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DIREITO PROCESSUAL CIVIL II


Prof.º Kleber Galerani
@klebergalerani / @klebergalerani

ROTEIRO DO MÓDULO 10
PROCEDIMENTO COMUM – FASE INSTRUTÓRIA – PARTE 3

OBJETIVO

 analisar a fase instrutória do procedimento comum;

LEITURA OBRIGATÓRIA:
PARTE ESPECIAL. LIVRO I, TÍTULO I. Art. 358 a 484.

GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Direito Processual Civil


Esquematizado. 13 ed. São Paulo: SaraivaJur, 2022. Livro VII – DO
PROCESSO E DO PROCEDIMENTO. 4 – FASE INSTRUTÓRIA.
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MÓDULO 10 – PROCEDIMENTO COMUM: FASE INSTRUTÓRIA – PARTE 3

A) MEIOS DE PROVA

 DEFINIÇÃO: mecanismos que podem ser usados no processo para


investigação e demonstração dos fatos.
o São meios de prova (rol não taxativo):
 confissão.
 ata notarial.
 depoimento pessoal das partes
 interrogatório das partes
 prova testemunhal.
 prova documental.
 prova pericial.
 inspeção judicial.

B) DA PROVA TESTEMUNHAL

 Consiste na inquirição, em audiência, de pessoas estranhas ao


processo, a respeito dos fatos relevantes para o julgamento.
 O juiz dará à prova testemunhal o valor que merecer, em cotejo com
os demais elementos de convicção, observado o livre convencimento
motivado.
 Art. 442 do CPC: “A prova testemunhal é sempre admissível, não
dispondo a lei de modo diverso”.
o Restrições a utilização de testemunha
 quando o fato sobre o qual a testemunha seria inquirida já
estiver provado por documento ou confissão da parte; ou
 quando só por documentos ou por exame pericial puder ser
provado.
 se o contrato só pode ser celebrado por escritura pública,
que é da substância do negócio, nenhuma outra prova pode
ser admitida (art. 406);
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B1) DA TESTEMUNHA

 É a pessoa que comparece a juízo, para prestar informações a respeito


dos fatos relevantes para o julgamento.
o SOMENTE AS PESSOAS FÍSICAS PODEM SER TESTEMUNHAS,
nunca as jurídicas.
o É PRECISO QUE SEJAM ALHEIAS AO PROCESSO.
 As partes podem ser ouvidas em depoimento pessoal ou
interrogatório, nunca como testemunhas.

 CIRCUNSTÂNCIAS QUE RESTRINGEM A OITIVA DE TESTEMUNHAS


o a incapacidade
o o impedimento1
o a suspeição.2

 DA INCAPACIDADE DE TESTEMUNHAR
o o interdito por enfermidade ou deficiência mental;
o o que, acometido por enfermidade ou retardamento mental, ao
tempo em que ocorreram os fatos, não podia discerni-los; ou, ao
tempo em que deve depor, não está habilitado a transmitir as
percepções;
o o que tiver menos de dezesseis anos;
o o cego e o surdo, quando a ciência do fato depender dos sentidos
que lhes faltam.
 DA POSSIBILIDADE DE OUVIR PESSOAS SUSPEITAS E IMPEDIDAS
o “Sendo necessário, pode o juiz admitir o depoimento das

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§ 2º São impedidos:
I - o cônjuge, o companheiro, o ascendente e o descendente em qualquer grau e o colateral, até o terceiro grau, de alguma das partes,
por consanguinidade ou afinidade, salvo se o exigir o interesse público ou, tratando-se de causa relativa ao estado da pessoa, não se
puder obter de outro modo a prova que o juiz repute necessária ao julgamento do mérito;
II - o que é parte na causa;
III - o que intervém em nome de uma parte, como o tutor, o representante legal da pessoa jurídica, o juiz, o advogado e outros que
assistam ou tenham assistido as partes.
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§ 3º São suspeitos:
I - o inimigo da parte ou o seu amigo íntimo;
II - o que tiver interesse no litígio.
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menores, impedidas ou suspeitas”


 Esses depoimentos referidos serão prestados
independentemente de compromisso (art. 415) e o juiz lhes
atribuirá o valor que possam merecer.
 Há casos em que o juiz pode, apesar das causas de
impedimento ou suspeição, ouvir uma testemunha, seja
porque ela presenciou diretamente os fatos, seja porque
não há outra que deles tenha conhecimento.

