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Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão

PJe - Processo Judicial Eletrônico

18/05/2023

Número: 0801427-43.2023.8.10.0000
Classe: HABEAS CORPUS CRIMINAL
Órgão julgador colegiado: 2ª Câmara Criminal
Órgão julgador: Gabinete Des. Francisco Ronaldo Maciel Oliveira
Última distribuição : 30/01/2023
Valor da causa: R$ 1.000,00
Processo referência: 0800656-90.2022.8.10.0100
Assuntos: Habeas Corpus - Cabimento
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Procurador/Terceiro vinculado
JOSE JOAO COSTA DINIZ (IMPETRANTE) CARLOS RENILDO COSTA (ADVOGADO)
humberto alves junior (IMPETRADO)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
24986 18/04/2023 15:55 Acórdão Acórdão
754
2

ESTADO DO MARANHÃO
PODER JUDICIÁRIO 2
2ª CÂMARA CRIMINAL

SESSÃO VIRTUAL REALIZADA NO INTERVALO DE 30/03/2023 A 10/04/2023

HABEAS CORPUS Nº 0801427-43.2023.8.10.0000

PROCESSO NA ORIGEM : 0800656-90.2022.8.10.0100 - MIRINZAL - MA

PACIENTE : José João Costa Diniz

ADVOGADO : Carlos Renildo Costa - OAB/MA nº 20.041

IMPETRADO : Juízo da Vara Única de Mirinzal - MA

INCIDÊNCIA PENAL : Art. 33, §1°, II, da Lei 11.343/06, c/c, com o art. 14, da Lei 10.826/03

RELATOR : Desembargador Francisco RONALDO MACIEL Oliveira

EMENTA

HABEAS CORPUS. CULTIVAR OU FAZER A COLHEITA DE SUBSTÂNCIA ENTORPECENTE


E PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO (ART. 33, §1°, II, DA LEI 11.343/06, C/C, ART. 14, DA
LEI 10.826/03). PRISÃO PREVENTIVA. PRESENÇA DOS REQUISITOS LEGAIS DO ART. 312
DO CPP. VERIFICAÇÃO. APLICAÇÃO DE MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS DA PRISÃO.
INVIABILIDADE. COAÇÃO ILEGAL NA LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO. INEXISTÊNCIA.

I - Fundamentada é a decisão que mantém a prisão preventiva do paciente, quando


justificados, concretamente, os requisitos do art. 312 do CPP, mormente no que se refere à
garantia da ordem pública e aplicação da lei penal, eis que o paciente foi preso em
flagrante pela suposta prática do crime de cultivar e fazer a colheita de aproximadamente

Assinado eletronicamente por: FRANCISCO RONALDO MACIEL OLIVEIRA - 18/04/2023 15:55:10 Num. 24986754 - Pág. 1
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05 kg (cinco quilos) de maconha, parte já embalada e parte plantada.

II - Justifica-se a presença do requisito da contemporaneidade, visto que a prisão


preventiva fora mantida tão logo as investigações apontaram, de forma suficiente, indícios
da prática de cultivo e colheita de maconha, visto que a operação policial que deflagrou a
prisão em flagrante do paciente tinha o objetivo de localizar uma plantação de maconha no
povoado Morada Nova, zona rural de Mirinzal do Maranhão. E, no momento em que os
agentes policiais passaram a vasculhar a área perceberam que havia mais ocupantes, que
estavam naquele momento molhando a plantação. Que, na sequência, começaram a
destruir a plantação de maconha, totalizando 3.000,00 (três mil) pés de maconha, além de
ter sido apreendida uma arma de fogo tipo espingarda. Que parte da plantação de maconha
foi queimada ainda no local, e apenas 71 (setenta e um) pés foram apresentados na
delegacia.

III. Suficientemente justificada a necessidade da prisão preventiva do paciente, não há falar


em aplicação de medidas cautelares diversas, previstas no art. 319, do CPP.

IV. Ordem conhecida e denegada, em acordo com o parecer da Procuradoria Geral de


Justiça.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Habeas Corpus nº 0801427-43.2023.8.10.0000, em


que figuram como partes os retromencionados, ACORDAM os Senhores Desembargadores da
Segunda Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Maranhão, por votação unânime, de acordo
com o parecer da Procuradoria Geral de Justiça -PGJ, em DENEGAR A ORDEM impetrada, nos
termos do voto do Desembargador Relator.

Votaram os Senhores Desembargadores Francisco RONALDO MACIEL Oliveira


(Relator/Presidente), José Luiz Oliveira de Almeida (vogal) e pelo Des. Vicente de Paula Gomes
de Castro (vogal).

Funcionou pela Procuradoria-Geral de Justiça, a Dra. Maria de Fátima Rodrigues Travassos


Cordeiro.

