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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO


COMARCA DE SÃO PAULO
FORO CENTRAL CRIMINAL BARRA FUNDA
ª VARA CRIMINAL
AV.ABRAÃO RIBEIRO, 313, São Paulo - SP - CEP 01133-020
AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO, DEBATES E JULGAMENTO
Processo nº: XXXXXXXXX
Classe - Assunto Ação Penal - Procedimento Ordinário - Tráfico de Drogas e Condutas
Afins
Aos 22 de maio de 2018, às 14 horas, nesta cidade de São Paulo, no Edifício do
FÓRUM CRIMINAL MINISTRO MÁRIO GUIMARÃES, na sala de audiências da Xª
Vara Criminal, onde presente se achava a MMª Juíza de Direito, FULANA DE TAL,
comigo escrevente do seu cargo ao final assinado, foi declarada aberta a audiência de
instrução, debates e julgamento designada nestes autos. O senhor porteiro dos
auditórios, após o pregão, deu a sua fé de haverem comparecido o Promotor de Justiça,
Dr. FULANO DE TAL, o réu FULANO DE TAL e seu defensor, Dr. FULANO DE
TAL, OAB/SP XXXX. Pela MM. Juíza foi dito que: Para fins de regularização
processual, cite-se o réu. Nesta oportunidade, foi o réu citado e a ele entregue cópia da
denúncia. Iniciados os trabalhos, na presente audiência, foi ouvida uma testemunha
arrolada pelas partes e foi interrogado o réu. Pelas partes foi dito que desistiam da oitiva
das demais testemunhas, o que foi homologado. Pela MMª. Juíza foi dito que declarava
encerrada a instrução e deliberava o início dos debates da causa. Pela Acusação foi dito
que: alegações finais colhidas por sistema audiovisual. Pela Defesa foi dito que:
alegações finais colhidas por sistema audiovisual. Pela MMª. Juíza foi dito que:
Vistos. FULANO DE TAL, qualificado nos autos, foi denunciado e encontra-se
processado como incurso nas penas do artigo 33, caput, da Lei 11.343/06, porque,
segundo a denúncia, no dia 06 de março de 2018, por volta das 15h15min, na Rua
Sebastião Annunciatto, nº 350, Vila Sonia, neste Município e Comarca, trazia consigo e
guardava de forma oculta, com a finalidade de cessão a consumo de terceiros mediante
comércio, 13 invólucros de plásticos contendo 15g de cocaína, 10 "trouxinhas"
contendo 17,5g de maconha e 62 "papelotes" contendo 11g de crack, substâncias
entorpecentes causadoras de dependência física e psíquica, sem autorização e em
desacordo com determinação legal ou regulamentar (pgs. 01/05). Acompanha a
denúncia o inquérito de pgs. 06/48. Determinada a notificação do réu para apresentação
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de defesa preliminar (pgs. 156), foi a mesma apresentada a pgs. 157/159. Recebida a
denúncia (pgs. 169), foi o réu citado. Durante a instrução criminal, foi ouvida uma
testemunha arrolada pelas partes, bem como foi interrogado o réu. Em alegações finais,
o Ministério Público requereu a integral procedência da ação e a consequente
condenação do acusado. A Defesa, por seu turno, requereu a absolvição do réu e
alternativamente, a concessão de benesses. É O RELATÓRIO. FUNDAMENTO E
DECIDO. A ação penal deve ser julgada procedente. A materialidade do delito
encontra-se demonstrada pelo auto de exibição e apreensão de pgs. 15/16, laudo de
constatação de pgs. 20/22 e laudo de exame químico toxicológico de pgs. 171/172. O
réu confessou a prática do delito e afirmou que, por problemas financeiros é que,
naquele dia veio a iniciar o comercio ilícito de entorpecente. O policial, nesta data
ouvido, confirmou que o réu ao ser abordado em local suspeito, veio a encontrar com o
acusado entorpecente, e por fim veio o réu a apontar onde estava o restante da droga.
Desta forma, não há que se falar em dúvidas quanto a autoria e materialidade do delito,
ao contrário a certeza de autoria e sua atribuição ao réu. Não há qualquer causa que
eximam o réu de pena. Passo à dosagem das penas.

