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Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região

Recurso Ordinário Trabalhista


0010527-82.2020.5.03.0072
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Relator: Maria Raquel Ferraz Zagari Valentim

Processo Judicial Eletrônico

Data da Autuação: 25/01/2021


Valor da causa: R$ 72.000,00

Partes:
RECORRENTE: SADA SIDERURGIA LTDA

ADVOGADO: GUSTAVO LUIZ DE MATOS XAVIER


RECORRIDO: MAURICIO MONTEIRO DA MATA
ADVOGADO: WALQUIRIA FRAGA ALVARES
ADVOGADO: RICARDO BARBOSA LEITE
ADVOGADO: GISLENE APARECIDA BARBOSA PEREIRA
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Fls.: 2

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 03ª REGIÃO
Vara do Trabalho de Pirapora
ATOrd 0010527-82.2020.5.03.0072
AUTOR: MAURICIO MONTEIRO DA MATA
RÉU: SADA SIDERURGIA LTDA

Vistos etc.

Em face do disposto na Resolução n. 314, de 20/4/2020, do CNJ; no Ato Conjunto n. 5, de 17/4


/2020, e no Ato n.11, de 23/4/2020, do CSJT; nas portarias 117, de 20/3/2020, e 124, de 2/4
/2020, do TRT/MG; na Resolução GP n. 139, de 7/4/2020, do TRT/MG; na Portaria GP n. 143,
ena Portaria Conjunta GCR/GVCR n. 4, ambas de 27/4/2020, do TRT/MG; bem assim diante do
Ato Conjunto CSJT n. 006, de 4/5/2020, determino:

a) o cancelamento da audiência presencial INICIAL designada, mantendo-se o feito em pauta


administrativa na data já agendada, dispensadas as partes e seus procuradores do
comparecimento, sendo que serão devidamente intimados quando da inclusão do feito em pauta
regular.

b) a CITAÇÃO da reclamada para juntar aos autos defesa escrita, acompanhada de toda prova
documental pertinente, no prazo de até 5 dias úteis, sob pena de preclusão e caracterização de
revelia;

c) tão logo apresentada a defesa e a documentação pertinente, a INTIMAÇÃO do reclamante


para, no prazo de até 5 dias úteis, apresentar a réplica, sob pena de preclusão;

d) Apresentada a réplica ou decorrido seu prazo, os autos deverão vir conclusos para
designação da audiência de instrução, sem prejuízo da inclusão do feito em pauta para tentativa
de conciliação virtual, a qualquer momento, a requerimento das partes, ou de ofício, à luz do
princípio da conciliação (art. 764 da CLT);

e) para mero controle processual, inclua-se o presente feito na pauta administrativa.

PIRAPORA/MG, 26 de setembro de 2020.

ORDENISIO CESAR DOS SANTOS


Juiz(a) Titular de Vara do Trabalho
Assinado eletronicamente por: ORDENISIO CESAR DOS SANTOS - Juntado em: 26/09/2020 12:28:29 - 5b5d18b
https://pje.trt3.jus.br/pjekz/validacao/20092611025750100000114535124?instancia=1
Número do processo: 0010527-82.2020.5.03.0072
Número do documento: 20092611025750100000114535124
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PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 03ª REGIÃO
Vara do Trabalho de Pirapora
ATOrd 0010527-82.2020.5.03.0072
AUTOR: MAURICIO MONTEIRO DA MATA
RÉU: SADA SIDERURGIA LTDA

Vistos.

Diante das escusas apresentadas pela reclamada (Id.f61567c), e considerando a complexidade


da demanda, defiro a dilação do prazo para apresentação da defesa e prova documental
pertinente, por mais 10 dias, mantidas as cominações anteriores.

Intime-se a reclamada para ciência.

PIRAPORA/MG, 14 de outubro de 2020.

MARCELO PALMA DE BRITO


Juiz(a) do Trabalho Substituto(a)

Assinado eletronicamente por: MARCELO PALMA DE BRITO - Juntado em: 14/10/2020 22:24:38 - 2254416
https://pje.trt3.jus.br/pjekz/validacao/20101415535847700000115539807?instancia=1
Número do processo: 0010527-82.2020.5.03.0072
Número do documento: 20101415535847700000115539807
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PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 03ª REGIÃO
Vara do Trabalho de Pirapora
ATOrd 0010527-82.2020.5.03.0072
AUTOR: MAURICIO MONTEIRO DA MATA
RÉU: SADA SIDERURGIA LTDA

Vistos.

Em face do disposto na Resolução n. 314, de 20/4/2020, do CNJ; no Ato Conjunto n. 5, de 17/4


/2020, e no Ato n.11, de 23/4/2020, do CSJT; nas portarias 117, de 20/3/2020, e 124, de 2/4
/2020, do TRT/MG; na Resolução GP n. 139, de 7/4/2020, do TRT/MG; na Portaria GP n. 143,
ena Portaria Conjunta GCR/GVCR n. 4, ambas de 27/4/2020, do TRT/MG; bem assim diante do
Ato Conjunto CSJT n. 006, de 4/5/2020; nos termos do art. 357, CPC c/c art. 769, CLT, intimem-
se as partes para, no prazo comum e preclusivo de 5 dias úteis, manifestarem o interesse na
produção de outras provas, indicando qual a finalidade específica de cada uma delas, bem como
em relação a qual fatos controvertidos relevantes elas se destinam, atentando-se para o disposto
no art. 374 do CPC, e à possível utilização de provas emprestadas, prevista no art. 372, CPC,
ambos subsidiariamente aplicados ao processo do trabalho por força do art. 769 da CLT.

Após, retornem os autos conclusos para saneamento e organização processual ou julgamento


antecipado do mérito (arts. 357 e 355 do CPC).