Sessão Virtual da 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão, de


30/03/2023 a 10/04/2023.

São Luís, 10 de abril de 2023.

Desembargador Francisco RONALDO MACIEL Oliveira

RELATOR

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RELATÓRIO

Trata-se de Habeas Corpus, c/c pedido de liminar, impetrado pelo advogado Carlos Renildo
Costa, em favor do paciente José João Costa Diniz, contra suposto ato ilegal atribuído ao MM.
Juiz de Direito da Vara Única de Mirinzal – MA.

Consta da inicial que a autoridade policial omitiu no depoimento do condutor policial Conrado
Nunes de Sousa, o qual afirmou: ““QUE em ato contínuo, parte da guarnição retornou para buscar
a viatura e consequentemente os pés de maconha, foi quando o conduzido foi encontrado nas
proximidades da MA-006, aproximadamente meia hora do local da plantação, indo sentido ao
local da plantação, portando uma arma de fogo, que foi abordado e revistado em seguida e dentro
da sua mochila, foi localizado duas sacolas com uma certa porção de uma substancia vegetal
similar a “maconha””.

Aduz que o ora paciente confirmou a propriedade daquela substância e informou naquele
momento que é viciado em entorpecentes, bem como é lavrador e estava indo para sua roça de
'maniva' e como e é de praxe portar sua garrucha para caça de animais.

Assevera que restou caracterizado que o paciente foi mais uma vítima do racismo estrutural, por
ser negro e pobre, e, por não ter sido encontrado no local do delito, muito menos estava de posse
de arma de fogo utilizada nos disparos contra os policiais, como a espingarda que foi encontrada
no local da plantação de maconha, mais portava arma artesanal para uso em caça, para sua
sobrevivência.

Ressalta que o paciente não se trata de um criminoso contumaz ou perigoso, e, não colocaria em
risco a ordem pública, por ter o paciente residência fixa, é primário, trabalha como lavrador.

Desta feita, ante as alegações acima, requereu, em face da presença dos requisitos do fumus
boni juris e o periculum in mora, a concessão liminar da ordem, para revogar a prisão preventiva
do paciente, com a expedição do competente alvará de soltura, mediante aplicação das medidas
cautelares diversas da prisão previstas no art. 319, do Código de Processo Penal. E, no mérito, a
confirmação da liminar.

Juntou documentos constantes do ID´s 23130384 e seguintes.

Proferida decisão de indeferimento do pedido liminar por este signatário (ID 23194943).

Parecer da Procuradoria Geral de Justiça (ID 24035404), da lavra da Procuradora Regina Lúcia
de Almeida Rocha, pela denegação da ordem.

É o relatório.

VOTO

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Como visto, pleiteia o impetrante a concessão da ordem de habeas corpus em favor do paciente
José João Costa Diniz, ergastulado desde 02/09/2022 até a presente data, ante a alegação de
sofrer constrangimento ilegal, sob os seguintes argumentos, em suma: I - ausência dos requisitos
para decretação da prisão preventiva (art. 312, do CPP); II – possibilidade de aplicação de
medidas cautelares diversas da prisão (art. 319, do CPP), por ser possuidor de condições
pessoais favoráveis, não se dedicar a atividades criminosas, e, trabalhar como lavrador

Sobre os fatos, consta da inicial da denúncia de que no dia 02/09/2022, policiais miliares se
deslocaram até o Povoado de Morada Nova, pertencente à comarca de Mirinzal, local onde a
guarnição tinha informes de plantação de maconha naquela área. Na noite de 01/09/2022 foram
até a área e realizaram uma campana, por volta das 05h00min do dia seguinte, 02/09/2022, com
o auxílio de uma lanterna verificou-se várias cabanas, e em uma delas havia uma rede com
alguém, quando os policiais se aproximaram do local, cachorros começaram a latir e logo o
ocupante da rede levantou e a guarnição se identificou, quando o ocupante desferiu um tiro
contra a guarnição e a mesma revidou. Que, nesse momento, os policiais passaram a vasculhar a
área e perceberam que havia mais ocupantes na área, e que estavam naquele momento
molhando a plantação. Logo após, começaram a destruir a plantação de maconha, totalizando
3.000,00 (três mil) pés de maconha, além de uma arma de fogo tipo espingarda. Que parte da
plantação de maconha foi queimada ainda no local, e apenas 71 (setenta e um) pés de maconha
foram apresentados na delegacia. Que parte da guarnição retornou ao local para buscar a viatura
e consequentemente os pés de maconha, quando o paciente foi encontrado nas proximidades da
MA-006, aproximadamente meia hora do local da plantação, indo em sentido da mesma, portando
uma arma de fogo, momento em que foi abordado e revistado, possuía 02 (duas) porções de uma
substância vegetal, similar à maconha. Que o total da substância apreendida possui massa
líquida de 4,775Kg (quatro quilogramas e setecentos e setenta e cinco gramas – material vegetal)

