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TRIBUNAL DE JUSTIÇA
QUARTA CÂMARA CÍVEL
5ª Av. do CAB, nº 560 - Centro - CEP: 41745971 - Salvador/BA
CERTIDÃO DE JULGAMENTO
Certifico, para os devidos fins, que o referenciado processo foi julgado em SESSÃO ORDINÁRIA da QUARTA CÂMARA
CÍVEL, sob a presidência do(a) Excelentíssimo(a) Senhor(a) Desembargador(a) JOAO AUGUSTO ALVES DE
OLIVEIRA PINTO.
COMPOSIÇÃO DO JULGAMENTO:
(assinado digitalmente)
Assinado eletronicamente por: DILCEMA ARAUJO ALMEIDA - 21/03/2023 17:10:58 Num. 42083037 - Pág. 1
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Número do documento: 23032117105869900000092856200
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA BAHIA
Quarta Câmara Cível
ACORDÃO
Assinado eletronicamente por: ROBERTO MAYNARD FRANK - 21/03/2023 19:46:44 Num. 42089298 - Pág. 1
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Número do documento: 23032119464315300000092862332
Sala de sessões, em de 2023.
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA BAHIA
QUARTA CÂMARA CÍVEL
DECISÃO PROCLAMADA
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA BAHIA
Quarta Câmara Cível
Processo: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO CÍVEL n. 0501577-96.2015.8.05.0039.1. ED Civ
Órgão Julgador: Quarta Câmara Cível
EMBARGANTE: Gilberto Oliveira Ramos e outros
Advogado(s): ANDRE ISENSEE DE SOUZA, SILAS MARCOS DE SANTANA LOPES
EMBARGADO: Gilberto Oliveira Ramos e outros
Advogado(s): ANDRE ISENSEE DE SOUZA, SILAS MARCOS DE SANTANA LOPES
RELATÓRIO
Assinado eletronicamente por: ROBERTO MAYNARD FRANK - 21/03/2023 19:46:44 Num. 42089298 - Pág. 2
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Número do documento: 23032119464315300000092862332
OLIVEIRA RAMOS em face de acórdão acostado ao evento de ID. 23377199 dos
autos principais, que se encontra assim ementado, in litteris:
A P E L A Ç ÕE S S I M U L T Â N E A S . A Ç Ã O D E DE S A P R O P R IA Ç Ã O .
IMPROCEDÊNCIA DO DIREITO DE EXTENSÃO. DESCABIMENTO DOS
PLEITOS DE RECONHECIMENTO DA EXISTÊNCIA DE
DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA E DE INDENIZAÇÃO EM RELAÇÃO AOS
PREJUÍZOS SUPORTADOS PELO RÉU. AÇÃO DE COGNIÇÃO
RESTRITA. DA JUSTA INDENIZAÇÃO PELA DESAPROPRIAÇÃO.
ACOLHIMENTO DO LAUDO PERICIAL. MÉTODO COMPARATIVO.
REFORMA DA SENTENÇA. CORREÇÃO MONETÁRIA DEVIDA DESDE A
DATA DA CONFECÇÃO DO LAUDO PERICIAL JUDICIAL. EXTINÇÃO DA
AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE INDEVIDA. NÃO ESVAZIAMENTO
DO OBJETO. RECURSO DO AUTOR IMPROVIDO. RECURSO DO RÉU
PARCIALMENTE PROVIDO.
Assinado eletronicamente por: ROBERTO MAYNARD FRANK - 21/03/2023 19:46:44 Num. 42089298 - Pág. 3
https://pje2g.tjba.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23032119464315300000092862332
Número do documento: 23032119464315300000092862332
Alega que não se faz necessária a completa inutilização do bem para
fins de reconhecimento do direito de extensão, bastando a perda substancial do
poderio econômico do imóvel, hipótese dos autos.
Eis o relatório.