Sem prejuízo, para fins de mero controle, inclua-se o feito em pauta administrativa, dispensadas
as partes e seus procuradores do comparecimento, sendo que serão devidamente intimadas
quando da inclusão do feito em pauta regular, se for o caso.

Cientifiquem - se as partes que o feito poderá ser incluído em pauta para tentativa de conciliação
virtual, a qualquer momento, a requerimento das partes, ou de ofício, à luz do princípio da
conciliação (art. 764 da CLT).

Registro que, caso tenham interesse na conciliação, PODERÃO apresentar petição conjunta,
discriminando as condições acordadas, contendo obrigatoriamente, o valor, prazo, datas,
natureza das parcelas e quitação passada, ocasião, em que os autos deverão vir conclusos.

PIRAPORA/MG, 13 de novembro de 2020.

ORDENISIO CESAR DOS SANTOS


Assinado eletronicamente por: ORDENISIO CESAR DOS SANTOS - Juntado em: 13/11/2020 09:15:49 - 86e1ea0
https://pje.trt3.jus.br/pjekz/validacao/20111218071822500000117316827?instancia=1
Juiz(a) Titular de Vara do Trabalho
Número do processo: 0010527-82.2020.5.03.0072
Número do documento: 20111218071822500000117316827
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PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 03ª REGIÃO
Vara do Trabalho de Pirapora
ATOrd 0010527-82.2020.5.03.0072
AUTOR: MAURICIO MONTEIRO DA MATA
RÉU: SADA SIDERURGIA LTDA

Vistos os autos.

Diante da manifestação de ID 7dea868, considerando a necessidade de assegurar a


continuidade das atividades jurisdicionais (arts. 5º,LXXVIII, 93, inciso II, da CF, e art. 4º do CPC)
e a autorização para que se procedam audiências por meio de teleconferência, fica designada,
sob as cominações legais, audiência de instrução para o dia 23/11/2020, às 09h, a qual
será realizada virtualmente, por meio da Plataforma Emergencial de Videoconferência para Atos
Processuais, instituída pela Portaria nº 61, de 31 de março de 2020, do Conselho Nacional de
Justiça, utilizando-se o aplicativo indicado Cisco Webex.

Deverão os participantes do ato processual acessar a audiência virtual, valendo-se de


computadores do tipo desktop (com microfone e câmera ativados), notebook, tablet ou celular do
tipo smartphone, por meio do link abaixo, preenchendo, se solicitados, o número da reunião e
senha a seguir, para a liberação do acesso.

Link da reunião:

https://cnj.webex.com/cnj-pt/j.php?MTID=m985c751a4379dead267bc32bd5864525

Número da reunião:

173 242 5104

Senha da reunião:

Wr2amP2RV3J

Deverão os procuradores das partes, preferencialmente, transmitir o link e os números acima


para seus constituintes e ainda para eventuais testemunhas, a fim de que possam participar
do ato processual em tela, devendo, em caso de impossibilidade técnica, aqueles informarem a
inviabilidade de tal participação a este Juízo, até o momento da realização do ato.

As partes ou testemunhas que não possuírem meios técnicos para acesso à sala virtual poderão
comparecer ao prédio da Vara do Trabalho de Pirapora/MG para que possam participar da

Assinado eletronicamente por: ORDENISIO CESAR DOS SANTOS - Juntado em: 17/11/2020 16:39:25 - ee5a95c
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audiência, desde que sejam atendidas as disposições previstas na Portaria Conjunta GP/GCR
/GVCR. N. 223, de 03.09.2020

Recomenda-se que as partes obedeçam as regras de distanciamento social, evitando-se


aglomerações em escritórios de advocacia ou outros locais.

Para tanto, recomenda-se que as partes participem das audiências em suas residências
utilizando-se da plataforma Cisco Webex.

Durante a audiência de instrução, não será permitido o contato via telefone, aplicativo de
mensagens instantâneas ou similares entre os participantes, devendo a comunicação se efetivar
por meio da plataforma Cisco Webex.

Intimem-se as partes.

PIRAPORA/MG, 17 de novembro de 2020.

ORDENISIO CESAR DOS SANTOS


Juiz(a) Titular de Vara do Trabalho

Assinado eletronicamente por: ORDENISIO CESAR DOS SANTOS - Juntado em: 17/11/2020 16:39:25 - ee5a95c
https://pje.trt3.jus.br/pjekz/validacao/20111712490266500000117545627?instancia=1
Número do processo: 0010527-82.2020.5.03.0072
Número do documento: 20111712490266500000117545627
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VARA DO TRABALHO DE PIRAPORA

TERMO DE AUDIÊNCIA RELATIVO AO PROCESSO 0010527-82.2020.5.03.0072

Em 23 de novembro de 2020, na sala de sessões da VARA DO TRABALHO DE


PIRAPORA/MG, sob a direção do Exmo(a). Juiz ORDENISIO CESAR DOS SANTOS, realizou-
se audiência relativa a Ação Trabalhista - Rito Ordinário número 0010527-82.2020.5.03.0072
ajuizada por MAURICIO MONTEIRO DA MATA em face de SADA SIDERURGIA LTDA.

Às 09h04min, aberta a audiência, foram, de ordem do Exmo(a). Juiz do Trabalho,


apregoadas as partes.

Presente o reclamante, acompanhado do(a) advogado(a), Dr(a). RICARDO


BARBOSA LEITE, OAB nº 092570/MG.

Presente o preposto do reclamado, Sr(a). Cassia Silandia de Oliveira, acompanhado


(a) do(a) advogado(a), Dr(a). HENRIQUE LABORNE FERREIRA GROSSI, OAB nº 132930
/MGM que juntará substabelecimento em 05 dias..