A decisão que converteu a prisão em flagrante em preventiva do paciente, considerou sobretudo


a garantia da ordem pública, conforme consta na decisão última que indeferiu o pedido de
revogação, na data de 25/01/2023, nos seguintes termos:

“(…)

In casu, há provas nos autos, ainda que indiciárias, da existência dos crimes (auto de
exibição e apreensão [Id. 75875654 – pág. 7], auto de constatação preliminar de
substância entorpecente [Id. 75875654 – pág. 18], auto de constatação de eficiência
de arma de fogo [Id. 75875654 – pág. 16]; fotografias dos entorpecentes e da arma
de fogo [Id. 75875654 – pág. 17]; laudo definitivo da substância apreendida [Id.
83101734])) e da autoria delitiva (oitivas das testemunhas [Id. 75875654 – págs.
4/6]), restando demonstrada portanto a existência do “fumus comissi delicti”. (...)

O periculum libertatis também encontra-se evidenciado nestes autos, tendo em


conta que o denunciado, ora requerente, foi preso com quase 5Kg de maconha
dividida em parte embalada, outra plantada, circunstâncias fáticas estas que
indicam, em tese, um maior envolvimento do imputado com a traficância, e, por
consequência, a necessidade de medida segregatória para a garantia da ordem
pública, conforme iterativa jurisprudência do STJ: (…)

No mais, verifico que os crimes constantes da denúncia supostamente praticados


pelo requerente têm pena privativa de liberdade máxima superior a 04 (quatro) anos,
estando atendida o requisito de admissibilidade da medida segregatória prevista no
art. 313, I, do CPP.

Por derradeiro, verifico que não há nenhuma alteração no cenário fático probatório
que enseje a revogação da custódia cautelar, de sorte que se mantêm hígidas as

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razões jurídicas do ergastulamento processual.

À vista do exposto, INDEFIRO o pedido de revogação e, por consequência,


MANTENHO A PRISÃO PREVENTIVA decretada em desfavor de JOSÉ JOÃO
COSTA DINIZ. (…)”.

Na espécie, a decisão que decretou a prisão preventiva do paciente, assim como a que manteve
estão fundamentadas em elementos concretos que justificam a sua necessidade, notadamente a
garantia da ordem pública, ao ressaltar a gravidade concreta do delito, por tratar-se de crime de
tráfico e associação por tráfico de drogas, com efeitos devastadores em nossa sociedade, ante
considerável quantidade de entorpecente apreendido em poder o paciente, a saber:
aproximadamente 05Kg (cinco quilos) de maconha dividida em parte embalada, outra plantada,
circunstâncias fáticas estas que indicam, em tese, um maior envolvimento do imputado com a
traficância, e, por consequência, a necessidade de medida segregatória para a garantia da ordem
pública.

Desta feita, constata-se que o magistrado de base fundamentou concretamente o decreto e a


manutenção da prisão preventiva, nos termos do art. 93, inciso IX, da Constituição Federal,
mormente no que se refere à garantia da ordem pública e aplicação da lei penal. Presente, assim,
o requisito da contemporaneidade, visto que a prisão preventiva fora decretada e mantida de
forma suficiente para a garantia da ordem pública.

Portanto, não merece prosperar a alegação de ausência de razões que justifiquem a necessidade
da medida, haja vista que o Juízo de origem, de forma percuciente, enfrentou as questões
trazidas ao caso, mormente no tocante ao periculum libertatis, que seguiu devidamente
caracterizado in casu, especialmente pela gravidade do crime imputado ao paciente e outras
circunstâncias peculiares do caso concreto que apontam para a sua acentuada periculosidade,
restando, dessa maneira, mais do que justificada a manutenção de sua segregação.

Dessa forma, não reconheço a ilegalidade da prisão cautelar do paciente, sendo a manutenção
do decreto de prisão preventiva medida que se impõe, sobretudo pela garantia da ordem pública,
ante o risco concreto de reiteração delitiva, pois, conforme consta da decisão última que manteve
a prisão preventiva, visto que os agentes policiais que efetuaram a prisão do ora paciente
detalharam a operação que tinha o objetivo de localizar uma plantação de maconha no povoado
Morada Nova, zona rural de Mirinzal do Maranhão, presentes assim, o fumus comissi delicti e
periculum libertatis, senão vejamos:

HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. TRÁFICO DE ENTORPECENTES.


