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PROVA PERICIAL prova pericial (Art.

420 a 439)

A prova pericial consiste no exame, vistoria ou avaliação de


alguma coisa. O objeto da prova pericial são os fatos que foram
alegados na inicial ou na contestação, que precisam de perícia
para sua demonstração. Caso a alegação surja no meio do
processo, essa não impõe a necessidade de produção de prova,
podendo a perícia ser indeferida.

Além da capacidade jurídica, o perito deve ter capacidade


técnica, ou seja, deve ter conhecimentos suficientes para
exercer a função pericial.

Se alguma das partes requer, qualquer delas pode formular


quesitos, que são as perguntas que se fazem ao perito e às
quais, por ordem do juiz, esse deve responder.

O que o períto diz não é julgamento, mas auxilio ao juízo.


Poderá haver apenas um perito por ramo de conhecimento,
podendo existir mais de um perito caso os ramos de
conhecimento sejam diversos.

"À perícia é indiferente que o perito estivesse no lugar em que


o fato ocorreu. A especialidade, em sentido lato, do perito
pode dispensar cultura, e até instrução; pode exigir alto nível
de ambas. Daí perito cientista, de conhecimentos científicos
raros, e perito analfabeto, como o entendido em extração de
borracha no Amazonas" (Pontes de Miranda)

O juiz irá indeferir a perícia quando a prova do fato não


depender do conhecimento especial de técnico, quando for
desnecessária em vista de outras provas produzidas ou quando
a verificação for impraticável.

Ao nomear o perito, o juiz fixará de imediato o prazo para a


entrega do laudo. O perito e os assistentes técnicos são
intimados a prestar, em dia, hora e lugar designados pelo juiz,
o compromisso de cumprir o encargo que lhes foi cometido.

Caberá as partes indicar o assistente técnico e apresentar os


quesitos no prazo de cinco dias contados da intimação do
despacho de nomeação do perito. Se no laudo estiverem
presentes falhas graves, a parte poderá apresentar novos
quesitos. O perito deverá cumprir o encargo, independente de
termo de compromisso. Os assistentes serão de confiança da
parte e não estão sujeitos a suspeição ou impedimento.

O laudo da perícia deve ser fundamentado e deve mostrar os


métodos utilizados para a solução da questão. O perito deverá
agir com rigor, meticulosamente em seu encargo, seu dever. Já
o assistente técnico é considerado como mero assessor da
parte.

"Se a perícia seria de prova de fato, ou ato, cujo conhecimento


para conclusão não depende de técnica, a superfluidade
afasta a permissão e o juiz tem de indeferir o pedido. Se o juiz
entende que a perícia é inútil, ou supérflua, ou sem sentido,
indefere o requerimento." (Pontes de Miranda)

Diferente do assistente, o perito poderá recusado por


impedimento ou suspeição; esse poderá também escusar-se.
Ao aceitar a escusa ou julgar procedente o impedimento ou a
suspeição, o juiz nomeará novo perito.

O juiz deverá substituir o perito quando esse carecer de


conhecimento médico ou científico, ou se sem motivo legítimo
deixar de cumprir o encargo no prazo. O desconhecimento
pode ser alegado por qualquer das partes.

Não existindo motivo legítimo para o descumprimento do


prazo, o juiz, de oficio ou a requerimento, destitui o perito e
nomeia outro. Porém se o juiz não for impedido de deferir ao
próprio perito em atraso um prazo suplementar, deve decretá-
lo se isso se revelar mais propício àceleridade do processo. Ao
destituir o perito, o juiz irá comunicar a corporação da qual
esse faça parte (como o conselho de medicina ou a OAB).

As partes podem apresentar quesitos suplementares durante as


diligências. O escrivão deverá dar ciência da junta dos quesitos
ao auto a parte contrária. Esses quesitos servem para
esclarecer os que já foram feitos. Não podem ser fora do campo
do que já foi feito, se forem serão indeferidos.

Cabe ao juiz, além de indeferir os quesitos impertinentes,


formular os que entender necessários ao esclarecimento da
causa. O juiz tem o dever de incluir os quesitos que julgue
necessários ao esclarecimento da causa.

O juiz poderá dispensar a prova pericial quando as partes


tiverem apresentado, junto com a inicial e com a contestação,
pareceres técnicos ou documentos sobre as questões de fato,
que julgue serem suficientes.

Quando a prova tiver que ser realizada por carta, poderá


proceder-se a nomeação de perito e indicação de assistentes
técnicos no juízo, ao qual se requisitar perícia.

No desempenho de suas funções podem os peritos e assistentes


técnicos utilizarem-se de todos os meios necessários para
exaurir seu encargo. Podem ouvir testemunhas, solicitar
documentos em poder das partes ou que sejam públicos,
anexar desenhos, fotos, etc.