CONCILIAÇÃO REJEITADA

As partes declaram não terem mais provas a serem produzidas, requerendo o


encerramento da instrução, o que foi deferido.

Razões finais orais remissivas.

Conciliação final rejeitada.

Julgamento "sine die".

Cientes os presentes.

Encerrou-se.

Nada mais.

Assinado eletronicamente por: ORDENISIO CESAR DOS SANTOS - Juntado em: 23/11/2020 15:13:16 - 28f3f10
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ORDENISIO CESAR DOS SANTOS

Juiz do Trabalho

Ata redigida por ERICKSON LUÍS MOTA OLIVEIRA, Secretário(a) de Audiência.

Assinado eletronicamente por: ORDENISIO CESAR DOS SANTOS - Juntado em: 23/11/2020 15:13:16 - 28f3f10
https://pje.trt3.jus.br/pjekz/validacao/20112315105523000000117905482?instancia=1
Número do processo: 0010527-82.2020.5.03.0072
Número do documento: 20112315105523000000117905482
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PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 03ª REGIÃO
Vara do Trabalho de Pirapora
ATOrd 0010527-82.2020.5.03.0072
AUTOR: MAURICIO MONTEIRO DA MATA
RÉU: SADA SIDERURGIA LTDA

SENTENÇA

PROCESSO n. 010527-82.2020.5.03.0072

A Vara do Trabalho de Pirapora / MG, através do MM. Juiz do Trabalho, ORDENISIO CÉSAR
SANTOS, proferiu julgamento na reclamação trabalhista proposta por MAURÍCIO MONTEIRO
DA MATA em face de SADA SIDERURGIA LTDA.

1. RELATÓRIO

MAURÍCIO MONTEIRO DA MATA ajuizou reclamação trabalhista em face de SADA


SIDERURGIA LTDA. formulando pedidos de pagamento de diferença de horas extras, dano
moral, horas à disposição, e honorários advocatícios, pelos motivos declinados na petição inicial.
Requer os benefícios da justiça gratuita, e atribui ``a causa o valor de R$72.000,00.

A reclamada apresentou defesa (Id. 67Fa183), acompanhada de documentos, com vistas ao


reclamante que a impugnou (Id. 041B940).

Sem mais provas a serem produzidas, as partes requereram o encerramento da instrução, o que
foi deferido (Id. 28f3f10).

Razões finais orais remissivas.

Propostas de conciliação recusadas.

2. FUNDAMENTAÇÃO

2.1. DIREITO INTERTEMPORAL

O reclamante foi admitido aos 19/6/2009 (fato incontroverso), de forma que as alterações
materiais perpetradas pela denominada ¨Reforma Trabalhista¨, através da Lei n. 13.467, de 13/07
/2017, vigente a partir de 11/11/2017, não se aplicam à demanda em análise, por força do
princípio da irretroatividade das leis (art. 5º, XXXVI, da CF, 6º da LINDB); e dos princípios da
proteção do hipossuficiente econômico, vedação do retrocesso social, e inalterabilidade
contratual lesiva (art. 5º, §2º, 7º, caput, da CF, 9º, 10º, 444, 468 e 912 da CLT, Súmula 191 do
TST). Aplicam-se, porém, as alterações processuais, conforme arts. 14 e 1.046 do CPC c/c art.

Assinado eletronicamente por: ORDENISIO CESAR DOS SANTOS - Juntado em: 28/11/2020 12:22:27 - d4afaa0
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769 da CLT, e art. 1o da Instrução Normativa n. 41, do TST, evidentemente à luz da Constituição
Federal, tendo em vista o ajuizamento da reclamação trabalhista, na vigência da lei nova.

2.2. LIMITAÇÃO DOS PEDIDOS

Os limites da lide são definidos na petição inicial e na defesa, cabendo ao Juiz apenas
reconhecê-los, por força do princípio da congruência ou adstrição (artigos 2º, 141, 341, 342 e
492 do CPC c/c art. 769 da CLT), entretanto a adstrição não ocorre em relação aos valores
atribuídos aos pedidos formulados na inicial, por serem meramente estimativos, conforme
aplicação analógica da Tese Jurídica Prevalecente nº. 16 deste Tribunal Regional.

2.3. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL

Ajuizada a reclamação trabalhista aos 25/9/2020, prescritas as pretensões relativas a fatos


ocorridos antes de 25.9.2015, cinco anos anteriores ao ajuizamento da ação, conforme art. 7º,
XXIX, da CF, e Súmulas 308 e 362 do TST, extinguindo-se o processo, com resolução do mérito,
em relação às mesmas, nos termos do art. 487, II, do CPC c/c art. 769 da CLT.

2.4. DIFERENÇAS DE HORAS EXTRAS E REFLEXOS

O reclamante alega que: ¨laborava no horário de 5h/08h às 18h/23h/01h, de segunda a sexta, e


as vezes aos sábados e feriados, portanto realizava horas extras além da 8ª. hora diariamente,
horas extras noturnas, e a Recda não pagava todas as horas extras realizadas¨. Postula a
condenação da reclamada no pagamento de diferenças de horas extras e reflexos.

A reclamada sustenta, em síntese, que a jornada de trabalho do reclamante consta dos cartões
de pontos, e que as horas extras eram pagas ou compensadas.

Na réplica (Id. 041B940), o reclamante reitera os termos da inicial, e com base nos cartões de
ponto vindos com a defesa (Ids. B77c689 – d2748c4) indica, por amostragem, a existência de
crédito a título de diferenças de horas extras.

