A prova pericial consiste no exame, vistoria ou avaliação de
alguma coisa. O objeto da prova pericial são os fatos que foram alegados na inicial ou na contestação, que precisam de perícia para sua demonstração. Caso a alegação surja no meio do processo, essa não impõe a necessidade de produção de prova, podendo a perícia ser indeferida.
Além da capacidade jurídica, o perito deve ter capacidade
técnica, ou seja, deve ter conhecimentos suficientes para exercer a função pericial.
Se alguma das partes requer, qualquer delas pode formular
quesitos, que são as perguntas que se fazem ao perito e às quais, por ordem do juiz, esse deve responder.
O que o períto diz não é julgamento, mas auxilio ao juízo.
Poderá haver apenas um perito por ramo de conhecimento, podendo existir mais de um perito caso os ramos de conhecimento sejam diversos.
"À perícia é indiferente que o perito estivesse no lugar em que
o fato ocorreu. A especialidade, em sentido lato, do perito pode dispensar cultura, e até instrução; pode exigir alto nível de ambas. Daí perito cientista, de conhecimentos científicos raros, e perito analfabeto, como o entendido em extração de borracha no Amazonas" (Pontes de Miranda)
O juiz irá indeferir a perícia quando a prova do fato não
depender do conhecimento especial de técnico, quando for desnecessária em vista de outras provas produzidas ou quando a verificação for impraticável.
Ao nomear o perito, o juiz fixará de imediato o prazo para a
entrega do laudo. O perito e os assistentes técnicos são intimados a prestar, em dia, hora e lugar designados pelo juiz, o compromisso de cumprir o encargo que lhes foi cometido.
Caberá as partes indicar o assistente técnico e apresentar os
quesitos no prazo de cinco dias contados da intimação do despacho de nomeação do perito. Se no laudo estiverem presentes falhas graves, a parte poderá apresentar novos quesitos. O perito deverá cumprir o encargo, independente de termo de compromisso. Os assistentes serão de confiança da parte e não estão sujeitos a suspeição ou impedimento.
O laudo da perícia deve ser fundamentado e deve mostrar os
métodos utilizados para a solução da questão. O perito deverá agir com rigor, meticulosamente em seu encargo, seu dever. Já o assistente técnico é considerado como mero assessor da parte.
"Se a perícia seria de prova de fato, ou ato, cujo conhecimento
para conclusão não depende de técnica, a superfluidade afasta a permissão e o juiz tem de indeferir o pedido. Se o juiz entende que a perícia é inútil, ou supérflua, ou sem sentido, indefere o requerimento." (Pontes de Miranda)
Diferente do assistente, o perito poderá recusado por
impedimento ou suspeição; esse poderá também escusar-se. Ao aceitar a escusa ou julgar procedente o impedimento ou a suspeição, o juiz nomeará novo perito.
O juiz deverá substituir o perito quando esse carecer de
conhecimento médico ou científico, ou se sem motivo legítimo deixar de cumprir o encargo no prazo. O desconhecimento pode ser alegado por qualquer das partes.
Não existindo motivo legítimo para o descumprimento do
prazo, o juiz, de oficio ou a requerimento, destitui o perito e nomeia outro. Porém se o juiz não for impedido de deferir ao próprio perito em atraso um prazo suplementar, deve decretá- lo se isso se revelar mais propício àceleridade do processo. Ao destituir o perito, o juiz irá comunicar a corporação da qual esse faça parte (como o conselho de medicina ou a OAB).
As partes podem apresentar quesitos suplementares durante as
diligências. O escrivão deverá dar ciência da junta dos quesitos ao auto a parte contrária. Esses quesitos servem para esclarecer os que já foram feitos. Não podem ser fora do campo do que já foi feito, se forem serão indeferidos.
Cabe ao juiz, além de indeferir os quesitos impertinentes,
formular os que entender necessários ao esclarecimento da causa. O juiz tem o dever de incluir os quesitos que julgue necessários ao esclarecimento da causa.
O juiz poderá dispensar a prova pericial quando as partes
tiverem apresentado, junto com a inicial e com a contestação, pareceres técnicos ou documentos sobre as questões de fato, que julgue serem suficientes.
Quando a prova tiver que ser realizada por carta, poderá
proceder-se a nomeação de perito e indicação de assistentes técnicos no juízo, ao qual se requisitar perícia.
No desempenho de suas funções podem os peritos e assistentes
técnicos utilizarem-se de todos os meios necessários para exaurir seu encargo. Podem ouvir testemunhas, solicitar documentos em poder das partes ou que sejam públicos, anexar desenhos, fotos, etc.
