Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Documento: 1884409 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 11/11/2019 Página 1 de 4
Superior Tribunal de Justiça
excepcional degravação da prova oral colhida na primeira fase do
rito do Tribunal do Júri, notadamente porque ela pode ser repetida
perante o Plenário.
5. "A decisão de pronúncia consubstancia mero juízo de
admissibilidade da acusação, razão pela qual não ocorre excesso
de linguagem tão somente pelo fato de o magistrado, ao proferi-la,
demonstrar a ocorrência da materialidade e dos indícios
suficientes da respectiva autoria, vigendo, nesta fase processual,
o princípio do in dubio pro societate" (AgRg no Ag n. 1.153.477/PI,
relator Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, Sexta Turma, julgado
em 6/5/2014, DJe de 15/5/2014).
6. No presente caso, o Magistrado, ao pronunciar o réu, apenas
se referiu a circunstâncias relativas ao binômio
autoria/materialidade que circunstanciavam o evento, não
havendo que se falar em excesso de linguagem, pois obedeceu
fielmente à legislação de regência, mormente ao comando dos
arts. 413 e 414 do Código de Processo Penal.
7. Agravo regimental desprovido.
ACÓRDÃO
Relator
Documento: 1884409 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 11/11/2019 Página 2 de 4
Superior Tribunal de Justiça
AgRg no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 1.238.417 - RJ (2018/0014013-6)
Documento: 1884409 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 11/11/2019 Página 3 de 4
Superior Tribunal de Justiça
crime ao determinar a remoção da vítima já falecida (v. fl. 73), antes da realização da
perícia, apresentando, fraudulentamente, na Delegacia de Polícia, por ocasião da
lavratura do auto de resistência, com o fim de simular um confronto armado entre
ANDERSON e os Policiais, uma pistola Taurus, calibre 380, nº KKF50254, diversas
munições e um carregador municiado, bem como um tablete e 81 sacolés de maconha,
como se fossem de propriedade de ANDERSON" (e-STJ fl. 5).
Documento: 1884409 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 11/11/2019 Página 4 de 4
Superior Tribunal de Justiça
contexto dos autos, é ou não procedente, pois tal atividade se
insere na competência do Conselho de Sentença. Absolvição
sumária que se apresenta possível apenas nas estritas hipóteses
previstas no artigo 415 do CPP, inocorrentes no caso dos autos.
Presença de indícios, ainda, das qualificadoras descritas na inicial
e mantidas na pronúncia, compatíveis com o teor da prova até
então produzida. Tese de estrito cumprimento de dever legal
igualmente a ser submetida ao Conselho de Sentença, máxime
porque não demonstrada de modo absoluto a presença dos
pressupostos necessários ao reconhecimento da justificante.
Acerto da decisão impugnada, cabendo ao Conselho de Sentença
a decisão da causa, em homenagem ao princípio do juiz natural.
Recursos desprovidos.
Documento: 1884409 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 11/11/2019 Página 5 de 4
Superior Tribunal de Justiça
ocasião do confronto entre a guarnição da parte recorrente e a traficância organizada.
É o relatório.
Documento: 1884409 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 11/11/2019 Página 6 de 4
Superior Tribunal de Justiça
AgRg no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 1.238.417 - RJ (2018/0014013-6)
VOTO
Documento: 1884409 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 11/11/2019 Página 7 de 4
Superior Tribunal de Justiça
superioridade numérica e de meios em relação ao ofendido.
O homicídio de ANDERSON foi praticado para assegurar a
impunidade dos denunciados e também dos demais policiais
militares integrantes do GAT – Grupamento de Ações Táticas – do
7º Batalhão de Polícia Militar, sob o comando do denunciado
DANIEL BENITEZ, os quais eram investigados na condição de
autores do homicídio de DIEGO DA CONCEIÇÃO BELIENE, ocorrido
em 03/06/11 também no Complexo do Salgueiro.
A vítima ANDERSON era filho de Daniele da Silva, a qual teria
presenciado as circunstâncias do assassinato de DIEGO BELIENE
em 03/06/11 e prestado declarações na Delegacia, sendo que a
ação dos denunciados teve o objetivo de "mandar um recado" e
calar a testemunha Daniele da Silva, além de outras eventuais
testemunhas da comunidade do Salgueiro que se dispusessem a
depor contra a guarnição do GAT comandada por DANIEL
BENITEZ.
