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Tribunal

PJe - Processo Judicial Eletrônico

17/04/2023

Número: 0501577-96.2015.8.05.0039
Classe: APELAÇÃO CÍVEL
Órgão julgador colegiado: Quarta Câmara Cível
Órgão julgador: Des. Roberto Maynard Frank
Última distribuição : 15/02/2019
Valor da causa: R$ 0,00
Processo referência: 0501577-96.2015.8.05.0039
Assuntos: Desapropriação
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
Gilberto Oliveira Ramos (APELANTE) ANDRE ISENSEE DE SOUZA (ADVOGADO)
SILAS MARCOS DE SANTANA LOPES (ADVOGADO)
MUNICIPIO DE CAMACARI (APELANTE)
Gilberto Oliveira Ramos (APELADO) ANDRE ISENSEE DE SOUZA (ADVOGADO)
SILAS MARCOS DE SANTANA LOPES (ADVOGADO)
MUNICIPIO DE CAMACARI (APELADO)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
23377 30/12/2021 09:30 Acórdão Acórdão
199
PODER JUDICIARIO DO ESTADO DA BAHIA
TRIBUNAL DE JUSTICA
Quarta Camara Civel

Classe : Apelação n.º 0501577-96.2015.8.05.0039


Foro de Origem : Foro de comarca Camaçari
Órgão : Quarta Câmara Cível
Relator : Des. Roberto Maynard Frank
Apelante : Gilberto Oliveira Ramos
Advogado : André Isensee de Souza (OAB: 35510/BA)
Advogado : Silas Marcos de Santana Lopes (OAB: 35363/BA)
Apelante : Municipio de Camaçari
Proc. Munícipio : Bruno Helásio Amorim de Oliveira
Apelado : Municipio de Camaçari
Apelado : Gilberto Oliveira Ramos
Assunto : Desapropriação
APELAÇÕES SIMULTÂNEAS. AÇÃO DE DESAPROPRIAÇÃO.
IMPROCEDÊNCIA DO DIREITO DE EXTENSÃO. DESCABIMENTO
DOS PLEITOS DE RECONHECIMENTO DA EXISTÊNCIA DE
DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA E DE INDENIZAÇÃO EM
RELAÇÃO AOS PREJUÍZOS SUPORTADOS PELO RÉU. AÇÃO DE
COGNIÇÃO RESTRITA. DA JUSTA INDENIZAÇÃO PELA
DESAPROPRIAÇÃO. ACOLHIMENTO DO LAUDO PERICIAL.
MÉTODO COMPARATIVO. REFORMA DA SENTENÇA.
CORREÇÃO MONETÁRIA DEVIDA DESDE A DATA DA
CONFECÇÃO DO LAUDO PERICIAL JUDICIAL. EXTINÇÃO DA
AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE INDEVIDA. NÃO
ESVAZIAMENTO DO OBJETO. RECURSO DO AUTOR
IMPROVIDO. RECURSO DO RÉU PARCIALMENTE PROVIDO.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelações Cíveis de nº 0501577-
96.2015.8.05.0039, em que figura como apelante e apelado, reciprocamente, o MUNICÍPIO DE
CAMAÇARI e GILBERTO OLIVEIRA RAMOS.
ACORDAM os Desembargadores componentes da Turma Julgadora da Quarta
Câmara Cível do Tribunal de Justiça da Bahia, à unanimidade de votos, em CONHECER E
NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO DO AUTOR E DAR PARCIAL PROVIMENTO
AO RECURSO DO RÉU, apenas para: a) fixar o valor do metro quadrado no valor de
R$809,73/m?, nos termos do laudo pericial de fls. 174/208; b) afastar a extinção da ação de
reintegração de posse nº 0306450-60.2014.8.05.0039, determinando-se o regular
prosseguimento do feito na origem; mantendo-se a sentença vergastada nos demais pontos.
ante as razões a seguir expostas.
Sala de Sessões, em 29 de outubro de 2019.

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Classe : Apelação n.º 0501577-96.2015.8.05.0039


Foro de Origem : Foro de comarca Camaçari
Órgão : Quarta Câmara Cível
Relator : Des. Roberto Maynard Frank
Apelante : Gilberto Oliveira Ramos
Advogado : André Isensee de Souza (OAB: 35510/BA)
Advogado : Silas Marcos de Santana Lopes (OAB: 35363/BA)
Apelante : Municipio de Camaçari
Proc. Munícipio : Bruno Helásio Amorim de Oliveira
Apelado : Municipio de Camaçari
Apelado : Gilberto Oliveira Ramos
Assunto __: Desapropriacao —

| RELATORIO |
Tratam-se de recursos de Apelações simultâneas interpostas pelo
MUNICÍPIO DE CAMAÇARI e por GILBERTO OLIVEIRA RAMOS contra a sentença
de fls. 254/258, integrada pela decisão de f1s.269/270, proferida pelo MM Juiz de Direito
da 1º Vara da Fazenda Pública da Comarca de Camaçari, cujo dispositivo encontra-se
assim disposto:

Em face das circunstâncias acima expostas, presentes os requisitos de lei, julgo

parcialmente procedente por sentença a presente de AÇÃO DE


DESAPROPRIAÇÃO proposta pelo MUNICÍPIO DE CAMAÇARI, contra

GILBERTO OLIVEIRA RAMOS, tornando definitivos os efeitos da medida

liminar de imissão de posse de fls 72, consolidando a plenitude da posse e da


propriedade do imóvel descrito na petição inicial, em mãos do MUNICÍPIO DE
CAMAÇARI, condenando este ao pagamento de R$ 585.333,57 (quinhentos e
oitenta e cinco mil, trezentos e trinta e três reais e cinquenta e sete centavos),

com a subtração do deposito judicial prévio já recebido pelo expropriado no

valor de R$ 289.150,00 (duzentos e oitenta nove mil, cento cinquenta reais) o

que totaliza R$ 296.183,57 (duzentos e noventa e seis mil, cento e oitenta e três

reais e cinquenta e sete centavos) com as devidas correções, na forma da lei,

desde a data de avaliação do imóvel em 30 de abril de 2016, deixando de arbitrar

honorários advocatícios, tratando-se de sucumbência recíproca, declarando a

extinção da presente ação com resolução de mérito, Art.487 inc I do CPC em


vigor.

