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EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DA 2ª.

VARA DO TRABALHO DE
PATO BRANCO – PR.

ESPÓLIO DE EDI SILIPRANDI, devidamente


qualificado nos autos 0000104-67.2019.5.09.0125 da ação reclamatória
trabalhista que lhe move PEDRO CAMARGO, já qualificado na inicial, por
seus advogados, com escritório profissional na rua Rio de Janeiro, n.º 1625,
Cascavel/PR, onde recebem intimações, respeitosamente vem a presença de V.
Exa. apresentar sua

CONTESTAÇÃO

Segundo os fatos e fundamentos a seguir expostos:

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Em apertada síntese, sustenta o Reclamante que foi
contratado como trabalhador rural e que, em razão de ter sido submetido à
excessiva carga de trabalho teria fraturado seu joelho; em decorrência dos
maus tratos de seu superior, o pacto laboral tornou-se impossível, o que
ensejaria a postulação da rescisão indireta de seu contrato de trabalho, com o
pagamento de todas as verbas rescisórias; faria jus ao recebimento de
indenização por danos morais, em tese, experimentados.

Com a mais elevada vênia, os fatos alegados não são


verídicos e tampouco lhe assiste o direito perseguido, vejamos
pormenorizadamente:

DOS FATOS

O Reclamante trabalhou durante praticamente toda a


contratualidade, sem efetivar qualquer reclamação relativamente à sua saúde
ou tratamento dispensado.
Recentemente, contudo, começou a faltar ao local de
trabalho sem apresentar quaisquer justificativas.
No mês anterior à sua ausência definitiva, apresentou um
atestado médico pedindo afastamento de suas atividades pelo período de 15
(quinze) dias.
O Reclamado, prontamente, aceitou o atestado médico.
Percebe-se, todavia, que escoado o prazo de afastamento o
Obreiro não retornou ao seu posto de trabalho, nem tampouco apresentou o
laudo do INSS que pudesse justificar a sua ausência.

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DA RESCISÃO INDIRETA

O Reclamado, e de pronto, impugna todos os fatos


alegados pelo reclamante, e uma vez que se revelam completamente
inverídicos.
Refuta-se, em especial, a alegação de que o Obreiro
aplicaria veneno e realizaria o carregamento de entulhos - e em que pese não
exista qualquer impedimento para que fossem referidas atividades exercidas -.
Aponta-se, todavia, considerando o compromisso do
Reclamado com a verdade, e como únicas atividades que foram
efetivamente exercidas pelo Reclamante durante a duração do contrasto
de trabalho as de roçada e limpeza, além de outras típicas rurais.
Nos exatos termos indicados pelo Reclamante na exordial,
a sua atuação dizia com a roçada e limpeza de lotes, exatamente como
descreve o seu contrato de trabalho.
Do mesmo modo, e de acordo com o que dispõe o art.
456, § único da CLT, sua jornada, incontroversamente, respeitava o limite
legal.
Inaplicável, portanto, o disposto no art. 483, “a” da CLT.
Não cabe, ainda a pretensão do Reclamante à aplicação do
disposto na letra “b” do art. 483 da CLT, em razão de ser completamente
inverídico que tenha sido tratado com rigor excessivo – fato completamente
impugnado pelo Reclamado.
Registra-se, por oportuno, que a lesão indicada pelo
Reclamante (lesão de menisco) é típica de jogador de futebol, decorrente
de corridas e bruscas frenagens do corpo, movimentos não realizados nas
atividades exercidas pelo Reclamante (roçada e limpeza de lotes).
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Desse modo, ainda que eventualmente acometido por tal
enfermidade, é nítido que esta não pode ter decorrido do labor exercido no
contrato de trabalho em comento.
Do mesmo modo, referida contusão também não se
caracteriza como incapacitante para o trabalho e pode ser tratada pelo serviço
de saúde pública.
No que diz respeito à dispensa temporária do trabalho,
convém mencionar que as exigências realizadas pelo Reclamado limitavam-se
àquelas legais, ou seja, apresentação de atestado médico e, se fosse o caso, o
laudo do INSS, de modo que o Reclamado sempre agiu na estrita observância
das normas legais.
Sublinha-se, nessa senda, que o ônus da prova dos fatos
alegados é exclusivo do Reclamante (818, CLT).
Desta feita, reprisa-se a inocorrência dos fatos alegados
pelo Reclamante, com o que o pedido de rescisão indireta queda-se
improcedente, sendo o que desde já, e respeitosamente, se requer.

DAS VERBAS RESCISÓRIAS

Indene de dúvidas, a rescisão se operou por iniciativa do


Reclamante – que após a apresentação de atestado médico não compareceu ao
posto de trabalho -, de modo que não são devidas as verbas rescisórias
pleiteadas na inicial.
E diz-se isso uma vez que todos os valores e verbas
apontados pelo Reclamante dizem respeito à ruptura do contrato de trabalho

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sem justo motivo por iniciativa do empregador, o que não ocorreu na hipótese
dos autos.
Assim, impugna e requer a total improcedência dos
pedidos de aviso prévio e multa do FGTS.

