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Supremo Tribunal Federal

Ementa e Acórdão

Inteiro Teor do Acórdão - Página 1 de 36

21/03/2022 PLENÁRIO

RECURSO EXTRAORDINÁRIO 1.049.811 SERGIPE

RELATOR : MIN. MARCO AURÉLIO


REDATOR DO : MIN. ALEXANDRE DE MORAES
ACÓRDÃO
RECTE.(S) : HT COMERCIO DE MADEIRAS E FERRAGENS LTDA
ADV.(A/S) : JOSE CARLOS BRAGA MONTEIRO
ADV.(A/S) : FERNANDA SANTANA MOISES
RECDO.(A/S) : UNIÃO
ADV.(A/S) : PROCURADOR-GERAL DA FAZENDA NACIONAL
INTDO.(A/S) : SINDRIO - SINDICATO DE HOTÉIS BARES E
RESTAURANTES
ADV.(A/S) : FELIPE SARKIS FRANK DO VALE
INTDO.(A/S) : IDV - INSTITUTO PARA DESENVOLVIMENTO DO
VAREJO
ADV.(A/S) : ARIANE COSTA GUIMARAES

Ementa : RECURSO EXTRAORDINÁRIO. TRIBUTÁRIO. TEMA


1024 DA REPERCUSSÃO GERAL. INCLUSÃO DOS VALORES RETIDOS
PELAS ADMINISTRADORAS DE CARTÕES NA BASE DE CÁLCULO
DAS CONTRIBUIÇÕES AO PIS E DA COFINS DEVIDAS POR
EMPRESA QUE RECEBE PAGAMENTOS POR MEIO DE CARTÕES DE
CRÉDITO E DÉBITO. CONSTITUCIONALIDADE.
1. No julgamento dos Recursos Extraordinários 357950, 390840,
358273 e 346084, o Plenário desta SUPREMA CORTE declarou a
inconstitucionalidade do artigo 3º, §1º, da Lei nº 9.718/1998, visto que
instituiu nova base de cálculo para a incidência do PIS e da COFINS
antes da autorização implementada pela Emenda Constitucional
20/1998. Após a EC 20/1998, a “receita” da empresa é base válida das
contribuições do inc. I do art. 195.
2. A controvérsia colocada neste precedente com repercussão geral
reconhecida consiste em saber se o valor total recebido por empresa,
mediante venda paga com cartão de crédito e débito, constitui base de
cálculo das contribuições ao PIS/COFINS, embora uma parte desse

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montante seja repassado à administradora de cartão de crédito.


3. A recorrente sustenta que o fato de a administradora repassar à
empresa vendedora o valor resultante das vendas, descontando do
montante repassado o quantum a que faz jus a título de taxa de
administração, retira dessa específica parcela a natureza de receita.
4. Entretanto, o resultado das vendas e/ou prestação de serviços da
empresa (que constituem a sua receita) não se modifica, a depender do
destino que se dá ao seu resultado financeiro - como é o caso da taxa de
administração em foco.
5. Recurso Extraordinário a que se nega provimento. Tese de
julgamento: “É constitucional a inclusão dos valores retidos pelas
administradoras de cartões na base de cálculo das contribuições ao PIS e
da COFINS devidas por empresa que recebe pagamentos por meio de
cartões de crédito e débito” .

AC ÓRDÃ O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, os Ministros do Supremo


Tribunal Federal, em Sessão Virtual do Plenário, sob a Presidência do
Senhor Ministro LUIZ FUX, em conformidade com a certidão de
julgamento, por maioria, apreciando o tema 1.024 da repercussão geral,
acordam em negar provimento ao recurso extraordinário, nos termos dos
votos proferidos, vencidos os Ministros MARCO AURÉLIO (Relator),
RICARDO LEWANDOWSKI, CÁRMEN LÚCIA e ROSA WEBER, que
conheciam do recurso e davam-lhe provimento. Falou, pela recorrida, o
Dr. Paulo Mendes, Procurador da Fazenda Nacional. Não participou
deste julgamento, por motivo de licença médica, o Ministro CELSO DE
MELLO. Posteriormente, fixou-se a seguinte tese: “É constitucional a
inclusão dos valores retidos pelas administradoras de cartões na base de
cálculo das contribuições ao PIS e da COFINS devidas por empresa que
recebe pagamentos por meio de cartões de crédito e débito”, nos termos
do voto do Ministro ALEXANDRE DE MORAES, Redator para o acórdão,

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vencidos os Ministros MARCO AURÉLIO (Relator), CÁRMEN LÚCIA e


ROSA WEBER. Não votou o Ministro ANDRÉ MENDONÇA, sucessor do
Ministro MARCO AURÉLIO.

Brasília, 21 de março de 2022.

Ministro ALEXANDRE DE MORAES


Relator

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RECURSO EXTRAORDINÁRIO 1.049.811 SERGIPE

RELATOR : MIN. MARCO AURÉLIO


RECTE.(S) : HT COMERCIO DE MADEIRAS E FERRAGENS LTDA
ADV.(A/S) : JOSE CARLOS BRAGA MONTEIRO
ADV.(A/S) : FERNANDA SANTANA MOISES
RECDO.(A/S) : UNIÃO
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DA FAZENDA NACIONAL
INTDO.(A/S) : SINDICATO DE RESTAURANTES, BARES E DEMAIS
MEIOS DE ALIMENTACAO DO MUNICIPIO DO RIO
DE JANEIRO - SINDRIO
ADV.(A/S) : FELIPE SARKIS FRANK DO VALE
INTDO.(A/S) : IDV - INSTITUTO PARA DESENVOLVIMENTO DO
VAREJO
ADV.(A/S) : ARIANE COSTA GUIMARAES

RE LAT Ó RI O

O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO – Adoto, como relatório,


as informações prestadas pelo assessor Tiago do Vale:

HT Comércio de Madeiras e Ferragens Ltda. interpôs


recurso extraordinário contra acórdão mediante o qual a
Segunda Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região,
mantendo decisão por meio da qual indeferida, na origem,
segurança, assentou não serem dedutíveis da base de cálculo
das contribuições ao Programa de Integração Social – PIS e da
Contribuição para Financiamento da Seguridade Social –
Cofins, os valores descontados das vendas realizadas,
repassados às administradoras de cartões de crédito ou débito a
título de comissão, ausente previsão legal nesse sentido.
Ressaltou a impossibilidade de o Judiciário atuar no campo do
legislador positivo, criando abatimento não versado nas Leis nº
10.637/2002 e 10.833/2003. Asseverou desimportante, sob a
óptica contábil e jurídica, o destino conferido pela empresa ao
resultado das vendas ou dos serviços. Eis a síntese do
pronunciamento:

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TRIBUTÁRIO. PIS E COFINS. BASE DE CÁLCULO.


EXCLUSÃO. VALORES DESCONTADOS PELAS
ADMINISTRADORAS DE CARTÃO DE
CRÉDITO/DÉBITO NAS VENDAS EFETUADAS
MEDIANTE CARTÃO. IMPOSSIBILIDADE.
INEXISTÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. LEGISLADOR
POSITIVO. SENTENÇA MANTIDA.
1. Em se tratando de legislação tributária, a
interpretação de normas atinentes a suspensão ou
exclusão de crédito tributário, outorga de isenção ou
dispensa do cumprimento de obrigações tributárias
acessórias, deve ser literal.
2. A empresa apelante pretende excluir da base de
cálculo das exações em comento (PIS e COFINS) receitas
que ingressam, ainda que temporariamente, em seu
patrimônio, pelo simples fato de serem posteriormente
repassadas a terceiros (Administradoras de Cartão de
Crédito/Débito).
3. Tal operação não encontra qualquer respaldo em
nosso ordenamento jurídico, até porque as Leis nº
10.637/2002 e 10.833/2003 não autorizam a exclusão da
base de cálculo do PIS e da COFINS dos valores que as
administradoras de cartão de crédito descontam das
vendas realizadas por meio de cartão de crédito e/ou
débito, inexistindo tampouco norma autorizadora de tal
dedução.
4. Se assim é, não cabe ao Poder Judiciário, que não
dispõe de função legislativa, desempenhar atribuição que
lhe é institucionalmente estranha (a de legislador
positivo), usurpando, desse modo, no contexto de um
sistema de poderes essencialmente limitados, competência
que não lhe pertence, com evidente transgressão ao
princípio constitucional da separação de poderes.
5. Apelação improvida.