Por retratar com propriedade os fatos havidos na origem, adoto o relatório


do pronunciamento de fls. 254/258.

Irresignado, Gilberto Oliveira Ramos pugnou pela ref dasentenga, ao

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argumento de que proferida sem qualquer amparo nas provas coligidas aos autos.

Requereu, em suas razões, o reconhecimento: i) do direito de extensão; ii) da

existência de desapropriação indireta de parte significativa de seu terreno, com a


consequente indenização, ou, subsidiariamente, da indenização por todas perdas e danos
ocasionados em razão da servidão administrativa promovida pelo apelado e da
desvalorização da parcela remanescente de seu terreno; iii) da reconsideração do valor do
metro quadrado definido na sentença; iv) da definição do dies a quo dos juros e correção
monetária a partir da efetiva ocupação do terreno e não da avaliação.

Por fim, pugnou pelo afastamento da extinção da ação de reintegração de


posse nº 0306450-60.2014.8.05.0039, ou subsidiariamente, pelo arbitramento de

honorários advocatícios em favor do apelante e pela devolução dos valores pagos a título
de custas processuais.

Devidamente intimado, a municipalidade apelada apresentou contrarrazões


recursais às fls. 339/352.

Interpôs, ainda, a apelação de fls. 310/319, pugnando pela reforma da


sentença, para que seja julgada totalmente procedente a demanda, fixando-se o valor no
importe consignado na petição inicial, com a alteração da distribuição das verbas
sucumbenciais.
Ciente, o apelado/demandante apresentou contrarrazões recursais às fls.
321/333.
Nesta instância, distribuídos os autos, coube-me, por sorteio, o encargo de
Relator.

Relatado o feito, peço pauta para julgamento.


Salvador, 2 aio de 2019.

ard Frank
Relator

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VOTO
Devidamente examinados, encontram-se preenchidos os pressupostos de
admissibilidade, motivo pelo qual conheço dos recursos de apelação interpostos por ambas
as partes.

Trata-se, na origem, de ação de desapropriação direta ajuizada pelo


Município de Camaçari contra Gilberto Oliveira Ramos, sob o fundamento de que o
Decreto Municipal n.º 5853/2014 declarou de utilidade pública, para fins de
Desapropriação, área pertencente ao réu localizada no Loteamento São Jorge, a ser
destinada à pavimentação e alargamento da Rua da Grama, no Distrito de Abrantes.
O juízo de primeiro grau proferiu a sentença de fls. 254/258, integrada
pela decisão de fls. 269/270, julgando parcialmente procedente os pedidos formulados na
inicial, nos seguintes termos:

Em face das circunstâncias acima expostas, presentes os requisitos de lei,

julgo parcialmente procedente por sentença a presente de AÇÃO DE

DESAPROPRIAÇÃO proposta pelo MUNICÍPIO DE CAMAÇARI,


contra GILBERTO OLIVEIRA RAMOS, tornando definitivos os efeitos

da medida liminar de imissão de posse de fls 72, consolidando a


plenitude da posse e da propriedade do imóvel descrito na petição inicial,
em mãos do MUNICÍPIO DE CAMAÇARI, condenando este ao
pagamento de R$ 585.333,57 (quinhentos e oitenta e cinco mil, trezentos
e trinta e três reais e cinquenta e sete centavos), com a subtração do

deposito judicial prévio já recebido pelo expropriado no valor de R$


289.150,00 (duzentos e oitenta nove mil, cento cinquenta reais) o que

totaliza R$ 296.183,57 (duzentos e noventa e seis mil, cento e oitenta e


três reais e cinquenta e sete centavos) com as devidas correções, na

forma da lei, desde a data de avaliação do imóvel em 30 de abril de 2016,


deixando de arbitrar honorários advocatícios, tratando-se de sucumbência
recíproca, declarando a extinção da presente ação com resolução de
mérito, Art.487 inc I do CPC em vigor.

Irresignados tigantes pugnaram pela reforma do aludido


pronunciamento, questionado divgísos pontos, os quais passo a enfrentar separadamente
em seguida.

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I. Da justa indenização pela desapropriação do imóvel e do valor do metro quadrado

fixado pelo juízo a quo.

Compulsando os autos, verifico que o magistrado precedente fixou como


valor do metro quadrado para fins de indenização do expropriado a metade do numerário
indicado no laudo pericial, qual seja, o importe de R$ 404,86 (quatrocentos e quatro reais e
oitenta e seis centavos).
Fundamentou tal redução com base no argumento de que “o mercado
imobiliário, conforme o índice, FIPE-ZAP, apresentou retração nos quatro últimos meses
deste ano de 2017” (fls. 257).

Irresignadas, as partes manejaram os presentes recursos visando à


correção do valor fixado pelo juízo a quo.
De um lado, argumenta o autor que o valor fixado pelo juízo carece de
fundamentação válida, pleiteando pela fixação do metro quadrado no importe de R$809,73
(conforme laudo judicial — fls. 177) ou, subsidiariamente, de R$670,32 ou 629,85,

conforme laudos apresentados às fls. 95 e 120, respectivamente.


De outro viés, o Município pugna pela fixação do valor do metro
quadrado em R$200,00, tal qual assinalado na exordial, sob o fundamento de que o critério
utilizado pelo juiz de piso carece de razoabilidade, sendo por ele idealizado sem qualquer
embasamento válido.

Posto esse quadro, entendo que a sentença merece reparo neste ponto, na

medida em que a conclusão a que chegou o magistrado não se pautou em elementos


objetivos dos autos, mas sim em fundamento deveras abstrato, qual seja, índice FIPE-ZAP,
cujo demonstrativo da variação ventilada sequer consta dos autos, o que torna inviável
qualquer aferição do acerto dos critérios matemáticos utilizados para redução do valor
indicado pelo expert designado para atuar no feito.

Ademais, frise-se que não foi oportunizada às partes manifestação a


respeito de alegada variação dos preços do mercado imobiliário, conduta que traduz clara
violação ao princípio da não surpresa, insculpido no art. 10 do Código de Processo Civil.

