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ACÓRDÃO Nº
SECRETARIA ÚNICA DE DIREITO PÚBLICO E PRIVADO
ÓRGÃO JULGADOR: 1ª TURMA DE DIREITO PÚBLICO
AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 0009422-42.2017.8.14.0000
AGRAVANTE: MARIA GORETTI DE JESUS CARNEIRO
ADVOGADO: ODETE MARIA MARGALHO SOARES MOTA
AGRAVADO: MUNICIPIO DE BELEM
PROCURADOR: TEREZA CRISTINA DE LIMA
RELATORA: DESA. ELVINA GEMAQUE TAVEIRA
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ACÓRDÃO
RELATÓRIO
Em suas razões (fls. 02/29), a agravante esclarece que é servidora pública Municipal e
ocupa o cargo de professora pedagógica desde 28.04.1989 e, que por meio de processo
administrativo, requereu ao Município de Belém a concessão de licença-prêmio,
tendo o feito sido autuado na Secretaria Municipal de Educação de Belém – SEMEC
sob o
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Informa que após regular tramitação do pedido, obteve a concessão da licença de 300
dias, tendo buscado em seguida, a efetiva fruição do período de novembro de 2016.
Porém, sem qualquer razão evidenciada nos autos, ao invés de agendar a fruição do
benefício, a autoridade apontada, por duas vezes, postergou o gozo do benefício para
o próximo exercício, sobrestando o andamento do feito.
Aduz que nos autos do mandado de segurança requereu a concessão de liminar para
que o Juízo suspendesse a eficácia do ato administrativo que postergou e negou
novamente o gozo de sua licença-prêmio e, determinasse ao agravado que afastasse a
demandante imediatamente para usufruir do benefício, sob pena de multa diária de R$
5.000,00 (cinco mil reais).
VOTO
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Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a
probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
(...). A concessão da tutela provisória é fundada em juízo de probabilidade, ou seja, não há certeza da
existência do direito da parte, mas uma aparência de que esse direito exista. É consequência natural
da cognição sumária realizada pelo juiz na concessão dessa espécie de tutela. Se ainda não teve
acesso a todos os elementos de convicção, sua decisão não será fundada na certeza, mas na mera
aparência – ou possibilidade – de o direito existir. (Manual de Direito Processual Civil, Volume
Único, Ed. JusPodivm, 8ª edição, 3ª tiragem, maio/2008, pág. 411)
Art. 111. O funcionário terá direito, como prêmio de assiduidade e comportamento, à licença de
sessenta dias em cada período de três anos de exercício ininterrupto, em que não haja sofrido
qualquer penalidade disciplinar ou criminal.
Art. 112. Não concederá licença prêmio ao funcionário que, no período aquisitivo:
I - sofrer penalidade disciplinar ou criminal;
II - afastar-se do cargo em virtude de:
a) licença para tratamento em pessoa da família que ultrapasse a trinta dias consecutivos ou no
durante o triênio;
b) licença para tratar de interesses particulares;
c) licença por motivo de afastamento do cônjuge, companheiro ou companheira;
III - faltar ao serviço injustificadamente mais de seis dias durante o período aquisitivo.
Art. 114. A requerimento do funcionário, a licença poderá ser gozada em períodos não inferiores a
trinta dias, observada a conveniência do serviço.
Parágrafo único. Deferida a licença, a administração terá o prazo de sessenta dias para liberar o
funcionário
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Ressalta-se que pela regra do art. 114, parágrafo único, da Lei nº 7.502/90, após
deferida a licença, a administração teria o prazo de sessenta dias para liberar o
funcionário, porém, passaram-se mais de 60(sessenta) dias e, sem a liberação da
servidora, a Administração procedeu a uma nova análise do processo (fls. 73 ),
concluindo por tornar sem efeito a concessão anteriormente concedida, através da
Portaria nº 2.121, de 16/06/2016 -GABS/SEMAD ( fls. 74), sob a justificativa de equívoco
na instrução.
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Da análise dos fatos, observa-se que há muito a demandante pleiteia pela licença-
prêmio (desde 2014), quando ingressou com processo administrativo junto a SEMAD,
feito que se arrasta por quase 04(quatro) anos e, embora o direito tenha sido
reconhecido, dentre indeferimentos e postergações, a autoridade competente vem
inviabilizando a fruição do benefício pela agravante, que, inclusive, já se encontra em
processo de aposentadoria e corre o risco iminente de nunca usufruir da licença que
faz jus.
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Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos
jurídicos, quando:
I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
(...)
V - decidam recursos administrativos;
(...)
No que concerne aos atos discricionários, entende-se pela sua necessária motivação,
independente de designados ou não pela lei, do contrário, estará o ato eivado de
vício, pendendo à consequente invalidação.
(...) Entendemos que a motivação é, em regra, necessária, seja para os atos vinculados, seja para os
atos discricionários, pois constitui garantia de legalidade que tanto diz respeito ao interessado como
à própria Administração Pública; a motivação é que permite a verificação, a qualquer momento, da
legalidade do ato,
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In casu, por duas vezes ficou decidido que o benefício fosse concedido somente no
próximo exercício, em razão de necessidade de professor substituto, mesmo diante da
declaração de aceitabilidade de outra servidora para a substituição durante o período
de afastamento, acostada aos autos (fls. 82).
DECISÃO: Trata-se de agravo cujo objeto é decisão que negou seguimento a recurso extraordinário
interposto contra acórdão do Tribunal de Justiça do Estado do Goiás, assim ementado: MANDADO
DE SEGURANÇA. SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL. PEDIDO DE LICENÇA-PRÊMIO INDEFERIDO.
ATO DISCRICIONÁRIO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. TEORIA DOS MOTIVOS
DETERMINANTES. AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO PLAUSÍVEL. VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS
CONSTITUCIONAIS DA LEGALIDADE, MOTIVAÇÃO DO ATO ADMINISTRATIVO E DA
MORALIDADE PÚBLICA. ILEGALIDADE EVIDENCIADA. 1(...) 2 – Ademais não se pode olvidar
que o ato administrativo que nega ao servidor público o direito de gozar a licença-prêmio, sem
razoável justificativa, e desvinculada de qualquer critério legal, carece de validade, eis que refoge à
regra constitucional segundo a qual a legalidade, a motivação e a moralidade dos agentes públicos
são a pedra de toque da Administração Pública. (...) 3. Não viola o princípio da separação dos
poderes o controle pelo Poder Judiciário de ato administrativo eivado de ilegalidade ou abusividade,
o qual envolve a verificação da efetiva ocorrência dos pressupostos de fato e direito, podendo o
Judiciário atuar, inclusive, nas questões atinentes à proporcionalidade e à razoabilidade. [...] (...).
Diante do exposto, com base no art. 21, § 1º, do RI/STF, nego seguimento ao recurso. Publique-se.
Brasília, 19 de agosto de 2016. Ministro Luís Roberto Barroso Relator (ARE 981548, Relator(a):
Min. ROBERTO BARROSO, julgado em 19/08/2016, publicado em PROCESSO ELETRÔNICO DJe-179
DIVULG 23/08/2016 PUBLIC 24/08/2016) (grifei)
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É o voto.
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