Relator
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA BAHIA
Quarta Câmara Cível
Assinado eletronicamente por: ROBERTO MAYNARD FRANK - 21/03/2023 19:46:44 Num. 42089298 - Pág. 4
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Número do documento: 23032119464315300000092862332
Processo: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO CÍVEL n. 0501577-96.2015.8.05.0039.1. ED Civ
Órgão Julgador: Quarta Câmara Cível
EMBARGANTE: Gilberto Oliveira Ramos e outros
Advogado(s): ANDRE ISENSEE DE SOUZA, SILAS MARCOS DE SANTANA LOPES
EMBARGADO: Gilberto Oliveira Ramos e outros
Advogado(s): ANDRE ISENSEE DE SOUZA, SILAS MARCOS DE SANTANA LOPES
VOTO
Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial para:
I - esclarecer obscuridade ou eliminar contradição;
II - suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a
requerimento;
III - corrigir erro material.
Parágrafo único. Considera-se omissa a decisão que:
I - deixe de se manifestar sobre tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em
incidente de assunção de competência aplicável ao caso sob julgamento;
II - incorra em qualquer das condutas descritas no art. 489, § 1º.
Assinado eletronicamente por: ROBERTO MAYNARD FRANK - 21/03/2023 19:46:44 Num. 42089298 - Pág. 5
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carreadas aos fólios, bem como destaca particularidades de tais elementos
probatórios supostamente não apreciados no acórdão.
Ora, tal pleito não foi formulado no recurso de apelação manejado pelo
Embargante, caracterizando-se, pois, como nítida inovação vedada em sede de
embargos de declaração.
Assinado eletronicamente por: ROBERTO MAYNARD FRANK - 21/03/2023 19:46:44 Num. 42089298 - Pág. 6
https://pje2g.tjba.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23032119464315300000092862332
Número do documento: 23032119464315300000092862332
apenas a respeito do preço e da lisura do processo judicial, sendo certo que demais questões
deverão ser decididas em ação própria nas vias ordinárias, com a devida dilação probatória.
Assinado eletronicamente por: ROBERTO MAYNARD FRANK - 21/03/2023 19:46:44 Num. 42089298 - Pág. 7
https://pje2g.tjba.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23032119464315300000092862332
Número do documento: 23032119464315300000092862332
DIREITO ADMINISTRATIVO. DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA. ART. 8º DA LEI Nº
489/2001 DO MUNICÍPIO DE PINHAIS. NÃO CONFIGURAÇÃO DO DIREITO DO
MUNICÍPIO A RECEBER PARTE DE IMÓVEIS DESMEMBRADOS. ESBULHO
CONFIGURADO. [...] Em desapropriação, direito de extensão é o direito do
expropriado de exigir que a desapropriação e a indenização alcancem a
totalidade do bem, quando o remanescente resultar esvaziado de seu
conteúdo econômico. b) O exercício do direito de extensão se dá no caso da
desapropriação parcial, quando a parte que excede àquela que pretende o
expropriante fica prática ou efetivamente inútil e inservível. Apelação Cível e
Remessa Necessária nº 1581685-2 c) Para que se defira o direito à extensão, em
desapropriação indireta, deve a parte formular pedido expresso nesse sentido,
demonstrando que a área remanescente, não atingida diretamente pelo esbulho
possessório, perdera seu conteúdo econômico. d) Tendo a sentença concedido o
direito de extensão, sem o correspondente pedido inicial, incorreu em violação ao
princípio da correlação ou congruência, extraído dos arts. 141 e 492 do CPC/2015,
configurando, portanto, decisão ultra petita.[...] (TJ-PR - APL: 15816852 PR
1581685-2 (Acórdão), Relator: Leonel Cunha, Data de Julgamento: 01/11/2016, 5ª
Câmara Cível, Data de Publicação: DJ: 1920 10/11/2016)
Do exposto, tem-se que o direito de extensão consiste em uma exceção e que para sua
configuração se faz necessário que a área remanescente do imóvel objeto de desapropriação
parcial deixe de exercer qualquer atrativo ou reste efetivamente inútil ou de difícil utilização
para o particular que sofreu a intervenção estatal em sua propriedade.