DA FRAUDE PROCESSUAL
Nas mesmas circunstâncias de tempo e local acima descritas, os
denunciados DANIEL BENITEZ, JOVANIS FALCÃO, JEFERSON DE
ARAÚJO, CHARLES TAVARES, SÉRGIO JUNIOR, ALEX RIBEIRO e
JUNIOR MEDEIROS, cientes da ilicitude de seu atuar, em comunhão
de ações e desígnios, inovaram artificiosamente o estado do local
onde ocorreu o citado homicídio de ANDERSON, a fim de induzir a
erro a autoridade competente, desfazendo o local do crime ao
determinar a remoção da vítima já falecida (v. fl. 73), antes da
realização da perícia, apresentando, fraudulentamente, na
Delegacia de Polícia, por ocasião da lavratura do auto de
resistência, com o fim de simular um confronto armado entre
ANDERSON e os Policiais, uma pistola Taurus, calibre 380, no
KKF50254, diversas munições e um carregador municiado, bem
como um tablete e 81 sacolés de maconha, como se fossem de
propriedade de ANDERSON (v. autos de apreensão de fls. 32/34 e
37).
Documento: 1884409 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 11/11/2019 Página 8 de 4
Superior Tribunal de Justiça
ampla defesa. E, no caso dos autos, os recorrentes não
demonstraram qualquer dificuldade para compreender de que fatos
deveriam se defender, motivo pelo qual se rejeita tal arguição.
Documento: 1884409 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 11/11/2019 Página 9 de 4
Superior Tribunal de Justiça
para a prolação da decisão de pronúncia, tem-se uma instrução prévia, na qual deverá
ficar comprovada a materialidade do crime doloso contra a vida, bem como os indícios
suficientes de autoria ou de participação, a autorizar a submissão do réu a julgamento
pelo Tribunal do Júri. Nesse contexto, não é possível na via eleita revolver o espectro
probatório dos autos a fim de analisar a alegação de ausência de justa causa por
ausência de indícios de autoria" (RHC n. 75.487/ES, relator Ministro REYNALDO
SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 21/9/2017, DJe de 27/9/2017).
Documento: 1884409 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 11/11/2019 Página 10 de 4
Superior Tribunal de Justiça
Na hipótese, a exordial acusatória está instruída com
indícios mínimos de autoria e materialidade delitiva e
preenche os requisitos do art. 41 do Código de Processo
Penal.
2. Concluindo a instância de origem pela existência de elementos
suficientes a fundamentar a justa causa necessária ao recebimento
da denúncia, inviável a desconstituição do julgado, no intuito
defensivo de rejeição da incoativa, visto que seria necessário a
esta Corte o revolvimento do contexto fático-probatório, o que é
vedado na via eleita.
[...]
5. Ordem denegada. (HC 489.902/RJ, relator Ministro SEBASTIÃO
REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 16/05/2019, DJe
27/05/2019, grifei.)
Documento: 1884409 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 11/11/2019 Página 11 de 4
Superior Tribunal de Justiça
IMPUGNADA. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.
[...]
II - Inviável o acolhimento do pedido de trancamento da ação penal
na espécie, fundado na alegação de ausência de indícios
suficientes de autoria, porquanto a tese não foi comprovada, de
plano. Afastar a conclusão das instâncias ordinárias demandaria
amplo reexame da matéria fático-probatória, procedimento
incompatível com a via do habeas corpus.
III - A inicial acusatória descreveu as condutas delituosas
imputadas em autoria coletiva pelo paciente e os outros
cinco codenunciados, praticadas em contexto de chacina
entre facções criminosas rivais, que atiraram contra vítimas
que participavam de uma festa junina, o que possibilita a
apresentação de denúncia sem a individualização exata, que
poderá ser melhor determinada durante a instrução
processual.
[...]
V - Neste agravo regimental não foram apresentados argumentos
novos capazes de alterar o entendimento anteriormente firmado,
devendo ser mantida a r. decisão impugnada por seus próprios
fundamentos.