Conforme alegado pelo reclamante, os instrumentos coletivos aplicados ao contrato de trabalho


são os acordos coletivos firmados com o Sindicato dos Metalúrgicos de Várzea da Palma (Ids.
B60af87, 3d9c6d7, 3168959, 98ed36f, 5ac9b9a), para o qual era, inclusive, recolhida
contribuição sindical, conforme anotado na CTPS (Id. A6fdeb6).

Noutro giro, não consta dos presentes autos instrumento individual ou coletivo autorizando
compensação de jornada (fato incontroverso).

Destarte, são devidas diferenças de horas extras, conforme se apurar em liquidação, observando-
se os acordos coletivos firmados com o Sindicato dos Metalúrgicos de Várzea da Palma, os

Assinado eletronicamente por: ORDENISIO CESAR DOS SANTOS - Juntado em: 28/11/2020 12:22:27 - d4afaa0
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cartões de ponto, e os demonstrativos de pagamentos juntados aos autos, a redução da hora


noturna, os termos da Súmula 264 do TST, e o divisor 220, com reflexos em repousos semanais
remunerados, aviso prévio indenizado, 13o salários, férias + 1/3, e destes em FGTS + 40%.

Indevida a integração dos reflexos da diferença de horas extras nos repousos, para cálculo de
reflexos posteriores (OJ 394 da SDI-I do TST).

2.5. DANO MORAL E HORAS À DISPOSIÇÃO

Consta da petição inicial que: ¨caso a viagem extrapolasse o horário noturno, teria de dormir
dentro do caminhão, contrário ao ordenamento jurídico. O Recte ficava exposto a situação que o
impedia efetivamente de descansar, além de causar-lhe insegurança e desconforto¨. Postula a
condenação da reclamada no pagamento de dano moral e horas à disposição.

Por sua defesa, consta da defesa da reclamada que o reclamante não tinha de dormir no
caminhão, pelo contrário, sempre dormiu em hotel, ¨pago pela empresa a partir de adiantamento
de viagem ou reembolso de despesas, conforme provam os documentos em anexo¨.

Pois bem.

Tratando-se de fatos constitutivos do direito, com fulcro no art. 818, I, da CLT, cabia ao
reclamante demonstrar nos autos que tinha de dormir dentro do caminhão, ou que era exposto ¨a
situação que o impedia efetivamente de descansar, além de causar-lhe insegurança e
desconforto¨, ônus do qual não se desincumbiu.

Não fosse isso, os reembolsos de despesas vindos com a defesa (Ids. 2C16cb5 – afbe97b)
respaldam a alegação da reclamada de que o reclamante sempre dormiu em hotel, ¨pago pela
empresa a partir de adiantamento de viagem ou reembolso de despesas, conforme provam os
documentos em anexo¨.

Logo, não há como serem acolhidos os pedidos em tela.

Pedidos indeferidos.

2.6. DEDUÇÃO

Deferidas apenas diferenças de horas extras, não há dedução a ser realizada nos presentes
autos.

2.7. CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS DE MORA

O índice de correção monetária a ser observado na presente demanda será definido na fase de
execução, segundo o que vier a ser fixado pelo Excelso STF, tendo em vista o fato novo
consistente na liminar postulada pela Confederação Nacional do Sistema Financeiro / CONSIF,
na ADC 58 MC / DF, deferida pelo relator, Ministro Gilmar Mendes, nos seguintes termos: Ante o

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exposto, defiro o pedido formulado e determino, desde já, ad referendum do Pleno (art. 5o, §1o,
da Lei 9.882 c/c art. 21 da Lei 9.868) a suspensão do julgamento de todos os processos em
curso na Justiça do Trabalho que envolvam a aplicação dos artigos arts. 879, §7o, e 899, §4o, da
CLT, com redação dada pela Lei n. 13.467/2017, e o art. 39, caput e §1o, da Lei 8.177/91. Dê-se
ciência ao Tribunal Superior do Trabalho, aos Tribunais Regionais do Trabalho e ao Conselho
Superior da Justiça do Trabalho, para as necessárias providências. Os juros de mora, por sua
vez, incidem à razão de 1% ao mês, a contar do ajuizamento da reclamação trabalhista, nos
termos do art. 883 da CLT, e art. 39, §1º, da Lei 8.177/91. Na apuração das verbas deferidas
também devem ser observados os termos das súmulas n. 200 e 381 do TST, e OJ 302 da SDI-I
do TST.

2.8. JUSTIÇA GRATUITA

Defiro ao reclamante os benefícios da justiça gratuita, conforme declaração de hipossuficiência


econômica de Id. 77b6557, que se presume verdadeira, conforme art. 5o, inciso XXXV, da CF, e
art. 99, §3o, do CPC c/c art. 769 da CLT.

2.9. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS

Tendo em vista o disposto no art. 791-A da CLT, com a redação da Lei 13.467/2017, são devidos
honorários de sucumbência recíproca, cujo montante arbitro: (1) em 15% do valor dos créditos
devidos ao reclamante, a serem pagos pela reclamada ao advogado do reclamante; (2) em 5%
do proveito econômico que seria obtido se os demais pleitos do reclamante fossem julgados
procedentes, a serem pagos pelo reclamante ao advogado da reclamada.

Na apuração dos honorários advocatícios sucumbenciais devem ser observados os termos da


OJ 348 da SDI-I do TST, e da Tese Jurídica Prevalecente n. 4 do TRT/MG.

O percentual menor dos honorários advocatícios sucumbenciais devido pelo reclamante ao


advogado das reclamadas tem por fundamento o princípio da proteção (art. 7º, caput, da CF).

Por se tratar de crédito de natureza alimentícia, e tendo em vista a justiça gratuita deferida, fica
suspensa a cobrança dos honorários advocatícios devidos pelo reclamante ao procurador da
reclamada, nos termos do art. 791-A, §4º, da CLT.

