Você está na página 1de 10

ESTADO DO MARANHÃO

PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
3a CÂMARA CRIMINAL

TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL


APELAÇÃO CRIMINAL Nº 0036853-35.2012.8.10.0001 (042285-2017) SÃO. Luís
14º APELANTE: MARLON RIBEIRO DA SILVA

ADVOGADO: CARLOS CASCAES ARAÚJO


2º APELANTE: CLÁUDIO ROBERTO SERRA MENEZES
ADVOGADA: DANIELE DE OLIVEIRA COSTA
3º APELANTE: CARLOS HENRIQUE VASCONCELOS GARCIA
ADVOGADO: ÍTALO GUSTAVO E SILVA LEITE
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
PROMOTOR: FRANCISCO DE AQUINO DA SILVA
RELATOR: DESEMBARGADOR JOSE DE RIBAMAR FROZ SOBRINHO

ACÓRDÃO Nº 2018.

EMENTA

PENAL. PROCESSO PENAL. EXTORSÃO QUALIFICADA


PELO CONCURSO DE AGENTES. APELAÇÃO
CRIMINAL. ABSOLVIÇÃO. INSUFICIÊNCIA DE PROVAS.
IMPROVIMENTO. AUTORIA E MATERIALIDADE
DEVIDAMENTE COMPROVADAS. APELO IMPROVIDO.

1. Da análise dos autos não restam dúvidas acerca da


materialidade e da autoria do delito, verificadas através do
Auto de Apresentação e Apreensão, do Termo de Entrega,
de Pessoa por
dos Autos de Reconhecimento Meio

vítimas
Fotográfico,
e
bem como dos depoimentos prestados pelas
*
2. Apalavra "da. vítima, em. crimes contra o patrimônio,
mostra-se capaz de sustentar a condenação quando ssegura
e harmônica.
3. Absolutamente legítimos
os depoimentosprestados por
em
policiais em Juízo, desde que em harmonia oo. acervo com
para arrimar uma condenação.
4. Recurso conhecido e improvido. Unanimemente.

Gabinete do Desembargador Froz Sobrinho


Endereço: TJMA Praça D. Pedro II, s/n, Centro, São Luis -MA.
CEP: 65010450 Fone(fax): Oxx 98 3198-4468 N

Assinado eletronicamente por: DINARA EVANGELISTA FERREIRA PRADO - 19/09/2022 00:44:46 Num. 76349496 - Pág. 188
https://pje.tjma.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22091905221900000000071362063
Número do documento: 22091905221900000000071362063
É
ESTADO DO MARANHÃO
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
32 CÂMARA CRIMINAL

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, unanimemente e de acordo


com o parecer da douta Procuradoria Geral de Justiça, os Senhores Desembargadores
da Terceira Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão, acordam
em CONHECER E NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, nos termos do voto do

Desembargador Relator.

Participaram do julgamento os Senhores Desembargadores José de


Ribamar Froz Sobrinho, Vicente de Paula Gomes de Castro e Tyrone José Silva.

Funcionou pela Procuradoria Geral de Justiça a Dr?. Flávia Tereza de


Viveiros Vieira.

São Luís (MA), 19de março de 2018.

DESEMBARGADOR ROZ SOBRINHO


/ Relator

Gabinete do Desembargador Froz Sobrinho


Endereço: TJMA Praça D. Pedro II, s/n, Centro, São Luís -MA.
-

CEP:65010450 Fone(fax): Oxx 98 3198-4468

Assinado eletronicamente por: DINARA EVANGELISTA FERREIRA PRADO - 19/09/2022 00:44:46 Num. 76349496 - Pág. 189
https://pje.tjma.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22091905221900000000071362063
Número do documento: 22091905221900000000071362063
ESTADO DO MARANHÃO
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
32 CÂMARA CRIMINAL

RELATÓRIO

Tratam-se de APELAÇÕES CRIMINAIS interposta por MARLON


RIBEIRO DA SILVA e CLÁUDIO ROBERTO SERRA MENEZES, contra sentença
prolatada pelo Juiz de Direito da 5º Vara Criminal da Comarca de São Luís/MA, que os
condenou, às penas de 06 (seis) anos e 08 (oito) meses de reclusão, além de 60
(sessenta) dias-multa, e de 05 (cinco) anos e 04 (quatro) meses de reclusão, além de
40 (quarenta) dias-multa, pela prática do crime inserto no art. 158 do Código Penal.

