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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA

TRIBUNAL DE JUSTIÇA
QUARTA CÂMARA CÍVEL
5ª Av. do CAB, nº 560 - Centro - CEP: 41745971 - Salvador/BA

CERTIDÃO DE JULGAMENTO

Certifico, para os devidos fins, que o referenciado processo foi julgado em SESSÃO ORDINÁRIA da QUARTA CÂMARA
CÍVEL, sob a presidência do(a) Excelentíssimo(a) Senhor(a) Desembargador(a) JOAO AUGUSTO ALVES DE
OLIVEIRA PINTO.

523 - 0501577-96.2015.8.05.0039.1. ED Civ - EMBARGOS DE DECLARAÇÃO CÍVEL (1689)

EMBARGANTE: Gilberto Oliveira Ramos e outros

Advogado(s): ANDRE ISENSEE DE SOUZA, SILAS MARCOS DE SANTANA LOPES

EMBARGADO: Gilberto Oliveira Ramos e outros

Relator: ROBERTO MAYNARD FRANK

COMPOSIÇÃO DO JULGAMENTO:

Desembargador - Angelo Jeronimo E Silva Vita,


Desembargador - Roberto Maynard Frank,
Desembargador - Marcelo Silva Britto,

Data do julgamento: 13/03/2023

Decisão: Rejeitado Por Unanimidade

Salvador, 21 de março de 2023.

(assinado digitalmente)

DILCEMA ARAUJO ALMEIDA


Secretário(a) do órgão Julgador

Assinado eletronicamente por: DILCEMA ARAUJO ALMEIDA - 21/03/2023 17:10:58 Num. 42083037 - Pág. 1
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Número do documento: 23032117105869900000092856200
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA BAHIA
Quarta Câmara Cível

Processo: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO CÍVEL n. 0501577-96.2015.8.05.0039.1. ED Civ


Órgão Julgador: Quarta Câmara Cível
EMBARGANTE: Gilberto Oliveira Ramos e outros
Advogado(s): ANDRE ISENSEE DE SOUZA, SILAS MARCOS DE SANTANA LOPES
EMBARGADO: Gilberto Oliveira Ramos e outros
Advogado(s):ANDRE ISENSEE DE SOUZA, SILAS MARCOS DE SANTANA LOPES

ACORDÃO

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DE OMISSÃO,


CO NT RA DI ÇÃO OU OB S CU RI DA D E N O J UL G A DO .
RECURSO DE FUNDAMENTAÇÃO VINCULADA QUE NÃO
SE PRESTA AO REEXAME DE MATÉRIAS JÁ DECIDIDAS
PELO ÓRGÃO JULGADOR. PRETENSÃO DE
REVALORAÇÃO DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO DE
MODO A REDUNDAR EM NOVO JUÍZO DE MÉRITO. MERO
INCONFORMISMO COM O RESULTADO DO JULGADO.
HIPÓTESE NÃO PREVISTA NO ART. 1.022 DO CPC.
PRECEDENTES.PEDIDO SUBSIDIÁRIO QUE SE
CARACTERIZA COMO INOVAÇÃO RECURSAL VEDADA
PELO ORDENAMENTO JURÍDICO PÁTRIO. EMBARGOS
REJEITADOS.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de n. 0501577-96.2015.8.05.0039.1.EDCiv, em que


figuram como embargante Gilberto Oliveira Ramos e como embargado o MUNICÍPIO DE
CAMAÇARI.

ACORDAM os magistrados integrantes da Quarta Câmara Cível do Estado da Bahia, por


unanimidade, em rejeitar os embargos de declaração, nos termos do voto do relator.

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Sala de sessões, em de 2023.

PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA BAHIA
QUARTA CÂMARA CÍVEL

DECISÃO PROCLAMADA

Rejeitado Por Unanimidade


Salvador, 13 de Março de 2023.

PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA BAHIA
Quarta Câmara Cível
Processo: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO CÍVEL n. 0501577-96.2015.8.05.0039.1. ED Civ
Órgão Julgador: Quarta Câmara Cível
EMBARGANTE: Gilberto Oliveira Ramos e outros
Advogado(s): ANDRE ISENSEE DE SOUZA, SILAS MARCOS DE SANTANA LOPES
EMBARGADO: Gilberto Oliveira Ramos e outros
Advogado(s): ANDRE ISENSEE DE SOUZA, SILAS MARCOS DE SANTANA LOPES

RELATÓRIO

Trata-se de Embargos de Declaração opostos pelo GILBERTO

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OLIVEIRA RAMOS em face de acórdão acostado ao evento de ID. 23377199 dos
autos principais, que se encontra assim ementado, in litteris:

A P E L A Ç ÕE S S I M U L T Â N E A S . A Ç Ã O D E DE S A P R O P R IA Ç Ã O .
IMPROCEDÊNCIA DO DIREITO DE EXTENSÃO. DESCABIMENTO DOS
PLEITOS DE RECONHECIMENTO DA EXISTÊNCIA DE
DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA E DE INDENIZAÇÃO EM RELAÇÃO AOS
PREJUÍZOS SUPORTADOS PELO RÉU. AÇÃO DE COGNIÇÃO
RESTRITA. DA JUSTA INDENIZAÇÃO PELA DESAPROPRIAÇÃO.
ACOLHIMENTO DO LAUDO PERICIAL. MÉTODO COMPARATIVO.
REFORMA DA SENTENÇA. CORREÇÃO MONETÁRIA DEVIDA DESDE A
DATA DA CONFECÇÃO DO LAUDO PERICIAL JUDICIAL. EXTINÇÃO DA
AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE INDEVIDA. NÃO ESVAZIAMENTO
DO OBJETO. RECURSO DO AUTOR IMPROVIDO. RECURSO DO RÉU
PARCIALMENTE PROVIDO.

Em suas razões recursais, a parte embargante afirma que o acórdão


embargado foi omisso por desconsiderar a existência de desapropriação indireta de
fração considerável do terreno não contemplada pelo decreto expropriatório.

Argumenta que é incontroverso nos autos que o Município operou


diversas intervenções não previstas no édito expropriatório, sem autorização
judicial, sendo certo que pela natureza de tai intervenções (drenagem e instalação
de galeria pluvial) o aproveitamento econômico da parte remanescente do bem
restou inviabilizada.

Assevera que, além dos registros fotográficos constantes do laudo


pericial, outros elementos se fazem presentes nos autos de origem e também na
ação de reintegração de posse conexa, os quais não deixam dúvidas sobre a
ocorrência de desapropriação indireta.

Aduz que o acórdão embargado se limitou a abordar a conclusão


exarada no laudo pericial sem se debruçar sobre os fundamentos e provas que
direcionaram o expert.

Conclui no sentido de que o arcabouço probatório contido nos autos é


robusto e suficiente à comprovação da desapropriação indireta, bem como que o
próprio laudo pericial corrobora esse entendimento, destacando-se excertos deste
não abordados no acórdão.

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Alega que não se faz necessária a completa inutilização do bem para
fins de reconhecimento do direito de extensão, bastando a perda substancial do
poderio econômico do imóvel, hipótese dos autos.

Registra que fora invocado precedente do Superior Tribunal de Justiça


nas razões de seu apelo não enfrentado no acórdão embargado, o que importa em
violação ao art. 489, §, inc. VI, do CPC.

Ao final, requer o acolhimento dos embargos de declaração com efeitos


modificativos, para que sejam sanados os vícios apontados e reconhecido o direito
de extensão pretendido.

Subsidiariamente, requer seja designada nova perícia, nos termos do


art. 480 do CPC, caso se entenda insuficientes os elementos probatórios contidos
nos autos.

Contrarrazões recursais aduanadas ao evento processual de ID.


38516053.

Vieram-me, então, os autos conclusos.

Eis o relatório.

À Secretaria, para inclusão em pauta de julgamento.

Salvador/BA, 15 de fevereiro de 2023.

Des. Roberto Maynard Frank

Relator

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Quarta Câmara Cível

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Processo: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO CÍVEL n. 0501577-96.2015.8.05.0039.1. ED Civ
Órgão Julgador: Quarta Câmara Cível
EMBARGANTE: Gilberto Oliveira Ramos e outros
Advogado(s): ANDRE ISENSEE DE SOUZA, SILAS MARCOS DE SANTANA LOPES
EMBARGADO: Gilberto Oliveira Ramos e outros
Advogado(s): ANDRE ISENSEE DE SOUZA, SILAS MARCOS DE SANTANA LOPES

VOTO

Devidamente examinados, encontram-se preenchidos os pressupostos


de admissibilidade, motivo pelo qual conheço do presente recurso.

Consoante inteligência do art. 1.022 do Código de Processo Civil, os


Embargos de Declaração consistem em espécie recursal de fundamentação
vinculada, somente cabíveis para esclarecer obscuridade, eliminar contradição,
suprir omissão ou corrigir erro material no pronunciamento jurisdicional.

Eis o teor do dispositivo em destaque:

Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial para:
I - esclarecer obscuridade ou eliminar contradição;
II - suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a
requerimento;
III - corrigir erro material.
Parágrafo único. Considera-se omissa a decisão que:
I - deixe de se manifestar sobre tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em
incidente de assunção de competência aplicável ao caso sob julgamento;
II - incorra em qualquer das condutas descritas no art. 489, § 1º.

No caso em apreço, a parte embargante defende, em apertada síntese,


que, conquanto robusto e suficiente o arcabouço probatório contido nos autos, o
acórdão embargado não reconheceu a ocorrência do fenômeno da desapropriação
indireta no que diz respeito à parcela do imóvel não contemplada no decreto
expropriatório.

Sustenta o Embargante que, para fins de reconhecimento do direito de


extensão, não se faz necessária a completa inutilização do bem, bastando a perda
substancial do poderio econômico do imóvel, o que restou devidamente
demonstrado no caso.

No ensejo de conferir lastro a essa conclusão, discorre sobre as provas

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carreadas aos fólios, bem como destaca particularidades de tais elementos
probatórios supostamente não apreciados no acórdão.

Nesse panorama, desponta insofismável a pretensão da parte


embargante de rediscussão de matéria já julgada, por meio da revaloração do
conjunto fático-probatório, de modo a redundar na formação de novo juízo de mérito
a seu contento, o que não se afigura ordinariamente viável nesta estreita via
recursal diante de sua vocação eminentemente integrativa.

Com efeito, a pretensão reformativa sequer é disfarçada no caso


vertente.