3. DISPOSITIVO

Pelo exposto, na reclamação trabalhista proposta por MAURÍCIO MONTEIRO DA MATA em


face de SADA SIDERURGIA LTDA. declaro prescritas as pretensões relativas a fatos ocorridos
antes de 25/9/2015, extinguindo-se o processo, com resolução do mérito, em relação às
mesmas, e julgo PROCEDENTES EM PARTE os pedidos para condenar a reclamada a pagar ao
reclamante, no prazo legal, conforme se apurar em liquidação, diferenças de horas extras,
observando-se os acordos coletivos firmados com o Sindicato dos Metalúrgicos de Várzea da
Palma, os cartões de ponto, e os demonstrativos de pagamentos juntados aos autos, a redução

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da hora noturna, os termos da Súmula 264 do TST, e o divisor 220, com reflexos em repousos
semanais remunerados, aviso prévio indenizado, 13o salários, férias + 1/3, e destes em FGTS +
40%.

Indevida a integração dos reflexos das diferenças de horas extras nos repousos, para cálculo de
reflexos posteriores.

O índice de correção monetária a ser observado na presente demanda será definido na fase de
execução, segundo o que vier a ser fixado pelo Excelso STF, na ADC 58 MC / DF. Os juros de
mora, por sua vez, incidem à razão de 1% ao mês, a contar do ajuizamento da reclamação
trabalhista. Na apuração das verbas deferidas também devem ser observadas as súmulas n. 200
e 381 do TST, e a OJ 302 da SDI-I do TST.

Para fins do art. 832, §3º, da CLT, declaro que, ressalvados os reflexos em férias indenizadas + 1
/3 e FGTS + 40%, as demais verbas deferidas têm natureza salarial em relação às quais deve a
reclamada comprovar nos autos, no prazo legal, o recolhimento da contribuição previdenciária
correspondente, sob pena de execução.

Na apuração do imposto de renda deve ser observado o disposto na Súmula 368, item II, do
TST, e na OJ 400 da SDI-I do TST.

Tendo em vista o disposto no art. 791-A da CLT, com a redação da Lei 13.467/2017, são devidos
honorários de sucumbência recíproca, cujo montante arbitro: (1) em 15% do valor dos créditos
devidos ao reclamante, a serem pagos pela reclamada ao advogado do reclamante; (2) em 5%
do proveito econômico que seria obtido se os demais pleitos do reclamante fossem julgados
procedentes, a serem pagos pelo reclamante ao advogado da reclamada, cuja cobrança fica
suspensa, nos termos do §4o do referido artigo, por se tratar de beneficiário da justiça gratuita.

Na apuração dos honorários advocatícios sucumbenciais devem ser observados os termos da


OJ 348 da SDI-I do TST, e da Tese Jurídica Prevalecente n. 4 do TRT/MG.

Custas, pela reclamada, no importe de R$200,00, calculadas sobre R$10.000,00, valor arbitrado
à condenação.

Intimem-se as partes.

Nada mais.

PIRAPORA/MG, 28 de novembro de 2020.

Assinado eletronicamente por: ORDENISIO CESAR DOS SANTOS - Juntado em: 28/11/2020 12:22:27 - d4afaa0
https://pje.trt3.jus.br/pjekz/validacao/20112612015801300000118153360?instancia=1
ORDENISIO CESAR DOS SANTOS
Número do processo: 0010527-82.2020.5.03.0072
Juiz(a) Titular de Vara do Trabalho
Número do documento: 20112612015801300000118153360
Fls.: 14

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 03ª REGIÃO
Vara do Trabalho de Pirapora
ATOrd 0010527-82.2020.5.03.0072
AUTOR: MAURICIO MONTEIRO DA MATA
RÉU: SADA SIDERURGIA LTDA

Vistos os autos.

Vista à parte autora do recurso ordinário interposto pela parte ré, pelo prazo legal.

PIRAPORA/MG, 15 de dezembro de 2020.

ORDENISIO CESAR DOS SANTOS


Juiz(a) Titular de Vara do Trabalho

Assinado eletronicamente por: ORDENISIO CESAR DOS SANTOS - Juntado em: 15/12/2020 14:27:22 - 8edac46
https://pje.trt3.jus.br/pjekz/validacao/20121512123194700000119260716?instancia=1
Número do processo: 0010527-82.2020.5.03.0072
Número do documento: 20121512123194700000119260716
Fls.: 15

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 03ª REGIÃO
Vara do Trabalho de Pirapora
ATOrd 0010527-82.2020.5.03.0072
AUTOR: MAURICIO MONTEIRO DA MATA
RÉU: SADA SIDERURGIA LTDA

Vistos os autos.

Recebo o recurso ordinário interposto pela Reclamada, pois preenchidos os pressupostos de


admissibilidade.

Ao TRT, com as cautelas de estilo.

PIRAPORA/MG, 22 de janeiro de 2021.

PEDRO PAULO FERREIRA


Juiz(a) Titular de Vara do Trabalho

Assinado eletronicamente por: PEDRO PAULO FERREIRA - Juntado em: 22/01/2021 12:16:16 - 1bde650
https://pje.trt3.jus.br/pjekz/validacao/21012208332509800000120255409?instancia=1
Número do processo: 0010527-82.2020.5.03.0072
Número do documento: 21012208332509800000120255409
Fls.: 16

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 03ª REGIÃO
10ª Turma

PROCESSO Nº 0010527-82.2020.5.03.0072 (RO)

RECORRENTE: SADA SIDERURGIA LTDA


RECORRIDO: MAURICIO MONTEIRO DA MATA

RELATORA: JUÍZA CONVOCADA MARIA RAQUEL FERRAZ ZAGARI VALENTIM

EMENTA: HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS -


PRINCIPIO DA ISONOMIA - FIXAÇÃO DO MESMO
PERCENTUAL PARA AMBAS AS PARTES (LEI 13.467/2017). A
nova legislação trabalhista impôs ônus processuais às partes, antes
inexistentes, como é o caso dos honorários advocatícios sucumbenciais.
Contudo, razoável é a aplicação do princípio da isonomia para equiparar
os percentuais fixados para cálculo dos honorários advocatícios,
notadamente quando se verificar equilíbrio entre as matérias em que
foram as partes sucumbentes, assim como do trabalho desenvolvido.

Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de Recursos interpostos


em que figura como recorrente MAURICIO MONTEIRO DA MATA e, como recorrida, SADA
SIDERURGIA LTDA.

RELATÓRIO

O MM. Juiz do Trabalho, Dr. Ordenisio Cesar dos Santos, pela r. sentença
às fls. 634/638, julgou procedentes em parte os pedidos postulados por Maurício Monteiro da Mata em
face de Sada Siderurgia Ltda.

Assinado eletronicamente por: Maria Raquel Ferraz Zagari Valentim - 18/03/2021 07:36:32 - 40eda25
https://pje.trt3.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=21020212553748400000058657351
Número do processo: 0010527-82.2020.5.03.0072 ID. 40eda25 - Pág. 1
Número do documento: 21020212553748400000058657351
Fls.: 17

A reclamada interpôs recurso ordinário às fls. 645/123, postulando a


reforma da r. sentença quanto à condenação ao pagamento de horas extras e fixação dos percentuais para
cálculo dos honorários advocatícios de sucumbência. A recorrente apresentou apólice de seguro garantia
em substituição ao depósito recursal às fls. 658/663 e comprovante de pagamento das custas, fls. 664
/665. Recurso ordinário aditado pela reclamada conforme petição às fls. 666/672.

Contrarrazões do reclamante às fls. 675/683.

Dispensada manifestação prévia do Ministério Público do Trabalho, nos


termos dos artigos 129, II, do Regimento Interno deste Tribunal.

Tudo visto e examinado.

É o relatório.

JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE

Argui o reclamante, preliminarmente, matéria impeditiva de


conhecimento do recurso ordinário interposto pela reclamada, aduzindo insuficiência de garantia do
juízo, porquanto não ser aceitável apólice de seguro em substituição ao depósito recursal, notadamente
por não demonstrar insuficiência de caixa que inviabilizasse o depósito recursal.

Examina-se.

No que concerne à validade do seguro garantia dado em substituição ao


depósito recursal, o artigo 899, §11, da CLT, incluído pela Lei 13.467/2017, autoriza tal procedimento.

O art. 882 da CLT, também com a nova redação conferida pela Lei 13.467
/17, faculta a garantia da execução mediante seguro-garantia judicial e o art. 835, §2º, do CPC, por sua
vez, estabelece que, para fins de substituição da penhora, equiparam-se a dinheiro a fiança bancária e o
seguro garantia judicial.

Diante desse arcabouço legislativo não há como afastar a validade da


apólice de seguro como garantia do juízo, salvo se não estiver em conformidade com as exigências
previstas no ato conjunto 1 do TST/CSJT/CGJT relativas à exigibilidade do crédito. Contudo, o
reclamante não apresentou qualquer vício de validade que impossibilitasse o conhecimento do apelo por
falta de garantia de execução, sob tal aspecto.

Assinado eletronicamente por: Maria Raquel Ferraz Zagari Valentim - 18/03/2021 07:36:32 - 40eda25
https://pje.trt3.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=21020212553748400000058657351
Número do processo: 0010527-82.2020.5.03.0072 ID. 40eda25 - Pág. 2
Número do documento: 21020212553748400000058657351
Fls.: 18

Dito isso, presentes os requisitos intrínsecos (cabimento, legitimação para


recorrer, interesse em recorrer e inexistência de fato impeditivo ou extintivo ao poder de recorrer) e
extrínsecos (tempestividade e regularidade formal), conhece-se do recurso ordinário interposto pela
reclamada (id 0ea92f8), salvo dos documentos juntados sob id 7c6e82b, em desalinho não só com o teor
da Súmula 8 do TST, mas também com o princípio da unirrecorribilidade.

JUÍZO DE MÉRITO

RECURSO DA RECLAMADA

DIFERENÇAS DE HORAS EXTRAS

A reclamada não se conforma com a condenação ao pagamento de horas


extras, consideradas as horas laborais que extrapolarem a oitava hora diária ou 44ª hora semanal.
Dessarte postula a exclusão da condenação aduzindo, em síntese, a validade do sistema de compensação
de jornada adotado pela empresa e inexistência de diferenças de horas extras a favor do obreiro.

Argumenta não ter o reclamante considerado, ao apontar diferenças de


horas extras, as horas em atraso e as faltas registradas, não apurando, portanto, a efetiva compensação da
jornada. Sustenta o fato de que o reclamante procedia ao registro das jornadas de trabalho e, mesmo
quando não era possível, envia o horário para o superior hierárquico proceder ao lançamento cuja
correção era conferida pelo reclamante.

Diz ainda que, mesmo em viagens, o reclamante encerrava as atividades


observando o horário contratual e procurava lugar seguro e apto para o descanso, pernoitando em hotéis
pagos por meio de adiantamento de viagem ou reembolso de despesas. Aduz que os regimes de
compensação de jornada foram autorizados por instrumento normativo a exemplo do documento de Id.
0432575, tratando-se da convenção coletiva da categoria, em que se verifica autorização para o uso do
sistema de banco de horas.