Irresignados com os termos da sentença, os recorrentes interpuseram


os presentes apelos, pugnando, em síntese pelas suas absolvições, ao sustento de

que inexistem provas suficientes para arrimar uma condenação.

Em contrarrazões recursais, o Ministério Público Estadual manifestou-


se pelo conhecimento e improvimento dos recursos, mantendo-se inalterados todos os
termos da sentença penal condenatória (fls. 512/518 e 520/525).

Instada a se manifestar, a Douta Procuradoria Geral de Justiça, em

parecer da lavra da eminente Procuradora Selene Coelho de Lacerda, opinou pelo


conhecimento e improvimento dos presentes recursos, com a manutenção integral da

sentença ora recorrida (fls. 542/546).

É o relatório.

VOTO

Preenchidos os requisitos legais de admissibilidade, conheço do


presente recurso de apelação.

Como se verifica dos autos, os apelantes encontram-se co as

Gabinete do Desembargador Froz Sobrinho


Endereço: TJMA Praça D. Pedro II, s/n, Centro, São Luis -MA.
-

CEP: 65010450 Fone(fax): Oxx 98 3198-4468

Assinado eletronicamente por: DINARA EVANGELISTA FERREIRA PRADO - 19/09/2022 00:44:46 Num. 76349496 - Pág. 190
https://pje.tjma.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22091905221900000000071362063
Número do documento: 22091905221900000000071362063
ESTADO DO MARANHÃO
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
3a CÂMARA CRIMINAL

penas de 06 (seis) anos e 08 (oito) meses de reclusão, além de 60 (sessenta) dias-


multa, e de 05 (cinco) anos e 04 (quatro) meses de reclusão, além de 40 (quarenta)
dias-multa, pela prática do crime inserto no art. 158 do Código Penal, por terem, em
concurso de pessoas, extorquido o casal Dheidson Roberto dos Santos e Josilene
Pereira.

Assim, irresignados com os termos da sentença, os recorrentes


interpuseram os presentes apelos, pugnando, em síntese pelas suas absolvições, ao
sustento de que inexistem provas suficientes para arrimar uma condenação..

De logo destaco não assistir razão aos apelantes, uma vez que, do

compulsar dos autos, observa-se que a materialidade e a autoria delitivas se


encontram suficientemente comprovadas, havendo elementos suficientes a justificar a

condenação dos mesmos.

A materialidade e a autoria delitivas restaram comprovadas através do


+ e à autora €
Auto
de Apresentação e Apreensão (fis. 16, 28 e 74), do Termo de Entrega (fl. 25), dos
Autos de Reconhecimento de Pessoa por Meio Fotográfico (fis. 36/37 e 84/85), bem
aa
prestados pelas. e testemunhas "A 285- mídia
como dos -Sepoimentos. vítimas
audiovisual). el
"Avítima
Dheidson, tanto da fase inquisitorial quanto em juízo,
confirmou a dos Apelantes em sua residência na data dos fatos,
presença
acompanhados "do corréu Carlos Herrique, tendo detalhado que, enquanto este
permaneceu "dentro do imóvel ao argumento de que estaria à procura de drogas ilícitas,
os apelantes ficaram no quintal conversando com a referida vítima, portando uma arma
de fogo, para "intimidá-la e assim fazerem com entregasse mais rápido a quantia

exigida.