Com relação ao crime tipificado no artigo 33º, caput, da lei nº 11.343:


Primeira Fase: Fixo o mínimo legal e atendendo aos ditames do art. 59, do Código
Penal, aumento a pena em 2/8 (seguindo as melhores doutrinas que consideram 1/8 para
cada circunstancia judicial) levando em consideração a culpabilidade, pois foi
encontrado trazendo consigo substâncias entorpecentes em relevante quantidade e o
motivo do réu, pois por problemas financeiros veio a iniciar o comércio ilícito de
entorpecentes. Nesta primeira fase, fixo a pena em 6 anos e 3 meses.
Na segunda fase não foram encontrados agravantes. Em contrapartida o artigo 65, III,
“d” traz a atenuante de o réu ter “confessado espontaneamente, perante a autoridade, a
autoria do crime”, como já demonstrado no relatório, procede. Sendo assim, de acordo
com o entendimento do STJ, a atenuante deve ser aplicada em fração de 1/6:
PENAL E PROCESSUAL PENAL. AGRAVO
REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. CRIME DE
AMEAÇA. REINCIDÊNCIA. AUMENTO ACIMA DE
1/6. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTO.
IMPOSSIBILIDADE. ILEGALIDADE FLAGRANTE.
PRECEDENTES DO STJ. AGRAVO IMPROVIDO.[…]2.
Apesar de a lei penal não fixar parâmetro específico para o
aumento na segunda fase da dosimetria da pena, o
magistrado deve se pautar pelo princípio da razoabilidade,
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não se podendo dar às circunstâncias agravantes maior


expressão quantitativa que às próprias causas de aumentos,
que variam de 1/6 (um sexto) a 2/3 (dois terços). Portanto,
via de regra, deve se respeitar o limite de 1/6 (um sexto)
(HC 282.593/RR, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO
BELLIZZE, QUINTA TURMA, julgado em 07/08/2014,
DJe 15/08/2014).3. Hipótese em que pena foi elevada em
100%, na segunda fase, em face de circunstância
agravante, sem fundamentação, o que não se admite,
devendo, pois, ser reduzida a 1/6, nos termos da
jurisprudência desta Corte.4. Agravo regimental
improvido.(AgRg no HC 373.429/RJ, Rel. Ministro NEFI
CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 01/12/2016,
DJe 13/12/2016)
Desta forma, fixo a pena em 5 anos, 2 meses e 15 dias.
Na terceira fase também não fora encontrado motivos de aumento de pena. Em
contraparte o artigo 44, §4 da Lei de nº 11.343 traz como diminuição:
“Nos delitos definidos no caput e no § 1o deste artigo, as penas poderão ser reduzidas
de um sexto a dois terços, desde que o agente seja primário, de bons antecedentes, não
se dedique às atividades criminosas nem integre organização criminosa.”

Até esse tempo a pena é de detenção em regime aberto. Onde, segundo o artigo 33,
caput, do Código Penal traz que: “Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em
regime fechado, semi-aberto ou aberto. A de detenção, em regime semi-aberto, ou
aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado.”
Na fixação da multa declaro que seja pago o valor de 500 dias/multa, mínimo legal do
artigo 33 de nº 11.343, “caput”: “[...] Pena – reclusão de 5 a 15 anos e pagamento de
500 a 1.500 dias-multa”. De acordo com o §1º do artigo 49 do Código Penal, fixo o
valor em reais do dias/multa de 1/30 do salário mínimo vigente (observando a situação
econômica do réu), este salário, por sua vez, se encontra no valor de R$954,00. Desta
forma fixo a multa em R$15.883,00.

Presentes os requisitos legais, converto as penas privativas de liberdade, em duas


restritiva de direitos, observando também a situação financeira do réu (§2º do art. 43
do CP), consiste em prestação de serviços à comunidade pelo período de 1 ano, 8 meses
e 25 dias e limitação de fim de semana, isso de acordo com o art. 44 , I, do Código
Penal. E com a permissão do art. 33, §4º da Lei nº 11.343/06: aqui, temos o caso do
tráfico privilegiado, este artigo teve alteração com a Resolução nº 5, de 2012, pois com
base no HC 97.256-RS o Plenário do STF admitiu a substituição de pena privativa de
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liberdade por pena restritiva de direito no tráfico ilícito de drogas, sob o fundamento de
que a restrição legal (art. 44, Lei 11.434/06) ofendia o principio da individualização da
pena.

“Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de


liberdade, quando: I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos
e o crime não for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que
seja a pena aplicada, se o crime for culposo;”.

“Art. 33, §4º da Lei nº 11.343/06: Nos delitos definidos no caput e no § 1o deste artigo, as
penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois terços, desde que o agente seja
primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem integre
organização criminosa.”

Ante o exposto, e o mais que dos autos consta, JULGO PROCEDENTE a ação penal
para o fim de FULANO DE TAL, por infração ao disposto no artigo 33
. Fica o réu ciente de que, com o trânsito em julgado, deverá recolher o valor
referente a pena de multa imposta e custas processuais, no prazo de 10 dias, sob pena
de inscrição na Dívida Ativa Estadual. Dou a sentença por publicada em audiência e as
partes por intimadas. NADA MAIS. Lido e achado conforme vai devidamente assinado.
Eu, XXXXX escrevente, digitei, imprimi e subscrevi.
MMª. Juíza:
Ministério Público:
Defesa:
Réu:
CERTIDÃO
Certifico e dou fé que o réu e as partes estavam presentes em audiência e saíram
intimadas da r. Sentença supra. Em DIA, MÊS, de 2018. Eu,
_________ esc. Subscrevi.

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