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De plano, afasto o valor de R$ 200,00 suscitado pela municipalidade


demandante, porquanto incontroverso nos autos se tratar de área localizada em região com
vocação predominantemente comercial, com alta valorização, próxima a vários
estabelecimentos comerciais, dotada de toda a Infraestrutura urbana (fls. 178), além do
valor divergir demasiadamente dos valores consignados por especialistas nos diversos
laudos colacionados aos autos.

Por outro lado, verifico que o laudo pericial elaborado pelo perito
nomeado pelo juízo utilizou o Método Comparativo, com base no qual selecionou ofertas
do mercado imobiliário pertencentes à mesma região e, após a aplicação de critérios de
homogeneização, encontrou para o metro quadrado o valor de R$ 809,73/m2.
Visando impugnar o referido laudo, o Município apresentou a
manifestação técnica de fls. 232/246, no qual se limitou a afirmar que o método utilizado
pelo perito desconsidera o real valor de mercado, pois não observa o fator de negociação
que tende a reduzir o valor inicialmente ofertado.
Tal argumento, todavia, não merece prosperar.
Isso porque a municipalidade recorrente não trouxe aos autos qualquer
elemento apto a comprovar a desproporcionalidade dos valores trazidos como amostras em
relação às transações locais efetivamente concretizadas.
Ademais, depreende-se do multicitado laudo pericial que o expert levou
em consideração, quando da sua análise, o fator “Oferta”, que traduz os elementos

passíveis de negociação, conforme esclarecido às fls. 198, razão pela qual descabida a
alegação do Município.

Não destoa da conclusão aqui esposada a orientação jurisprudencial, a


propósito:

LOCAÇÃO DE IMÓVEIS. AÇÃO RENOVATÓRIA DE LOCAÇÃO.


LOJA ÂNCORA. ÚNICA EXISTENTE NO SHOPPING. UTILIZAÇÃO
DO MÉTODO COMPARATIVO. APURAÇÃO DO VALOR DO M2
UTILIZANDO-SE DE IMÓVEIS REFERENCIAIS PARA APLICAR A
HOMOGENEIZAÇÃO DOS DADOS. O laudo pericial se pautou do
método comparativo para obter o valor final do aluguel, mé
plenamente viável e aceitável para obtenção da nova re

com isto, a aferição de valores distorcidos da realidáde. Sendo o imóvel

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avaliando a única loja âncora existente no shopping, segundo literatura


específica sobre o assunto é autorizada a aplicação de um fator de correlação
médio entre lojas satélites e a referida loja âncora em percentual previamente
estabelecido. Recurso da autora provido e desprovido o da ré. (TJ-SP - AC:
10084472520158260554 SP 1008447-25.2015.8.26.0554, Relator: Gilberto
Leme, Data de Julgamento: 28/01/2016, 35º Câmara de Direito Privado,
Data de Publicação: 09/05/2019)

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. DESAPROPRIAÇÃO.


VALOR DA INDENIZAÇÃO. ADOÇÃO DO LAUDO PERICIAL.
IMPOSSIBILIDADE DE REVISÃO. NECESSIDADE DO REEXAME DE
PROVAS. SÚMULA 7/STJ. 1. Cuida-se de ação proposta visando à
desapropriação de imóvel localizado em Tietê/SP, com área de 1.042,17 m2.
[...] O expert utilizou o Método Comparativo, selecionou ofertas do
mercado imobiliário pertencentes à mesma região, aplicou critérios de
homogeneização e encontrou para o metro quadrado o valor de R$27,
22/m?, perfazendo uma indenização no montante de R$28.367,87, que
acrescida do valor das benfeitorias, R$12.134,66, chegou ao valor total
de R$40,502,33, para outubro de 2010. Não há qualquer indício de
incorreção do laudo judicial, o qual demonstra detalhadamente a forma
de elaboração dos cálculos e os critérios adotados. Destaca-se, também,
gue o perito ratificou, categoricamente, o conteúdo de seu trabalho, a fis.
440. Assim sendo, apesar da combatividade das considerações lançadas
pelos apelantes, não é possível acolher as alegações trazidas por eles em seu
recurso, haja vista que o montante indenizatório apurado no laudo provisório
pelo perito judicial levou em consideração as peculiaridades do imóvel
objeto da lide.” 3. Observa-se que houve duas avaliações judiciais, e que o
Juiz sentenciante adotou, com base no contexto fático-probatório, a primeira
perícia realizada. Nesse diapasão, tal posição não contraria a orientação do
STJ de que, em regra, o valor da indenização deve ser contemporâneo à
avaliação judicial, tendo em vista que o laudo inicial se reportou ao preço de
mercado à época em que confeccionado. [...] (STJ - AgRg no REsp:
1564033 SP 2015/0274370-9, Relator: Ministro HERMAN BENJAMIN,
Data de Julgamento: 09/06/2016, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de
Publicação: DJe 05/09/2016)

DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA. INDENIZAÇÃO. LAUDO. PERITO


JUDICIAL. TAXA DE CORRETAGEM. VALOR DE NEGOCIAÇÃO.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. CONDICIONANTES AO
LEVANTAMENTO DA INDENIZAÇÃO. 1. Embora não seja vinculante,
certamente o laudo pericial regular e adequado, de maneira a refletir o preço
atual de mercado do imóvel, tem importância significativa. Isso porque o
perito é não apenas um expert no assunto, que traz ao processo sua visão
técnica e especializada do quantum é devido em caráter indenizatório. O
perito é também um terceiro imparcial e equidistante dos interesses das
partes, que goza da confiança do juízo, o que confere ao seu trabalho uma
presunção de legitimidade, de que realizará um tratamento isonômico, seja
em relação ao expropriante, seja em relação ao expropriado. Precedentes do
STJ. 1.1. No caso, a avaliação do perito judicial apresenta-se consistente e
bem fundamentada, respaldando-se no exame de todo o conjunto probatório
carreado nos presentes autos, em critérios técnicos e nas condições e
características da área. Além disso, diante da presunção de legitiyfidade do
laudo pericial e da inexistência nos autos de qualquer questionámento que
coloque em xeque a idoneidade do perito oficial, a fi ixdenização da