Volvendo ao caso em exame, verifica-se que a despeito do teor do laudo pericial constante
dos autos, o magistrado sentenciante afastou o direito de extensão pleiteado pelo réu, com
base nos fundamentos adiante transcritos:
[...] somente uma uma pequena fração do imóvel,aproximadamente 10% dez por
cento, fora objeto de Desapropriação, e por sua vez, o imóvel permanece com a
metragem de 12.192,25 m² , área que apresenta-se pública e notoriamente hábil
para empreendimentos comerciais e residenciais, em que pese as referidas
restrições administrativas relatadas no laudo juntado aos autos, razões pelas quais
não há amparo para acolhimento do pedido de indenização a título de direito de
extensão em favor do expropriado GILBERTO OLIVEIRA RAMOS, caso contrário,
trata-se, salvo melhor juízo, de lesão ao erário municipal e enriquecimento sem
causa (fls. 257).
Ocorre que o cerne da avaliação quanto ao direito de extensão da parte que excede àquela
pretendida pelo expropriante, conforma já pontuado, deve ser a efetiva possibilidade de
exploração da área remanescente e não uma mera conta matemática da área em que houve
intervenção, pois de nada adiantaria se manter 90% do terreno original, se neste espaço não
se tem condições de exploração econômica.
No particular, convém trazer à colação as conclusões expostas pelo expert responsável pela
Assinado eletronicamente por: ROBERTO MAYNARD FRANK - 21/03/2023 19:46:44 Num. 42089298 - Pág. 8
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perícia levada a efeito nos autos:
8.1 Conclui-se que, com a redução da testada principal do imóvel avaliando para a
pista da Estrada do Coco, devido a área de servidão da linha de água de
distribuição, conforme o croquis do item 6.1 do presente Laudo, e com a instalação
da galeria pluvial no fundo do terreno do réu, conforme o item 6.2 do presente
Laudo, obras implantadas pelo Autor, áreas estas sobre as quais não se pode
construir, não resta dúvida de que toda a área remanescente do Réu ficou
imprestável para um empreendimento comercial de grande porte, que seria
perfeitamente possível com a sua área original.
De plano, cumpre assinalar que o juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar seu
convencimento com base em outros elementos e provas constantes dos autos, desde que
devidamente motivado, consoante inteligência do art. 479 do Código de Processo Civil.
Assentada tal premissa, observo que do cotejo do croqui do terreno do apelante com os
pouquíssimos registros fotográficos constantes do laudo pericial não se pode depreender
logicamente a conclusão esposada pelo perito no sentido de que as intervenções realizadas
pelo expropriante ensejaram o impedimento da realização de qualquer tipo de
empreendimento comercial no local, na medida em que apenas uma ínfima parcela da
propriedade foi, de fato, aproveitada pelo município.
Com efeito, nos primeiros registros é possível visualizar a utilização do terreno pelo Município
de Camaçari, na medida em que se observa a presença de caminhões e tratores no local,
materiais de construção ali depositados e terras revoltas pela passagem dos aludidos veículos
e trabalhadores. Todavia, nos registros realizados pelo expert, tais intervenções não se
revelam mais visíveis, observando-se, ao revés, que as obras realizadas pelo município já
haviam aparentemente sido em grande parte finalizadas, com a consequente liberação do
terreno.
De outra banda, noto que, malgrado o perito do juízo tenha sido incisivo ao afirmar que as
obras implantadas pelo Município de Camaçari tenham implicado em restrições ao uso do
solo, impossibilitando o aproveitamento eficiente da área remanescente do réu, com
repercussão no valor desta, a conclusão é clara no sentido de que a imprestabilidade de tal
propriedade se dá apenas para a realização de empreendimento comercial de grande porte,
do que se denota, a contrario sensu, a possibilidade de implantação de outros
empreendimentos de menor dimensão.
Ademais, o laudo pericial não é claro ao esclarecer a extensão das restrições ao uso do solo
Assinado eletronicamente por: ROBERTO MAYNARD FRANK - 21/03/2023 19:46:44 Num. 42089298 - Pág. 9
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decorrentes das intervenções operadas pela municipalidade, porquanto afirme o perito apenas
que sobre estas áreas “não se pode construir”, sem informar maiores detalhes do grau de
comprometimento do poder construtivo no local. Em outras palavras, não se denota da
referida prova técnica informação no sentido da existência de qualquer impossibilidade
concreta de construção no interior da área remanescente, que perfaz o total de 12.189,25 m².