Corroborando com o aludido depoimento, a vítima Josilene Pereira

apontou a participação dos Apelantes, afirmando que os mesmos chegaram-ã

Gabinete do Desembargador Froz Sobrinho


Endereço: TJMA Praça D. Pedro ll, s/n, Centro, São Luis -MA.
-

CEP: 65010450 Fone(fax): Oxx 98 3198-4468

Assinado eletronicamente por: DINARA EVANGELISTA FERREIRA PRADO - 19/09/2022 00:44:46 Num. 76349496 - Pág. 191
https://pje.tjma.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22091905221900000000071362063
Número do documento: 22091905221900000000071362063
ESTADO DO MARANHÃO
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
3a CÂMARA CRIMINAL

acompanhados do corréu Carlos Herrique, se identificaram como policiais e durante


todo o tempo que permaneceram no imóvel exigiam a quantia de R$ 5.000,00 para
não prenderem as vítimas.

Os policiais militares responsáveis pelas diligências e prisão dos


apelantes, José Benedito Ferreira e Carlos Henrique Gama Marinho, são uníssonos e
confirmam os fatos narrados pelas vítimas.

A jurisprudência tem se posicionado favorável à condenação dos réus,


em crimes patrimoniais, com base nos depoimentos das vítimas quando os mesmos se
mostram coerentes e com apoio nos demais elementos probatórios carreados aos
autos, conforme tem decidido o Superior Tribunal de Justiça, in verbis:
PENAL E PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM
RECURSO ESPECIAL. EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO.
DESCLASSIFICAÇÃO. TESE DE INIMPUTABILIDADE. IMPOSSIBILIDADE
DE REEXAME DE PROVAS NO RECURSO ESPECIAL. SÚMULA N. 7 DO
STJ. RECURSO NÃO PROVIDO.
1. Apurado que a agravante e outros autores sequestraram a vítima maior de
sessenta anos, valendo-se de arma de fogo, e a mantiveram presa em
cativeiro por três dias, com o fim de receber vantagem financeira como
condição de resgate, não há como desclassificar a conduta para o tipo penal
do art. 148 do CP.
2. A extorsão mediante sequestro exige, para sua consumação, a prova do
especial fim de obter vantagem indevida, "comprovado nos autos,
especialmente pela palavra da vítima, das testemunhas e inclusive pelos
próprios acusados, que confessam ter praticado tal delito com o fim de obterem
vantagem financeira". Para afastar a conclusão do acórdão, seria necessário
reexaminar provas, providência vedada no recurso especial, a teor da Súmula
n. 7 do STJ.
3. O Código Penal, no art. 26 do CP, adotou o critério biopsicológico, exige,
além da identificação de um transtorno mental, que o autor do fato criminoso
tenha, em consequência, tanto a capacidade de entender como a capacidade
de querer reduzida, o que foi afastado de forma motivada no acórdão, à vista
de laudo pericial produzido em incidente de insanidade mental, das
circunstâncias do crime e de considerações do Magistrado, em contato direito
com a agravante.
4. Não há provas delineadas no acórdão que possam ser revaloradas para
acolher a tese de que, em virtude de transtorno de humor bipolar, a agravante
não era inteiramente capaz de entender o caráter ilicito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento. Súmula n. 7 do STJ.
5. Agravo regimental não provido.
(AgRg no AREsp 542.798/MG, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ,
SEXTA TURMA, julgado em 15/12/2016, DJe 02/02/2017)

AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO PENAL

Gabinete do Desembargador Froz Sobrinho


Endereço: TJMA Praça D. Pedro Il, s/n, Centro, São Luís -MA.
-

CEP: 65010450 Fone(fax): Oxx 98 3198-4468

Assinado eletronicamente por: DINARA EVANGELISTA FERREIRA PRADO - 19/09/2022 00:44:46 Num. 76349496 - Pág. 192
https://pje.tjma.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22091905221900000000071362063
Número do documento: 22091905221900000000071362063
ESTADO DO MARANHÃO
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
3a CAMARA CRIMINAL