Por fim, alega que todas as horas extras foram pagas ou compensadas
observando os critérios autorizados pela norma coletiva e pela legislação.

Examina-se.

Pela r. sentença (fl. 635) verifica-se que o fundamento basilar do


acolhimento do pedido obreiro, relativo ao pagamento de diferenças de horas extras, consiste na ausência

Assinado eletronicamente por: Maria Raquel Ferraz Zagari Valentim - 18/03/2021 07:36:32 - 40eda25
https://pje.trt3.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=21020212553748400000058657351
Número do processo: 0010527-82.2020.5.03.0072 ID. 40eda25 - Pág. 3
Número do documento: 21020212553748400000058657351
Fls.: 19

de instrumento normativo que convalidasse o sistema de compensação de jornada adotado pela


reclamada.

Nesse sentido, destaca-se da r. sentença o seguinte:

Na réplica (Id. 041B940), o reclamante reitera os termos da inicial, e com base nos
cartões de ponto vindos com a defesa (Ids. B77c689 - d2748c4) indica, por amostragem,
a existência de crédito a título de diferenças de horas extras. Conforme alegado pelo
reclamante, os instrumentos coletivos aplicados ao contrato de trabalho são os acordos
coletivos firmados com o Sindicato dos Metalúrgicos de Várzea da Palma (Ids. B60af87,
3d9c6d7, 3168959, 98ed36f, 5ac9b9a), para o qual era, inclusive, recolhida contribuição
sindical, conforme anotado na CTPS (Id. A6fdeb6). Noutro giro, não consta dos
presentes autos instrumento individual ou coletivo autorizando compensação de jornada
(fato incontroverso).

Com efeito, a convenção coletiva citada pela reclamada, documento de Id.


0432575, fls. 562/580, não dispõe de informações de validade mínimas, a exemplo da base territorial (fl.
562), tratando-se de "texto padrão" para a formatação de convenção coletiva afeta ao transporte
rodoviário de cargas, não validada pelos representantes da reclamada ou empregados a ela vinculados.

Por outro lado, os acordos coletivos anexados às fls. 73/180, assinados


pela empresa e pelo sindicato da categoria profissional, não tratam da matéria referente ao banco de horas
adotado pela empresa.

Diante disso, não se verifica nos autos, de fato, acordo válido de


compensação de horas que autorizasse a adoção do regime de jornada de trabalho praticado pelo
reclamante, motivo pelo qual deve ser mantida a r. sentença quanto à condenação ao pagamento de
diferenças de horas extras e demais parâmetros.

Nega-se provimento.

HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA / MAJORAÇÃO DO


PERCENTUAL FIXADO

O d. Magistrado condenou o reclamante ao pagamento de honorários


advocatícios à razão de 5% sobre o valor dos pleitos em que foi sucumbente, no entanto, fixou em
desfavor da reclamada o percentual de 15% sobre o valor dos créditos devidos ao reclamante (fl. 638).
Contra isso, insurge-se a reclamada, sustentando a necessidade de se proceder com equidade quanto aos
percentuais fixados, não devendo se valer, nesta hipótese, do princípio da proteção, sob pena de violação
ao princípio da isonomia.

Por fim, pugna seja afastados os preceitos do § 4º do artigo 791-A,


autorizando a execução dos honorários advocatícios nestes autos ou em outro feito em que o reclamante
eventualmente tenha obtido crédito capaz de alterar a condição de miserabilidade declarada

Assinado eletronicamente por: Maria Raquel Ferraz Zagari Valentim - 18/03/2021 07:36:32 - 40eda25
https://pje.trt3.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=21020212553748400000058657351
Número do processo: 0010527-82.2020.5.03.0072 ID. 40eda25 - Pág. 4
Número do documento: 21020212553748400000058657351
Fls.: 20

Examina-se.

A Lei n. 13.467/2017, mais especificamente o art. 791-A da CLT,


estabeleceu que os honorários advocatícios decorrem meramente da sucumbência, em contraposição ao
até então estabelecido, que afastava essa possibilidade para as lides derivadas da relação de emprego
(Súmulas 219 e 329 do TST).

Nesse sentido, tendo em vista a teoria do isolamento dos atos processuais,


aplica-se a lei nova àqueles atos praticados sob a égide do novo regramento, respeitados, contudo, os atos
realizados sob o império da lei antiga, pois a lei processual não retroage. Vale dizer: os atos processuais
se regem pela lei da época em que foram realizados (tempus regit actum).

Dito isso, tem-se como válida a condenação de ambas as partes ao


pagamento de honorários advocatícios recíprocos, nos exatos termos, inclusive, da IN 41 do TST.

Contudo, entendo ser razoável a aplicação do princípio da isonomia para


equiparar os percentuais fixados para cálculo dos honorários advocatícios, notadamente quando se
verifica equilíbrio entre as matérias em que foram as partes sucumbentes, como na hipótese dos autos,
bem como entre o trabalho desenvolvido.

Assim, em respeito ao princípio da isonomia, entendo que o percentual


deve ser o mesmo para ambas as partes, mesmo porque os honorários devidos pelo reclamante e pela
reclamada têm bases de cálculo distintas, o que dispensa a fixação de percentuais diferentes. Nesse
aspecto, ressalte-se ter o próprio reclamante atribuído aos pleitos os valores que entendia como corretos,
assumindo o risco da sucumbência impostos pela nova legislação trabalhista.

Quanto à suspensão de exigibilidade do pagamento da verba na forma do


§ 4º do artigo 791-A da CLT, trata-se de direito previsto na lei afeto ao beneficiário da justiça gratuita,
sendo esta a hipótese dos autos, situação não rechaçada pela recorrente. A não aplicabilidade do referido
preceito está atrelada à demonstração, pela parte contrária, da alteração da condição de miserabilidade do
reclamante.

