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CARD 03 – DIREITO PENAL | DROPS DELTA


Ciclos Método

CARD 03 – DIREITO PENAL1

Olá, galera! Estão prontos para o nosso primeiro CARD de DIREITO PENAL do DROPS DELTA? Como
vocês sabem, esse material procura abranger todos os principais pontos de destaque das matérias
destacadas!!! O quadro abaixo serve para guiar vocês em quais são os pontos em comum dos principais editais
de delta que serão abordados.

CARD 03 – INTRODUÇÃO AO DIREITO PENAL E LEI PENAL

1 Introdução ao direito penal. 1.1 Conceito, caracteres e função do direito penal. 1.2 Princípios básicos do
direito penal. 1.3 Relações com outros ramos do direito. 1.4 Direito penal e política criminal. 2 A lei penal. 2.1
Características, fontes, interpretação, vigência e aplicação. 2.2 Lei penal no tempo e no espaço. 2.3 Imunidade.
2.4 Condições de punibilidade. 2.5 Concurso aparente de normas.

INTRODUÇÃO AO DIREITO PENAL E LEI PENAL

#MAPEIA NO VADE

NÃO DEIXE DE LER – CÓDIGO PENAL


Art. 1º Art. 2º Art. 3º
Art. 4º Art. 5º Art. 6º
Art. 7º Art. 8º Art. 9º
Art. 10 Art. 11 Art. 12

#ATENÇÃO: Pessoal, esse tema é de média incidência nas provas de DELTA e mais doutrinário. Em razão
disso, veremos os pontos mais importantes ao longo do card #FIQUEATENTO

Obs.: Pessoal nas #CICLOLEGIS, não iremos colocar o gabarito das questões. Isso porque, tais # têm como
objetivo justamente decorar a letra de lei. Sendo assim, ao corrigir a questão, vocês precisarão ir à letra de lei
novamente e vão necessitar ler novamente o artigo! Isso com certeza irá facilitar o processo de fixação da letra
de lei!!!!

#CICLOLEGIS #DECORAALETRADALEI

Anterioridade da Lei
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há _____________ sem prévia cominação
legal. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

a) prisão
b) pena

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Por Bruna Reis

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Lei penal no tempo


Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que _________________ deixa de considerar crime, cessando em
virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)

a) lei posterior
b) lei anterior

Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores,
ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)

Lei excepcional ou temporária (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)


Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as
circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado _______________ sua vigência. (Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 1984)

a) durante
b) posteriormente

Tempo do crime
Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento __________________, ainda que outro seja o momento
do resultado.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)

a) da ação
b) da ação ou omissão

Territorialidade
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, _________________ de convenções, tratados e regras de direito
internacional, ao crime cometido no território nacional. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)

a) não se aplicando
b) sem prejuízo

§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves
brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as
aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem,
respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)

§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações
estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço
aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)

Lugar do crime (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)


Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte,
__________________ onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.(Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 1984)

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a) bem como
b) mas não onde

Extraterritorialidade (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)


Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
1984)

I - os crimes: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)


a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território,
_________________ de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo
Poder Público; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)

a) de Município,
b) de entes públicos,

c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)

II - os crimes: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)


a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
b) praticados por brasileiro; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em
território estrangeiro e aí não sejam julgados. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)

§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no
estrangeiro.(Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)

§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições: (Incluído
pela Lei nº 7.209, de 1984)
a) entrar o agente no território nacional; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; (Incluído pela Lei nº
7.209, de 1984)
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; (Incluído pela Lei nº 7.209,
de 1984)
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade,
segundo a lei mais favorável. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)

§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se,
reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
a) não foi pedida ou foi negada a extradição; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
b) houve requisição do Ministro da Justiça. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)

Pena cumprida no estrangeiro (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

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Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime,
_______________, ou nela é computada, _______________. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

a) quando diversas / quando idênticas


b) quando idênticas / quando diversas

Eficácia de sentença estrangeira (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)


Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie as mesmas
conseqüências, pode ser homologada no Brasil para: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis; (Incluído pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984)

II - sujeitá-lo a ___________________.(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

a) medida de segurança
b) pena privativa de liberdade

Parágrafo único - A homologação depende: (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)


a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte interessada; (Incluído pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição com o país de cuja autoridade judiciária
emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do Ministro da Justiça. (Incluído pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984)

Contagem de prazo (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)


Art. 10 - O dia do começo _______________ no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo
calendário comum. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

a) inclui-se
b) exclui-se

Frações não computáveis da pena (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 11 - ___________________, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos, as frações de
dia, e, na pena de multa, as frações de cruzeiro. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

a) Computam-se
b) Desprezam-se

Legislação especial (Incluída pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)


Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei especial,
____________________ dispuser de modo diverso. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

a) ainda que
b) se esta não

DIREITO PENAL

INTRODUÇÃO

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#NÃOESQUECE: o Direito Penal é predominantemente sancionador e excepcionalmente constitutivo.

CONCEITOS DE DIREITO PENAL:

CONCEITO FORMAL Conjunto de normas penais.


CONCEITO MATERIAL Conjunto de comportamentos reprováveis.
CONCEITO SOCIOLÓGICO Instrumento de controle social.

ESCOLAS DO DIREITO PENAL:

- Final do século XVIII.


