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ALUNO: NAUÃ CARLOS MACHADO HIRSCH

MATRÍCULA: 19108099
CURSO / DISCIPLINA: BACHARELADO EM DIREITO / DIP
DOCENTE: TIBÉRIO MONTEIRO

OLINDA, 2023
Legalização Sociedade Estrangeira – Caso Coca-Cola Ltda.

A sociedade empresária estrangeira que desejar estabelecer-se no Brasil, por


intermédio de filial, sucursal, agência ou estabelecimento deve requerer autorização
prévia ao Governo Federal.
Com relação às demais autorizações, cumpre destacar ainda, que para produzir
efeitos no território brasileiro, qualquer alteração que a sociedade empresária
estrangeira autorizada a funcionar no País faça no seu contrato ou estatuto,
dependerá de aprovação do Governo Federal.
Após obtida a autorização de funcionamento, a sociedade estrangeira pode
nacionalizar-se, ou seja, transferir sua sede para o Brasil. Neste caso, também se faz
necessária a autorização prévia do Governo Federal.
Todos os documentos oriundos do exterior devem ser apresentados legalizados pela
autoridade consular brasileira ou apostilados.
Com os documentos originais, devem ser apresentadas as respectivas traduções
feitas por tradutor público oficial matriculado em qualquer Junta Comercial brasileira.
O Representante Legal da sociedade empresária estrangeira ou terceiro que detenha
procuração com poderes para realizar a solicitação é quem pode utilizar este serviço.
Solicitar autorização para instalação e funcionamento, acompanhar a análise, receber
a autorização ou ainda solicitar alteração, acompanhar novamente a análise, receber
autorização, solicitar nacionalização, acompanhamento de análise e autorizações, são
as etapas para realização deste serviço.
Para tanto, deverá observar as disposições do art. 1.134 do Código Civil e art. 1º da
Instrução Normativa DREI nº 77, de 18 de março de 2020.
Um exemplo claro de estabelecimento de Sociedade Estrangeira no Brasil foi e é a
Coca-Cola, onde o DECRETO Nº 85.313, DE 31 DE OUTUBRO DE 1980 concedeu a
empresa COCA-COLA BRAZIL LIMITADA INC., a autorização para funcionar na
República Federativa do Brasil e sua nacionalização com a denominação de COCA-
COLA ADMINISTRAÇÃO E PARTICIPAÇÕES LTDA.
O Presidente da República da época, João Figueiredo, usando da atribuição que lhe
confere o artigo 81, item III, da Constituição, e tendo em vista o disposto no Decreto-
Lei nº 2627, de 26 de setembro de 1940, combinado com o artigo 300, da Lei nº 6.404,
de 15 de dezembro de 1976 decretou o seguinte nos artigos despostos:
Art 1º - Ë concedida à empresa COCA-COLA BRAZIL LIMITADA INC., autorização
para funcionar na República Federativa do Brasil e sua nacionalização com a
denominação de COCA-COLA ADMINISTRAÇÃO E PARTICIPAÇÕES LTDA, de
acordo com a resolução adotada pela Diretoria da empresa em reunião realizada em
14 de julho de 1980 e anexo B.
Art 2º - Este Decreto entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as
disposições em contrário.
Isso tudo se deu em: Brasília, 31 de outubro de 1980.
Lei de Migração – Caso do ex-jogador de futebol Robson de Souza (Robinho)

