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Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro


Nona Câmara de Direito Privado

APELAÇÃO CÍVEL Nº 0015939-52.2020.8.19.0054


APELANTE: ISABEL DE FATIMA OLIVEIRA MATHEUS
APELADA: PAMELA CASTILHO DOS SANTOS
APELADA: ALESSA CASTILHO DOS SANTOS
APELADA: NIVIA CASTILHO DOS SANTOS
ORIGEM: 1ª VARA DA COMARCA DE SÃO JOÃO DE MERITI
RELATOR: DES. LUIZ ROLDÃO DE FREITAS GOMES FILHO

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE.


IMÓVEL OBJETO DE ACERVO HEREDITÁRIO. SOLUÇÃO DE
IMPROCEDÊNCIA. IRRESIGNAÇÃO DA AUTORA.

AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DA POSSE PRETÉRITA E


EXCLUSIVA SOBRE O BEM OBJETO DA DEMANDA, BEM
COMO DA OCORRÊNCIA DO ALEGADO ESBULHO. ACERVO
PROBATÓRIO QUE INDICA A EXISTÊNCIA DE COMPOSSE NO
IMÓVEL COM OS DEMAIS HERDEIROS. PRINCÍPIO DA
SAISINE PREVISTO NO ARTIGO 1.784 DO CC.
IMPOSSIBILIDADE DE SE ATRIBUIR A UMA
COMPOSSUIDORA MELHOR POSSE QUE A DA OUTRA, SEM
LASTRO QUE DEMONSTRE EVENTUAL PRIORIDADE. NÃO
PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS À
PROCEDÊNCIA DO PEDIDO. ARTIGO 561 DO CPC.
PRECEDENTES DESTE TRIBUNAL DE JUSTIÇA.

SENTENÇA MANTIDA.

RECURSO A QUE SE NEGA PROVIMENTO.

ACÓRDÃO

VISTOS, relatados e discutidos estes autos da Apelação Cível nº0015939-


52.2020.8.19.0054, em que figura como apelante ISABEL DE FATIMA OLIVEIRA
MATHEUS e como apeladas PAMELA CASTILHO DOS SANTOS, ALESSA
CASTILHO DOS SANTOS e NIVIA CASTILHO DOS SANTOS,

ACORDAM, por UNANIMIDADE de votos, os Desembargadores que


compõem esta e. Nona Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça do Estado do Rio
de Janeiro, em CONHECER E NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, nos termos do
voto do Relator.

Rio de Janeiro, na data do lançamento da assinatura digital.

DESEMBARGADOR LUIZ ROLDÃO DE FREITAS GOMES FILHO


RELATOR
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DESEMBARGADOR LUIZ ROLDÃO DE FREITAS GOMES FILHO

LUIZ ROLDAO DE FREITAS GOMES FILHO:33440 Assinado em 11/03/2024 14:36:56


Local: GAB. DES. LUIZ ROLDAO DE FREITAS GOMES FILHO
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RELATÓRIO

Trata-se de ação de reintegração de posse, com pedido de liminar,


proposta por ISABEL DE FATIMA OLIVEIRA MATHEUS em face de PAMELA
CASTILHO DOS SANTOS, ALESSA CASTILHO DOS SANTOS e NIVIA
CASTILHO DOS SANTOS, em que declara ser possuidora do imóvel localizado à
Rua Darci Vargas – n° 460 – Vila Rosali – São João de Meriti, RJ.

Como causa de pedir, em síntese, sustentou que “os atuais ocupantes do


imóvel da autora são filhas e genro da senhora Alexandra Ferreira de Castilho, onde possuía
um contrato verbal de comodato já extinto judicialmente conforme demostrado em anexo
pelo processo n° 0051608-06.2019.8.19.0054”; que “Dona Alexandra, tomando ciência da
ação judicial que a parte autora moveu requerendo a extinção do contrato verbal de comodato,
saiu do imóvel, residindo atualmente em local desconhecido pela parte autora; (...) que ao
deixar o imóvel, a senhora Alexandra permitiu que os atuais ocupantes tomassem posse do
imóvel, ainda que contra a vontade da autora.

