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PROJUDI - Processo: 0031398-19.2019.8.16.0182 - Ref. mov. 26.

1 - Assinado digitalmente por Leticia Marina Conte:10003


09/04/2020: JULGADA PROCEDENTE A AÇÃO. Arq: Sentença

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJXZ2 SQV7V 38SSN VHD7A


COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA - FORO CENTRAL DE
CURITIBA
4º JUIZADO ESPECIAL DA FAZENDA PÚBLICA DE CURITIBA - PROJUDI
Avenida Anita Garibaldi, 750 - 2 Andar - Ahú - Curitiba/PR - CEP: 80.540-900
- Fone: (41) 3312-6000

Classe Processual: Procedimento do Juizado Especial Cível


Assunto Principal: Gratificação Natalina/13º salário
Processo nº: 0031398-19.2019.8.16.0182
Polo Ativo(s): Cristina Esteves Schuster
Polo Passivo(s): ESTADO DO PARANÁ

SENTENÇA

Trata-se de ação proposta por CRISTINA ESTEVES SCHUSTER em face do ESTADO


DO PARANÁ. A reclamante alega, em síntese, que é servidora pública do Tribunal de
Justiça do Estado do Paraná e como tal realizou horas extras nos anos de 2014 e
2015. Em que pese tenha recebido as horas extras trabalhadas, os décimos
terceiros salários dos anos supracitados incidiram sobre a remuneração da autora,
contudo sem contar com as horas extras trabalhadas. Sendo assim, pleiteia que o
requerido seja condenado ao pagamento de R$ 2.454,46 (dois mil quatrocentos e
cinquenta e quatro reais e quarenta e seis centavos) referente ao reflexo das horas
extras no décimo terceiro salário da servidora nos anos de 2014 e 2015.

O reclamado apresentou contestação (mov. 11.1).

A parte autora apresentou impugnação à contestação (mov. 12.1).

As partes dispensaram a produção de provas em audiência.

O Ministério Público deixou de intervir no feito.

Os autos vieram conclusos para julgamento antecipado.

É a síntese do relatório, com a permissão do art. 38 da Lei 9.099/95.

Decido.

A controvérsia da demanda reside em aferir se o cálculo do décimo terceiro salário


deve levar em conta os valores recebidos a título de hora extra.

Sabe-se que os atos administrativos possuem presunção relativa de veracidade, que


somente poderá ser afastada com a demonstração contundente de irregularidade.
PROJUDI - Processo: 0031398-19.2019.8.16.0182 - Ref. mov. 26.1 - Assinado digitalmente por Leticia Marina Conte:10003
09/04/2020: JULGADA PROCEDENTE A AÇÃO. Arq: Sentença

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
Neste sentido: “a presunção de legitimidade diz respeito à conformidade do ato com
a lei; em decorrência desse atributo, presumem-se, até prova em contrário, que os
atos administrativos foram emitidos com observância da lei” (Di Pietro, Maria Sylvia
Zanella. Direito Administrativo. 14ª ed. Atlas. 2002. P. 189).

Ademais, a Administração Pública é pautada pelo princípio da legalidade, a respeito

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do qual ensina Flávia Bahia Martins que:

“(...) Para o particular, ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer algo, senão
em virtude de lei (aqui em sentido amplo ou material, referindo-se a qualquer
espécie normativa), diante de sua autonomia da vontade. Já quanto ao
administrador, deverá ser adotado o princípio da legalidade em sentido estrito, pois
só é possível fazer o que a lei autoriza ou determina. (...).”

Partindo-se das premissas elencadas, tem-se o art. 7º, VIII, c/c art. 39, §3º, da
Constituição Federal o qual dispõe que é direito do servidor público o “décimo
terceiro salário com base na remuneração integral...”. Tal norma é reproduzida
fielmente no art. 34, IV, da Constituição do Estado do Paraná.

Ainda, o art. 23 da Lei 17.250/2012 do Estado do Paraná prevê que “É direito do


servidor do Poder Judiciário o décimo terceiro vencimento com base na
remuneração integral...”.

