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PRÁTICA JURÍDICA II

PEÇA 4 - MEMORIAIS

Nome do aluno: **************


ID: ********
Curso: Direito Noturno
Instituição: UNIASSELVI
Semestre: 8º

Rondonópolis-MT, 08 de Outubro de 2021


EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA
PRIMEIRA VARA CRIMINAL DA COMARCA DE RONDONÓPOLIS-
MT

Processo nº __

Wanderléa, já qualificado nos autos anunciados, vem, consideravelmente, perante


Vossa Excelência, por meio de seu advogado, apresentar, com fulcro no art. 403 § 3º do CPP,
MEMORIAIS, pelos motivos de fato e direito a seguir expostas:

I – DOS FATOS

Wanderléa, de 19 anos, é processada criminalmente pela suposta prática de furto


qualificado pelo emprego de fraude.
Citada, Wanderléa não apresentou Resposta à Acusação, mas o magistrado determinou
a continuidade do referido processo sem tal peça, por entende-la desnecessária, já que
considerava mesmo ser o caso de absolvição sumária.
Durante a instrução, as testemunhas de acusação confirmaram a ocorrência de furto
qualificado. Disseram, ainda, que, apesar de não possuir certeza ou prova técnica de quem o
praticou, suspeitavam que seria a ré, pois ela é conhecida pela prática reiterada de furtos dessa
natureza.
Nenhuma outra prova foi lançada nos autos, mas os seus registros de antecedentes
criminais apontam que a ré responde por diversos inquéritos policiais e processos de furtos.
O Ministério Público, então, pugnou pela condenação, nos termos em que foi
denunciada.

II – PRELIMINARMENTE

Senhor excelentíssimo juiz desta honrada vara, é com respeito e apreço que
solicitamos uma nova apreciação do caso em questão pois vemos diversidade de situações que
conflitam com os mandos legais dos processos no ordenamento jurídico brasileiro.

II.I – DA RESPOSTA À ACUSAÇÃO

É de se ver que o código de processo legais determinam todos os ritos dos quais
nenhum membro do judiciário da federação pode se afastar. O Código de Processo Penal, em
seu artigo 396, “oferecida a denúncia ou queixa, o juiz, se não a rejeitar liminarmente, recebê-
la-á e ordenará a citação do acusado para responder à acusação, por escrito no prazo de 10
(dez) dias”, e quando o acusado não o fizer, o artigo 396-A, em seu parágrafo 2º, “o juiz
nomeará defensor para oferecê-la, concedendo-lhe vista dos autos por 10 (dez) dias. ”
Assim, atende-se as garantias da carta magma, em seu artigo 5º, parágrafo LV, em
verbis:
Art.5º, parágrafo LV, Constituição Federal: aos litigantes, em processo judicial ou
administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla
defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
Agindo fora das normas legais citadas incorrerá em nulidade processual nos termos
do parágrafo IV do artigo 564 do Código de Processo Penal.

II.II – TESTEMUNHA

A prova testemunhal é um meio probatório previsto no Código de Processo Civil,


através do qual um terceiro alheio à causa é chamado para depor em juízo e fornecer
informações sobre o caso em discussão.
Desta forma, ela é obtida por conta de um relato prestado por uma pessoa física que
presenciou ou tem conhecimento dos fatos, em uma audiência designada para tal finalidade.
Gustavo Ávila e Gabriel Gauer assim se referem acerca da importância da prova
testemunhal no âmbito processual:
A prova testemunhal é notadamente das mais utilizadas no âmbito processual, em
que pese as controvérsias naturais relacionadas à ela. O seu estudo encontra ponto
nevrálgico no processo penal, onde a sua má-utilização pode significar a supressão
de bens jurídicos supremos da ordem democrático-constitucional, como a liberdade.
ÁVILA, Gustavo Noronha de.; GAUER, Gabriel José Chittó. FALSAS
MEMÓRIAS NO PROCESSO PENAL: A INCIDÊNCIA DE FALSAS
MEMÓRIAS NA PROVA TESTEMUNHAL. 2013.