A Lei de Migração tem sua redação atual datada de 2017 e dispõe sobre os direitos e
os deveres do migrante e do visitante. Regula a sua entrada e estada no País e
estabelece princípios e diretrizes para as políticas públicas para o emigrante.
A Lei de Migração 13.445/2017, apresenta dispositivo para que um brasileiro nato
condenado no estrangeiro possa cumprir pena no Brasil.
Para que isso aconteça, será necessário o cumprimento de alguns trâmites. O
processo precisa ser analisado e validado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).
O STJ é o órgão do Poder Judiciário que, por força constitucional, deve homologar os
termos da sentença estrangeira no Brasil e, somente após isso, ela passa a ter força
executiva no território nacional. Antes dessa validação pelo STJ, não se cogita de
cumprimento da pena fixada no estrangeiro, em unidades prisionais brasileiras.
Isso acontecendo (validação pelo STJ), há a possibilidade jurídica de se dar
cumprimento dessa pena em desfavor do acusado, dentro de um presídio federal
(brasileiro).
Um caso prático que envolve muito bem a Lei de Migração é o caso do ex-jogador de
futebol Robson de Souza, o “Robinho”.
Onde, em 2013 A Justiça da Itália enviou para o Brasil um pedido de extradição de
Robinho, condenado em três instâncias a nove anos de prisão por participação em um
estupro coletivo.
Na época, o ex-jogador estava em Santos, Litoral Paulista, onde morava, e corria o
risco de ser capturado e preso caso deixasse o Brasil.
No atual momento, Robinho segue livre por estar em território brasileiro, já que o país
não extradita seus cidadãos. Mas a liberdade pode não durar muito tempo graças a
Lei de Migração 13.445/2017, que apresenta dispositivo para que um brasileiro nato
condenado no estrangeiro possa cumprir pena no Brasil.
Mas, poderá ser condenado no país caso haja uma renovação do processo na
jurisdição brasileira, na Justiça comum estadual.
Caso aconteça, a princípio, havendo proporcionalidade e compatibilidade entre a pena
fixada no estrangeiro com aquela imposta ao mesmo crime no Brasil, aplica-se a pena
estrangeira fixada, como referência da dosimetria da reprimenda corporal. Porém, as
regras relativas à execução penal (progressão de regime, livramento condicional, entre
outros) será aquela contida na legislação brasileira.
Contratos Internacionais – Caso da Plataforma de NFTs da Porsche

Os contratos internacionais envolvem mais de um ordenamento jurídico nacional. Sua