É o que se infere do fato de o Embargante pleitear em caráter


subsidiário que, na hipótese de esta Corte de Justiça não se convencer acerca do
direito de extensão pugnado à luz dos elementos já constantes nos autos, “seja
aplicado o art. 480 do NCPC, designando-se nova perícia para, tão somente,
esclarecer a existência de fatos que sustentem o direito de extensão”.

Ora, tal pleito não foi formulado no recurso de apelação manejado pelo
Embargante, caracterizando-se, pois, como nítida inovação vedada em sede de
embargos de declaração.

Além disso, o pedido em questão evidencia em absoluto o mero


inconformismo da parte com o resultado do julgamento, o que não caracteriza,
entrementes, vício no aresto, tampouco constitui hipótese de cabimento de
embargos declaratórios, consoante inteligência do art. 1.022 do CPC, transcrito
alhures.

De fato, dessume-se da leitura do voto condutor do acórdão embargado


a existência de capítulo próprio em derredor do direito de extensão vindicado, que
se cuidou de um dos pilares centrais do apelo do embargante.

A propósito, transcreve-se excerto do aludido voto condutor a respeito


do tema:

II. Do direito de extensão e dos pleitos de reconhecimento da


existência de desapropriação indireta e de indenização dos prejuízos suportados
pelo réu/apelante

Consoante cediço, a ação de desapropriação é de cognição restrita, admitindo-se discussão

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apenas a respeito do preço e da lisura do processo judicial, sendo certo que demais questões
deverão ser decididas em ação própria nas vias ordinárias, com a devida dilação probatória.

No entanto, é pacífica a jurisprudência no sentido de ser possível pedido de extensão na


própria ação de desapropriação direta, por se tratar de mero desdobramento da irresignação
do expropriado quanto ao preço do bem.

Nesse sentido, trago à colação precedente do Superior Tribunal de Justiça:

ADMINISTRATIVO. DESAPROPRIAÇÃO. UTILIDADE PÚBLICA. DIREITO DE


EXTENSÃO. CONTESTAÇÃO. POSSIBILIDADE. 1. Direito de extensão é o que assiste
ao proprietário de exigir que se inclua no plano de desapropriação a parte
remanescente do bem, que se tornou inútil ou de difícil utilização. 2. "(...) o pedido de
extensão é formulado na via administrativa, quando há a perspectiva de acordo, ou na
via judicial, neste caso por ocasião da contestação. O réu, impugnando o valor ofertado
pelo expropriante, apresenta outra avaliação do bem, considerando a sua integralidade,
e não a sua parcialidade, como pretendia o autor. O juiz, se reconhecer presentes os
elementos do direito, fixará a indenização correspondente à integralidade do bem.
Resulta daí que é o bem, da mesma forma em sua integralidade, que se transferirá ao
patrimônio do expropriante" (José dos Santos Carvalho Filho, Manual de Direito
Administrativo, 11ª edição, Editora Lumen Juris, Rio de Janeiro, 2004, p. 723). 3. O
direito de extensão nada mais é do que a impugnação do preço ofertado pelo
expropriante. O réu, quando impugna na contestação o valor ofertado, apresenta outra
avaliação do bem, abrangendo a integralidade do imóvel, e não apenas a parte incluída
no plano de desapropriação. Assim, o pedido de extensão formulado na
contestação em nada ofende o art. 20 do Decreto-Lei 3.365/41, segundo o qual a
contestação somente pode versar sobre "vício do processo judicial ou
impugnação do preço". Precedentes de ambas as Turmas de Direito Público. 4.
Recurso especial não provido (STJ - REsp: 986386 SP 2007/0213605-5, Relator:
Ministro CASTRO MEIRA, Data de Julgamento: 04/03/2008, T2 - SEGUNDA TURMA,
Data de Publicação: DJ 17.03.2008 p. 1)

Com efeito, o direito de extensão consiste na possibilidade do expropriado reclamar que a


desapropriação e a respectiva indenização compreendam a integralidade do bem objeto da
intervenção do Ente Público quando o espaço remanescente deixar de exercer qualquer
atrativo econômico, tornando-se inútil ou de difícil utilização.

A respeito do instituto, colhe-se da doutrina o ensinamento do ilustre Professor JOSÉ


SANTOS CARVALHO FILHO:

Direito de extensão é o direito do expropriado de exigir que a desapropriação e a


indenização alcancem a totalidade do bem, quando o remanescente resultar
esvaziado de seu conteúdo econômico. A desapropriação pode ser total ou parcial,
conforme envolva total ou parcialmente o bem a ser desapropriado. O exercício do
direito de extensão se dá no caso da desapropriação parcial, quando a parte que
excede àquela que pretende o expropriante fica prática ou efetivamente inútil e
inservível. Para evitar a situação de permanecer com a propriedade apenas dessa
parte inócua, o expropriado requer que a desapropriação e, por conseguinte, a
indenização a ela se estenda, transformando-se então a desapropriação de parcial
para total.” (‘Manual de direito administrativo’. 32ª ed. São Paulo: Atlas, 2018, p.
963)

Na mesma linha de intelecção caminha a hodierna orientação jurisprudencial, a propósito:

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DIREITO ADMINISTRATIVO. DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA. ART. 8º DA LEI Nº
489/2001 DO MUNICÍPIO DE PINHAIS. NÃO CONFIGURAÇÃO DO DIREITO DO
MUNICÍPIO A RECEBER PARTE DE IMÓVEIS DESMEMBRADOS. ESBULHO
CONFIGURADO. [...] Em desapropriação, direito de extensão é o direito do
expropriado de exigir que a desapropriação e a indenização alcancem a
totalidade do bem, quando o remanescente resultar esvaziado de seu
conteúdo econômico. b) O exercício do direito de extensão se dá no caso da
desapropriação parcial, quando a parte que excede àquela que pretende o
expropriante fica prática ou efetivamente inútil e inservível. Apelação Cível e
Remessa Necessária nº 1581685-2 c) Para que se defira o direito à extensão, em
desapropriação indireta, deve a parte formular pedido expresso nesse sentido,
demonstrando que a área remanescente, não atingida diretamente pelo esbulho
possessório, perdera seu conteúdo econômico. d) Tendo a sentença concedido o
direito de extensão, sem o correspondente pedido inicial, incorreu em violação ao
princípio da correlação ou congruência, extraído dos arts. 141 e 492 do CPC/2015,
configurando, portanto, decisão ultra petita.[...] (TJ-PR - APL: 15816852 PR
1581685-2 (Acórdão), Relator: Leonel Cunha, Data de Julgamento: 01/11/2016, 5ª
Câmara Cível, Data de Publicação: DJ: 1920 10/11/2016)

Do exposto, tem-se que o direito de extensão consiste em uma exceção e que para sua
configuração se faz necessário que a área remanescente do imóvel objeto de desapropriação
parcial deixe de exercer qualquer atrativo ou reste efetivamente inútil ou de difícil utilização
para o particular que sofreu a intervenção estatal em sua propriedade.

Volvendo ao caso em exame, verifica-se que a despeito do teor do laudo pericial constante
dos autos, o magistrado sentenciante afastou o direito de extensão pleiteado pelo réu, com
base nos fundamentos adiante transcritos:

[...] somente uma uma pequena fração do imóvel,aproximadamente 10% dez por
cento, fora objeto de Desapropriação, e por sua vez, o imóvel permanece com a
metragem de 12.192,25 m² , área que apresenta-se pública e notoriamente hábil
para empreendimentos comerciais e residenciais, em que pese as referidas
restrições administrativas relatadas no laudo juntado aos autos, razões pelas quais
não há amparo para acolhimento do pedido de indenização a título de direito de
extensão em favor do expropriado GILBERTO OLIVEIRA RAMOS, caso contrário,
trata-se, salvo melhor juízo, de lesão ao erário municipal e enriquecimento sem
causa (fls. 257).

Da leitura do excerto, nota-se que o magistrado sentenciante se apegou a fração do imóvel


efetivamente utilizada pelo poder público, sem tecer maiores considerações a respeito da
viabilidade de se utilizar a área remanescente para realização de outros empreendimentos,
limitando-se a afirmar genericamente que área “apresenta-se pública e notoriamente hábil
para empreendimentos comerciais e residenciais” mesmo com as restrições administrativas
advindas da intervenção municipal.

Ocorre que o cerne da avaliação quanto ao direito de extensão da parte que excede àquela
pretendida pelo expropriante, conforma já pontuado, deve ser a efetiva possibilidade de
exploração da área remanescente e não uma mera conta matemática da área em que houve
intervenção, pois de nada adiantaria se manter 90% do terreno original, se neste espaço não
se tem condições de exploração econômica.

Não obstante a fundamentação simplista da sentença no ponto, entendo que o caso é de


manutenção do indeferimento do pedido de extensão.

No particular, convém trazer à colação as conclusões expostas pelo expert responsável pela

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perícia levada a efeito nos autos:

8.1 Conclui-se que, com a redução da testada principal do imóvel avaliando para a
pista da Estrada do Coco, devido a área de servidão da linha de água de
distribuição, conforme o croquis do item 6.1 do presente Laudo, e com a instalação
da galeria pluvial no fundo do terreno do réu, conforme o item 6.2 do presente
Laudo, obras implantadas pelo Autor, áreas estas sobre as quais não se pode
construir, não resta dúvida de que toda a área remanescente do Réu ficou
imprestável para um empreendimento comercial de grande porte, que seria
perfeitamente possível com a sua área original.

Desta forma, as citadas obras implantadas pelo Autor, resultaram em restrições ao


uso do solo, impossibilitando o aproveitamento eficiente da área, depreciando o
valor da área remanescente do réu, pois não é viável ser instalado apenas na
parte da frente, na beira da pista, um empreendimento comercial de menor porte, e
depois ficar sobrando a parte da área do fundo do terreno, que teria a sua
atratividade comercial reduzida, com a consequente desvalorização.

Então, restou caracterizado o que a Norma Técnica SABESP NTS 29 – Critérios de


Avaliação para Indenização de Faixas de Servidão, adotada pelo IBAPE/SP
(instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia), preconiza no seu item
6.1.1:

“Na impossibilidade de aproveitamento eficiente do imóvel em face da faixa de


servidão deve-se desapropriar integralmente o imóvel em consonância com as
normas técnicas vigentes.” […] (fls. 176) [grifos acrescidos]

De plano, cumpre assinalar que o juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar seu
convencimento com base em outros elementos e provas constantes dos autos, desde que
devidamente motivado, consoante inteligência do art. 479 do Código de Processo Civil.

