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18/05/2023
Número: 0801427-43.2023.8.10.0000
Classe: HABEAS CORPUS CRIMINAL
Órgão julgador colegiado: 2ª Câmara Criminal
Órgão julgador: Gabinete Des. Francisco Ronaldo Maciel Oliveira
Última distribuição : 30/01/2023
Valor da causa: R$ 1.000,00
Processo referência: 0800656-90.2022.8.10.0100
Assuntos: Habeas Corpus - Cabimento
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Procurador/Terceiro vinculado
JOSE JOAO COSTA DINIZ (IMPETRANTE) CARLOS RENILDO COSTA (ADVOGADO)
humberto alves junior (IMPETRADO)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
24986 18/04/2023 15:55 Acórdão Acórdão
754
2
ESTADO DO MARANHÃO
PODER JUDICIÁRIO 2
2ª CÂMARA CRIMINAL
INCIDÊNCIA PENAL : Art. 33, §1°, II, da Lei 11.343/06, c/c, com o art. 14, da Lei 10.826/03
EMENTA
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05 kg (cinco quilos) de maconha, parte já embalada e parte plantada.
ACÓRDÃO
RELATOR
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RELATÓRIO
Trata-se de Habeas Corpus, c/c pedido de liminar, impetrado pelo advogado Carlos Renildo
Costa, em favor do paciente José João Costa Diniz, contra suposto ato ilegal atribuído ao MM.
Juiz de Direito da Vara Única de Mirinzal – MA.
Consta da inicial que a autoridade policial omitiu no depoimento do condutor policial Conrado
Nunes de Sousa, o qual afirmou: ““QUE em ato contínuo, parte da guarnição retornou para buscar
a viatura e consequentemente os pés de maconha, foi quando o conduzido foi encontrado nas
proximidades da MA-006, aproximadamente meia hora do local da plantação, indo sentido ao
local da plantação, portando uma arma de fogo, que foi abordado e revistado em seguida e dentro
da sua mochila, foi localizado duas sacolas com uma certa porção de uma substancia vegetal
similar a “maconha””.
Aduz que o ora paciente confirmou a propriedade daquela substância e informou naquele
momento que é viciado em entorpecentes, bem como é lavrador e estava indo para sua roça de
'maniva' e como e é de praxe portar sua garrucha para caça de animais.
Assevera que restou caracterizado que o paciente foi mais uma vítima do racismo estrutural, por
ser negro e pobre, e, por não ter sido encontrado no local do delito, muito menos estava de posse
de arma de fogo utilizada nos disparos contra os policiais, como a espingarda que foi encontrada
no local da plantação de maconha, mais portava arma artesanal para uso em caça, para sua
sobrevivência.
Ressalta que o paciente não se trata de um criminoso contumaz ou perigoso, e, não colocaria em
risco a ordem pública, por ter o paciente residência fixa, é primário, trabalha como lavrador.
Desta feita, ante as alegações acima, requereu, em face da presença dos requisitos do fumus
boni juris e o periculum in mora, a concessão liminar da ordem, para revogar a prisão preventiva
do paciente, com a expedição do competente alvará de soltura, mediante aplicação das medidas
cautelares diversas da prisão previstas no art. 319, do Código de Processo Penal. E, no mérito, a
confirmação da liminar.
Proferida decisão de indeferimento do pedido liminar por este signatário (ID 23194943).
Parecer da Procuradoria Geral de Justiça (ID 24035404), da lavra da Procuradora Regina Lúcia
de Almeida Rocha, pela denegação da ordem.
É o relatório.
VOTO
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Como visto, pleiteia o impetrante a concessão da ordem de habeas corpus em favor do paciente
José João Costa Diniz, ergastulado desde 02/09/2022 até a presente data, ante a alegação de
sofrer constrangimento ilegal, sob os seguintes argumentos, em suma: I - ausência dos requisitos
para decretação da prisão preventiva (art. 312, do CPP); II – possibilidade de aplicação de
medidas cautelares diversas da prisão (art. 319, do CPP), por ser possuidor de condições
pessoais favoráveis, não se dedicar a atividades criminosas, e, trabalhar como lavrador
Sobre os fatos, consta da inicial da denúncia de que no dia 02/09/2022, policiais miliares se
deslocaram até o Povoado de Morada Nova, pertencente à comarca de Mirinzal, local onde a
guarnição tinha informes de plantação de maconha naquela área. Na noite de 01/09/2022 foram
até a área e realizaram uma campana, por volta das 05h00min do dia seguinte, 02/09/2022, com
o auxílio de uma lanterna verificou-se várias cabanas, e em uma delas havia uma rede com
alguém, quando os policiais se aproximaram do local, cachorros começaram a latir e logo o
ocupante da rede levantou e a guarnição se identificou, quando o ocupante desferiu um tiro
contra a guarnição e a mesma revidou. Que, nesse momento, os policiais passaram a vasculhar a
área e perceberam que havia mais ocupantes na área, e que estavam naquele momento
molhando a plantação. Logo após, começaram a destruir a plantação de maconha, totalizando
3.000,00 (três mil) pés de maconha, além de uma arma de fogo tipo espingarda. Que parte da
plantação de maconha foi queimada ainda no local, e apenas 71 (setenta e um) pés de maconha
foram apresentados na delegacia. Que parte da guarnição retornou ao local para buscar a viatura
e consequentemente os pés de maconha, quando o paciente foi encontrado nas proximidades da
MA-006, aproximadamente meia hora do local da plantação, indo em sentido da mesma, portando
uma arma de fogo, momento em que foi abordado e revistado, possuía 02 (duas) porções de uma
substância vegetal, similar à maconha. Que o total da substância apreendida possui massa
líquida de 4,775Kg (quatro quilogramas e setecentos e setenta e cinco gramas – material vegetal)
“(…)
In casu, há provas nos autos, ainda que indiciárias, da existência dos crimes (auto de
exibição e apreensão [Id. 75875654 – pág. 7], auto de constatação preliminar de
substância entorpecente [Id. 75875654 – pág. 18], auto de constatação de eficiência
de arma de fogo [Id. 75875654 – pág. 16]; fotografias dos entorpecentes e da arma
de fogo [Id. 75875654 – pág. 17]; laudo definitivo da substância apreendida [Id.