[…]
Quanto a questão de partes do terreno que não podem ser utilizados, fundo ou
frente não conseguimos enxergar como isso é possível, pois não existe
restrição ao uso do solo a não ser aquelas que se impõem em função dos
parâmetros estabelecidos pelo Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Lei
nº 866/2008 e do Código Urbanístico e ambiental do Município de Camaçari,
Lei nº 913/2008.
Quanto questão da testada que era de 70,00m e passou para 60,00m, entendemos
que esta última tem uma medida significativa que permite uma implantação de
vários tipos de empreendimentos, tendo em vista que neste aspecto os recuos
laterais contariam tanto para uma testada de 70,00 quanto para uma de 60,00.
Ora, não se pode confundir a mera redução da atratividade comercial do imóvel com o
esvaziamento do potencial econômico da área remanescente, este sim pressuposto do direito
de extensão reclamado, sob pena de patente violação ao princípio da supremacia do
interesse público em detrimento do interesse do particular, mormente no caso concreto, tendo
em vista que o deferimento do pleito acarretaria a majoração da indenização devida de
R$1.423.062,98 para R$13.421.036,69, a ser suportada pelos cofres públicos da
municipalidade demandante.
Assinado eletronicamente por: ROBERTO MAYNARD FRANK - 21/03/2023 19:46:44 Num. 42089298 - Pág. 10
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Não é despiciendo assinalar que não se está aqui a negar a desvalorização advinda das
restrições de uso da propriedade impostas pela municipalidade, mas sim a reconhecer que o
direito de extensão não consiste no instituto adequado para recompor essa depreciação,
porquanto se trate, conforme já pontuado, de instituto de escopo restrito e excepcional,
justificado apenas quando devidamente comprovada ausência de qualquer atrativo econômico
da área remanescente ou imprestabilidade da área remanescente, o que não se verifica no
caso.
Nada obsta, contudo, que seja buscada a justa indenização em face da desvalorização da
área remanescente em ação própria, com ampla dilação probatória, tendo em vista que não
se revela possível aferir o dano em questão na presente demanda, tendo em vista os limites
objetivos da presente lide, bem assim a ausência de produção de provas nesse sentido na
origem.
Assinado eletronicamente por: ROBERTO MAYNARD FRANK - 21/03/2023 19:46:44 Num. 42089298 - Pág. 11
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mesma esteira de entendimento, a jurisprudência do STJ é no sentido de
necessidade de esclarecimentos do perito e de realização de novo laudo
pericial, quando houver discrepância entre o valor da oferta inicial e o
montante apurado pela perícia. AGRAVO CONHECIDO E PROVIDO. (Classe:
Agravo de Instrumento,Número do Processo: 0011017-96.2015.8.05.0000, Relator
(a): Moacyr Montenegro Souto, Terceira Câmara Cível, Publicado em: 15/06/2016 )
(TJ-BA - AI: 00110179620158050000, Relator: Moacyr Montenegro Souto, Terceira
Câmara Cível, Data de Publicação: 15/06/2016)
Assinado eletronicamente por: ROBERTO MAYNARD FRANK - 21/03/2023 19:46:44 Num. 42089298 - Pág. 12
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aqueles que, concretamente, sejam capazes de afastar a conclusão adotada na decisão.
3. A parte embargante pretende dar nítido caráter infringente aos declaratórios, os quais não
estão vocacionados a essa função, salvo em situações excepcionais, não caracterizadas no
caso. 4. Embargos manifestamente incabíveis não produzem o efeito de interromper o prazo
para interposição de outros recursos. Precedentes: ARE 738.488 AgR, Rel. Min. JOAQUIM
BARBOSA, Tribunal Pleno, DJe de 24/3/2014; AI 241.860 AgR-ED-ED-ED-AgR, Rel. Min.
CARLOS VELLOSO, Segunda Turma, DJ de 8/11/2002). 5. Embargos de Declaração não
conhecidos. Determinação de certificação do trânsito em julgado e arquivamento imediato dos
autos, independentemente da publicação do acórdão referente ao presente julgamento. (STF -
AgR-ED RMS: 36784 DF - DISTRITO FEDERAL 0246852-22.2015.3.00.0000, Relator: Min.