Assentada tal premissa, observo que do cotejo do croqui do terreno do apelante com os
pouquíssimos registros fotográficos constantes do laudo pericial não se pode depreender
logicamente a conclusão esposada pelo perito no sentido de que as intervenções realizadas
pelo expropriante ensejaram o impedimento da realização de qualquer tipo de
empreendimento comercial no local, na medida em que apenas uma ínfima parcela da
propriedade foi, de fato, aproveitada pelo município.

Tal conclusão, frise-se, é reforçada quando se confronta os registros fotográficos do local


registrados no ano de 2014 — constantes da ação de reintegração de posse tombada sob o
n.º 0306450-60.2014.8.05.0039 (fls. 28/35) — com aqueles presentes no referido laudo
pericial, capturados no ano de 2016.

Com efeito, nos primeiros registros é possível visualizar a utilização do terreno pelo Município
de Camaçari, na medida em que se observa a presença de caminhões e tratores no local,
materiais de construção ali depositados e terras revoltas pela passagem dos aludidos veículos
e trabalhadores. Todavia, nos registros realizados pelo expert, tais intervenções não se
revelam mais visíveis, observando-se, ao revés, que as obras realizadas pelo município já
haviam aparentemente sido em grande parte finalizadas, com a consequente liberação do
terreno.

De outra banda, noto que, malgrado o perito do juízo tenha sido incisivo ao afirmar que as
obras implantadas pelo Município de Camaçari tenham implicado em restrições ao uso do
solo, impossibilitando o aproveitamento eficiente da área remanescente do réu, com
repercussão no valor desta, a conclusão é clara no sentido de que a imprestabilidade de tal
propriedade se dá apenas para a realização de empreendimento comercial de grande porte,
do que se denota, a contrario sensu, a possibilidade de implantação de outros
empreendimentos de menor dimensão.

Ademais, o laudo pericial não é claro ao esclarecer a extensão das restrições ao uso do solo

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decorrentes das intervenções operadas pela municipalidade, porquanto afirme o perito apenas
que sobre estas áreas “não se pode construir”, sem informar maiores detalhes do grau de
comprometimento do poder construtivo no local. Em outras palavras, não se denota da
referida prova técnica informação no sentido da existência de qualquer impossibilidade
concreta de construção no interior da área remanescente, que perfaz o total de 12.189,25 m².

Corrobora tal entendimento a manifestação técnica de lavra da Comissão de Avaliação de


Imóveis da Secretaria de Desenvolvimento Urbano de Camaçari adunada às fls. 232/246,
cujas razões adoto como razão de decidir:

Gostaríamos inicialmente de caracterizar a área em questão tendo em vista sua


capacidade construtiva através dos parâmetros impostos pelo Plano Diretor de
Desenvolvimento Urbano Lei nº 866/2008 e do Código Urbanístico e ambiental do
Município de Camaçari, Lei nº 913/2008,

A caracterização acima tem o intuito de demonstrar que a área remanescente


de 12,189, 25m² possui capacidade para empreender atividades comerciais,
habitacionais, industriais ou outras que o Sr. Gilberto Oliveira Ramos
proprietário do mesmo desejar, para isso estamos anexando a este ofício uma
consulta prévia que pode ser consultada a qualquer momento através do site
oficial da Prefeitura que é o camacari.ba.gov.br.

[…]

Os números acima demonstram que com área remanescente de 12.189,25 m² o


Sr. Gilberto Oliveira Ramos poderá construir em projeção sobre o terreno uma
edificação de 6.0974,62 m² e 12.189,25m², caso queira erigir mais de um
pavimento como permitido pelo gabarito máximo que no caso é de 03 de
pavimentos.

Quanto a questão de partes do terreno que não podem ser utilizados, fundo ou
frente não conseguimos enxergar como isso é possível, pois não existe
restrição ao uso do solo a não ser aquelas que se impõem em função dos
parâmetros estabelecidos pelo Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Lei
nº 866/2008 e do Código Urbanístico e ambiental do Município de Camaçari,
Lei nº 913/2008.

Quanto questão da testada que era de 70,00m e passou para 60,00m, entendemos
que esta última tem uma medida significativa que permite uma implantação de
vários tipos de empreendimentos, tendo em vista que neste aspecto os recuos
laterais contariam tanto para uma testada de 70,00 quanto para uma de 60,00.

Existe ainda um aspecto importante a considerar é que com a ampliação e


melhoramento da via (rua da Grama), entendemos que o terreno passou a ser
valorizado, situação que não existia anteriormente tendo em vista a
dificuldade de acesso com a via em cascalho e sem duplicação, este fato fará
com que o empreendimento a ser implantado na área remanescente possa ter
melhor escoamento de trafego e acesso que antes não possuía. (Grifos
acrescidos)

Ora, não se pode confundir a mera redução da atratividade comercial do imóvel com o
esvaziamento do potencial econômico da área remanescente, este sim pressuposto do direito
de extensão reclamado, sob pena de patente violação ao princípio da supremacia do
interesse público em detrimento do interesse do particular, mormente no caso concreto, tendo
em vista que o deferimento do pleito acarretaria a majoração da indenização devida de
R$1.423.062,98 para R$13.421.036,69, a ser suportada pelos cofres públicos da
municipalidade demandante.

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Não é despiciendo assinalar que não se está aqui a negar a desvalorização advinda das
restrições de uso da propriedade impostas pela municipalidade, mas sim a reconhecer que o
direito de extensão não consiste no instituto adequado para recompor essa depreciação,
porquanto se trate, conforme já pontuado, de instituto de escopo restrito e excepcional,
justificado apenas quando devidamente comprovada ausência de qualquer atrativo econômico
da área remanescente ou imprestabilidade da área remanescente, o que não se verifica no
caso.

Nada obsta, contudo, que seja buscada a justa indenização em face da desvalorização da
área remanescente em ação própria, com ampla dilação probatória, tendo em vista que não
se revela possível aferir o dano em questão na presente demanda, tendo em vista os limites
objetivos da presente lide, bem assim a ausência de produção de provas nesse sentido na
origem.

Não destoa da conclusão aqui esposada a orientação jurisprudencial, consoante se


depreende dos arestos adiante colacionados:

APELAÇÃO CÍVEL – DESAPROPRIAÇÃO – Fernandópolis – […] 4. Indenização da


área remanescente e incorporação ao patrimônio do autor – Inadmissibilidade –
Julgamento extra petita – Inteligência do artigo 20 do Decreto-lei nº 3.365/1941 –
Inocorrência de exercício do "direito de extensão" – Eventuais danos causados na
área remanescente que devem ser discutidos em ação própria, com ampla
dilação probatória. 5. Correção monetária – Expediente necessário para a
manutenção do poder de compra da moeda – Cômputo a partir da data de
elaboração do laudo pericial. 6. Juros compensatórios – Incidência que decorre da
perda antecipada da posse do imóvel e à taxa de 12% ao ano – Aplicabilidade da
Súmula 408 do STJ. 7. Juros moratórios – Observância da regra do artigo 15-B do
Decreto-lei nº 3.365/41 – Incidência à taxa de 6% ao ano e a partir de 1º de janeiro
do exercício seguinte àquele em que o pagamento deveria ser feito. 8. Honorários
advocatícios – Aplicabilidade do artigo 27, § 1º, do Decreto-lei nº 3.365/1941 e da
Súmula 141 do STJ – Cálculo sobre a diferença entre a indenização e a oferta
inicial, corrigidas monetariamente. Sentença reformada – Recursos voluntários e
reexame necessário parcialmente providos. (TJ-SP - APL: 00051323920128260189
SP 0005132-39.2012.8.26.0189, Relator: Cristina Cotrofe, Data de Julgamento:
28/09/2016, 8ª Câmara de Direito Público, Data de Publicação: 29/09/2016)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE DESAPROPRIAÇÃO. OFERTA DE


PAGAMENTO PRÉVIO. VALOR DA INDENIZAÇÃO. DETERMINAÇÃO DE
PRIMEIRA COMPLEMENTAÇÃO. DEPOSITO EFETUADO. DETERMINAÇÃO DE
NOVA COMPLEMENTAÇÃO. EQUIVALÊNCIA A PAGAMENTO PRÉVIO DE
INDENIZAÇÃO. APLICAÇÃO DO ART. 33 DO DECRETO-LEI N. 3.365/41. PERIGO
DE IRREVERSIBILIDADE. MATÉRIA DA CONTESTAÇÃO RESTRITA. NATUREZA
DA DEMANDA. INTELIGÊNCIA DO ART. 20 DECRETO-LEI N. 3.365/41.
DISCREPÂNCIA ENTRE O VALOR DA OFERTA INICIAL E O APURADO PELA
PERÍCIA. NECESSIDADE DE NOVO LAUDO. PRECEDENTES DO STJ. AGRAVO
CONHECIDO E PROVIDO. Em se tratando de desapropriação de imóvel, o depósito
prévio em Juízo, inclusive eventuais complementações, são considerados
pagamento prévio da indenização, possibilitando o levantamento de 80% do valor
depositado, nos termos das determinações contidas no art. 33 do Decreto-Lei nº
3.365/1941, corroborado pela jurisprudência do STJ. Daí surge o perigo de
irreversibilidade ante a possiblidade de levantamento de 80% do valor do novo
depósito, correspondente a uma segunda complementação, cuja legalidade se
discute. 4. A Ação de Desapropriação não é a adequada para discussão mais
ampla acerca de eventual inaproveitabilidade ou desvalorização de área
remanescente e sua titularidade, que poderá ser objeto de ação própria. 5. Na

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mesma esteira de entendimento, a jurisprudência do STJ é no sentido de
necessidade de esclarecimentos do perito e de realização de novo laudo
pericial, quando houver discrepância entre o valor da oferta inicial e o
montante apurado pela perícia. AGRAVO CONHECIDO E PROVIDO. (Classe:
Agravo de Instrumento,Número do Processo: 0011017-96.2015.8.05.0000, Relator
(a): Moacyr Montenegro Souto, Terceira Câmara Cível, Publicado em: 15/06/2016 )
(TJ-BA - AI: 00110179620158050000, Relator: Moacyr Montenegro Souto, Terceira
Câmara Cível, Data de Publicação: 15/06/2016)

Desse modo, não comprovada a imprestabilidade ou o concreto esvaziamento econômico da


área remanescente, reputo descabida a reforma da sentença vergastada no ponto, mantendo-
se o indeferimento do pedido de extensão.

Como se vê do excerto transcrito, a matéria foi devidamente enfrentada,


tendo o decisum se escorado em adequada e satisfatória fundamentação a respeito
da questão jurídica posta a acertamento, com esteio em escólio doutrinário,
jurisprudência e detido exame dos elementos probatórios carreados aos autos.