Agravo regimental desprovido. (AgInt no HC 473.446/GO, Rel.
Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 19/02/2019,
DJe 26/02/2019, grifei.)
Documento: 1884409 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 11/11/2019 Página 12 de 4
Superior Tribunal de Justiça
forma a permitir o exercício da defesa não é considerada
inepta. Precedentes.
1.1. No caso em tela, perde força a alegação de inépcia da
denúncia porque deduzida diante da sentença de pronúncia,
após o transcurso de toda a instrução criminal no qual pode
a defesa exercer o contraditório. Precedentes.
2. Diante de conexão intersubjetiva e instrumental, reconhecida
pelo Tribunal de origem, devida é a alteração do juízo competente,
na forma do art. 76 do CPP.
3. A sentença de pronúncia deve observar o princípio da
correlação com os fatos descritos na denúncia, o que ocorreu no
caso em tela, pois o fato noticiado após a instrução criminal não
alterou os fatos apontados como de responsabilidade do réu.
[...]
6. In casu, o reconhecimento da absolvição sumária, da
impronúncia e o afastamento da qualificadora demandaria o
reexame fático-probatório, providência vedada pelo enunciado n. 7
da Súmula do Superior Tribunal de Justiça - STJ, pois o Tribunal de
origem, com base na prova dos autos, apresentou fundamentação
concreta para ratificar a pronúncia pelo delito de homicídio
qualificado.
6.1. Ainda, o afastamento de qualificadora na sentença de
pronúncia também requer a demonstração de manifesta
inocorrência. Precedentes.
7. Descabe em recurso especial a análise de violação a princípios e
dispositivos constitucionais, sob pena de usurpação da
competência do Supremo Tribunal Federal - STF.
8. Agravo regimental desprovido. (AgRg no AREsp 1.085.378/MG,
relator Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, QUINTA TURMA, julgado em
19/06/2018, DJe 28/06/2018, grifei.)
Documento: 1884409 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 11/11/2019 Página 13 de 4
Superior Tribunal de Justiça
da acusação se o próprio intento condenatório já foi acolhido e
confirmado em grau de recurso.
2. Nos crimes de autoria coletiva, admite-se a ausência de
individualização minuciosa das condutas em não sendo
possível esmiuçar e especificar, com riqueza de detalhes, a
atuação de cada envolvido, desde que haja um mínimo de
liame com os fatos, como na espécie.
[...]
5. Agravo regimental improvido. (AgRg no REsp 1.497.490/RJ,
relatora Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA
TURMA, julgado em 06/10/2015, DJe 27/10/2015, grifei.)
Documento: 1884409 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 11/11/2019 Página 14 de 4
Superior Tribunal de Justiça
procedimento dos feitos da competência do Tribunal do Júri, se
ambos os procedimentos são comuns ordinários.
Registre-se, por oportuno, que o parágrafo 5º, do artigo 394, do
Código de Processo Penal autoriza expressamente que as regras
do procedimento ordinário sejam aplicadas subsidiariamente aos
procedimentos especial, sumário e sumaríssimo. Por óbvio, não se
referiu tal parágrafo também ao procedimento do Júri, porque,
como já observado, este é, igualmente, comum ordinário.
O segundo aspecto que merece ser abordado é o que diz respeito
ao destinatário da prova produzida na primeira fase do
procedimento dos crimes dolosos contra a vida.
O que inspirou o legislador a introduzir os parágrafos 1º e 2º no
artigo 405 do Código de Processo Penal foi o ideal de garantir, na
busca da verdade real, uma maior fidelidade na colheita da prova
oral, pois, não raras vezes, a transcrição fria no papel fazia perecer
a emoção vivenciada por aqueles que presenciavam a tomada do
depoimento. E a importância de se preservar a prova tal qual
colhida reside, sobretudo, na necessidade de permitir à segunda
Instância dela conhecer do modo mais fidedigno possível.
E, em se tratando de um ideal maior, decerto não poderia ser
subtraído dos feitos da competência do Tribunal do Júri, que são,
justamente, em grande parte, os de maior gravidade.
