PROJUDI - Recurso: 0017842-47.2019.8.16.0182 - Ref. mov. 34.

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16/11/2020: JUNTADA DE ACÓRDÃO. Arq: Acórdão (Aldemar Sternadt - 4ª Turma Recursal dos Juizados Especiais)

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ
4ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS

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Autos nº. 0017842-47.2019.8.16.0182

Recurso Inominado Cível n° 0017842-47.2019.8.16.0182

4º Juizado Especial da Fazenda Pública de Curitiba
Recorrente(s): PARANÁPREVIDÊNCIA e ESTADO DO PARANÁ
Recorrido(s): MAURO EDSON ROMANN FEIJÓ
Relator: Aldemar Sternadt

EMENTA: RECURSO INOMINADO. DIREITO

ADMINISTRATIVO. AÇÃO DECLARATÓRIA C/C OBRIGAÇÃO
DE FAZER. POLICIAL MILITAR DA RESERVA. 2º SARGENTO.
PROMOÇÃO PARA O POSTO DE 2º TENENTE. PRELIMINAR
DE INCOMPETÊNCIA AFASTADA. REVOGAÇÃO TÁCITA DO
ART. 157, §2º, DA LEI ESTADUAL Nº 1.943/1954, PELO
ART. 62 DA LEI FEDERAL Nº 6.880/1980. INOCORRÊNCIA.
ENTENDIMENTO PACÍFICO DO TJ/PR (PRECEDENTES
0005725-83.2013.8.16.0004 E
0004191-02.2016.8.16.0004). LEI 17.169/12 QUE TRATA
DE MATÉRIA DIVERSA DA APLICÁVEL À PRESENTE
DEMANDA. ATO VINCULADO. SENTENÇA MANTIDA PELOS
PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. RECURSOS CONHECIDOS E
DESPROVIDOS.

Trata-se de ação de cobrança c/c obrigação de fazer. Aduz o autor fazer

jus à promoção ao posto de 2º Tenente em razão da sua passagem
compulsória para reserva remunerada, a partir de 19/09/2016.
Requereu-se a imediata implantação e pagamento das diferenças
remuneratórias decorrentes do atraso na implantação.

O projeto de sentença (mov. 23.1), devidamente homologado (mov.

25.1), julgou procedente o feito.

O Estado do Paraná interpôs recurso (mov. 32.1) com objetivo de

reformar a decisão proferida em razão de (i) preliminarmente, a
incompetência do Juizado Especial da Fazenda Pública, pois o valor
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requerido ultrapassa o teto de 60 (sessenta) salários mínimos e o
procurador não possuir procuração para renunciar os valores excedentes;
(ii) no mérito, pela impossibilidade da promoção de policial militar na
passagem para inatividade, eis que o art. 157, §§ 1º e 2º da Lei Estadual

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nº 1.943/1954, teria sido revogado pelo art. 62 da Lei Federal nº
6.880/1980; (iii) ter sido revogado os art. 86 e 88 da Lei Estadual nº
6.417/1973, pelo art. 6º da Lei Estadual nº 6.417/1973.

A Paranáprevidência interpôs recurso (mov. 34.1) aduzindo, em síntese,

a necessidade da reforma da decisão proferida em razão de (i)
incompetência do juizado especial para conhecer e julgar a presente ação;
(ii) impossibilidade de repristinação do art. 157 da Lei Estadual nº
1943/1954.

Em contrarrazões (mov. 42.1), pugna-se pela manutenção da sentença

proferida.

Após contrarrazões, subiram os autos.

É o relatório.

VOTO

Os recursos devem ser conhecidos vez que presentes os pressupostos

processuais de admissibilidade. No mérito, nego provimento a ambos.

PRELIMINAR

Os recorrentes suscitaram como preliminar a incompetência do juizado

especial em conhecer e julgar a presente matéria em razão de superar o
teto de 60 (sessenta) salários mínimos.

Veja-se que em sede de impugnação à contestação trouxe declaração de

renúncia de valor excedente a 40 (quarenta) salários mínimos (mov.
21.2). Assim, a medida que se impõe é a rejeição da preliminar suscitada.