O perito deverá apresentar um laudo em cartório, em prazo


fixado pelo juiz dentre os 20 dias anteriores a audiência de
instrução, debates e julgamentos. Os assistentes técnicos darão
seus pareceres no prazo comum de 10 dias, após intimadas as
partes da apresentação do laudo.

Diz o artigo 344 do CPC, caput: Quando o exame tiver por


objeto a autenticidade ou falsidade de documento, ou for de
natureza médico-legal, o perito será escolhido, de preferência,
entre os técnicos dos estabelecimentos oficiais especializados.
O juiz autorizará a remessa dos autos, bem como do material
sujeito a exame ao diretor do estabelecimento. Parágrafo
único. Quando o exame tiver por objeto a autenticidade da
letra e firma, o perito poderá requisitar, para efeito de
comparação, documentos existentes em repartições públicas;
na falta destes, poderá requerer ao juiz que a pessoa, a quem se
atribuir a autoria do documento, lance em folha de papel, por
cópia, ou sob ditado, dizeres diferentes, para fins de
comparação.
Caso uma das partes deseje obter esclarecimento do perito e do
assistente técnico, essa deverá requerer ao juiz que o intime a
comparecer a audiência, devendo formular desde logo as
perguntas, sob forma de quesitos. Estes só serão obrigados a
prestar tais esclarecimentos caso sejam intimados cinco dias
antes da audiência.

O juiz não estará restrito ao laudo pericial, não ficará vinculado


a conclusão que chegou o perito. Esse poderá formar sua
convicção baseado em outros elementos ou fatos que forem
provados nos autos. Poderá utilizar-se de seu conhecimento
prévio, privado, mas devendo sempre fundamentar as razões
do acolhimento ou não do laudo. Ainda que o juiz tenha
conhecimento técnico-científico a respeito da area sobre a qual
recai a perícia e tenha condições de fundamentar sozinhas as
razões de seu convencimento, não pode subtrair das partes o
direito que essas tem de fazer a prova pericial.

O juiz poderá determinar, de ofício ou a requerimento das


partes, a realização de uma nova perícia, caso a matéria não lhe
pareça suficientemente esclarecida.

Os objetos da segunda perícia serão os mesmos da primeira.


Essa se destina a corrigir eventual omissão ou inexatidão e seja
regida pelas mesmas disposições estabelecidas na primeira.

Inspeção Judicial inspeção judicial (Art. 440 a 443)


A inspeção judicial é regulada no código como meio de prova.
É uma novidade instituída pelo art. 440 do Código de Processo
Civil de 1973.
“É o meio de prova que consiste na percepção sensorial direta
do juiz sobre qualidades ou circunstâncias corpóreas de
pessoas ou coisas relacionadas com litigio”. (Humberto
Theodoro Sampaio)

Consiste na inspeção direta pelo juiz de pessoas e coisas,


móveis ou imóveis, a fim de se esclarecer sobre fato que
interesse à solução da lide.

Esse meio de prova confere, expressamente, ao juiz o poder


de ex officio ou a requerimento da parte, “em qualquer fase do
processo, inspecionar pessoas ou coisas, a fim de se esclarecer
sobre fato que interesse à decisão da causa”.
Pessoas, coisas e lugares podem ser objeto da inspeção. As
pessoas podem ser ou não parte do processo, desde que haja
necessidade de verificar seu estado de saúde.

Em principio é considerada prova subsidiária, sendo realizada


normalmente após a produção de outras provas requeridas
pelos litigantes. A inspeção é via de regra facultativa, ou seja,
fica ao prudente arbítrio do juiz realizar ou não a diligência.

O CPC estabelece em seu artigo 1.181 somente um caso em que


ela é obrigatória: o juiz deve examinar e interrogar
pessoalmente o interditando para avaliar o seu estado mental.
O juiz durante a inspeção poderá ser assistido por um ou mais
peritos, que podem ser recusados pelas partes em razão de
impedimento ou suspeição e as partes podem acompanhar a
inspeção com assistentes técnicos, prestando esclarecimentos e
fazendo observações.

A determinação é feita através de despacho nos autos, do qual


deve constar o que ou quem será inspecionado, a nomeação do
perito que eventualmente participará da diligência e a
designação de dia hora e lugar para a sua realização.
A inspeção normalmente é realizada na sede do juízo, em
audiência, determinada com prévia ciência das partes. No
entanto, pode também deslocar-se e realizar a diligência no
próprio local onde se encontra a pessoa ou coisa. De acordo
com o art. 442, isto ocorrerá quando:

 Julgar necessário para melhor verificação ou interpretação


dos fatos que deva observar;
 A coisa não puder ser apresentada em juízo sem
consideráveis dificuldades;
 Determinar a reconstituição dos fatos;
O art. 443 determina que concluída a diligência, o juiz
mandará lavrar auto circunstanciado, mencionando tudo
quanto for útil ao julgamento da causa, podendo esse auto ser
instruído com desenho, gráfico ou fotografia.

Não sendo lavrado esse auto, a inspeção perde o seu valor de


prova.

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