Por outro lado, como cediço, a primeira fase do procedimento
escalonado destina-se, principalmente, à comprovação, por parte
do autor da ação penal, do jus accusationis, isto é, da procedência
do seu direito de acusar. E tanto é assim que o magistrado, ao
pronunciar o réu, apenas declara a presença de prova da
materialidade do delito e de indícios suficientes de autoria. Tal
decisão, tal como ocorre no procedimento comum ordinário dos
crimes da competência do juiz singular, poderá ser proferida na
audiência de instrução e julgamento, logo após os debates que se
seguirem à produção da prova oral gravada por meio audiovisual.
E na segunda etapa do procedimento, já perante o Conselho de
Sentença, nova oportunidade têm as partes de produzir prova oral,
igualmente a ser gravada por meio audiovisual. E é essa a prova,
produzida em tal etapa, que tem como destinatários os jurados,
pois na segunda fase, e somente nela, possui o autor da ação
penal o ônus de comprovar o seu jus puniendi.
Destarte, como princípio geral, repita-se, a prova que se destina à
formação da convicção dos jurados não é aquela produzida na
primeira fase e sim aquela produzida em plenário.
Se por uma questão de economia processual ou tática de defesa
as partes desistem da produção de prova em plenário, se
reportando àquela que foi colhida na primeira fase do
procedimento, naturalmente deverão arcar com os ônus de tal
Documento: 1884409 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 11/11/2019 Página 15 de 4
Superior Tribunal de Justiça
escolha e, diante da atual sistemática processual, tal ônus
estender-se-á à ausência de transcrição dos depoimentos
gravados. E isto porque o parágrafo 2º do artigo 405 do
Código de Processo Penal, aplicável ao caso, como já vimos,
estabelece expressamente que não haverá transcrição na
hipótese de registro por meio audiovisual.
No mesmo sentido, inclusive, disciplinou o Conselho Nacional de
Justiça na sua Resolução n. 105/10. (Grifei.)
Documento: 1884409 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 11/11/2019 Página 16 de 4
Superior Tribunal de Justiça
Diante desse cenário, observo que o acórdão local encontra-se em
harmonia com a jurisprudência desta Casa, firmada no sentido de que, "de acordo com
o art. 405, § 2º, do Código de Processo Penal, na redação dada pela Lei n. 11.719/2008,
não há necessidade de transcrição dos depoimentos do investigado, indiciado, ofendido
e testemunhas registrados por meio audiovisual" (RMS n. 33.974/MT, relator Ministro
SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 16/4/2013, DJe de 26/4/2013).
No mesmo sentido:
Documento: 1884409 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 11/11/2019 Página 17 de 4
Superior Tribunal de Justiça
Documento: 1884409 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 11/11/2019 Página 18 de 4
Superior Tribunal de Justiça
audiovisual, cabendo ao interessado promovê-la, a suas
expensas e com sua estrutura, se assim o desejar, "ficando
vedado requerer ou determinar tal providência ao Juízo de
primeiro grau".
[...]
Ordem denegada. (HC 247.920/RS, relatora Ministra MARILZA
MAYNARD, Desembargadora convocada do TJSE, SEXTA TURMA,
julgado em 3/6/2014, DJe 18/6/2014, grifei.)
Documento: 1884409 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 11/11/2019 Página 19 de 4
Superior Tribunal de Justiça
sustentação. Precedentes. [...] 3. Registro na ata da audiência de
que a cópia do registro original do depoimento colhido, nos termos
do art. 405 do Código de Processo Penal, está disponível nos
autos. O princípio do pas de nullité sans grief exige, sempre
que possível, a demonstração de prejuízo concreto pela
parte que suscita o vício. Precedentes. Prejuízo não
demonstrado pela defesa. 4. Nos termos do art. 405, § 2º, do
Código de Processo Penal, é desnecessária a degravação da
audiência realizada por meio audiovisual, sendo obrigatória
apenas a disponibilização da cópia do que registrado nesse
ato. A ausência de transcrição não impede o acesso à prova.