- Surge como resposta ao Absolutismo.
- Vale-se do método racionalista e dedutivo.
- Representa a humanização das penas.
- Seus fundamentos tiveram origem nos estudos de Beccaria.
ESCOLA CLÁSSICA
- Entendia o crime como um conceito meramente jurídico, ou seja, a violação de
um direito.
- O livre-arbítrio era encarado como fundamento da punibilidade.
- A pena tinha caráter retributivo.
- Meados do século XIX.
- Vale-se do método experimental e empírico.
- Opôs a necessidade de se defender mais enfaticamente o corpo social contra a
ação do delinquente.
- O crime não é encarado de uma perspectiva abstrata, mas fenomênica.
- Rechaça o livre arbítrio como fundamento da responsabilidade.
- Dividiu-se em três fases:
1) Fase Antropológica: tem como principal expoente Cesare Lombroso, para quem
o homem não é livre em sua vontade. Ao contrário, sua conduta é determinada por
ESCOLA POSITIVA forças inatas, partindo-se da ideia do criminoso nato, predeterminado à prática de
infrações penais por características antropológicas, nele presentes de modo
atávico.
2) Fase Sociológica: tem como principal expoente Enrico Ferri, que concebe a pena
como mecanismo de defesa social. Defende a responsabilização social e não moral
pelo delito. Também se baseia na ideia do determinismo biológico-social.
3) Fase Jurídica: tem como principal expoente Rafael Garofalo, que sustentava que
os criminosos não assimiláveis deveriam ser eliminados pela deportação ou pela
morte.

- Consiste em uma escola eclética, de posição intermediária entre a Escola Clássica


e a Escola Positiva.
TERZA SCUOLA - Acolhe o princípio da responsabilidade moral fundada no determinismo
psicológico.
- Entende o crime como fenômeno individual e social.

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- Credita à pena função de defesa social.


- Para muitos autores, não consiste em uma nova escola penal.
- Apresenta-se mais propriamente como reação à confusão sistemática criada pelos
ESCOLA TÉCNICO positivistas quanto aos conceitos de Direito Penal, Política Penal e Criminologia.
JURÍDICA - Entende o crime como um fenômeno jurídico e, por isso, exclui investigações de
natureza filosóficas.
- Surgiu na Alemanha, em 1839, com a publicação da obra “Comentatio na poena
malum esse debeat”, de Karl David August Röeder.
- Defende que a pena tem a finalidade de corrigir a injusta e perversa vontade do
ESCOLA
criminoso e, dessa forma, não pode ser fixa e determinada.
CORRECIONALISTA
- Atribui ao Direito Penal uma função educadora e tutelar, entendendo que o
criminoso merece um tratamento corretivo.
- Há autores que entendem não se tratar de uma escola, mas de uma ideologia
presente em determinadas escolas.
DEFESA SOCIAL
- Parte da premissa de que o criminoso deve ser submetido a um regime rigoroso
para combater a sua periculosidade e antissocialidade.

FONTES

Para a doutrina tradicional, as fontes do Direito Penal se dividem em:

1. Fonte material ou de produção: diz respeito a quem pode produzir normas de conteúdo penal.
Nos termos do art. 22, I, da CRFB/88, apenas a União é fonte material do Direito Penal.
2. Fontes formais, de conhecimento ou de cognição: revelam a forma como o Direito Penal se
materializa no ordenamento jurídico. Podem ser:
2.1. Imediata: lei.
2.2. Mediatas: princípios, costumes, atos administrativos.

As fontes do Direito Penal, para a doutrina mais moderna, dividem-se em:

1. Fonte material ou de produção: diz respeito a quem pode produzir normas de conteúdo penal.
Nos termos do art. 22, I, da CRFB/88, apenas a União é fonte material do Direito Penal.
2. Fontes formais, de conhecimento ou de cognição: revelam a forma como o Direito Penal se
materializa no ordenamento jurídico. Podem ser:
2.1. Imediatas: Constituição, tratados de direitos humanos, lei, jurisprudência, princípios, atos
administrativos.
2.2. Mediatas: doutrina.

PRINCÍPIOS

Previsto no art. 5.º, XXXIX, da Constituição Federal, no art. 1º do Código


PRINCÍPIO DA LEGALIDADE Penal e no art. 9º da Convenção Americana de Direitos Humanos.

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Não há crime, contravenção penal, pena ou medida de segurança sem:

LEI ESTRITA (princípio da reserva legal): A infração penal só pode ser criada
por lei em sentido estrito, ou seja, lei ordinária ou complementar. Proíbe-
se a utilização da analogia para criar tipo incriminador.

LEI ANTERIOR/PRÉVIA (princípio da anterioridade): A criação de tipos e a


cominação de sanções exige lei anterior, vedando-se a retroatividade
maléfica.

LEI ESCRITA: Só a lei escrita pode criar crime e cominar sanções. Em outras
palavras, é proibido o costume incriminador.

LEI CERTA (princípio da taxatividade/princípio da determinação): É


proibida a criação de tipos penais vagos e indeterminados pelo legislador.
Aqui reside a crítica às normas penais incompletas (dependem de
complemento normativo e/ou valorativo).
PRINCÍPIO DA
Exige que do fato praticado decorra lesão ou perigo de lesão ao bem
OFENSIVIDADE OU DA
jurídico.
LESIVIDADE
PRINCÍPIO DA
PESSOALIDADE OU
Proíbe o castigo penal pelo fato de outrem.
INTRANSCENDÊNCIA DA
PENA
PRINCÍPIO DA
A responsabilidade penal é condicionada à existência de voluntariedade
RESPONSABILIDADE
(dolo ou culpa).
SUBJETIVA
O Estado só pode impor sanção penal ao agente imputável (penalmente
PRINCÍPIO DA capaz), com potencial consciência de ilicitude (possibilidade de conhecer
CULPABILIDADE o caráter ilícito de seu comportamento), quando dele exigível conduta
diversa (podendo agir de outra forma).
Consiste no direito de não ser declarado culpado senão após trânsito em
julgado de sentença penal condenatória, ao término do devido processo
legal, em que o acusado tenha se utilizado de todos os meios de prova
pertinentes para sua defesa (ampla defesa) e para a destruição da
credibilidade das provas apresentadas pela acusação (contraditório).
PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO
DE INOCÊNCIA
- Dimensões do princípio da presunção da inocência:

a) Dimensão interna ao processo: da qual decorrem duas regras de


aplicação.