ALEXANDRE DE MORAES, Data de Julgamento: 15/04/2020, Primeira Turma, Data de
Publicação: DJe-118 13-05-2020)
Assinado eletronicamente por: ROBERTO MAYNARD FRANK - 21/03/2023 19:46:44 Num. 42089298 - Pág. 13
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recorrente, seria em tudo aplicável ao caso em testilha.
Assinado eletronicamente por: ROBERTO MAYNARD FRANK - 21/03/2023 19:46:44 Num. 42089298 - Pág. 14
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De fato, é preciso descer às particularidades do caso concreto para
verificar se a referida tese jurídica se enquadra na moldura fática dos autos, sendo
certo, contudo, que, no caso vertente, a turma julgadora entendeu em sentido
contrário.
Relator
Assinado eletronicamente por: ROBERTO MAYNARD FRANK - 21/03/2023 19:46:44 Num. 42089298 - Pág. 15
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PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA BAHIA
Quarta Câmara Cível
VOTO
Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial para:
I - esclarecer obscuridade ou eliminar contradição;
II - suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a
requerimento;
III - corrigir erro material.
Parágrafo único. Considera-se omissa a decisão que:
I - deixe de se manifestar sobre tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em
incidente de assunção de competência aplicável ao caso sob julgamento;
II - incorra em qualquer das condutas descritas no art. 489, § 1º.
Assinado eletronicamente por: ROBERTO MAYNARD FRANK - 21/03/2023 19:46:45 Num. 40659668 - Pág. 1
https://pje2g.tjba.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23032119464465700000039590033
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indireta no que diz respeito à parcela do imóvel não contemplada no decreto
expropriatório.
Ora, tal pleito não foi formulado no recurso de apelação manejado pelo
Embargante, caracterizando-se, pois, como nítida inovação vedada em sede de
embargos de declaração.
Assinado eletronicamente por: ROBERTO MAYNARD FRANK - 21/03/2023 19:46:45 Num. 40659668 - Pág. 2
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Número do documento: 23032119464465700000039590033
se cuidou de um dos pilares centrais do apelo do embargante.
Assinado eletronicamente por: ROBERTO MAYNARD FRANK - 21/03/2023 19:46:45 Num. 40659668 - Pág. 3
https://pje2g.tjba.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23032119464465700000039590033
Número do documento: 23032119464465700000039590033
conforme envolva total ou parcialmente o bem a ser desapropriado. O exercício do
direito de extensão se dá no caso da desapropriação parcial, quando a parte que
excede àquela que pretende o expropriante fica prática ou efetivamente inútil e
inservível. Para evitar a situação de permanecer com a propriedade apenas dessa
parte inócua, o expropriado requer que a desapropriação e, por conseguinte, a
indenização a ela se estenda, transformando-se então a desapropriação de parcial
para total.” (‘Manual de direito administrativo’. 32ª ed. São Paulo: Atlas, 2018, p.
963)
Do exposto, tem-se que o direito de extensão consiste em uma exceção e que para sua
configuração se faz necessário que a área remanescente do imóvel objeto de desapropriação
parcial deixe de exercer qualquer atrativo ou reste efetivamente inútil ou de difícil utilização
para o particular que sofreu a intervenção estatal em sua propriedade.
Volvendo ao caso em exame, verifica-se que a despeito do teor do laudo pericial constante
dos autos, o magistrado sentenciante afastou o direito de extensão pleiteado pelo réu, com
base nos fundamentos adiante transcritos:
[...] somente uma uma pequena fração do imóvel,aproximadamente 10% dez por
cento, fora objeto de Desapropriação, e por sua vez, o imóvel permanece com a
metragem de 12.192,25 m² , área que apresenta-se pública e notoriamente hábil
para empreendimentos comerciais e residenciais, em que pese as referidas
restrições administrativas relatadas no laudo juntado aos autos, razões pelas quais
não há amparo para acolhimento do pedido de indenização a título de direito de
extensão em favor do expropriado GILBERTO OLIVEIRA RAMOS, caso contrário,
trata-se, salvo melhor juízo, de lesão ao erário municipal e enriquecimento sem
causa (fls. 257).