elaboração requer a identificação da lei aplicável. É o Direito Internacional Privado que
cuida da solução de conflitos no espaço, através dos elementos de conexão.
Entretanto, em alguns casos, é preciso recorrer aos tratados e convenções
internacionais ou aos usos e costumes que constituem a Lex Mercatoria.
Se tratando de contrato internacional, independentemente de as partes contratantes
serem ou não nacionais do mesmo Estado e terem ou não o mesmo domicílio, aplica-
se a lei do lugar do ato (art. 9º, caput, LINDB). Quer dizer, onde se contratar, a lei local
(territorial) regulará suas condições.
Estas práticas decorrentes da importação e exportação de produtos e serviços
possibilitam a circulação de riquezas no mercado internacional, promovendo a
melhoria das condições de vida do ser humano. Estas operações de exportação e de
importação se realizam no contexto jurídico em que vigoram as normas do direito
empresarial (SOARES, 2004).
Neste sentido, as empresas podem celebrar contratos com pessoas físicas ou outras
empresas para produzir ou possibilitar a circulação de bens e serviços no mercado. Se
esses contratos forem firmados entre pessoas ou organizações de diferentes países,
serão considerados contratos internacionais.
Contrato internacional é o acordo de vontade realizado entre duas ou mais partes
domiciliadas em países diferentes. Por isso, implica, necessariamente, na existência
de mais de um Estado, o que requer a definição de qual ordenamento jurídico será
aplicado ao caso concreto. Entretanto, em alguns casos estas normas apresentam
conflitos, o que torna necessária a busca de normas estabelecidas em tratados e
convenções, ou, recorrer aos usos e costumes.
Desta forma, o contrato internacional é aquele cujos elementos permitem vinculá-lo a
mais de um sistema jurídico nacional, pela existência de contratantes em domicílios de
nacionalidades distintas e portadores de culturas e costumes diversos. Por isso, na
elaboração do contrato internacional, é preciso indicar o direito aplicável ao contrato,
como também saber como resolver o conflito e de que forma o sistema jurídico de uma
das partes vai aplicar a decisão judicial baseada no direito da outra parte.
Em se tratando de contratantes de sistemas jurídicos diferentes, a capacidade para
contratar depende do que cada legislação estrangeira estabelece. As normas de um
ordenamento jurídico são válidas e eficazes dentro do seu território, e só podem ser
aplicadas em território estrangeiro, se outro país concordar. É o direito internacional
privado que cuida da solução de conflitos de lei no espaço, ou seja, da possibilidade
de aplicação de dois ou mais sistemas jurídicos nacionais para a regulamentação de
determinado caso, através dos elementos de conexão, que apontam o direito aplicável
ao contrato internacional, em questão.
Em função da globalização, a informática introduziu novas tendências e hábitos na
cultura dos países e permitiu às pessoas o acesso às informações sobre os bens e
serviços. É o caso da plataforma de NFTs da Porsche, onde se levantou a pauta a
respeito dos limites da jurisdição brasileira.
Evidenciou-se o caso especial da Binance, uma vez que, além de ter representação no
Brasil, é exemplo de aplicação da regra do artigo 22, inciso III, do CPC, em razão dos
seus Termos de Uso, mas com a ressalva do foro abusivo de eleição quando se tratar
de relação de consumo.
Tudo começou com esta caixa de seleção: 'Concordo com a prestação imediata do
serviço contratual (ou seja, recebimento do NFT) onde o usuário foi informado que
perdeu o direito de cancelamento'.
Ou seja, trata-se de cláusula contratual que, ao ser selecionada, resultaria na renúncia
ao direito de cancelar a compra do NFT após sua aquisição.
Além disso, a plataforma de cunhagem de NFTs da Porsche cita o termo "withdrawal"
com um hiperlink que leva a outra página, a qual revela que a referida renúncia se
refere, mais especificamente, ao direito de arrependimento dos consumidores e que,
segundo o próprio texto da página, com fundamento na Seção 13, do Código Civil
Alemão, esse direito poderia ser exercido sem a necessidade de se justificar o motivo
e por um período de até 14 dias após a conclusão do contrato.
Ademais, o mencionado texto da página sobre withdrawal também explica que o
exercício do direito de arrependimento ocasionaria o reembolso, mediante o mesmo
meio de pagamento usado para a aquisição, de todos os pagamentos efetuados pelo
comprador, inclusive custos de entrega e sem resultar em qualquer taxa extra ao
consumidor.
Por fim, o mesmo texto da citada página menciona três situações nas quais o
consumidor não poderia exercer o direito de arrependimento:
1. Se o contrato envolver a prestação de um serviço pela contratada e esta o
prestar por completo.
2. Se o contrato envolver a prestação de um serviço e a contratada apenas iniciou
o serviço, mas com o expresso consentimento do contratado e a expressa
ciência deste de que não terá direito ao arrependimento quando o serviço for
completamente prestado.
3. Se o contrato envolver o fornecimento de conteúdo exclusivamente digital e se
a contratada iniciou a execução do contrato e o contratante consentiu,
expressamente, dentro do prazo de 14 dias da contratação, tanto com o início
da execução, quanto com a renúncia ao direito de arrependimento.
Desse modo, a referida cláusula se configura, também, como cláusula de contrato de
adesão, uma vez que o comprador não teria a opção de modificá-la ou de aderir
ao contrato sem a prévia renúncia ao direito de arrependimento.
Neste caso, ficaram abertas questões como: qual direito material, estrangeiro ou
brasileiro, seria aplicado ao caso e, ainda, se há alguma solução tecnológica para
suplantar eventual dificuldade de eficácia do direito de arrependimento, com
reembolso, nas compras internacionais de NFTs.
REFERÊNCIAS
DAMIAN, Terezinha. Lei aplicável aos contratos internacionais. Revista Jus Navigandi,
ISSN 1518-4862, Teresina, ano 22, n. 5164, 21 ago. 2017. Disponível em:
https://jus.com.br/artigos/59292. Acesso em: 7 jun. 2023.
https://www.gov.br/pt-br/servicos/requerer-autorizacao-para-atos-de-filial-de-
sociedade-empresaria-estrangeira
https://www.lance.com.br/fora-de-campo/o-que-e-a-lei-de-migracao-entenda-por-que-
robinho-pode-ser-preso-no-brasil-por-condenacao-na-italia.html
https://www.migalhas.com.br/depeso/381185/o-caso-da-plataforma-de-nfts-da-porsche
https://www.diariodasleis.com.br/legislacao/federal/43076-concede-a-empresa-coca-
cola-brazil-limitada-inc-autorizauuo-para-funcionar-na-republica-federativa-do-brasil-e-
sua-nacionalizauuo-com-a-denominauuo-de-coca-cola-administrauuo-e-participaues-
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