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Supremo Tribunal Federal

Ementa e Acórdão

Inteiro Teor do Acórdão - Página 1 de 20

16/05/2022 PRIMEIRA TURMA

AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 1.361.600 DISTRITO FEDERAL

RELATOR : MIN. ALEXANDRE DE MORAES


AGTE.(S) : TEREZINHA JORGE RAMOS
ADV.(A/S) : MARCONI MEDEIROS MARQUES DE OLIVEIRA
ADV.(A/S) : ISABELLE DO AMARAL SANTOS
AGDO.(A/S) : DISTRITO FEDERAL
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO DISTRITO FEDERAL

EMENTA: AGRAVO INTERNO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO.


CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. FAZENDA PÚBLICA. REQUISIÇÃO
DE PEQUENO VALOR – RPV. LEI DISTRITAL 6.618/2020, QUE
ALTEROU O LIMITE DE PAGAMENTO. APLICAÇÃO RETROATIVA.
IMPOSSIBILIDADE. JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL. TEMA 792 DA REPERCUSSÃO GERAL.
1. Trata-se de demanda em que se discute a constitucionalidade da
Lei Distrital 6.618/2020, que aumentou o limite para a expedição de
Requisição de Pequeno Valor – RPV de 10 para 20 salários mínimos.
2. No julgamento do RE 729.107-RG, de relatoria do Min. MARCO
AURÉLIO, DJe de 20/3/2015, Tema 792 da repercussão geral, discutiu-se a
aplicabilidade imediata da Lei Distrital 3.624/2005, que reduziu o teto
para expedição de RPV de 40 (quarenta) para 10 (dez) salários mínimos,
aos processos que transitaram em julgado durante a vigência da Lei
Distrital 3.178/2002, que previa o limite de 40 salários mínimos para fins
de expedição de RPV, mas cujo cumprimento de sentença ocorreu já na
vigência da lei nova.
3. Na ocasião, esta SUPREMA CORTE deu provimento ao RE,
fixando a seguinte tese ao Tema 792 da repercussão geral: Lei
disciplinadora da submissão de crédito ao sistema de execução via precatório
possui natureza material e processual, sendo inaplicável a situação jurídica
constituída em data que a anteceda.
4. O precedente paradigma se amolda à hipótese destes autos, pois a
aplicação da lei no tempo deve obedecer ao brocardo tempus regit actum,
seja na hipótese em que ampliado o limite, seja na que seja reduzido.

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RE 1361600 AGR / DF

5. Dessa forma, ainda que a execução tenha sido deflagrada na


vigência da Lei Distrital 6.618/2020, não se admite a incidência da lei
superveniente quanto a situações jurídicas consolidadas sob a égide da lei
anterior. Logo, deve ser aplicada a lei vigente ao tempo da constituição do
título (trânsito em julgado da ação), qual seja, a Lei Distrital 3.624, de 18
de julho de 2005.
6. A solução a que se chegou esta SUPREMA CORTE no julgamento
do Tema 792 deve ser aplicada indistintamente às partes, sob pena de
violação à coisa julgada, à segurança jurídica, bem como ao princípio da
isonomia.
7. Agravo Interno a que se nega provimento. Na forma do art. 1.021,
§§ 4º e 5º, do Código de Processo Civil de 2015, em caso de votação
unânime, fica condenado o agravante a pagar ao agravado multa de um
por cento do valor atualizado da causa, cujo depósito prévio passa a ser
condição para a interposição de qualquer outro recurso (à exceção da
Fazenda Pública e do beneficiário de gratuidade da justiça, que farão o
pagamento ao final).

AC ÓRDÃ O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, os Ministros do Supremo


Tribunal Federal, em Sessão Virtual da Primeira Turma, sob a Presidência
da Senhora Ministra CÁRMEN LÚCIA, em conformidade com a certidão
de julgamento, por unanimidade, acordam em negar provimento ao
agravo interno e, na forma do art. 1.021, §§ 4º e 5º, do Código de Processo
Civil de 2015, condenar a parte agravante a pagar à parte agravada multa
de um por cento do valor atualizado da causa, cujo depósito prévio passa
a ser condição para a interposição de qualquer outro recurso (à exceção
da Fazenda Pública e do beneficiário de gratuidade da justiça, que farão o
pagamento ao final), nos termos do voto do Relator.

