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AO JUÍZO DE DIREITO DA 8ª VARA CRIMINAL DA CAPITAL – TRIBUNAL

DO JÚRI - AL

Autos nº 0700437-69.2017.8.02.0067

JAILTON JEFERSON DA SILVA SANTOS, já qualificado nos autos do processo


em epígrafe, por seus advogados que abaixo subscrevem, nos autos do processo que lhe
move o Ministério Público, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência
apresentar

ALEGAÇÕES FINAIS EM FORMA DE MEMORIAS

o que faz com supedâneo no artigo 403, §3º do Código de Processo Penal e nos demais
normativos de regência, pelas razões de fato e direito a seguir expostas.

I – DA BREVE EXPOSIÇÃO FÁTICA

1. Ab initio, trata-se de ação penal movida em desfavor JAILTON


JEFERSON DA SILVA SANTOS e outros réus, acusados de ter praticado o crime de
descrito no Art. 121, §2º, incisos I e IV, c/c Art. 29, ambos do Código Penal, em
desfavor de Weverton Ferreira de Lima, por volta de 18:30h do dia 17 de maio de
2017, na Rua Campo Verde, nº350, Ipioca, Maceió-AL.
2. Segundo narra os termos da exordial acusatória, o Sr. Jailton Jeferson
teria invadido a residência da suposta vítima e posteriormente, teria desferido disparos
de arma de fogo em desfavor da suposta vítima, com o auxílio do menor, José
Henrique. Ainda, nos termos acusatório, o motivo do crime teria sido por vingança em
razão de uma rixa existente entra a suposta vítima e o Sr. Jailton Jeferson, originada
por uma briga em um jogo de futebol.
3. Após realização de audiência de instrução e julgamento, em fls. 842, no
dia 14 de setembro de 2020, foi emitido ato ordinatório para à defesa do Sr. Jailton
Jeferson apresentar alegações finais. Contudo, no dia seguinte (15/09/2020), foi
proferido decisão de pronúncia em desfavor do defendente (fls. 845-854), sendo esta,
guerreada mediante Recurso em Sentido Estrito, provido às fls. 954-958 para
reconhecer nulidade da decisão de pronúncia que se deu sem apresentação das
alegações finais por parte da defesa.

Em apertada síntese, eis os apontamentos necessários.

II – DA FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA – IMPRONÚNCIA – ART. 414 DO


CÓDIGO DE PROCESSO PENAL

4. Douto Juízo, estabelece o Art. 414 do Código de Processo Penal, caput,


os seguintes termos:

Art. 414. Não se convencendo da materialidade do fato


ou da existência de indícios suficientes de autoria ou de
participação, o juiz, fundamentadamente,
impronunciará o acusado.

5. Nesse sentido, a decisão de impronúncia é uma determinação proferida


pelo juiz após a fase de instrução criminal, quando não há indícios suficientes para
submeter o réu a julgamento pelo Tribunal do Júri. A impronúncia representa a
constatação de que a acusação não conseguiu apresentar elementos de prova que
sustentem a existência do crime ou a participação do réu , o que, por consequência,
impede o prosseguimento do processo perante o Tribunal do Júri.
6. No presente caso, verificou-se que o Sr. Jailton Jeferson estava em
outro local, na casa de sua esposa , no dia do fato, sendo impossível estar no local em
comento para praticar o delito que foi lhe imputado.
7. Com base na análise acurada das provas, o juiz deve concluir que os
elementos apresentados são insuficientes para justificar a submissão do réu ao
Tribunal do Júri. A decisão deve ser clara e assertiva quanto à impronúncia,
justificando essa medida diante das fragilidades probatórias e da dúvida existente.
8. Ainda, conforme esclarecido nos minutos 00:15:40 do interrogatório
do Defendente, há claras provas de que o Sr. Jailton Jeferson estava na residência de
sua esposa, podendo ser confirmado pelo pai de sua esposa, a própria esposa, que não
foram arrolados como testemunhas.
9. Noutro sentido, o que se sustenta como base acusatória é de que os
algozes da vítima estariam encapuzados, sendo impossível o reconhecimento,
naquele momento, de que teria sido Jailton Jeferson.
10. Nos minutos 00:18:00, o Sr. Jailton somente teve conhecimento do fato
criminoso porque seus familiares acreditavam que ele mesmo teria sido vítima do
crime de homicídio. O que acontece nos autos em tela, a vítima teria envolvimento
com o tráfico de drogas, em função de liderança, bem como estaria envolvido no
assassinato de um senhor, na mesma região em que morava, e por esses motivos,
colacionou diversos inimigos do mesmo seguimento e intenções de vingança.
11. O que se relata ainda, é que a motivação para o crime realizado com a
suposta vítima teria sido em razão de uma rixa em uma partida de jogo de futebol,
sendo tal fato insustentável e frágil ante as informações que perduram no processo.
Toda a fundamentação acusatória está localizada com base em declarações de parentes
da suposta vítima, não tendo nenhum motivo pessoal para praticar tal ato delituoso.
12. Nesse sentido, verifica-se a brilhante decisão orquestrada pela Ministra
Carmen Lucia, no HC 179.201, pelo Superior Tribunal de Justiça , ao proferir
decisão de impronúncia:

HABEAS CORPUS. PENAL. TENTATIVA DE


HOMICÍDIO QUALIFICADO. IMPRONÚNCIA.
PROVIMENTO DA APELO MANTIDA PELO
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA: PRONÚNCIA
DO RÉU. SENTENÇA DE PRONÚNCIA: JUÍZO
PROVISÓRIO DE ADMISSIBILIDADE DA
ACUSAÇÃO: EXIGÊNCIA DE PROVA DA
MATERIALIDADE E DE INDÍCIOS DE AUTORIA
NEGADO NA ESPÉCIE. CONSTRANGIMENTO
ILEGAL DEMONSTRADO. RECONSIDERAÇÃO.
CONCESSÃO DA ORDEM PARA RESTABELECER
A DECISÃO DE IMPRONÚNCIA.1

13. No mesmo sentido, é o que se espera de Vossa Excelência, a devida


decisão de impronúncia do Sr. Jailton Jeferson, em razão da ausência de indícios
suficientes de autoria para o caso em comento , não podendo se sustentar tal
acusação na fragilidade de elementos de informação e provas que são inconclusivas
para direcionar indício de autoria suficiente para uma decisão de pronúncia.

III – DOS REQUERIMENTOS


Diante todo o acima exposto, requer:

a) Em respeito ao que preceitua a Constituição Federal de 1988, em seu inciso


LVII, bem como em respeito ao princípio in dubio pro reo, a IMPRONÚNCIA
DE JAILTON JEFERSON DA SILVA SANTOS, nos termos do Art. 414 do
Código de Processo Penal, em razão a ausência de indícios suficientes de autoria
para prolatar decisão de pronúncia, ainda em estrita observação ao princípio in
dubio pro reo, estatuado em nossa Carta Magna de 1988.

b) Em respeito ao Processo Penal Constitucional, que qualquer decisão deste juízo


observe o que estabelece o Art. 93, inciso IX da Constituição Federal c/c Art.
315, §2º do Código de Processo Penal.

Termos em que,

pede deferimento.

Maceió – AL, 14 de agosto de 2023.

1
https://www.migalhas.com.br/quentes/332223/carmen-lucia-restabelece-sentenca-de-impronuncia-
por-falta-de-indicios-de-autoria-do-crime
DOUGLAS BASTOS THYAGO SAMPAIO
OAB/AL 8.012 OAB/AL 7.488
RODRIGO MONTEIRO
OAB/AL 9.580

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