Já o art. 14 da Lei 17.250/2012 estabelece que “A gratificação pela prestação de


serviço extraordinário se destina a remunerar o servidor que desempenha as
atribuições de seu cargo fora do período normal de trabalho a que estiver sujeito,
a fim de atender situações excepcionais e temporárias.”.

Conforme precedentes do TJPR, por força do art. 7º, VIII e XVII, e do art. 39, §3º,
da CF e do art. 34, IV e X, da Constituição do Estado do Paraná, normas
constitucionais hierarquicamente superiores que devem nortear a interpretação
da legislação ordinária (frente ao princípio da Supremacia da Constituição), as
gratificações recebidas pelo servidor devem ser consideradas na base de cálculo
do décimo terceiro salário e do adicional de férias para fins de mensuração da
remuneração integral:

AÇÃO ORDINÁRIA. SERVIDORES PÚBLICOS DO MUNICÍPIO DE CURITIBA.


BASE DE CÁLCULO DO DÉCIMO TERCEIRO SALÁRIO. REMUNERAÇÃO
INTEGRAL, INCLUIDAS AS GRATIFICAÇÕES RECEBIDAS PELOS
SERVIDORES. INTELIGÊNCIA DOS ARTS. 7.º, INCISO VIII C/C 39, § 3.º, DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL, DO ART. 34, INCISO IV, DA CONSTITUIÇÃO
ESTADUAL E DO ART. 89, INCISO IV, DA LEI ORGÂNICA DO MUNICÍPIO DE
CURITIBA. (...)
(TJPR - 5ª C.Cível - 0005008-81.2007.8.16.0004 - Curitiba - Rel.: Adalberto
Jorge Xisto Pereira - J. 11.12.2018)

DIREITO ADMINISTRATIVO. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO COM PEDIDO DE


COBRANÇA. SERVIDORA PÚBLICA ESTATUTÁRIA DO MUNICÍPIO DE
LONDRINA. AUTARQUIA MUNICIPAL DE SAÚDE. HORAS
EXTRAORDINÁRIAS. DIVISOR APLICÁVEL. UTILIZAÇÃO DO FATOR 150.
MANUTENÇÃO. JORNADA DE 30 HORAS SEMANAIS, DIVIDIDAS POR 6
DIAS ÚTEIS, MULTIPLICADA POR 30 DIAS DO MÊS. BASE DE CÁLCULO
DAS HORAS EXTRAS QUE DEVE SER COMPOSTA DO ADICIONAL
PROJUDI - Processo: 0031398-19.2019.8.16.0182 - Ref. mov. 26.1 - Assinado digitalmente por Leticia Marina Conte:10003
09/04/2020: JULGADA PROCEDENTE A AÇÃO. Arq: Sentença

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
NOTURNO. IMPOSSIBILIDADE DE SE INCLUIR O AUXÍLIO ALIMENTAÇÃO NA
BASE DE CÁLCULO DA REMUNERAÇÃO. CABIMENTO DE REFLEXOS NO
DÉCIMO TERCEIRO SALÁRIO, NAS FÉRIAS E NO TERÇO CONSTITUCIONAL.
SENTENÇA ILÍQUIDA. AUSÊNCIA DE RECURSO VOLUNTÁRIO DA
MUNICIPALIDADE. REMESSA NECESSÁRIA ORDENADA PELO JUÍZO A QUO.

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INADMISSIBILIDADE. VALOR DA CONDENAÇÃO EVIDENTEMENTE
INFERIOR A 100 (CEM) SALÁRIOS MÍNIMOS. APLICAÇÃO DO ART. 496, §
3º, INCISO III, CPC/2015. APELAÇÃO CÍVEL CONHECIDA E, NO MÉRITO,
PARCIALMENTE PROVIDA. REMESSA NECESSÁRIA NÃO CONHECIDA
(TJPR - 3ª C.Cível - 0020861-51.2017.8.16.0014 - Londrina - Rel.:
Desembargador José Sebastião Fagundes Cunha - J. 07.05.2019)

APELAÇÃO CÍVEL - SERVIDORES DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE


LONDRINA - UEL - HORAS EXTRAORDINÁRIAS NÃO REMUNERADAS, NEM
COMPENSADAS MEDIANTE CONCESSÃO DE FOLGA - LIMITAÇÃO DA
COMPENSAÇÃO AO PRAZO DE SEIS MESES APÓS A REALIZAÇÃO DA
JORNADA EXTRAORDINÁRIA - IMPOSSIBILIDADE - REMUNERAÇÃO
DEVIDA, SOB PENA DE ENRIQUECIMENTO ILÍCITO DA ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA - REFLEXOS SOBRE DÉCIMO TERCEIRO, FÉRIAS E TERÇO DE
FÉRIAS - POSSIBILIDADE - CUSTAS PROCESSUAIS DEVIDAS PELA
FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL - SÚMULA Nº. 72 DESTE E. TRIBUNAL DE
JUSTIÇA - FIXAÇÃO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS RECURSAIS.
(TJPR - 2ª C.Cível - ACR - 1693166-5 - Região Metropolitana de Londrina -
Foro Central de Londrina - Rel.: Juíza Angela Maria Machado Costa -
Unânime - J. 27.06.2017)

REMESSA NECESSÁRIA – AÇÃO ORDINÁRIA DE COBRANÇA – SERVIDORES


PÚBLICOS MUNICIPAIS – MOTORISTAS – JORNADA DE TRABALHO –
PEDIDO DE PAGAMENTO DE HORAS EXTRAS – PROVA TESTEMUNHAL QUE
CONFIRMA O LABOR EM PERÍODO SUPERIOR AO DA JORNADA NORMAL –
DOCUMENTOS QUE COMPROVAM E LAUDO PERICIAL QUE ATESTA O
PAGAMENTO PARCIAL DAS HORAS EXTRAS PRESTADAS – HORAS EXTRAS
DEVIDAS, COM REFLEXOS EM DÉCIMO TERCEIRO, FÉRIAS E TERÇO
CONSTITUCIONAL – MODIFICAÇÃO, DE OFÍCIO, DO PERCENTUAL DOS
JUROS MORATÓRIOS E NÃO INCIDÊNCIA DELES NO PERÍODO DE GRAÇA
CONSTITUCIONAL – LIQUIDAÇÃO – SENTENÇA PARCIALMENTEPOR
ARBITRAMENTO AFASTADA REFORMADA (TJPR - 3ª C.Cível -
0000413-59.2015.8.16.0133 - Pérola - Rel.: Desembargador Marcos S.
Galliano Daros - J. 17.02.2020)

Conclui-se que o cálculo do 13º salário da autora deveria ter levado em


consideração a remuneração integral, incluindo as horas extras, o que não ocorreu.

Sendo assim, julgo procedente a pretensão inicial para o fim de condenar o ESTADO
DO PARANÁ ao pagamento dos valores de R$ 530,44 (quinhentos e trinta reais e
quarenta e quatro centavos) e de R$ 816,35 (oitocentos e dezesseis reais e trinta e
cinco centavos), referentes ao reflexo das horas extras no 13º salário da autora dos
anos de 2014 e 2015, atualizados monetariamente pelo IPCA-E/IBGE a partir dos
respectivos vencimentos e acrescidos de juros moratórios calculados com base nos
reajustes incidentes sobre aplicações em caderneta de poupança (art. 1º-F da Lei
9.494/1997 c/c art. 12, caput, I e II, da Lei 8.177/1991 – REsp 1270439 do STJ e RE
870947 do STF), desde a data da citação.
PROJUDI - Processo: 0031398-19.2019.8.16.0182 - Ref. mov. 26.1 - Assinado digitalmente por Leticia Marina Conte:10003
09/04/2020: JULGADA PROCEDENTE A AÇÃO. Arq: Sentença

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
Sem custas e honorários (art. 54 e art. 55 da Lei 9.099/1995).

Após o trânsito em julgado arquivem-se com as devidas baixas no Distribuidor.

P.R.I.

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJXZ2 SQV7V 38SSN VHD7A


Curitiba, data da assinatura digital.

Leticia Marina Conte

Juíza de Direito

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