Aduziu que “(...) por diversas vezes a autora solicitou a saída dos atuais
ocupantes, onde sempre é ignorada e muitas das vezes é tratada com rigidez. Importante destacar
excelência que a autora já ofereceu um prazo razoável para que os réus saiam do seu imóvel, sem
que obtenha êxito. Entretanto, decorrido o prazo concedido os réus NÃO desocupou,
permanecendo o esbulho possessório.”

Requereu liminarmente a reintegração de posse e, ao final, a procedência


do pedido com a confirmação da liminar, e a condenação das rés ao pagamento de
indenização, em valor mensal de RS 750,00 (setecentos e cinquenta reais),
correspondente à ocupação pelo período em que permanecerem no imóvel.

A gratuidade de justiça foi deferida no indexador 33.

Contestação das primeiras rés no indexador 76.

No indexador 102, réplica.

Após a inclusão da 3ª ré no polo passivo (indexador 248), foi


apresentada a contestação no indexador 264.

Réplica, referente à defesa da terceira ré, no indexador 281.

Decisão saneadora (indexador 285), deferindo-se a produção de prova


documental e oral, consubstanciada na oitiva de testemunhas e depoimento pessoal
das partes.

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Audiência de instrução e julgamento realizada, conforme assentada


constante do indexador 307.

A sentença julgou improcedentes os pedidos formulados pela autora, nos


seguintes termos (indexador 479):

“(...)

Não há comodato comprovado nos autos e, portanto, não há esbulho comprovado.


Não havendo esbulho, não cabe o deferimento de pagamento de taxa de ocupação.
Ante o exposto, resolvo o mérito, na forma do art. 487, I, do CPC e JULGO
IMPROCEDENTE a pretensão. Condeno a parte autora nas custas e
honorários que fixo em 10% sobre o valor atualizado da causa,
observada a gratuidade de justiça deferida à autora. Com o trânsito em julgado,
cumpridas as formalidades legais, encaminhem-se os autos à Central de
Arquivamentos”

Apelação da autora (indexador 502), pleiteando a gratuidade de justiça, e


aduzindo que “(...) a autora trouxe aos autos documentos que comprovam que embora o
sobrinho da autora tenha parte do imóvel objeto desta ação, o imóvel nunca pertenceu as rés ou
sequer ao seu sobrinho. Ora, a autora está com pessoas estranhas em seu imóvel a qual fazem
badernas e usam o imóvel como ponto de curtição.”

Sustenta que “resta inequivocamente provada a posse indireta do imóvel, pela


autora, em virtude do contrato de comodato verbal que teria com a senhora Alexandre, além
da própria extinção judicial do contrato de comodato que possuía, vez que a posse é a
exteriorização do domínio. A autora cedeu a posse direta em face do contrato de comodato verbal
a senhora Alexandra, que agora busca recuperar.”

Argumenta que “(...) a autora foi esbulhada da posse com abuso de confiança,
pois no 10 de Março de 2020, os réus foi devidamente constituído em mora, com prazo de 30
(trinta) dias para desocupação do imóvel e, não o fazendo, praticou esbulho, vez que sua posse,
jamais foi justa, sendo certo a única pessoa que teve a posse direta autorizada pela autora
foi a senhora Alexandra, onde atualmente desde o dia 09 de Abril/2020 a possa é injusta e
precária.
(...)
Assim sendo, conforme foi fartamente demonstrado pela autora, pugna a
mesma pela reforma da r. Sentença para a procedência da presente ação com a
consequente expedição do mandado de reintegração da posse, condenado os réus no pagamento
das perdas e danos consubstanciados no valor de R$ 750,00 por mês, à título de aluguel
mensal pelo período em que permanecer no imóvel .”

Por fim, requer o provimento do “(...)presente RECURSO DE APELAÇÃO ora


interposto para: 1) Conceder o Benefício da Gratuidade de Justiça, por não possuir os apelantes
condições financeiras de arcar com as custas do presente Recurso sem prejuízo de seu sustento e de
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sua família; 2) a procedência da presente ação com a consequente expedição do mandado de


reintegração da posse, condenado os réus no pagamento das perdas e danos
consubstanciados no valor de R$ 750,00 por mês, à título de aluguel mensal pelo período em que
permanecer no imóvel”

A regularidade do recurso foi certificada no indexador 525, sendo a


apelante beneficiária da gratuidade de justiça (indexador 33).

Contrarrazões pelo desprovimento do recurso (indexadores 514 e 519).