MÉRITO

Cinge-se a controvérsia dos autos a respeito da possibilidade de promoção

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pela passagem remunerada de policial militar e vigência da Lei Estadual
que prevê essa modalidade de desenvolvimento na carreira.

Inobstante a tese aventada pelos recorrentes, não é possível concluir que

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o art. 157, §2º da Lei Estadual nº 1.943/1954 foi revogado pelo art. 62 da
Lei Federal nº 6.880/1980.

O Estado do Paraná, no âmbito de sua competência, conferiu aos seus

policiais militares a promoção para o posto imediatamente superior
quando da passagem para reserva remunerada, in casu, para o posto de
2º Tenente.

Já a Lei Estadual nº 17.169/2012 trata de matéria diversa da aplicável à

presente demanda, pois estabelece o sistema remuneratório em subsídio,
enquanto o tema em debate é ascensão na carreira.

Nesse sentido, reproduzo abaixo jurisprudência desta Turma Recursal

sobre o tema:

RECURSOS INOMINADOS. COBRANÇA. SENTENÇA DE

PROCEDÊNCIA. INCONFORMISMO RECURSAL DO ESTADO DO PR
E DO PARANAPREVIDÊNCIA. FAZENDA PÚBLICA. REVISÃO DOS
PROVENTOS DE INATIVIDADE. PEDIDO DE INCIDENTE DE
UNIFORMIZAÇÃO DE JUSRISPRUDÊNCIA (IUJ). INSTITUTO QUE
VISA MINIMIZAR AS DIVERGÊNCIAS JURISPRUDENCIAIS.
REQUISITOS DO ARTIGO 976 DO CPC QUE NÃO SE ENCONTRAM
PRESENTES. JULGADO CITADO QUE É DE RELATORIA DE JUIZ
QUE ATUALMENTE NÃO INTEGRA A QUARTA TURMA RECURSAL
DO ESTADO DO PARANÁ. NÃO COMPROVAÇÃO DO RISCO DE
OFENSA À ISONOMIA E À SEGURANÇA JURÍDICA. INCIDENTE
NÃO CONHECIDO. NÃO ENQUADRAMENTO NA HIPÓTESE DE
SUSPENSÃO PELO TEMA 103 DO C. STJ. CAUSA QUE NÃO
ULTRAPASSA O TETO DE 60 SALÁRIOS MÍNIMOS. ARTIGO 2º,
CAPUT DA LEI 12.153/2009 - CÁLCULO APRESENTADO PELO
AUTOR. RENÚNCIA AO EXCEDENTE. PRELIMINARES REJEITADAS.
MÉRITO. SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL. POLICIAL MILITAR.
RESERVA REMUNERADA. ENQUADRAMENTO. DIREITO À
REMUNERAÇÃO BASEADA NA REMUNERAÇÃO IGUAL À
REMUNERAÇÃO DE UM POSTO SUPERIOR AO MIGRAR PARA
A RESERVA REMUNERADA COM 35 ANOS DE SERVIÇO.
ATRASO NA IMPLEMENTAÇÃO. INTELIGÊNCIA DO ART. 157,
§2º DA LEI ESTADUAL 1.943/54 (CÓDIGO DA POLÍCIA
MILITAR). EXPRESSA PREVISÃO LEGAL DE QUE OS 1º
SARGENTOS (QUANDO TRANSFERIDOS PARA A RESERVA
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REMUNERADA) PASSARÃO PARA O POSTO DE 2º TENENTE -
NÍVEL IMEDIATAMENTE SUPERIOR AO QUE OCUPAVA NA
OCASIÃO DA TRANSFERÊNCIA. DISPOSITIVO QUE NÃO FOI
REVOGADO E É PLENAMENTE APLICÁVEL AO CASO EM
COMENTO. ENTENDIMENTO PACÍFICO DO TJ/PR