No que concerne à autorização legal de dedução dos créditos obtidos pelo


reclamante para pagamento dos honorários sucumbenciais, esta Relatora passa a adotar o entendimento
de que, tratando-se de beneficiário da justiça gratuita, a condenação em honorários advocatícios encontra
restrições na própria situação de miserabilidade. Encontrando-se o trabalhador sob esse pálio, ele
somente pagará a verba honorária se os créditos que vier a receber, neste ou em outro processo, forem de
tal vulto que alterem a sua condição de miserabilidade jurídica, considerando-se, para esses fins, o limite

Assinado eletronicamente por: Maria Raquel Ferraz Zagari Valentim - 18/03/2021 07:36:32 - 40eda25
https://pje.trt3.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=21020212553748400000058657351
Número do processo: 0010527-82.2020.5.03.0072 ID. 40eda25 - Pág. 5
Número do documento: 21020212553748400000058657351
Fls.: 21

de 50 salários mínimos, a partir do qual o CPC deixa de reconhecer a essencialidade alimentar da


remuneração do trabalhador, na forma de seu art. 833, §2º, autorizando, por conseguinte, a sua constrição
para efeito de pagamento de dívidas judiciais. É que, apenas ultrapassado esse limite, pode-se presumir a
"suficiência de recursos" de que trata o art. 5º, LXXIV, da CR e a consequente existência de "créditos
capazes de suportar a despesa" prevista no art. 791-A, §4º, da CLT. Caso contrário, a verba em questão
deve ficar sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderá ser executada se, nos dois anos
subsequentes ao trânsito em julgado desta decisão, o credor demonstrar que deixou de existir a situação
de insuficiência de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo,
a obrigação.

Desse modo, dá-se parcial provimento ao recurso da reclamada para


equiparar os percentuais utilizados para cálculo dos honorários advocatícios, fixando-os em 15% sobre as
verbas em que foram sucumbentes as partes, mantendo-se os demais parâmetros de cálculo e
determinando-se que o reclamante apenas arcará com qualquer pagamento de honorários se os créditos
que vier a receber, neste ou em outro processo, forem de tal vulto que alterem a sua condição de
miserabilidade jurídica, considerando-se, para esses fins, o limite de 50 salários mínimos, respeitado o
prazo legal de dois anos, nos termos do artigo 791-A, §4º, da CLT.

CONCLUSÃO

FUNDAMENTOS PELOS QUAIS,

O Tribunal Regional do Trabalho da Terceira Região, em sessão ordinária


da Décima Turma, hoje realizada, julgou o presente processo e, por unanimidade, conheceu do recurso
ordinário interposto pela reclamada; no mérito, sem divergência, deu-lhe parcial provimento para
equiparar os percentuais utilizados para cálculo dos honorários advocatícios, fixando-os em 15% sobre as
verbas em que foram sucumbentes as partes, mantendo-se os demais parâmetros de cálculo e
determinando-se que o reclamante apenas arcará com qualquer pagamento de honorários se os créditos
que vier a receber, neste ou em outro processo, forem de tal vulto que alterem a sua condição de
miserabilidade jurídica, considerando-se, para esses fins, o limite de 50 salários mínimos, respeitado o

Assinado eletronicamente por: Maria Raquel Ferraz Zagari Valentim - 18/03/2021 07:36:32 - 40eda25
https://pje.trt3.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=21020212553748400000058657351
Número do processo: 0010527-82.2020.5.03.0072 ID. 40eda25 - Pág. 6
Número do documento: 21020212553748400000058657351
Fls.: 22

prazo legal de dois anos, nos termos do artigo 791-A, §4º, da CLT. Ficaram as partes advertidas quanto
aos preceitos do 2º do artigo 1.026 do Código de Processo Civil, referentes à oposição de embargos
declaratórios inoportunos. Mantido o valor fixado à condenação, pois compatível.

Tomaram parte no julgamento as Exmas.: Juíza Convocada Maria Raquel


Ferraz Zagari Valentim (Relatora vinculada - substituindo o Exmo. Desembargador Márcio Flávio Salem
Vidigal), Desembargadora Taísa Maria Macena de Lima (Presidente) e Desembargadora Rosemary de
Oliveira Pires Afonso.

Presente ao julgamento a il. representante do d. Ministério Público do


Trabalho: Dra. Júnia Castelar Savaget.

Belo Horizonte, 16 de março de 2021.

MARIA RAQUEL FERRAZ ZAGARI VALENTIM


Juíza Convocada Relatora

MRFZV/k/k

Assinado eletronicamente por: Maria Raquel Ferraz Zagari Valentim - 18/03/2021 07:36:32 - 40eda25
https://pje.trt3.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=21020212553748400000058657351
Número do processo: 0010527-82.2020.5.03.0072 ID. 40eda25 - Pág. 7
Número do documento: 21020212553748400000058657351
SUMÁRIO
Documentos

Data da
Id. Documento Tipo
Assinatura

5b5d18b 26/09/2020 12:28 Despacho Despacho

2254416 14/10/2020 22:24 Despacho Despacho

86e1ea0 13/11/2020 09:15 Despacho Despacho

ee5a95c 17/11/2020 16:39 Despacho Despacho

28f3f10 23/11/2020 15:13 Ata da Audiência Ata da Audiência

d4afaa0 28/11/2020 12:22 Sentença Sentença

8edac46 15/12/2020 14:27 Despacho Despacho

1bde650 22/01/2021 12:16 Decisão Decisão

40eda25 18/03/2021 07:36 Acórdão Acórdão

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