E DIREITO PROCESSUAL PENAL. EXTORSÃO. CONDENAÇÃO MANTIDA


EM 2º GRAU. PRETENSÃO ABSOLUTÓRIA POR INSUFICIÊNCIA
PROBATÓRIA. INVIABILIDADE. SÚMULA Nº 7/STJ.
1. Em se fundando o acórdão impugnado na suficiência dos elementos de
prova a ensejar a condenação dos recorrentes, inverter-se a sua conclusão
demandaria, necessariamente, o reexame do conjunto fático-probatório dos
autos, atraindo, por conseguinte, o óbice do enunciado nº 7 da Súmula desta
Corte Superior de Justiça.
2. "A pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial."
(Súmula do STJ, Enunciado nº 7).
3. A jurisprudência desta Corte Superior de Justiça é pacífica no sentido de se
admitir a palavra da vítima como fundamento suficiente a ensejar a
condenação, especialmente em crimes praticados às escondidas.
Precedentes.
4. O enunciado nº 7 da Súmula desta Corte Superior de Justiça aplica-se
também ao recurso especial interposto com fundamento na divergência
jurisprudencial do permissivo constitucional.
5. Agravo regimental improvido.
(AgRg no Ag 660.408/MG, Rel. Ministro HAMILTON CARVALHIDO, SEXTA
TURMA, DJ 06/02/2006, p. 379)

Nesse sentido, tem entendido essa Colenda Corte de Justiça:


Penal. Processual Penal. Apelações criminais. Crime de extorsão mediante
sequestro, em concurso formal. Pedidos de absolvição. Impossibilidade.
Presença nos autos de elementos suficientes e seguros para a manutenção do
édito condenatório. Palavra das vítimas. Especial relevância. Pleito subsidiário
de reconhecimento de participação de menor importância. Inviabilidade.
Atuação ativa do agente. Exclusão da causa de aumento referente ao concurso
formal. Improcedência. Inexistência de ofensa ao princípio da correlação.
Incidência da atenuante da menoridade relativa. Óbice decorrente da súmula
nº 231, do STJ. Parcial provimento do primeiro apelo e improvido o terceiro.
Apelo ministerial provido.
1. Não merecem prosperar as pretensões absolutórias, se restaram
devidamente comprovadas, ao longo da jornada probatória, a autoria e
materialidade do crime de extorsão mediante sequestro.
2. É assente o entendimento jurisprudencial no sentido de que, nos delitos
contra o patrimônio, comumente praticados às ocultas, a palavra da vítima tem
valor probante diferenciado. Precedentes.
3 É inviável o reconhecimento da causa geral de diminuição prevista no art. 29,
S 1º, do Código Penal, quando verificado que a participação do réu foi
determinante para a obtenção do resultado lesivo, por ter agido ativamente na
empreitada criminosa.
4. É consabido que o réu se defende dos fatos, e não da capitulação jurídica
articulada na inicial acusatória.
5. A jurisprudência desta eg. Corte de Justiça é no sentido de não ser possível
a redução da reprimenda, na segunda fase da dosimetria, em patamar inferior
ao mínimo previsto legalmente. Inteligência da Súmula nº 231 do STJ.
6. Apelos conhecidos. Parcial provimento do primeiro e improvimento do
terceiro. Provimento do recurso ministerial.
(Ap 0275662016, Rel. Desembargador(a) JOSE LUIZ OLIVEIRA DE ALMEIDA,
SEGUNDA CÂMARA CRIMINAL, julgado em 19/12/2016 DJe 27/01/2017) ,

Gabinete do Desembargador Froz Sobrinho


Endereço: TJMA Praça D. Pedro II, s/n, Centro, São Luís
—

CEP: 65010450 Fone(fax): Oxx 98 3198-4468

Assinado eletronicamente por: DINARA EVANGELISTA FERREIRA PRADO - 19/09/2022 00:44:46 Num. 76349496 - Pág. 193
https://pje.tjma.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22091905221900000000071362063
Número do documento: 22091905221900000000071362063
ESTADO DO MARANHÃO
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
3a CÂMARA CRIMINAL
as

No mesmo sentido é o direcionamento jurisprudencial com felação aos

depoimentos dos policiais, que são considerados absolutamente legítimos, quando


claros e coerentes com os fatos narrados na denúncia, e em harmonia com o acervo

probatório apurado, tendo relevante força probante, servindo para arrimar a

condenação, como na presente hipótese.