 DA CONTRADITA - QUALIFICAÇÃO E CONTRADIÇÃO DA


TESTEMUNHA:
o Art. 457. Antes de depor, a testemunha será qualificada,
declarará ou confirmará seus dados e informará se tem relações
de parentesco com a parte ou interesse no objeto do processo.
o Nessa ocasião, que precede o depoimento, a parte contrária
pode contraditar a testemunha, arguindo-lhe a incapacidade, o
impedimento ou a suspeição.
o O juiz só admitirá a contradita se a testemunha ainda não foi
advertida nem começou a depor. Depois disso, será
intempestiva.
o Ouvida a testemunha sobre o alegado e colhidas as eventuais
provas, o juiz decidirá.
 Se a testemunha confirmar os fatos ou a contradita ficar
demonstrada, o juiz dispensará o depoimento, ou então o
colherá na forma do art. 447, § 5º, do CPC.

 DIREITOS E DEVERES DAS TESTEMUNHAS


o DIREITOS
 Art. 463. O depoimento prestado em juízo é considerado
serviço público.
 Parágrafo único. A testemunha, quando sujeita ao
regime da legislação trabalhista, não sofre, por
comparecer à audiência, perda de salário nem
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desconto no tempo de serviço.


 Art. 462. A testemunha pode requerer ao juiz o pagamento
da despesa que efetuou para comparecimento à audiência,
devendo a parte pagá-la logo que arbitrada ou depositá-la
em cartório dentro de 3 (três) dias.

 DEVERES
o COMPARECER NA DATA PARA A QUAL FOI INTIMADA3
 Caso a testemunha, intimada a comparecer, não o faça, o
juiz determinará a condução coercitiva, condenando-a
ao pagamento das custas decorrentes do adiamento, sem
prejuízo de eventual sanção penal por desobediência.
o DIZER A VERDADE
 Art. 458. Ao início da inquirição, a testemunha prestará o
compromisso de dizer a verdade do que souber e lhe for
perguntado.
 Parágrafo único. O juiz advertirá à testemunha que
incorre em sanção penal quem faz afirmação falsa,
cala ou oculta a verdade.
o PRESTAR DEPOIMENTO, NÃO PODENDO RECUSAR-SE A
FALAR.
 EXCEÇÃO - Art. 448. A testemunha não é obrigada a
depor sobre fatos:
 I - que lhe acarretem grave dano, bem como ao seu
cônjuge ou companheiro e aos seus parentes
consanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral,
até o terceiro grau;
 II - a cujo respeito, por estado ou profissão, deva
guardar sigilo.
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Ela deve comparecer para ser ouvida em audiência perante o juiz da causa, salvo nas hipóteses do art. 453 do CPC: a) quando prestar
depoimento antecipadamente, nos casos de produção antecipada de provas; quando residir em outra comarca ou país, em que será
ouvida por carta; quando, por doença ou outro motivo relevante, estiver impossibilitada de comparecer a juízo, caso em que, se
possível, o juiz poderá deslocar-se até o lugar em que ela está ou designar lugar para ouvi-la (art. 449, parágrafo único; b) nas hipóteses
do art. 454. Esse dispositivo enumera as pessoas que, em razão do cargo ou função que ocupam, têm o direito de ser inquiridos em
sua residência, ou onde exercem a sua função, caso em que o juiz lhes solicitará que designem dia, hora e local em que poderão ser
ouvidas, remetendo-lhes cópia da petição inicial e da defesa da parte que a tenha arrolado como testemunha.
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B2) DA PRODUÇÃO DA PROVA TESTEMUNHAL

 DO MOMENTO DO REQUERIMENTO DA PROVA


o A prova testemunhal deve ser requerida pelo autor na inicial,
e pelo réu, na contestação. Mas eventual omissão não torna
preclusa a possibilidade de requerê-la oportunamente.

 DO ARROLAMENTO DE TESTEMUNHAS
o As testemunhas devem ser arroladas pelas partes.
o Ao proferir a decisão saneadora e de organização do processo,
o juiz, caso verifique a necessidade de prova oral, designará a
audiência de instrução e fixará o prazo comum no qual as
partes deverão arrolar suas testemunhas, prazo que será de
até 15 dias.
o Art. 450. O rol de testemunhas conterá, sempre que possível,
o nome, a profissão, o estado civil, a idade, o número de
inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas, o número de registro
de identidade e o endereço completo da residência e do local
de trabalho.

 DA QUANTIDADE
o O art. 357, § 6º, do CPC limita o número de testemunhas a
dez, sendo, no máximo, três para cada fato.

 DA ACAREAÇÃO
o O art. 461, II, do CPC autoriza ao juiz determinar, de ofício ou
a requerimento das partes, “a acareação de duas ou mais
testemunhas ou de algumas delas com a parte, quando, sobre
fato determinado, que possa influir na decisão da causa,
divergirem as suas declarações”.