Brasília, 16 de maio de 2022.

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RE 1361600 AGR / DF

Ministro ALEXANDRE DE MORAES


Relator

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Relatório

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16/05/2022 PRIMEIRA TURMA

AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 1.361.600 DISTRITO FEDERAL

RELATOR : MIN. ALEXANDRE DE MORAES


AGTE.(S) : TEREZINHA JORGE RAMOS
ADV.(A/S) : MARCONI MEDEIROS MARQUES DE OLIVEIRA
ADV.(A/S) : ISABELLE DO AMARAL SANTOS
AGDO.(A/S) : DISTRITO FEDERAL
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO DISTRITO FEDERAL

RE LAT Ó RI O

O SENHOR MINISTRO ALEXANDRE DE MORAES (RELATOR):


Trata-se de Agravo Interno contra decisão que negou seguimento ao
Recurso Extraordinário, aplicando o entendimento desta SUPREMA
CORTE firmado no julgamento do Tema 792 da Repercussão Geral, em
que se firmou a seguinte tese: Lei disciplinadora da submissão de crédito ao
sistema de execução via precatório possui natureza material e processual, sendo
inaplicável a situação jurídica constituída em data que a anteceda..

A parte ora agravante sustenta, em síntese, que o recurso preenche


todos todos os requisitos de admissibilidade. No mais, argumenta que
“andou mal a decisão ora atacada ao entender pela aplicabilidade do
Tema 792 dessa Suprema Corte no presente caso, tratando-se de
julgamento cuja natureza é extra petita, em razão do princípio dispositivo
(nemo iudex sine actore e ne procedat iudex ex officio), eis que a matéria
suscitada sequer fora prequestionada nas instâncias inferiores, sendo,
assim, evidente a negativa de prestação jurisdicional e o divórcio
ideológico entre os fundamentos do decisum ora atacado e a pretensão
deduzida.” (fl. 10, Doc. 20), e que “é nítida a distinção entre os referidos
entendimentos, não cabendo ao Supremo conhecer de matéria não
suscitada pela parte em seu recurso extraordinário e no acórdão atacado,
impondo-se, por conseguinte, sob qualquer enfoque, a reforma da decisão
agravada.” (fl. 11, Doc. 20)

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Relatório

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É o relatório.

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Voto - MIN. ALEXANDRE DE MORAES

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VOTO

O SENHOR MINISTRO ALEXANDRE DE MORAES (RELATOR):


Eis a decisão ora agravada:

“DECISÃO

Trata-se de Recurso Extraordinário interposto em face de


acórdão proferido pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e
Territórios, assim ementado (Vol. 2, fl. 1):

“PROCESSUAL CIVIL E CONSTITUCIONAL.


AGRAVO DE INSTRUMENTO. CUMPRIMENTO DE
SENTENÇA. FAZENDA PÚBLICA. REQUISIÇÃO DE
PEQUENO VALOR - RPV. LIMITE DE PAGAMENTO. LEI
N° 6.618/2020. ALTERAÇÃO DE LIMITE.
INCONSTITUCIONALIDADE. VÍCIO DE INICIATIVA.
DIPLOMA SEMELHANTE JULGADO
INCONSTITUCIONAL. ADIs 2015.00.2.014329-8 e
2015.00.2.015077-2... DESNECESSIDADE DE
INSTAURAÇÃO DE INCIDENTE DE
INCONSTITUCIONALIDADE. ARTIGO 949,
PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC. DECISÃO MANTIDA.
1. Cuida-se de agravo de instrumento contra a
decisão interlocutória que indeferiu o aumento da
requisição de pequeno valor formulada pelo ora agravante
para o montante de 20 (vinte) salários-mínimos, uma vez
já expedido o requisitório, e por considerar o Juízo de
origem que a novel Lei Distrital n° 6.618/2020 seria
inconstitucional;
2. A Lei n° 6.618/2020 apresenta o mesmo vício de
constitucionalidade da Lei n° 5.475/2015, que alterou o
teto para as requisições de pequeno valor. 2.1. O Conselho
Especial do TJDFT, em 05 de abril de 2016, julgou

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procedentes as Ações Diretas de Inconstitucionalidade nºs


2015.00.2.014329-8 e 2015.00.2.015077-2 para declarar a
inconstitucionalidade formal, por vício de iniciativa, da
Lei Distrital nº 5.475, de 23/04/2015.
3. Nos termos dos artigos 927, inciso V, e 949,
parágrafo único, ambos do Código de Processo Civil, a
decisão proferida pelo Conselho Especial desta Corte deve
ser observada pelos Juízes e órgãos fracionários, sem que
seja necessário novo pronunciamento pelo órgão especial
em cada feito. 4.1. Deixa-se de instaurar o incidente
previsto no art. 948 do CPC;
5. Recurso conhecido e não provido. Decisão
mantida”.