Assinado eletronicamente por: ROBERTO MAYNARD FRANK - 21/03/2023 19:46:45 Num. 40659668 - Pág. 4
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Número do documento: 23032119464465700000039590033
limitando-se a afirmar genericamente que área “apresenta-se pública e notoriamente hábil
para empreendimentos comerciais e residenciais” mesmo com as restrições administrativas
advindas da intervenção municipal.
Ocorre que o cerne da avaliação quanto ao direito de extensão da parte que excede àquela
pretendida pelo expropriante, conforma já pontuado, deve ser a efetiva possibilidade de
exploração da área remanescente e não uma mera conta matemática da área em que houve
intervenção, pois de nada adiantaria se manter 90% do terreno original, se neste espaço não
se tem condições de exploração econômica.
No particular, convém trazer à colação as conclusões expostas pelo expert responsável pela
perícia levada a efeito nos autos:
8.1 Conclui-se que, com a redução da testada principal do imóvel avaliando para a
pista da Estrada do Coco, devido a área de servidão da linha de água de
distribuição, conforme o croquis do item 6.1 do presente Laudo, e com a instalação
da galeria pluvial no fundo do terreno do réu, conforme o item 6.2 do presente
Laudo, obras implantadas pelo Autor, áreas estas sobre as quais não se pode
construir, não resta dúvida de que toda a área remanescente do Réu ficou
imprestável para um empreendimento comercial de grande porte, que seria
perfeitamente possível com a sua área original.
De plano, cumpre assinalar que o juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar seu
convencimento com base em outros elementos e provas constantes dos autos, desde que
devidamente motivado, consoante inteligência do art. 479 do Código de Processo Civil.
Assentada tal premissa, observo que do cotejo do croqui do terreno do apelante com os
pouquíssimos registros fotográficos constantes do laudo pericial não se pode depreender
logicamente a conclusão esposada pelo perito no sentido de que as intervenções realizadas
pelo expropriante ensejaram o impedimento da realização de qualquer tipo de
empreendimento comercial no local, na medida em que apenas uma ínfima parcela da
propriedade foi, de fato, aproveitada pelo município.
Com efeito, nos primeiros registros é possível visualizar a utilização do terreno pelo Município
de Camaçari, na medida em que se observa a presença de caminhões e tratores no local,
materiais de construção ali depositados e terras revoltas pela passagem dos aludidos veículos
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e trabalhadores. Todavia, nos registros realizados pelo expert, tais intervenções não se
revelam mais visíveis, observando-se, ao revés, que as obras realizadas pelo município já
haviam aparentemente sido em grande parte finalizadas, com a consequente liberação do
terreno.
De outra banda, noto que, malgrado o perito do juízo tenha sido incisivo ao afirmar que as
obras implantadas pelo Município de Camaçari tenham implicado em restrições ao uso do
solo, impossibilitando o aproveitamento eficiente da área remanescente do réu, com
repercussão no valor desta, a conclusão é clara no sentido de que a imprestabilidade de tal
propriedade se dá apenas para a realização de empreendimento comercial de grande porte,
do que se denota, a contrario sensu, a possibilidade de implantação de outros
empreendimentos de menor dimensão.
Ademais, o laudo pericial não é claro ao esclarecer a extensão das restrições ao uso do solo
decorrentes das intervenções operadas pela municipalidade, porquanto afirme o perito apenas
que sobre estas áreas “não se pode construir”, sem informar maiores detalhes do grau de
comprometimento do poder construtivo no local. Em outras palavras, não se denota da
referida prova técnica informação no sentido da existência de qualquer impossibilidade
concreta de construção no interior da área remanescente, que perfaz o total de 12.189,25 m².
[…]
Quanto a questão de partes do terreno que não podem ser utilizados, fundo ou
frente não conseguimos enxergar como isso é possível, pois não existe
restrição ao uso do solo a não ser aquelas que se impõem em função dos
parâmetros estabelecidos pelo Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Lei
nº 866/2008 e do Código Urbanístico e ambiental do Município de Camaçari,
Lei nº 913/2008.