 DA INTIMAÇÃO DAS TESTEMUNHAS


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o A parte que arrola a testemunha pode comprometer-se a levá-


la à audiência independentemente de intimação.
 Isso não a dispensa de arrolá-la no prazo fixado em lei.
 Mas, se ela faltar, reputa-se que a parte desistiu de
ouvi-la, salvo se demonstrar que a ausência
decorreu de caso fortuito ou força maior.
o Se a parte que a arrolou não se comprometer a levar a
testemunha, esta deverá ser intimada.
 Cabe ao advogado da parte informar ou intimar a
testemunha por ele arrolada do dia, hora e local da
audiência, por carta com aviso de recebimento,
dispensando-se a intimação judicial.

 DA INQUIRIÇÃO DA TESTEMUNHA
o Art. 459. As perguntas serão formuladas pelas partes
diretamente à testemunha, começando pela que a arrolou.
o As testemunhas serão inquiridas, separada e sucessivamente,
 primeiro as do autor e depois as do réu,
 providenciando-se para que umas não ouçam o
depoimento das outras.
 Se as partes concordarem, a ordem poderá ser invertida.

C) DEPOIMENTO PESSOAL

 É um meio de prova, pelo qual o juiz, a requerimento de uma das


partes, colhe as declarações do adversário dela, com a finalidade de
obter informações a respeito de fatos relevantes para o processo.
 Ninguém pode requerer o próprio depoimento pessoal, mas somente
o do adversário.
o O juiz pode, a qualquer momento, ouvir, de ofício às partes.
 Porém não haverá depoimento pessoal, mas interrogatório.
 Objetivo é obter a confissão a respeito de fatos relevantes para a
causa.
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o Por essa razão é que só o adversário pode requerê-lo.


 Procurador pode comparecer no lugar da parte?
o é possível, desde que tenha poderes especiais para confessar,
finalidade precípua do depoimento.
 Se a parte for absolutamente incapaz, o depoimento será prestado
por seu representante legal; se relativamente incapaz, por ele
mesmo.
 A parte deverá ser intimada pessoalmente para a audiência, sob pena
de confesso, que será aplicada caso ela não compareça ou,
comparecendo, se recuse a depor.
o A presunção de veracidade decorrente da confissão é relativa, e
deverá ser considerada em conjunto com os demais elementos
de convicção.
 Art. 388. A parte não é obrigada a depor sobre fatos:
o I - criminosos ou torpes que lhe forem imputados;
o II - a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar sigilo;
o III - acerca dos quais não possa responder sem desonra própria,
de seu cônjuge, de seu companheiro ou de parente em grau
sucessível;
o IV - que coloquem em perigo a vida do depoente ou das
pessoas referidas no inciso III.
o Parágrafo único. Esta disposição não se aplica às ações de
estado e de família.
 Se forem requeridos os depoimentos de ambas as partes
o Enquanto o autor estiver depondo, o réu deverá aguardar fora
do recinto em que se realiza a audiência.
 Depois de o juiz formular as suas perguntas à parte, terão
possibilidade de fazê-lo o advogado da parte contrária e o Ministério
Público. Não há oportunidade de reperguntas do advogado do
próprio depoente.
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C1) INTERROGATÓRIO DAS PARTES

 É um meio de prova, de caráter complementar, no qual o juiz ouve as


partes, para delas obter esclarecimentos a respeito de fatos que
permaneçam confusos ou obscuros.
o É expressamente autorizado pelo art. 139, VIII, do CPC.

 Não se confunde com o depoimento pessoal, por várias razões:

 O juiz designará a data para o interrogatório da parte e a intimará


para a audiência.
o Não haverá pena de confesso, prevista exclusivamente para a
recusa em prestar depoimento pessoal.

D) CONFISSÃO

 Confissão é a declaração da parte que reconhece como verdadeiros


fatos que são contrários ao seu próprio interesse e favoráveis aos do
adversário.
 A confissão só pode ter por objeto fatos, jamais as consequências
jurídicas que deles possam advir, e que serão extraídas pelo juiz.

 ESPÉCIES
o JUDICIAL
 feita, por qualquer meio, no curso do processo.
 pode ser escrita ou oral, durante o depoimento pessoal.
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 pode ser:
 Espontânea: apresentada pela parte fora do
depoimento pessoal, em manifestação por ela
apresentada no processo.
 Provocada: que se faz em depoimento pessoal,
quando a parte responde às perguntas formuladas.

o EXTRAJUDICIAL
 feita fora do processo, e precisará ser comprovada, seja por
documentos, seja por testemunhas.