No extraordinário, formalizado com fundamento na alínea

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“a” do inciso III do artigo 102 da Constituição Federal, a


recorrente aponta violados os artigos 195, inciso I, alínea “b”, e
146 da Lei Maior. Alude à previsão constitucional de incidência
de PIS e Cofins sobre os valores efetivamente repassados à
empresa contribuinte – faturamento real –, não abrangidas as
porcentagens pagas, como despesas, às administradoras de
cartões de crédito e débito. Evocando precedentes, sustenta que,
para fins de incidência das mencionadas contribuições, há
identidade entre os conceitos de faturamento e receita bruta.
Assevera a distorção da definição, pela Administração
Tributária, no que tomado o faturamento como sinônimo de
receita global, incluídos valores transferidos às empresas de
cartões considerada a base de cálculo do PIS e da Cofins.
Acentua inadequado o alargamento da base de incidência das
contribuições, versado nas Leis Complementares nº 7/1970 e
70/1991, mediante alteração via legislação ordinária. Realçando
entendimento doutrinário, frisa que as empresas
administradoras de cartões são as devedoras das citadas
contribuições sobre as parcelas recebidas, sob pena de
imposição, a duas pessoas jurídicas distintas, da mesma
obrigação tributária, observada idêntica quantia paga a título de
utilização de cartões de crédito e débito.

Em sede de repercussão geral, salienta ultrapassar o tema


o interesse subjetivo das partes, mostrando-se relevante dos
pontos de vista econômico, político, social e jurídico.

A União, em contrarrazões, afirma que o valor da taxa de


administração dos cartões está inserido no preço de operação
comercial, caracterizando incremento na receita da pessoa
jurídica, devendo integrar a base de cálculo do PIS e da Cofins.
Esclarece comporem o faturamento, no tocante à incidência das
contribuições, os repasses em razão da venda de mercadorias
ou da prestação de serviços. Argumenta constituir o preço a
soma de vários custos transferidos ao consumidor ante o valor
final praticado, inclusive a remuneração cobrada pelas

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administradoras de cartões, tida como despesa operacional.


Sublinhando o disposto no § 2º do artigo 3º da Lei nº 9.718/1998,
enfatiza a ausência de previsão. Alfim, salientando não versar a
controvérsia a ampliação da base de cálculo das contribuições,
diz da falta de similitude fática com a declaração da
inconstitucionalidade do § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/1998.

O extraordinário foi admitido na origem.

O Supremo, em 2 de fevereiro de 2019, reconheceu a


repercussão maior da questão constitucional. Eis a ementa do
pronunciamento:

PIS – COFINS – BASE DE CÁLCULO – COMÉRCIO


– VENDAS – CARTÕES DE CRÉDITO E DÉBITO –
ADMINISTRADORA – VALOR RETIDO – RECEITA OU
FATURAMENTO – INCLUSÃO ADMITIDA NA ORIGEM
– RECURSO EXTRAORDINÁRIO – REPERCUSSÃO
GERAL CONFIGURADA. Possui repercussão geral
controvérsia alusiva à inclusão dos valores retidos por
administradoras de cartões na base de cálculo das
contribuições ao Programa de Integração Social – PIS e da
Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social –
COFINS, devidas por empresa.

Em 19 seguinte, foi aberta vista à Procuradoria-Geral da


República. Não houve, até esta data, manifestação quanto ao
mérito.

Foram admitidos, como terceiros interessados, Sindicato


de Restaurantes, Bares e Demais Meios de Alimentação do
Município do Rio de Janeiro – SINDRIO e Instituto de
Desenvolvimento do Varejo – IDV.

Em 16 de março de 2020, o processo foi liberado para inserção na


pauta de julgamentos do Plenário. Sobreveio parecer da Procuradoria-

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Relatório

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Geral da República. Adito o relatório, para dele constarem as seguintes


informações, apresentadas pelo assessor Tiago do Vale:

Em 30 de abril último, a Procuradoria-Geral da República


opinou pelo desprovimento do recurso, propondo a seguinte
tese:

“A taxa de administração retida pelas empresas de


cartões de crédito e débito submete-se a tributação pelas
Contribuições ao PIS e à COFINS, por integrar o conceito
legal de faturamento resultante desse meio de pagamento,
sendo este a base de cálculo das referidas exações.”

É o relatório.

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Voto - MIN. MARCO AURÉLIO

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VOTO

O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO (RELATOR):

PIS – COFINS – BASE DE CÁLCULO – VENDAS –


CARTÕES DE CRÉDITO E DÉBITO – ADMINISTRADORA –
VALOR RETIDO – RECEITA OU FATURAMENTO –
IMPROPRIEDADE. Valores retidos por administradoras de
cartões de crédito e débito, a título de comissão, não compõem
a base de incidência das contribuições ao Programa de
Integração Social – PIS e da Contribuição para o Financiamento
da Seguridade Social – Cofins, devidas por empresa.

Atendeu-se aos pressupostos de recorribilidade. A peça, subscrita


por advogado regularmente credenciado, foi protocolada no prazo
assinado em lei.
A controvérsia sobre a materialidade tributável a título de PIS e
Cofins não é nova no Tribunal.
No julgamento do recurso extraordinário nº 346.084/PR, Pleno,
acórdão por mim redigido e publicado no Diário da Justiça de 1º de
setembro de 2006, ao analisar a incidência de contribuição social sobre a
totalidade das receitas auferidas por pessoa jurídica, independentemente
da atividade desenvolvida e da classificação contábil adotada,
considerada a previsão do artigo 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/1998, concluiu-se
pela incompatibilidade do dispositivo com a Lei Maior, no que criada
fonte de custeio da seguridade social diversa daquela versada no artigo
195, inciso I, da Carta da República, com redação anterior à Emenda
Constitucional nº 20/1998. Na oportunidade, assim me manifestei:

O passo mostrou-se demasiadamente largo, olvidando-se,


por completo, não só a Lei Fundamental como também a
interpretação desta já proclamada pelo Supremo Tribunal
Federal. Fez-se incluir no conceito de receita bruta todo e

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Voto - MIN. MARCO AURÉLIO

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qualquer aporte contabilizado pela empresa, pouco importando


a origem, em si, e a classificação que deva ser levada sob o
ângulo contábil.

O preceito foi declarado inconstitucional, afastada a tributação em


relação ao que sobejasse o faturamento, correspondente à receita bruta
decorrente de venda de mercadorias, serviços ou mercadorias e serviços,
observada a jurisprudência – ação declaratória de constitucionalidade nº
1, relator ministro Moreira Alves, Pleno, com acórdão publicado no
Diário da Justiça de 16 de junho de 1995.
O que fez o legislador constituinte derivado? Em diálogo
institucional com o Supremo, alterou o comando normativo, ampliando o
alcance da tributação:

Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a


sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei,
mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes
contribuições sociais:

I - do empregador, da empresa e da entidade a ela


equiparada na forma da lei, incidentes sobre:

[...]

b) a receita ou o faturamento;
[...]