Quanto questão da testada que era de 70,00m e passou para 60,00m, entendemos
que esta última tem uma medida significativa que permite uma implantação de
vários tipos de empreendimentos, tendo em vista que neste aspecto os recuos
laterais contariam tanto para uma testada de 70,00 quanto para uma de 60,00.
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com que o empreendimento a ser implantado na área remanescente possa ter
melhor escoamento de trafego e acesso que antes não possuía. (Grifos
acrescidos)
Ora, não se pode confundir a mera redução da atratividade comercial do imóvel com o
esvaziamento do potencial econômico da área remanescente, este sim pressuposto do direito
de extensão reclamado, sob pena de patente violação ao princípio da supremacia do
interesse público em detrimento do interesse do particular, mormente no caso concreto, tendo
em vista que o deferimento do pleito acarretaria a majoração da indenização devida de
R$1.423.062,98 para R$13.421.036,69, a ser suportada pelos cofres públicos da
municipalidade demandante.
Não é despiciendo assinalar que não se está aqui a negar a desvalorização advinda das
restrições de uso da propriedade impostas pela municipalidade, mas sim a reconhecer que o
direito de extensão não consiste no instituto adequado para recompor essa depreciação,
porquanto se trate, conforme já pontuado, de instituto de escopo restrito e excepcional,
justificado apenas quando devidamente comprovada ausência de qualquer atrativo econômico
da área remanescente ou imprestabilidade da área remanescente, o que não se verifica no
caso.
Nada obsta, contudo, que seja buscada a justa indenização em face da desvalorização da
área remanescente em ação própria, com ampla dilação probatória, tendo em vista que não
se revela possível aferir o dano em questão na presente demanda, tendo em vista os limites
objetivos da presente lide, bem assim a ausência de produção de provas nesse sentido na
origem.
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DA DEMANDA. INTELIGÊNCIA DO ART. 20 DECRETO-LEI N. 3.365/41.
DISCREPÂNCIA ENTRE O VALOR DA OFERTA INICIAL E O APURADO PELA
PERÍCIA. NECESSIDADE DE NOVO LAUDO. PRECEDENTES DO STJ. AGRAVO
CONHECIDO E PROVIDO. Em se tratando de desapropriação de imóvel, o depósito
prévio em Juízo, inclusive eventuais complementações, são considerados
pagamento prévio da indenização, possibilitando o levantamento de 80% do valor
depositado, nos termos das determinações contidas no art. 33 do Decreto-Lei nº
3.365/1941, corroborado pela jurisprudência do STJ. Daí surge o perigo de
irreversibilidade ante a possiblidade de levantamento de 80% do valor do novo
depósito, correspondente a uma segunda complementação, cuja legalidade se
discute. 4. A Ação de Desapropriação não é a adequada para discussão mais
ampla acerca de eventual inaproveitabilidade ou desvalorização de área
remanescente e sua titularidade, que poderá ser objeto de ação própria. 5. Na
mesma esteira de entendimento, a jurisprudência do STJ é no sentido de
necessidade de esclarecimentos do perito e de realização de novo laudo
pericial, quando houver discrepância entre o valor da oferta inicial e o
montante apurado pela perícia. AGRAVO CONHECIDO E PROVIDO. (Classe:
Agravo de Instrumento,Número do Processo: 0011017-96.2015.8.05.0000, Relator
(a): Moacyr Montenegro Souto, Terceira Câmara Cível, Publicado em: 15/06/2016 )
(TJ-BA - AI: 00110179620158050000, Relator: Moacyr Montenegro Souto, Terceira
Câmara Cível, Data de Publicação: 15/06/2016)
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PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DECLARATÓRIOS NO AGRAVO INTERNO NA
RECLAMAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIOS DE FUNDAMENTAÇÃO NO ACÓRDÃO
EMBARGADO. DESNECESSIDADE DE ENFRENTAR TODOS OS ARGUMENTOS
DEDUZIDOS, MAS SOMENTE AQUELES CAPAZES DE INFIRMAR, CONCRETAMENTE, A
CONCLUSÃO ADOTADA PELO JULGADOR. NÍTIDO CARÁTER INFRINGENTE.