É o relatório. Passa-se ao voto.

Conhece-se do recurso porque presentes os requisitos intrínsecos e


extrínsecos de admissibilidade.

Primeiramente, cumpre destacar que o pedido de gratuidade de justiça,


formulado no presente apelo, foi apreciado e deferido pelo juízo de primeiro grau, em
decisão lançada no indexador 33, razão pela qual desnecessária a reapreciação nesta
oportunidade.

No mais, não colhe êxito o recurso da apelante.

Cinge-se a controvérsia a verificar o acerto da sentença que julgou


improcedente o pedido de reintegração de posse formulado pela autora, ao
fundamento de não houve comprovação do comodato e do esbulho alegados, razão
pela qual não cabe a reintegração de posse e o deferimento do pagamento de taxa de
ocupação.

Consoante os artigos 560 e 5611 do CPC/2015, comprovada a posse


anterior, o esbulho sofrido e sua data, o possuidor tem o direito de ser reintegrado na
posse do imóvel.

Nesse sentido, foi editada a súmula 382 do TJRJ:

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Art. 560. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação e reintegrado em caso de esbulho.
Art. 561. Incumbe ao autor provar:
I - a sua posse;
Il - a turbação ou o esbulho praticado pelo réu;
III - a data da turbação ou do esbulho;
IV - a continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção; a perda da posse, na ação de reintegração

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“Para o acolhimento da pretensão reintegratória ou de manutenção, impõe-se a


prova da posse, do esbulho ou turbação, a data em que ocorreu, como também a
continuação da posse, na demanda de manutenção, e sua perda, no caso da
reintegração.”

Por sua vez, o artigo 1.1962 do Código Civil diz que se caracteriza como
possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de alguns dos
poderes inerentes à propriedade.

In casu, do cotejo minucioso das provas carreadas aos autos, constata-se


que a autora não logrou comprovar a posse pretérita e exclusiva sobre o imóvel,
tampouco o esbulho, requisitos essenciais à procedência do pedido de reintegração.

A tal respeito, constata-se que o imóvel sobre o qual se reivindica a


posse é objeto de acervo hereditário, sendo a autora uma das herdeiras de sua avó Sra.
Guiomar Araújo de Oliveira - esta herdeira do espólio do Sr. Oscar, pai de Guiomar e
bisavô da autora -, em cujo inventário se arrolou o bem (indexadores 121/164), visto
que, de acordo com os depoimentos colhidos e demais elementos de prova, em uma
das cinco acessões feitas no terreno em questão habitava o sobrinho da autora Sr.
Gerson com sua ex-esposa Sra. Alexandra (mãe das rés), e, em outra construção no
local, a mãe de Gerson, que, de acordo com os fundamentos alinhados na sentença,
teria relação de parentesco com a demandante, indicando, portanto, a existência de
composse sobre o referido bem imóvel, em razão do princípio da saisine, previsto no
artigo 1.7844 do CC, regulando-se os seus direitos pelas normas aplicáveis ao
condomínio, até que seja realizada a partilha (artigo 1.791, parágrafo único, do CC).

Como destacado pela eminente Magistrada de primeiro grau, “Analisando


o inventário trazido aos autos para justificar a origem da posse da autora – fls. 121 e seguintes –
observa-se que Guiomar era herdeira de OSCAR e CLARA, no inventário de OSCAR – inventário
no qual consta o imóvel – observa-se que CLARA, na qualidade de meeira, recebeu ½ do imóvel
objeto da lide e, portanto, GUIOMAR recebeu a outra metade. GUIOMAR era avó da autora, não
esclarecendo a autora se sua bisavó CLARA tinha outros filhos e nem se tinha outros herdeiros.
Porém, se Gerson é sobrinho da autora, a mãe de Gerson que mora em uma das casas pode ser
parente da autora, o que não se esclarece (...) Outrossim, a autora junta aos autos (fls. 393) o
inventário do seu bisavô, no qual o terreno onde as casas foram erigidas consta como
bem a inventariar.” (sublinhei).

De acordo com a escorreita sentença, “A procedência de uma demanda


judicial depende da comprovação –incontestável – de que o autor possui o direito alegado e o
possui com exclusão de qualquer outro direito dos demais personagens do processo. No caso dos

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Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes
inerentes à propriedade.