No exame do extraordinário de nº 240.785, de minha relatoria, com


acórdão veiculado no Diário da Justiça de 16 de dezembro de 2014, o
Colegiado Maior debateu a inclusão do Imposto sobre Circulação de
Mercadorias e Serviços – ICMS na base de incidência da Cofins. Por
entender inadequada a exigência relativamente a valor que não integrasse
o patrimônio do alienante, fiz ver:

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“Olvidar os parâmetros próprios ao instituto, que é o


faturamento, implica manipulação geradora de insegurança e,
mais do que isso, a duplicidade de ônus fiscal a um só título, a
cobrança da contribuição sem ingresso efetivo de qualquer
valor, a cobrança considerado, isso sim, um desembolso.”

Reiterei a óptica quando da análise do recurso extraordinário nº


574.706, Pleno, relatora ministra Cármen Lúcia, revelador do Tema nº 69
da repercussão geral, com acórdão publicado no Diário da Justiça de 2 de
outubro de 2017.
Atentem para a sistemática das vendas por meio de cartão de crédito
ou débito. O comerciante cede à administradora o direito de cobrar do
cliente o montante bruto da operação. Efetuada a transação, o repasse ao
vendedor sofre o desconto da comissão alusiva ao uso da máquina,
mediante a qual realizado o negócio.
O quadro sinaliza a impossibilidade de ter-se a inclusão, na base
imponível da PIS e da Cofins, do valor controvertido, ausente a efetiva
disponibilidade dos recursos.
Se não há o aporte, ao patrimônio da empresa, da quantia, surge
descabida a imposição tributária.
Impróprio é elastecer, por meio de ficção jurídica, o alcance da
contribuição para fazer incluir, na regra-matriz da incidência, montante
destinado a terceiro.
Advertiu o ministro Luiz Gallotti, no voto proferido, em Sessão
Plenária, por ocasião do julgamento do extraordinário de nº 71.758: “Se a
lei pudesse chamar de compra e venda o que não é compra, de
exportação o que não é exportação, de renda o que não é renda, ruiria
todo o sistema tributário inscrito na Constituição”.
Raciocínio diverso implica contrariedade ao princípio da capacidade
contributiva, no que a tributação extrapola a medida do fato gerador,
observado âmbito patrimonial alheio ao do contribuinte.
O preceito deve ter alcance definido a partir da esfera de direitos de
titularidade do sujeito passivo da obrigação tributária: apenas há
potencialidade para contribuir quando a grandeza prevista na norma

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envolve conteúdo econômico real.


O simples registro contábil da entrada da importância não a
transforma em receita.
A respeito, Ives Gandra Martins leciona: “O mero ingresso de
valores na contabilidade de uma empresa não é fator que demonstre a
existência de capacidade contributiva – limite imposto à instituição de
tributos, inclusive de contribuições sociais, que têm como fato gerador
elemento denotador dessa capacidade, como é o conceito de ‘receita’.”1
A incidência do tributo sobre valores correspondentes à comissão
revela dupla tributação considerado idêntico fato presuntivo de riqueza,
no que os recursos são levados em conta, também, na apuração de receita
ou faturamento da administradora, para fins de incidência de PIS e
Cofins.
Conheço do recurso extraordinário e o provejo para, reformando o
acórdão impugnado, excluir, da base de cálculo das contribuições ao
Programa de Integração Social – PIS e para o Financiamento da
Seguridade Social – Cofins, devidas por empresa, valores retidos, a título
de comissão, pelas administradoras de cartões.
Vencedor o enfoque, eis a tese: “Valores retidos por administradora
de cartão de crédito ou débito, a título de comissão, não compõem a base
de incidência das contribuições ao Programa de Integração Social – PIS e
para o Financiamento da Seguridade Social – Cofins, devidas por
empresa.”

1 MARTINS, Ives Gandra da Silva. PIS e Cofins – não incidência sobre o reembolso,
feito pela Eletrobrás com recursos da CDE (Lei nº 10.438/2002 e Decreto n. 4.541/2002) às
usinas termelétricas, do custo do carvão mineral nacional utilizado como combustível – sua
não inclusão no conceito de receita, base de cálculo das contribuições objeto do art. 195, I, B,
da CF devidas pela usina. RDDT 122/132, nov. 2005.

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Voto Vogal

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REDATOR DO : MIN. ALEXANDRE DE MORAES
ACÓRDÃO
RECTE.(S) : HT COMERCIO DE MADEIRAS E FERRAGENS LTDA
ADV.(A/S) : JOSE CARLOS BRAGA MONTEIRO
ADV.(A/S) : FERNANDA SANTANA MOISES
RECDO.(A/S) : UNIÃO
ADV.(A/S) : PROCURADOR-GERAL DA FAZENDA NACIONAL
INTDO.(A/S) : SINDRIO - SINDICATO DE HOTÉIS BARES E
RESTAURANTES
ADV.(A/S) : FELIPE SARKIS FRANK DO VALE
INTDO.(A/S) : IDV - INSTITUTO PARA DESENVOLVIMENTO DO
VAREJO
ADV.(A/S) : ARIANE COSTA GUIMARAES

VOTO

O Senhor Ministro Alexandre de Moraes: Trata-se de Recurso


Extraordinário interposto em face de acórdão proferido pelo Tribunal
Regional Federal da 5ª Região, em que se discute o Tema 1024 da
sistemática da repercussão geral:

Inclusão dos valores retidos pelas administradoras de cartões na


base de cálculo das contribuições ao PIS e da COFINS devidas por
empresa que recebe pagamentos por meio de cartões de crédito e débito.

Cuida-se, na origem, de acórdão do TRF-5 que, confirmando


sentença de primeiro grau, denegou o Mandado de Segurança impetrado
pela HT COMERCIO DE MADEIRAS E FERRAGENS LTDA, nos termos
da seguinte ementa (Vol. 3, fl. 214):

“TRIBUTÁRIO. PIS E COFINS. BASE DE CÁLCULO.


EXCLUSÃO. VALORES DESCONTADOS PELAS

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Supremo Tribunal Federal
Voto Vogal

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ADMINISTRADORAS DE CARTÃO DE CRÉDITO/DÉBITO


NAS VENDAS EFETUADAS MEDIANTE CARTÃO.
IMPOSSIBILIDADE. INEXISTÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL.
LEGISLADOR POSITIVO. SENTENÇA MANTIDA.
1. Em se tratando de legislação tributária, a interpretação
de normas atinentes a suspensão ou exclusão de crédito
tributário, outorga de isenção ou dispensa do cumprimento de
obrigações tributárias acessórias, deve ser literal.
2. A empresa apelante pretende excluir da base de cálculo
das exações em comento (PIS e COFINS) receitas que
ingressam, ainda que temporariamente, em seu patrimônio,
pelo simples fato de serem posteriormente repassadas a
terceiros (Administradoras de Cartão de Crédito/Débito).
3. Tal operação não encontra qualquer respaldo em nosso
ordenamento jurídico, até porque as Leis nº 10.637/2002 e
10.833/2003 não autorizam a exclusão da base de cálculo do PIS
e da COFINS dos valores que as administradoras de cartão de
crédito descontam das vendas realizadas por meio de cartão de
crédito e/ou débito, inexistindo tampouco norma autorizadora
de tal dedução.
4. Se assim é, não cabe ao Poder Judiciário, que não dispõe
de função legislativa, desempenhar atribuição que lhe é
institucionalmente estranha (a de legislador positivo),
usurpando, desse modo, no contexto de um sistema de poderes
essencialmente limitados, competência que não lhe pertence,
com evidente transgressão ao princípio constitucional da
separação de poderes.
5. Apelação improvida”.