Sobre o tema, assim tem se manifestado este Sodalício:


Penal e Processual Penal. Extorsão majorada pelo emprego de arma. Alegada
insuficiência de provas para a condenação. Pleito absolutório. Inviabilidade.
Autoria e materialidade comprovadas. Apelo improvido. 1. Emergindo dos
autos, o quanto baste, provas suficientes da autoria e materialidade do crime
imputado ao réu, o desfecho condenatório é de rigor. 2. A palavra da vitima,
nos crimes cometidos na clandestinidade, possui especial importância,
principalmente quando se mostra consistente e segura. Precedentes. 3.Por
desempenharem função pública, o depoimento prestado por policiais é dotado
de presunção de credibilidade e confiabilidade, e somente podem ser
desconsiderados diante de evidências em sentido contrário. 4. Apelo conhecido
e improvido. (Ap no(a) HC 007802/2002, Rel. Desembargador(a) JOSÉ LUIZ
OLIVEIRA DE ALMEIDA, SEGUNDA CÂMARA CRIMINAL, julgado em
15/05/2014 , DJe 21/05/2014)

APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO DE DROGAS. PRISÃO EM FLAGRANTE.


INSUFICIÊNCIA DE PROVAS. DROGA DESTINADA AO CONSUMO
PESSOAL. INOCORRÊNCIA. AUTORIA E MATERIALIDADE COMPROVADAS.
DEPOIMENTO POLICIAL. LAUDOS DE EXAME QUÍMICO EM SUBSTÂNCIA.
RECURSO IMPROVIDO.
1- O acervo probatório é vasto no sentido de que a droga destinava-se à
mercancia ilícita, tipificando o delito do art. 33 da Lei nº 11.343/06, na
modalidade trazer consigo entorpecente para tráfico. 2. O depoimento de
policiais pode servir de referência ao juiz na verificação da materialidade e
autoria delitivas, podendo funcionar como meio probatório válido para
fundamentar a condenação, mormente quando colhido em juízo, com a
observância do contraditório. 3- Recurso improvido. (TJ/MA Apelação —

Criminal nº 302842009, Terceira Câmara Criminal, Rel. Des. Benedito de Jesus


Guimarães Belo- DJ 05/04/2010). [g.n]

Os aludidos depoimentos não deixam dúvidas quanto à autoria


delituosa, sendo certo que os apelantes, acompanhados de Carlos Henrique
Vasconcelos Garcia, praticaram o crime de extorsão, constrangendo as vítimas
Dheidson Roberto dos Santos e Josilene Pereira, mediante grave ameaça e com

emprego de arma, a entregar-lhes a quantia de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), dos quais
R$ 3.000,00 (três mil reais), lhes seriam repassados no interior do Banco Bradesco, do
Bairro Anjo da Guarda, momento em que foi dada voz de prisão a Carlos Henrique, ao

Gabinete do Desembargador Froz Sobrinho


Endereço: TJMA Praça D. Pedro II, s/n, Centro, São Luís
—
-

CEP: 65010450 Fone(fax): Oxx 98 3198-4468

Assinado eletronicamente por: DINARA EVANGELISTA FERREIRA PRADO - 19/09/2022 00:44:46 Num. 76349496 - Pág. 194
https://pje.tjma.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22091905221900000000071362063
Número do documento: 22091905221900000000071362063
A

ESTADO DO MARANHÃO
PODER JUDICIÁRIO EIS mem R
ASAS CRININAIS
TRIBUNAL DE JUSTIÇA cocnD.
HD, DASMAM

3a CÂMARA CRIMINAL

tempo em que os aqui apelantes fugiram.