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autos, o Juízo não tem essa certeza do direito da autora em razão da deficiência da prova por ela
produzida.”

Em que pese a apelante reiterar, nas razões recursais, a existência de


contrato de comodato verbal supostamente firmado com a Sra. Alexandra, mãe das
rés e ex-esposa do Sr. Gerson, seu sobrinho, certo é que, a despeito da notificação
judicial distribuída aos 07/10/2019, sob o número 0051608-06.2019.8.19.0054, em
desfavor da suposta comodatária, nenhum documento idôneo foi acostado acerca da
sua existência, tampouco foram chamados a depor o Sr. Paulo (irmão da autora) e o
Sr. Gerson (sobrinho da autora e anterior ocupante do imóvel questionado), e,
portanto, possíveis herdeiros da cadeia sucessória, a fim de trazer elementos
elucidativos aos autos quanto ao alegado pela demandante.

Ademais, os depoimentos colhidos em audiência de instrução e


julgamento (indexador 307) não demonstram a posse pretérita e exclusiva exercida
pela autora, indicando, ao contrário, que há cinco acessões no terreno, construídas e
ocupadas por seus familiares, inclusive a unidade utilizada pelas rés, erigida há cerca
de 20 anos às expensas da Sra. Alexandra, ex-esposa do seu sobrinho Gerson
(indexador 89 e 96), e a existência de composse e concomitância de seu exercício,
sem definição de prioridade sobre o terreno.

De acordo com o depoimento da testemunha Sr. Luiz Carlos de Oliveira


Pinto:
“(...) às perguntas do juízo narrou que " é amigo das rés; que foi companheiro da
avó das rés. Testemunha ouvida como informante. Que não sabe ao certo mas acha
que a casa, objeto dos autos, foi construída acerca de 20 anos; que Camila tem
14 anos e Bernardo tem seis anos; que Camila não era nascida quando foi
construída a casa; que no terreno há 4 acessões; que agora a mãe do Gerson
construiu na laje das rés; que foi Alexandra quem arcou com os custos de
construção da casa, desde a material até mão de obra; que as compras eram
feitas no cartão de crédito de uma conhecida; que Alexandra e Gerson viviam
juntos quando da construção da casa; que sabe que hoje existem 5 acessões no
terreno mas não conhece a acessão erigida acima da laje das rés; que a primeira
casa a ser feita salvo engano foi a da Alexandra; que no terreno há a casa da
Alexandra, da Paula, da Isabel e da Aline; que em seguida veio a ser
construída a casa do Paulo, que vem a ser irmão da autora; que em terceiro veio a
casa da autora; que Isabel construiu em cima de sua casa e cedeu a parte de baixo
para Aline; que ao que sabe o terreno é de posse; que se tratava de terreno
esquecido; que não sabe de quem foi a ideia de se apossar do terreno(...)”(grifei)

Nesse contexto, diante da ausência de comprovação inequívoca da posse


pretérita e exclusiva da autora, e da falta de demonstração do esbulho imputado às
rés, considerando-se que a demandante não logrou comprovar os fatos constitutivos

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de seu direito, encargo que lhe incumbia (artigo 373, inciso I3, do CPC/2015), agiu
corretamente a eminente Magistrada de primeiro grau ao julgar improcedente o
pedido de reintegração de posse. Em similar orientação:

ACÓRDÃO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. REINTEGRAÇÃO DE POSSE.


AUSÊNCIA DE PROVA DE POSSE ANTERIOR. TÍTULO DE PROPRIEDADE
QUE NÃO IMPLICA EXISTÊNCIA DO DIREITO À PROTEÇÃO
POSSESSÓRIA. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. ACERTO DO JULGADO.
Apelante que não logrou comprovar os requisitos do artigo 561 do CPC, no tocante
à posse anterior, de boa-fé, com animus domini, estabelecendo o imóvel
reivindicado como moradia, tampouco utilizando-o para plantio, pastagem, ou
qualquer outra finalidade, que demonstre a função social da sua posse. Do cotejo
minucioso das provas carreadas aos autos, constata-se que a autora não logrou
comprovar a posse pretérita, requisito essencial à procedência do pedido de
reintegração. Litigância de má-fé da autora-apelada não configurada. Recurso não
provido. Majoração dos honorários recursais para 11% sobre o valor atualizado da
causa. (0004961-89.2015.8.19.0054 – APELAÇÃO - Des(a). LINDOLPHO MORAIS
MARINHO - Julgamento: 09/07/2020 - DÉCIMA SEXTA CÂMARA CÍVEL)