No Recurso Extraordinário, interposto com amparo no artigo 102, III,


“a”, da Constituição Federal, a impetrante aponta violação aos artigos 146
e 195, I, “b”, da Constituição Federal.
Sustenta, em síntese, a “inconstitucionalidade da incidência do PIS e
da COFINS sobre as despesas pagas às administradoras de cartões de
crédito e débito, em decorrência da impossibilidade de ampliação das
bases de cálculo das referidas contribuições, contidas nas leis originárias

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(LC 07/70 e LC 70/91) e pelas leis posteriores”. Fundamenta, em síntese,


que o valor recolhido e posteriormente repassado às empresas
administradoras de cartão de crédito não adere seu patrimônio, de forma
que não integra o conceito de receita e faturamento para fins de
incidência das contribuições ao PIS e à COFINS.
A repercussão geral foi reconhecida nos termos da seguinte ementa:

“PIS – COFINS – BASE DE CÁLCULO – COMÉRCIO –


VENDAS – CARTÕES DE CRÉDITO E DÉBITO –
ADMINISTRADORA – VALOR RETIDO – RECEITA OU
FATURAMENTO – INCLUSÃO ADMITIDA NA ORIGEM –
RECURSO EXTRAORDINÁRIO – REPERCUSSÃO GERAL –
CONFIGURADA. Possui repercussão geral controvérsia alusiva
à inclusão dos valores retidos por administradoras de cartões
na base de cálculo das contribuições ao Programa de Integração
Social – PIS e da Contribuição para o Financiamento da
Seguridade Social – COFINS, devidas por empresa”.

A Procuradoria-Geral da República manifestou-se pelo


desprovimento do recurso.

É o relatório.

Preenchidos os pressupostos constitucionais de admissibilidade do


recurso, passo à análise do mérito.
Discute-se, a constitucionalidade da inclusão, na base de cálculo das
contribuições ao PIS e à COFINS, do valor recebido por empresa que
recebe pagamentos por meio de cartão de crédito e débito,
posteriormente repassado a empresas que administram os cartões.
O artigo 195, I, da Constituição Federal, em sua redação original,
previa o seguinte:

“Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a


sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei,

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mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos


Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes
contribuições sociais:
I - dos empregadores, incidente sobre a folha de salários, o
faturamento e o lucro;

Posteriormente, com o escopo de ampliar a base de cálculo das


contribuições ao PIS e à COFINS, foi editada a Lei 9.718/1998, passando a
prever, em seu artigo 3º, §1º, que “entende-se por receita bruta a
totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevantes o
tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para
as receitas”.
Em seguida, a Emenda Constitucional 20/1998 alterou o artigo 195,
da CF/1988, para incluir a receita na base de cálculo das contribuições.
Veja-se:
“Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a
sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei,
mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes
contribuições sociais:
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela
equiparada na forma da lei, incidentes sobre:
b) a receita ou o faturamento;

No julgamento dos Recursos Extraordinários 357950, 390840, 358273


e 346084, o Plenário desta SUPREMA CORTE declarou a
inconstitucionalidade do artigo 3º, §1º, da Lei nº 9.718/1998, visto que
instituiu nova base de cálculo para a incidência do PIS e da COFINS
antes da autorização implementada pela Emenda Constitucional
20/1988.
Dessa maneira, (I) definido o significado e a abrangência do conceito
de “receita” e (II) assentada sua validade, enquanto base das
contribuições do inc. I do art. 195, a controvérsia, agora, situa-se em saber
se o valor total recebido por empresa, mediante venda paga com cartão
de crédito e débito, constitui base de cálculo das contribuições ao

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PIS/COFINS, embora uma parte desse montante seja repassado à


administradora de cartão de crédito.
É irrepreensível a fundamentação do acórdão recorrido, a qual
transcrevo:

“(...) a construção teórica feita pela Apelante, para


justificar que a taxa de administração referente às vendas com
cartão de crédito ou de débito está configurando ampliação da
base de cálculo das reportadas exações, assenta-se em premissa
falsa. Sim, porque a tese apresentada tenta incutir a ideia de que
o fato de a administradora repassar à empresa vendedora o
valor resultante das vendas, descontando do montante
repassado o quantum a que faz jus a título de taxa de
administração, retira do valor das vendas correspondente a essa
parcela sua peculiar natureza de faturamento.
Mas não é assim que as coisas se dão no mundo
fenomênico.
Com efeito, tanto do ponto de vista contábil como sob o
prisma jurídico, o resultado das vendas e/ou prestação de
serviços da empresa (que constituem o seu faturamento) não se
desnaturam a depender do destino que a empresa dá ao seu
resultado financeiro, pagando as suas despesas, como é o caso
da taxa de administração sob controvérsia.
Ademais, em se tratando de legislação tributária, a
interpretação de normas atinentes a suspensão ou exclusão de
crédito tributário, outorga de isenção ou dispensa do
cumprimento de obrigações tributárias acessórias, deve ser
literal. Se assim é, e como inexiste norma autorizadora que
exclua da base de cálculo das exações em comento (PIS e
COFINS) os valores que as Administradoras de cartão de
crédito descontam das vendas realizadas por meio de cartão de
crédito e/ou débito (as Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003 não
autorizam tal exclusão), não cabe ao Poder Judiciário, que não
dispõe de função legislativa, desempenhar atribuição que lhe é
institucionalmente estranha (a de legislador positivo),
usurpando, desse modo, no contexto de um sistema de poderes

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essencialmente limitados, competência que não lhe pertence,


com evidente transgressão ao princípio constitucional da
separação de poderes. “

Veja-se, ainda, o parecer da Procuradoria-Geral da República:

“Os referidos valores tratam-se de custos operacionais,


utilizados pelo contribuinte para facilitar e conceber a venda
dos seus produtos e a prestação dos seus serviços, inexistindo
respaldo legal que autorize a dedução destes da base de cálculo
das contribuições sociais.
Conforme suscitado nos debates orais do julgamento do
RE 240.785/MG, a interpretação que retire os custos
operacionais do conceito legal de faturamento acaba por
esvaziar a base de cálculo da incidência fiscal, que recairá
apenas sobre o lucro.
Da leitura dos precedentes da Suprema Corte extraem-se
duas premissas: (i) “faturamento” constitui espécie do gênero
“receita bruta”, o que corresponde à totalidade do valor
auferido pela pessoa jurídica com a venda de mercadorias e
com a prestação de serviços, englobando, portanto, os custos
operacionais; e (ii) a mera alegação de que os valores em
questão são repassados a terceiro não é suficiente para afastar
custos operacionais do conceito de faturamento, observado que
a exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS e da COFINS
ocorreu por injunção constitucional.
No caso, assentada está a posição jurisprudencial da
Suprema Corte, no sentido de que a taxa cobrada pelas
empresas de cartões de crédito e débito trata-se de custo
operacional, repassado ao cliente por meio do preço cobrado
pelo produto ou pela prestação de serviço e componente dos
valores auferidos pela empresa, constituindo, dessa forma, o
faturamento do contribuinte.”

Por todo o exposto, peço vênia para, divergindo do Eminente


Relator, NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Extraordinário.

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FIXAÇÃO DA TESE

O presente Recurso Extraordinário foi julgado na Sessão Virtual do


Plenário, realizada entre 28/8/2020 e 5/9/2020.
Registradas todas as posições dos Eminentes Ministros, ficou
vencedor o voto por mim proferido, vencidos os Ilustres Ministros
Relator, Ricardo Lewandowski, Cármen Lúcia e Rosa Weber.
Não obstante, entre os componentes da corrente vencedora,
verificou-se dissensão quanto à tese de julgamento.
A tese por mim sugerida, endossada pelos Eminentes Ministros Dias
Toffoli e Gilmar Mendes, foi assim enunciada:

É constitucional a inclusão dos valores retidos pelas


administradoras de cartões na base de cálculo das contribuições ao PIS
e da COFINS devidas por empresa que recebe pagamentos por meio de
cartões de crédito e débito.