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área com base nesse laudo não merece censura. [...] 3. Também deve ser
afastada a alegação do apelante de que o valor apurado no laudo
pericial não deve ser acolhido porque não considerou o "fator de
negociação". Como se infere do laudo do perito judicial e dos seus
esclarecimentos, nos elementos passíveis de negociação, de oferta, foram
considerados os fatores de fonte de 0,90, sendo, pois, indevida a alegação
do apelante. Com isso, afastadas as alegações da apelante em relação a
este aspecto. [...] (TRF-3 - AC: 522209 SP 0522209-13.1983.4.03.6100,
Relator: DESEMBARGADOR FEDERAL JOSÉ LUNARDELLI, Data de
Julgamento: 21/05/2013, PRIMEIRA TURMA)

Ante o exposto, entendo que a sentença merece reforma no ponto em


epígrafe, razão pela qual adoto as considerações do laudo pericial para fixar o valor do
metro quadrado no valor de R$ 809,73/m?2.

II. Do direito de extensão e dos pleitos de reconhecimento da existência de


desapropriação indireta e de indenização dos prejuízos suportados pelo réu/apelante

Consoante cediço, a ação de desapropriação é de cognição restrita,


admitindo-se discussão apenas a respeito do preço e da lisura do processo judicial, sendo
certo que demais questões deverão ser decididas em ação própria nas vias ordinárias, com a
devida dilação probatória.

No entanto, é pacífica a jurisprudência no sentido de ser possível pedido


de extensão na própria ação de desapropriação direta, por se tratar de mero desdobramento
da irresignação do expropriado quanto ao preço do bem.
Nesse sentido, confira-se precedente do Superior Tribunal de Justiça:
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. ART. 535 DO CPC.
DESAPROPRIAÇÃO. RODOANEL. JUROS MORATÓRIOS. ACÓRDÃO
RECORRIDO. FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL. DIREITO DE
EXTENSÃO. CONTESTAÇÃO. POSSIBILIDADE. ARTS. 128 E 460 DO
CPC. JULGAMENTO ULTRA PETITA.. [...] 3. Direito de extensão é o que
assiste ao proprietário de exigir que se inclua no plano de desapropriação a
parte remanescente do bem, que se tornou inútil ou de difícil utilização. 4.
"[...] o pedido de extensão é formulado na via administrativa, quando há a
perspectiva de acordo, ou na via judicial, neste caso por ocasião da
contestação. O réu, impugnando o valor ofertado pelo expropriante,
apresenta outra avaliação do bem, considerando a sua integralidade, e não a
sua parcialidade, como pretendia o autor. O juiz, se reconhecer presentes os
elementos do direito, fixará a indenização correspondente à integralidade do
bem. Resulta daí que é o bem, da mesma forma em sua integralidade, que se
transferirá ao patrimônio do expropriante" (José dos Santos Carvalhe-Filho,
Manual de Direito Administrativo, 11º edição, Editora Lumen iris,
Janeiro, 2004, p. 723). 5. A Lei n.º 4.504/64, que dispõe spbre o Estátuto da
Terra e dá outras providências, em seu art. 19, $ 1º, fixg que o próprietário,

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quando intentada desapropriação parcial, poderá requerer, na contestação,


que todo imóvel seja expropriado, incluído a área remanescente inutilizada.
Embora alcance apenas as desapropriações de imóveis rurais para fins de
reforma agrária, esse regramento deve também ser aplicado às
desapropriações por utilidade ou necessidade pública, pois não há, entre o
dispositivo e o rito processual previsto no Decreto-lei 3.365/41, qualquer
incompatibilidade formal ou material. 6. O direito de extensão nada mais é
do que a impugnação do preço ofertado pelo expropriante. O réu, quando
impugna na contestação o valor ofertado, apresenta outra avaliação do bem,
abrangendo a integralidade do imóvel, e não apenas a parte incluída no
plano de desapropriação. Assim, o pedido de extensão formulado na
contestação em nada ofende o art. 20 do Decreto-lei 3.365/41, segundo o
qual a contestação somente pode versar sobre "vício do processo judicial ou
impugnação do preço”. 7. O pedido de extensão deve ser formulado pelo réu
na contestação da ação expropriatória, sendo inviável a sua formulação por
meio de reconvenção ou ação direta. Ausência de julgamento extra ou ultra
petita. 8. Recurso especial conhecido em parte e improvido. (REsp
816.535/SP, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado
em 6/2/2007, DJ 16/2/2007, p. 307)

Com efeito, o direito de extensão consiste na possibilidade de o


expropriado reclamar que a desapropriação e a respectiva indenização compreendam a
integralidade do bem objeto da intervenção do Ente Público quando o espaço remanescente
deixar de exercer qualquer atrativo econômico, tornando-se inútil ou de difícil utilização.
À respeito do instituto, colhe-se da doutrina o ensinamento do ilustre
Professor JOSÉ SANTOS CARVALHO FILHO:

Direito de extensão é o direito do expropriado de exigir que a desapropriação


e a indenização alcancem a totalidade do bem, quando o remanescente
resultar esvaziado de seu conteúdo econômico. A desapropriação pode ser
total ou parcial, conforme envolva total ou parcialmente o bem a ser
desapropriado. O exercício do direito de extensão se dá no caso da
desapropriação parcial, quando a parte que excede àquela que pretende o
expropriante fica prática ou efetivamente inútil e inservível. Para evitar a
situação de permanecer com a propriedade apenas dessa parte inócua, o
expropriado requer que a desapropriação e, por conseguinte, a indenização a
ela se estenda, transformando-se então a desapropriação de parcial para
total.” (“Manual de direito administrativo”. 32º ed. São Paulo: Atlas, 2018, p.
963)

Na mesma linha de intelecção caminha a hodierna orientação


jurisprudencial, a propósito:

DIREITO ADMINISTRATIVO. DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA


8º DA LEI Nº 489/2001 DO MUNICÍPIO DE PINHAIS./ NÃO

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desapropriação, direito de extensão é o direito do expropriado de exigir


que a desapropriação e a indenização alcancem a totalidade do bem,
quando o remanescente resultar esvaziado de seu conteúdo econômico.
b) O exercício do direito de extensão se dá no caso da desapropriação
parcial, quando a parte que excede àquela que pretende o expropriante
fica prática ou efetivamente inútil e inservível. Apelação Cível e Remessa
Necessária nº 1581685-2 c) Para que se defira o direito à extensão, em
desapropriação indireta, deve a parte formular pedido expresso nesse sentido,
demonstrando que a área remanescente, não atingida diretamente pelo
esbulho possessório, perdera seu conteúdo econômico. d) Tendo a sentença
concedido o direito de extensão, sem o correspondente pedido inicial,
incorreu em violação ao princípio da correlação ou congruência, extraído dos
arts. 141 e 492 do CPC/2015, configurando, portanto, decisão ultra petita.[...]
(TJ-PR - APL: 15816852 PR 1581685-2 (Acórdão), Relator: Leonel Cunha,
Data de Julgamento: 01/11/2016, 5º Câmara Cível, Data de Publicação: DJ:
1920 10/11/2016)

Do exposto, tem-se que o direito de extensão consiste em uma exceção e


que para sua configuração se faz necessário que a área remanescente do imóvel objeto de
desapropriação parcial deixe de exercer qualquer atrativo ou reste efetivamente inútil ou de
difícil utilização para o particular que sofreu a intervenção estatal em sua propriedade.
Volvendo ao caso em exame, verifica-se que a despeito do teor do laudo
pericial constante dos autos, o magistrado sentenciante afastou o direito de extensão
pleiteado pelo réu, com base nos fundamentos adiante transcritos:

[...] somente uma uma pequena fração do imóvel,aproximadamente 10%


dez por cento, fora objeto de Desapropriação, e por sua vez, o imóvel
permanece com a metragem de 12.192,25 m? , área que apresenta-se
pública e notoriamente hábil para empreendimentos comerciais e
residenciais, em que pese as referidas restrições administrativas relatadas
no laudo juntado aos autos, razões pelas quais não há amparo para
acolhimento do pedido de indenização a título de direito de extensão em
favor do expropriado GILBERTO OLIVEIRA RAMOS, caso contrário,
trata-se, salvo melhor juízo, de lesão ao erário municipal e
enriquecimento sem causa (fls. 257).

Da leitura do excerto, nota-se que o magistrado sentenciante se apegou a


fração do imóvel efetivamente utilizada pelo poder público, sem tecer maiores
considerações a respeito da viabilidade de se utilizar a área remanescente para realização de
outros empreendimentos, limitando-se a afirmar genericamente que a área “apresenta-se

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PODER JUDICIARIO DO ESTADO DA BAHIA dá
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que excede àquela pretendida pelo expropriante, conforma já pontuado, deve ser a efetiva
possibilidade de exploração da área remanescente e não uma mera conta matemática da
área em que houve intervenção, pois de nada adiantaria se manter 90% do terreno original,

se neste espaço não se tem condições de exploração econômica.

Não obstante a fundamentação simplista da sentença no ponto, entendo


que o caso é de manutenção do indeferimento do pedido de extensão.

No particular, convém trazer à colação as conclusões expostas pelo


expert responsável pela perícia levada a efeito nos autos:
8. Conclui-se que, com a redução da testada principal do imóvel avaliando para
a pista da Estrada do Coco, devido a área de servidão da linha de água de
distribuição, conforme o croquis do item 6.1 do presente Laudo, e com a
instalação da galeria pluvial no fundo do terreno do réu, conforme o item 6.2
do presente Laudo, obras implantadas pelo Autor, áreas estas sobre as quais
não se pode construir, não resta dúvida de que toda a área remanescente do
Réu ficou imprestável para um empreendimento comercial de grande
porte, que seria perfeitamente possível com a sua área original.
Desta forma, as citadas obras implantadas pelo Autor, resultaram em
restrições ao uso do solo, impossibilitando o aproveitamento eficiente da
área, depreciando o valor da área remanescente do réu, pois não é viável ser
instalado apenas na parte da frente, na beira da pista, um empreendimento
comercial de menor porte, e depois ficar sobrando a parte da área do fundo
do terreno, que teria a sua atratividade comercial reduzida, com a
consequente desvalorização.
Então, restou caracterizado o que a Norma Técnica SABESP NTS 29 —
Critérios de Avaliação para Indenização de Faixas de Servidão, adotada pelo
IBAPE/SP (instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia),
preconiza no seu item 6.1.1;
“Na impossibilidade de aproveitamento eficiente do imóvel em face da faixa
de servidão deve-se desapropriar integralmente o imóvel em consonância
com as normas técnicas vigentes.” [...] (fls. 176) [grifos acrescidos]

De plano, cumpre assinalar que o juiz não está adstrito ao laudo pericial,
podendo formar seu convencimento com base em outros elementos e provas constantes dos
autos, desde que devidamente motivado, consoante inteligência do art. 479 do Código de

Processo Civil.
Assentada tal premissa, observo que do cotejo do croqui do terreno do
apelante com os pouquíssimos registros fotográficos constantes do laudo pericial não se
pode depreender logicamente a conclusão esposada pelo perito no sentido de que as

ínfima parcela da propriedade foi, de fato, aproveitada pelo município.

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Tal conclusão, frise-se, é reforçada quando se confrontam os registros

fotográficos do local registrados no ano de 2014 — constantes da ação de reintegração de


posse tombada sob o n.º 0306450-60.2014.8.05.0039 (fls. 28-35) — com aquelas presentes
no referido laudo pericial, capturados no ano de 2016.

Com efeito, nos primeiros registros é possível visualizar a utilização do


terreno pelo Município de Camaçari, na medida em que se observa a presença de
caminhões e tratores no local, materiais de construção ali depositados e terras revoltas pela
passagem dos aludidos veículos e trabalhadores. Todavia, nos registros realizados pelo
expert, tais intervenções não se revelam mais visíveis, observando-se, ao revés, que as
obras realizadas pelo município já haviam sido em grande parte finalizadas, com a
consequente liberação do terreno.