EMBARGOS MANIFESTAMENTE INCABÍVEIS NÃO INTERROMPEM O PRAZO PARA
INTERPOSIÇÃO DE OUTROS RECURSOS. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NÃO
CONHECIDOS. PRECEDENTES. CERTIFICAÇÃO DO TRÂNSITO EM JULGADO E
ARQUIVAMENTO IMEDIATO DOS AUTOS, INDEPENDENTEMENTE DA PÚBLICAÇÃO DO
ACÓRDÃO REFERENTE AO PRESENTE JULGAMENTO. 1. O acórdão embargado não
apresenta omissão, contradição, obscuridade ou erro material. O ofício judicante realizou-se
de forma completa e satisfatória, não se mostrando necessários quaisquer reparos. 2. Não é
dever do julgador rebater todos os fundamentos apresentados pela parte, mas somente
aqueles que, concretamente, sejam capazes de afastar a conclusão adotada na decisão.
3. A parte embargante pretende dar nítido caráter infringente aos declaratórios, os quais não
estão vocacionados a essa função, salvo em situações excepcionais, não caracterizadas no
caso. 4. Embargos manifestamente incabíveis não produzem o efeito de interromper o prazo
para interposição de outros recursos. Precedentes: ARE 738.488 AgR, Rel. Min. JOAQUIM
BARBOSA, Tribunal Pleno, DJe de 24/3/2014; AI 241.860 AgR-ED-ED-ED-AgR, Rel. Min.
CARLOS VELLOSO, Segunda Turma, DJ de 8/11/2002). 5. Embargos de Declaração não
conhecidos. Determinação de certificação do trânsito em julgado e arquivamento imediato dos
autos, independentemente da publicação do acórdão referente ao presente julgamento. (STF -
AgR-ED RMS: 36784 DF - DISTRITO FEDERAL 0246852-22.2015.3.00.0000, Relator: Min.
ALEXANDRE DE MORAES, Data de Julgamento: 15/04/2020, Primeira Turma, Data de
Publicação: DJe-118 13-05-2020)
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Desse modo, não merece guarida a pretensão de revaloração do
conjunto fático-probatório travestida de intento de suprimento de omissão no
julgado.
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desprovido, pois, de qualquer efeito vinculante, além de remontar ao longínquo ano
de 2004.
Relator
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PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA BAHIA
Quarta Câmara Cível
ACORDÃO
RELATÓRIO
A P E L A Ç ÕE S S I M U L T Â N E A S . A Ç Ã O D E DE S A P R O P R IA Ç Ã O .
IMPROCEDÊNCIA DO DIREITO DE EXTENSÃO. DESCABIMENTO DOS
PLEITOS DE RECONHECIMENTO DA EXISTÊNCIA DE
DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA E DE INDENIZAÇÃO EM RELAÇÃO AOS
PREJUÍZOS SUPORTADOS PELO RÉU. AÇÃO DE COGNIÇÃO
RESTRITA. DA JUSTA INDENIZAÇÃO PELA DESAPROPRIAÇÃO.
ACOLHIMENTO DO LAUDO PERICIAL. MÉTODO COMPARATIVO.
REFORMA DA SENTENÇA. CORREÇÃO MONETÁRIA DEVIDA DESDE A
DATA DA CONFECÇÃO DO LAUDO PERICIAL JUDICIAL. EXTINÇÃO DA
AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE INDEVIDA. NÃO ESVAZIAMENTO
DO OBJETO. RECURSO DO AUTOR IMPROVIDO. RECURSO DO RÉU
PARCIALMENTE PROVIDO.
Relator
ACORDÃO
CERTIDÃO DE PUBLICAÇÃO
CERTIFICO, para dos devidos fins, a disponibilização no Diário de Justiça Eletrônico do Poder
Judiciário do Estado da Bahia, edição de 24/03/2023, do(a) acórdão/decisão/despacho/ato
ordinatório retro, proferido(a) nos presentes autos, nos termos da Lei nº 11.419 e Decreto
Judiciário nº 064 de 10 de março de 2009, considerado publicado no primeiro dia útil
subsequente, conforme regra estabelecida no art. 224, § 2º, do CPC. Salvador, 13 de abril de
2023.