EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA
1ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE LINS – ESTADO DE SÃO PAULO
Processo nº:1500862-03.2020.8.26.0322
XXXXXXX, acusado devidamente qualificado nos
autos da ação penal em epígrafe que lhe move a Justiça Pública, por suposta infração ao disposto no artigo 180, “caput”, do Código Penal, através de sua advogada nomeada pelo convênio mantido entre a OAB e a Defensoria Pública e bastante procuradora que a presente subscreve, vem com o devido respeito à presença de Vossa Excelência, tempestivamente, apresentar ALEGAÇOES FINAIS, expondo e ao final requerendo o que segue:
RESUMO DO PROCESSO
O acusado foi denunciado pelo órgão acusatório sob
a alegação de que, em data e horário incertos, mas entre os dias 25 de maio de 2019 e 04 de dezembro de 2019, teria adquirido, em proveito próprio, coisa que sabia se tratar de produto de crime, consistente em um aparelho celular da marca Motorola, modelo Moto G5S, avaliado em R$ 540,00 (quinhentos e quarenta reais), conforme auto de avaliação de fls. 12, pertencente a Maria Edileide Bueno Vieira
Desta feita, pleiteia a condenação do acusado como
incurso no artigo 180, “caput”, do Código Penal.
DO MÉRITO
Finda a instrução processual outra solução não
resta senão julgar a presente ação penal totalmente IMPROCEDENTE com a consequente absolvição do acusado XXXXXXXX do crime narrado na denúncia, ante a ausência de provas da autoria imputada ao mesmo, com fundamento no artigo 386, inciso IV, do CPP.
Primeiramente, de se ressaltar que, os fatos
descritos no caput do artigo 180, são puníveis, exclusivamente a titulo de dolo, que abrange a consciência de que o objeto material é produto de crime. Thaise Januario Noronha OAB/SP 280.127
No presente caso, o acusado Bruno obteve o
aparelho celular de boa-fé, não tendo conhecimento necessário de se tratar de objeto fruto de furto, inexistindo, portanto, a consciência e a vontade de adquirir objeto que se sabia produto de crime.
Vale salientar que, na aquisiçaoo parelho
celular, não ficou comprovado se já adquiriu estragado, desvalorizado, o que justificaria o valor pago pelo acusado.
Outrossim, tão somente a confissão do acusado
não é hábil a fundamentar, por si só, o decreto condenatório. Ao contrário, mister se faz comprovar a efetiva participação do mesmo no evento delitivo, o que “in casu” não ocorreu, não tendo o órgão acusatório se desincumbido para prova cujo ônus lhe pertencia, devendo prevalecer no caso em tela o instituto penal do “in dúbio pró reo”.
Neste sentido é a jurisprudência uniforme,
senão vejamos:
A circunstância de haver o sentenciado
confessado a autoria do delito na Polícia não o impede de apelar da decisão condenatória, pois a confissão, seja extrajudicial, seja judicial, não se constitui em prova plena da autoria do crime, cabendo MP fornecer prova da materialidade e autoria que não podem ser supridas pela confissão do réu. (TACrimSP - Ap. nº 800.945, 5ª Câm. - Rel. Juiz Walter Swensson - v.u. - J. 27.07.94).
De qualquer forma, resta claro que inexiste no
presente feito qualquer prova segura e convincente da autoria do delito imputado ao acusado, o que torna sua absolvição um verdadeiro mister.
Nessa esteira de raciocínio, é sempre oportuno
recordar que para vingar uma condenação penal, deve restar incontroversa a autoria do fato.
Assim, salientamos que, a prova produzida nos
autos deverá ser firme, segura, convincente e incontroversa, pois, não o sendo, absolve-se.
do acusado XXXXXX, frente ao conjunto probatório sofrível e altamente defectível para operar e autorizar um juízo de censura contra o mesmo.
DOS PEDIDOS FINAIS
Diante de todo o exposto, requer se digne
Vossa Excelência em absolver o réu XXXX do crime a ele imputado na vestibular, reconhecendo nos termos do artigo 386, inciso IV (negativa de autoria), do Código de Processo Penal, a total falta de provas suficientes à condenação, o que virá como medida de JUSTIÇA.
Caso Vossa Excelência assim não entenda,
requer ainda, a concessão do benefício do §5º do artigo 180 do CP, ou seja, tendo em consideração as circunstâncias, deixar de aplicar a pena, concedendo o perdão judicial, uma vez que o acusado preenche os requisitos legais para tal benesse.