Opostos Embargos de Declaração, foram rejeitados (Vol.


4).

No Recurso Extraordinário (Vol. 6), interposto com


amparo no art. 102, III, “a”, da Constituição Federal,
TEREZINHA JORGE RAMOS alega que o acórdão recorrido
violou os artigos 1º; 2º; 61, §1º, “a” e “e”; 84, II, III, VI, “a”; 100
§§ 3º e 4º; e 165, da Constituição, defendendo, em suma, a
constitucionalidade da Lei Distrital 6.618/2020 para fins de
expedição de requisição de pequeno valor.
Aduz que, em sede de cumprimento de sentença, houve a
declaração de inconstitucionalidade da Lei Distrital 6.618/2020,
que aumentou o limite para a expedição de Requisição de
Pequeno Valor – RPV de 10 para 20 salários mínimos.
Irresignada, afirma que interpôs o presente Agravo de
Instrumento, que foi desprovido pelo Tribunal de origem ao
fundamento de que a Lei Distrital 6.618/2020, de origem
parlamentar, incorreu em vício de iniciativa, uma vez que
compete ao Poder Executivo a iniciativa de lei que se refere à
matéria orçamentária.
Aponta equívoco do acórdão recorrido, pois a lei
impugnada versa sobre matéria processual, não havendo que se

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falar, portanto, em vício de iniciativa.


Reforça esse argumento, aduzindo que “a norma em foco
não possui natureza orçamentária, seja porque não integra a Lei
Orçamentária Anual, seja porque não se insere no rol das
matérias que devem ser tratadas na Lei de Diretrizes
Orçamentária e do Plano Plurianual, únicos diplomas que se
submetem à iniciativa privativa do Poder Executivo, ex vi do
afrontado art. 165, da CRFB/88” (Vol. 6, fl. 7).
Sustenta que as limitações à iniciativa de lei pelo Poder
Legislativo são taxativas, não podendo ser ampliadas, sob pena
de violação ao princípio da separação dos poderes (art. 2º da
CF/1988).
Por fim, afirma que os artigos 61, §1º, “a” e “e”; 84, II, III,
VI, “a”, e XXIII; e 165 da CRFB/1988 foram aplicados de forma
equivocada pelo Tribunal de origem,”visto que não há no texto
constitucional qualquer dispositivo que expressamente
contemple como de iniciativa privativa do Chefe do Poder
Executivo os projetos de lei que disponham sobre o patamar
das OPVs devidas pelo Estado para fins de pagamento sem
precatório, devendo prevalecer o princípio geral da legitimação
concorrente para a instauração do processo de formação das
espécies legislativas” (Vol. 6, fl. 9).

Em contrarrazões, o DISTRITO FEDERAL alega,


preliminarmente, a incidência das Súmulas 282 e 284 do STF, a
inexistência de repercussão geral da matéria e a ofensa
constitucional meramente reflexa à Constituição. No mérito,
requer a manutenção do acórdão recorrido, já que, além da
violação à iniciativa privativa do Chefe do Poder Executivo para
dispôr sobre a matéria, há de se observar a inaplicabilidade
retroativa da lei (Vol. 7, fl. 13).
Na sequência, o RE foi admitido, e os autos remetidos ao
STF (Vol. 8).

A Presidência desta SUPREMA CORTE determinou o


retorno dos autos ao Tribunal de origem para observância do

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Tema 792 da repercussão geral (Vol. 10).

Em nova análise da matéria, o Presidente do TJDFT,


todavia, afastou a aplicação do referido precedente paradigma
ao fundamento de que “a discussão nos autos se deu sobre a
perspectiva da constitucionalidade da Lei Distrital 6.618/2020 e
não sobre a natureza da lei disciplinadora da submissão de
crédito ao sistema de execução via precatório, tese objeto do RE
729.107” (Vol. 13, fl. 3). Ao final, determinou a remessa dos
autos ao STF.