APELAÇÃO CÍVEL. REINTEGRAÇÃO DE POSSE. AUSÊNCIA DE


COMPROVAÇÃO DE POSSE ANTERIOR E DO ALEGADO ESBULHO. ART.
561 DO CPC. EM AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE É INDISPENSÁVEL
QUE A PARTE AUTORA COMPROVE O EFETIVO EXERCÍCIO DA POSSE
SOBRE O BEM, ANTERIORMENTE AO ESBULHO. CONJUNTO PROBATÓRIO
QUE NÃO EVIDENCIA QUE O APELANTE EXERCIA A POSSE PRETÉRITA
SOBRE O BEM VINDICADO, NÃO LOGRANDO AFASTAR O ARGUMENTO DO
RÉU DE QUE A POSSE POR ELE EXERCIDA É MANSA, PACÍFICA E
ININTERRUPTA. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA QUE
SE IMPÕE. 1. Na ação de reintegração de posse, incumbe ao autor comprovar a
sua posse; o esbulho praticado pelo réu; a data do esbulho; e a perda da posse
(artigo 927, do CPC/73, atual art. 561); 2. As ações possessórias visam
exclusivamente a proteção da posse, sem qualquer relação com o domínio; 3. In
casu, o autor não logra êxito em comprovar durante a instrução processual a posse
anterior bem como o alegado esbulho praticado pelo requerido, impondo-se a
manutenção da sentença de improcedência; 4. Recurso desprovido. (0003246-
39.2018.8.19.0205 – APELAÇÃO - Des(a). LUIZ FERNANDO DE ANDRADE
PINTO - Julgamento: 13/05/2020 - VIGÉSIMA QUINTA CÂMARA CÍVEL)

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE C/C PEDIDO


DEMOLITÓRIO E DE RESSARCIMENTO POR PERDAS E DANOS. ALEGAÇÃO
DE ESBULHO EM RAZÃO DE DESCUMPRIMENTO DE ACORDO FIRMADO
PELO ANTIGO POSSUIDOR E DE IRREGULARIDADE NA TRANSFERÊNCIA DA
POSSE ORA QUESTIONADA. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA.

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Art. 373. O ônus da prova incumbe:
I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;

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IRRESIGNAÇÃO DA AUTORA, ORA APELANTE. AÇÃO POSSESSÓRIA.


APLICAÇÃO DOS ARTIGOS 560 E 561 DO CPC. EM AÇÃO DE
REINTEGRAÇÃO DE POSSE É INDISPENSÁVEL QUE A PARTE AUTORA
COMPROVE O EFETIVO EXERCÍCIO DA POSSE SOBRE O BEM,
ANTERIORMENTE AO ESBULHO. AUTORA QUE APENAS DEMONSTRA SUA
CONDIÇÃO DE PROPRIETÁRIA DO IMÓVEL. PROVA DA TITULARIDADE DO
BEM QUE APENAS É ÚTIL ÀS DEMANDAS DE NATUREZA PETITÓRIA, O QUE
NÃO É O CASO ORA EM EXAME. CONJUNTO PROBATÓRIO QUE NÃO
EVIDENCIA QUE A AUTORA EXERCIA A POSSE PRETÉRITA SOBRE O
BEM VINDICADO, NÃO LOGRANDO AFASTAR O ARGUMENTO DO RÉU
DE QUE A POSSE POR ELE EXERCIDA É MANSA, PACÍFICA E
ININTERRUPTA. DESPROVIMENTO DO RECURSO. (0016361-
62.2015.8.19.0002 – APELAÇÃO - Des(a). MÔNICA FELDMAN DE MATTOS -
Julgamento: 24/09/2019 - VIGÉSIMA PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL)

Destarte, a pretensão recursal não merece prosperar, impondo-se, pois, a


manutenção da sentença de improcedência por seus próprios fundamentos.

Do exposto, vota-se no sentido de negar provimento ao recurso e de


majorar a verba honorária para 12% sobre o valor da causa, com base no artigo
85, §11, do CPC, observada à gratuidade de justiça deferida à autora (indexador
33).

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