De outra banda, noto que, malgrado o perito do juízo tenha sido incisivo
ao afirmar que as obras implantadas pelo Município de Camaçari tenham implicado em
restrições ao uso do solo, impossibilitando o aproveitamento eficiente da área
remanescente do réu, com repercussão no valor desta, a conclusão é clara no sentido de que
a imprestabilidade de tal propriedade se dá apenas para a realização de empreendimento
comercial de grande porte, do que se denota, a contrario sensu, a possibilidade de
implantação de outros empreendimentos de menor dimensão.

Ademais, o laudo pericial não esclarece de forma precisa a extensão das


restrições ao uso do solo decorrentes das intervenções operadas pela municipalidade. O

perito apenas afirma que sobre estas áreas “não se pode construir”, sem informar maiores
detalhes do grau de comprometimento do poder construtivo no local.
Por outro lado, as fotos iniciais do local apenas apresentam a alocação de

objetos e materiais para as obras, já concluídas.

Em outras palavras, não se denota da referida prova técnica informação


no sentido da existência de qualquer impossibilidade de construção no interior da área
remanescente, que perfaz o total de 12.189,25 m2.

Corrobora tal entendimento a manifestação técnica de lavra da Comissão


de Avaliação de Imóveis da Secretaria de Desenvolvimento Urbano de Camaçari (fls.
232/246), cujas razões adoto como razão de decidir:

Gostariamos inicialmente de caracterizar a área em questão tendo e ta

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sua capacidade construtiva através dos parâmetros impostos pelo Plano


Diretor de Desenvolvimento Urbano Lei nº 866/2008 e do Código
Urbanístico e ambiental do Município de Camaçari, Lei nº 913/2008,
A caracterização acim tem o intuito de demonstrar que a área remanescente
de 12,189, 25m? possui capacidade para empreender atividades comerciais,
habitacionais, industriais ou outras que o Sr. Gilberto Oliveira Ramos
proprietário do mesmo desejar, para isso estamos anexando a este ofício uma
consulta prévia que pode ser consultada a qualquer momento através do site
oficial da Prefeitura que é o camacari.ba.gov.br
[.-.]
Os números acima demonstram que com área remanescente de 12.189,25 m2
o Sr. Gilberto OliveiraRamos poderá construir em projeção sobre o terreno
uma edificação de 6.0974,62 m? e 12.189,25m?, caso queira erigir mais de
um pavimento como permitido pelo gabarito máximo que no caso é de 03 de
pavimentos.
Quanto a questão de partes do terreno que não podem ser utilizados, fundo
ou frente não conseguimos enxergar como isso é possível, pois não existe
restrição ao uso do solo a não ser aquelas que se impõem em função dos
parâmetros estabelecidos pelo Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Lei
nº 866/2008 e do Código Urbanístico e ambiental do Município de Camaçari,
Lei nº 913/2008.
Quanto questão da testada que era de 70,00m e passou para 60,00m,
entendemos que esta última tem uma medida significativa que permite uma
implantação de vários tipos de empreendimentos, tendo em vista que neste
aspecto os recuos laterais contariam tanto para uma testada de 70,00 quanto
para uma de 60,00.
Existe ainda um aspecto importante a considerar é que com a ampliação e
melhoramento da via (rua da Grama), entendemos que o terreno passou a ser
valorizado, situação que não existia anteriormente tendo em vista a
dificuldade de acesso com a via em cascalho e sem duplicação, este fato fará
com que o empreendimento a ser implantado na área remanescente possa ter
melhor escoamento de trafego e acesso que antes não possuía.

Ora, não se pode confundir a mera redução da atratividade comercial do


imóvel com o esvaziamento do potencial econômico da área remanescente, este sim

pressuposto do direito de extensão reclamado, sob pena de patente violação ao princípio da


supremacia do interesse público em detrimento do interesse do particular, mormente no
caso concreto, tendo em vista que o deferimento do pleito acarretaria a majoração da
indenização devida de R$1.423.062,98 para R$13.421.036,69, a ser suportada pelos cofres
públicos da municipalidade demandante.

Não é despiciendo assinalar que não se está aqui a negar a desvalorização


advinda das restrições de uso da propriedade impostas pela municipalidade, mas sim a

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atrativo econômico da área remanescente, o que não se verifica no caso.


Nada obsta, contudo, que seja buscada a justa indenização em face da
desvalorização da área remanescente em ação própria, com ampla dilação probatória, tendo
em vista que não se revela possível aferir o dano em questão na presente demanda, tendo
em vista os limites objetivos da presente lide, bem assim a ausência de produção de provas
nesse sentido na origem.

Não destoa da conclusão aqui esposada a orientação jurisprudencial,


consoante se depreende dos arestos adiante colacionados:

APELAÇÃO CÍVEL - DESAPROPRIAÇÃO - Fernandópolis — [...] 4.


Indenização da área remanescente e incorporação ao patrimônio do autor —
Inadmissibilidade — Julgamento extra petita — Inteligência do artigo 20 do
Decreto-lei nº 3.365/1941 — Inocorrência de exercício do "direito de
extensão" — Eventuais danos causados na área remanescente que devem
ser discutidos em ação própria, com ampla dilação probatória. 5.
Correção monetária — Expediente necessário para a manutenção do poder de
compra da moeda — Cômputo a partir da data de elaboração do laudo pericial.
6. Juros compensatórios — Incidência que decorre da perda antecipada da
posse do imóvel e à taxa de 12% ao ano — Aplicabilidade da Súmula 408 do
STJ. 7. Juros moratórios — Observância da regra do artigo 15-B do Decreto-
lei nº 3.365/41 — Incidência à taxa de 6% ao ano e a partir de 1º de janeiro do
exercício seguinte àquele em que o pagamento deveria ser feito. 8.
Honorários advocatícios — Aplicabilidade do artigo 27, $ 1º, do Decreto-lei
nº 3.365/1941 e da Súmula 141 do STJ — Cálculo sobre a diferença entre a
indenização e a oferta inicial, corrigidas monetariamente. Sentença
reformada — Recursos voluntários e reexame necessário parcialmente
providos. (TJ-SP - APL: 00051323920128260189 SP
0005132-39.2012.8.26.0189, Relator: Cristina Cotrofe, Data de Julgamento:
28/09/2016, 8º Câmara de Direito Público, Data de Publicação: 29/09/2016)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE DESAPROPRIAÇÃO.