Em assim sendo, outro não poderia ser o entendimento, senão o de

que a sentença condenatória reconheceu acertadamente a culpabilidade dos

apelantes, não merecendo assim o decisum a quo qualquer reforma por esta Instância
Superior.

Embora os apelantes aleguem ter sofrido coação policial para


confessar a prática delituosa na delegacia, percebe-se que tal tese trata-se de uma
busca inconsistente de isentar-se de suas responsabilidades penais.

Além de inexistir elementos concretos que evidenciem eventual


interesse dos policiais em prejudicar os apelantes, estes tiveram diversas

oportunidades para relatar tais ameaças, contudo, somente suscitaram a ocorrência de


coação por parte dos policiais durante a audiência de instrução e julgamento.

Ao revés, do sustentado pela defesa, tem-se que as confissões


extrajudiciais dos réus mostraram-se harmônicas com as demais provas colacionadas
nos autos, de modo que a simples retratação em Juízo não tem o condão de conduzir
às suas absolvições.

Destaque-se, por oportuno, o reconhecimento fotográfico realizado


pelas vítimas Dheidson e Josilene, que de forma segura e sem titubear, reconheceram
os apelantes como sendo as pessoas que estiveram em sua residência e exigiram a

entrega da quantia em dinheiro.

Nesse particular, destaco a plena validade do reconhecimento


fotográfico dos réus, destacando que, ainda que eventualmente tivessem sido
desrespeitados os preceitos contidos no art. 226 do Código de Processo Penal, não
restou demonstrado concretamente qualquer prejuízo sofrido pelos acusados.

Gabinete do Desembargador Froz Sobrinho


Endereço: TJMA Praça D. Pedro II, s/n, Centro, São Luís A.
—

CEP:65010450 Fone(fax): 0xx 98 3198-4468

Assinado eletronicamente por: DINARA EVANGELISTA FERREIRA PRADO - 19/09/2022 00:44:46 Num. 76349496 - Pág. 195
https://pje.tjma.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22091905221900000000071362063
Número do documento: 22091905221900000000071362063
ESTADO DO MARANHÃO
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
3a CÂMARA CRIMINAL

Nesse sentido é a jurisprudência consolidada do Superior Tribunal de


Justiça, in verbis:
VIOLAÇÃO DOS ARTS. 228 E 226 DO CPP. NÃO OCORRÊNCIA.
AUSÊNCIA DE NULIDADE. PREJUÍZO NÃO DEMONSTRADO. 1. "As
disposições insculpidas no art. 226, do CPP, configuram uma recomendação
legal, e não uma exigência, não se tratando, pois, de nulidade" (HC
134.776/RJ, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEXTA TURMA, julgado em
26/02/2013, DJe 07/03/2013). 2. Considerando que o reconhecimento
extrajudicial não foi o único fator de convicção do magistrado, pois
complementado na fase judicial por outros elementos de prova, não há falar
em nulidade, haja vista não se ter demonstrado eventual prejuizo, o qual nem
ao menos se pode presumir, diante da existência de outras provas da autoria.
3. Agravo regimental improvido. (STJ AgRg-no Ag: 1377407 SC
-

2011/0011211-1, Relator: Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, Data


de Julgamento: 18/06/2013, T6 SEXTA TURMA, Data de Publicação: Dje
-

27/06/2013)