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• Regra Probatória (In dubio pro reo): recai sobre a acusação o ônus
de comprovar a culpabilidade do acusado, além de qualquer
dúvida razoável.
• Regra de tratamento: a privação cautelar da liberdade de
locomoção, sempre qualificada pela nota da excepcionalidade,
somente se justifica em hipóteses estritas.

b) Dimensão externa ao processo: O princípio da presunção da inocência


e as garantias constitucionais da imagem, dignidade e privacidade
demandam uma proteção contra a publicidade abusiva e a estigmatização
do acusado, funcionando como limites democrático à abusiva exploração
midiática em torno do fato criminoso e do próprio processo judicial.

#DEOLHONAJURIS:

Presunção de não culpabilidade. A condução coercitiva representa


restrição temporária da liberdade de locomoção mediante condução sob
custódia por forças policiais, em vias públicas, não sendo tratamento
normalmente aplicado a pessoas inocentes. Violação.

(ADPF 444, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em


14/06/2018, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-107 DIVULG 21-05-2019 PUBLIC
22-05-2019)
A ninguém pode ser imposta pena ofensiva à dignidade da pessoa
PRINCÍPIO DA DIGNIDADE
humana, vedando-se reprimenda indigna, cruel, desumana ou
DA PESSOA HUMANA
degradante.
A individualização da resposta estatal ao autor de um fato punível deve ser
PRINCÍPIO DA observada em três momentos: a) na definição, pelo legislador, do crime e
INDIVIDUALIZAÇÃO DA sua pena; b) na imposição da pena pelo juiz; c) na fase de execução da
PENA pena, momento em que os condenados serão classificados, segundo os
seus antecedentes e personalidade.
Possui três significados:

• PROCESSUAL: Ninguém pode ser processado duas vezes pelo


PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DO mesmo crime.
BIS IN IDEM • MATERIAL: Ninguém pode ser condenado pela segunda vez em
razão do mesmo fato.
• EXECUCIONAL: Ninguém pode ser executado duas vezes por
condenações relacionadas ao mesmo fato.

O princípio da insignificância atua como um vetor interpretativo do tipo


penal, restringindo a qualificação de condutas que se traduzam em ínfima
PRINCÍPIO DA
lesão ao bem jurídico nele albergado. Funciona como causa supralegal de
INSIGNIFICÂNCIA
exclusão da tipicidade material.

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São quatro os requisitos objetivos exigidos pelo princípio da


insignificância: (a) mínima ofensividade da conduta; (b) ausência de
periculosidade social da ação; (c) reduzido grau de reprovabilidade do
comportamento; e (d) inexpressividade da lesão jurídica. No aspecto
subjetivo, para a sua incidência, verificam-se as condições pessoais do
agente e da vítima.

Num apanhado rápido, o princípio da insignificância não se aplica:

1. Aos crimes da Lei n. 11.343/06. Vale ressaltar, no entanto, que a 2ª


turma do STF reconheceu, recentemente, a possibilidade de aplicação do
princípio da insignificância ao tráfico de drogas para absolver mulher
flagrada com 1 grama de maconha. O juiz de 1ª instância condenou a
mulher à pena de 6 anos e 9 meses de reclusão, em regime inicial fechado,
pelo crime de tráfico, previsto no art. 33 da Lei nº 11.343/06. A sentença
foi mantida pelo TJ/SP. A defesa impetrou, então, habeas corpus no STF.
O Min. Relator Gilmar Mendes entendeu ser aplicável ao caso o princípio
da insignificância, pois, para ele, a conduta descrita nos autos não é capaz
de lesionar ou colocar em perigo a paz social, a segurança ou a saúde
pública. Em seu voto, o relator destacou que a resposta do Estado não foi
adequada nem necessária para repelir o tráfico de 1 grama de maconha.
Para ele, esse é um exemplo emblemático de flagrante
desproporcionalidade na aplicação da pena em hipóteses de quantidade
irrisória de entorpecentes, e não houve indícios de que a mulher teria
anteriormente comercializado quantidade maior de droga. Conforme o
ministro, no âmbito dos crimes de tráfico de drogas, a solução para a
desproporcionalidade entre a lesividade da conduta e a reprimenda
estatal é a adoção do princípio da insignificância. O relator observou que
o STF tem entendido que o princípio da insignificância não se aplica ao
delito de tráfico, ainda que a quantidade de droga apreendida seja ínfima.
Porém, considerou que a jurisprudência deve avançar na criação de
critérios objetivos para separar o traficante de grande porte do traficante
de pequenas quantidades, que vende drogas apenas em razão de seu
próprio vício. Para ele, se não houver uma clara comprovação da
possibilidade de risco de dano da conduta, o comportamento não deverá
constituir crime, ainda que o ato praticado se adeque à definição legal. O
voto do relator foi seguido pelos Ministros Celso de Mello e Ricardo
Lewandowski. Ficaram vencidos os Ministros Edson Fachin e Cármen Lúcia.
STF. 2ª Turma. HC 127573/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
11/11/2019.
2. Aos crimes praticados com violência ou grave ameaça.
3. Aos crimes praticados em contexto de violência doméstica.

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3. Súmula 606-STJ: Não se aplica o princípio da insignificância a casos de


transmissão clandestina de sinal de internet via radiofrequência, que
caracteriza o fato típico previsto no art. 183 da Lei n. 9.472/1997.
4. Súmula 599-STJ: O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes
contra a administração pública.
5. A jurisprudência de ambas as turmas do STJ firmou entendimento de
que o crime de posse de drogas para consumo pessoal (art. 28 da Lei nº
11.343/06) é de perigo presumido ou abstrato e a pequena quantidade de
droga faz parte da própria essência do delito em questão, não lhe sendo
aplicável o princípio da insignificância (STJ. 6ª Turma. RHC 35920 -DF, Rel.
Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 20/5/2014. Info 541). STF: possui
um precedente isolado, da 1ª Turma, aplicando o princípio: HC 110475,
Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 14/02/2012.