OFERTA DE PAGAMENTO PRÉVIO. VALOR DA INDENIZAÇÃO.
DETERMINAÇÃO DE PRIMEIRA COMPLEMENTAÇÃO. DEPOSITO
EFETUADO. DETERMINAÇÃO DE NOVA COMPLEMENTAÇÃO.
EQUIVALÊNCIA A PAGAMENTO PRÉVIO DE INDENIZAÇÃO.
APLICAÇÃO DO ART. 33 DO DECRETO-LEI N. 3.365/41. PERIGO DE
IRREVERSIBILIDADE. MATÉRIA DA CONTESTAÇÃO RESTRITA.
NATUREZA DA DEMANDA. INTELIGÊNCIA DO ART. 20 DECRETO-
LEI N. 3.365/41. DISCREPÂNCIA ENTRE O VALOR DA OFERTA
INICIAL E O APURADO PELA PERÍCIA. NECESSIDADE DE NOVO
LAUDO. PRECEDENTES DO STJ. AGRAVO CONHECIDO E
PROVIDO. Em se tratando de desapropriação de imóvel, o depósito prévio
em Juízo, inclusive eventuais complementações, são considerados
pagamento prévio da indenização, possibilitando o levantamento de 80% do

surge o perigo de irreversibilidade ante a possiblidade de lex


80% do valor do novo depósito, correspondente a

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complementação, cuja legalidade se discute. 4. A Ação de Desapropriação


não é a adequada para discussão mais ampla acerca de eventual
inaproveitabilidade ou desvalorização de área remanescente e sua
titularidade. que poderá ser objeto de ação própria. 5. Na mesma esteira
de entendimento, a jurisprudência do STJ é no sentido de necessidade de
esclarecimentos do perito e de realização de novo laudo pericial, quando
houver discrepância entre o valor da oferta inicial e o montante apurado
pela perícia. AGRAVO CONHECIDO E PROVIDO. (Classe: Agravo de
Instrumento, Número do Processo: 0011017-96.2015.8.05.0000, Relator (a):
Moacyr Montenegro Souto, Terceira Câmara Cível, Publicado em:
15/06/2016 ) (TJ-BA - AT: 00110179620158050000, Relator: Moacyr
Montenegro Souto, Terceira Câmara Cível, Data de Publicação: 15/06/2016)

Desse modo, não comprovada a imprestabilidade ou o concreto


esvaziamento econômico da área remanescente, reputo descabida a reforma da sentença
vergastada no ponto, mantendo-se o indeferimento do pedido de extensão.

HI — Da atualização do valor da condenação

Sustenta o autor recorrente que a sentença merece reforma também neste


ponto, pois o magistrado precedente determinou que o pagamento da quantia arbitrada
deveria ser corrigido “na forma da lei, desde a data de avaliação do imóvel, em 30 de abril
de 2016 [...]”, o que vai de encontro ao teor da Súmula 114/STJ, que dispõe que a correção
e os juros devem ser aplicados desde o momento em que a área foi ocupada.
Sem razão, contudo, o recorrente.
Consoante jurisprudência pacífica do Superior Tribunal de Justiça, “o
termo inicial da correção monetária, na ação de desapropriação, deve ser a data da
confecção do laudo pericial judicial, nas hipóteses em que o juiz adotá-lo como parâmetro
para aferir o quantum indenizatório, contando-se a partir da avaliação administrativa
somente quando for considerado o preço de mercado do imóvel ao tempo da imissão na
posse” (Aglnt no REsp 1682794/SE, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, PRIMEIRA
TURMA, julgado em 19/03/2019, DJe 05/04/2019).
No caso em tela, restou assentado que o valor da justa indenização
corresponde àquele indicado no laudo produzido pelo perito judicial, de sorte que a
correção monetária é devida desde a data de tal avaliação (30/04/2016) até a data do efetivo

2
vez, independente do decurso de prazo superior a um ano entre o cálculo e o efetivo pagamento da
indenização.

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agamento, nos termos da Súmula 67 do STJ? e da Súmula 561 do STF’.

IV — Da extinção da ação de reintegração de posse nº 0306450-60.2014.8.05.0039

A ação em epígrafe foi ajuizada por Gilberto Oliveira Ramos contra o


Município de Camaçari, sob o fundamento de que este ente teria incorrido em esbulho de
área de sua propriedade superior âquela objeto de expropriação na Ação de desapropriação
nº 0501577-96.2015.8.05.0039.
O juízo a quo, todavia, extinguiu o feito em razão da perda superveniente de
objeto, diante da procedência parcial da referida ação de desapropriação, que reconheceu a
expropriação de 1.445,75m? do terreno do autor.
Irresignado, o réu pleiteou a reforma do decreto extintivo, argumentando
que não ocorreu o esvaziamento do objeto da ação, já que a discussão travada neste feito
ultrapassa os limites da área expropriada, na medida em que o que se pugna nesta ação é a
reintegração da posse da área remanescente da propriedade do demandante.
Com razão, no ponto, o recorrente.
Da simples leitura da petição inicial da ação de reintegração de posse, é
possível depreender com clareza que o objeto de tal demanda não se restringe à posse da
parcela expropriada pelo Município de Camaçari, abrangendo, em verdade, toda a extensão
da propriedade do recorrente, a qual supostamente estaria sendo violada pelo município.
Desse modo, ressai evidente que o fato de ter sido concluído o processo de
expropriação de parcela do imóvel do autor não conduz à conclusão inexorável de que
cessou o suposto esbulho na área remanescente.
No particular, cumpre assinalar que se trata de pretensão resistida pelo ente
municipal, o qual asseverou em sua peça de defesa que a intervenção na propriedade do
autor não caracterizou esbulho, mas mera ocupação temporária, para fins de realização de
obras de drenagem e alargamento da via situada na Rua da Grama, no loteamento São
Jorge (fls. 57/59).