O Ilustre Ministro Edson Fachin, ao proferir seu voto divergente,


propôs a seguinte tese, a qual inclui o fundamento central de sua posição:
O valor das taxas das administradoras de cartão de débito/crédito compõe
faturamento, submetendo-se à tributação pelas contribuições ao PIS e à
COFINS, por ser integrante do conceito de receita bruta, base de cálculo das
referidas exações. S. Exa. foi acompanhado pelo Eminente Ministro Roberto
Barroso.
Nosso Presidente, Min. Luiz Fux, também uniu-se à corrente
majoritária, mas não propôs tese de julgamento em seu voto, tampouco
filiou-se expressamente às outras duas apresentadas.

Analisados todos os pressupostos expostos em ambas as teses,


proponho a confirmação da tese por mim apresentada, pois sua redação
atém-se ao tema proposto para julgamento (Inclusão dos valores retidos
pelas administradoras de cartões na base de cálculo das contribuições ao PIS e da
COFINS devidas por empresa que recebe pagamentos por meio de cartões de

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crédito e débito), refletindo a posição afinal tomada pela maioria e


apresentando-se como o denominador comum entre as manifestações
externadas pela posição vencedora, buscando a conciliação possível entre
os diferentes pontos de vista apresentados:

“É constitucional a inclusão dos valores retidos pelas


administradoras de cartões na base de cálculo das contribuições ao PIS
e da COFINS devidas por empresa que recebe pagamentos por meio de
cartões de crédito e débito”.

É como voto.

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08/09/2020 PLENÁRIO

RECURSO EXTRAORDINÁRIO 1.049.811 SERGIPE

RELATOR : MIN. MARCO AURÉLIO


REDATOR DO : MIN. ALEXANDRE DE MORAES
ACÓRDÃO
RECTE.(S) : HT COMERCIO DE MADEIRAS E FERRAGENS LTDA
ADV.(A/S) : JOSE CARLOS BRAGA MONTEIRO
ADV.(A/S) : FERNANDA SANTANA MOISES
RECDO.(A/S) : UNIÃO
ADV.(A/S) : PROCURADOR-GERAL DA FAZENDA NACIONAL
INTDO.(A/S) : SINDRIO - SINDICATO DE HOTÉIS BARES E
RESTAURANTES
ADV.(A/S) : FELIPE SARKIS FRANK DO VALE
INTDO.(A/S) : IDV - INSTITUTO PARA DESENVOLVIMENTO DO
VAREJO
ADV.(A/S) : ARIANE COSTA GUIMARAES

O SENHOR MINISTRO EDSON FACHIN: Inicialmente,


cumprimento o e. Ministro-relator Marco Aurélio, cuja atuação é digna de
louvor, de quem data venia divirjo.
Como se depreende, aqui se versa sobre recurso extraordinário, sob
sistemática da repercussão geral, interposto pela contribuinte em face de
acórdão do Tribunal Regional Federal da 5ª Região que considerou as
taxas das operadoras de cartão de crédito/débito no conceito de
faturamento, portanto, sujeitas à incidência de PIS/Cofins.
Nas razões recursais, defende-se que essas contribuições devem
incidir sobre o faturamento real da pessoa jurídica contribuinte, isto é,
sobre o ingresso definitivo de recursos financeiros em seu patrimônio, o
que exclui quantias transferidas às administradoras de cartão.
Alega-se, ainda, que, ao se exigir que estabelecimentos comerciais
sejam tributados sobre despesas pagas às operadoras, haverá duas
pessoas jurídicas distintas cumprindo a mesma obrigação tributária.
Requer-se, por fim, o reconhecimento da inconstitucionalidade da
incidência de PIS/Cofins sobre valores de titularidade das empresas

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gestoras de cartão de crédito e débito, em razão da impossibilidade de


ampliação das bases de cálculo desses tributos.
Em contrarrazões, aduz a Fazenda Nacional que o “valor da taxa de
administração do cartão de crédito e débito integra o preço da operação
comercial para qualquer efeito, e esse valor incrementa a receita da
pessoa jurídica, devendo, pois, compor a base de cálculo (faturamento) da
COFINS e do PIS, assim considerado a receita bruta das vendas de
mercadorias e serviços de qualquer natureza”.
Argumenta-se que o conceito de receita bruta não abrange apenas a
receita líquida da contribuinte, mas todos os custos que compõem o valor
da operação que gera receita, independentemente da natureza dos custos.
Sustenta-se, pois, que o recurso não merece provimento.
Após o recurso ser admitido na origem, esta Suprema Corte, por
maioria, reconheceu a existência de repercussão geral da questão
constitucional suscitada, julgamento no qual fiquei vencido.
A Procuradoria-Geral da República manifestou-se pelo
desprovimento do recurso extraordinário e propôs a seguinte tese: “A
taxa de administração retida pelas empresas de cartões de crédito e
débito submete-se a tributação pelas Contribuições ao PIS e à COFINS,
por integrar o conceito legal de faturamento resultante desse meio de
pagamento, sendo este a base de cálculo das referidas exações”.
São os breves fatos e argumentos de interesse para o presente voto.

Inicialmente, reitero entendimento antes exarado pelo caráter


infraconstitucional da discussão que, no entanto, foi ultrapassado ante a
afetação em repercussão geral da matéria a despeito da jurisprudência do
Supremo que havia se consolidado no sentido de tratar-se de tema
infraconstitucional.
Observa-se que a controvérsia posta em juízo cinge-se,
exclusivamente, em definir se o valor correspondente às comissões pagas
às administradoras de cartão de débito/crédito consistem em
faturamento, ou mesmo receita em contexto mais amplo, do contribuinte,
por sua vez base de cálculo das contribuições para o PIS e a COFINS.

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Mesmo, no mérito, constata-se a partir do exame jurisprudência


deste STF que há consolidado entendimento no sentido de que prevalece
o conceito de receita bruta/faturamento como sinônimos consistindo,
portanto, à totalidade das receitas auferidas com venda de mercadorias,
de serviços ou de mercadorias e serviços, conforme há muito me
manifestei (ARE 936107 AgR, Relator(a): Min. EDSON FACHIN, Primeira
Turma, DJe 12-04-2016).
A despeito da jurisprudência consolidada o contribuinte inova ao
trazer argumento no sentido de que um conceito de faturamento restrito
à quantia que tem ingresso nos cofres de quem procede à venda de
mercadorias ou à prestação dos serviços.
Na espécie, a categoria “faturamento” não comportaria, para o
contribuinte, os ônus contratuais assumidos perante terceiros. Assim, por
não se tratar de medida de riqueza aferida pelo contribuinte, o valor
alusivo às comissões/ taxas das operadoras não deveria compor a base de
cálculo das contribuições para a COFINS.
De início, ressalta-se salutar para o Poder Judiciário globalmente
considerado o desenvolvimento institucional de um regime de
precedentes para fins processuais e gerenciais, haja vista a estrutura
hierarquizada do sistema judicial recursal, o que em nada interfere na
independência funcional da Judicatura. Essa imperatividade levou o
legislador ordinário a inserir no Novo Código de Processo Civil de 2015 o
art. 926 que preconiza o seguinte dever aos juízos colegiados: “Os
tribunais devem uniformizar sua jurisprudência e mantê-la estável, íntegra e
coerente.”
Passo a examinar a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal
acerca das possibilidades interpretativas dos conceitos de faturamento e
receita bruta, tal como previstos no art. 195, I, “b”, da Constituição da
República.
Há julgados recentíssimos das duas turmas deste STF que versam
sobre matéria idêntica a esta sobre a qual ora se pondera.
Conforme consta desses julgados o valor correpondente à “taxa de
administração DEVE ser inserido no faturamento para os efeitos da

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incidência do PIS e da COFINS, vejamos:

Embargos de declaração em agravo regimental em recurso


extraordinário. 2. Direito Tributário. PIS e COFINS. 3. Base de cálculo.
Conceito de receita bruta e faturamento. 4. Inclusão do valor referente à
comissão cobrada por administradora de cartão de crédito. 5. Julgado
recorrido consoante jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. 6.
Ausência de omissão, contradição ou obscuridade. 7. Recurso
protelatório. Imposição de multa. 8. Embargos de declaração rejeitados.
(RE 886230 AgR-ED, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Segunda
Turma, julgado em 20/02/2018, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-059
DIVULG 26-03-2018 PUBLIC 27-03-2018)

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM


AGRAVO. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS E COFINS.
BASE DE CÁLCULO. TAXA DE ADMINISTRAÇÃO DE CARTÃO DE
CRÉDITO E DÉBITO. CONCEITO DE FATURAMENTO E RECEITA
BRUTA. ART. 195, I, b, DA CRFB/88. ACÓRDÃO EM CONFORMIDADE
COM A JURISPRUDÊNCIA DESTE TRIBUNAL. AGRAVO
REGIMENTAL DESPROVIDO.
(ARE 813397 AgR, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Primeira Turma,
julgado em 27/10/2015, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-225 DIVULG 11-
11-2015 PUBLIC 12-11-2015)

AGRAVO INTERNO NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM


AGRAVO. TRIBUTÁRIO. PIS E COFINS. BASE DE CÁLCULO.
INCLUSÃO DOS VALORES DEVIDOS ÀS ADMINISTRADORAS DE
CARTÕES DE CRÉDITO E DÉBITO. POSSIBILIDADE. EQUIVALÊNCIA
DAS EXPRESSÕES “FATURAMENTO” E “RECEITA BRUTA”.
TOTALIDADE DAS RECEITAS AUFERIDAS COM A VENDA DE
MERCADORIAS E SERVIÇOS. REITERADA REJEIÇÃO DOS
ARGUMENTOS EXPENDIDOS PELA PARTE NAS SEDES RECURSAIS
ANTERIORES. MANIFESTO INTUITO PROTELATÓRIO. APLICAÇÃO

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DA MULTA DO ARTIGO 1.021, § 4º, DO CPC/2015. SEM HONORÁRIOS


(SÚMULA 512 DO STF). AGRAVO INTERNO DESPROVIDO.
(ARE 966978 AgR, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Primeira Turma,
julgado em 26/08/2016, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-199 DIVULG 16-
09-2016 PUBLIC 19-09-2016)

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO.


TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÕES PARA O PROGRAMA DE
INTEGRAÇÃO SOCIAL – PIS E PARA O FINANCIAMENTO DA
SEGURIDADE SOCIAL – COFINS. BASE DE CÁLCULO. CONCEITO
DE RECEITA BRUTA E FATURAMENTO. INCLUSÃO DO VALOR
REFERENTE À COMISSÃO COBRADA POR ADMINISTRADORA DE
CARTÃO DE CRÉDITO. JULGADO RECORRIDO CONSOANTE À
JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. AGRAVO
REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO.
(RE 902734 AgR, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Segunda
Turma, julgado em 29/09/2015, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-204
DIVULG 09-10-2015 PUBLIC 13-10-2015).

Com espeque na construção pretoriana narrada, torna-se possível


afirmar que o conceito jurídico-constitucional de faturamento se traduz
na somatória de receitas resultantes das atividades empresariais, e não
apenas da venda de bens e serviços correspondentes a emissão de
faturas.
Por conseguinte, o desate da presente controvérsia cinge-se ao
enquadramento do valor correspondente às taxas das operadoras de
cartão de débito/crédito como receita da sociedade empresária
contribuinte.
Observa-se da jurisprudência do STF a diferenciação entre ingressos
em geral e a receita bruta, pois esta significa uma oscilação patrimonial
nova e positiva, e não um incremento no patrimônio do contribuinte,
afinal também ocorre em casos de venda com prejuízo.
Veja-se trecho da ementa do RE-RG 606.107, de relatoria da Ministra

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Rosa Weber, Tribunal Pleno, DJe 25.11.2013:

“RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL.


TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE. HERMENÊUTICA.
CONTRIBUIÇÃO AO PIS E COFINS. NÃO INCIDÊNCIA.
TELEOLOGIA DA NORMA. EMPRESA EXPORTADORA.
CRÉDITOS DE ICMS TRANSFERIDOS A TERCEIROS (…) V –
O conceito de receita, acolhido pelo art. 195, I, ‘b’, da
Constituição Federal, não se confunde com o conceito contábil.
Entendimento, aliás, expresso nas Leis 10.637/02 (art. 1º) e Lei
10.833/03 (art. 1º), que determinam a incidência da contribuição
ao PIS/PASEP e da COFINS não cumulativas sobre o total das
receitas, ‘independentemente de sua denominação ou
classificação contábil’. Ainda que a contabilidade elaborada
para fins de informação ao mercado, gestão e planejamento das
empresas possa ser tomada pela lei como ponto de partida para
a determinação das bases de cálculo de diversos tributos, de
modo algum subordina a tributação. A contabilidade constitui
ferramenta utilizada também para fins tributários, mas
moldada nesta seara pelos princípios e regras próprios do
Direito Tributário.”

No mesmo sentido, colhe-se do escólio doutrinário do tributarista


Andrei Pitten os seguintes esclarecimentos:

“Como referido, a receita constitui um elemento novo e


positivo para a mutação patrimonial, representando um plus
frente à noção geral de ‘ingresso’. A despeito de ser um
elemento positivo para a variação patrimonial, a receita não
implica, necessariamente, acréscimo patrimonial, pois também
está presente nas vendas com prejuízo.
Daí a distinção entre receita, de um lado, e renda ou lucro,
de outro. Diversamente do conceito de receita, os de renda e
lucro pressupõem acréscimo patrimonial – e, por vezes, são
reconduzidos ao próprio conceito de acréscimo patrimonial.
Pressupõem e limitam-se ao acréscimo patrimonial.

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Supremo Tribunal Federal
Voto Vogal

Inteiro Teor do Acórdão - Página 27 de 36

RE 1049811 / SE

(…)
Os ingressos são o continente financeiro das empresas,
que abrange, em volume econômico, as receitas, o
faturamento e o lucro. A receita é, em princípio, uma
modalidade de ingresso; em contrapartida, representa um
continente perante o faturamento, englobando-o por
completo. Já os lucros constituem uma fração da receita,
podendo decorrer do faturamento ou de outras modalidades
de receita; daí não estarem abarcados por completo pelo
faturamento.” (VELLOSO, Andrei Pitten. ICMS na base de
cálculo dos tributos sobre a receita: premissas e corolários
lógicos da tese jurídica. In: Revista de Doutrina da 4ª Região, Porto
Alegre, n. 75, dez. 2016. Disponível em:
<http://www.revistadoutrina.trf4.jus.br/artigos/edicao075/Andr
ei_Pitten_Velloso.htmlhttp://www.revistadoutrina.trf4.jus.br/art
igos/edicao075/Andrei_Pitten_Velloso.htmlhttp://www.revistad
outrina.trf4.jus.br/artigos/edicao075/Andrei_Pitten_Velloso.htm
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i_Pitten_Velloso.htmlhttp://www.revistadoutrina.trf4.jus.br/arti
gos/edicao075/Andrei_Pitten_Velloso.htmlhttp://www.revistad
outrina.trf4.jus.br/artigos/edicao075/Andrei_Pitten_Velloso.htm
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outrina.trf4.jus.br/artigos/edicao075/Andrei_Pitten_Velloso.htm
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RE 1049811 / SE

outrina.trf4.jus.br/artigos/edicao075/Andrei_Pitten_Velloso.htm
lhttp://www.revistadoutrina.trf4.jus.br/artigos/edicao075/Andre
i_Pitten_Velloso.htmlhttp://www.revistadoutrina.trf4.jus.br/arti
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gos/edicao075/Andrei_Pitten_Velloso.htmlhttp://www.revistad
outrina.trf4.jus.br/artigos/edicao075/Andrei_Pitten_Velloso.htm
l>. Acesso em: 07 de março de 2017)

