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PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO

PROCESSO nº 0010457-29.2023.5.15.0136 (ROT)


RECORRENTE: APARECIDO DONIZETTI TRAVAGIN
RECORRIDO: MUNICIPIO DE PIRASSUNUNGA
ORIGEM: VARA DO TRABALHO DE PIRASSUNUNGA
SENTENCIANTE: ANDRE LUIZ TAVARES DE CASTRO PEREIRA
RELATOR: RONALDO OLIVEIRA SIANDELA

RELATÓRIO

Da r. sentença de Id. dcff8ec, que concluiu pela incompetência material da


Justiça do Trabalho para dirimir a questão do adicional por tempo de serviço, declinando o feito ao juízo
competente (Justiça Estadual de Pirassununga/SP), nos termos do art. 109, I, da CF c.c art. 64, §§ 1º e 3º,
do CPC/2015, conforme precedente RE 1288440 (Tema 1143) do E. STF, recorre o reclamante,
conforme razões de Id. aec367b.

Contrarrazões no Id. 5ab5ca2.

É, em síntese, o relatório.

VOTO

ADMISSIBILIDADE

Recurso tempestivo.

Custas e Depósito recursal dispensados.

Subscritor do recurso com procuração regularizada nos autos.

CONHEÇO DO RECURSO, por entender preenchidos os pressupostos de


admissibilidade.

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Número do processo: 0010457-29.2023.5.15.0136 ID. 0a6c1bd - Pág. 1
Número do documento: 23062920410759100000102278248
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BREVE HISTÓRICO

A parte reclamante alega que foi admitido pelo Município reclamado em


11/11/1981, mediante aprovação em concurso público, sob o regime celetista, com registro em sua
carteira profissional, para exercer a função de guarda municipal. O contrato de trabalho permanece em
vigor. Ação proposta em 17/03/2023. Sentença proferida em 04/05/2023. Recurso Ordinário distribuído
em 23/06/2023.

INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA DA JUSTIÇA DO TRABALHO -


TEMA 1143 DO STF - RE 1288440

O reclamante, servidor municipal, sob o regime da CLT, ajuizou


reclamação trabalhista pleiteando adicional por tempo de serviço (ATS/Quinquênio), com base na lei
Municipal nº 765/64.

O Juízo "a quo", ressalvando seu entendimento divergente, declarou a


incompetência material da Justiça do Trabalho para dirimir a questão, declinando o feito ao juízo
competente (Justiça Estadual de Pirassununga/SP), nos termos do art. 109, I, da CF c.c art. 64, §§ 1º e 3º,
do CPC/2015, conforme precedente RE nº 1288440 (Tema 1143), do E. STF.

O autor recorrente alega que não houve conclusão do julgamento do RE


nº 128840 (Tema 1143) pelo E. STF, e, portanto, não há que se falar em efeito vinculante. E portanto, a r.
sentença contraria até então jurisprudência dominante da própria Corte Constitucional (ADI 3395 e ARE
1179455) de que a Justiça Comum, Estadual ou Federal, é competente para o julgamento das ações entre
o Poder Público e seus servidores estatutários, bem que no tocante à relação de emprego estabelecida sob
a égide da CLT, a competência seria da Justiça do Trabalho.

Por primeiro, cumpre destacar que o RE nº 128840 é o Recurso


extraordinário em que se discute, à luz dos artigos 114, I da Constituição Federal, a definição do juízo
competente para julgar demanda entre servidores regidos pelas normas da Consolidação das Leis do
Trabalho - CLT e o Poder Público, quando postulado benefício de natureza tipicamente administrativa.

Importante salientar que o E. Supremo Tribunal Federal, em 14/5/2021,


reconheceu a existência de repercussão geral da questão constitucional suscitada no Leading Case RE nº
1288440, do respectivo Tema 1143.

Pois bem.

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No dia 03/07/2023, o E. STF decidiu o mérito do citado Recurso, nos


seguintes termos:

"Decisão: O Tribunal, por maioria, apreciando o tema 1143 da


repercussão geral, negou provimento ao recurso extraordinário, nos
termos do voto do Relator, vencida a Ministra Rosa Weber. Em seguida,
por unanimidade, fixou-se a seguinte tese: "1. A Justiça Comum é
competente para julgar ação ajuizada por servidor celetista contra o
Poder Público, em que se pleiteia parcela de natureza administrativa", e
modulou os efeitos da decisão para manter na Justiça do Trabalho, até o
trânsito em julgado e correspondente execução, os processos em que
houver sido proferida sentença de mérito até a data de publicação da
presente ata de julgamento, nos termo do voto do Relator. Impedido o
Ministro Luiz Fux. Plenário, Sessão Virtual de 23.6.2023 a 30.6.2023."

Portanto, o entendimento definitivo do E. STF é no sentido de que


matérias previstas em leis municipais ou estaduais que regulam o contrato de trabalho de empregados
públicos regidos pela CLT devem ser dirimidas pela Justiça Comum e não pela Justiça do Trabalho,
restando a esta Especializada apenas questões relativas à legislação federal sobre Direito do Trabalho,
tendo em vista a competência exclusiva da União sobre a matéria trabalhista conforme estabelece o art.
22, inciso I da CF/88.

Outrossim, as legislações estaduais e municipais que são aplicadas


somente aos seus próprios empregados, considerada como "administrativas" pelo E. STF, passam a ser de
competência da Justiça Comum, exatamente a hipótese dos autos, que também não se amolda nos
critérios estabelecidos para a modulação dos efeitos da citada decisão do E. STF, na medida em que não
houve prolação de sentença de mérito.

Pelo exposto, tendo em vista a decisão vinculante do E. STF no RE nº


1288440 (Tema 1143), mantenho a r. sentença que declarou a incompetência da Justiça do Trabalho, nos
termos do art. 109, I, da CF/88 c.c art. 64, §§ 1º e 3º, do CPC/2015.

Prejudicada a análise das demais matérias.

DISPOSITIVO

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Diante do exposto, decido: CONHECER do recurso do reclamante APA


RECIDO DONIZETTI TRAVAGIN e NÃO O PROVER, nos termos da fundamentação.

Em 15/08/2023, a 4ª Câmara (Segunda Turma) do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região


julgou o presente processo, conforme disposto na Portaria GP nº 05/2023.
Presidiu o julgamento o Exmo. Sr. Desembargador do Trabalho DAGOBERTO NISHINA DE
AZEVEDO (Regimental)
Tomaram parte no julgamento os Exmos. Srs. Magistrados
Relator: Juiz do Trabalho RONALDO OLIVEIRA SIANDELA
Desembargadora do Trabalho LUCIANE STORER
Desembargador do Trabalho DAGOBERTO NISHINA DE AZEVEDO

Julgou processos de sua competência, recebidos em substituição à Exma. Sra. Desembargadora Eleonora
Bordini Coca, o Exmo. Sr. Juiz Ronaldo Oliveira Siandela.

Ministério Público do Trabalho (Ciente)


ACORDAM os Exmos. Srs. Magistrados, à unanimidade, em julgar o processo nos termos do voto
proposto pelo Exmo. Sr. Relator.

RONALDO OLIVEIRA SIANDELA


Juiz Relator

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