Controvertida a questão e não tendo havido a devida fase instrutória na


3 Súmula 561 do STF: Em desapropriação, é devida a correção monetária até a data do efetivo pagamento
da indenização, devendo proceder-se à atualização do cálculo ainda que por mais de uma vez.
Súmula 67 do STJ: Na desapropriação, cabe a atualização monetária, ainda que por mais de
vez, independente do decurso de prazo superior a um ano entre o cálculo e o efetivo pagamento da
indenização.
3 Súmula 561 do STF: Em desapropriação, é devida a correção monetária até a data do efetivo papa
da indenização, devendo proceder-se à atualização do cálculo ainda que por mais de uma vez.

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origem, resta patente que o objeto da lide não restou esvaziado em razão da conclusão do
processo expropriatório da ínfima parcela de menos de dez por cento da propriedade do
autor.
Corrobora a conclusão aqui esposada, ainda, a possibilidade reconhecida
pelo Superior Tribunal de Justiça de conversão da ação possessória em indenizatória, para
assegurar ao particular a obtenção de resultado prático correspondente à restituição do bem,
em consonância com os princípios da celeridade e economia processuais:

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. REINTEGRAÇÃO DE


POSSE. CASO CONCRETO. IMPOSSIBILIDADE. INVASÃO DO
IMÓVEL POR MILHARES DE FAMÍLIAS DE BAIXA RENDA.
OMISSÃO DO ESTADO EM FORNECER FORÇA POLICIAL PARA O
CUMPRIMENTO DO MANDADO JUDICIAL. APOSSAMENTO
ADMINISTRATIVO E OCUPAÇÃO CONSOLIDADA. AÇÃO
REINTEGRATÓRIA. CONVERSÃO EM — INDENIZATÓRIA.
POSTERIOR EXAME COMO DESAPROPRIAÇÃO JUDICIAL.
SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO E SOCIAL SOBRE O
PARTICULAR. INDENIZAÇÃO. RESPONSABILIDADE DO ESTADO
E DO MUNICÍPIO. JULGAMENTO EXTRA PETITA E REFORMATIO
IN PEJUS. NÃO OCORRÊNCIA. LEGITIMIDADE AD CAUSAM.
JUSTO PREÇO. PARÂMETROS PARA A AVALIAÇÃO. SUPRESSÃO
DE INSTÂNCIA. CÁLCULO DO VALOR. LIQUIDAÇÃO DE
SENTENÇA. 1. O Plenário do STJ decidiu que "aos recursos interpostos
com fundamento no CPC/1973 (relativos a decisões publicadas até 17 de
março de 2016) devem ser exigidos os requisitos de admissibilidade na
forma nele prevista, com as interpretações dadas até então pela
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça" (Enunciado Administrativo
n. 2). 2. Hipótese em que a parte autora, a despeito de ter conseguido ordem
judicial de reintegração de posse desde 1991, encontra-se privada de suas
terras até hoje, ou seja, há mais de 2 (duas) décadas, sem que tenha sido
adotada qualquer medida concreta para obstar a constante invasão do seu
imóvel, seja por ausência de força policial para o cumprimento do mandado
reintegratório, seja em decorrência dos inúmeros incidentes processuais
ocorridos nos autos ou em face da constante ocupação coletiva ocorrida na
área, por milhares de famílias de baixa renda. 3. Constatada, no caso
concreto, a impossibilidade de devolução da posse à proprietária, o Juiz
de primeiro grau converteu, de ofício, a ação reintegratória em
indenizatória (desapropriação indireta), determinando a emenda da
inicial, a fim de promover a citação do Estado e do Município para
apresentar contestação e, em consequência, incluí-los no polo passivo da
demanda. 4. O Superior Tribunal de Justiça já se manifestou no sentido
da possibilidade de conversão da ação possessória em indenizatória, em
respeito aos princípios da celeridade e economia processuais, a fim de
assegurar ao particular a obtenção de resultado prático correspondente
à restituição do bem, quando situação fática consolidada no curso da
ação exigir a devida proteção jurisdicional, com fulcro nos arts. 461%

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PODER JUDICIARIO DO ESTADO DA BAHIA
TRIBUNAL DE JUSTICA
Quarta Camara Civel

explícito nesse sentido, diante da impossibilidade de devolução da posse


à autora, sendo descabido o ajuizamento de outra ação quando uma
parte do imóvel já foi afetada ao domínio público, mediante
apossamento administrativo, sendo a outra restante ocupada de forma
precária por inúmeras famílias de baixa renda com a intervenção do
Município e do Estado, que implantaram toda a infraestrutura básica
no local, tornando-se a área bairros urbanos. 6. Não há se falar em
violação ao princípio da congruência, devendo ser aplicada à espécie a
teoria da substanciação, segundo a qual apenas os fatos vinculam o
julgador, que poderá atribuir-lhes a qualificação jurídica que entender
adequada ao acolhimento ou à rejeição do pedido, como fulcro nos
brocardos iura novit curia e mihi factum dabo tibi ius e no art. 462 do
CPC/1973. [...] 14. Os critérios para a apuração do valor da justa
indenização serão analisados na fase de liquidação de sentença, não tendo
sido examinados pelo juízo da primeira instância, de modo que não podem
ser apreciados pelo Tribunal de origem, tampouco por esta Corte Superior,
sob pena de supressão de instância. 15. Recursos especiais parcialmente
conhecidos e, nessa extensão, desprovidos. (STJ - REsp: 1442440 AC
2014/0058286-4, Relator: Ministro GURGEL DE FARIA, Data de
Julgamento: 07/12/2017, T1 - PRIMEIRA TURMA, Data de Publicação:
DJe 15/02/2018)

Posto esse cenário, merece reforma a sentença no ponto, para afastar a


extinção da ação de reintegração de posse nº 0306450-60.2014.8.05.0039, determinando-se
o regular prosseguimento do feito em comento na origem.

V - Conclusão

Por tais considerações, voto no sentido de CONHECER E NEGAR


PROVIMENTO AO RECURSO DO AUTOR, Município de Camaçari.
Em relação ao recurso de apelação do réu, Gilberto Oliveira Ramos, voto
no sentido CONHECER E DAR-LHE PARCIAL PROVIMENTO, apenas para: a) fixar
o valor do metro quadrado no valor de R$809,73/m?, nos termos do laudo pericial de fls.
174/208; b) afastar a extinção da ação de reintegração de posse n
0306450-60.2014.8.05.0039, determinando-se o regular prosseguimento do feito na

Relator

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