É o relatório. Decido.

Conforme acima narrado, trata-se de demanda em que se


discute a constitucionalidade da Lei Distrital 6.618/2020, de
origem parlamentar, que aumentou o limite para a expedição
de Requisição de Pequeno Valor – RPV de 10 para 20 salários
mínimos.

No julgamento do RE 729.107-RG, de relatoria do Min.


MARCO AURÉLIO, DJe de 20/3/2015, Tema 792 da repercussão
geral, discutiu-se a aplicabilidade imediata da Lei Distrital
3.624/2005, que reduziu o teto para expedição de RPV de 40
(quarenta) para 10 (dez) salários mínimos, aos processos que
transitaram em julgado durante a vigência da Lei Distrital
3.178/2002, que previa o limite de 40 salários mínimos para fins
de expedição de RPV, mas cujo cumprimento de sentença
ocorreu já na vigência da lei nova.

Ou seja, esta SUPREMA CORTE debateu a possibilidade


de aplicação imediata da Lei distrital 3.624/2005, que reduziu de
40 (quarenta) para 10 (dez) salários mínimos o teto para
expedição de requisição de pequeno valor, às execuções em
curso.

A controvérsia estava restrita, portanto, à natureza jurídica

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– se processual ou material – de lei local que diminuiu o limite


de valor para o RPV.
Naquele caso, a Segunda Turma Cível do Tribunal de
Justiça do Distrito Federal e Territórios entendeu que a lei local
que reduz o teto para expedição de RPV tem natureza
processual, sendo, portanto, de aplicação imediata. Explicitou o
relator que a norma que determinará a forma do pagamento do
crédito – RPV ou precatório – será aquela vigente no momento
da requisição do pagamento.
Dessa forma, tendo o processo de conhecimento transitado
em julgado em 21/2/2005 (durante a vigência da Lei Distrital
3.178/2002), mas sendo deflagrado o processo de execução
apenas em 1º/12/2009 (já sob a égide da Lei Distrital 3.624/2005),
essa última deveria ser aplicada no momento da execução.
Irresignado, o Sindicato dos Servidores Públicos Civis da
Administração Direta, Autarquias, Fundações e Tribunal de
Contas do Distrito Federal – SINDIRETA/DF interpôs Recurso
Extraordinário ao fundamento de que o acórdão recorrido
violou os artigos 5º, caput, XXXVI e 6º, caput, ambos da CF/1988;
bem como o artigo 87, I, do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias – ADCT.
A Procuradoria-Geral da República, naquele caso,
manifestou-se pelo provimento do RE ao argumento de que
“não é possível a aplicação da Lei Distrital 3.624/2005, que
reduziu para 10 (dez) salários mínimos o teto para expedição de
requisição de pequeno valor (RSPV), previsto no § 3º do artigo
100 da Constituição Federal (CF), às execuções em curso
fundadas em sentença condenatória com trânsito em julgado
anterior à vigência da mencionada lei, pois, apesar da natureza
processual da norma, que conduz a sua aplicação imediata, é
necessário que seja observado o princípio da segurança jurídica,
sendo inadmissível a incidência retroativa da norma legal a
momento anterior à constituição definitiva do crédito”.

Na ocasião, esta SUPREMA CORTE deu provimento ao


RE, fixando a seguinte tese ao Tema 792 da repercussão geral:

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Lei disciplinadora da submissão de crédito ao sistema de execução via


precatório possui natureza material e processual, sendo inaplicável a
situação jurídica constituída em data que a anteceda.