5. Recurso ao qual se nega provimento. (RHC 116.173,
relatora Ministra CÁRMEN LÚCIA, Segunda Turma, julgado em
20/08/2013, DJe 10/09/2013, grifei.)
Documento: 1884409 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 11/11/2019 Página 20 de 4
Superior Tribunal de Justiça
acusados no ilícito cometido, vez que a prova testemunhal
produzida nesta fase do iudixum accusationis indicou que os
acusados teriam participado do homicídio na forma imputada na
denúncia.
Em relação aos acusados Charles Tavares, Jeferson Miranda e
Jovanis Falcão, observa-se que a participação desses ficou
indiciada pelas declarações da testemunha Ricardo Henrique e da
informante Daniele, ambas em mídia de fl. 984, aliadas à palavra
dos acusados em sede policial, ocasião em que confessaram ter
participado da incursão que resultou na morte da vítima Anderson
Matheus, conforme fls. 16/23.
Por fim, ressalte-se que a quebra de sigilo telefônico dos acusados
também trouxe indícios da participação de todos eles nos fatos em
tela.
Em relação aos acusados Sergio Costa Júnior, Alex Ribeiro, Junior
Medeiros, verifica-se que os indícios de participação estão
presentes nos documentos de fls. 322/341 e 436/448 (GPS das
viaturas), fls. 430/433 (escala de serviço do 7º BPM), bem como no
apenso sigiloso: (extratos telefônicos e ERBs).
Cumpre registrar que as qualificadoras previstas nos incisos IV e V
do § 2° do artigo, 121, do Código Penal, se encontram
devidamente indiciadas nos autos, conforme declarações das
testemunhas Ricardo Henrique e Daniele, em mídia de fl. 984.
Outrossim, o crime capitulado no artigo 347, parágrafo único, do
Código Penal deve ser apreciado pelo Conselho de Sentença,
diante da conexão com o homicídio, nos termos do artigo 76, III e
78, I do CPP.
Portanto, diante da inexistência de prova cabal que conduza à
absolvição sumária, impõe-se a pronúncia dos acusados, pois
somente os jurados podem avaliar as teses defensivas relativas ao
mérito.
A propósito:
Documento: 1884409 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 11/11/2019 Página 21 de 4
Superior Tribunal de Justiça
HABEAS CORPUS. PROCESSO PENAL. TRIBUNAL DO JÚRI.
DECISÃO DE PRONÚNCIA. IUDICIUM ACCUSATIONIS.
DEPOIMENTO COLHIDO NA FASE DE INQUÉRITO POLICIAL,
PORÉM NÃO CONFIRMADO INTEGRALMENTE EM JUÍZO.
OUTROS ELEMENTOS PROBATÓRIOS. CONVENCIMENTO DA
MATERIALIDADE DO FATO E DA EXISTÊNCIA DE INDÍCIO DE
AUTORIA OU DE PARTICIPAÇÃO. PRINCÍPIO DO IN DUBIO PRO
SOCIETATE. ORDEM DENEGADA.
1. "A decisão de pronúncia consubstancia mero juízo de
admissibilidade da acusação, razão pela qual não ocorre excesso
de linguagem tão somente pelo fato de o magistrado, ao proferi-la,
demonstrar a ocorrência da materialidade e dos indícios suficientes
da respectiva autoria, vigendo, nesta fase processual, o princípio
do in dubio pro societate." (AgRg no Ag 1.153.477/PI, Rel. Ministro
ROGERIO SCHIETTI CRUZ, Sexta Turma, julgado em 6/5/2014, DJe
15/05/2014).
2. Na espécie, não somente a prova produzida em sede policial,
que foi contraditada como ilícita, serviu como substrato para a
pronúncia, haja vista que outras circunstâncias conduziram o
colegiado a pronunciar a acusada, em estrita observância às
diretrizes estabelecidas no art. 413 do Código de Processo Penal,
quais sejam, o convencimento acerca da materialidade do fato e da
existência de indícios suficientes de autoria ou de participação.
3. Desse modo, não há que se buscar o escoro no princípio do in
dubio pro societate para que a ré seja pronunciada, em vista dos
outros elementos probatórios que conduziram a essa conclusão.