Logo, embora não haja incremento patrimonial, o valor relativo às

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Voto Vogal

Inteiro Teor do Acórdão - Página 29 de 36

RE 1049811 / SE

taxas das operadoras de cartão de débito/crédito integrarão a receita


efetiva do contribuinte, pois gerará oscilação patrimonial positiva,
independentemente da motivação do surgimento da obrigação contratual
assumida perante terceiro (art.123, CTN) na medida em que inoponível
ao Fisco.
Em síntese, firma-se convicção no sentido de que o faturamento,
espécie do gênero receita bruta, engloba a totalidade do valor auferido
com a venda de mercadorias e a prestação de serviços, inclusive o
quantum das comissões das operadoras de cartão de débito/crédito.
Oportuno consignar ainda que não há a ocorrência de bis in idem na
espécie, dado que este conceito denota a imposição tributária de dois
fatos geradores diversos dado que o fato gerador do faturamento da
administradora de cartão de crédito é diferente daquele que gera o
faturamento das empresas contribuintes.
Por essas razões, entendo que o acórdão recorrido deve permanecer
hígido, tendo em vista que a normatividade constitucional que veicula
o conceito de faturamento comporta a inclusão dos valores
correspondentes às taxas das administradoras de cartão de
débito/crédito nabase de cálculo das contribuições para o PIS e a
COFINS.

DISPOSITIVO

Ante o exposto, nego provimento ao recurso extraordinário.

É como voto.

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Inteiro Teor do Acórdão - Página 30 de 36

RECURSO EXTRAORDINÁRIO 1.049.811 SERGIPE

RELATOR : MIN. MARCO AURÉLIO


RECTE.(S) : HT COMERCIO DE MADEIRAS E FERRAGENS LTDA
ADV.(A/S) : JOSE CARLOS BRAGA MONTEIRO
ADV.(A/S) : FERNANDA SANTANA MOISES
RECDO.(A/S) : UNIÃO
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DA FAZENDA NACIONAL
INTDO.(A/S) : SINDICATO DE RESTAURANTES, BARES E DEMAIS
MEIOS DE ALIMENTACAO DO MUNICIPIO DO RIO
DE JANEIRO - SINDRIO
ADV.(A/S) : FELIPE SARKIS FRANK DO VALE
INTDO.(A/S) : IDV - INSTITUTO PARA DESENVOLVIMENTO DO
VAREJO
ADV.(A/S) : ARIANE COSTA GUIMARAES

VOTO

O SENHOR MINISTRO LUIZ FUX: Em que pese o brilhantismo do voto


proferido pelo Ilustre Relator, data venia, tenho compreensão diferente da
questão.

A jurisprudência deste Supremo Tribunal Federal já consagrou há


muito que a previsão de incidência das contribuições ao PIS e à COFINS
sobre a totalidade das receitas de pessoa jurídica se afigura legítima após
a modificação do art. 195, I, “b” da Constituição Federal pela Emenda
Constitucional nº 20/1.998. Nesse sentido: AI 817257 AgR, Rel. Min Dias
Toffoli, Primeira Turma, julgado em 04/12/2012; RE 953152 AgR, Rel. Min
Edson Fachin, Primeira Turma, julgado em 11/11/2016.

Na esteira desse entendimento, prevalece na Corte a jurisprudência


no sentido de que os ingressos havidos no caixa da pessoa jurídica devem
sofrer a incidência das questionadas exações. Especificamente a respeito
das taxas de cartões de débito e crédito mencionem-se os seguintes
precedentes:

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Voto Vogal

Inteiro Teor do Acórdão - Página 31 de 36

RE 1049811 / SE

AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO


EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. DIREITO TRIBUTÁRIO.
PIS E COFINS. TAXA DE ADMINISTRAÇÃO. CARTÃO DE
CRÉDITO. RECEITA BRUTA E FATURAMENTO. BASE DE
CÁLCULO. EXCLUSÃO DA RECEITA. 1. A jurisprudência do STF
é pacífica no sentido de que a receita bruta e o faturamento, para fins
de definição da base de cálculo para a incidência do PIS e da COFINS,
são termos sinônimos e consistem na totalidade das receitas auferidas
com a venda de mercadorias, de serviços ou de mercadorias e serviços,
referentes ao exercício da atividades empresariais. Precedentes. 2. A
análise da questão se a receita obtida com o uso de cartões de crédito
deve ser excluída da base de cálculo do PIS/COFINS cinge-se ao
âmbito infraconstitucional. 3. Agravo regimental a que se nega
provimento.
(ARE 936107 AgR, Relator(a): EDSON FACHIN, Primeira
Turma, julgado em 15/03/2016, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-
067 DIVULG 11-04-2016 PUBLIC 12-04-2016)

Ementa: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO


EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. TRIBUTÁRIO.
CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS E COFINS. BASE DE CÁLCULO.
TAXA DE ADMINISTRAÇÃO DE CARTÃO DE CRÉDITO E
DÉBITO. CONCEITO DE FATURAMENTO E RECEITA BRUTA.
ART. 195, I, b, DA CRFB/88. ACÓRDÃO EM CONFORMIDADE
COM A JURISPRUDÊNCIA DESTE TRIBUNAL. AGRAVO
REGIMENTAL DESPROVIDO.
(ARE 813397 AgR, Relator(a): LUIZ FUX, Primeira Turma,
julgado em 27/10/2015, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-225
DIVULG 11-11-2015 PUBLIC 12-11-2015)

Deve-se destacar que a questão difere-se daqueloutra decidida pelo


Plenário sob o tema de Repercussão Geral nº 69, materializada no RE
574.706, no qual, por maioria, a Corte excluiu o ICMS da base de cálculo
do PIS e da COFINS.

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Voto Vogal

Inteiro Teor do Acórdão - Página 32 de 36

RE 1049811 / SE

É que ali a discussão dizia respeito a parcela dos ingressos devida ao


ente estatal por força de lei. A exigência é cogente e imperiosa.

No caso de taxas de cartões de débito e crédito ou outros valores


devidos a terceiros, ontologicamente temos pagamentos suportados pelo
contribuinte por força de contratos privados, firmados sob a égide da ex
voluntate.

A diferença entre as situações é gritante. A prevalecer o


entendimento posto no voto do ilustre Relator e argumentando ad
absurdum chegaríamos ao ponto em que a base de cálculo do tributo
devido pelo contribuinte seria definida por ele próprio, a partir da
quantidade de repasses que ele é capaz de projetar em sua receita.

Ex positis, DESPROVEJO o recurso extraordinário.