PENAL. RECURSO ESPECIAL. ROUBO QUALIFICADO. AUTO DE


RECONHECIMENTO. NULIDADE. NÃO OCORRÊNCIA. SUBMISSÃO AO
CRIVO DO CONTRADITÓRIO. ELEMENTO COM FORÇA PROBANTE.
RECURSO DESPROVIDO. |. Eventual vício no ato de reconhecimento do réu,
por inobservância das formalidades legais dispostas no art. 226 do Código de
Processo Penal enseja apenas nulidade relativa. Precedentes. Il. Hipótese em
que o elemento colhido na fase de inquérito policial foi submetido a outros
meios de prova no decorrer da instrução criminal. Il. Se eventual vício no ato
de reconhecimento restou suprido na fase judicial, por outros elementos aptos
a confirmar a autoria do crime, submetidos ao crivo do contraditório, fica
afastada a pretensão de absolvição, sob o pretexto de nulidade do auto de
reconhecimento. IV. Recurso desprovido. (STJ REsp: 1113617 MG
-

2009/0065174-1, Relator: Ministro GILSON DIPP, Data de Julgamento:


26/10/2010, T5 QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJe 22/11/2010)
-

(...)
2. No processo penal não se declara nulidade de ato se dele não resultar
prejuízo comprovado para o réu, consoante o disposto no art. 564 do CPP
e na Súmula 523 do STF, segundo a qual nenhum ato será declarado nulo,
se da nulidade não resultar prejuízo para a acusação ou para a defesa.
Ademais, no caso concreto, os princípios constitucionais da ampla defesa e do
contraditório foram sobejamente respeitados, com a citação regular do
acusado, interrogatório na presença do Advogado e defesa prévia e alegações
finais regularmente oferecidas, intimação da sentença condenatória,
interposição de Apelação; ainda, não há sequer insinuação sobre qual teria
sido o prejuízo sofrido, razão pela qual é totalmente vazia a alegação de
nulidade.
MPF pela denegação da ordem.
3. Parecer do
4. Ordem denegada.
(HC 98292/SP 5º T.
—
Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho
—
—

Julgamento:
18/12/2008)

Consoante o disposto no art. 564 do Código de Processo Penal e na


Súmula 523 do Supremo Tribunal Federal, no processo penal não se declara-n idade
e

Gabinete do Desembargador Froz Sobrinho


o
Endereço: TJMA Praça D. Pedro II, s/n, Centro, São Luís -MA.
CEP: 65010450 Fone(fax): Oxx 98 3198-4468

Assinado eletronicamente por: DINARA EVANGELISTA FERREIRA PRADO - 19/09/2022 00:44:46 Num. 76349496 - Pág. 196
https://pje.tjma.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22091905221900000000071362063
Número do documento: 22091905221900000000071362063
To

ASS 17.
ro
ESTADO DO MARANHÃO
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
3a CÂMARA CRIMINAL

de ato, se dele não resultar prejuízo comprovado para o réu.

Outrossim, o caput do art. 226 é expresso ao dispor que devem ser


observados alguns requisitos apenas "quando houver necessidade de fazer-se o
reconhecimento de pessoal".

Nessa esteira, a insurgência quanto ao reconhecimento fotográfico não


deve ser acolhida, de modo que, diante do acervo probatório robusto e contundente
colhido durante a instrução processual, restando, por via de consequência,
devidamente comprovadas a materialidade e a autoria delitivas, não há como

prosperar o pleito absolutório.

Ante o exposto, e de acordo com o parecer da Procuradoria Geral de


Justiça, voto pelo CONHECIMENTO e IMPROVIMENTO do apelo, mantendo-se
inalterados todos os termos da sentença condenatória.

É como voto.

Sala das Sessões da Terceira Câmara Criminal, do Tribunal de Justiça


do Estado do Maranhão, em São e 2018.

Gabinete do Desembargador Froz Sobrinho


Endereço: TJMA Praça D. Pedro II, s/n, Centro, São Luís -MA.
-

CEP: 65010450 Fone(fax): 0xx 98 3198-4468

Assinado eletronicamente por: DINARA EVANGELISTA FERREIRA PRADO - 19/09/2022 00:44:46 Num. 76349496 - Pág. 197
https://pje.tjma.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22091905221900000000071362063
Número do documento: 22091905221900000000071362063

Você também pode gostar