4. Ainda que assim não fosse, seria possível invocar o aludido
princípio, tendo em vista que a decisão de pronúncia encerra tão
somente juízo de admissibilidade, não de mérito, daí o porquê da
limitação da fundamentação da pronúncia à indicação da
materialidade do fato e da existência de indícios suficientes de
autoria ou participação, como estabelecido no art. 413, § 1º, do
CPP. Precedentes.
[...]
6. Ordem denegada. (HC 150.007/SP, relator Ministro ROGERIO
SCHIETTI CRUZ, relator para acórdão Ministro ANTONIO
SALDANHA PALHEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 21/9/2017, DJe
04/10/2017.)
Documento: 1884409 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 11/11/2019 Página 22 de 4
Superior Tribunal de Justiça
INOCORRÊNCIA. EXCESSO DE PRAZO. NÃO CONFIGURAÇÃO.
TRAMITAÇÃO REGULAR. DESPROVIMENTO.
[...]
2. Hipótese em que a magistrada a quo foi extremamente cautelosa
e limitou-se a demonstrar os indícios de autoria, de modo a
autorizar que o exame mais aprofundado da questão fosse
delegado ao Tribunal do Júri competente. Em nenhum momento a
Juíza excedeu-se ou afirmou a certeza da culpa. Assim, não se
constata excesso de linguagem na pronúncia.
3. A suposta falta de individualização da conduta não foi, nesse
enfoque específico, enfrentada pelo Tribunal de origem, vedada a
supressão de instância. A Corte estadual concluiu que a pronúncia
atendeu ao disposto no art. 413, § 1º, do Código de Processo
Penal, o que de fato se constata da leitura da sentença. A
fundamentação limitou-se à indicação da materialidade do fato e
dos indícios de autoria, conforme determinação legal. Ausente,
portanto, qualquer ilegalidade.
[...]
5. Recurso ordinário a que se nega provimento. (RHC 72.083/RJ,
relatora Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA
TURMA, julgado em 06/09/2016, DJe 16/09/2016.)
É o voto.
Documento: 1884409 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 11/11/2019 Página 23 de 4
Superior Tribunal de Justiça
CERTIDÃO DE JULGAMENTO
SEXTA TURMA
AgRg no
Número Registro: 2018/0014013-6 AREsp 1.238.417 /
RJ
MATÉRIA CRIMINAL
Relator
Exmo. Sr. Ministro ANTONIO SALDANHA PALHEIRO
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro ANTONIO SALDANHA PALHEIRO
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. LUIZ AUGUSTO DOS SANTOS LIMA
Secretário
Bel. ELISEU AUGUSTO NUNES DE SANTANA
AUTUAÇÃO
AGRAVANTE : CHARLES DE AZEVEDO TAVARES
ADVOGADO : ALZIRA DE CASTRO GARCIA DIAS E OUTRO(S) - RJ021572
AGRAVANTE : JEFERSON DE ARAUJO MIRANDA
ADVOGADO : RICARDO CARVALHO BRAGA DOS SANTOS E OUTRO(S) - RJ143420
AGRAVANTE : JUNIOR CEZAR DE MEDEIROS
ADVOGADO : ÚRSULA RIBEIRO FERREIRA E OUTRO(S) - RJ153530
AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
CORRÉU : DANIEL SANTOS BENITEZ LOPEZ
CORRÉU : JOVANIS FALCAO JUNIOR
CORRÉU : SERGIO COSTA JUNIOR
CORRÉU : ALEX RIBEIRO PEREIRA
AGRAVO REGIMENTAL
AGRAVANTE : JEFERSON DE ARAUJO MIRANDA
ADVOGADO : RICARDO CARVALHO BRAGA DOS SANTOS E OUTRO(S) - RJ143420
AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia SEXTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
Documento: 1884409 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 11/11/2019 Página 24 de 4
Superior Tribunal de Justiça
A Sexta Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos
do voto do Sr. Ministro Relator.
Os Srs. Ministros Laurita Vaz, Sebastião Reis Júnior, Rogerio Schietti Cruz e Nefi
Cordeiro votaram com o Sr. Ministro Relator.
Documento: 1884409 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 11/11/2019 Página 25 de 4