Por pertinentes, citem-se os seguintes trechos do voto do


Relator Ministro MARCO AURÉLIO:

“Mediante a Emenda Constitucional nº 37, de 2002,


inseriu-se disposição constitucional transitória a
preceituar, presente o artigo 87 do Atos das Disposições
Constitucionais Transitórias, que seriam tomados como de
pequeno valor, até a publicação das leis definidoras pelos
entes da Federação, os débitos da Fazenda iguais a
quarenta salários mínimos no âmbito estadual e trinta no
municipal. O Distrito Federal editou lei – de nº 3.624, em
18 de julho de 2005 – prevendo o teto equivalente a 1/4 do
contemplado na disposição constitucional transitória. Não
se coloca em dúvida que esta última veio a balha com
regência submetida a condição resolutiva, ou seja, a
disciplina da matéria pelos Estados. Cumpre, a partir
desse predicado do Estado Democrático de Direito, a
segurança, definir a aplicação da lei local no tempo. Cabe
ao Supremo estabelecer se a lei tem contornos
simplesmente instrumentais ou mistos, estando ligada ao
direito substancial do credor.
No caso, este logrou situação jurídica constituída
antes do advento da lei distrital, a reduzir, de quarenta
salários mínimos para dez, o teto para quitação dos
débitos de pequeno valor independentemente de
precatório. Passou a contar, em patrimônio, com o direito
de ver o débito satisfeito sem vinculação ao sistema de
precatórios. Esse enfoque revela a lei nova, a um só
tempo, como material e processual, norteando a última
óptica a execução. A não concluir assim, ter-se-á de
desconhecer a definição da execução no tempo, ou seja, a
partir do momento em que, no processo de

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conhecimento, o título executivo judicial alcançou a


preclusão maior. Haverá a retroatividade da lei nova,
ferindo-se de morte a medula do devido processo legal”.

Por ocasião do julgamento do paradigma, tive a


oportunidade de me manifestar nos seguintes termos:

“O que se coloca em discussão nesta assentada, em


linhas gerais, é a possibilidade de aplicação de lei
instituída em momento posterior à execução já em curso,
tendo por objeto sentença transitada em julgado; ou seja,
trata-se da aplicação da questão do direito intertemporal
cuja regra esteia-se no brocardo tempus regit actum.
Assim, respeitado o direito adquirido, o ato jurídico
perfeito e a coisa julgada, a “lei processual nova, embora
se aplique aos processos pendentes, não pode atingir atos
processuais praticados na vigência da lei revogada (…).”
(MISAEL MONTENEGRO FILHO. Direito Processual
Civil. 14ª ed. São Paulo: Atlas, 2019).
[…]
O Distrito Federal, então, editou, inicialmente, a Lei
3.178/2002, estatuindo o limite de 40 (quarenta) salários-
mínimos como valor global da execução a ser pago por
meio da expedição de requisição de pequeno valor, a
denominada RPV.
Após, adveio a Lei 3.624/2005, reduzindo o teto de 40
(quarenta) para 10 (dez) salários-mínimos. A norma se
aplica a partir de 18/7/2005 a todos os processos em curso
na jurisdição do Distrito Federal, tendo em vista tratar-se
de norma cuja natureza é de teor processual, segundo a
farta jurisprudência desta CORTE sobre a matéria (RE
374.069-AgR, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, DJe de
15/3/2012; RE 369.669, Rel. Min. MENEZES DE DIREITO,
DJe de 14/11/2008; RE 280.236-AgR, Rel. Min. CELSO DE
MELLO, DJ de 2/2/2007; RE 308.163-AgR, Rel. Min.
NELSON JOBIM, DJ de 23/8/2002; RE 280.239-AgR, DJ de

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15/2/2002 e RE 293.231, DJ de 1º/6/2001, ambos de relatoria


do i. Min. MAURÍCIO CORRÊA).
Não se pode ignorar, todavia, a inviabilidade
constitucional de retroatividade normativa para alcançar
situações jurídicas estabelecidas sob a égide de normas
pretéritas à lei em tela, pois, apesar da aludida natureza
processual, há reflexos de ordem material nos direitos
das partes litigantes que devem ser tutelados.
Efetivamente, caso a retroatividade atinja seu grau
máximo, a violação à coisa julgada, à segurança jurídica e
à boa-fé é evidente, uma vez que, para tanto, “seria mister
que a Constituição o determinasse expressamente.” (RE
168.618, Rel. Min. MOREIRA ALVES, DJ de 9/6/1995).
[…]
Na hipótese presente, o Tribunal recorrido aplicou
a lei distrital de modo retroativo. Isso porque a norma
foi editada em 18/7/2005, e o trânsito em julgado da
sentença condenatória ocorreu em 21/2/2005. Logo, ainda
que a execução tenha sido deflagrada em 1º/12/2009 (e-
STJ, fl. 164), não se admite a incidência da lei
superveniente quanto a situações jurídicas consolidadas
sob o pálio do trânsito em julgado do título executivo”.