A testemunha tem o poder de conduzir o juiz até o universo do delito, até o meio onde
viveram os agentes envolvidos na ação, bem como ao local onde supostamente ocorreu o
crime. Em um país onde a diversidade econômica e cultural é tão vasta quanto o Brasil, a
prova testemunhal é uma forma de remeter o magistrado à realidade das partes, muitas vezes
absolutamente diversa daquela em que ele vive. As declarações da testemunha deve nortear o
julgador a um veredito justo. A testemunha que não trazer fatos verídicos, somente ilações e
achismos, coloca dúvida a suas declarações e não corroboram com a elucidação da autoria do
fato. André Nicolitt declara o seguinte:
A prova testemunhal é de inegável valor probatório. Contudo, há de ter sempre em
mente que o ser humano é incapaz de reproduzir fielmente um fato pretérito. É
comum que durante o depoimento, mormente diante da solenidade do ato e com a
presença inibidora das autoridades do judiciário e do Ministério Público, o
nervosismo tome conta da testemunha, o que facilita sobremaneira a imprecisão de
informações. Desta forma o magistrado deve ter muito cuidado na apreciação da
prova para discernir entre pequenas incongruências do depoimento, fruto do
nervosismo natural do ato, incoerências que comprometam seu valor probatório.
Ibidem, p.413

III - DO MÉRITO

Senhor juiz desta honrada vara, é com respeito e estima que solicitamos uma nova
apreciação do caso em questão pois vemos que a ré não foi garantida o direito à ampla defesa
e não foi respeitado o devido processo legal a ela garantido no Parágrafo 3º do Art. 396 do
Código de Processo Penal, o qual define os procedimentos cabíveis no caso de o acusado não
exercer o seu direito de resposta, in verbis:
Art. 396-A. Na resposta, o acusado poderá arguir preliminares e alegar tudo o que
interesse à sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas
pretendidas e arrolar testemunhas, qualificando-as e requerendo sua intimação,
quando necessário.
§ 2o Não apresentada a resposta no prazo legal, ou se o acusado, citado, não
constituir defensor, o juiz nomeará defensor para oferecê-la, concedendo-lhe vista
dos autos por 10 (dez) dias.

Assim, não deveria este juízo se afastar das linhas do código independente da
vantagem ou desvantagem ao processado. Nesse sentido versa o parágrafo IV do art. 564 do
Código de Processo Penal:
Art. 564. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos: IV - por omissão de formalidade
que constitua elemento essencial do ato.

Também temos as questões quanto as testemunhas que durante a instrução


confirmaram a ocorrência de furto qualificado mas, pasme, disseram que ”apesar de não
saberem quem o praticou, suspeitavam que seria a ré...” e nenhum a outra prova foi produzida
nos autos para corroborar com a suspeita levantada.
Em que pese a ocorrência fática, não há dúvida. Entretanto, as testemunhas não podem
confirmar a autoria e a presunção de que poderia ser a ré não corrobora para a aplicação da
justiça e elucidação dos fatos. Nesse sentido solicitamente que seja aplicada o que é de
terminado pelo parágrafo 2º do artigo 209 do Código de Processo Penal:
Art. 209. § 2º Não será computada como testemunha a pessoa que nada souber que
interesse à decisão da causa.

Ademais, quanto a quaisquer inquéritos e processos que, por ventura, envolva a ré, a
Súmula 444 do STJ diz ser “vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em
curso para agravar a pena-base”.

III – DOS PEDIDOS

Pelos fatos apresentados pede-se que se digne Vossa Excelência:

 Que seja considerado inocente este requerente para todos os efeitos pela falta de prova
de autoria;

 Se não, que seja declarado a nulidade processual com base no artigo 564 do Código de
Processo Penal;

 Se não, que diante da falta de evidência para aplicação das agravantes, solicita a
alteração da classificação do crime e, consequentemente, a modificação da pena.

Nestes termos,
Pede deferimento.

Rondonópolis/MT, data.

Advogado

OAB/MT: XXXXXXX

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