Incide o princípio da insignificância aos crimes tributários federais e de


descaminho quando o débito tributário verificado não ultrapassar o limite
de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), a teor do disposto no art. 20 da Lei n.
10.522/2002, com as atualizações efetivadas pelas Portarias n. 75 e 130,
ambas do Ministério da Fazenda. O fato da União, por razões políticas ou
administrativas, optar por autorizar o pedido de arquivamento das
execuções fiscais que não ultrapassam o referido patamar não permite,
por si só, que a mesma liberalidade seja estendida aos demais entes
federados, o que somente poderia ocorrer caso estes também legislassem
no mesmo sentido, tendo em vista que são dotados de autonomia.

A despeito da presença de qualificadora no crime de furto possa, à


primeira vista, impedir o reconhecimento da atipicidade material da
conduta, a análise conjunta das circunstâncias pode demonstrar a
ausência de lesividade do fato imputado, recomendando a aplicação do
princípio da insignificância. STJ. 5ª Turma. HC 553872-SP, Rel. Min.
Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 11/02/2020 (Info 665).

A reincidência não impede, por si só, que o juiz da causa reconheça a


insignificância penal da conduta, à luz dos elementos do caso concreto. No
entanto, com base no caso concreto, o juiz pode entender que a
absolvição com base nesse princípio é penal ou socialmente indesejável.
Nesta hipótese, o magistrado condena o réu, mas utiliza a circunstância de
o bem furtado ser insignificante para fins de fixar o regime inicial aberto.
Desse modo, o juiz não absolve o réu, mas utiliza a insignificância para criar
uma exceção jurisprudencial à regra do art. 33, § 2º, “c”, do CP, com base
no princípio da proporcionalidade STF. 1ª Turma. HC 135164/MT, Rel. Min.
Marco Aurélio, red. p/ ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
23/4/2019 (Info 938).

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Previsto no art. 5º LV, da CF, segundo o qual “aos litigantes, em processo


judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o
contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”.

Desdobra-se em duas dimensões: (i) defesa técnica (ii) autodefesa.


PRINCÍPIO DA AMPLA • Defesa Técnica, Processual ou Específica: É aquela exercida por
DEFESA profissional da advocacia.
• Autodefesa: É a defesa realizada pelo próprio acusado. É
renunciável. É realizada de 03 formas:
▪ Direito de audiência: interrogatório.
▪ Direito de presença: direito que o acusado tem de
acompanhar os atos da instrução probatória.
▪ Capacidade postulatória autônoma do acusado.
Pelo princípio da fragmentariedade, estabelece-se que nem todos as
condutas consideradas ilícitas pelo ordenamento jurídico configuram
PRINCÍPIO DA infrações penais, mas apenas aquelas que atentem contra valores
FRAGMENTARIEDADE fundamentais para a manutenção da ordem social.
Em razão de seu caráter fragmentário, o Direito Penal é a última etapa de
proteção do bem jurídico.
Pelo princípio da intervenção mínima ou da necessidade, a intervenção
penal só se afigura legítima quando a criminalização de um fato é
PRINCÍPIO DA
indispensável para a proteção de determinado bem ou interesse, não
INTERVENÇÃO MÍNIMA
podendo ser tutelado por outros ramos do ordenamento jurídico.

De acordo com o princípio da subsidiariedade, a atuação do Direito Penal,


PRINCÍPIO DA no caso concreto, é cabível apenas quando os outros ramos do Direito e
SUBSIDIARIEDADE os demais meios estatais de controle social tiverem falhado. Assim, atua o
Direito Penal como um soldado de reserva.

TENDÊNCIAS DO DIREITO PENAL

- Desenvolvido por Luigi Ferrajoli.


- Preconiza um modelo de Direito Penal voltado à limitação do poder
punitivo estatal.
- Fundamenta-se em dez axiomas:
• Nullum crimen sine lege (Não há crime sem lei)
Garantismo Princípio da legalidade, no sentido lato ou no sentido estrito
• Nulla lex (poenalis) sine necessitate (Não há lei penal sem
necessidade)
Princípio da necessidade ou da economia do direito penal
• Nulla necessitas sine injuria (Não há necessidade sem ofensa a
bem jurídico)

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CARD 03 – DIREITO PENAL | DROPS DELTA


Ciclos Método

Princípio da lesividade ou ofensividade do evento


• Nulla injuria sine actione (Não há ofensa ao bem jurídico sem
ação)
Princípio da materialidade ou da exterioridade da ação
• Nulla actio sine culpa (Não há ação sem culpa)
Princípio da culpabilidade ou da responsabilidade pessoal
• Nulla culpa sine judicio (Não há culpa sem processo)
Princípio da jurisdicionalidade no sentido lato ou estrito
• Nulla judicium sine accustone (Não há processo sem acusação)
Princípio acusatório ou da separação ente o juiz e a acusação
• Nulla accusatio sine probatione (Não há acusação sem prova)
Princípio do ônus da prova ou da verificação
• Nulla probatio sine defensione (Não há prova sem ampla
defesa)
Princípio do contraditório ou da defesa ou da falseabilidade
- Formulado por autores como Nils Christie e Thomas Mathiensen.
Abolicionismo - Preconiza a abolição do Direito Penal, propondo novas formas de
solução dos conflitos.
A certeza perseguida pelo direito penal máximo está em que nenhum
Direito Penal Máximo culpado fique impune, à custa da incerteza de que também algum
inocente possa ser punido.
A certeza perseguida pelo direito penal mínimo está em que nenhum
Direito Penal Mínimo inocente seja punido à custa da incerteza de que também um culpado
possa ficar impune.

BEM JURÍDICO

Segundo o professor Luís Greco, bens jurídicos são “dados fundamentais para a realização pessoal dos
indivíduos ou para a subsistência do sistema social, compatíveis com a ordem constitucional”.
O bem jurídico limita a atividade do legislador. A norma penal só pode
FUNÇÃO DE GARANTIA
incriminar condutas que lesionem bens jurídicos.
A interpretação da norma penal deve levar em consideração o bem
FUNÇÃO TELEOLÓGICA
jurídico que é por ela tutelado.
FUNÇÃO O conceito de bem jurídico permite a individualização da pena a partir da
INDIVIDUALIZADORA avaliação da lesão causada ao bem jurídico.
O conceito de bem jurídico é utilizado para sistematizar o Direito Penal,
FUNÇÃO SISTEMÁTICA
organizando-se as infrações a partir dos bens jurídicos violados.