DO DESCONTO DO AVISO PRÉVIO

Considerando que o Obreiro abandonou seu posto sem


justo motivo, deixando de cumprir o aviso prévio, nos termos do art. 487, §
2º., da CLT, fica obrigado a indenizar o empregador em um salário.
Pelo exposto, respeitosamente, requer que seja abatido do
valor dos haveres do Reclamante o valor de um salário (R$ 1.150,00).

DO SEGURO DESEMPREGO

O Reclamante não faz jus ao seguro desemprego, nem


tampouco guarda as condições necessárias para auferir referido benefício.
Pelo princípio da concentração de defesa, acaso
reconhecido o direito ao seguro desemprego, improcede o pedido de
condenação do Reclamado, dado a obrigação concernir exclusivamente ao
Estado, dependendo, inclusive, da comprovação, pelo Empregado, dos
requisitos legais, cuja oportunidade este, se reconhecido o direito, terá de fazê-
lo com a cópia da sentença judicial.

DO FGTS

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Conforme extrato em anexo, todas as parcelas do FGTS
foram depositadas, sendo improcedente pedido de compensação ou
indenização.
DOS DANOS MORAIS

Conforme dito alhures, os fatos declinados na inicial não


correspondem à realidade, eis que o Reclamante jamais foi submetido a
trabalho excessivo, tampouco o Reclamado agiu com qualquer tipo de excesso
ou cobrança descabida.
Menos ainda contribui o Reclamado, e sob qualquer
aspecto, para a alegada doença do trabalho apontada pelo Obreiro, a qual, e
novamente, se impugna a existência.
Cumpre salientar, ademais, que cabe ao Autor o ônus de
provar o fato constitutivo de seu direito, razão pela qual restam impugnados
todos os fatos articulados pelo Reclamante.
Vejamos a jurisprudência sobre o assunto:

DANO MORAL. É do empregado o ônus da prova do dano à sua honra e à sua


moral, devendo demonstrar também a culpabilidade do empregador pelo evento
danoso e o nexo de causalidade entre ambos, sem o que não há como deferir a
indenização por dano moral. (Ac.-3ªT-Nº 03035/2006 RO-V 00367-2005-007-12-00-5, 3ª

Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região,Relator: GILMAR CAVALHERI, j. em 14


de fevereiro de 2006)

DANO MORAL. É do empregado o ônus da prova do dano à sua honra e à sua


moral, devendo demonstrar também a culpabilidade do empregador pelo evento
danoso e o nexo de causalidade entre ambos, sem o que não há como deferir a
indenização por dano moral, diante do que prevêem os arts. 186 e 927 do Código

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Civil. (Ac.-3ªT-Nº 11900/2004, RO-V 00281-2003-043-12-00-4, 3ª Turma do Tribunal Regional
do Trabalho da 12ª Região, Relator GILMAR CAVALHERI, j. em 21 de setembro de 2004).

Pelo exposto, respeitosamente, requer que seja julgado


totalmente improcedente o pedido de condenação em danos morais, ou, ainda,
se deferida referida verba, o que se aduz pelo princípio da concentração, que
seja aplicada de forma módica.

IMPUGNAÇÕES E REFUTAÇÕES

Impugnam-se todos os pedidos, valores e percentuais


lançados e postulados na vestibular, por indevidos, inverídicos, incorretos e
excessivos.
Ressalva-se que eventual e inesperada condenação deve
ser apurada em liquidação de sentença e ter por base os valores, períodos e
percentuais informados pelo Reclamado em contestação ou apurados diante do
conjunto probatório que vier a ser construído nestes autos.
Ainda, pelo princípio da concentração, em caso de
improvável e inesperada condenação, impõe requerer que sejam compensados
e abatidos todos os valores efetivamente pagos, a quaisquer títulos,
comprovados com os documentos juntados e os que eventualmente vierem a
ser juntados, especialmente deve ser abatido o aviso prévio nos termos do art.
487, § 2º., da CLT; se aplicados juros de mora, que sejam na forma da Lei
(simples) e a partir do ajuizamento da ação; e, que a correção monetária seja
aplicada de acordo com o entendimento consubstanciado na Orientação
Jurisprudêncial n. 124 da SDI do TST.

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DO REQUERIMENTO FINAL

Por todos estes fatos, respeitosamente requer a


improcedência total da presente reclamatória trabalhista.

Requer a produção de todos os meios de prova em direito


admitidos, a serem oportunamente indicados e requeridos, desde já,
postulando o depoimento pessoal do Reclamante, sob pena de confesso.

Pato Branco, 05 de junho de 2019.

Carlos Alberto Siliprandi


OAB/PR 21.671

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