83101734])) e da autoria delitiva (oitivas das testemunhas [Id. 75875654 – págs.
4/6]), restando demonstrada portanto a existência do “fumus comissi delicti”. (...)
Por derradeiro, verifico que não há nenhuma alteração no cenário fático probatório
que enseje a revogação da custódia cautelar, de sorte que se mantêm hígidas as
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razões jurídicas do ergastulamento processual.
Na espécie, a decisão que decretou a prisão preventiva do paciente, assim como a que manteve
estão fundamentadas em elementos concretos que justificam a sua necessidade, notadamente a
garantia da ordem pública, ao ressaltar a gravidade concreta do delito, por tratar-se de crime de
tráfico e associação por tráfico de drogas, com efeitos devastadores em nossa sociedade, ante
considerável quantidade de entorpecente apreendido em poder o paciente, a saber:
aproximadamente 05Kg (cinco quilos) de maconha dividida em parte embalada, outra plantada,
circunstâncias fáticas estas que indicam, em tese, um maior envolvimento do imputado com a
traficância, e, por consequência, a necessidade de medida segregatória para a garantia da ordem
pública.
Portanto, não merece prosperar a alegação de ausência de razões que justifiquem a necessidade
da medida, haja vista que o Juízo de origem, de forma percuciente, enfrentou as questões
trazidas ao caso, mormente no tocante ao periculum libertatis, que seguiu devidamente
caracterizado in casu, especialmente pela gravidade do crime imputado ao paciente e outras
circunstâncias peculiares do caso concreto que apontam para a sua acentuada periculosidade,
restando, dessa maneira, mais do que justificada a manutenção de sua segregação.
Dessa forma, não reconheço a ilegalidade da prisão cautelar do paciente, sendo a manutenção
do decreto de prisão preventiva medida que se impõe, sobretudo pela garantia da ordem pública,
ante o risco concreto de reiteração delitiva, pois, conforme consta da decisão última que manteve
a prisão preventiva, visto que os agentes policiais que efetuaram a prisão do ora paciente
detalharam a operação que tinha o objetivo de localizar uma plantação de maconha no povoado
Morada Nova, zona rural de Mirinzal do Maranhão, presentes assim, o fumus comissi delicti e
periculum libertatis, senão vejamos:
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anotações criminais referentes aos crimes de homicídio e tráfico de drogas, a
justificar a necessidade da prisão preventiva para garantia da ordem pública.
Precedente. 3. Não há como prever, nesta fase processual, a reprimenda que
eventualmente poderá ser imposta caso seja condenado o Paciente, menos
ainda se iniciará o respectivo cumprimento em regime diverso do fechado, de
modo que não se torna possível avaliar a arguida desproporção da prisão
cautelar imposta. Precedentes. 4. A existência de condições pessoais
favoráveis não tem o condão de, por si só, desconstituir a custódia antecipada,
caso estejam presentes outros requisitos que autorizem a decretação da
medida extrema, como ocorre na hipótese em tela. 5. Ordem de habeas corpus
denegada. (Grifou-se)1
Sobre a tramitação da ação penal de origem, verifica-se que fora proferida decisão de
notificação do acusado, assim como já fora apresentada resposta à acusação em favor
dele, inferindo-se, assim, a regular tramitação do feito.
“(…)
(…)
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paciente, pelas mesmas razões acima expostas, porquanto devidamente justificada a
contemporaneidade e necessidade da custódia cautelar do paciente, não há falar na
aplicação de tal benesse, eis que presentes os requisitos autorizadores da medida
extrema.
É como voto.
Relator
1 (STJ - HC: 523989 MG 2019/0221443-0, Relator: Ministra LAURITA VAZ, SEXTA TURMA, DJe
04/02/2020)
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