Decerto que a discordância manifestada pelo Embargante quanto ao


peso e valoração emprestada por este Tribunal ad quem aos elementos probatórios
constantes dos autos não denota omissão no acórdão, mas sim o mero
inconformismo da parte com o resultado de tal interpretação, que lhe foi
desfavorável no ponto.

Cumpre ressaltar, outrossim, que o julgador não está obrigado a rebater


todos os argumentos suscitados pela parte, sendo suficiente a exposição de
motivação adequada para o acolhimento ou rejeição da pretensão deduzida, o que,
repise-se, restou devidamente atendido no caso vertente.

Nesse toar, colaciona-se precedentes do Pretório Excelso:

PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DECLARATÓRIOS NO AGRAVO INTERNO NA


RECLAMAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIOS DE FUNDAMENTAÇÃO NO ACÓRDÃO
EMBARGADO. DESNECESSIDADE DE ENFRENTAR TODOS OS ARGUMENTOS
DEDUZIDOS, MAS SOMENTE AQUELES CAPAZES DE INFIRMAR, CONCRETAMENTE, A
CONCLUSÃO ADOTADA PELO JULGADOR. NÍTIDO CARÁTER INFRINGENTE.
EMBARGOS MANIFESTAMENTE INCABÍVEIS NÃO INTERROMPEM O PRAZO PARA
INTERPOSIÇÃO DE OUTROS RECURSOS. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NÃO
CONHECIDOS. PRECEDENTES. CERTIFICAÇÃO DO TRÂNSITO EM JULGADO E
ARQUIVAMENTO IMEDIATO DOS AUTOS, INDEPENDENTEMENTE DA PÚBLICAÇÃO DO
ACÓRDÃO REFERENTE AO PRESENTE JULGAMENTO. 1. O acórdão embargado não
apresenta omissão, contradição, obscuridade ou erro material. O ofício judicante realizou-se
de forma completa e satisfatória, não se mostrando necessários quaisquer reparos. 2. Não é
dever do julgador rebater todos os fundamentos apresentados pela parte, mas somente

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aqueles que, concretamente, sejam capazes de afastar a conclusão adotada na decisão.
3. A parte embargante pretende dar nítido caráter infringente aos declaratórios, os quais não
estão vocacionados a essa função, salvo em situações excepcionais, não caracterizadas no
caso. 4. Embargos manifestamente incabíveis não produzem o efeito de interromper o prazo
para interposição de outros recursos. Precedentes: ARE 738.488 AgR, Rel. Min. JOAQUIM
BARBOSA, Tribunal Pleno, DJe de 24/3/2014; AI 241.860 AgR-ED-ED-ED-AgR, Rel. Min.
CARLOS VELLOSO, Segunda Turma, DJ de 8/11/2002). 5. Embargos de Declaração não
conhecidos. Determinação de certificação do trânsito em julgado e arquivamento imediato dos
autos, independentemente da publicação do acórdão referente ao presente julgamento. (STF -
AgR-ED RMS: 36784 DF - DISTRITO FEDERAL 0246852-22.2015.3.00.0000, Relator: Min.
ALEXANDRE DE MORAES, Data de Julgamento: 15/04/2020, Primeira Turma, Data de
Publicação: DJe-118 13-05-2020)

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM AGRAVO INTERNO EM MANDADO DE SEGURANÇA.


AUSÊNCIA DE VÍCIO. 1. Omissão, contradição, obscuridade e erro material são as hipóteses
exaustivas de cabimento dos embargos de declaração previstas no art. 1.022 do Código de
Processo Civil. Não constatada a pecha imputada ao acórdão embargado, impõe-se a
rejeição dos aclaratórios. 2. O órgão julgador não está obrigado a rebater todos os
argumentos trazidos pela parte, bastando que os fundamentos apresentados sejam
suficientes para embasar a decisão. 3. Embargos de declaração rejeitados. (STF - MS:
35977 DF 0078088-36.2018.1.00.0000, Relator: NUNES MARQUES, Data de Julgamento:
04/04/2022, Segunda Turma, Data de Publicação: 25/04/2022)

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM MANDADO DE SEGURANÇA. OMISSÕES:


I NE X I S T Ê N CI A . R E D I S C US S Ã O DA M A T É R I A . E F E I T O S MO D IF I C A T IV O S :
IMPOSSIBILIDADE. 1. Não há obscuridade, contradição, omissão ou erro material no acórdão
questionado, o que afasta os pressupostos de cabimento de embargos de declaração. 2.
Inexistentes supostas omissões fundadas na alegação de que o caso não foi apreciado em
conformidade com teses jurídicas sustentadas pela parte embargante. O órgão julgador não
está obrigado a rebater todos os argumentos apresentados pela parte, um a um, se já
motivou a decisão com as razões suficientes à formação do seu convencimento. 3. Os
presentes embargos de declaração buscam, tão somente, o reexame da decisão recorrida,
diante do inconformismo com a conclusão adotada, para obtenção de efeitos modificativos, o
que não se mostra possível nesta via recursal. 4. Embargos declaratórios rejeitados. (STF -
MS: 25809 DF, Relator: ANDRÉ MENDONÇA, Data de Julgamento: 14/09/2022, Tribunal
Pleno, Data de Publicação: PROCESSO ELETRÔNICO DJe-243 DIVULG 30-11-2022
PUBLIC 01-12-2022)

Desse modo, não merece guarida a pretensão de revaloração do


conjunto fático-probatório travestida de intento de suprimento de omissão no
julgado.

De mais a mais, sublinha-se que igualmente não assiste razão ao


Embargante quando afirma a ocorrência de violação ao art. 489, §1º, inc. VI, do
CPC, em razão de não se ter abordado no acórdão o precedente do Superior
Tribunal de Justiça invocado no apelo (REsp 617.503/RS), o qual, segundo o

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recorrente, seria em tudo aplicável ao caso em testilha.

Isso porque, de acordo com a jurisprudência do STJ, a melhor


interpretação do art. 489, §1º, inc. VI, do CPC, caminha no sentido de que a
obrigação de o julgador demonstrar a existência de distinção ou de superação
limita-se às súmulas e aos precedentes de natureza vinculante, não se estendendo,
portanto, às súmulas e aos precedentes apenas persuasivos.

Nesse toar, confira-se:

AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL.


NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. NÃO OCORRÊNCIA. ART. 489, § 1º, VI, DO
C P C. O B R I G A T O R IE DA D E RE L A C I O NA D A A S Ú M UL A S E P R E CE D E NT E S
VINCULANTES. 1. A alegada negativa de prestação jurisdicional não se efetivou no caso dos
autos, uma vez que não se vislumbra omissão, obscuridade ou contradição no acórdão
recorrido capaz de tornar nula a decisão impugnada no especial, porquanto a Corte de origem
apreciou a demanda de modo suficiente, havendo se pronunciado acerca de todas as
questões suscitadas nos embargos, apenas adotando entendimento contrário aos interesses
da parte recorrente. 2. O "art. 489, § 1º, VI, do CPC/15, possui, em sua essência, uma
indissociável relação com o sistema de precedentes tonificado pela nova legislação
processual, razão pela qual a interpretação sobre o conteúdo e a abrangência daquele
dispositivo deve levar em consideração que o dever de fundamentação analítica do
julgador, no que se refere à obrigatoriedade de demonstrar a existência de distinção ou
de superação, limita-se às súmulas e aos precedentes de natureza vinculante, mas não
às súmulas e aos precedentes apenas persuasivos" ( AgInt no AREsp 1843196/RJ, Rel.
Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, DJe 22/09/2021). 3. "Com exceção dos
precedentes vinculantes previstos no rol do art. 927 do CPC, inexiste obrigação do
julgador em analisar e afastar todos os precedentes, acórdãos e sentenças, suscitados
pelas partes" ( AgInt no AREsp 1427771/SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Quarta
Turma, DJe 27/06/2019). 4. Agravo interno não provido. (STJ - AgInt no AREsp: 1907813 MS
2021/0165642-8, Relator: Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, Data de Julgamento: 13/12/2021,
T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe 15/12/2021)

In casu, o precedente invocado ostenta nítido caráter persuasivo,


desprovido, pois, de qualquer efeito vinculante, além de remontar ao longínquo ano
de 2004.

Ademais, frise-se que o precedente mencionado se limita a ressonar a


tese de que o direito de extensão resta caracterizado quando a área remanescente
do imóvel desapropriado pelo Poder Público deixa de exercer qualquer atrativo em
termos imobiliários, o que não assegura, por si só, qualquer aplicação no caso
vertente.

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De fato, é preciso descer às particularidades do caso concreto para
verificar se a referida tese jurídica se enquadra na moldura fática dos autos, sendo
certo, contudo, que, no caso vertente, a turma julgadora entendeu em sentido
contrário.

Eis, mais uma vez, a conclusão do capítulo do voto condutor a respeito


do tema:

Desse modo, não comprovada a imprestabilidade ou o concreto esvaziamento


econômico da área remanescente, reputo descabida a reforma da sentença vergastada no
ponto, mantendo-se o indeferimento do pedido de extensão. [grifos aditados]

Posto esse quadro, verifica-se, à toda evidência, que o acórdão


vergastado se encontra bem fundamentado, tendo a matéria controvertida sido
devidamente examinada pela turma julgadora, não carecendo o decisum, portanto,
de qualquer integração.

Ante o exposto, voto no sentido de rejeitar os Embargos de


Declaração.
Sala de sessões, em de 2023.

Des. Roberto Maynard Frank

Relator

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PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA BAHIA
Quarta Câmara Cível

Processo: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO CÍVEL n. 0501577-96.2015.8.05.0039.1. ED Civ


Órgão Julgador: Quarta Câmara Cível
EMBARGANTE: Gilberto Oliveira Ramos e outros
Advogado(s): ANDRE ISENSEE DE SOUZA, SILAS MARCOS DE SANTANA LOPES
EMBARGADO: Gilberto Oliveira Ramos e outros
Advogado(s): ANDRE ISENSEE DE SOUZA, SILAS MARCOS DE SANTANA LOPES

VOTO

Devidamente examinados, encontram-se preenchidos os pressupostos


de admissibilidade, motivo pelo qual conheço do presente recurso.

Consoante inteligência do art. 1.022 do Código de Processo Civil, os


Embargos de Declaração consistem em espécie recursal de fundamentação
vinculada, somente cabíveis para esclarecer obscuridade, eliminar contradição,
suprir omissão ou corrigir erro material no pronunciamento jurisdicional.