No Recurso Extraordinário ora em análise (RE 1.361.600),


o acórdão recorrido afastou a aplicação da Lei Distrital
6.618/2020 (de iniciativa do Poder Legislativo), que aumentou o
limite para expedição do RPV de 10 para 20 salários mínimos,
ao fundamento de que a norma está eivada de
inconstitucionalidade formal, por vício de iniciativa, uma vez
que compete ao Poder Executivo dispor sobre matéria
orçamentária.
Assim, não obstante a Presidência do TJDFT tenha
discordado da Presidência desta SUPREMA CORTE quanto à
incidência ao caso da tese fixada no Tema 792 da repercussão
geral, entendo que o precedente paradigma se amolda à
hipótese dos autos. Isso porque, embora o Tema 792 da

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repercussão geral possa trazer alguma limitação à recorrente


quanto aos valores a serem recebidos mediante a expedição de
RPV, a aplicação da lei no tempo deve obedecer ao brocardo
tempus regit actum, pois conforme me manifestei no julgamento
do precedente paradigma, “caso a retroatividade atinja seu grau
máximo, a violação à coisa julgada, à segurança jurídica e à boa-
fé é evidente”.
Dessa forma, ainda que a execução tenha sido deflagrada
na vigência da Lei Distrital 6.618/2020, não se admite a
incidência da lei superveniente quanto a situações jurídicas
consolidadas sob a égide da lei anterior. Logo, deve ser aplicada
a lei vigente ao tempo da constituição do título (trânsito em
julgado da ação), qual seja, a Lei Distrital 3.624, de 18 de julho
de 2005, que em sua redação original dispõem que:

“Art. 1º Para os efeitos do disposto no § 3º, do art.


100, da Constituição Federal, serão consideradas de
pequeno valor as obrigações a serem pagas pelo Distrito
Federal e por suas entidades de administração indireta,
decorrentes de condenação judicial da qual não penda
recurso ou defesa, cujo valor não supere dez salários
mínimos, por autor”.

Ora, a solução a que se chegou esta SUPREMA CORTE no


julgamento do Tema 792 deve ser aplicada indistintamente às
partes, sob pena de violação à coisa julgada, à segurança
jurídica, bem como ao princípio da isonomia.

No mesmo sentido, veja-se recentíssima decisão proferida


na Rcl 51036, de relatoria do Min. DIAS TOFFOLI, DJe de
22/3/2022:
“Na origem, trata-se de agravo de instrumento
interposto contra decisão proferida em cumprimento de
sentença requerido por Ylaene Nilda Gonçalves, ora
reclamante, que teria declarado a inconstitucionalidade da
Lei Distrital nº 6.618/2020 e indeferido o pedido de

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aplicabilidade da norma para fins de expedição de


Requisição de Pequeno Valor – RPV dos valores que não
ultrapassam o limite de 20 (vinte) salários mínimos na
espécie.
O referido agravo de instrumento restou desprovido
e, após sucessivos recursos, a reclamante interpôs recurso
extraordinário, ao qual o TJDFT negou seguimento em
virtude do julgamento do tema 792 de repercussão geral.
O ato reclamado, proferido em sede de agravo interno,
encontra-se assim fundamentado:

“No caso concreto, o tema controvertido que


ensejou a aplicação do regime da repercussão geral
diz respeito à possibilidade de aplicação da Lei
distrital 3.624/2005, que reduziu para 10 salários
mínimos o teto para expedição de requisição de
pequeno valor, às execuções em curso. (RE 729.107 –
Tema 792). A ementa do representativo é a seguinte:
(...)
O acórdão recorrido, por sua vez, fez constar que (ID
22315523):

Contudo, recentemente, o Supremo Tribunal


Federal, no julgamento do Recurso Extraordinário
729.107/DF (Tema 792), firmou a tese de que a lei
disciplinadora da submissão de crédito ao sistema de
execução via precatório possui natureza material e
processual, sendo inaplicável a situação jurídica
constituída em data que a anteceda (ATA Nº 17, de
08/06/2020. DJE nº 150, divulgado em 16/06/2020). Na
oportunidade, discutia-se a aplicação da Lei Distrital
nº 3.178/2002, que estabelecia o limite de 40
(quarenta) salários-mínimos como valor global da
execução a ser paga por meio da expedição de
requisição de pequeno valor – RPV, ou da Lei
Distrital 3.624/2005, que o reduziu para 10 (dez)