LEI PENAL NO TEMPO E NO ESPAÇO

CLASSIFICAÇÃO DAS NORMAS PENAIS


Incriminadoras Definem infrações penais.

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Ciclos Método

Estabelecem regras gerais de interpretação e aplicação das normas penais. Podem


ser dos seguintes tipos:
- Permissivas: excluem a ilicitude.
- Exculpantes: excluem a culpabilidade.
- Complementares: delimitam o campo de validade das leis incriminadoras.
- Explicativas: esclarecem o conteúdo e o significado de outras leis penais.
Não incriminadoras
- Integrativas ou de extensão: complementam a tipicidade no tocante ao nexo causal
nos crimes omissivos impróprios, à tentativa e à participação.
- Diretivas: são as que estabelecem os princípios de determinada matéria.

- LEI PENAL NO TEMPO:

O artigo 4º do Código Penal adota a teoria da atividade, ou seja, o tempo do crime é o momento da ação ou
omissão.

Súmula 711, STF: A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua
vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência.

Quanto à aplicação da lei penal, adota a máxima tempus regit actum, estabelecendo, como regra, a
irretroatividade da lei penal, salvo se mais benéfica ao acusado.

- LEI PENAL NO ESPAÇO:

O art. 6º do Código Penal, quanto ao local do crime, adota a teoria da ubiquidade, prescrevendo que se
considera praticado o delito no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como
onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.

Quanto à aplicação da lei penal, adota o princípio da territorialidade mitigada, aplicando a lei brasileira aos
fatos ocorridos no território nacional.

TERRITÓRIO NACIONAL
Espaço de terra entre as fronteiras, o mar territorial brasileiro e o
Efetivo ou real espaço aéreo correspondente, que é a coluna de ar que fica acima da
faixa de terra dentro das fronteiras, e acima do mar territorial.
Consideram-se como extensão do território nacional, para fins penais,
as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a
serviço do governo brasileiro, onde quer que se encontrem, bem como
Por extensão ou flutuante
as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de
propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo
correspondente ou em alto-mar.

HIPÓTESES DE EXTRATERRITORIALIDADE:

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Ciclos Método

O agente é punido de acordo com a lei brasileira, independentemente da


PRINCÍPIO DA
nacionalidade do sujeito passivo e do bem jurídico ofendido. Art. 7º, I, “d” e
PERSONALIDADE ATIVA
art. 7º, II, “b”, CP.
PRINCÍPIO DA Ocorre nos casos em que a vítima é brasileira. O autor do delito que se
PERSONALIDADE encontrar em território brasileiro, embora seja estrangeiro, deverá ser
PASSIVA julgado de acordo com nossa lei penal. Art. 7º, §3º, CP.
O agente deve ser julgado de acordo com a lei do país em que for
PRINCÍPIO DO DOMICÍLIO
domiciliado, pouco importando a sua nacionalidade. Art. 7º, I, “d”, CP.
Permite submeter à lei brasileira os crimes praticados no estrangeiro que
PRINCÍPIO DA DEFESA,
ofendam bens jurídicos pertencentes ao Brasil, qualquer que seja a
REAL ou PROTEÇÃO
nacionalidade do agente e o local do delito. Art. 7º, I, “a”, “b” e “c”, CP.
É característico da cooperação penal internacional porque todos os Estados
PRINCÍPIOS DA JUSTIÇA
da comunidade internacional podem punir os autores de determinados
UNIVERSAL ou JUSTIÇA
crimes que se encontrem em seu território, de acordo com convenções ou
COSMOPOLITA ou
tratados internacionais, pouco importando a nacionalidade do agente, o local
JURISDIÇÃO UNIVERSAL
do crime ou o bem atingido. Art. 7º, II, “a”, CP.
Deve ser aplicada a lei brasileira aos crimes cometidos em aeronaves ou
embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada quando
PRINCÍPIO DA
estivarem em território estrangeiro e aí não sejam julgados. Art. 7º, II, “c”, CP.
REPRESENTAÇÃO ou
#EXCEÇÃO: se a aeronave ou embarcação brasileira for pública ou estiver a
PAVILHÃO ou BANDEIRA
serviço do governo brasileiro. Vamos aplicar o princípio da territorialidade
com base no art. 5º, §1º, CP.

#NÃOCONFUNDA:

INTERPRETAÇÃO INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA ANALOGIA


EXTENSIVA (ou intra legem) (técnica de integração)
Não existe norma para o caso
Existe norma para o caso concreto.
concreto e o juiz aplica a lei
Existe norma para o caso O legislador previu uma fórmula
prevista para outra situação que
concreto, mas o texto pode ser casuística seguida de uma outra
seja similar. Não pode ser
ampliado pelo intérprete. genérica, dando margem ao
prejudicial ao réu (in malam
intérprete.
partem).
Ex. adolescente estuprada que
pretende interromper a gestação
Ex. a previsão de proibição de do seu feto pode fazer uso do
Ex. (qualificadora do homicídio) art.
extorsão mediante sequestro (art. aborto sentimental previsto no
121, §2º, I - mediante paga ou
159, CP) abrange também a art. 128, II, CP, apesar deste não
promessa de recompensa, ou por
extorsão mediante cárcere ter sido editado quando da
outro motivo torpe;
privado. previsão legal do estupro de
vulnerável, portanto, não
abrangendo essa hipótese.

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CARD 03 – DIREITO PENAL | DROPS DELTA


Ciclos Método

→ CONFLITO APARENTE DE NORMAS PENAIS: Trata-se de hipótese em que há apenas um fato para o qual
aparentemente se aplica mais de uma norma, porém só uma é cabível. Logo, não se confunde com concurso
de crimes, no qual há mais de um crime, podendo ter um ou mais fatos. A solução perpassa pela aplicação de
um dos seguintes princípios:

No conflito entre um tipo penal específico e um tipo penal genérico, prevalece


o específico. O tipo penal específico se caracteriza pela existência de
elementos especializantes.