 EFICÁCIA/CONSEQUÊNCIA DA CONFISSÃO
o art. 374, II, do CPC: “Não dependem de prova os fatos afirmados
por uma parte e confessados pela parte contrária”.

o restrições à eficácia da confissão:


 não se admite confissão em juízo de fatos relativos a
direitos indisponíveis (art. 392).4
 a confissão não supre a exigência da apresentação de
instrumento público, para comprovar a existência de
negócio jurídico que o exige, como de sua substância (CPC,
art. 406)
 quando houver litisconsórcio, a confissão de um não
poderá prejudicar os demais.
 nas ações que versarem sobre bens imóveis, a confissão
de um dos cônjuges ou companheiros não valerá sem a do
outro, salvo no regime da separação absoluta de bens.

QUESTÃO 1

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São os direitos dos quais a pessoa não pode abrir mão, como o direito à vida, à liberdade, à saúde e à dignidade. Por exemplo: uma
pessoa não pode vender um órgão do seu corpo, embora ele lhe pertença.
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E) DA AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO

 última etapa do processo de conhecimento


o se concluirá com a audiência de instrução e julgamento
 necessária quando houver prova oral
o Se não houver necessidade de ouvir o perito, colher
depoimentos pessoais ou ouvir testemunhas, a audiência será
dispensada.
 nova tentativa de conciliação
 encerrada a instrução, concederá oportunidade para que as partes se
manifestem, em alegações finais, e proferirá sentença.

 DO PROCEDIMENTO DA AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO


o O juiz, verificando a necessidade de prova oral, designará data
para a audiência, determinando que sejam intimados os
advogados e as testemunhas.
o Não tendo sido requerido o depoimento pessoal, e tendo o
advogado poderes para transigir, nem é necessária a presença da
parte.
o A audiência é pública e deverá ser realizada de portas abertas
(art. 358 do CPC), ficando ressalvadas as hipóteses legais, dentre
as quais as de segredo de justiça
o ORDEM
 tentativa de conciliação
 a ouvida do perito e dos assistentes técnicos;
 a colheita dos depoimentos pessoais das partes; e
 a ouvida das testemunhas
 debates
 partes apresentam alegações finais orais, na própria
audiência.
o Primeiro falará o advogado do autor, depois o do
réu, e por fim, o Ministério Público, que
intervenha na condição de fiscal da ordem
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jurídica.
o O prazo para a manifestação de cada um é de
vinte minutos, que podem ser prorrogados por
mais dez, a critério do juiz (CPC, art. 364).
 Se a causa apresentar questões complexas de fato ou
de direito, os debates poderão ser substituídos por
memoriais, que serão apresentados pelo autor, pelo
réu e pelo Ministério Público, nos casos em que
intervenha, em prazos sucessivos de 15 dias,
assegurada a vista dos autos.
 Sentença
 Apresentadas as alegações finais orais, o juiz poderá,
na própria audiência, proferir a sentença, razão pela
qual é denominada “de instrução e julgamento”.
 Se, porém, ele não estiver em condições de fazê-lo de
imediato, poderá determinar que os autos venham
conclusos para julgamento, devendo sentenciar no
prazo de trinta dias.
 Caso a sentença seja proferida na audiência, as partes
sairão intimadas, passando a correr o prazo de
apelação; do contrário, serão intimadas pela imprensa.

 Termo de audiência
o Todos os principais acontecimentos da audiência deverão
constar de um termo, que será lavrado pelo escrivão sob ditado
do juiz (CPC, art. 367).

 A audiência pode ser adiada?


o Art. 362. A audiência poderá ser adiada: (rol não taxativo)
 I - por convenção das partes  apenas 1 vez
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 II - se não puder comparecer, por motivo justificado,


qualquer pessoa que dela deva necessariamente
participar;
 O dispositivo abrange o perito, as partes, as
testemunhas ou os advogados
 O impedimento deve ser comprovado até a abertura
da audiência (CPC, art. 362, § 2º), sob pena de ser
realizada a instrução. Essa exigência, no entanto, só
poderá ser atendida quando a causa de adiamento
tiver se verificada com antecedência.
 III - por atraso injustificado de seu início em tempo
superior a 30 (trinta) minutos do horário marcado.

QUESTÃO 2

LEITURA OBRIGATÓRIA PARA O PRÓXIMO MÓDULO:

GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Direito Processual Civil


Esquematizado. 13 ed. São Paulo: SaraivaJur, 2022. Livro VII – DO
PROCESSO E DO PROCEDIMENTO. 5 – FASE DECISÓRIA

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