portanto, que, superadas as dificuldades técnicas,


como em outros casos, quando do requerimento da aposentadoria, ao segurado da
Previdência deveria ser garantido o direito de usar a regra nova do artigo 29, usando
todo o período contributivo como período básico de cálculo. Tal procedimento, apesar
de não ser a regra, pode ser mais benéfico à parte sem, contudo, atingir ou prejudicar
o interesse público ou equilíbrio atuarial da Previdência. Trata-se da aplicação dos
princípios constitucionais da razoabilidade, moralidade e eficiência.

Giza-se que o sistema previdenciário é essencialmente


contributivo e deve haver correlação ou equivalência entre o custeio do sistema e as
prestações por ele devidas (benefício), motivo pelo qual o legislador institui a nova
forma de cálculo do salário-de-benefício, determinando que este corresponda a 80%
dos salários-de-contribuição vertidos durante toda a vida laboral. E é esta a regra que
deve prevalecer, por ser a mais justa equitativa e proporcional.

A regra de transição prevista no art. 3º da Lei 9.876/99, somente


foi instituída com o fim de garantir a expectativa do direito do segurado que já estava
filiado ao regime previdenciário antes da edição da referida Lei e que receberia benefício
mais elevado se calculado na forma da Lei anterior. Ou seja, esta regra foi instituída com
o objetivo de mitigar os efeitos prejudiciais da nova regra ao segurado.

Todavia, imperioso que seja garantido ao segurado o direito de


optar pela aplicação da norma permanente, eis que está sim atende aos objetivos do
legislador de garantir o equilíbrio entre o financiamento e do valor do benefício.

Requer-se que o feito seja sobrestado até o julgamento da


matéria de forma definitiva por parte do STF.

Por todo o exposto, tratando-se as regras do art. 3º, caput, e §2º


da Lei 9.876/99 de regras de transição deve ser facultado ao segurado optar pela

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aplicação das regras permanentes do art. 29, I, da Lei 8.213/91, com a utilização de
todo o período contributivo, incluindo as contribuições anteriores a julho de 1994, caso
esta sejam mais vantajosas.

Assim, com o afastamento da regra de transição e fazendo jus


ao direito do melhor benefício, o que resta é aplicar a regra permanente, ou seja,
utilizar todo o período contributivo, principalmente os períodos anteriores a 1994,
SEM nenhum divisor mínimo.

Nesse espeque, requer a parte autora que o cálculo da renda


mensal inicial abranja, para a composição do universo contributivo indicado legalmente,
todos os salários de contribuição inclusive os anteriores a julho de 1994.

Requer ainda, o pagamento das diferenças vencidas e vincendas,


monetariamente corrigidas desde o respectivo vencimento, acrescidas de juros legais
incidentes até a data do efetivo pagamento, bem como a condenação do Instituto ao
pagamento das verbas de sucumbência.

Pugna, nesse sentido, pelo acolhimento de todos os pedidos


trazidos na inicial, uma vez que o Direito da parte Autora é claro, pugnando pela
procedência do presente feito.

Nesses termos, pede e espera deferimento.

Goiânia – Estado de Goiás, 03 de março de 2023

MARCO ANTÔNIO BARBOSA DE OLIVEIRA


OAB/GO Nº 58.808

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