ESPECIALIDADE
Exemplo: homicídio e infanticídio. O infanticídio também se configura pela
conduta de “matar alguém”, porém possui um elemento especializante, qual
seja, (o próprio filho) sob a influência do estado puerperal, durante o parto ou
logo após.
O tipo subsidiário descreve um crime autônomo com cominação de pena
menos grave que a prevista em outro tipo penal, chamado de norma primária.
Tem-se a figura do “soldado de reserva” (a norma subsidiária só será aplicada
quando não houver incidência da norma primária).

SUBSIDIARIEDADE Subsidiariedade expressa - a própria lei determina que só se aplica a lei mais
branda se o fato não constituir crime mais grave. Exs: arts 132 e 238, CP.

Subsidiariedade tácita – as elementares de um tipo estão contidas na forma de


elementares ou circunstâncias acidentais de outro tipo. Ex: o crime de ameaça
(art. 147) integra o de constrangimento ilegal (art.146).
É a absorção de um crime pelo outro. Vejamos as hipóteses:

Crime progressivo:

O delito de menor gravidade é um crime de passagem obrigatória, pois o


agente desde o início da conduta possui a intenção de alcançar o resultado mais
grave (o dolo é o mesmo desde o início). Exemplo: Para consumar o homicídio
necessariamente haverá o crime de lesão corporal (crime de passagem).

CONSUNÇÃO Progressão criminosa (em sentido estrito):

O agente produz o resultado pretendido, mas, em seguida, resolve progredir


na violação do bem jurídico e produz um resultado mais grave que o anterior
(há substituição do dolo). Exemplo: o agente quer, inicialmente, apenas
lesionar a vítima. Porém, no decorrer da conduta, o dolo passar a ser de matar.
O agente responde por homicídio, que absorve a lesão corporal.

Crime-meio é absorvido pelo crime-fim:

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Ciclos Método

Ocorre quando o agente pratica um crime como meio necessário para a prática
de outro. Exemplo: falsificação de documento para praticar estelionato. Nesse
caso, a falsificação é meio necessário para o estelionato.

#DEOLHONASÚMULA Súmula 17, STJ: Quando o falso se exaure no


estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido.

Post factum impunível:

Sempre que o fato posterior (eventual crime posterior) se referir ao mesmo


bem jurídico e à mesma vítima.

Exemplo: indivíduo furta uma caneta e, depois, a destrói. Nesse caso, o sujeito
responde apenas por furto, e não por furto e dano.

#DEOLHONAJURIS:

Se o sujeito armazena (art. 241-B) arquivos digitais contendo cena de sexo


explícito e pornográfica envolvendo crianças e adolescentes e depois
disponibiliza (art. 241-A), pela internet, esses arquivos para outra pessoa, esse
indivíduo terá praticado dois crimes ou haverá consunção e ele responderá por
apenas um dos delitos? Em regra, não há automática consunção quando
ocorrem armazenamento e compartilhamento de material pornográfico
infanto-juvenil. Isso porque o cometimento de um dos crimes não perpassa,
necessariamente, pela prática do outro. No entanto, é possível a absorção a
depender das peculiaridades de cada caso, quando as duas condutas guardem,
entre si, uma relação de meio e fim estreitamente vinculadas. O princípio da
consunção exige um nexo de dependência entre a sucessão de fatos. Se
evidenciado pelo caderno probatório que um dos crimes é absolutamente
autônomo, sem relação de subordinação com o outro, o réu deverá responder
por ambos, em concurso material. A distinção se dá em cada caso, de acordo
com suas especificidades. STJ. 6ª Turma. REsp 1.579.578-PR, Rel. Min. Rogerio
Schietti Cruz, julgado em 04/02/2020 (Info 666).
Aplica-se aos tipos penais mistos (crimes de ação múltipla). Ocorre quando,
no tipo penal, é previsto mais de uma conduta, mas a realização de mais de
uma delas, no mesmo contexto fático e com o mesmo bem jurídico, configura
ALTERNATIVIDADE
apenas um crime.

Exemplo: art. 33, da Lei de Drogas.

#JURISEMFRASES:

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Ciclos Método

Para que vocês não percam tempo com jurisprudência, separamos aqui algumas frases retiradas de
informativos que vão ajudar você a acertar aquela questão objetiva que você tem certeza de que já leu e não
lembra dos termos!

JURIS EM FRASES
Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este
Súmula 17 - STJ
absorvido.
Presentes a materialidade e a autoria, afigura-se típica, em relação ao crime previsto
Súmula 502 - STJ
no art. 184, § 2º, do CP, a conduta de expor à venda CDs e DVDs piratas.
Não se aplica o princípio da insignificância a casos de transmissão clandestina de
Súmula 606 - STJ sinal de internet via radiofrequência, que caracteriza o fato típico previsto no art.
183 da Lei n. 9.472/1997.
Súmula 599 - STJ O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a administração pública.
A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a
Súmula 711 - STF
sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência.
o crime de posse de drogas para consumo pessoal (art. 28 da Lei nº 11.343/06) é de
Info 541 - STJ perigo presumido ou abstrato e a pequena quantidade de droga faz parte da própria
essência do delito em questão, não lhe sendo aplicável o princípio da insignificância
Incide o princípio da insignificância aos crimes tributários federais e de descaminho
quando o débito tributário verificado não ultrapassar o limite de R$ 20.000,00 (vinte
mil reais), a teor do disposto no art. 20 da Lei n. 10.522/2002, com as atualizações
efetivadas pelas Portarias n. 75 e 130, ambas do Ministério da Fazenda. O fato da
União, por razões políticas ou administrativas, optar por autorizar o pedido de
Info 662 - STJ
arquivamento das execuções fiscais que não ultrapassam o referido patamar não
permite, por si só, que a mesma liberalidade seja estendida aos demais entes
federados, o que somente poderia ocorrer caso estes também legislassem no
mesmo sentido, tendo em vista que são dotados de autonomia.