PRISÃO PREVENTIVA. RISCO CONCRETO DE REITERAÇÃO DELITIVA.
GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. ORDEM
DENEGADA. 1. A decretação ou a manutenção da prisão preventiva depende
da configuração objetiva de um ou mais dos requisitos do art. 312 do Código
de Processo Penal. Para isso, o Julgador deve consignar, expressamente,
elementos reais e concretos indicadores de que o indiciado ou acusado, solto,
colocará em risco a ordem pública ou econômica, a instrução criminal ou a
aplicação da lei penal. 2. Hipótese em que o Agente, não obstante surpreendido
com quantidade não exorbitante de entorpecente - 76,16g de maconha -, possui

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anotações criminais referentes aos crimes de homicídio e tráfico de drogas, a
justificar a necessidade da prisão preventiva para garantia da ordem pública.
Precedente. 3. Não há como prever, nesta fase processual, a reprimenda que
eventualmente poderá ser imposta caso seja condenado o Paciente, menos
ainda se iniciará o respectivo cumprimento em regime diverso do fechado, de
modo que não se torna possível avaliar a arguida desproporção da prisão
cautelar imposta. Precedentes. 4. A existência de condições pessoais
favoráveis não tem o condão de, por si só, desconstituir a custódia antecipada,
caso estejam presentes outros requisitos que autorizem a decretação da
medida extrema, como ocorre na hipótese em tela. 5. Ordem de habeas corpus
denegada. (Grifou-se)1

Sobre a tramitação da ação penal de origem, verifica-se que fora proferida decisão de
notificação do acusado, assim como já fora apresentada resposta à acusação em favor
dele, inferindo-se, assim, a regular tramitação do feito.

A propósito, transcrevo a seguir, litteris, excertos relevantes do parecer da representante da


Procuradoria-Geral de Justiça (ID 24035404), os quais incorporam a esta decisão:

“(…)

Sendo assim, presentes os indícios de autoria e da materialidade dos crimes de


tráfico de drogas e de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido, cumpre-nos
sublinhar que as penas pelos crimes mencionados ultrapassam os 04 (quatro) anos
necessários a justificar o decreto preventivo, nos termos do art. 313, inciso I, do
Código de Processo Penal.

Acerca da alegada ausência de fundamentação do decreto e manutenção da prisão


preventiva do paciente (CPP, art. 312), convém mencionar que na Audiência de
Custódia, a prisão em flagrante do paciente foi homologada e convertida em prisão
preventiva, em consonância com o parecer ministerial, ocasião em que a magistrada
de piso constatou a presença dos requisitos autorizadores do ergástulo cautelar,
necessário para a garantia da ordem pública, à conveniência da instrução criminal e
à aplicação da lei penal.

(…)

A decisão que decretou o ergástulo cautelar do paciente foi revisitada em Correição


Parcial no dia 25/01/2023 (ID nº 23130591 - Pág. 2), quando o magistrado de 1º grau
manteve sua prisão preventiva, ressaltando que para a manutenção da medida
cautelar não se exige prova plena da culpa – exigida no julgamento do mérito – mas
tão somente a fundada suspeita de que o acusado é autor da infração penal, o que
ficou evidenciado nos autos.

Ademais, o juízo a quo justificou a medida na grande quantidade de droga


encontrada em poder do paciente, que indicaria o maior envolvimento do mesmo
com a traficância, sendo necessária a manutenção da prisão como forma de se
resguardar a ordem pública. Segue trecho dessa decisão (ID nº 23130591): (…)”.

Por último, acerca da possibilidade de aplicação de medidas cautelares diversas da prisão


, nos termos art. 282, § 6º e arts. 319 e 321, todos do CPP e ante as condições pessoais do

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paciente, pelas mesmas razões acima expostas, porquanto devidamente justificada a
contemporaneidade e necessidade da custódia cautelar do paciente, não há falar na
aplicação de tal benesse, eis que presentes os requisitos autorizadores da medida
extrema.

E, havendo circunstâncias de gravidade concreta que justificam a custódia cautelar, como


observadas na espécie, não se revela cabível a aplicação de medidas cautelares alternativas à
prisão, porquanto insuficientes para resguardar a ordem pública (STJ, HC 550.688/SP, Rel. Min.
ANTONIO SALDANHA PALHEIRO, T6, DJe 17/03/2020; e HC 558.099/SP, Rel. Min. JORGE
MUSSI, T5, DJe 05/03/2020).

ANTE O EXPOSTO, em acordo com o parecer da douta Procuradoria Geral de Justiça,


CONHEÇO E DENEGO a presente ordem de habeas corpus, tendo em vista a ausência da
alegada coação ilegal na liberdade de locomoção do paciente, nos termos da
fundamentação supra.

É como voto.

Sessão Virtual da 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão, 30 de


março a 10 de abril de 2023.

Desembargador Francisco RONALDO MACIEL Oliveira

Relator

1 (STJ - HC: 523989 MG 2019/0221443-0, Relator: Ministra LAURITA VAZ, SEXTA TURMA, DJe
04/02/2020)

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