Eis o teor do dispositivo em destaque:

Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial para:
I - esclarecer obscuridade ou eliminar contradição;
II - suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a
requerimento;
III - corrigir erro material.
Parágrafo único. Considera-se omissa a decisão que:
I - deixe de se manifestar sobre tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em
incidente de assunção de competência aplicável ao caso sob julgamento;
II - incorra em qualquer das condutas descritas no art. 489, § 1º.

No caso em apreço, a parte embargante defende, em apertada síntese,


que, conquanto robusto e suficiente o arcabouço probatório contido nos autos, o
acórdão embargado não reconheceu a ocorrência do fenômeno da desapropriação

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indireta no que diz respeito à parcela do imóvel não contemplada no decreto
expropriatório.

Sustenta o Embargante que, para fins de reconhecimento do direito de


extensão, não se faz necessária a completa inutilização do bem, bastando a perda
substancial do poderio econômico do imóvel, o que restou devidamente
demonstrado no caso.

No ensejo de conferir lastro a essa conclusão, discorre sobre as provas


carreadas aos fólios, bem como destaca particularidades de tais elementos
probatórios supostamente não apreciados no acórdão.

Nesse panorama, desponta insofismável a pretensão da parte


embargante de rediscussão de matéria já julgada, por meio da revaloração do
conjunto fático-probatório, de modo a redundar na formação de novo juízo de mérito
a seu contento, o que não se afigura ordinariamente viável nesta estreita via
recursal diante de sua vocação eminentemente integrativa.

Com efeito, a pretensão reformativa sequer é disfarçada no caso


vertente.

É o que se infere do fato de o Embargante pleitear em caráter


subsidiário que, na hipótese de esta Corte de Justiça não se convencer acerca do
direito de extensão pugnado à luz dos elementos já constantes nos autos, “seja
aplicado o art. 480 do NCPC, designando-se nova perícia para, tão somente,
esclarecer a existência de fatos que sustentem o direito de extensão”.

Ora, tal pleito não foi formulado no recurso de apelação manejado pelo
Embargante, caracterizando-se, pois, como nítida inovação vedada em sede de
embargos de declaração.

Além disso, o pedido em questão evidencia em absoluto o mero


inconformismo da parte com o resultado do julgamento, o que não caracteriza,
entrementes, vício no aresto, tampouco constitui hipótese de cabimento de
embargos declaratórios, consoante inteligência do art. 1.022 do CPC, transcrito
alhures.

De fato, dessume-se da leitura do voto condutor do acórdão embargado


a existência de capítulo próprio em derredor do direito de extensão vindicado, que

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Número do documento: 23032119464465700000039590033
se cuidou de um dos pilares centrais do apelo do embargante.

A propósito, transcreve-se excerto do aludido voto condutor a respeito


do tema:

II. Do direito de extensão e dos pleitos de reconhecimento da


existência de desapropriação indireta e de indenização dos prejuízos suportados
pelo réu/apelante

Consoante cediço, a ação de desapropriação é de cognição restrita, admitindo-se discussão


apenas a respeito do preço e da lisura do processo judicial, sendo certo que demais questões
deverão ser decididas em ação própria nas vias ordinárias, com a devida dilação probatória.

No entanto, é pacífica a jurisprudência no sentido de ser possível pedido de extensão na


própria ação de desapropriação direta, por se tratar de mero desdobramento da irresignação
do expropriado quanto ao preço do bem.

Nesse sentido, trago à colação precedente do Superior Tribunal de Justiça:

ADMINISTRATIVO. DESAPROPRIAÇÃO. UTILIDADE PÚBLICA. DIREITO DE


EXTENSÃO. CONTESTAÇÃO. POSSIBILIDADE. 1. Direito de extensão é o que assiste
ao proprietário de exigir que se inclua no plano de desapropriação a parte
remanescente do bem, que se tornou inútil ou de difícil utilização. 2. "(...) o pedido de
extensão é formulado na via administrativa, quando há a perspectiva de acordo, ou na
via judicial, neste caso por ocasião da contestação. O réu, impugnando o valor ofertado
pelo expropriante, apresenta outra avaliação do bem, considerando a sua integralidade,
e não a sua parcialidade, como pretendia o autor. O juiz, se reconhecer presentes os
elementos do direito, fixará a indenização correspondente à integralidade do bem.
Resulta daí que é o bem, da mesma forma em sua integralidade, que se transferirá ao
patrimônio do expropriante" (José dos Santos Carvalho Filho, Manual de Direito
Administrativo, 11ª edição, Editora Lumen Juris, Rio de Janeiro, 2004, p. 723). 3. O
direito de extensão nada mais é do que a impugnação do preço ofertado pelo
expropriante. O réu, quando impugna na contestação o valor ofertado, apresenta outra
avaliação do bem, abrangendo a integralidade do imóvel, e não apenas a parte incluída
no plano de desapropriação. Assim, o pedido de extensão formulado na
contestação em nada ofende o art. 20 do Decreto-Lei 3.365/41, segundo o qual a
contestação somente pode versar sobre "vício do processo judicial ou
impugnação do preço". Precedentes de ambas as Turmas de Direito Público. 4.
Recurso especial não provido (STJ - REsp: 986386 SP 2007/0213605-5, Relator:
Ministro CASTRO MEIRA, Data de Julgamento: 04/03/2008, T2 - SEGUNDA TURMA,
Data de Publicação: DJ 17.03.2008 p. 1)

Com efeito, o direito de extensão consiste na possibilidade do expropriado reclamar que a


desapropriação e a respectiva indenização compreendam a integralidade do bem objeto da
intervenção do Ente Público quando o espaço remanescente deixar de exercer qualquer
atrativo econômico, tornando-se inútil ou de difícil utilização.

A respeito do instituto, colhe-se da doutrina o ensinamento do ilustre Professor JOSÉ


SANTOS CARVALHO FILHO:

Direito de extensão é o direito do expropriado de exigir que a desapropriação e a


indenização alcancem a totalidade do bem, quando o remanescente resultar
esvaziado de seu conteúdo econômico. A desapropriação pode ser total ou parcial,

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conforme envolva total ou parcialmente o bem a ser desapropriado. O exercício do
direito de extensão se dá no caso da desapropriação parcial, quando a parte que
excede àquela que pretende o expropriante fica prática ou efetivamente inútil e
inservível. Para evitar a situação de permanecer com a propriedade apenas dessa
parte inócua, o expropriado requer que a desapropriação e, por conseguinte, a
indenização a ela se estenda, transformando-se então a desapropriação de parcial
para total.” (‘Manual de direito administrativo’. 32ª ed. São Paulo: Atlas, 2018, p.
963)

Na mesma linha de intelecção caminha a hodierna orientação jurisprudencial, a propósito:

DIREITO ADMINISTRATIVO. DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA. ART. 8º DA LEI Nº


489/2001 DO MUNICÍPIO DE PINHAIS. NÃO CONFIGURAÇÃO DO DIREITO DO
MUNICÍPIO A RECEBER PARTE DE IMÓVEIS DESMEMBRADOS. ESBULHO
CONFIGURADO. [...] Em desapropriação, direito de extensão é o direito do
expropriado de exigir que a desapropriação e a indenização alcancem a
totalidade do bem, quando o remanescente resultar esvaziado de seu
conteúdo econômico. b) O exercício do direito de extensão se dá no caso da
desapropriação parcial, quando a parte que excede àquela que pretende o
expropriante fica prática ou efetivamente inútil e inservível. Apelação Cível e
Remessa Necessária nº 1581685-2 c) Para que se defira o direito à extensão, em
desapropriação indireta, deve a parte formular pedido expresso nesse sentido,
demonstrando que a área remanescente, não atingida diretamente pelo esbulho
possessório, perdera seu conteúdo econômico. d) Tendo a sentença concedido o
direito de extensão, sem o correspondente pedido inicial, incorreu em violação ao
princípio da correlação ou congruência, extraído dos arts. 141 e 492 do CPC/2015,
configurando, portanto, decisão ultra petita.[...] (TJ-PR - APL: 15816852 PR
1581685-2 (Acórdão), Relator: Leonel Cunha, Data de Julgamento: 01/11/2016, 5ª
Câmara Cível, Data de Publicação: DJ: 1920 10/11/2016)

Do exposto, tem-se que o direito de extensão consiste em uma exceção e que para sua
configuração se faz necessário que a área remanescente do imóvel objeto de desapropriação
parcial deixe de exercer qualquer atrativo ou reste efetivamente inútil ou de difícil utilização
para o particular que sofreu a intervenção estatal em sua propriedade.

Volvendo ao caso em exame, verifica-se que a despeito do teor do laudo pericial constante
dos autos, o magistrado sentenciante afastou o direito de extensão pleiteado pelo réu, com
base nos fundamentos adiante transcritos:

[...] somente uma uma pequena fração do imóvel,aproximadamente 10% dez por
cento, fora objeto de Desapropriação, e por sua vez, o imóvel permanece com a
metragem de 12.192,25 m² , área que apresenta-se pública e notoriamente hábil
para empreendimentos comerciais e residenciais, em que pese as referidas
restrições administrativas relatadas no laudo juntado aos autos, razões pelas quais
não há amparo para acolhimento do pedido de indenização a título de direito de
extensão em favor do expropriado GILBERTO OLIVEIRA RAMOS, caso contrário,
trata-se, salvo melhor juízo, de lesão ao erário municipal e enriquecimento sem
causa (fls. 257).

Da leitura do excerto, nota-se que o magistrado sentenciante se apegou a fração do imóvel


efetivamente utilizada pelo poder público, sem tecer maiores considerações a respeito da
viabilidade de se utilizar a área remanescente para realização de outros empreendimentos,

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Número do documento: 23032119464465700000039590033
limitando-se a afirmar genericamente que área “apresenta-se pública e notoriamente hábil
para empreendimentos comerciais e residenciais” mesmo com as restrições administrativas
advindas da intervenção municipal.

Ocorre que o cerne da avaliação quanto ao direito de extensão da parte que excede àquela
pretendida pelo expropriante, conforma já pontuado, deve ser a efetiva possibilidade de
exploração da área remanescente e não uma mera conta matemática da área em que houve
intervenção, pois de nada adiantaria se manter 90% do terreno original, se neste espaço não
se tem condições de exploração econômica.

Não obstante a fundamentação simplista da sentença no ponto, entendo que o caso é de


manutenção do indeferimento do pedido de extensão.