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Extrato de Ata - 08/09/2020

Inteiro Teor do Acórdão - Página 33 de 36

PLENÁRIO
EXTRATO DE ATA

RECURSO EXTRAORDINÁRIO 1.049.811


PROCED. : SERGIPE
RELATOR : MIN. MARCO AURÉLIO
RECTE.(S) : HT COMERCIO DE MADEIRAS E FERRAGENS LTDA
ADV.(A/S) : JOSE CARLOS BRAGA MONTEIRO (0045707/RS, 45707/RS,
373479/SP)
ADV.(A/S) : FERNANDA SANTANA MOISES (5087/SE)
RECDO.(A/S) : UNIÃO
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DA FAZENDA NACIONAL (00000/DF)
INTDO.(A/S) : SINDICATO DE RESTAURANTES, BARES E DEMAIS MEIOS DE
ALIMENTACAO DO MUNICIPIO DO RIO DE JANEIRO - SINDRIO
ADV.(A/S) : FELIPE SARKIS FRANK DO VALE (0187941/RJ)
INTDO.(A/S) : IDV - INSTITUTO PARA DESENVOLVIMENTO DO VAREJO
ADV.(A/S) : ARIANE COSTA GUIMARAES (29766/DF, 226490/RJ,
430298/SP)

Decisão: O Tribunal, por maioria, apreciando o tema 1.024 da


repercussão geral, negou provimento ao recurso extraordinário, nos
termos dos votos proferidos, vencidos os Ministros Marco Aurélio
(Relator), Ricardo Lewandowski, Cármen Lúcia e Rosa Weber, que
conheciam do recurso e davam-lhe provimento. Redigirá o acórdão o
Ministro Alexandre de Moraes. A tese de repercussão geral será
fixada em assentada posterior. Falou, pela recorrida, o Dr. Paulo
Mendes, Procurador da Fazenda Nacional. Não participou deste
julgamento, por motivo de licença médica, o Ministro Celso de
Mello. Plenário, Sessão Virtual de 28.8.2020 a 4.9.2020.

Composição: Ministros Dias Toffoli (Presidente), Celso de


Mello, Marco Aurélio, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski, Cármen
Lúcia, Luiz Fux, Rosa Weber, Roberto Barroso, Edson Fachin e
Alexandre de Moraes.

Carmen Lilian Oliveira de Souza


Assessora-Chefe do Plenário

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Supremo Tribunal Federal
Voto Vogal

Inteiro Teor do Acórdão - Página 34 de 36

21/03/2022 PLENÁRIO

RECURSO EXTRAORDINÁRIO 1.049.811 SERGIPE

RELATOR : MIN. MARCO AURÉLIO


REDATOR DO : MIN. ALEXANDRE DE MORAES
ACÓRDÃO
RECTE.(S) : HT COMERCIO DE MADEIRAS E FERRAGENS LTDA
ADV.(A/S) : JOSE CARLOS BRAGA MONTEIRO
ADV.(A/S) : FERNANDA SANTANA MOISES
RECDO.(A/S) : UNIÃO
ADV.(A/S) : PROCURADOR-GERAL DA FAZENDA NACIONAL
INTDO.(A/S) : SINDRIO - SINDICATO DE HOTÉIS BARES E
RESTAURANTES
ADV.(A/S) : FELIPE SARKIS FRANK DO VALE
INTDO.(A/S) : IDV - INSTITUTO PARA DESENVOLVIMENTO DO
VAREJO
ADV.(A/S) : ARIANE COSTA GUIMARAES

VOTO

O SENHOR MINISTRO NUNES MARQUES: Senhor Presidente,


está sob análise a fixação de tese para o Tema n. 1.024 da repercussão
geral.

Colho da certidão de julgamento da sessão virtual realizada de 28 de


agosto de 2020 a 4 de setembro de 2020, que o ministro Celso de Mello,
meu antecessor na cadeira, não participou do julgamento por motivo de
licença médica.

Com efeito, havido o encerramento da apreciação do mérito, e não


sendo, por isso, hipótese de suspensão para colheita de votos de ministros
ausentes a que se refere o art. 2º da Resolução/STF n. 690, cumpre-me
votar, não sobre a questão de fundo, mas sobre a matéria objeto da
presente deliberação.

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http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 8866-1E78-8D87-8786 e senha 3D11-EC2D-6489-50AB
Supremo Tribunal Federal
Voto Vogal

Inteiro Teor do Acórdão - Página 35 de 36

RE 1049811 / SE

Anoto que, na citada sessão na qual se negou provimento ao recurso


extraordinário interposto por HT Comércio de Madeiras e Ferragens
Ltda., o ministro Alexandre de Moraes inaugurou a divergência e fez a
seguinte proposição:

É constitucional a inclusão dos valores retidos pelas


administradoras de cartões na base de cálculo das contribuições ao PIS
e da COFINS devidas por empresa que recebe pagamentos por meio de
cartões de crédito e débito.

Na mesma ocasião, o ministro Edson Fachin propôs o enunciado:

O valor das taxas das administradoras de cartão de


débito/crédito compõe faturamento, submetendo-se à tributação pelas
contribuições ao PIS e à COFINS, por ser integrante do conceito de
receita bruta, base de cálculo das referidas exações.

Pois bem. Examinando os autos, com a devida vênia, filio-me à tese


apresentada pelo ministro Alexandre de Moraes.

É como voto.

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço
http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 8866-1E78-8D87-8786 e senha 3D11-EC2D-6489-50AB
Supremo Tribunal Federal
Extrato de Ata - 21/03/2022

Inteiro Teor do Acórdão - Página 36 de 36

PLENÁRIO
EXTRATO DE ATA

RECURSO EXTRAORDINÁRIO 1.049.811


PROCED. : SERGIPE
RELATOR : MIN. MARCO AURÉLIO
REDATOR DO ACÓRDÃO : MIN. ALEXANDRE DE MORAES
RECTE.(S) : HT COMERCIO DE MADEIRAS E FERRAGENS LTDA
ADV.(A/S) : JOSE CARLOS BRAGA MONTEIRO (0045707/RS, 45707/RS,
373479/SP)
ADV.(A/S) : FERNANDA SANTANA MOISES (5087/SE)
RECDO.(A/S) : UNIÃO
ADV.(A/S) : PROCURADOR-GERAL DA FAZENDA NACIONAL (00000/DF)
INTDO.(A/S) : SINDRIO - SINDICATO DE HOTÉIS BARES E RESTAURANTES
ADV.(A/S) : FELIPE SARKIS FRANK DO VALE (0187941/RJ)
INTDO.(A/S) : IDV - INSTITUTO PARA DESENVOLVIMENTO DO VAREJO
ADV.(A/S) : ARIANE COSTA GUIMARAES (29766/DF, 226490/RJ,
430298/SP)

Decisão: O Tribunal, por maioria, apreciando o tema 1.024


da repercussão geral, negou provimento ao recurso extraordinário,
nos termos dos votos proferidos, vencidos os Ministros Marco
Aurélio (Relator), Ricardo Lewandowski, Cármen Lúcia e Rosa Weber,
que conheciam do recurso e davam-lhe provimento. Redigirá o
acórdão o Ministro Alexandre de Moraes. A tese de repercussão
geral será fixada em assentada posterior. Falou, pela recorrida, o
Dr. Paulo Mendes, Procurador da Fazenda Nacional. Não participou
deste julgamento, por motivo de licença médica, o Ministro Celso
de Mello. Plenário, Sessão Virtual de 28.8.2020 a 4.9.2020.

Decisão: Em continuidade de julgamento, o Tribunal, por


maioria, apreciando o tema 1.024 da repercussão geral, fixou a
seguinte tese: “É constitucional a inclusão dos valores retidos
pelas administradoras de cartões na base de cálculo das
contribuições ao PIS e da COFINS devidas por empresa que recebe
pagamentos por meio de cartões de crédito e débito”, nos termos do
voto do Ministro Alexandre de Moraes, Redator para o acórdão,
vencidos os Ministros Marco Aurélio (Relator), Cármen Lúcia e Rosa
Weber. Não votou o Ministro André Mendonça, sucessor do Ministro
Marco Aurélio. Plenário, Sessão Virtual de 11.3.2022 a 18.3.2022.

Composição: Ministros Luiz Fux (Presidente), Gilmar


Mendes, Ricardo Lewandowski, Cármen Lúcia, Dias Toffoli, Rosa
Weber, Roberto Barroso, Edson Fachin, Alexandre de Moraes, Nunes
Marques e André Mendonça.

Carmen Lilian Oliveira de Souza


Assessora-Chefe do Plenário

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço
http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código C2A6-ECE9-087F-614A e senha A8A9-28B0-DB60-E09F

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