Em regra, não há automática consunção quando ocorrem armazenamento e


compartilhamento de material pornográfico infanto-juvenil, ou seja, se o sujeito
Info 666 - STJ armazena (art. 241-B) arquivos digitais contendo cena de sexo explícito e
pornográfica envolvendo crianças e adolescentes e depois disponibiliza (art. 241-A),
pela internet, esses arquivos para outra pessoa.
A despeito da presença de qualificadora no crime de furto possa, à primeira vista,
impedir o reconhecimento da atipicidade material da conduta, a análise conjunta
Info 665 - STJ
das circunstâncias pode demonstrar a ausência de lesividade do fato imputado,
recomendando a aplicação do princípio da insignificância.
A reincidência não impede, por si só, que o juiz da causa reconheça a insignificância
penal da conduta, à luz dos elementos do caso concreto. No entanto, com base no
caso concreto, o juiz pode entender que a absolvição com base nesse princípio é
penal ou socialmente indesejável. Nesta hipótese, o magistrado condena o réu, mas
Info 938 - STF
utiliza a circunstância de o bem furtado ser insignificante para fins de fixar o regime
inicial aberto. Desse modo, o juiz não absolve o réu, mas utiliza a insignificância para
criar uma exceção jurisprudencial à regra do art. 33, § 2º, “c”, do CP, com base no
princípio da proporcionalidade
É inviável a aplicação do princípio da insignificância ao furto praticado quando, para
Info Ed. Esp. 10 -
além do valor da res furtiva exceder o limite de 10% do valor do salário-mínimo
STJ
vigente à época dos fatos, o acusado é multirreincidente, ostentando diversas

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CARD 03 – DIREITO PENAL | DROPS DELTA


Ciclos Método

condenações anteriores por crimes contra o patrimônio. Processo sob segredo de


justiça. Rel. Ministro Jorge Mussi, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em
14/11/2022, DJe 22/11/2022.
A multirreincidência específica somada ao fato de o acusado estar em prisão
domiciliar durante as reiterações criminosas são circunstâncias que inviabilizam a
Info 746 STJ aplicação do princípio da insignificância. REsp 1.957.218-MG, Rel. Min. Olindo
Menezes (Desembargador convocado do TRF 1ª Região), Sexta Turma, por maioria,
julgado em 23/08/2022. (Info 746)
Admite-se reconhecer a não punibilidade de um furto de coisa com valor
insignificante, ainda que presentes antecedentes penais do agente, se não
denotarem estes tratar-se de alguém que se dedica, com habitualidade, a cometer
Info 744 STJ
crimes patrimoniais. AgRg no REsp 1.986.729-MG, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz,
Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 28/06/2022, DJe 30/06/2022. (Info 744
- STJ)
Admite-se, excepcionalmente, a aplicação do princípio da insignificância a crime
praticado em prejuízo da administração pública quando for ínfima a lesão ao bem
Info Ed. Esp. 7 - STJ
jurídico tutelado. RHC 153.480-SP, Rel. Min. Laurita Vaz, Sexta Turma, por
unanimidade, julgado em 24/05/2022, DJe 31/05/2022.
É possível aplicar o princípio da insignificância para o furto de mercadorias avaliadas
em R$ 29,15, mesmo que a subtração tenha ocorrido durante o período de repouso
noturno e mesmo que o agente seja reincidente. Vale ressaltar que os produtos
haviam sido furtados de um estabelecimento comercial e que logo após o agente foi
Info 973 STF
preso, ainda na porta do estabelecimento. Objetos furtados: R$ 4,15 em moedas,
uma garrafa de Coca-Cola, duas garrafas de cerveja e uma garrafa de pinga marca
51, tudo avaliado em R$ 29,15. STF. 2ª Turma. HC 181389 AgR/SP, Rel. Min. Gilmar
Mendes, julgado em 14/4/2020 (Info 973).

#VAMOSTREINAR?

#JÁCAIU #SAINDODOFORNO

Ano: 2022 Banca: VUNESP Órgão: PC-RR Prova: VUNESP - 2022 - PC-RR - Delegado de Polícia Civil2

Tendo em conta os princípios fundamentais do Direito Penal, bem como as disposições constitucionais
aplicáveis ao Direito Penal, assinale a alternativa correta.

Alternativas

A O princípio da dignidade da pessoa humana, no âmbito penal, implica vedação de tratamento degradante e
cruel, servindo de fundamento, na jurisprudência dos tribunais superiores, à concessão de prisão domiciliar a
preso em estado terminal.
B Em vista da reserva legal, vertente do princípio da legalidade, medida provisória, lei complementar, leis
delegadas, resoluções e decretos não podem tratar de temática penal.
C O princípio de bis in idem veda que se utilize a reincidência como agravante genérico da pena.
D A aplicação do princípio da insignificância, pela jurisprudência dos tribunais superiores, prescinde de
qualquer valoração pessoal do agente, bastando a inexpressividade da lesividade da conduta.

2
GABARITO: A

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Ciclos Método

E O princípio da intranscendência da pena veda que se atribua punição com fulcro exclusivo em questões
pessoais do autor, dissociada da prática de fato típico, ilícito e culpável.

Ano: 2022 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-RO Prova: CESPE / CEBRASPE - 2022 - PC-RO - Delegado de
Polícia3

Assinale a opção correta, no que diz respeito às contravenções penais.

Alternativas

A É aplicável o princípio da extraterritorialidade às contravenções penais.


B Como regra, aplica-se o princípio da culpabilidade às contravenções penais.
C O princípio da subsidiariedade é aplicável às contravenções penais.
D São puníveis as contravenções praticadas nas formas tentada e consumada.
E Nas contravenções penais, é possível a conversão da pena de multa em prisão simples.