O perito deverá apresentar um laudo em cartório, em prazo
fixado pelo juiz dentre os 20 dias anteriores a audiência de instrução, debates e julgamentos. Os assistentes técnicos darão seus pareceres no prazo comum de 10 dias, após intimadas as partes da apresentação do laudo.
Diz o artigo 344 do CPC, caput: Quando o exame tiver por
objeto a autenticidade ou falsidade de documento, ou for de natureza médico-legal, o perito será escolhido, de preferência, entre os técnicos dos estabelecimentos oficiais especializados. O juiz autorizará a remessa dos autos, bem como do material sujeito a exame ao diretor do estabelecimento. Parágrafo único. Quando o exame tiver por objeto a autenticidade da letra e firma, o perito poderá requisitar, para efeito de comparação, documentos existentes em repartições públicas; na falta destes, poderá requerer ao juiz que a pessoa, a quem se atribuir a autoria do documento, lance em folha de papel, por cópia, ou sob ditado, dizeres diferentes, para fins de comparação. Caso uma das partes deseje obter esclarecimento do perito e do assistente técnico, essa deverá requerer ao juiz que o intime a comparecer a audiência, devendo formular desde logo as perguntas, sob forma de quesitos. Estes só serão obrigados a prestar tais esclarecimentos caso sejam intimados cinco dias antes da audiência.
O juiz não estará restrito ao laudo pericial, não ficará vinculado
a conclusão que chegou o perito. Esse poderá formar sua convicção baseado em outros elementos ou fatos que forem provados nos autos. Poderá utilizar-se de seu conhecimento prévio, privado, mas devendo sempre fundamentar as razões do acolhimento ou não do laudo. Ainda que o juiz tenha conhecimento técnico-científico a respeito da area sobre a qual recai a perícia e tenha condições de fundamentar sozinhas as razões de seu convencimento, não pode subtrair das partes o direito que essas tem de fazer a prova pericial.
O juiz poderá determinar, de ofício ou a requerimento das
partes, a realização de uma nova perícia, caso a matéria não lhe pareça suficientemente esclarecida.
Os objetos da segunda perícia serão os mesmos da primeira.
Essa se destina a corrigir eventual omissão ou inexatidão e seja regida pelas mesmas disposições estabelecidas na primeira.
Inspeção Judicial inspeção judicial (Art. 440 a 443)
A inspeção judicial é regulada no código como meio de prova. É uma novidade instituída pelo art. 440 do Código de Processo Civil de 1973. “É o meio de prova que consiste na percepção sensorial direta do juiz sobre qualidades ou circunstâncias corpóreas de pessoas ou coisas relacionadas com litigio”. (Humberto Theodoro Sampaio)
Consiste na inspeção direta pelo juiz de pessoas e coisas,
móveis ou imóveis, a fim de se esclarecer sobre fato que interesse à solução da lide.
Esse meio de prova confere, expressamente, ao juiz o poder
de ex officio ou a requerimento da parte, “em qualquer fase do processo, inspecionar pessoas ou coisas, a fim de se esclarecer sobre fato que interesse à decisão da causa”. Pessoas, coisas e lugares podem ser objeto da inspeção. As pessoas podem ser ou não parte do processo, desde que haja necessidade de verificar seu estado de saúde.
Em principio é considerada prova subsidiária, sendo realizada
normalmente após a produção de outras provas requeridas pelos litigantes. A inspeção é via de regra facultativa, ou seja, fica ao prudente arbítrio do juiz realizar ou não a diligência.
O CPC estabelece em seu artigo 1.181 somente um caso em que
ela é obrigatória: o juiz deve examinar e interrogar pessoalmente o interditando para avaliar o seu estado mental. O juiz durante a inspeção poderá ser assistido por um ou mais peritos, que podem ser recusados pelas partes em razão de impedimento ou suspeição e as partes podem acompanhar a inspeção com assistentes técnicos, prestando esclarecimentos e fazendo observações.
A determinação é feita através de despacho nos autos, do qual
deve constar o que ou quem será inspecionado, a nomeação do perito que eventualmente participará da diligência e a designação de dia hora e lugar para a sua realização. A inspeção normalmente é realizada na sede do juízo, em audiência, determinada com prévia ciência das partes. No entanto, pode também deslocar-se e realizar a diligência no próprio local onde se encontra a pessoa ou coisa. De acordo com o art. 442, isto ocorrerá quando:
Julgar necessário para melhor verificação ou interpretação
dos fatos que deva observar; A coisa não puder ser apresentada em juízo sem consideráveis dificuldades; Determinar a reconstituição dos fatos; O art. 443 determina que concluída a diligência, o juiz mandará lavrar auto circunstanciado, mencionando tudo quanto for útil ao julgamento da causa, podendo esse auto ser instruído com desenho, gráfico ou fotografia.
Não sendo lavrado esse auto, a inspeção perde o seu valor de