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salários-mínimos. Restou destacado no julgamento


que a irretroatividade da lei é a base da segurança
jurídica, que não se pode afetar situação jurídica já
consolidada no tempo, conferindo-lhes verdadeira
aplicação retroativa, em detrimento do direito
adquirido, do ato jurídico perfeito e da coisa julgada,
com evidente ofensa ao postulado da segurança
jurídica ( RE 729107 / DF). A Lei Distrital nº
6.618/2020 alterou dispositivo da Lei nº 3.62/2005
para definir o teto da obrigação de pequeno valor no
âmbito do Distrito Federal para 20 (vinte) salários
mínimos e restou publicada no DODF nº 114 de
19/06/2020, entrando em vigência na data de sua
publicação (art. 2º). O título judicial ora executado
transitou em julgado em 8/5/2015 (cumprimento de
sentença da ação coletiva nº 39.376/94 (ID 59181187,
autos de origem). Desta feita, em que pese a tese de
que a lei em questão teria aplicação imediata, por ter
natureza processual, seus efeitos não podem atingir a
coisa julgada, o ato jurídico perfeito e o direito
adquirido. Assim, contatando-se que o título
executado e o início do cumprimento individual da
sentença (25/03/2020) ocorreram na vigência da Lei
3.624/2005, antes da alteração normativa pretendida,
percebe-se que a situação jurídica no caso em análise
já se encontra constituída, não podendo ser aplicado
o novo limite legal, em face à segurança jurídica e da
irretroatividade de lei.

(...)
Ora, se a lei não pode retroagir para baixar o
teto do pagamento de RPV, tampouco pode para
aumentá-lo, não se admitindo, assim, a incidência de
lei superveniente quanto a situações jurídicas já
consolidadas sob o manto do trânsito em julgado do
título executivo, em razão de seu caráter material e

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processual.
Dessa forma, tendo o título executivo sido
constituído em 25/03/2020, data de sua distribuição, e
sob a égide, portanto, da Lei 3.624/2005, não pode a
Lei 6.618/20, publicada em data posterior à
constituição do crédito, em face da segurança
jurídica e de sua irretroatividade, ser aplicada ao
caso concreto” (e-Doc. 3, p. 185-186).

Com efeito, tenho que o posicionamento adotado


pelo TJDFT vai ao encontro do entendimento firmado por
este Supremo Tribunal Federal no Tema 792 de RG, no
qual se fixou a seguinte tese:
“Lei disciplinadora da submissão de crédito ao
sistema de execução via precatório possui natureza
material e processual, sendo inaplicável a situação
jurídica constituída em data que a anteceda”.

Assim, restou afastada na jurisprudência desta Corte


a viabilidade de aplicar-se os tetos menores de RPV às
execuções em curso. Por pertinente, cito trecho do voto
proferido pelo Min. Marco Aurélio, relator do julgado:
[…]
Com efeito, é certo que no julgamento da
controvérsia, esta Suprema Corte privilegiou o respeito à
coisa julgada, à segurança jurídica e ao devido processo
legal.
Ademais, inexistem distinções, no julgado, quanto ao
fato de a lei diminuir ou aumentar o teto de pagamento do
RPV.
No presente caso, portanto, tendo a Lei Distrital nº
6.618/20 entrado em vigor em junho de 2020, não pode
retroagir para alcançar o cumprimento de sentença
iniciado em 25/3/20, ainda que seja mais favorável a ora
reclamante, razão pela qual não há falar que a decisão do
Tribunal de Justiça do Distrito Federal esteja em desacordo

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com o entendimento do STF.


[…]
Ante o exposto, nego seguimento à reclamação (art.
21, § 1º, do RISTF).”

Vejam-se, ainda, as decisões proferidas no RE 953.181 (Rel.