Ano: 2022 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-RO Prova: CESPE / CEBRASPE - 2022 - PC-RO - Delegado de
Polícia4

Ao tratar de determinada função do direito penal, Cleber Masson esclarece que esta é “inerente a todas as
leis, não dizendo respeito somente às de cunho penal. Não produz efeitos externos, mas somente na mente
dos governantes e dos cidadãos. (...) Manifesta-se, comumente, no direito penal do terror, que se verifica com
a inflação legislativa (direito penal de emergência), criando-se exageradamente figuras penais desnecessárias,
ou então com o aumento desproporcional e injustificado das penas para os casos pontuais (hipertrofia do
direito penal).” O autor ainda conclui que a função deve ser afastada, pois cumpre funções governamentais,
ou seja, tarefas que não podem ser atribuídas ao direito penal.

No texto apresentado anteriormente, Cleber Masson está se referindo à função denominada

Alternativas

A ético-social.
B simbólica.
C instrumento de controle social.
D motivadora.
E promocional.

Ano: 2022 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-RO Prova: CESPE / CEBRASPE - 2022 - PC-RO - Delegado de
Polícia5

O cotejo se dá entre fatos concretos, de modo que o mais completo, o inteiro, prevalece sobre a fração. Não
há um único fato buscando se abrigar em uma ou outra lei penal caracterizada por notas especializantes, mas
uma sucessão de fatos, todos penalmente tipificados, na qual o mais amplo consome o menos amplo,
evitando-se que este seja duplamente punido, como parte de um todo e como crime autônomo.

3
GABARITO: C

4
GABARITO B

5
GABARITO: B

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Ciclos Método

Cleber Masson (com adaptações).

No conflito aparente de normas, o trecho apresentado explica o princípio da

Alternativas

A legalidade.
B consunção.
C especialidade.
D subsidiariedade.
E alternatividade.

Ano: 2022 Banca: IBFC Órgão: PC-BA Prova: IBFC - 2022 - PC-BA - Delegado de Polícia - (Reaplicação)6

Relativamente aos métodos de interpretação da lei penal, assinale a alternativa incorreta.

Alternativas

A Intepretação contextual é realizada dentro do próprio texto elaborado, como no caso do art. 327 do Código
Penal, que explica o conceito de funcionário público para fins penais
B A interpretação evolutiva é a forma de interpretação que, ao longo do tempo, vai se adaptando às mudanças
político-sociais e às necessidades do momento, como no caso da aplicação do crime de ato obsceno, previsto
no art. 233 do Código Penal, em que no passado se entendia que condutas como o beijo lascivo se
enquadravam em tal delito, mas, no presente, devido à maior “liberdade sexual”, entende-se que o beijo
lascivo, por si só, ainda que praticado em via pública, não configura o crime
C A interpretação doutrinária paralela é aquela que surge simultaneamente a um texto legal. Em resumo, o
legislador edita determinada norma e, junto a ela, traz ensinamentos doutrinários sobre a sua matéria.
Exemplo nítido de interpretação doutrinária simultânea é a Exposição de Motivos do Código Penal
D A interpretação teleológica-objetiva busca a vontade da lei em si, por meio da análise da exposição de
motivos da lei, por exemplo
E A interpretação lógico-sistemática procura o sentido da lei, através da função gramatical dos vocábulos.
Trata-se da primeira etapa do processo interpretativo, pois as palavras podem ser equívocas, não espelhando
com fidelidade a vontade da lei

Ano: 2022 Banca: VUNESP Órgão: PC-SP Prova: VUNESP - 2022 - PC-SP - Delegado de Polícia7

Na evolução do direito processual penal, percebe-se a influência de outros ramos do direito. O


____________deu uma atenção ao aspecto subjetivo do crime, combateu a vingança privada, humanizou as
penas, reprimiu o uso de ordálias e introduziu as penas privativas de liberdade em substituição às patrimoniais.

É correto afirmar que o ramo do direito que corretamente completa o enunciado é:

Alternativas

6
GABARITO: E

7
GABARITO: E

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Ciclos Método

A Direito Americano
B Direito Romano
C Direito Germânico
D Direito Francês
E Direito Canônico

Ano: 2022 Banca: VUNESP Órgão: PC-SP Prova: VUNESP - 2022 - PC-SP - Delegado de Polícia8

A Extraterritorialidade do art. 7º do CP é fenômeno que

Alternativas

A considera o crime praticado tanto no local da ação quanto no local do resultado.


B estabelece que a pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando
diversas, ou nela é computada, quando idênticas.
C autoriza a aplicação da lei penal estrangeira a determinados fatos praticados no território nacional.
D considera como território nacional o mar territorial e seu respectivo espaço aéreo.
E prescreve a aplicação da lei penal brasileira a determinados fatos cometidos fora do território nacional.

Ano: 2022 Banca: FGV Órgão: PC-AM Prova: FGV - 2022 - PC-AM - Delegado de Polícia - Edital nº 019

O princípio da insignificância é admitido na doutrina e na jurisprudência em relação ao delito de

Alternativas

A descaminho.
B uso de documento falso.
C supressão de documento.
D roubo simples.
E contrabando.

Ano: 2022 Banca: FGV Órgão: PC-AM Prova: FGV - 2022 - PC-AM - Delegado de Polícia - Edital nº 0110

O princípio da insignificância é compatível com o furto praticado

Alternativas

A por escalada.
B por arrombamento.
C durante o repouso noturno.
D em concurso de pessoas.
E por clandestinidade.

8
GABARITO: E

9
GABARITO: A

10
GABARITO: E

22
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Ciclos Método

Ano: 2022 Banca: FGV Órgão: PC-AM Prova: FGV - 2022 - PC-AM - Delegado de Polícia - Edital nº 0111

Assinale a opção que corresponde a bem jurídico coletivo aparente.

Alternativas

A Meio ambiente equilibrado.


B Administração estatal da justiça.
C Incolumidade pública.
D Ordem econômica.
E Relações de consumo.

11
GABARITO: C

23

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