PROMOTORIA DE JUSTIÇA JUNTO À 21ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DA CAPITAL
EXMA. JUÍZA DE DIREITO DA 21ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DA
CAPITAL/RJ
Autos nº 0095384-21.2019.8.19.0001
MM. Drª. Juíza:
TJRJ CAP CR21 201900100111953246 18/11/19 10:15:5611822 PROTELET
Fls.177/182 - Trata-se de Resposta à Acusação oferecida pela defesa técnica do réu SALÉZIO DE SOUZA, denunciado pela prática, em tese, dos crimes previstos no artigo 288, caput, e artigo 155, §4°, incisos I e IV, 3 vezes, c/c artigo 14, inciso II, na forma do artigo 69, todos do Código Penal.
Inicialmente, nenhuma exceção foi levantada pela
defesa, pois é patente que o juízo é competente, não há causas de suspeição ou impedimento, nem litispendência ou coisa julgada.
Por outro lado, alega a Defesa a ausência de
justa causa, eis que não haveria suporte probatório mínimo para ensejar a deflagração de uma ação penal.
Não obstante, os elementos indiciários colhidos
em sede policial são suporte fático suficiente para ensejar a deflagração da ação penal em epígrafe, sendo certo que, conforme se vislumbra no Relatório do Inquérito acostado às fls.66/75 (Index 80) foi feita minuciosa investigação que culminou com a identificação do ora acusado como integrante do grupo criminoso que tentou efetuar furtos em caixas eletrônicos em agência do Banco Santander. 209 MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO PROMOTORIA DE JUSTIÇA JUNTO À 21ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DA CAPITAL
Conforme muito bem destacado pela d. magistrada
às fls.147 “O setor de inteligência e segurança do Banco Santander, baseando-se na atenta análise do modus operandis empregado pelos criminosos e pela análise das imagens relacionadas aos diversos eventos praticados pelo grupo, logrou êxito em identificar o acusado como um dos autores”.
Por outro lado, vale lembrar que a liberdade de
convencimento do Juiz (art. 157 do CPP) possibilita ao magistrado se convencer com base em provas críticas, indícios seguros a respeito da existência de todos os elementos que compõem o tipo de delito (tipicidade objetiva e subjetiva).
Evidentemente – e isso não se discute – o juízo
seguro de culpa do acusado somente poderá ser formado após o transcurso da ação penal. Todavia, o que se tem, até este momento processual, é suficiente para deflagrar a ação penal.
Ademais, no momento do recebimento da denúncia,
vigora o chamado in dubio pro societate. Isso não equivale dizer, obviamente, que qualquer acusação mereça recebimento, mas sim, que, havendo indícios da materialidade e autoria, o juiz deverá receber a denúncia, para que, no curso do processo, as provas acusatória e defensiva sejam produzidas, quando então se poderá chegar a uma convicção acerca da culpa ou não do réu.
Neste sentido, a jurisprudência do Superior
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O juízo de admissibilidade da ação penal é
norteado pelo princípio do in dubio pro societatis, de forma que, na presença de indícios de autoria e prova da materialidade dos fatos, a denúncia deve ser recebida para que se dê regular processamento ao feito. (5ª Turma. HC nº 197012. Rel. Min. Jorge Mussi. DJ 29.8.2011).
Outrossim, observa-se que os outros
questionamentos do acusado dizem respeito ao mérito propriamente dito da imputação, entendendo o Parquet não ser esse o momento processual adequado para uma análise mais profunda dos elementos de convicção, eis que a instrução processual sequer foi iniciada, mostrando-se, portanto, por demais prematuro o presente debate.
Repise-se que no atual momento processual vigora
o princípio consoante o qual a dúvida deve ser interpretada em favor da sociedade, e não do acusado, bastando a existência de indícios para que seja deflagrada a ação penal.
Desta forma, o Ministério Público manifesta-se
pelo prosseguimento do feito.
Fls. 188/195 - Trata-se de pedido de revogação da
prisão preventiva.
Contudo, em que pese o esforço da Defesa,
entende o Ministério Público que permanecem inalterados os 211 MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO PROMOTORIA DE JUSTIÇA JUNTO À 21ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DA CAPITAL
motivos que ensejaram a decretação da prisão preventiva do
requerente (fls. 146/148).
Insta salientar que, embora se trate de crime
de furto, a prisão preventiva se configura indispensável para a garantia da ordem pública, evitando-se a reiteração delitiva, sendo certo que, conforme muito bem ressaltado na decisão da d. magistrada, o acusado é reincidente, possuindo 1(uma) condenação transitada em julgado pela prática de crime contra o patrimônio na FAC deste Estado da Federação, acostada aos autos, sendo apontado, ainda, como sendo um dos maiores responsáveis por ataques a agências do banco Santander em todo país, sendo certo que diante de tais fatos, não pode a lei penal servir de salvo conduto ao cidadão para infringir diversas vezes a Lei, cometendo diversos crimes, sem que o poder judiciário possa apresentar a devida repressão. Qualquer crime praticado em reiteração deve ser repudiado pelo juízo, o que se faz de forma peremptória.
Diante do exposto, pugna o Ministério Público
pelo indeferimento do pedido de revogação da prisão preventiva formulado pela Defesa por revelar-se a manutenção da custódia cautelar indispensável.