No particular, convém trazer à colação as conclusões expostas pelo expert responsável pela
perícia levada a efeito nos autos:

8.1 Conclui-se que, com a redução da testada principal do imóvel avaliando para a
pista da Estrada do Coco, devido a área de servidão da linha de água de
distribuição, conforme o croquis do item 6.1 do presente Laudo, e com a instalação
da galeria pluvial no fundo do terreno do réu, conforme o item 6.2 do presente
Laudo, obras implantadas pelo Autor, áreas estas sobre as quais não se pode
construir, não resta dúvida de que toda a área remanescente do Réu ficou
imprestável para um empreendimento comercial de grande porte, que seria
perfeitamente possível com a sua área original.

Desta forma, as citadas obras implantadas pelo Autor, resultaram em restrições ao


uso do solo, impossibilitando o aproveitamento eficiente da área, depreciando o
valor da área remanescente do réu, pois não é viável ser instalado apenas na
parte da frente, na beira da pista, um empreendimento comercial de menor porte, e
depois ficar sobrando a parte da área do fundo do terreno, que teria a sua
atratividade comercial reduzida, com a consequente desvalorização.

Então, restou caracterizado o que a Norma Técnica SABESP NTS 29 – Critérios de


Avaliação para Indenização de Faixas de Servidão, adotada pelo IBAPE/SP
(instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia), preconiza no seu item
6.1.1:

“Na impossibilidade de aproveitamento eficiente do imóvel em face da faixa de


servidão deve-se desapropriar integralmente o imóvel em consonância com as
normas técnicas vigentes.” […] (fls. 176) [grifos acrescidos]

De plano, cumpre assinalar que o juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar seu
convencimento com base em outros elementos e provas constantes dos autos, desde que
devidamente motivado, consoante inteligência do art. 479 do Código de Processo Civil.

Assentada tal premissa, observo que do cotejo do croqui do terreno do apelante com os
pouquíssimos registros fotográficos constantes do laudo pericial não se pode depreender
logicamente a conclusão esposada pelo perito no sentido de que as intervenções realizadas
pelo expropriante ensejaram o impedimento da realização de qualquer tipo de
empreendimento comercial no local, na medida em que apenas uma ínfima parcela da
propriedade foi, de fato, aproveitada pelo município.

Tal conclusão, frise-se, é reforçada quando se confronta os registros fotográficos do local


registrados no ano de 2014 — constantes da ação de reintegração de posse tombada sob o
n.º 0306450-60.2014.8.05.0039 (fls. 28/35) — com aqueles presentes no referido laudo
pericial, capturados no ano de 2016.

Com efeito, nos primeiros registros é possível visualizar a utilização do terreno pelo Município
de Camaçari, na medida em que se observa a presença de caminhões e tratores no local,
materiais de construção ali depositados e terras revoltas pela passagem dos aludidos veículos

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e trabalhadores. Todavia, nos registros realizados pelo expert, tais intervenções não se
revelam mais visíveis, observando-se, ao revés, que as obras realizadas pelo município já
haviam aparentemente sido em grande parte finalizadas, com a consequente liberação do
terreno.

De outra banda, noto que, malgrado o perito do juízo tenha sido incisivo ao afirmar que as
obras implantadas pelo Município de Camaçari tenham implicado em restrições ao uso do
solo, impossibilitando o aproveitamento eficiente da área remanescente do réu, com
repercussão no valor desta, a conclusão é clara no sentido de que a imprestabilidade de tal
propriedade se dá apenas para a realização de empreendimento comercial de grande porte,
do que se denota, a contrario sensu, a possibilidade de implantação de outros
empreendimentos de menor dimensão.

Ademais, o laudo pericial não é claro ao esclarecer a extensão das restrições ao uso do solo
decorrentes das intervenções operadas pela municipalidade, porquanto afirme o perito apenas
que sobre estas áreas “não se pode construir”, sem informar maiores detalhes do grau de
comprometimento do poder construtivo no local. Em outras palavras, não se denota da
referida prova técnica informação no sentido da existência de qualquer impossibilidade
concreta de construção no interior da área remanescente, que perfaz o total de 12.189,25 m².

Corrobora tal entendimento a manifestação técnica de lavra da Comissão de Avaliação de


Imóveis da Secretaria de Desenvolvimento Urbano de Camaçari adunada às fls. 232/246,
cujas razões adoto como razão de decidir:

Gostaríamos inicialmente de caracterizar a área em questão tendo em vista sua


capacidade construtiva através dos parâmetros impostos pelo Plano Diretor de
Desenvolvimento Urbano Lei nº 866/2008 e do Código Urbanístico e ambiental do
Município de Camaçari, Lei nº 913/2008,

A caracterização acima tem o intuito de demonstrar que a área remanescente


de 12,189, 25m² possui capacidade para empreender atividades comerciais,
habitacionais, industriais ou outras que o Sr. Gilberto Oliveira Ramos
proprietário do mesmo desejar, para isso estamos anexando a este ofício uma
consulta prévia que pode ser consultada a qualquer momento através do site
oficial da Prefeitura que é o camacari.ba.gov.br.

[…]

Os números acima demonstram que com área remanescente de 12.189,25 m² o


Sr. Gilberto Oliveira Ramos poderá construir em projeção sobre o terreno uma
edificação de 6.0974,62 m² e 12.189,25m², caso queira erigir mais de um
pavimento como permitido pelo gabarito máximo que no caso é de 03 de
pavimentos.

Quanto a questão de partes do terreno que não podem ser utilizados, fundo ou
frente não conseguimos enxergar como isso é possível, pois não existe
restrição ao uso do solo a não ser aquelas que se impõem em função dos
parâmetros estabelecidos pelo Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Lei
nº 866/2008 e do Código Urbanístico e ambiental do Município de Camaçari,
Lei nº 913/2008.

Quanto questão da testada que era de 70,00m e passou para 60,00m, entendemos
que esta última tem uma medida significativa que permite uma implantação de
vários tipos de empreendimentos, tendo em vista que neste aspecto os recuos
laterais contariam tanto para uma testada de 70,00 quanto para uma de 60,00.

Existe ainda um aspecto importante a considerar é que com a ampliação e


melhoramento da via (rua da Grama), entendemos que o terreno passou a ser
valorizado, situação que não existia anteriormente tendo em vista a
dificuldade de acesso com a via em cascalho e sem duplicação, este fato fará

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com que o empreendimento a ser implantado na área remanescente possa ter
melhor escoamento de trafego e acesso que antes não possuía. (Grifos
acrescidos)

Ora, não se pode confundir a mera redução da atratividade comercial do imóvel com o
esvaziamento do potencial econômico da área remanescente, este sim pressuposto do direito
de extensão reclamado, sob pena de patente violação ao princípio da supremacia do
interesse público em detrimento do interesse do particular, mormente no caso concreto, tendo
em vista que o deferimento do pleito acarretaria a majoração da indenização devida de
R$1.423.062,98 para R$13.421.036,69, a ser suportada pelos cofres públicos da
municipalidade demandante.

Não é despiciendo assinalar que não se está aqui a negar a desvalorização advinda das
restrições de uso da propriedade impostas pela municipalidade, mas sim a reconhecer que o
direito de extensão não consiste no instituto adequado para recompor essa depreciação,
porquanto se trate, conforme já pontuado, de instituto de escopo restrito e excepcional,
justificado apenas quando devidamente comprovada ausência de qualquer atrativo econômico
da área remanescente ou imprestabilidade da área remanescente, o que não se verifica no
caso.

Nada obsta, contudo, que seja buscada a justa indenização em face da desvalorização da
área remanescente em ação própria, com ampla dilação probatória, tendo em vista que não
se revela possível aferir o dano em questão na presente demanda, tendo em vista os limites
objetivos da presente lide, bem assim a ausência de produção de provas nesse sentido na
origem.

Não destoa da conclusão aqui esposada a orientação jurisprudencial, consoante se


depreende dos arestos adiante colacionados:

APELAÇÃO CÍVEL – DESAPROPRIAÇÃO – Fernandópolis – […] 4. Indenização da


área remanescente e incorporação ao patrimônio do autor – Inadmissibilidade –
Julgamento extra petita – Inteligência do artigo 20 do Decreto-lei nº 3.365/1941 –
Inocorrência de exercício do "direito de extensão" – Eventuais danos causados na
área remanescente que devem ser discutidos em ação própria, com ampla
dilação probatória. 5. Correção monetária – Expediente necessário para a
manutenção do poder de compra da moeda – Cômputo a partir da data de
elaboração do laudo pericial. 6. Juros compensatórios – Incidência que decorre da
perda antecipada da posse do imóvel e à taxa de 12% ao ano – Aplicabilidade da
Súmula 408 do STJ. 7. Juros moratórios – Observância da regra do artigo 15-B do
Decreto-lei nº 3.365/41 – Incidência à taxa de 6% ao ano e a partir de 1º de janeiro
do exercício seguinte àquele em que o pagamento deveria ser feito. 8. Honorários
advocatícios – Aplicabilidade do artigo 27, § 1º, do Decreto-lei nº 3.365/1941 e da
Súmula 141 do STJ – Cálculo sobre a diferença entre a indenização e a oferta
inicial, corrigidas monetariamente. Sentença reformada – Recursos voluntários e
reexame necessário parcialmente providos. (TJ-SP - APL: 00051323920128260189
SP 0005132-39.2012.8.26.0189, Relator: Cristina Cotrofe, Data de Julgamento:
28/09/2016, 8ª Câmara de Direito Público, Data de Publicação: 29/09/2016)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE DESAPROPRIAÇÃO. OFERTA DE


PAGAMENTO PRÉVIO. VALOR DA INDENIZAÇÃO. DETERMINAÇÃO DE
PRIMEIRA COMPLEMENTAÇÃO. DEPOSITO EFETUADO. DETERMINAÇÃO DE
NOVA COMPLEMENTAÇÃO. EQUIVALÊNCIA A PAGAMENTO PRÉVIO DE
INDENIZAÇÃO. APLICAÇÃO DO ART. 33 DO DECRETO-LEI N. 3.365/41. PERIGO
DE IRREVERSIBILIDADE. MATÉRIA DA CONTESTAÇÃO RESTRITA. NATUREZA

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DA DEMANDA. INTELIGÊNCIA DO ART. 20 DECRETO-LEI N. 3.365/41.
DISCREPÂNCIA ENTRE O VALOR DA OFERTA INICIAL E O APURADO PELA
PERÍCIA. NECESSIDADE DE NOVO LAUDO. PRECEDENTES DO STJ. AGRAVO
CONHECIDO E PROVIDO. Em se tratando de desapropriação de imóvel, o depósito
prévio em Juízo, inclusive eventuais complementações, são considerados
pagamento prévio da indenização, possibilitando o levantamento de 80% do valor
depositado, nos termos das determinações contidas no art. 33 do Decreto-Lei nº
3.365/1941, corroborado pela jurisprudência do STJ. Daí surge o perigo de
irreversibilidade ante a possiblidade de levantamento de 80% do valor do novo
depósito, correspondente a uma segunda complementação, cuja legalidade se
discute. 4. A Ação de Desapropriação não é a adequada para discussão mais
ampla acerca de eventual inaproveitabilidade ou desvalorização de área
remanescente e sua titularidade, que poderá ser objeto de ação própria. 5. Na
mesma esteira de entendimento, a jurisprudência do STJ é no sentido de
necessidade de esclarecimentos do perito e de realização de novo laudo
pericial, quando houver discrepância entre o valor da oferta inicial e o
montante apurado pela perícia. AGRAVO CONHECIDO E PROVIDO. (Classe:
Agravo de Instrumento,Número do Processo: 0011017-96.2015.8.05.0000, Relator
(a): Moacyr Montenegro Souto, Terceira Câmara Cível, Publicado em: 15/06/2016 )
(TJ-BA - AI: 00110179620158050000, Relator: Moacyr Montenegro Souto, Terceira
Câmara Cível, Data de Publicação: 15/06/2016)

Desse modo, não comprovada a imprestabilidade ou o concreto esvaziamento econômico da


área remanescente, reputo descabida a reforma da sentença vergastada no ponto, mantendo-
se o indeferimento do pedido de extensão.