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(PRECEDENTES 0005725-83.2013.8.16.0004 E
0004191-02.2016.8.16.0004). LEI 17.169/12 QUE TRATA DE
MATÉRIA DIVERSA DA APLICÁVEL À PRESENTE DEMANDA. ATO
VINCULADO. INEXISTÊNCIA DE JUÍZO DE OPORTUNIDADE
E CONVENIÊNCIA À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.
INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO À CONSTITUIÇÃO FEDERAL
OU À LEGISLAÇÃO FEDERAL. ESTADOS QUE POSSUEM
AUTONOMIA PARA LEGISLAR SOBRE ASSUNTOS
RELACIONADOS À REMUNERAÇÃO E CONDIÇÕES PARA
INATIVIDADE. INTERPRETAÇÃO CONJUNTA DO ARTIGO 40,
§1° E ART. 143, §3°, INCISO X DA CF/88. PARTE RÉ QUE NÃO
LOGROU ÊXITO EM COMPROVAR FATOS IMPEDITIVOS,
EXTINTIVOS OU MODIFICATIVOS DO DIREITO DO AUTOR, NÃO
SE DESINCUMBINDO DE SEU ÔNUS PROBATÓRIO, A TEOR DO
ARTIGO 373, II DO CPC. JURISPRUDÊNCIA CONSOLIDADA.
PRECEDENTES DA QUARTA TURMA RECURSAL DO ESTADO DO
PARANÁ (0013224-78.2019.8.16.0014,
0076274-15.2018.8.16.0014, 0012610-10.2018.8.16.0014).
SENTENÇA MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS.
ARTIGO 46 DA LEI 9.099/95. RECURSOS CONHECIDOS E
DESPROVIDOS.

(TJPR - 4ª Turma Recursal - 0047783-61.2019.8.16.0014 -

Londrina - Rel.: Juiz Leo Henrique Furtado Araújo - J. 29.07.2020)

Portanto, deve a administração pública efetuar a promoção do recorrido,

conforme decisão bem lançada pelo juízo a quo uma vez que se trata de
ato administrativo vinculado.

Por derradeiro, vale mencionar que o julgador não está obrigado a se

manifestar sobre todo e qualquer fundamento legal mencionado pela
parte, sendo suficiente a fundamentação que possibilite a refutação dos
demais apresentados, estando cumprida a função jurisdicional.

Diante disso, a sentença deve ser confirmada pelos seus próprios

fundamentos, nos termos do art. 46 da Lei 9.099/1995. Os fundamentos
do acórdão, pois, são os mesmos fundamentos da sentença, em que todas
as alegações já foram analisadas.
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Ante o exposto, voto por NEGAR PROVIMENTO AOS RECURSOS.

Condeno os recorrentes ao pagamento de custas e verba honorária, que

fixo em 20% sobre o valor da condenação, sendo cada um dos recorrentes

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responsáveis por 50% deste valor, devidamente corrigido, nos termos do
art. 55 da Lei n° 9.099/1995. Dispensado o pagamento de custas
processuais nos termos do artigo 5° da Lei Estadual n° 18.413/2014.

Considero prequestionados especificamente todos os dispositivos legais e

constitucionais invocados na inicial, contestação, razões e contrarrazões
de recurso, porquanto a fundamentação exarada não viola nenhum dos
dispositivos da legislação federal ou da Constituição mencionados nessas
peças processuais.

DISPOSITIVO:

Ante o exposto, esta 4ª Turma Recursal dos

Juizados Especiais resolve, por unanimidade dos votos, em relação ao
recurso de PARANÁPREVIDÊNCIA, julgar pelo(a) Com Resolução do Mérito
- Não-Provimento, em relação ao recurso de ESTADO DO PARANÁ, julgar
pelo(a) Com Resolução do Mérito - Não-Provimento nos exatos termos do
voto.

O julgamento foi presidido pelo (a) Juiz(a) Leo

Henrique Furtado Araújo, com voto, e dele participaram os Juízes Aldemar
Sternadt (relator) e Bruna Greggio.

CURITIBA, 13 de novembro de 2020

Aldemar Sternadt

Juiz (a) relator (a)