Min. CÁRMEN LÚCIA, DJe de 17/8/2016), e RE 860.902 AgR-
AgR (Rel. Min. MARCO AURÉLIO, Primeira Turma, DJe de
2/9/2015), em que se discutiam a constitucionalidade da Lei
Distrital 5.475/2015 que, em seu artigo 2º, restabeleceu
(aumentou) o teto de pagamento por meio de RPV de 10 (dez)
para 40 (quarenta) salários mínimos. Na hipótese, semelhante
ao que aconteceu com a Lei Distrital 6.618/2020, o TJDFT
também declarou a inconstitucionalidade da Lei Distrital
5.475/2015 por vício de iniciativa, ao argumento de que tratando
de lei orçamentária, a competência é privativa do Chefe do
Poder Executivo.
Em suas decisões, os ilustres Ministros MARCO
AURÉLIO e CÁRMEN LÚCIA determinaram o retorno dos
autos à origem para que se aguardasse o julgamento do Tema
792 da repercussão geral, por entenderem que a solução dada
por esta SUPREMA CORTE no referido paradigma (que tinha
por objeto a aplicabilidade da Lei Distrital 3.624/2005, que
reduziu de 40 para 10 salários mínimos o teto para expedição
de requisição de pequeno valor às execuções em curso) deveria
ser aplicado no julgamento de processos que versassem sobre a
constitucionalidade da Lei Distrital 5.475/2015 que, em seu
artigo 2º, aumentou o teto de pagamento por meio de RPV de
10 (dez) para 40 (quarenta) salários mínimos.

Assim, embora por fundamento diverso, a solução dada


pelo acórdão recorrido deve ser mantida.

Diante do exposto, com base no art. 21, § 1º, do Regimento


Interno do Supremo Tribunal Federal, NEGO SEGUIMENTO
AO RECURSO EXTRAORDINÁRIO.

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Ficam AMBAS AS PARTES advertidas de que:


- a interposição de recursos manifestamente inadmissíveis
ou improcedentes, ou meramente protelatórios, acarretará a
imposição das sanções cabíveis;
- decorridos 15 (quinze) dias úteis da intimação de cada
parte sem a apresentação de recursos, será certificado o trânsito
em julgado e dada baixa dos autos ao Juízo de origem.

Publique-se.”

Não há reparo a fazer no entendimento aplicado, pois o agravo


interno não apresentou qualquer argumento apto a desconstituir o óbice
apontado.

A rigor, a presente impugnação mostra-se manifestamente


improcedente: sua fundamentação limita-se ao mínimo para se credenciar
ao conhecimento e não revela qualquer esforço real e efetivo em reverter
o ato atacado.

Diante do exposto, nego provimento ao Agravo Interno. Na forma


do art. 1.021, §§ 4º e 5º, do Código de Processo Civil de 2015, em caso de
votação unânime, condeno o agravante a pagar ao agravado multa de um
por cento do valor atualizado da causa, cujo depósito prévio passa a ser
condição para a interposição de qualquer outro recurso (à exceção da
Fazenda Pública e do beneficiário de gratuidade da justiça, que farão o
pagamento ao final).

É o voto.

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Extrato de Ata - 16/05/2022

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PRIMEIRA TURMA
EXTRATO DE ATA

AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 1.361.600


PROCED. : DISTRITO FEDERAL
RELATOR : MIN. ALEXANDRE DE MORAES
AGTE.(S) : TEREZINHA JORGE RAMOS
ADV.(A/S) : MARCONI MEDEIROS MARQUES DE OLIVEIRA (23360/DF,
4846/RN)
ADV.(A/S) : ISABELLE DO AMARAL SANTOS (65936/DF)
AGDO.(A/S) : DISTRITO FEDERAL
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO DISTRITO FEDERAL

Decisão: A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo


interno e, na forma do art. 1.021, §§ 4º e 5º, do Código de
Processo Civil de 2015, condenou a parte agravante a pagar à parte
agravada multa de um por cento do valor atualizado da causa, cujo
depósito prévio passa a ser condição para a interposição de
qualquer outro recurso (à exceção da Fazenda Pública e do
beneficiário de gratuidade da justiça, que farão o pagamento ao
final), nos termos do voto do Relator. Primeira Turma, Sessão
Virtual de 6.5.2022 a 13.5.2022.

Composição: Ministros Dias Toffoli (Presidente), Cármen Lúcia,


Rosa Weber, Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes.

Disponibilizou processos para esta Sessão o Ministro André


Mendonça, não tendo participado do julgamento desses feitos a
Ministra Cármen Lúcia.

Luiz Gustavo Silva Almeida


Secretário da Primeira Turma

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