Como se vê do excerto transcrito, a matéria foi devidamente enfrentada,


tendo o decisum se escorado em adequada e satisfatória fundamentação a respeito
da questão jurídica posta a acertamento, com esteio em escólio doutrinário,
jurisprudência e detido exame dos elementos probatórios carreados aos autos.

Decerto que a discordância manifestada pelo Embargante quanto ao


peso e valoração emprestada por este Tribunal ad quem aos elementos probatórios
constantes dos autos não denota omissão no acórdão, mas sim o mero
inconformismo da parte com o resultado de tal interpretação, que lhe foi
desfavorável no ponto.

Cumpre ressaltar, outrossim, que o julgador não está obrigado a rebater


todos os argumentos suscitados pela parte, sendo suficiente a exposição de
motivação adequada para o acolhimento ou rejeição da pretensão deduzida, o que,
repise-se, restou devidamente atendido no caso vertente.

Nesse toar, colaciona-se precedentes do Pretório Excelso:

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PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DECLARATÓRIOS NO AGRAVO INTERNO NA
RECLAMAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIOS DE FUNDAMENTAÇÃO NO ACÓRDÃO
EMBARGADO. DESNECESSIDADE DE ENFRENTAR TODOS OS ARGUMENTOS
DEDUZIDOS, MAS SOMENTE AQUELES CAPAZES DE INFIRMAR, CONCRETAMENTE, A
CONCLUSÃO ADOTADA PELO JULGADOR. NÍTIDO CARÁTER INFRINGENTE.
EMBARGOS MANIFESTAMENTE INCABÍVEIS NÃO INTERROMPEM O PRAZO PARA
INTERPOSIÇÃO DE OUTROS RECURSOS. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NÃO
CONHECIDOS. PRECEDENTES. CERTIFICAÇÃO DO TRÂNSITO EM JULGADO E
ARQUIVAMENTO IMEDIATO DOS AUTOS, INDEPENDENTEMENTE DA PÚBLICAÇÃO DO
ACÓRDÃO REFERENTE AO PRESENTE JULGAMENTO. 1. O acórdão embargado não
apresenta omissão, contradição, obscuridade ou erro material. O ofício judicante realizou-se
de forma completa e satisfatória, não se mostrando necessários quaisquer reparos. 2. Não é
dever do julgador rebater todos os fundamentos apresentados pela parte, mas somente
aqueles que, concretamente, sejam capazes de afastar a conclusão adotada na decisão.
3. A parte embargante pretende dar nítido caráter infringente aos declaratórios, os quais não
estão vocacionados a essa função, salvo em situações excepcionais, não caracterizadas no
caso. 4. Embargos manifestamente incabíveis não produzem o efeito de interromper o prazo
para interposição de outros recursos. Precedentes: ARE 738.488 AgR, Rel. Min. JOAQUIM
BARBOSA, Tribunal Pleno, DJe de 24/3/2014; AI 241.860 AgR-ED-ED-ED-AgR, Rel. Min.
CARLOS VELLOSO, Segunda Turma, DJ de 8/11/2002). 5. Embargos de Declaração não
conhecidos. Determinação de certificação do trânsito em julgado e arquivamento imediato dos
autos, independentemente da publicação do acórdão referente ao presente julgamento. (STF -
AgR-ED RMS: 36784 DF - DISTRITO FEDERAL 0246852-22.2015.3.00.0000, Relator: Min.
ALEXANDRE DE MORAES, Data de Julgamento: 15/04/2020, Primeira Turma, Data de
Publicação: DJe-118 13-05-2020)

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM AGRAVO INTERNO EM MANDADO DE SEGURANÇA.


AUSÊNCIA DE VÍCIO. 1. Omissão, contradição, obscuridade e erro material são as hipóteses
exaustivas de cabimento dos embargos de declaração previstas no art. 1.022 do Código de
Processo Civil. Não constatada a pecha imputada ao acórdão embargado, impõe-se a
rejeição dos aclaratórios. 2. O órgão julgador não está obrigado a rebater todos os
argumentos trazidos pela parte, bastando que os fundamentos apresentados sejam
suficientes para embasar a decisão. 3. Embargos de declaração rejeitados. (STF - MS:
35977 DF 0078088-36.2018.1.00.0000, Relator: NUNES MARQUES, Data de Julgamento:
04/04/2022, Segunda Turma, Data de Publicação: 25/04/2022)

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM MANDADO DE SEGURANÇA. OMISSÕES:


I NE X I S T Ê N CI A . R E D I S C US S Ã O DA M A T É R I A . E F E I T O S MO D IF I C A T IV O S :
IMPOSSIBILIDADE. 1. Não há obscuridade, contradição, omissão ou erro material no acórdão
questionado, o que afasta os pressupostos de cabimento de embargos de declaração. 2.
Inexistentes supostas omissões fundadas na alegação de que o caso não foi apreciado em
conformidade com teses jurídicas sustentadas pela parte embargante. O órgão julgador não
está obrigado a rebater todos os argumentos apresentados pela parte, um a um, se já
motivou a decisão com as razões suficientes à formação do seu convencimento. 3. Os
presentes embargos de declaração buscam, tão somente, o reexame da decisão recorrida,
diante do inconformismo com a conclusão adotada, para obtenção de efeitos modificativos, o
que não se mostra possível nesta via recursal. 4. Embargos declaratórios rejeitados. (STF -
MS: 25809 DF, Relator: ANDRÉ MENDONÇA, Data de Julgamento: 14/09/2022, Tribunal
Pleno, Data de Publicação: PROCESSO ELETRÔNICO DJe-243 DIVULG 30-11-2022
PUBLIC 01-12-2022)

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Desse modo, não merece guarida a pretensão de revaloração do
conjunto fático-probatório travestida de intento de suprimento de omissão no
julgado.

De mais a mais, sublinha-se que igualmente não assiste razão ao


Embargante quando afirma a ocorrência de violação ao art. 489, §1º, inc. VI, do
CPC, em razão de não se ter abordado no acórdão o precedente do Superior
Tribunal de Justiça invocado no apelo (REsp 617.503/RS), o qual, segundo o
recorrente, seria em tudo aplicável ao caso em testilha.

Isso porque, de acordo com a jurisprudência do STJ, a melhor


interpretação do art. 489, §1º, inc. VI, do CPC, caminha no sentido de que a
obrigação de o julgador demonstrar a existência de distinção ou de superação
limita-se às súmulas e aos precedentes de natureza vinculante, não se estendendo,
portanto, às súmulas e aos precedentes apenas persuasivos.

Nesse toar, confira-se:

AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL.


NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. NÃO OCORRÊNCIA. ART. 489, § 1º, VI, DO
C P C. O B R I G A T O R IE DA D E RE L A C I O NA D A A S Ú M UL A S E P R E CE D E NT E S
VINCULANTES. 1. A alegada negativa de prestação jurisdicional não se efetivou no caso dos
autos, uma vez que não se vislumbra omissão, obscuridade ou contradição no acórdão
recorrido capaz de tornar nula a decisão impugnada no especial, porquanto a Corte de origem
apreciou a demanda de modo suficiente, havendo se pronunciado acerca de todas as
questões suscitadas nos embargos, apenas adotando entendimento contrário aos interesses
da parte recorrente. 2. O "art. 489, § 1º, VI, do CPC/15, possui, em sua essência, uma
indissociável relação com o sistema de precedentes tonificado pela nova legislação
processual, razão pela qual a interpretação sobre o conteúdo e a abrangência daquele
dispositivo deve levar em consideração que o dever de fundamentação analítica do
julgador, no que se refere à obrigatoriedade de demonstrar a existência de distinção ou
de superação, limita-se às súmulas e aos precedentes de natureza vinculante, mas não
às súmulas e aos precedentes apenas persuasivos" ( AgInt no AREsp 1843196/RJ, Rel.
Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, DJe 22/09/2021). 3. "Com exceção dos
precedentes vinculantes previstos no rol do art. 927 do CPC, inexiste obrigação do
julgador em analisar e afastar todos os precedentes, acórdãos e sentenças, suscitados
pelas partes" ( AgInt no AREsp 1427771/SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Quarta
Turma, DJe 27/06/2019). 4. Agravo interno não provido. (STJ - AgInt no AREsp: 1907813 MS
2021/0165642-8, Relator: Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, Data de Julgamento: 13/12/2021,
T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe 15/12/2021)

In casu, o precedente invocado ostenta nítido caráter persuasivo,

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desprovido, pois, de qualquer efeito vinculante, além de remontar ao longínquo ano
de 2004.

Ademais, frise-se que o precedente mencionado se limita a ressonar a


tese de que o direito de extensão resta caracterizado quando a área remanescente
do imóvel desapropriado pelo Poder Público deixa de exercer qualquer atrativo em
termos imobiliários, o que não assegura, por si só, qualquer aplicação no caso
vertente.

De fato, é preciso descer às particularidades do caso concreto para


verificar se a referida tese jurídica se enquadra na moldura fática dos autos, sendo
certo, contudo, que, no caso vertente, a turma julgadora entendeu em sentido
contrário.

Eis, mais uma vez, a conclusão do capítulo do voto condutor a respeito


do tema:

Desse modo, não comprovada a imprestabilidade ou o concreto esvaziamento


econômico da área remanescente, reputo descabida a reforma da sentença vergastada no
ponto, mantendo-se o indeferimento do pedido de extensão. [grifos aditados]

Posto esse quadro, verifica-se, à toda evidência, que o acórdão


vergastado se encontra bem fundamentado, tendo a matéria controvertida sido
devidamente examinada pela turma julgadora, não carecendo o decisum, portanto,
de qualquer integração.

Ante o exposto, voto no sentido de rejeitar os Embargos de


Declaração.
Sala de sessões, em de 2023.

Des. Roberto Maynard Frank

Relator

Assinado eletronicamente por: ROBERTO MAYNARD FRANK - 21/03/2023 19:46:45 Num. 40659668 - Pág. 11
https://pje2g.tjba.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23032119464465700000039590033
Número do documento: 23032119464465700000039590033
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA BAHIA
Quarta Câmara Cível

Processo: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO CÍVEL n. 0501577-96.2015.8.05.0039.1. ED Civ


Órgão Julgador: Quarta Câmara Cível
EMBARGANTE: Gilberto Oliveira Ramos e outros
Advogado(s): ANDRE ISENSEE DE SOUZA, SILAS MARCOS DE SANTANA LOPES
EMBARGADO: Gilberto Oliveira Ramos e outros
Advogado(s):ANDRE ISENSEE DE SOUZA, SILAS MARCOS DE SANTANA LOPES

ACORDÃO

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DE OMISSÃO,


CO NT RA DI ÇÃO OU OB S CU RI DA D E N O J UL G A DO .
RECURSO DE FUNDAMENTAÇÃO VINCULADA QUE NÃO
SE PRESTA AO REEXAME DE MATÉRIAS JÁ DECIDIDAS
PELO ÓRGÃO JULGADOR. PRETENSÃO DE
REVALORAÇÃO DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO DE
MODO A REDUNDAR EM NOVO JUÍZO DE MÉRITO. MERO
INCONFORMISMO COM O RESULTADO DO JULGADO.
HIPÓTESE NÃO PREVISTA NO ART. 1.022 DO CPC.
PRECEDENTES.PEDIDO SUBSIDIÁRIO QUE SE
CARACTERIZA COMO INOVAÇÃO RECURSAL VEDADA
PELO ORDENAMENTO JURÍDICO PÁTRIO. EMBARGOS
REJEITADOS.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de n. 0501577-96.2015.8.05.0039.1.EDCiv, em que


figuram como embargante Gilberto Oliveira Ramos e como embargado o MUNICÍPIO DE
CAMAÇARI.

ACORDAM os magistrados integrantes da Quarta Câmara Cível do Estado da Bahia, por


unanimidade, em rejeitar os embargos de declaração, nos termos do voto do relator.

Num. 40659669 - Pág. 1


Sala de sessões, em de 2023.

Num. 40659669 - Pág. 2


PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA BAHIA
Quarta Câmara Cível
Processo: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO CÍVEL n. 0501577-96.2015.8.05.0039.1. ED Civ
Órgão Julgador: Quarta Câmara Cível
EMBARGANTE: Gilberto Oliveira Ramos e outros
Advogado(s): ANDRE ISENSEE DE SOUZA, SILAS MARCOS DE SANTANA LOPES
EMBARGADO: Gilberto Oliveira Ramos e outros
Advogado(s): ANDRE ISENSEE DE SOUZA, SILAS MARCOS DE SANTANA LOPES

RELATÓRIO

Trata-se de Embargos de Declaração opostos pelo GILBERTO


OLIVEIRA RAMOS em face de acórdão acostado ao evento de ID. 23377199 dos
autos principais, que se encontra assim ementado, in litteris:

A P E L A Ç ÕE S S I M U L T Â N E A S . A Ç Ã O D E DE S A P R O P R IA Ç Ã O .
IMPROCEDÊNCIA DO DIREITO DE EXTENSÃO. DESCABIMENTO DOS
PLEITOS DE RECONHECIMENTO DA EXISTÊNCIA DE
DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA E DE INDENIZAÇÃO EM RELAÇÃO AOS
PREJUÍZOS SUPORTADOS PELO RÉU. AÇÃO DE COGNIÇÃO
RESTRITA. DA JUSTA INDENIZAÇÃO PELA DESAPROPRIAÇÃO.
ACOLHIMENTO DO LAUDO PERICIAL. MÉTODO COMPARATIVO.
REFORMA DA SENTENÇA. CORREÇÃO MONETÁRIA DEVIDA DESDE A
DATA DA CONFECÇÃO DO LAUDO PERICIAL JUDICIAL. EXTINÇÃO DA
AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE INDEVIDA. NÃO ESVAZIAMENTO
DO OBJETO. RECURSO DO AUTOR IMPROVIDO. RECURSO DO RÉU
PARCIALMENTE PROVIDO.

Em suas razões recursais, a parte embargante afirma que o acórdão


embargado foi omisso por desconsiderar a existência de desapropriação indireta de
fração considerável do terreno não contemplada pelo decreto expropriatório.

Argumenta que é incontroverso nos autos que o Município operou

Num. 40659362 - Pág. 1


diversas intervenções não previstas no édito expropriatório, sem autorização
judicial, sendo certo que pela natureza de tai intervenções (drenagem e instalação
de galeria pluvial) o aproveitamento econômico da parte remanescente do bem
restou inviabilizada.

Assevera que, além dos registros fotográficos constantes do laudo


pericial, outros elementos se fazem presentes nos autos de origem e também na
ação de reintegração de posse conexa, os quais não deixam dúvidas sobre a
ocorrência de desapropriação indireta.

Aduz que o acórdão embargado se limitou a abordar a conclusão


exarada no laudo pericial sem se debruçar sobre os fundamentos e provas que
direcionaram o expert.

Conclui no sentido de que o arcabouço probatório contido nos autos é


robusto e suficiente à comprovação da desapropriação indireta, bem como que o
próprio laudo pericial corrobora esse entendimento, destacando-se excertos deste
não abordados no acórdão.

Alega que não se faz necessária a completa inutilização do bem para


fins de reconhecimento do direito de extensão, bastando a perda substancial do
poderio econômico do imóvel, hipótese dos autos.

Registra que fora invocado precedente do Superior Tribunal de Justiça


nas razões de seu apelo não enfrentado no acórdão embargado, o que importa em
violação ao art. 489, §, inc. VI, do CPC.

Ao final, requer o acolhimento dos embargos de declaração com efeitos


modificativos, para que sejam sanados os vícios apontados e reconhecido o direito
de extensão pretendido.

Subsidiariamente, requer seja designada nova perícia, nos termos do


art. 480 do CPC, caso se entenda insuficientes os elementos probatórios contidos
nos autos.

Contrarrazões recursais aduanadas ao evento processual de ID.


38516053.

Vieram-me, então, os autos conclusos.

Num. 40659362 - Pág. 2


Eis o relatório.

À Secretaria, para inclusão em pauta de julgamento.

Salvador/BA, 15 de fevereiro de 2023.

Des. Roberto Maynard Frank

Relator

Num. 40659362 - Pág. 3


PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA BAHIA
Quarta Câmara Cível

Processo: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO CÍVEL n. 0501577-96.2015.8.05.0039.1. ED Civ


Órgão Julgador: Quarta Câmara Cível
EMBARGANTE: Gilberto Oliveira Ramos e outros
Advogado(s): ANDRE ISENSEE DE SOUZA, SILAS MARCOS DE SANTANA LOPES
EMBARGADO: Gilberto Oliveira Ramos e outros
Advogado(s):ANDRE ISENSEE DE SOUZA, SILAS MARCOS DE SANTANA LOPES

ACORDÃO

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DE OMISSÃO,


CO NT RA DI ÇÃO OU OB S CU RI DA D E N O J UL G A DO .
RECURSO DE FUNDAMENTAÇÃO VINCULADA QUE NÃO
SE PRESTA AO REEXAME DE MATÉRIAS JÁ DECIDIDAS
PELO ÓRGÃO JULGADOR. PRETENSÃO DE
REVALORAÇÃO DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO DE
MODO A REDUNDAR EM NOVO JUÍZO DE MÉRITO. MERO
INCONFORMISMO COM O RESULTADO DO JULGADO.
HIPÓTESE NÃO PREVISTA NO ART. 1.022 DO CPC.
PRECEDENTES.PEDIDO SUBSIDIÁRIO QUE SE
CARACTERIZA COMO INOVAÇÃO RECURSAL VEDADA
PELO ORDENAMENTO JURÍDICO PÁTRIO. EMBARGOS
REJEITADOS.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de n. 0501577-96.2015.8.05.0039.1.EDCiv, em que


figuram como embargante Gilberto Oliveira Ramos e como embargado o MUNICÍPIO DE
CAMAÇARI.

ACORDAM os magistrados integrantes da Quarta Câmara Cível do Estado da Bahia, por


unanimidade, em rejeitar os embargos de declaração, nos termos do voto do relator.

Num. 42175286 - Pág. 1


Sala de sessões, em de 2023.

Num. 42175286 - Pág. 2


PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA BAHIA

Quarta Câmara Cível

CERTIDÃO DE PUBLICAÇÃO

Classe: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO CÍVEL (1689)


Processo nº: 0501577-96.2015.8.05.0039.1. ED Civ
Órgão Julgador: Quarta Câmara Cível
EMBARGANTE: Gilberto Oliveira Ramos e outros
Advogado(s): ANDRE ISENSEE DE SOUZA, SILAS MARCOS DE SANTANA
LOPES
EMBARGADO: Gilberto Oliveira Ramos e outros
Advogado(s): Advogado(s) do reclamado: ANDRE ISENSEE DE SOUZA, SILAS
MARCOS DE SANTANA LOPES
Relator(a): Des. Roberto Maynard Frank

CERTIFICO, para dos devidos fins, a disponibilização no Diário de Justiça Eletrônico do Poder
Judiciário do Estado da Bahia, edição de 24/03/2023, do(a) acórdão/decisão/despacho/ato
ordinatório retro, proferido(a) nos presentes autos, nos termos da Lei nº 11.419 e Decreto
Judiciário nº 064 de 10 de março de 2009, considerado publicado no primeiro dia útil
subsequente, conforme regra estabelecida no art. 224, § 2º, do CPC. Salvador, 13 de abril de
2023.

Secretaria da(o) Quarta Câmara Cível

Num. 43232089 - Pág. 1

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